sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores

  • Lição 9 Habacuque - A soberania divina com as nações

    TEXTO ÁUREO “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13).



    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE HABACUQUE
    II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
    III. A RESPOSTA DIVINA
    IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ

    CONCLUSÃO

    LUTERO E WESLEY

    Silas Daniel

    Esta passagem de Habacuque 2.4 é um dos mais importantes textos das Sagradas Escrituras e da história da Igreja. Através dele, pelo menos dois grandes avivamentos aconteceram, datados dos séculos 16 e 18. Eles definem bem a importância dessa passagem para a vida do cristão, daquele que realmente serve a Deus.


    Certo dia, um monge agostiniano de 22 anos, chamado Martinho Lutero, encontrou na biblioteca de seu convento uma velha Bíblia em latim. Ele ficou tão embriagado ato ter contato com o texto sagrado pela primeira vez que durante semanas inteiras deixou de fazer as orações diurnas de sua ordem.

    Posteriormente, como uma espécie de compensação, dedicou-se a vigílias e jejuns até desmaiar com a saúde debilitada. Mas sua sede pelas Escrituras permanecia.

    Admirado com a paixão crescente de Lutero pela Palavra, Staupitz, vigário geral da ordem agostiniana, em visita ao convento daquele monge, ofereceu-lhe uma Bíblia. Foi lendo o presente que o jovem deparou-se pela primeira vez com o texto de Romanos 1.17, que revolucionaria sua vida: “O justo viverá da fé”.


    Anos depois, Lutero foi ordenado padre. Aos 25 anos, foi nomeado para cadeira de Filosofia em Winttenberg, para onde se mudou. Em meio às atividades como professor, dedicava-se a estudar a Palavra de Deus.

    Tempos depois, viajou a pé para Roma em companhia de um monge.
    Passou um mês ali, tendo inclusive celebrado missas. Um dia, subindo de joelhos a “santa escada”, desejando a indulgência que o papa prometia a quem fizesse isso, ouviu ressoar em seus ouvidos o texto bíblico que o impressionara: “O justo viverá da fé”. A experiência foi tão forte que Lutero imediatamente se levantou e saiu envergonhado.

    De volta, lançou-se novamente ao estudo das Escrituras. O que aconteceu a seguir, ele mesmo conta:


    “Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo, consta que a justiça de Deus se revela no Evangelho (vv. 16,17). Eu detestava as palavras ‘justiça de Deus’, porque, conforme fui ensinado, a considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a consciência me mostrava que era pecador perante Deus. Assim, odiava a um Deus justo, que castiga pecadores (...) Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre para o mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava”.  


    “Depois de meditar sobre o ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra: ‘O justo viverá da fé’. Vi então que a justiça de Deus, nesta passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé, como dádiva. Então me achei recém-nascido e no paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus.

    Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do paraíso”. [BOYER, Orlando Spence, Heróis da Fé, CPAD] 

    Foi o texto de Romanos 1.17, exatamente a passagem que refere-se a Habacuque 2.4, que provocou, no século 16, a Reforma Protestante na Alemanha, se alastrando depois por todo o mundo.


    Em 24 de Maio de 1738, em Aldersgate Street, Inglaterra, um pastor anglicano, chamado John Wesley, estava estudando Romanos 1.17 quando algo extraordinário aconteceu, mudando para sempre a sua vida.

    De repente, ele sentiu seu coração (usando suas próprias palavras) “estranhamente aquecido”. Conta Wesley: 

    “Senti o coração abrasado; confiei em Cristo, somente em Cristo, para salvação. Foi-me dada a certeza de que Ele levara os meus pecados e de que me salvara da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todas as minhas forças (...) e testifiquei a todos os presentes do que sentia no coração”. [BOYER, Orlando Spence, Heróis da Fé, CPAD]

    Os olhos de Wesley foram abertos para a verdade da justificação pela fé. A célebre conversa entre Peter Bulow e Wesley na viagem de Londres a Oxford, que antecedeu essa experiência relatada acima, foi toda a respeito de Romanos 1.17. “Foi somente depois que Wesley compreendeu esta verdade, e ela o absorveu completamente, que o Espírito Santo veio sobre ele e começou a usá-lo. [LLOYD-JONES, Martin, Avivamento, PES, 1992].


    A experiência de Wesley resultou no grande avivamento inglês do século 18, e que alcançou outros países. Segundo os historiadores, foi esse avivamento que evitou que a Grã-Betanha vivenciasse a mesma revolução sangrenta por que passou a França em 1789. E tudo começou com a citação paulina de Habacuque 2.4 em Romanos 1.17. Por todos esses motivos, essa passagem é muito preciosa para os genuínos cristãos em todo o mundo.  
     
    Texto extraído da obra “Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos”, editada pela CPAD.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Lição 09

O PROFETA HABACUQUE E A SOBERANIA DIVINA

SOBRE AS NAÇÕES 

02 de dezembro de 2012

TEXTO ÁUREO 


Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar, por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele? (Hc 1.13).   

 

VERDADE PRÁTICA

 

A fim de cumprir os seus planos Deus age soberanamente na vida de todas as nações da terra.

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar, por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele? (Hc 1.13).

 

O contexto do nosso texto áureo está em Habacuque capítulo 1º. Neste capítulo o profeta fala sobre a iniquidade de Judá e seu castigo pelas mãos dos caldeus e no final está a intercessão do profeta.

O nosso texto áureo especificamente declara: “...não pode ver o mal” – essa expressão não significa que Deus seja incapaz de perceber o mal, pois Ele a tudo observa, Ele é onisciente, portanto, nada está oculto diante Dele.

O texto áureo aponta para a natureza justa de Deus, Ele jamais contempla o mal para tolerá-lo ou apoiá-lo.

O que deixou o profeta Habacuque perplexo foi o uso que Deus fez dos ímpios babilônicos. Tinha-se a impressão que Ele tolerava o pecado dos caldeus, enquanto castigava Judá que, a despeito de todos os seus pecados, não deixara de ser uma nação mais justa que os povos da Mesopotâmia.

A invasão caldaica levou o profeta Habacuque a uma profunda indagação sobre o problema do mal. Como Deus podia permitir tal coisa? E clamava pela justiça divina diante de tanta iniqüidade.

Mas o profeta sabia que o SENHOR não permitiria que os babilônicos aniquilassem a nação judaica, pois, mediante tal destruição, estaria cancelando seu propósito redentor à humanidade. 

RESUMO DA LIÇÃO 09 


O PROFETA HABACUQUE E A

SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES 

I. O LIVRO DE HABUCUQUE

1. Contexto histórico.

2. Vida pessoal.

3. Estrutura e mensagem.

 

II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS

1. O clamor de Habacuque.

2. A descrição do pecado.

3. O colapso da justiça social.

 

III. RESPOSTA DIVINA

1. O juízo divino e anunciado.

2. Os caldeus e a questão ética.

 

IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ

1. A esperança de Habacuque.

2. A visão.

3. O justo viverá da fé. 

INTERAÇÃO


 

 “O justo viverá pela fé”. Esta sentença tornou-se uma das mais importantes temáticas do Novo Testamento.
No judaísmo existem 613 mandamentos. Segundo a tradição da época de Jesus:- 248 mandamentos eram proibitivos (não farás) e cada um se referia a cada órgão do corpo humano (de acordo com a medicina da época);- 365 mandamentos eram positivos (farás) e cada um se referia a cada dia do ano lunar judaico. Os 613 mandamentos foram resumidos em 11 preceitos no Salmo, e foram resumidos em 6 preceitos pelo profeta Isaías, e foram resumidos em 3 preceitos pelo profeta Miquéias, e foram resumidos em 2 preceitos pelo profeta Amós, finalmente em 1 preceito pelo profeta Habacuque 2.4. Os 613 mandamentos foram resumidos em 11 preceitos no Salmo 15: SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
1º preceito: Aquele que anda sinceramente, 2º: e pratica a justiça, 3º: e fala a verdade no seu coração. 4º: Aquele que não difama com a sua língua, 5º: nem faz mal ao seu próximo, 6º: nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo; 7º: A cujos olhos o réprobo é desprezado; 8º: mas honra os que temem ao SENHOR; 9º: aquele que jura com dano seu, e contudo não muda. 10º: Aquele que não dá o seu dinheiro com usura, 11º: nem recebe peitas contra o inocente.  Quem faz isto nunca será abalado. 
(Salmos 15.1-5) 
Os 11 preceitos no Salmo 15, foram resumidos em 6 preceitos pelo profeta Isaías: 

1ª preceito: O que anda em justiça, 2º: e o que fala com retidão; 3º: o que rejeita o ganho da opressão,
4º: o que sacode das suas mãos todo o presente; 5º:o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue 6º: e fecha os seus olhos para não ver o mal. Isaías 33.15 
Os 6 preceitos pelo profeta Isaías, foram resumidos em 3 preceitos pelo profeta Miquéias: Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti,

 1º preceito: senão que pratiques a justiça, 2º: e ames a misericórdia, 3º: e andes humildemente com o teu Deus?  Miquéias 6:8
Os 3 preceitos pelo profeta Miquéias, foram resumidos em 2 preceitos pelo profeta Amós: 
1º preceito: Buscai ao SENHOR, 2º: e vivei, para que ele não irrompa na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague. (Amós 5.6-7). Os 2 preceitos pelo profeta Amós, foram resumidos em 1 preceito pelo profeta Habacuque: “Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele;
1 preceito: mas o justo pela sua fé viverá”.  (Habacuque 2.4). 
E isto foi a base do evangelho ensinado por Paulo em suas epístolas (Rm 1.27):
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Romanos 1.17) Foi um dos lemas da Reforma Protestante.

O apóstolo Paulo é um dos que descrevem a graça de Deus de maneira mais intensa e bela: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

Tal perspectiva da graça de Deus foi precedida pelo profeta Habacuque, quando ele declarou: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). 

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar o contexto histórico, a estrutura e a mensagem do livro de Habacuque.

·   Compreender a situação do país na época de Habacuque.

·   Mencionar a resposta de Deus ministrada ao profeta.  

ESBOÇO DO LIVRO DO PROFETA HABACUQUE  


O Interrogatório de Habacuque a Deus (1.2 — 2.20)

Questão:    Como Deus permite que a ímpia Judá fique sem castigo (1.2-4).

Resposta:    Mas Deus usará a Babilônia para castigar Judá (1.5-11).

Questão:    Como Deus pode usar uma nação mais ímpia que Judá como instrumento de juízo (1.12 — 2.1).

Resposta:    Deus também julgará Babilônia (2.2-20).

O Cântico de Habacuque (3.1-19)

Oração de Habacuque por misericórdia divina (3.1,2).

O poder do Senhor (3.1,2).

Os atos salvíficos do Senhor (3.3-7).

A fé inabalável de Habacuque (3.16-19). 

COMENTÁRIO


 

introdução

Palavra Chave

SOBERANIA: 

Qualidade ou condição de um soberano; autoridade; domínio; poder.  

No diálogo entre Habacuque e o Senhor, presenciamos uma singular beleza teológica e literária. Ao longo do livro de Habacuque, deparamo-nos com uma das mais notáveis declarações doutrinárias: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). Este oráculo fez-se tão notório, que se tornou uma das mais importantes temáticas, em o Novo Testamento (Rm 1.17 cf. Gl 3.8). Séculos mais tarde, inspirou Martinho Lutero a deflagrar a Reforma Protestante.  

I. O LIVRO DE HABACUQUE 

1. Contexto histórico. Habacuque é o nome do profeta autor do livro, seu nome significa “abraço”. Habacuque exerceu o seu ministério quando os caldeus marchavam vitoriosamente pelo Oriente Médio (1.6). Tal marcha iniciou-se em 627 a.C. e foi concluída com a vitória sobre Faraó Neco, do Egito, na Batalha de Carquêmis, em 605 a.C. (Jr 46.2). Tempo em que, de fato, os caldeus tornaram-se um império pujante. Isso mostra que o profeta era contemporâneo de Jeremias e Sofonias (Jr 1.1; Sf 1.1). Ele menciona ainda a opressão dos ímpios sobre os pobres e o colapso da justiça nacional (1.2-4) e descreve também o cenário do reinado tirânico de Jeoaquim, rei de Judá, entre 605 e 598 a.C. (Jr 22.3,13-18). 
 
2. Vida pessoal. Não há informações, dentro ou fora do livro, sobre a vida pessoal de Habacuque. Apenas temos a declaração de que ele é profeta (1.1), detalhe este também encontrado em Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc 1.1). A partir dessas poucas informações e pela finalização de seu livro (3.19), muitos estudiosos entendem que Habacuque era um profeta bem aceito pela sociedade e — há quem afirme — oriundo de família sacerdotal. A literatura rabínica apoia essa ideia. 
3. Estrutura e mensagem.  No estudo passado, aprendemos que o termo “peso” indica uma “sentença pesada e profecia”. A exemplo do livro de Naum, esse oráculo foi revelado à Habacuque na forma de visão (1.1). A profecia divide-se em três capítulos: - O primeiro denuncia a corrupção generalizada da nação e a consequente resposta divina (1.2-17); - o segundo, outra resposta do Eterno (2.1-20); - e a terceira, a oração de Habacuque (3.1-19). O oráculo divino, que possui a mesma estrutura dos Salmos, tem como principal ênfase a fé. O livro do profeta Habacuque é citado em três passagens do Novo Testamento: Romanos 1.17; Gálatas 3.11 e Hebreus 10.38:
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé,
 como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Romanos 1.17)  

“E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus,
porque o justo viverá da fé”.  (Gálatas 3.11) 

“Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar,
a minha alma não tem prazer nele”. (Hebreus 10.38).  

Os mais expressivos textos que contrastam a salvação pela graça e a salvação pela lei. Curiosamente, é a única citação da palavra fé em todo o Antigo Testamento. Habacuque discute o problema do mal, talvez um dos pontos mais difíceis com o qual a teologia tem de lidar. Ao ver a crueldade com que a Babilônia tratou Judá, o profeta se revoltou, fazendo o seguinte questionamento: “por que um Deus tão bom, não interferia ou demorava a intervir?” 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O livro de Habacuque denuncia a corrupção generalizada da nação, descreve as respostas divinas e apresenta a oração de Habacuque.  

II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS

 

1. O clamor de Habacuque. O que ocorria em Judá ia de encontro ao conhecimento que Habacuque possuía a respeito do Deus de Israel. Mas como é possível Aquele que é justo e santo tolerar tamanha maldade? O profeta expressa sua perplexidade na forma de lamentos: “Até quando, SENHOR[...]?” (1.2; Sl 13.1,2); “Porque[...]?” (1.3; Sl 22.1). Essas perguntas indicam que, há tempos, Habacuque orava a Deus em busca de solução. 

2. A descrição do pecado. Assim, o profeta resume o quadro desolador do seu povo: iniquidade e vexação; destruição e violência; contenda e litígio (1.3). A Bíblia ARA (Almeida Revista e Atualizada) emprega o termo “opressão”. A Bíblia TB (Tradução Brasileira) usa “perversidade” no lugar de “vexação”. A estrutura poética nessa descrição revela a falência da justiça e o abuso opressor das autoridades em relação aos pobres.  

3. O colapso da justiça nacional. A frouxidão da lei era consequência da corrupção generalizada. Na esfera judiciária, a sentença não era pronunciada, ou quando dado o veredicto, este sempre beneficiava os poderosos (1.4). A sociedade sequer lembrava-se da lei. Esta era o poder coercitivo para manter a ordem pública, garantir a segurança e os direitos do cidadão (Dt 4.8; 17.18,19; 33.4; Js 1.8). Mas a influência das autoridades piedosas não foi suficiente para mudar o estado das coisas. Somente o Senhor onipotente de Israel é quem pode fazer plena justiça. 

SINOPSE DO TÓPICO (II)
O caos estabelecido em Judá era decorrente da corrupção generalizada e denunciada pelo profeta Habacuque.  

III. A RESPOSTA DIVINA 

1. O juízo divino é anunciado. Antes de Habacuque perceber a gravidade da situação, Deus, que está no controle de todas as coisas, apenas aguardava o tempo oportuno para agir e mostrar a razão de sua intervenção. Tudo estava nos planos do Senhor. O profeta e todo o povo de Judá precisavam prestar mais atenção aos acontecimentos mundiais, pois o Eterno realizaria, naqueles dias, uma obra que eles não creriam, quando lhes fosse contada (1.5). Essa obra era um novo império que Deus estava levantando no mundo. Não obstante, esse oráculo também diz respeito à vinda do Messias (At 13.40,41).  

2. Os caldeus e a questão ética (1.6). O império dos caldeus crescia e agigantava-se sob a liderança do rei Nabucodonosor. Ele estava a caminho de Jerusalém para invadir a província de Judá. No entanto, Habacuque ficou desapontado com essa resposta. Como um povo idólatra, sem ética e respeito aos direitos humanos, poderia castigar o povo de Deus? Ele pergunta: “por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (1.13). Trataria o Senhor os filhos de Judá como os animais? (1.14). Permitiria à Babilônia fazer o que desejasse com o povo? (1.15-17).
 

SINOPSE DO TÓPICO (III)
A primeira resposta divina era o agigantamento dos caldeus a caminho de Jerusalém para invadir a província de Judá.  

IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ 

1. A espera de Habacuque. Sabedor de que Deus lhe responderá, o profeta prepara-se para ser arguido por Deus.
Ele se posiciona como uma sentinela — figura comumente empregada para descrever os profetas bíblicos. Sua função era ficar alerta para escutar a palavra de Deus e transmiti-la ao povo (Is 21.8; Jr 6.17; Ez 3.17). 

2. A visão. A resposta divina veio ao profeta através de uma visão transmitida com agilidade e nitidez, dispensando a necessidade de que alguém lesse e a interpretasse (2.2), pois se tratava de uma mensagem que, apesar de futurística, era claríssima: - A Babilônia desaparecerá da terra para sempre! 
 
‘E babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.
Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.
Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali.
E os animais selvagens das ilhas uivarão em suas casas vazias, como também os chacais nos seus palácios de prazer; pois bem perto já vem chegando o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão.’ 
(Isaías 13.19-22)
 

- No entanto, Judá, apesar do castigo, sobreviverá (Jr 30.11). O desafio era crer na mensagem! Ainda que seu cumprimento tardasse, Deus é fiel para cumprir a sua palavra (2.3; Jr 1.12). Assim como naquele tempo, o mundo permanece no pecado por causa da incredulidade e por isso não crê na pregação do Evangelho (Jo 9.41; 15.22; 16.9; 2 Co 4.4).

2. O justo viverá da fé. A expressão “alma que se incha” (2.4) refere-se ao orgulho dos caldeus (1.10; Is 13.19).
O justo é aquele que crê no julgamento de Deus sobre a Babilônia (2.8). Ele sobreviverá à devastação de Judá pelo exército de Nabucodonosor: “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4b). Mas ao mesmo tempo é uma mensagem de profundo significado para a fé cristã (Rm 1.17; Gl 3.8; Hb 10.38). Em o Novo Testamento, o “justo” é quem, proveniente de todas as nações, acolhe a mensagem do Evangelho e é justificado pela fé em Jesus.  

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

A segunda resposta de Deus era que a Babilônia desapareceria para sempre. Mas Judá, apesar de passar por um castigo doloroso, sobreviveria.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

A Palavra de Deus é suficiente para corrigir o caminho tortuoso de qualquer pessoa. Apesar de a resposta divina nem sempre ser o que esperamos, ela é sempre a melhor. Quem não se lembra do fato ocorrido na vida de Naamã? (2 Rs 5.10-14). Isso acontece porque os caminhos e os pensamentos de Deus são infinitamente mais elevados que os nossos (Is 55.8,9). Vivamos, pois, pela fé!  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  


 DANIEL, S. Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos. 1 ed., RJ: CPAD, 2005. ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I 
Subsídio Teológico 


“O significado da fé em Habacuque.

Além de estar dizendo claramente que os justos de Judá, apesar do sofrimento pelo qual passarão no ataque caldeu, serão poupados (como aconteceu com Jeremias, Daniel e tanto outros), o Senhor mostra ao profeta que sua compreensão concernente à vida espiritual ainda era superficial. Ainda faltava a Habacuque considerar alguns aspectos essenciais da vida com Deus. Sua Teologia ainda ignorava nuanças vitais, e que agora são sintetizadas para o profeta em uma única frase: ‘O justo viverá pela sua fé’. O justo não vive pelo que vê, sente, percebe, imagina ou pensa, mas pela fé. ‘Porque andamos por fé e não por vista’ (2 Co 5.7). Não que essas coisas não sirvam, vez por outra, para alimentar a nossa fé, mas não podem ser considerados fundamentos para ela. Nossa fé está fundamentada no próprio Deus, em sua Palavra. O justo está baseado nela” (DANIEL, S. Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos. 1 ed. RJ: CPAD, 2005, p.90). 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO  


Habacuque: A soberania divina sobre as nações  

Habacuque exerceu seu ministério nos dias de Josias, rei de Judá. Nos dias de Manassés, avô de Josias, a corrupção moral e espiritual atingiu níveis jamais vistos. Josias, anos depois de Manassés, trouxe reformas substanciais à vida dos hebreus, mas seus esforços não tiveram êxito completo no sentido de destituir as coisas ruins com que a nação se acostumou. Os juízes, que deveriam julgar de acordo com os preceitos da lei de Deus, eram corruptos, e julgavam conforme os subornos que recebiam. Os homens perversos eram bem-sucedidos em seus intentos, tornando a prática da justiça algo risível. Como viver em um estado onde a impiedade era a regra?

O profeta defronta-se com duas questões: porque Deus não pune os pecados de Judá? Para essa primeira questão, Deus mostra a Hacacuque que os babilônios iriam punir Judá. Aqui entra a segunda questão: porque Ele permitiria que um povo ímpio fosse responsável por julgar a Israel? Para a segunda questão, Deus mostra que os assírios, mesmo ímpios, trariam o julgamento de Deus, mas depois eles mesmos seriam julgados por seus pecados. “Habacuque, ao rogar a Deus por uma explicação do porquê Ele permitira que o iníquo pecasse e o inocente sofresse, recebe a resposta. Na época, Deus estava preparando os babilônios para ingressarem no rol das potências mundiais. O Senhor usaria as forças armadas desses pagãos para que o seu próprio povo fosse punido. Habacuque entendeu o plano de Deus, pois o uso de nações inimigas para disciplinar Israel e Judá era um precedente bem arquitetado” (Guia do Leitor da Bíblia. CPAD, pg.560).

Mas vemos em Habacuque outra situação que nos leva a pensar. Se os babilônios eram um povo que não conhecia a Deus, eles, como um povo “injusto”, julgariam a Israel e Judá, nações que conheciam a Deus e poderiam ser consideradas justas? O profeta então percebe que a questão não se refere a um povo mau julgando o povo do Senhor, e sim que ninguém pode evitar a disciplina do Senhor, quer seja um povo bom, quer seja um povo mau. Deus sabe como tratar com todos.

Deus não permite a injustiça entre seu próprio povo. Ele é juiz e julga até mesmo os seus, para que o seu nome não seja blasfemado. E castiga os pagãos também, quando eles pecam. E mesmo aqueles que temem a Deus devem confiar nEle quando Ele julgar os que são chamados pelo seu nome. O povo de Deus deve ser o primeiro a se arrepender de seus pecados, para não atrair a ira divina.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Lição 08

O PROFETA NAUM E O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA

25 de novembro de 2012

TEXTO ÁUREO


Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se,
porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez (Gn 18.32). 

VERDADE PRÁTICA


 

No tempo estabelecido por Deus, cada nação, e cada indivíduo em particular,
passará pelo crivo da justiça divina.  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo:
 se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez” (Gn 18.32). 

O capítulo 18 de Gênesis temos nos versículos 1 a 16, o aparecimento de três anjos a Abraão, depois nos versículos 17 à 22, temos o anúncio divino sobre a destruição de Sodoma e Gomorra e finalmente onde o nosso texto áureo deste domingo está inserido - Gênesis 18.23-33, quando Abraão intercede junto a Deus pelos homens, senão vejamos: 
“18.23   E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?
18.24   Se, porventura, houver cinqüenta justos na cidade, destruí-los-ás também e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela? 
  18.25 .   Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?

18.26   Então, disse o SENHOR: Se eu em Sodoma achar cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei todo o lugar por amor deles.

18.27   E respondeu Abraão, dizendo: Eis que, agora, me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.

18.28   Se, porventura, faltarem de cinqüenta justos cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.

18.29   E continuou ainda a falar-lhe e disse: Se, porventura, acharem ali quarenta? E disse: Não o farei, por amor dos quarenta.

18.30   Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: se, porventura, se acharem ali trinta? E disse: Não o farei se achar ali trinta.

18.31   E disse: Eis que, agora, me atrevi a falar ao Senhor: se, porventura, se acharem ali vinte? E disse: Não a destruirei, por amor dos vinte.

18.32   Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez.

18.33   E foi-se o SENHOR, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou ao seu lugar”.  

            O texto revela a preocupação de Abraão com seu sobrinho Ló e sua família. “Abraão intercedeu diante de Deus para Ele não destruir as cidades (vv.22-32). Deus respondeu à oração de Abraão, embora não como este esperava. Deus não destruiu os justos com os ímpios. Ele salvou os justos, porém destruiu os ímpios.

            No dia da ira futura de Deus, que há de vir sobre o mundo (ver 1 Ts 5.2, 2 Ts 2.2). Deus já prometeu que salvará os justos (Lc 21.34-36; Ap 3.10)” (Bíblia Pentecostal).

            Segundo a tradição judaica o quorum mínimo para uma reunião, serviço sagrado, um Minian ou minyan (em hebraico: מִנְיָן, cujo significado é contar, número; pl. מִניָנִים minyanim)   é de 10 adultos (homens, justos) para a realização das liturgias públicas judaicas, seja em uma sinagoga ou templo, ou em casa.

O mínimo de 10 é, evidentemente, uma sobrevivência na Sinagoga da instituição muito mais antiga em que 10 chefes de famílias constituídas a menor subdivisão política. Em Êxodo lemos que Moisés, aconselhado por Jetro, nomeia chefes de dez, bem como chefes de cinqüenta, de cem, e de milhares de pessoas (Ex 18). 

No Talmude Babilônico há um comentário na seção do Mishnah, onde cita a base bíblica para 10 homens que constituem uma congregação nas palavras de Números 14.27: "Até quando sofrerei esta má congregação que murmura contra mim?" que se refere aos espias que foram enviados para espiar a terra de Canaã, 12 no total, dos quais dois, Josué e Calebe, foram fiéis, e apenas 10 "mal".

            Outra referência é esta que está em nosso texto áureo, Gn 18.22, onde Abraão pergunta a Deus: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez”.

            Portanto, o quórum para os serviços públicos judaicos é de 10 homens ou pessoas. O quórum cristão diferentemente é de apenas 2 ou 3, independentemente de ser homem, mulher, criança ou ancião: Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18.20). 

RESUMO DA LIÇÃO 08 


O PROFETA NAUM E O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA

 

I. O LIVRO DE NAUM

1. Contexto histórico.

2. Estrutura.

3. Mensagem

 

II. TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO

1. Vingança (v.2).

2. Longanimidade.

3. O poder de Deus.

 

III. CASTIGO DOS INIMIGOS

1. Quem são os “inimigos”?

2. O estilo de Naum.

3. Reminiscências históricas?

4. A consolação de Judá.
 

INTERAÇÃO


 

Nínive havia provado da graça e da misericórdia do Senhor. No tempo de Jonas, o povo ninivita arrependeu-se dos seus pecados e prostrou-se perante o Eterno, confessando a sua ignomínia. Assim, o povo recebeu de Deus o perdão dos seus pecados. Aquela nação foi salva do juízo divino! Mas o tempo passou e depois de aproximadamente um século e meio, a nova geração de Nínive esqueceu-se do passado de quebrantamento ao Senhor. Ela voltou pecar contra Deus com requintes de crueldade, perversidade e malignidade. Por isso o profeta Naum vocifera: “Ai da cidade ensanguentada! Ela está toda cheia de mentiras e de rapina! Não se aparta dela o roubo”. Agora o juízo divino sobre Nínive seria irreversível.  

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar o contexto histórico do livro de Naum.

·   Apontar os limites entre tolerância e vindicação.

·   Conscientizar-se da existência do juízo divino.  

ESBOÇO DO LIVRO DE NAUM 


TÍTULO (1.1) — PESO DE NÍNIVE  

I. A Natureza de Deus e do Seu Juízo (1.2-15).     Características da Administração da Justiça de Deus    (1.2-7).     A Ruína Iminente de Nínive (1.8-11.14).      Consolo para Judá (1.12,13,15).  

II. Vaticínio a Respeito da Queda de Nínive (2.1-13)     Introdução (2.1,2).     O Combate Armado (2.3-5).

    A Cidade é Invadida e Devastada (2.6-12).     A Voz do Senhor (2.13).  

III. Razões da Queda de Nínive (3.1-19)     Os Pecados da Crueldade de Nínive (3.1-4).     A Justa Recompensa da Parte de Deus (3.5-19).  

COMENTÁRIO


introdução
                                        PALAVRA CHAVE

      OBEDIÊNCIA:

Ato ou efeito de tolerar, indulgência, condescendência.  

Quando Naum anunciou o seu oráculo contra Nínive, já fazia um século e meio que Deus havia dispensado a sua misericórdia à grande, poderosa e perversa cidade. No tempo de Jonas, o Senhor compadecera-se dos ninivitas, poupando-os de iminente destruição. Infelizmente, o tempo passou e eles vieram a se esquecer do perdão divino, voltando a pecar contra Deus. Por isso, o profeta Naum proclama a ruína inevitável de Nínive. Agora, o juízo divino é irreversível! De todos os profetas menores, Naum foi o que recebeu o maior aval da história e da arqueologia. Suas profecias foram de uma exatidão singular e seu cumprimento, hoje, é facilmente verificável. O livro do profeta Naum permanece como um forte monumento da inspiração divina das Escrituras. Por volta do final do século 19, o ceticismo reinante considerava que Nínive e a Assíria não passavam de meras lendas. Escavações na região descobriram não só a cidade, mas todo um império. Essas descobertas levaram  ao início da “assiriologia”, um ramo da arqueologia. Hoje se sabe que diversos detalhes da profecia de Naum se cumpriram em 612 a.C., quando Nabopolassar da Babilônia e Ciaxites da Pérsia, fizeram o cerco e destruíram Nínive. Sua aniquilação foi tão completa que, posteriormente, foram travadas batalhas em seus sítios sem o conhecimento de que ali havia existido uma cidade tão grande. Exemplo de descoberta arqueológica que apresenta um personagem do Reino do Norte ou Reino de Israel, o rei Jeú (2 Rs 10). Obelisco Negro de Salmanasar III, rei assírio que reinou entre os anos 858 até 824 a.C. “Marduk-apil-usur, rei de Suhi, Qalparunda, rei de Patin, Jeú, rei de Israel...”. No obelisco, o rei de Israel Jeú esta ajoelhado diante do monarca assírio. O texto, que está logo após o relevo do personagem bíblico, diz: “Tributo de Jeú, filho de Omri. Prata, ouro, vasos de prata... cetros para a mão do rei [e] dardos, [Salmanasar] recebeu dele.”  A Bíblia,diz que Jeú “não teve o cuidado de andar de todo o coração na lei do Senhor, Deus de Israel” (2 Rs 10.31). 
I. O LIVRO DE NAUM  

1. Contexto histórico. Naum, cujo nome significa “consolo”, “conforto”. Naum, à semelhança de outros profetas menores, não possui biografia. Ele apresenta-se apenas como o “elcosita”. O reinado no qual profetizou não é mencionado (v.1b). As escassas informações de que dispomos ainda não são conclusivas. As opiniões dos eruditos são divergentes. Elas variam entre o assédio de Jerusalém, em 701 a.C, por Senaqueribe, rei da Assíria (2 Rs 18.13) até as reformas religiosas protagonizadas por Josias, rei de Judá, em 621 a.C. (cf. 2 Rs 22.1-23.37; 2 Cr 34.1-35.27). 
a) Origem do profeta. 
Alguns estudiosos acreditam que “elcosita” (v.1c) refere-se a uma cidade da Assíria, situada a 38 quilômetros de Nínive, em Al-kush, ao norte do atual Mossul, Iraque.  Tal informação é a menos provável, visto que, desde a antiguidade, a cidade de Cafarnaum — na Galileia, casa de Jesus (Mt 9.1; Mc 2.1), cujo nome significa “aldeia de Naum” — é apontada como local de nascimento do profeta. Jerônimo acreditava que esta cidade ficava perto de Ramá, na Galiléia, ele sugere que era uma cidadezinha vizinha de Cafarnaum. 
b) Período aceitável. 
Em 612 a.C. a cidade de Nínive foi destruída. A profecia menciona também o desmoronamento de Nô-Amon como fato comprovado historicamente (3.8-10). O rei assírio, Assurbanípal, destruiu a cidade egípcia de Nô em 663 a.C. De acordo com essas informações, podemos considerar 663 a 612 a.C. como um período histórico significativo para situarmos o ministério profético de Naum. 
c) Nínive (v.1). 
Nínive era a antiga capital do império assírio. Suas ruínas estão localizadas ao norte do Iraque. É uma das cidades pós-diluvianas fundada por Ninrode, descendente de Cuxe (Gn 10.8-11), por volta de 4500 a.C. — tornando-se proeminente antes de 2000 a.C. O rei assírio, Senaqueribe (705 - 681 a.C), fortificou a cidade, garantindo assim o apogeu da capital assíria. O Senhor refere-se a ela como a “grande cidade” (Jn 1.2; 3.2). A crueldade do povo ninivita era indescritível e essa foi a fama que os acompanhou durante toda a história. 
 
2. Estrutura. O “Livro da visão de Naum” (v.1b) consiste em três breves capítulos. O capítulo 1 divide-se em duas partes principais: 
- a primeira é um salmo de louvor a Jeová (vv.2-8);
- a segunda, num estilo poético, anuncia o castigo dos seus inimigos (vv.9-14), sendo que o versículo 15 é parte do capítulo 2 na Bíblia Hebraica. O segundo capítulo anuncia o assédio e a destruição de Nínive. E o terceiro o “boletim de ocorrência” dos motivos de sua queda. 
 
3.- Mensagem. O tema do livro é a “queda de Nínive”. A expressão “peso de Nínive” (v.1a) proclama o início de sua ruína. O substantivo hebraico para “peso” é massa que significa “carga, fardo, sofrimento” (Êx 23.5; Nm 11.11,17) bem como “sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (Hc 1.1; Zc 9.1; 12.1). Ela aponta para a proclamação de um desastre (Is 14.28; 23.1; 30.6).  

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O tema do livro de Naum é a “queda de Nínive”. Ele descreve o juízo de uma cidade que deliberadamente rebelou-se contra Deus.  

II. TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO  

1. Vingança (v.2). A mensagem de Naum é o juízo divino sobre Nínive. Aqui, sobressaem os atributos divinos pertinentes ao tema. O verbo hebraico naqam, “vingar-se, tomar vingança”, aparece três vezes só neste versículo e precisa ser devidamente compreendido. Vingança é o castigo imposto por dano ou ofensa; diz respeito a infratores contumazes da lei divina. Visto que a vingança pertence a Deus (Sl 94.1), contra eles está o justo “Juiz de toda a terra” (Gn 18.25). 

2. Longanimidade. Deus é compassivo e “tardio em irar-se” (v.3a), pois a longanimidade divina espera o arrependimento do pecador (Rm 2.4-6). Todavia, isso não é sinônimo de impunidade, pois a justiça do Eterno não permite tomar o culpado por inocente. Uma vez que Nínive persistiu em sua maldade e a Assíria construiu o seu império pela violência e desrespeito aos direitos humanos, massacrando muitos povos, dentre eles o de Judá e o de Israel, agora essas mesmas nações se alegrarão com a queda e a humilhação da cidade maléfica (3.5-7).  

3. O poder de Deus. As descrições poéticas dos atributos divinos estão ligadas ao poder e a majestade de Deus (1.3-8). O profeta declara que o Senhor “tem o seu caminho na tormenta e na tempestade” (v.3). Em linguagem metafórica, o poder, a grandeza e a majestade do Senhor são descritos através da força da natureza. Essas descrições mostram que a espera do Eterno em punir os ninivitas não se deu por falta de poder, mas por causa de sua longanimidade. 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

Deus é tolerante, compassivo, pois espera o arrependimento do pecado. Todavia, a sua justiça não permite tomar o culpado por inocente.  

III. O CASTIGO DOS INIMIGOS

 

1. Quem são os “inimigos”? Os assírios eram os “inimigos” e a expressão “peso de Nínive” (v.1) — referindo-se à capital da Assíria — o confirma. A ausência da indicação desse povo (vv. 9-14) também ensina as nações, ao longo da história, que sentenças similares às da Assíria são aplicáveis a qualquer povo que se levantar contra Deus. Por essa razão a queda dos assírios foi definitiva (v.9).  

2. O estilo de Naum. O livro do profeta Naum é rico em metáforas. O exército assírio é comparado a um emaranhado de espinhos e aos bêbados embriagados com vinho (v.10), significando que Deus enfraqueceu o poder de Nínive e que os ninivitas são uma “presa fácil”. Por esse mesmo motivo, Nabopolassar, rei de Babilônia e pai do rei Nabucodonosor, entrou na cidade em 612 a.C. sem resistência alguma dos assírios. 

3. Reminiscências históricas. Alguns expositores bíblicos pensam que o “conselheiro de Belial” (vv.11,12) é uma referência a Senaqueribe (2 Rs 18.13). É verossímil que o versículo 14 pareça aplicar-se a ele (2 Rs 18.36,37), pois a reminiscência histórica é comum em muitas mensagens proféticas. Entretanto, não é o que parece aqui, pois provavelmente a expressão “mais ninguém do teu nome seja semeado” (v.14), aluda à falta de herdeiro no trono, denotando o fim do império. Tal sentença indica o caráter definitivo do castigo divino.  

4. A consolação de Judá. Assim como a profecia de Obadias era contra Edom, mas a mensagem era para Judá, semelhantemente ocorre aqui, conforme a declaração profética: “serão exterminados, e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais” (v.12). Essa abrupta mudança da terceira para a segunda pessoa indica a mensagem de esperança para Judá. O castigo de Judá é corretivo. O povo ainda achará o favor divino (v.13). Mas o juízo dos assírios é final, por haverem eles rejeitado a misericórdia que o Deus de Israel, gratuitamente, lhes havia oferecido através de Jonas.  

SINOPSE DO TÓPICO (III)

O castigo divino contra os inimigos de Judá trouxe-lhe consolação e o favor divino de misericórdia. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Assim como o juízo divino puniu a capital da perversa Assíria, assim também acontecerá no dia da ira de Deus, quando Ele punirá a todos, indivíduos e nações, que, rejeitando a sua misericordiosa graça, perseveraram na prática do mal.
Nesse dia, todos prestarão contas de seus atos diante dEle. É o que adverte o próprio Senhor através de seus profetas.
Contudo, a porta da graça está aberta, oferecendo gratuitamente, a toda as nações, ampla oportunidade de arrependimento e salvação através de Jesus Cristo (2 Pe 3.9). 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 


KAISER JR., W. C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento: Um guia para a igreja. 1 ed., RJ: CPAD, 2010. EDWARDS, J. Pecadores nas Mãos de um Deus Irado: e outros Sermões. 1 ed., RJ: CPAD, 2005.
Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009. 


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I 


Subsídio Teológico

“Analisando as Palavras de Juízo dos Profetas

Se desejarmos ouvir as palavras dos profetas de uma maneira que seja fiel ao seu contexto original e, ao mesmo tempo, de utilidade contemporânea para nós, devemos antes de mais nada determinar o tema ou propósito básico de cada livro profético que desejamos pregar. Também será útil mostrar se o propósito do livro se encaixa no tema global e unificador do Antigo Testamento e no tema ou plano central de toda a Bíblia.

Depois de definirmos o propósito do livro, devemos, então, assinalar as principais seções literárias que constituem a estrutura do livro. Normalmente, existem mecanismos de retórica que assinalam onde tem início uma nova seção no livro. No entanto, quando tais mecanismos não estão presentes é preciso observar outros marcadores. Uma mudança de assunto, uma mudança de pronomes, ou uma mudança em aspectos de ação verbal, tudo isso pode ser um sinal revelador de que teve início uma nova seção” (KAISER JR., W. C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento: Um guia para a igreja. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.121). 
 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO  


Naum: O Limite da tolerância divina  

Naum significa “consolação”. Quando ele profetizou para Judá, o Reino do Norte, Israel, já fora levado cativo pelos assírios. Sua profecia é para Nínive, a nação que décadas antes foi visitada por Jonas, que a advertiu de seus pecados e do iminente juízo divino. Desta vez, Deus usa Naum para informar-nos que os anos de brutalidade dos assírios chegara ao fim.

“Os destinatários eram os povos oprimidos de Israel e Judá. Que por mais de um século sofreram com as depravações brutais promovidas pelas forças armadas assírias. Como resultado disso, tiveram seus lares destruídos, as plantações queimadas, suas esposas e filhas estupradas e as crianças arremessadas contra as paredes. Essa opressão alcançou seu ponto culminante em 722 a.C, quando os assírios destruíram Samaria totalmente e levaram o povo de Israel para o cativeiro” (Guia do leitor da Bíblia, CPAD, pg.556).

Naum trata da retribuição divina aos feitos dos assírios e suas maldades. Deus julgou seu povo por causa de seus pecados, mas também julgaria seus opressores por suas maldades e atrocidades.

“Nínive foi capturada pelos medos e babilônios cerca de seiscentos anos antes de Jesus nascer. A captura de Nínive aconteceu exatamente como Naum predisse. Uma súbita inundação do rio Tigre carregou parte dos muros que cercavam a cidade, facilitando a entrada de tropas inimigas. A cidade foi parcialmente destruída pelo fogo. A destruição de Nínive foi tão completa que todos os vestígios de sua existência quase desapareceram. Mas em 1845, os arqueólogos descobriram as ruínas da grande cidade de Nínive. Encontraram escombros de palácios magníficos. Acharam também milhares de inscrições que nos contam a história da Assíria escrita pelos próprios assírios. A cidade de Nínive tinha muros de trinta metros de altura. Eram muros tão largos que quatro carros podiam andar sobre eles lado a lado. Os muros tinham centenas de torres. Um fosso de 48 metros de largura e 18 de profundidade circundavam os muros. O povo de Nínive pensava que não havia nada que pudesse destruir a cidade” (Quero Entender a Bíblia. CPAD, pg.205). Com essas descrições, não é difícil entender o quanto os assírios tinham depositado sua confiança na estrutura colossal da cidade, que aos olhos humanos, para a época, era realmente inexpugnável. Mas os assírios não ficariam impunes de seus males. O julgamento divino já fora decretado, e logo essa nação pagaria por suas atrocidades contra os povos dominados e sua própria impiedade.