terça-feira, 6 de setembro de 2016

Lição 11 - 3º Trimestre 2016 - Profecias da Consumação da História - Jovens.

Lição 11

Profecias da consumação da história (24.1-27.13)
3° Trimestre de 2016
1-CAPA-JOVENS-PROFESSOR-3TRI
INTRODUÇÃOI – O JULGAMENTO E A SALVAÇÃO
II - CRISTO, O CENTRO DA HISTÓRIA
III – O FIM DA HISTÓRIA
CONCLUSÃO
Os capítulos 24 a 27 compõem uma parte do chamado apocalipse de Isaias. Tal como Daniel e Apocalipse, esta seção de Isaías não é fácil de ser compreendida por conta do gênero literário apocalíptico que a constitui. O gênero apocalíptico, conforme Brown, é “uma narrativa na qual uma visão reveladora é concedida a um ser humano, na maioria das vezes por meio da intervenção [...] sobrenatural ou acima da realidade humana”. Esta narrativa geralmente termina com o anúncio do julgamento divino ou com uma mensagem de esperança de um mundo melhor, no qual o mal não existe.
Os textos apocalípticos comumente são marcados por sofrimentos, perseguições, domínio de um povo sobre o outro, extrema decadência moral, um forte descaso religioso ou apostasia (abandono das ordenanças divinas que tem como consequência o sofrimento do povo). As vezes confunde-se o apocaliptismo ou apocalipcismo com a escatologia (tradicionalmente definida como estudo das últimas coisas) por serem tão próximos e de certa forma andarem entrelaçados, a razão desta confusão é de certa forma coerente, porque o que as difere é extremamente tênue, pode-se pensar que um (o apocalipse) está contido na outra (escatologia). Enquanto o gênero apocalíptico em meio aos sofrimentos do povo se propõe a revelar a promessa de livramento por meio da intervenção divina, a escatologia se propõem a mostrar uma nova era após esse livramento. Esta seção de profecias vão muito além dos dias subsequentes a Isaías. É sob esta hermenêutica dupla que este capítulo se desenvolverá.
I – O JULGAMENTO E A SALVAÇÃO
O povo que é conhecido como povo de Deus, estava vivendo em grande desobediência. Num período em que os seus reis eram dados à idolatria, estabeleciam alianças com outros povos sem o consentimento de Deus e não davam ouvidos a orientações que Deus lhes dava por meio dos seus servos, os profetas, como nos mostra o capítulo 7 de Isaías, também viviam um período de grande sincretismo por conta das alianças ou mistura com outros povos. Deus sendo plenamente justo e zeloso nas suas ordenanças dá a conhecer ao povo que por conta de todas essas práticas eles serão devastados e dispersados, serão levados a servir como escravos em outras terras, serão subjugados pelos assírios (reino do Norte) e pelos babilônios (reino do Sul).

O profeta Isaías ensina que a relação entre Deus e a humanidade não se estabelece pela via de favoritismos, não existem os privilegiados de Deus no que diz respeito ao juízo, para Ele apenas existem seres humanos que, de acordo com a tradição cristã, dividem-se entre criaturas (toda raça humana) e filhos (os que além de serem criaturas, receberam Cristo como senhor e salvador conforme João 1.12). (Is 24.2). Interessante notar que apesar do grande desinteresse pelas questões religiosas, num momento que as orientações divinas não eram tomadas como relevantes (como neste caso), Isaías escolheu ir por um caminho diferente, falar o que o povo não gostaria de ouvir, pois tal como nós, ninguém gostaria de receber um aviso de que há de ser destruído, porém Isaías em obediência a Deus age assim.
A desolação da terra, segundo o profeta, tornar-se-á dramática e completamente assustadora. O terror assolaria os moradores da terra e não haveria como escapar, pois quem tentar escapar do terror cairá na cova, quem tentar escapar da cova cairá no laço (Is 24.18). Até os fundamentos da terra tremem, fendas e rachaduras transformam a terra em pedaços. A lua e o sol também são sujeitos a destruição por causa da tamanha corrupção do povo, isto mais uma vez torna evidente que nada está isento da desolação.
II - CRISTO, O CENTRO DA HISTÓRIA
A Bíblia afirma que “nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam postestades. Tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl 1.16). Portanto, toda a história da humanidade tem Cristo como seu precursor (Jo 1.1; Ap 13.8b), seu executor (Mt 28.18; Cl 1.17) e o seu fim (Fp 3.21). A criação, a redenção da raça humana e o futuro estão nas mãos dele, assim Cristo é o centro da história humana e qualquer ser humano somente se realiza plenamente Nele, porque Ele é o centro da história da salvação como seu executor, proclamador e mediador, permitindo a reconciliação com Deus com sua morte na cruz. Mas ele também esteve presente no início da criação de todas as coisas, nos tempos eternos com o Pai.
O profeta Isaías, além de prever destruição, trás paradoxalmente, um olhar de esperança, prevendo que o povo encontraria novo sentido de vida e renasceriam, e aqueles que não tinham ânimo nenhum encontrariam possibilidades de experimentar o outro lado da face de Deus, sua face bondosa e misericordiosa.
III – O FIM DA HISTÓRIA
O Fim da História, em termos seculares, foi uma ideia iniciada por Friedrich Hegel (1770-1831) que ensinava que quando a humanidade alcançasse um ponto de equilíbrio, com a ascensão do liberalismo e da igualdade, a história chegaria ao fim. Esta ideia foi retomada em tempos modernos por Francis Fukuyama defendendo que com o avanço do capitalismo e o fim de regimes fascistas e do comunismo, anunciava-se o Fim da História. A evolução econômica, a democracia e a igualdade de oportunidades levariam todos a atingirem seus objetivos de vida e a sociedade supriria todas as necessidades humanas. Portanto, não seria o fim cronológico da história, mas o fim de governos e regimes que não conseguem suprir as necessidades humanas ou em desacordo com os valores ocidentais. Claro está que a humanidade está longe deste ideal, porque este, somente será atingível, no governo ou no Reino de Cristo.
É interessante notar o paralelismo que há entre Is 25.8 e Ap 21.4. Após um período de grande sofrimento, de dor profunda e de grande desespero, Jerusalém simbolizada pelo monte “monte Sião” em Isaías, entra em cena. Em Jerusalém será feito um grande banquete com uma grande quantidade de comida e vinhos magníficos, de acordo com Isaías, porém a similaridade torna-se mais evidente quando o profeta anuncia que Deus enxugará as lágrimas de todos os rostos e aniquilará a morte do meio do seu povo. A derrota final da morte simboliza salvação definitiva do povo de Deus. Este paralelismo entre os dois textos corrobora a ideia de que esta seção faz parte dos textos que constituem o apocalipse de Isaías.
Isaías em sua profecia tem em mente o cativeiro babilônico, pelo qual Judá haveria de ser subjugada. Num primeiro momento Isaías é usado por Deus sob uma perspectiva pastoral no sentido de oferecer consolo ao povo, nos capítulos anteriores o trabalho do profeta está mais voltado para anunciar o juízo divino ou a destruição do povo. Agora em meio às dores do cativeiro o profeta preocupa-se em restaurar a confiança do povo na proteção e consolo divino. Na consumação da história aquilo que é temporal terá o seu fim, será sugado pela eternidade como desnecessário, inclusive a Lei e a moralidade não precisarão mais existir (Jo 5.24). Se viverá o amor perfeito que é o cumprimento da Lei, pois o amor cumpre a Lei antes que ela o exija, apontando para o caráter temporal e necessário da Lei enquanto estivermos na terra.
No Apocalipse de João está escrito que na Jerusalém celestial não haverá templo, porque Deus habita nela; isto aponta para o fim da religião, pois esta nada mais é que a tentativa de se chegar (religare) a Deus, sendo totalmente desnecessária no estado perfeito da Vida Eterna em que Deus é tudo em todos. O exílio ou cativeiro não está distante de nós, ele pode ser traduzido em coisas simples que nos aprisionam e nos impedem de viver uma vida onde a dignidade humana é respeitada, uma vida onde há relações saudáveis com Deus, com o próximo e com a natureza, pois este é o plano de Deus para o mundo. Assim, é necessário que aconteça a consumação da história e o Reino de Deus se estabeleça definitivamente. Ele será de uma beleza, majestade e glória indescritível (Ap 21.9-15). Mas a melhor coisa não é a magnífica cidade, mas quem estará lá: nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ansiemos por este tempo.
 Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 17 - nº 67 – julho/agosto/setembro de 2016. 

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