segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

•Chamada para o ensino e o desafio da globalização.

Perfil

Pr. Marcos Tuler

É Pastor, Bacharel em Teologia, Pedagogo, Pós-graduado em Docência Superior e Psicopedagogia e Diretor da FAECAD. Autor dos livros "Manual do Professor de Escola Dominical", "Ensino Participativo", "Dicionário de Educação Cristã",

"Abordagens e Práticas Pedagógicas", "Recursos Didáticos para a Escola Dominical" todos editados pela CPAD. É membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil.

  • Chamada para o ensino e o desafio da globalização.

    Atualmente, os que almejam cumprir o chamamento do Senhor para o ensino eclesiástico, hão de encarar desafios bem diferentes daqueles enfrentados por mestres do passado. Um mundo, que apesar de ultra-moderno, informatizado e globalizado, encontra-se cada vez mais distante, alienado de Deus.

    O educador cristão precisa conscientizar-se de que estamos vivendo em uma época de revolução de conceitos, idéias, princípios, juízos e valores; de mudanças tão profundas e de proporções tão amplas que nem sequer podemos mensurá-las.

    Dentre tantas situações novas que marcam esta época e acentuam nossos desafios, pelo menos três merecem destaque: o acelerado avanço tecnológico; a conspiração silenciosa da violência e o avassalador liberalismo teológico que campeia muitos de nossos educandários e até igrejas.

    O avanço tecnológico
    Nesse mundo pós-moderno, as notícias circulam em tempo real, os celulares estão por toda parte; computadores e Internet já são coisas triviais. Não há como imaginar a humanidade sem controle remoto, secretárias eletrônicas, DVDs, televisão a cabo ou via satélite.

    Estamos numa época de generalizada confusão entre digital e analógico, experiências genéticas sem controle e acelerado desenvolvimento científico. As pessoas olham para o passado com perplexidade e para o futuro com desconfiança. Como fazer com que parem para refletir em meio a tudo isso? Como conduzi-las a uma introspecção? Como fazer com que tenham interesse por Deus e sua promessa de vida eterna? Como pregar a Palavra de Deus para essas pessoas? Indubitavelmente, é um grande desafio!

    A violência na era pós-moderna
    A violência é outro grande inimigo a ser vencido na era pós-moderna. Desde tempos remotos, o ser humano utiliza-se de diversos meios e instrumentos a fim de exercer sua força bruta e satisfazer sua sede de poder e ganância, dominando seus semelhantes e usurpando suas riquezas materiais, espirituais e morais.

    Nestes últimos tempos, este problema social tem se propagado de forma engenhosa e sutil, ocasionando medo, crueldade e indiferença. Antigamente, o homem se limitava a disputar terras, agora, sua ganância e cobiça têm destruído a natureza, seus semelhantes, sua família e a si próprio. Se, antes, utilizava-se de métodos refinados e tênues para isso, hoje emprega os mais grotescos e animalescos.

    É urgente a necessidade de reconstruirmos novos alicerces, princípios e objetivos, tanto para a família quanto para a sociedade, fundamentados na Palavra de Deus. Somente o Evangelho pode transformar o homem, tornando-o uma nova criatura em Cristo Jesus por intermédio do Espírito Santo.

    Além disso, neste período conturbado de globalização e liberdade de pensamento, a igreja ainda enfrenta outro grande desafio: o liberalismo teológico, que procura conciliar a fé em Deus com os postulados do Racionalismo.

    Liberalismo teológico

    Muitos teólogos liberais, a despeito de afirmarem a existência de Deus, negam sua intervenção na história humana, quer através de revelação, providência ou milagres. Muitos pastores, educadores e estudiosos que antes criam na Bíblia como a Palavra de Deus, hoje, influenciados pela filosofia racionalista, humanista, adotam a razão como exclusivo sistema de interpretação da Bíblia, ou seja, o único instrumento para se compreender as Escrituras Sagradas.

    É imprescindível que os mestres da educação cristã relevante estejam atentos, quais atalaias, aos sinais dos tempos e ao clamor da humanidade, a fim de que nossa mensagem seja pertinente às carências e expectativas do mundo contemporâneo.

    Precisamos ter a capacidade de mergulhar nas questões que assolam os povos, com o intuito de as confrontarmos à luz dos princípios bíblicos e, à semelhança das garças, não nos contaminarmos.

    A globalização tem rompido imensas fronteiras, todavia, a verdade é que, junto com estas, têm caído os principais valores éticos, morais e espirituais estabelecidos por Deus para reger a vida do homem na face da terra.
    Certamente, quanto mais o homem se fechar no seu indiferentismo e individualismo, mais carente será do conhecimento de Deus e da Salvação pela graça em Jesus Cristo.

    Os fatos aqui apresentados têm condenado homens e mulheres a viverem em uma sociedade cada vez mais individualista, quase inacessível. Por conseguinte, ainda mais necessitada do amor de Deus que sempre será a resposta para os mais profundos dilemas humanos.
    Diante desta realidade, sobretudo a que é imposta aos menos favorecidos, que sofrem sem uma verdadeira opção ou orientação para suas vidas, permanecem no ar algumas questões: Como a Igreja pode influenciar esta sociedade emergente? Que tipo de ensino e educação cristã deverá ser implementados nestes tempos pós-modernos? Quais são os instrumentos, as ferramentas mais eficazes? Como manipulá-las? O que cada educador nos mais diversos setores da igreja pode fazer?

    São demandas que nos desafiam a sermos cuidadosos com a nossa vocação ministerial, a fim de que resgatemos do mundo os homens da era digital.

    A salvação pela graça de Deus, que é a solução para a humanidade, terá de se manifestar mediante a dedicação de homens e mulheres valorosos com o propósito de combater as forças escravizadoras do Inimigo, estabelecidas para suscitarem crises e instabilidade na família, nas comunidades e até nas igrejas.

    O valor de um homem ou de uma mulher de Deus não é mensurado apenas pela sua formação acadêmica ou capacidade intelectual, mas, principalmente, por sua espiritualidade e aplicação dos princípios de Deus em sua própria vida. Nós vivemos dias de profundas transformações e as necessidades humanas tornam-se ainda mais prementes diante dos falsos ensinos, do materialismo, do consumismo desenfreado, da exploração pelos poderosos, da falsa segurança representada por uma vida de pura aparência e, sobretudo, por uma religiosidade formal.

    A igreja de hoje é desafiada a perseverar diante da falta de compromisso com a fé e do esfriamento do amor, sinais do fim dos tempos. Faz-se necessário um empenho ainda maior, uma dedicação ainda mais sacrificial dos “obreiros dos bastidores”. É preciso ser destemido a fim de cumprir a chamada para o magistério perante tamanhos desafios.

    Como homens e mulheres de Deus nascidos nesta geração, encontramo-nos diante da responsabilidade de levar a Igreja de Cristo a defrontar-se com estas novas questões humanas e sociais.

    Cabe-nos, como conhecedores da Palavra de Deus, o papel de velarmos, para que as conquistas da Igreja não se restrinjam a uma simples organização religiosa, mas como organismo vivo produza transformações profundas e intensas em nossa sociedade.

    As experiências do passado, por mais válidas e consistentes que sejam por si só, não serão suficientes perante este tão grande desafio.
    Para que nossa vocação ministerial seja cumprida, é necessário que tenhamos compromisso com a Verdade, percepção espiritual da obra de Deus, e sejamos obreiros de visão neste cenário de mutações constantes, sob pena de termos um ministério evasivo.

    Cada um de nós recebeu uma chamada específica de Deus. Um ministério especial. Não importa o que realizaremos ou onde atuaremos desde que nos mantenhamos firmes nos princípios de fidelidade a Deus e em nossa vocação ministerial. Como bem expressou o apóstolo Paulo em Colosensses 4:17: "Cuida do ministério que recebestes do Senhor, para o cumprires".

    Como servos de Deus, temos de obedecer ao chamado divino com entusiasmo, fé e amor à obra. Devemos aplicar-nos diligentemente para que a salvação e a Justiça de Deus se estabeleçam tanto nos palácios dos mais abastados quanto nas choupanas dos desafortunados.

    Como Igreja, precisamos escancarar as portas do Reino dos Céus a esta geração, levando aos lares, às ruas e praças a verdadeira mensagem da redenção. Direcionemos, pois, nossos ministérios para a transformação de vidas e não apenas para mudanças ocasionais!

    Afinal, como vaticinou o apóstolo Paulo em Romanos 1.16: "
    Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê".
    Marcos Tuler é pastor, pedagogo, escritor, conferencista e Reitor da FAECAD (Faculdade de Ciência e Tecnologia da CGADB)

    Contatos
    marcos.tuler@cpad.com.br
    www.marcostuler.com.br
    www.prmarcostuler.blogspot.com.br

sábado, 29 de dezembro de 2012

•Repensando a Escola Bíblica Dominical e seus métodos de crescimento.

Perfil

Pr. Cesar Moisés

É pastor, pedagogo, chefe do Setor de Educação Cristã da CPAD e professor universitário. É autor de "Marketing para Escola Dominical", que ganhou o Prêmio Areté da Associação de Editores Cristãs (Asec) de Melhor Obra de Educação Cristã no Brasil em 2006, e do romance juvenil "O mundo de Rebeca"; e co-autor de "Davi: As vitórias e derrotas de um homem de Deus", todos títulos da CPAD.

  • Repensando a Escola Bíblica Dominical e seus métodos de crescimento

    Como alavancar o programa mais popular de Educação Cristã da Igreja?

    Pr. César Moisés


    INTRODUÇÃO

    A necessidade de se repensar a Escola Dominical é ponto pacífico entre os pastores, estudiosos da Educação Cristã, superintendentes, professores e demais envolvidos. Entretanto, é preciso esclarecer que o ato de repensar algo não significa, necessariamente, inová-lo ou mesmo reinventá-lo, antes, implica em reconsiderá-lo resgatando seu propósito original, ao mesmo tempo em que se busca uma forma de mantê-lo relevante para o momento histórico, a fim de superar a crise ou solução de continuidade sofrida pela instituição, empreendimento ou programa.
    É calcado neste primeiro saber que nos propomos a falar da Escola Dominical, pois, a despeito de seus benefícios práticos ― “instrução; evangelização; assimilação, cuidado, comunidade e unidade; vida e vitalidade espiritual; ação cristã e; preparação para liderança e ministério”[i] ― ela é o único programa de Educação Cristã que contempla a totalidade do propósito original de Deus para a Igreja, exposto na Grande Comissão (Mt 28.19,20).
    Rob Bukhart, doutor em Educação Cristã, afirma que as nossas Escolas Dominicais têm perdido a razão de ser por diversos motivos e entende que não é fácil organizá-las, não obstante, reconhece que:
  •  
    Para cumprir com os propósitos de Deus no mundo, a igreja deve alcançar os perdidos e ajudar-lhes a converterem-se em dedicados discípulos.

    A igreja deve ajudar aos crentes a crescerem até alcançarem a maturidade espiritual e dar expressão do seu amor a Deus tanto em adoração como em sua vida diária. Isso deve ajudar a forçar os laços de amor e lealdade dentro da igreja, e em amor e testemunho da verdade de Deus, tanto com palavras quanto com atos. O fracasso não é uma opção, mas muitos estão fracassando.

    De todos os departamentos que a igreja tem à sua disposição, a ED tem o maior potencial para lograr estes fins. É o meio ideal. Já está disponível uma maior infra-estrutura sobressalente de currículo e preparação. É demonstrado que a igreja pode cumprir melhor com os propósitos de Deus com a ED do que sem ela.

    Finalmente, a igreja necessita de uma ED com qualidade mais do que nunca. São muitas as congregações que divagam sem visão e estratégia. É uma fórmula para o desastre. Deus dará a visão e a ED oferece a estratégia.

    É hora de despertar o gigante adormecido.[ii] 
    A Escola Dominical não é uma opção, mas, como afirmamos em nosso artigo Marketing na Escola Dominical, novo paradigma para a administração da Educação Cristã, “é a continuidade da Missão Educativa que Deus outorgou ao seu povo (Gn 18.18 e 19; Dt 4.1-9; 6.1-25; Mt 28.19 e 20; Ef 4.11-16 etc.), visando formá-lo e satisfazer a sua necessidade de conhecimento: ‘Quando teu filho te perguntar [...]’, disse o Senhor (Dt 6.20)”.[iii]

    Quando falamos sobre repensar a Escola Dominical e seus métodos de crescimento, reconhecemos que existe uma necessidade de readequá-la ao paradigma educacional dos novos tempos a fim de cooptar novos alunos e (re)integrar os antigos. Pois, levando “em conta que a nossa tarefa educativa é gigantesca, pois devemos ensinar ‘todas as coisas’ que Jesus ensinou a ‘todas as nações’ (Mt 28.19,20), é imprescindível pensar em como realizarmos o nosso trabalho de maneira cristã em moldes contemporâneos”.[iv] 
  •  
    Para isso, não será necessário fazer “grandes mudanças” como pensam alguns, mas unicamente termos uma nova visão do que é Escola Dominical. Qual é essa “nova” visão?
    A “nova” visão do que é ED, na verdade, é uma readequação ao que ela sempre foi, mas que, de um tempo para cá deixou de ser. [...] Nessa readequação, devemos saber que sem aluno não se tem ED. Por isso, entender a missão e a visão de Deus para a educação cristã é o ponto crucial para podermos estabelecer uma “política de qualidade” pela qual a equipe da ED deverá se pautar.

    A célebre pergunta do marketing não é “O que queremos vender?”, mas “Quem é o nosso cliente?” É preciso saber quem são os nossos alunos potenciais, qual o seu perfil, e assim, sem modificarmos a Verdade, readequarmos nossos métodos de atração, conquista, atendimento e manutenção dos mesmos. É preciso, a exemplo de Jesus, oferecer respostas ao que as pessoas buscam (Jo 3.1-21; 4.1-30). É fato que elas poderão não gostar de todas as respostas, mas, a satisfação proporcionada nas ocasiões anteriores assegurará a freqüência e dirão, parafraseando Pedro: “Para onde iremos nós? Só a ED tem as Palavras de vida eterna” (Jo 6.68).

    O que aquelas crianças e adolescentes precisavam para viver bem e se sentirem humanas e encontraram no trabalho de Robert Raikes há 225 anos, são as mesmas necessidades que motivam as pessoas pós-modernas a buscarem uma ED:

    Um propósito para o qual viver;

    Pessoas com quem viver;

    Princípios pelos quais viver;

    Força para seguir vivendo.
    Uma ED que não oferece satisfação e repostas para essas quatro necessidades básicas não está à altura de representar o Reino de Deus como agência de educação cristã. Evidentemente que cada pessoa, de acordo com a faixa etária, maturação biológica e mental, e condição social, possui carências de diferentes matizes e formas de manifestar diante das quatro necessidades acima elencadas. Um exemplo típico do que está sendo colocado pode ser visto na diferença que existe entre lecionar para uma classe de adultos na faixa etária dos 25 aos 40 anos e lecionar para pessoas da Terceira Idade. Os anseios e motivos podem ser os quatro enunciados acima, no entanto, a forma pela qual irá se manifestar a necessidade bem como a sua satisfação serão diferentes. Os interesses de ambos os grupos são distintos.
    A administração, ou a gestão dessa demanda é o que deverá orientar o trabalho da equipe da ED. A missão educativa da Igreja está determinada há dois mil anos. Devemos ensinar e educar. A pergunta inquietante é: Como atrair as pessoas pós-modernas para a ED, quando a mídia, o estresse e outras coisas oferecem a ‘tentação’ de prendê-las ao conforto do sofá aos domingos? A resposta é simples: Precisamos motivá-las. E isso representa um duplo desafio: criar ou identificar a necessidade e apresentar um elemento adequado para satisfazer essa carência.[v] 
    Aqui chegamos ao ponto crucial de nossa reflexão. A fim de alavancarmos a Escola Dominical, tomaremos como base o exemplo da reconstrução do templo e dos muros de Jerusalém, e percorreremos o caminho protagonizado por Esdras e Neemias ― exemplos de liderança comprometida ― e verificaremos Sete Passos imprescindíveis para reiniciar e implantar uma nova dinâmica no maior e mais popular programa de Educação Cristã da Igreja.
     
    [i] BUKHART, Rob. Artigo: O Gigante Adormecido. Revista Obreiro. Ano 25; nº21. Rio de Janeiro: CPAD, jan/fev/mar de 2003, pp.23,24.
    [ii] Ibid, p.26.
    [iii] CARVALHO, César Moisés. Artigo: Marketing na Escola Dominical. Novo Paradigma para administração da Educação Cristã. Revista Ensinador Cristão. Ano 7; nº25. Rio de Janeiro: CPAD, jan/fev/mar de 2006, p.8.
    [iv] Ibid, p.7.
    [v] Ibid, p.8.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição 13 Malaquias- A sacralidade da família

    TEXTO ÁUREO “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” (Gn 2.24).


  • INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE MALAQUIAS
    II. O JUGO DESIGUAL
    III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO

    CONCLUSÃO

    DIVÓRCIO E IGREJA

    Esequias Soares

No Brasil, a partir da Constituição de 1967, com advento da Emenda Constitucional de 28 de Junho de 1977, foi permitido, de forma muito tímida e restrita, o instituto do divórcio. Para regulamentar o referido dispositivo constitucional foi editada a Lei nº 6.515/1977, que passou a disciplinar todos os procedimentos para a efetivação do divórcio, cujo pedido, à época, podia ser formulado por uma pessoa somente uma vez.

Só com o advento da Constituição Federal de 1988 é que a matéria foi institucionalizada, tendo o texto magno inserido este instituto de forma positiva no ordenamento jurídico nacional. A Constituição Federal vigente trata do divórcio no seu Art. 226, parágrafo 6º.

O Supremo Tribunal Federal reconheceu que a Lei nº 6.515/1977, com as modificações que lhes deram as Leis nº 7.841/1989 e nº 8.408/1992, foi admitida na atual ordem constitucional do país. O Código Civil vigente (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) também disciplinou a matéria a partir do Art. 1.571 até o Art. 1.582. Dando um passo em direção à celeridade processual, foi editada a Lei nº 11.441/2007, a qual autoriza que a separação e o divórcio consensuais, assim como partilha de bens, em que não haja interesse de menores, sejam feitos diretamente em cartório, desde que com a presença obrigatória de advogado.

1. AVALIAÇÃO
Isso não significa que a Igreja seja obrigada admitir o divórcio por qualquer motivo, salvo no caso de pessoas que só conheceram a Jesus quando já estavam nessa situação (Jo 6.37). Nem tudo o que é legal é ético: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém” (1 Co 6.12). As bases para o divórcio nas culturas judaica, grega e romana eram frouxas; entretanto, o Senhor Jesus e o apóstolo Paulo não se deixaram influenciar pela legislação vigente. Mas a Igreja precisa pronunciar-se sobre o assunto, uma vez que o Senhor Jesus lhe conferiu essa autoridade (MT 16.19; 18.16-18). As igrejas, os ministérios ou as convenções devem estabelecer critérios embasados na Palavra de Deus.

Há muito pouca referência ao divórcio nos primeiros séculos do cristianismo. Alguns dos pais da Igreja, Agostinho, por exemplo, consideravam equivocamente o casamento um sacramento. A base dessa distorção é a VL [Vulgata Latina], uma tradução malfeita de Jerônimo da palavra grega mystêrion “mistério, segredo”, em Efésios 5.32, traduzida pelo termo latino sacramentum, “sacramento”. Erasmo de Roterdã descobriu esse e outros erros de tradução na VL e esse termo é um deles (MCGRATH, 2005, p.89). É com base nessa visão que a Igreja Católica, ainda hoje, não permite o divórcio.

Os reformadores não consideravam o casamento um sacramento e tinham sobre o assunto uma visão mais voltada para a Bíblia, e não para a longa tradição da Igreja Católica. A Igreja Anglicana da Inglaterra apresenta dois relatórios: O Casamento, o Divórcio e a Igreja, datado de 1971, e O Casamento e a Tarefa da Igreja, de 1978. Segundo a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã esses documentos “recomendavam que a Igreja da Inglaterra relaxasse sua regra rigorosa, atual, de que nenhuma pessoa com cônjuge ainda vivo pode se casar na Igreja, embora pessoas divorciadas, que tenham recebido permissão para tal, possam ser admitidas à Santa Comunhão (ELWELL, 1988, p.482).

Resumindo o que vimos até agora, existem duas linhas opostas sobre o divórcio: uma que crê que Jesus revogou o divórcio previsto em Deuteronômio 24.1-4; outra que admite que o Novo Testamento permite o divórcio em situações excepcionais[...]. Analisando o divórcio à luz da Bíblia, vimos que ele estava previsto na lei de Moisés e era realizado nos tempos do Antigo Testamento. Era uma prática comum nas comunidades judaica, grega e romana, nos dias do ministério terreno de Jesus e de seus apóstolos. Vimos também que o divórcio está amparado pelo Novo Testamento nos seguintes casos: prática de prostituição (MT 5.31,32; 19.9) e impossibilidade de reconciliação entre os cônjuges em casais mistos, desde que a iniciativa seja da parte descrente (1 Co 7.15). Fora isso, o divórcio será adultério, caso o divorciado ou a divorciada contraia novas núpcias.

John Stott, em sua obra Grandes Questões sobre o Sexo, declara de maneira resumida o propósito de Deus com o casamento e de que maneira o divórcio é visto biblicamente, nos seguintes termos:

1. Deus criou o homem, no princípio, macho e fêmea, tendo ele mesmo instituído o casamento. Era seu propósito e ideal que a sexualidade humana se realizasse através do casamento, e que esta fosse uma união exclusiva, amorosa e vitalícia.

2. Em nenhum lugar da Escritura se aconselha ou se encoraja o divórcio. Pelo contrário, mesmo no caso de ser biblicamente justificado ele continua sendo um lamentável pecado em relação ao ideal divino.

3. O divórcio e o novo casamento são permissíveis (não imperativos) sobre duas bases. A primeira é aquela em que há uma parte inocente e outra culpada de imoralidade sexual. Em segundo lugar, o cristão pode concordar com a deserção do cônjuge no caso de este se recusar a viver com ele ou ela.

Entretanto, em ambos os casos a permissão é concedida em termos negativos e relutantes. Somente querendo alguém se divorciar sobre o fundamento de infidelidade conjugal é que recasamento não resulta em adultério. Somente se a parte não cristã insiste na não convivência é que a parte cristã “não está mais sujeita” (STOTT, 1993, pp. 93,94).

Sem essa compreensão sobre casamento e divórcio, fica difícil para o pastor aconselhar as pessoas que se encontram nessa situação. Quem defende tais princípios terá condições de êxito no aconselhamento para os casais. Essa linha resumida, traçada acima por John Stott, é o padrão que a maioria das igrejas evangélicas segue, e está amparada pela Palavra de Deus.

Texto extraído da obra “ Casamento, Divórcio e Sexo À Luz da Bíblia”, editada pela CPAD.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Lição 13 - 4º Trim. 2012 - Malaquias e a Sacralidade da Família.


Lição 13

O PROFETA MALAQUIAS E A

SACRALIDADE DA FAMÍLIA 

30 de dezembro de 2012

TEXTO ÁUREO 


Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher,
e serão ambos uma carne (Gn 2.24).  

VERDADE PRÁTICA 


É da vontade expressa de Deus que levemos a sério o nosso
relacionamento com Ele, com a família e com a sociedade.  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher,
e serão ambos uma carne (Gn 2.24).            

O texto áureo deste domingo é uma declaração divina sobre o casamento, as mesmas palavras o Senhor Jesus repetiu em Mateus 19.4-5 em forma de pergunta: Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?”.

Podemos através desta declaração do Senhor Jesus verificar que a criação do homem e da mulher é um acontecimento histórico e aceito por Ele como verdade, Deus é o criador dos céus e da terá, Ele é o criador do homem e da mulher, essa criação não foi algo arbitrário, mas há um propósito, viver um para outro, através do casamento.

O Senhor Jesus cita o versículo 24 de Gênesis 2, apresentando as palavras proferidas por Adão, mas o Senhor Jesus usa essa citação como se fossem palavras proferidas por Deus. Assim a aplicação feita pelo Senhor Jesus a essas palavras lhes atribui um valor profético, porque se aplicam a todas as gerações dos homens e também um valor espiritual, porquanto representam um princípio do código divino.

Quando Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há (Gn 1.1-31) Ele mesmo deu uma nota para cada obra criada:

1.- criou a luz – “viu Deus que a luz era boa” (Gn 1.3-4);

2.- criou a terra – “viu Deus que a terra era boa” (Gn 1.10);

3.- criou as relvas, ervas e sementes – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.11-12);

4.- criou os dois luzeiros – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.14-18);

5.- criou os grandes animais marinhos, os répteis e as aves – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.21-22);

6.- criou os animais selváticos e domésticos – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.24-25);

7.- criou Deus, o homem  - “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.27-31).

Sete vezes o SENHOR em todo capítulo 1 de Gênesis declara: “... é bom”, porém, abruptamente em Gênesis 2.18 ele declara “não é bom”. O que não é bom para Deus? “Não é bom que o homem esteja só;...” (Gn 2.18).

A primeira negativa divina, o primeiro NÃO de Deus, está em Gênesis 2.18: “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18).

Deus é contra a solidão, Ele criou um outro ser humano, a mulher, para que o homem não ficasse solitário. Portanto, Deus é o inventor do casamento.

O primeiro casal feito por Deus é formado de um homem (macho) e uma mulher (fêmea), sendo, assim, os representantes do princípio da união matrimonial.

O Senhor Jesus mostrou que o casamento deve ser mais do que uma necessidade biológica ou uma prática social, ou ainda uma exigência psicológica, deve ter base em finalidades espirituais, teístas e metafísicas.
A própria natureza requer uma união indissolúvel.

Com essa citação o Senhor Jesus quis ensinar a indissolubilidade do matrimônio, devido à sua própria natureza.  A vida física de qualquer indivíduo impede a dissolução de seu organismo. Por semelhante modo, a continuação da vida física do esposo e de sua esposa impede a dissolução de seu casamento. Somente a dissolução da “carne”, por meio da morte, pode causar a dissolução do casamento.

A expressão “unir-se-á” literalmente do grego é colará, termo que ilustra e enfatiza a idéia de coesão permanente.

A expressão “uma só carne” indica a união total de duas personalidades à vista de Deus, mas talvez implique também numa verdade metafísica, isto é, que a personalidade humana não se completa enquanto não houver macho e fêmea, como na eletricidade, pólo positivo e pólo negativo.

O Senhor Jesus declara em Mateus 19.6, “o que Deus ajuntou”. Portanto Deus é o criador e preservador do casamento. Assim como o nosso texto áureo fala de “unir-se-á” como cola, a palavra de Mateus 19.6 é “ajuntou”, ou seja, do grego jungir, termo esse comumente usado no grego clássico para expressar os laços matrimoniais, jungir significa ter alvos  comuns, propósitos ou trabalhos que ambas as pessoas tomam a responsabilidade de cumprir como um casal, tal como dois animais “jungidos” cumprem juntamente o serviço que deles é exigido.

Portanto, nosso texto áureo, aponta para o casamento. Os termos “casamento” e “matrimônio” são equivalentes e ambos usados para traduzir o grego gamos.

O termo grego gamos, indica também “bodas” (Jo 2.1-2) e “leito”  conjugal (Hb 13.4).

Trata-se de uma instituição estabelecida pelo Criador desde a criação, na qual um homem e uma mulher se unem em relação legal, social, espiritual e de caráter indissolúvel (Gn 2.20-24; Mt 19.5-6).

O matrimônio recebe o nome hebraico de kidushin (consagração, santificação ou dedicação), pois o casamento é uma ocasião sagrada no judaísmo. É um mandamento divino, a criação de um laço sagrado.

É no casamento que acontece o processo legítimo de procriação, o casamento bíblico de um homem e uma mulher está o potencial da  perpetuação da espécie humana (Gn 1.27-28), gerando a oportunidade para a felicidade humana e o companheirismo.

A intimidade, o amor, a beleza, a alegria e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). Essa figura é notada desde o Antigo Testamento. 
 

RESUMO DA LIÇÃO 13


 

O PROFETA MALAQUIAS E A SACRALIDADE DA FAMÍLIA

 

I. O LIVRO DE MALAQUIAS

1. Contexto histórico.

2. Vida Pessoal de Malaquias.

3. Estrutura e mensagem.  

II. O JUGO DESIGUAL

1. A paternidade de Deus (2.10).

2. A deslealdade.

3. O casamento misto (2.11).  

III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO

1. O relacionamento conjugal (2.11-13).

2. O compromisso do casamento.

3.- A vontade de Deus.  

INTERAÇÃO


Comumente isolamos um assunto de determinado contexto literário ignorando o tema central daquela obra. O livro do profeta Malaquias é o exemplo perfeito disso. Quando falamos nele, pensamos logo em “dízimo”. É como se “Malaquias” e “dízimo” fossem termos amalgamados. No entanto, veremos que o assunto predominante do profeta Malaquias não é o dízimo (este apenas é tratado num contexto de corrupção sacerdotal e da nação), mas contrariamente, é o relacionamento familiar e civil entre o povo judeu que constituem o seu tema principal. 

OBJETIVOS  


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar o contexto social, a estrutura e a mensagem do livro de Malaquias.

·   Reconhecer quais são as implicações de um péssimo relacionamento familiar.

·   Conscientizar-se que é a vontade de Deus vivermos um bom relacionamento na família e na sociedade. 
 

ESBOÇO DO LIVRO DO PROFETA MALAQUIAS  


Introdução (1.1) 
Parte I: A Mensagem do Senhor (1.2 – 3.18)

Primeiro oráculo: o amor de Deus por Israel.........................(1.2-5)

Segundo oráculo: pecados dos sacerdotes........................(1.6 – 2.9)

Terceiro oráculo: pecados da comunidade..........................(2.10-16)

Quarto oráculo: a justiça divina.......................................(2.17 – 3.5)

Quinto oráculo: ofensas rituais...............................................(3.6-12)

Sexto oráculo: os servos de Deus...........................................(3.13-18) 

Parte II: O Dia do Senhor (4.1-6).

Para o arrogante e malfeitor..........................................................(v.1)

Um dia de triunfo para os justos................................................(v.2,3)

Restauração dos relacionamentos entre pais e filhos e entre o

Povo de Deus...............................................................................(v.4-6)
 

COMENTÁRIO 


introdução

Palavra Chave

FAMÍLIA:

 Pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.
 

No presente estudo, veremos que a mensagem de Malaquias enforca a sacralidade do relacionamento com o Altíssimo e com a família. Durante o exílio na Babilônia, a idolatria de Judá fora definitivamente erradicada. A questão agora era outra: o relacionamento do povo com Deus e com a família. E tais relacionamentos precisavam ser encarados com mais piedade e temor. 
1. O LIVRO DE MALAQUIAS  

1. Contexto histórico. O livro não menciona diretamente o reinado em que Malaquias exerceu seu ministério. Também não informa o nome de seu pai, nem o seu local de nascimento. Isso é observável também nos livros de Obadias e Habacuque. Não obstante, há evidências internas que permitem identificar o contexto político, religioso e social do livro em apreço.  

a)   O governador de Judá. Jerusalém era governada por um pehah, palavra de origem acádica traduzida por “príncipe” na ARC (Almeida Revista e Corrigida), ou “governador”, na ARA e TB (1.8). O termo indica um governador persa e é aplicado a Neemias (Ne 5.14). O seu equivalente na língua persa é tirshata (“tirsata, governador”, cf. Ed 2.63; Ne 7.65; 8.9; 10.1). A profecia mostra que o templo de Jerusalém já havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, retomada (1.7-10).  

b)    Indiferença religiosa. As principais denúncias de Malaquias são: - Contra a lassidão e o afrouxamento moral dos levitas (1.6). - O divórcio e o casamento com mulheres estrangeiras (2.10-16). - E o descuido com o dízimo (3.7-12). Tudo isso aponta para o período, em que Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne 13.4-13, 23-28). O primeiro período de seu governo deu-se entre os anos 20 e 32 do rei Artaxerxes (Ne 5.14) e equivale a 445-433 a.C.  

2. Vida pessoal de Malaquias. A expressão “pelo ministério de Malaquias (1.1) é tudo o que sabemos sobre sua vida pessoal. A forma hebraica do seu nome Mal´achí, que significa “meu mensageiro”. A Septuaginta traduz por Ângelo sou (“seu mensageiro”, “seu anjo”). O termo é ambíguo, pois pode referir-se a um nome próprio ou a um título (3.1). No entanto, entendemos que Malaquias é o nome do profeta, uma vez que nenhum livro dos doze profetas menores é anônimo. Por que com Malaquias seria diferente?  

3. Estrutura e mensagem.  A profecia começa com a palavra hebraica massa – “peso, sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (1.1; Hc 1.1; Zc 9.1, 12.1). O discurso é um sermão contínuo com perguntas retóricas que formam uma só unidade literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica, pois seis versículos do capítulo quatro foram deslocados para o final do capítulo três. O assunto do livro é a denúncia contra a formalidade religiosa; prática generalizada com os fariseus e escribas na época do ministério terreno do Senhor Jesus (Mt 23.2-7). 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O tema do livro de Malaquias é a denúncia contra a formalidade religiosa, a prática da corrupção generalizada entre os fariseus e escribas e o despertamento da nação de Juda´.  

II. O JUGO DESIGUAL  

1. A paternidade de Deus (2.10).  A ideia de que Deus é o Pai de todos os seres humanos é biblicamente válida.
O Antigo Testamento expressa que essa paternidade refere-se a Israel (Êx 4.22-23; Jr 31.9; Os 11.1). A criação divina da base para isso, embora não garanta uma relação pessoal com Ele (At 17.28-29). O Senhor Jesus, porém, fez-nos filhos de Deus por adoção. Por isso, temos liberdade e direito de chamar ao Senhor de Pai (Mt 6.9; Jo 1.12; Gl 4.6).  

2. Deslealdade. O termo “desleal” aparece cinco vezes nessa seção (2.10,11,14-16). Trata-se do verbo hebraico bagad, que significa “agir traiçoeiramente, agir com infidelidade”. Não profanar o concerto dos pais – estabelecido no Sinai (2.10) que proíbe a união matrimonial com cônjuges  estrangeiros (Dt 7.1-4) – é uma instrução ratificada em o Novo Testamento (2 Co 6.14-16,18). O profeta retoma essa questão em seguida. 

3. O casamento misto (2.11). É a união matrimonial de um homem ou de uma mulher com alguém descrente. O profeta chama isso de abominação e profanação. Os envolvidos são ameaçados de extermínio juntamente com toda a sua família (2.12).  

a)   Abominação. O termo hebraico para “abominação” é toevah e diz respeito a alguma coisa ou prática repulsiva, detestável e ofensiva. A Bíblia aplica-o à idolatria, ao sacrifício de crianças, às práticas homossexuais, etc (Dt 7.25; 12.31; Lv 18.22; 20.13). Trata-se de um termo muito forte, mas o profeta coloca todos esses pecados no mesmo patamar (2.11).  

b)    Profanação. Profano é aquele que trata o sagrado como se fosse comum (Lv 10.10; Hb 12.16). A “santidade do SENHOR”, que Judá profanou (2.11), diz respeito ao Segundo Templo, pois sem seguida o oráculo explica “a qual Ele ama”.  A violação do altar já fora denunciada antes (1.7-10). Mas aqui, Malaquias considera o casamento misto como transgressão da Lei de Moisés: “Judá (...) se casou com a filha de deus estranho” (2.11b). A expressão indica mulher pagã e idólatra. E mais adiante inclui também o divórcio (2.13-16).  

SINOPSE DO TÓPICO (II) 
O jugo desigual ou casamento misto, é a união matrimonial de um homem ou uma mulher com alguém descrente. O profeta chama isso de abominação ou profanação.  

III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO  

1. O relacionamento conjugal (2.11-13). Malalquias é o único livro da Bíblia que descreve o efeito devastador  do divórcio na família, na igreja e na sociedade. As lágrimas, os choros e os gemidos descritos aqui são das esposas judias repudiadas. Elas eram santas e piedosas, mas foram injustiçadas ao serem substituídas por mulheres idólatras e profanas. As israelitas não tinham a quem recorrer. Nada podiam fazer senão derramar a alma diante de Deus. Por essa razão, o ETERNO não mais aceitou as ofertas de Judá (2.13). Isso vale para os nossos dias, Deus não houve a oração daqueles que tratam injustamente o seu cônjuge (1 Pe 3.7). O marido deve amar a sua esposa como Cristo ama a Igreja (Ef 5.25-29).

2. O compromisso do casamento. Os votos solenes de fidelidade mútua entre os noivos numa cerimônia de casamento não são um acordo transitório com data de validade, mas “um contrato jurídico de união espiritual” (Meyer Pearlman). O próprio Deus coloca-se como testemunha desse contrato.  Por isso, a ruptura de um casamento é deslealdade e traição (2.14). A reação divina contra tal perfídia é contundente. 

3. A vontade de Deus. A constituição gramatical hebraica do versículo 15 é difícil. Mas muitos entendem o seu significado como defesa da monogamia. Deus criou apenas uma só mulher para Adão, tendo em vista a formação de uma descendência piedosa (2.15). A poligamia e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos. É uma desgraça para a família!  Por isso, o Altíssimo aborrece e odeia o divórcio (2.16). Ele ordena que “ninguém seja desleal para com a mulher de sua mocidade” (2.15).
 

SINOPSE DO TÓPICO (III)
A  poligamia e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A sacralidade do relacionamento familiar deve ser levada em consideração por todos os cristãos. Todos devem levar isso a sério, pois o casamento é de origem divina e indissolúvel, devendo, portanto, ser honrado e venerado. “Deus não ouve a oração daqueles que tratam injustamente o seu cônjuge” (1 Pd 3.7). 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 


HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
MERRIL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6 ed., RJ: CPAD, 2007.  SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1ª Ed. Rio de Janeiro. CPAD, 2010. ZUCK, Roy B (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro. CPAD. 2009.