segunda-feira, 3 de maio de 2021

Lição 06 - 2º Trimestre 2021 - Deus criou os meus pezinhos - Berçário.

 

Lição 06 - Deus criou os meus pezinhos 

2º Trimestre de 2021

 

Objetivo da lição: Demonstrar, através da exposição da aula e das atividades, que foi o Papai do Céu quem criou os nossos pés.

É hora do versículo: “Tu mesmo me criaste [...]” (Jó 10.3).

Nesta lição, as crianças continuarão vendo que Deus criou cada detalhe do seu corpinho. E hoje elas perceberão que o Papai do Céu criou os seus pés. Mostre o pezinho do bebê para ele. Cada dedinho. Depois de realizar as atividades propostas no manual, sugerimos que o professor entregue para cada aluno que já consegue segurar um giz de cera, a imagem do bebê abaixo. A criança deverá circular os pés do bebê e depois pintar o desenho. Enquanto realizam a atividade, diga com as crianças: “Obrigado Papai do Céu pelos nossos pezinhos”.

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Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Editora da Revista Berçário

Lição 05 - 2º Trimestre 2021 - A história de uma amiga - Maternal.

Lição 05 - A história de uma amiga 

2º Trimestre de 2021

Objetivo da lição: Que os alunos salvos vivam de modo a atrair seus amigos para Cristo, e que os não salvos decidam-se a recebê-lo como Salvador.

Para guardar no coração: “[...] O seu Deus será o meu Deus.” (Rt 1.16)

Nesta lição, o aluno vai conhecer a história de Rute. Quando ela e sua sogra, Noemi, ficaram viúvas, Rute decidiu segui-la para Belém. Deus cuidou das duas mulheres que se tornaram grandes amigas. Não deixou faltar alimento para elas. 

Após narrar a história bíblica em sua totalidade e realizar as atividades propostas na revista do professor, caso ainda haja tempo, sugerimos que faça cópias da atividade a seguir. Oriente os alunos a molharem o dedinho na cola branca, passar na espiga de milho e colar bolinhas de papel crepom amarelo no lugar dos grãos. 

 

 

 

Deus abençoe a sua aula e os seus alunos! 


Lição 05 - 2º Trimestre 2021- Cante, o Amigo Nasceu - Jd. Infância.

 

Lição 5 - Cante, o Amigo Nasceu 

2º Trimestre de 2021

Objetivos: Os alunos deverão perceber a importância de louvar a Deus pelo nascimento de Jesus e compreender o motivo da alegria dos pastores depois que os anjos anunciaram o nascimento de Jesus.

É hora do versículo: “Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem!” (Lc 2.14)

Nesta lição, os alunos continuarão conhecendo a história acerca do nascimento de Jesus. Jesus acabara de nascer e os anjos foram avisar a alguns pastores que estavam ali por perto para irem até o local do nascimento do rei para adorar o Salvador, o Rei dos reis. 

Após realizar todas as atividades propostas na revista do professor e caso haja algum tempo, sugerimos uma atividade extra para os alunos completarem o desenho do anjo que anunciou aos pastores o nascimento de Jesus ligando os pontos. 

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Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Editora da Revista Jardim de Infância

Lição 05 - 2º Trimestre 2021 - O Primeiro Pecado - Primários.

 

Lição 5 - O Primeiro Pecado 

2º Trimestre de 2021

Objetivo: Que o aluno compreenda como o pecado entrou no mundo e que por meio de Jesus há perdão para os pecados.

Ponto central: Jesus morreu para perdão dos nossos pecados.

Memória em ação: “O próprio Cristo levou os nossos pecados no seu corpo sobre a cruz [...]” (1 Pe 2.24).

Querido (a) professor (a), em nossa próxima aula vamos ensinar aos Primários sobre o primeiro pecado. E para isso utilizaremos uma dinâmica mais do que especial. Como diz o antigo ditado popular, “uma imagem vale mais que mil palavras”. O objetivo é proporcionar maior compreensão, internalização e memorização da história mais importante da humanidade: a trajetória de sua queda até a redenção, pelo sangue de Jesus. 

O recurso visual é muito importante na aprendizagem e memorização, seja qual for a matéria e faixa etária, mas especialmente na dos seus alunos dos Primários. Por isso, além do plano de aula já disponibilizado em sua revista, sugerimos que você faça um resumo visual desta lição. Você vai precisar dos seguintes materiais (todos baratos e facilmente encontrados em supermercados e drogarias):    

• Copo de vidro transparente   

• Cloro / Água sanitária    

• Iodo    

• Água 

primarios 5 iodo

O ideal é que você não deixe os produtos nos seus recipientes originais para despertar ainda mais a curiosidade da turma e não tirar o foco dos alunos da história. 

Primeiramente, mostre o copo (ou recipiente de vidro transparente) com água comum até a metade e diga que ele representa cada um de nós quando Deus nos criou lá no Éden, livre do pecado, puros.

Então, misture o iodo com a água e continue a explicação:

– Mas um dia nos afastamos de Deus, pecamos (a água ficará escura. Você pode se estender mais falando os tipos de pecado, especialmente dentro do contexto da faixa etária dos Primários, e o quanto eles nos mancham, sujam nossos corações, nos afastando de Deus).

Em seguida, você pegará um pouco da água sanitária e (após sua explicação), derramará sobre o recipiente que ficou com a água escura e o líquido voltará a ficar transparente como água. Porém, antes explique:

– Deus nos amou tanto que arquitetou um plano para nos redimir, para nos tirar deste lamaçal de pecado, para que possamos ter uma vida eterna ao lado dEle, o que jamais conseguiríamos pelos nossos próprios esforços. E Ele se dispôs a dar seu filho unigênito, para que todo aquele que nEle crer, não perecesse, mas tivesse a vida eterna (Jo 3.16).  

Peça que eles leiam Romanos 5.18,19: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos”. (E neste momento, após falarem “justos”, derrame o cloro ou água sanitária).

Esta é uma simples ilustração, mas também muito marcante. 

No entanto, acima de qualquer recurso, dependemos exclusivamente do Espírito Santo para atingir os corações. Por isso, previamente ore pela sua classe, prepare-se para esta aula, treine pelo menos duas vezes essa dinâmica, antes de apresentá-la pra sua turma, a fim de que tudo corra como o esperado.

Ao final da aula, ore com seus pequeninos, agradecendo ao Senhor por enviar Jesus para nos salvar e perdoar por todos os nossos pecados e que o seu Espírito Santo sempre nos ajude a manter nossos corações limpos e agradáveis a Ele.

O Senhor te abençoe e capacite. Boa aula! 

Paula Renata Santos
Editora Responsável pela Revista Primários da CPAD

Lição 05 - 2º Trimestre 2021 - O Deus de Milagres - Juniores.

 

Lição 5 - O Deus de Milagres 

2º Trimestre de 2021

Texto Bíblico – João 11.1-44.

Caro(a) professor(a),

Como Deus manifesta o seu poder? Há limites para Deus agir? Na lição desta semana, seus alunos vão conhecer um pouco mais a respeito de como Deus opera. Ele é Poderoso para fazer milagres! Estamos caminhando e aprendendo lições que nos fazem conhecer melhor a pessoa de Deus e a forma como Ele atua. Conhecer e saber que o nosso Deus opera em situações complexas é algo maravilhoso. Ele atua também sobre a vida das pessoas que o servem com amor e fidelidade e de forma extraordinária e inexplicável pelas leis naturais. É importante que seus alunos aprendam desde a mais tenra idade que servem a um Deus que não está apático às suas necessidades. Um Deus que se preocupa com suas dificuldades e zela por cada instante de suas vidas. Ele opera maravilhas e não há limites para o seu poder.

Na lição de hoje seus alunos aprenderão com a história de Lázaro que não há limites para o poder de Deus. Aparentemente, a demora do Mestre em chegar até o local onde Lázaro se encontrava doente significava que o Senhor não estava presente no momento mais difícil em que o seu amigo se encontrava. Entretanto, a demora do Senhor não era descuido, e sim o cuidado de Deus para que o seu poder se manifestasse de maneira extraordinária.

A Bíblia de Estudo Pentecostal (1995, p. 915) explica alguns atributos que são exclusivos de Deus:

Deus é Onipresente: Ele está presente em todos os lugares a um só tempo. O salmista afirma que, não importa para onde formos, Deus está ali (Sl 139.7-12; cf. Jr 23.23,24; At 17.27,28); Deus observa tudo quanto fazemos.

Deus é Onisciente: Ele sabe todas as coisas (Sl 139.1-6; 147.5). Ele conhece, não somente nosso procedimento, mas também nossos próprios pensamentos (1 Sm 16.7; 1 Rs 8.39; Sl 44.21; Jr 17.9,10). [...].

Deus é Onipotente: Ele é o Todo-Poderoso e detém a autoridade total sobre todas as coisas e sobre todas as criaturas (Sl 147.13-18; jr 32.17; Mt 19.26; Lc 1.37).

Professor(a), à medida que seus alunos vão crescendo, também compreenderão que o Deus a quem servimos é o único, e que fora dEle não há outro. Mas para que esta verdade esteja firmada no coração de seus alunos o seu trabalho como professor(a) da Escola Dominical precisa ter eficácia. Para tanto, sugerimos a seguinte atividade a ser realizada:

1. Recorte várias figuras de super-heróis e cole num pedaço de cartolina ou papel cartão. Prenda fita adesiva atrás dos cartões. Escreva no quadro o versículo: “Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, tudo é possível” (Mateus 19.26).

2. Coloque as figuras dentro de uma caixa. Diga para os alunos que há várias histórias de super-heróis.

3. À medida que você for explicando, retire uma figura da caixa e pergunte aos alunos quem é o personagem que aparece. Diga os poderes que eles possuem e, ao final, diga que o “super-herói....” não é onipotente, onipresente e nem onisciente (explique o que significa cada atributo de Deus). Termine dizendo que somente o Criador existe de verdade e possui todas essas qualidades. Após a explicação, prenda as figuras no quadro.

4. Repita o procedimento com todos os personagens apresentando suas qualidades, porém, reafirme que somente Deus tem todo o poder e é perfeito.

Tenha uma excelente aula! 

Lição 05 - 2º Trimestre 2021 - O Amor - Pré Adolescentes.

 

Lição 5 - O Amor 

2º Trimestre de 2021

A lição de hoje encontra-se em: João 3.13-18.

Prezado(a) professor(a),

Você saberia descrever de forma sucinta o que é o amor? A lição desta semana tem como propósito apresentar o amor como uma das qualidades inerentes ao caráter de Deus. A Bíblia menciona que “aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (cf. 1 Jo 4.8). Desde o início, quando Adão e Eva desobedeceram à ordem divina, o Senhor manifestou a sua misericórdia e concedeu ao homem uma nova oportunidade de reconciliar-se com o seu Criador (cf. Gn 3.15). Esta passagem bíblica é conhecida no meio acadêmico como proto evangelho, isto é, “a primeira promessa implícita do plano de Deus para a redenção do mundo” (Nota — Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, pág. 37).

Na aula desta semana seus alunos aprenderão que o amor verdadeiro, de acordo com a Bíblia, não é um sentimento que oscila conforme o momento que estamos passando. Também não está condicionado ao estado de alegria ou tristeza que estamos sentindo. O verdadeiro amor é real a partir da nossa decisão de querer o bem do próximo, independentemente, do que este nos cause.

Assim também é o amor de Deus para conosco. Ele não nos trata de acordo com as nossas iniquidades ou obras de justiça (cf. Sl 103.8-10). Afinal de contas, o que fazemos de mal comprova que a nossa natureza humana é inclinada ao pecado e isso faz de nós pecadores indignos da bondade de Deus. De outro modo, as nossas obras de justiça não nos torna merecedores da graça divina, antes, como servos de Deus, temos a responsabilidade de cumprir as obras de justiça que foram preparadas para que andássemos nelas (cf. Ef 2.10).  

De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe (2006, pág. 93), a definição teológica que diz respeito ao amor de Deus, se dá da seguinte maneira:

O Novo Testamento reitera o amor que Deus tem por todas as suas criaturas (Mt 5.45), mas enfatiza a manifestação em particular de si mesmo em Cristo e no Calvário (Jo 3.16; Rm 5.8; 8.31-39), eventos que mostram a vida eterna para o crente. Deus é revelado como amoroso porque Ele próprio é amor (1 Jo 4.8,16). O amor é a sua própria essência; o amor é outro termo juntamente com ‘luz’ (1 Jo 1.5) que descreve a qualidade moral de seu ser.

O amor do homem a Deus no Antigo Testamento é a resposta completa do homem (Dt 6.5, ‘de todo coração’) ao Deus misericordioso de Israel (Dt 6.5-9; Êx 20.1-17; Sl 18.1; 116.1). O amor a Deus é expresso, de forma ética, especialmente ao se guardar a lei e o temor a Ele (Êx 20.6; Dt 5.10; 10.12; Is 56.1-6). Este conceito de resposta total é repetido pelo Senhor Jesus no Novo Testamento (Mc 12.29,30; veja também Mt 6.24; 10.37-39; Lc 9.57-62; 14.26,27). No entanto, a resposta é dirigida a um novo conjunto de eventos — a encarnação (Jo 4.10,19,25-29,39-42), a cruz (Rm 6.3-11; Gl 2.20; 5.24; 6.14), a ressurreição (Fp 3.10,11; Cl 3.1,2), e a segunda vinda (2 Tm 4.8). A equação de amor e obediência também é repetida (Jo 14.15,21; 1 Jo 4.21–5.3). O amor não é um mero sentimento, mas uma entrega pessoal e voluntária que conduz à submissão.        

A expressão do amor de Deus é um ensinamento que inspira o ser humano a compreender que deve amar o seu próximo. O mais interessante é que Cristo não indagou aos seus discípulos se desejavam ou não amar o próximo. Antes, o Senhor lhes deu uma ordem: “um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros” (cf. Jo 13.34). Neste caso, se é mandamento (De acordo com o dicionário Houaiss, mandamento significa “ordem dada por pessoa que manda, que tem autoridade para mandar; mandado”), já não se trata de querer, e sim de um dever que todo discípulo tem de amar o seu próximo.

Portanto, é implícito que o amor de Deus não está relacionado ao fruto de um sentimento ou emoção humana. Antes, é resultado da ação do Espírito Santo na vida daquele que recebeu o amor de Deus em sua vida, daquele que foi novamente gerado pela Palavra da Verdade (cf. 1 Pe 1.22,23).

Após a leitura desta abordagem, converse com seus alunos a respeito do “novo mandamento” que Cristo nos deixou. Faça uma roda de conversa e explique os pontos apresentados acima. Pergunte a opinião de seus alunos e o que compreenderam a respeito do assunto tratado na aula de hoje. 

Tenha uma excelente aula!

Lição 05 - 2º Trimestre 2021 - O Caráter da Pregação de Paulo - Jovens.

 

Lição 5 - O Caráter da Pregação de Paulo 

2º Trimestre de 2021

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Natalino das Neves, comentarista do trimestre.

O CARÁTER DA PREGAÇÃO DE PAULO

Paulo foi um estudante dedicado e um ministro compromissado com a mensagem do evangelho. Ainda que caluniado e ofendido pelos “sábios” da comunidade de Corinto, ele não usou sua capacidade humana para defender-se ou se vangloriar, mas ocupou-se em apresentar a mensagem simples da cruz de Cristo. 

I- Paulo Era Capacitado e Tinha Chamado de Deus 

A origem e a visão globalizada de Paulo Paulo era um cidadão do mundo greco-romano. Ele tinha uma boa origem e uma boa formação (NEVES, 2019, pp. 48-57). A defesa mais comum é de que Paulo nasceu em Tarso, cidade próxima à Costa Mediterrânea, que, em 67 a.C., foi anexada à recém-criada província da Cilícia, vindo a tornar-se a sua capital administrativa (At 9.11,30; 11.25; 15.23,41, 22.3; Gl 1.21). Tarso era um dos eixos do comércio internacional que ligava o mundo semita, o planalto Anatólio e as poleis gregas viradas para o Egito e Europa. Essa posição estratégica transformou a cidade em um dos grandes centros culturais do Oriente helenizado. Paulo provavelmente passa nessa cidade o período da infância e da adolescência, onde teve contato com a educação helênica e estudou retórica (2 Co 10.10). Alguns estudiosos defendem que Paulo não nasceu em Tarso, mas chegou ali na sua infância. Afirmam que ele tenha nascido em Giscalis, norte da Galileia, terra natal do famoso João de Giscala, líder da grande guerra judaica do século XIV, local de onde seus pais foram expulsos quando o exército romano devastou a província da Judeia, desencadeando uma diáspora de judeus (MURPHY-O’CONNOR, 2008, pp. 27-33; DEISSMANN, 1926, 90). É possível que Paulo tenha sido concebido na cidade de Giscalis, e, com a expulsão pelos romanos, seus pais fogem para Tarso, onde ele nasceu na primeira década do século I d. C. Paulo, portanto, era um pouco mais novo do que Jesus, porém a diferença de idade não era muito significativa. Mesmo sendo contemporâneo de Jesus e, provavelmente, tendo estado em Jerusalém durante o ministério dEle, é pouco provável que tenham se encontrado. Murphy-O’Connor (2008, p. 70) defende que o costume dos fariseus em fase de formação concentrarem-se em seus estudos pode ter sido o motivo da ausência do encontro entre eles: “o total empenho de Paulo nos seus estudos eliminava qualquer curiosidade por aquilo que lhe fosse estranho”. Assim, não há evidência de que Paulo e Jesus tenham se encontrado pessoalmente. 

II-Paulo, um cidadão romano 

Paulo afirma ser um cidadão romano (At 16.37,38; 22.25-29; 23.27; 25.10-12). Era comum na época de Paulo a prática que iniciou com o imperador Augusto, a “dupla cidadania” (cidadão da cidade natal e, ao mesmo tempo, ser cidadão Romano). Hengel (1991, 98-100) afirma que não era tão simples reivindicar a cidadania romana, ou seja, ser um cidadão da famosa polis de Tarso. A cidadania correspondia também a um grande privilégio político e status social. Poucas décadas antes do nascimento de Paulo, Atenodoro, professor do imperador Augusto, tinha limitado as concessões de cidadanias por meio do rendimento mínimo, definido como 500 dracmas (rendimento de dois anos de trabalho de um legionário). Dessa forma, o fato de Paulo e sua família terem a cidadania romana demonstra que eles faziam parte tanto da elite política como também econômica de Tarso. Lucas, o autor do livro de Atos dos Apóstolos, deixa algumas evidências da condição privilegiada de Paulo. Como exemplos, podem ser citados: 

1. Pagamento dos rituais de purificação de quatro nazireus (At 21.23). Esses rituais eram onerosos; 

2. Expectativa de Félix em receber suborno de Paulo (At 24.26). Ele não teria essa expectativa se não existisse a possibilidade; 

3. Pagamento da viagem a Roma e o apelo feito ao imperador (At 25.11); 

4. Locação de uma casa durante dois anos em Roma (At 28.30). 

III-O Caráter da Pregação de Paulo

Outra possibilidade de obtenção de cidadania romana era por meio da prestação de serviços relevantes. Pfeiffer (2006, p. 1475) defende essa ideia. Ele afirma que o pai de Paulo “deve ter recebido sua cidadania por ter prestado algum serviço relevante ao governo romano”. Independentemente de como Paulo obteve a sua cidadania romana, uma coisa é certa: ele era um cidadão romano e, quando necessário, fez uso dos direitos que essa cidadania proporcionava. Dentre os privilégios de ser um cidadão romano, estavam: a) garantia de julgamento com direito à resposta, se exigido, perante o próprio César; b) imunidade legal dos açoites antes da condenação; c) imunidade em relação à crucificação. Assim sendo, Paulo era cidadão romano, oriundo de uma família de imigrantes judeus, circuncidado ao oitavo dia do seu nascimento, falava aramaico (At 22.1), além do grego, do hebraico e do latim. Ele tinha uma sólida formação educacional e cultural. O apóstolo pertencia à tribo de Benjamim; inclusive, seu nome judeu, Saulo, tem origem no nome do primeiro rei de Israel, também um benjamita (Rm 11.1; Fl 3.4,5; 2 Co 11.22).

IV-A formação educacional, religiosa e ministerial de Paulo 

Segundo Atos 22.3, Paulo a firma ter sido criado na cidade de Jerusalém, sendo instruído no estudo da Torá aos pés de Gamaliel e como membro integrante do grupo dos fariseus. Gamaliel foi o membro do sinédrio e aquele que interveio no julgamento dos discípulos, sugerindo que não fosse tomada nenhuma ação precipitada para não correr o risco de estar “combatendo contra Deus” (At 5.38,39). Ele era um dos rabinos mais respeitados em Jerusalém. O início de seus estudos deu-se na cidade de Tarso, onde havia uma das três maiores universidades do mundo, da qual saíram vários filósofos da escola estóica e manteve a tradição retórica até o século II d.C., o que demonstra o nível intelectual dos moradores da cidade. Saulo, como todo judeu, recebe educação hebraica no meio familiar, como também na sinagoga, estudando as Escrituras e aprendendo o hebraico e, talvez, o aramaico. Como um judeu da diáspora, recebe educação helenista. Todavia, provavelmente entre o fim de sua adolescência e início da juventude, ele vai a Jerusalém para ser instruído pelo mestre fariseu mais reconhecido da época para ser um exímio cumpridor da “lei de seus pais” por meio do rigor dos ensinos de Gamaliel. O livro de Atos testemunha que o apóstolo tornou-se mais radical na intolerância religiosa do que seu próprio mestre. Paulo tinha intimidade com a versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (LXX), que o ajudará na utilização de determinados conceitos terminológicos na escrita de suas cartas. Em um novo momento de sua vida, após sua conversão no caminho de Damasco, ele dirige-se à Arábia dos Nabateus (Gl 1.17). Em seguida, retorna para Damasco e fica nessa cidade por três anos (Gl 1.17,18); depois sobe para Jerusalém e fica por um período de 15 dias com os apóstolos Pedro e Tiago (Gl 1.18-20). Ele viaja para Síria e Cilícia (Gl 1.21) e, após esse período de preparação, ele é enviado pela igreja em Jerusalém, juntamente com Barnabé, para a Antioquia. Somente depois, ele é enviado para suas viagens missionárias. Desse modo, fica claro que o apóstolo Paulo não saiu evangelizando e abrindo igrejas logo após a sua conversão, mas teve um longo processo de capacitação para o exercício de seu chamado ministerial. 

V-A autoridade do apostolado de Paulo 

Após a “experiência de Damasco”, que descreve sua conversão do judaísmo para o cristianismo, ocorre um longo período de preparação. Ele dedica uma parte expressiva de sua existência à itinerância proselitista, defendendo a nova fé alcançada em Cristo. Hurlbut (1996, p.30) afirma que, “em toda a história do cristianismo, nenhuma conversão a Cristo trouxe resultados tão importantes e fecundos para o mundo inteiro como a conversão de Saulo”. Portanto, a biografia de Paulo é empolgante e muito rica sob o aspecto historiográfico e literário. O seu chamado e sua autoridade apostólica não poderiam ser questionados como o faziam alguns aproveitadores que se inseriram na comunidade cristã em Corinto. Quando Paulo escreveu aos Gálatas, afirma que o seu chamado, a exemplo de outros modelos de chamados do Antigo Testamento, deu-se no próprio ventre de sua mãe. Isso não quer dizer que o apóstolo sabia desde o início que seu chamado seria com os gentios, mas que Deus já o sabia na sua presciência. Ele assevera que entendeu o chamado quando Deus revelou a ele o seu próprio Filho, Jesus. Dessa forma, argumenta que ele não fora chamado pelos apóstolos, mas pessoalmente pelo Jesus Ressurreto, defendendo, assim, a legitimidade de seu apostolado, acrescentando que, ao ser chamado, não partiu para consultar os apóstolos em Jerusalém. Esse relato é relevante quando se avalia a autoridade do apostolado e de seus escritos como inspirados, tão defendido pelo Paulo nas Cartas, como também em Corinto. Ele defendia a legitimidade de seu apostolado devido ao questionamento dos falsos mestres que se levantavam nas comunidades cristãs, que o atacavam com o objetivo de manchar a sua imagem e evitar que fosse ouvido e influenciasse pessoas por meio da mensagem de seu evangelho. 

VI-A Confiança de Paulo não Estava em seu Intelecto (2.1-9) 

A biografia do apóstolo Paulo contribui para o entendimento de seu próprio chamado para ser o apóstolo dos gentios. Ao mesmo tempo em que era um judeu, ele era um cidadão romano, influenciado pela cultura helenista (cultura grega), um cidadão da diáspora; além disso, passou a ser também um cristão — uma mistura cultural greco-romana, judaica e, por último, cristã. Paulo adquiriu uma grande experiência ao longo de décadas de contato com o evangelho. Uma experiência acumulada com a conversão, preparação para o exercício do ministério e viagens missionárias com várias conversões, mas também com muito sofrimento e decepções humanas. Por trás desse histórico, fica evidente a mão de Deus conduzindo a vida, respeitando o livre-arbítrio do apóstolo. Ele, em suas decisões, seguiu o caminho que veio conduzir sua vida pessoal ao encontro da vontade divina de constituí-lo como o último apóstolo a ser chamado por Jesus. O conhecimento experiencial de Deus leva as pessoas a valorizarem o poder do evangelho que transforma a vida e conduz a uma reconciliação com Deus. Paulo tinha essa convicção, pois a transformação que ele teve depois da estrada de Damasco mudou completamente a sua vida e atitudes; por isso ele não se envergonhava do evangelho. Apesar das dificuldades e os sofrimentos pelo amor ao evangelho, ele mantinha a firmeza de sua fé, pois tinha convicção de sua comunhão com Deus, seu chamado e da esperança da vida eterna com Deus. Paulo, com toda a sua experiência intelectual e ministerial, reconhecia sua dependência de Deus e buscava com humildade atribuir a glória a Ele. 

Paulo continua no mesmo tom fraterno com seus leitores e, mais uma vez, chama-os de irmãos. Ele faz os seus destinatários lembrarem-se da última vez que estiveram juntos. Pelas qualidades e experiência que tinha, o apóstolo poderia chegar com alardes e imponência em sua fala — isso se fosse o antigo Paulo. Ele chama a atenção para o Paulo transformado, que não estava preocupado em causar impressões bombásticas e chamar para si os holofotes. Ele falou com simplicidade, procurando ser claro a todas as pessoas, sem complicações. Paulo relembra que seu intuito não era mostrar-se forte, dono de si, mas, pelo contrário, com fraqueza, temor e em grande tremor (emoção da mente responsável por afetar o corpo). Ele fez questão de não ser venerado pela sua sabedoria ou demonstração de poder, mas apontou para o poder de Deus. A fé de seus ouvintes não deveria ser construída sobre a sabedoria ou poder de homem, mas sobre a sabedoria e poder de Deus. Isso é diferente de muitos pregadores dos dias atuais, que parecem os adversários de Paulo em Corinto e gostam de chamar atenção para si e demonstrar conhecimento que não têm. Alguns com anéis de formatura no dedo, porém com pouca instrução, querendo ser ou demonstrar o que não são; estes mudam a postura da fala para demonstrar que são espirituais e dominar suas plateias, ameaçando com supostas revelações, dentre outras formas de dominação de público. Quem tem o chamado e algo para apresentar para o povo de Deus não precisa ostentar ou demonstrar poder; basta pregar a Palavra com responsabilidade e fidelidade, deixando ser guiado pelo Espírito Santo, pois o resultado vem de Deus. 

A cultura grega era influente na comunidade de Corinto. Para os gregos, a busca de sabedoria somente era possível com muita investigação, averiguação e questionamentos a respeito da verdade — algo que não era para qualquer um, mas, sim, para a elite da sociedade helênica. A busca da verdade é a aspiração de todo ser humano, e todos têm esse direito. Paulo conhecia bem esse meio em sua origem em Tarso, mas, depois de toda a sua experiência, descobriu o lugar que está a fonte da sabedoria, que tem em Cristo sua maior revelação. O autor da carta aos Hebreus afirma que Jesus é o reflexo de sua glória e a expressão de seu ser (Hb 1.3). Como um sábio grego poderia aceitar isto, um homem que foi condenado como criminoso e teve a morte mais humilhante ser a expressão exata de Deus? No entanto, até a ignorância desses sábios, movida pela arrogância e pelo orgulho, é cumprimento do que estava escrito a respeito das bênçãos do Reino messiânico. Nenhum homem natural tem visto, ouvido e compreendido as coisas que Deus preparou para aqueles que o amam (Is 64.4). Paulo era como esses sábios ignorantes, mas descobriu a revelação dos mistérios de Deus e nunca mais trocou isso pelas ofertas de poder do mundo. 

A sabedoria de Deus é revelada pelo Espírito Santo (2.10,11) Paulo afirma que o Espírito Santo prescruta todas as coisas, nada lhe fica encoberto (Pv 15.3; 1 Co 2.10; Hb 4.13). Uma frase curta, porém profunda. Quem pode conhecer a mente de Deus ou ser seu conselheiro? (Rm 11.34; Jó 11.7). A obra do Espírito Santo vai até as profundezas de Deus, coisas incompreensíveis ao ser humano e demais criaturas, riquezas inexauríveis da sabedoria e do conhecimento de Deus (Rm 11.33). Paulo reforça que quem conhece as coisas de Deus não são os sábios do mundo, mas o Espírito de Deus. Paulo faz uma analogia para comparar o espírito do homem com o Espírito de Deus. O ser humano vangloria-se, mas seu conhecimento natural tem dificuldades para conhecer até suas próprias motivações interiores. Os pensamentos de Deus não são os pensamentos dos seres humanos (Is 55.8). Ele é o criador e doador do espírito do ser humano (Gn 2.7; Zc 12.1). Deus conhece a mente do ser humano, mas o ser humano é incapaz de conhecer a mente de Deus. O poder de Deus para a salvação da humanidade não é nenhuma mensagem secreta, como era uma prática entre os gregos em relação à salvação por conhecimento privilegiado e secreto. Trata-se do plano divino para salvação da humanidade por meio do sacrifício de Cristo e revelada pela pregação do evangelho. No entanto, nem todas as pessoas conseguem compreender esse processo da encarnação e ressurreição de Jesus, que garante a justificação e cria uma nova natureza de cima, de modo que o fruto testifica uma nova vida separada (santificação). Essa dificuldade de entendimento que Paulo vem repetindo sobre a loucura que é para o homem natural sem Deus a mensagem da vitória da cruz, que para tal homem era uma vergonha e maldição. 

Essa iluminação somente recebe aquele que não se agarra à sabedoria humana, mas deixa-se conduzir pelo Espírito Santo. Deus, por meio do Espírito Santo, torna conhecida aos crentes a sua sabedoria (Mt 11.25; 16.17). O Espírito Santo prepara a pessoa que o recebe para que possa ver a verdade do evangelho, que conduz para a cruz de Cristo. Todavia, muitos não querem deixar-se conduzir para não serem também chamados de loucos. 1.3.2 Disposição para receber o Espírito de Deus (2.12,13) Paulo apresenta a confortadora garantia de que o ser humano, mesmo com as suas limitações, pode receber o Espírito Santo, que é dado gratuitamente por Deus. Todavia, ele coloca de um lado os que recebem o espírito do mundo, e do outro os que recebem o Espírito Santo, que vem de Deus. O espírito do mundo é o sistema organizado com base na injustiça e corrupção, como era o Império Romano com as suas ramificações no patronato e na elite da sociedade grega. Quem recebe esse espírito não se submete a ser conduzido pelo Espírito Santo de Deus, pois teria que abdicar de muitos dos prazeres desfrutados sem medida e ter uma disciplina ética e moral. Isso não quer dizer que Deus escolhe uns para receber a iluminação do Espírito Santo e outros não. O Espírito Santo fica disponível a quem quiser. No entanto, a paixão humana descontrolada e a concupiscência interna do ser humano impedem-no de receber o Espírito de Deus. Por isso, Paulo diz que quem recebeu o Espírito de Deus é ensinado por Ele, assim vive as realidades espirituais e pode discernir a vida sob a sabedoria de Deus. Para aprender, é preciso ter disposição e vontade para submeter-se ao mestre que ensina: o Espírito Santo. Por outro lado, aqueles que recebem o Filho de Deus como seu Senhor recebem com Ele todas as coisas que acompanham a salvação em Cristo. Pois, se Deus entregou seu Filho, sem dúvida dá com Ele todas as coisas (Rm 8.32). Os crentes tomam posse do dom da salvação por meio da fé da obra vicária de Cristo mediante a obra do Espírito Santo. Isso é possível pela mensagem da cruz, que, no versículo 13, Paulo passa a referir-se à sua pregação, bem como dos demais companheiros que não se baseavam na sabedoria humana, e sim na sabedoria de Deus, porquanto eram realizadas sob a inspiração do Espírito Santo. 

O salvo tem a mente de Cristo e fala a linguagem do Espírito (2.14-16) O apóstolo segue seu argumento para diferenciar o ser humano natural do ser humano espiritual. O primeiro pertence ao mundo como sistema de governo, não tem o Espírito Santo como seu guia e segue o seu próprio instinto natural (Jd 19), enquanto o segundo pertence a Deus, tem o Espírito Santo e segue a Jesus como seu Senhor, não faz sua própria vontade, mas busca fazer a vontade do Pai. Na comunidade de Corinto, existia um grupo de pessoas que se considerava espiritual com base na sabedoria humana e considerava os demais como crianças espirituais. Paulo rebate esses membros arguindo que, se eles estavam questionando a mensagem da cruz de Cristo e considerando-a loucura e incoerente, então, na realidade, eles que eram crianças espirituais e não passavam de um ser humano natural que “não compreende as coisas do Espírito de Deus” (v. 14). Paulo coloca-se no grupo dos espirituais, que viviam em comunicação com o Espírito Santo e podiam julgar a respeito dessas coisas, e não poderiam ser julgados por eles, pois não entendiam das coisas espirituais. O ser espiritual julga todas as coisas por meio da direção do Espírito Santo e usa as Escrituras como referencial de fé e conduta. Julgar todas as coisas não significa que o cristão espiritual seja um especialista em cada área da vida, mas que, no que se refere à missão na qual o chamou Deus, ele é capaz de avaliar todas as coisas espiritualmente. Paulo conclui a discussão no versículo 16 citando o profeta Isaías (Is 40.13): “Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo?”. Ele mesmo responde: os salvos que têm a mente de Cristo, a quem Deus revelou o seu Espírito Santo (v. 10) e quem recebeu “o Espírito que provém de Deus” (v. 12).

  


Lição 04 - 2º Trimestre 2021 - A Sabedoria Divina - Jovens.

 

Lição 4 - A Sabedoria Divina 

2º Trimestre de 2021

O Modo de Pensar de Deus não É como o do Mundo (v. 18,19) 

Paulo utiliza a expressão “palavra da cruz”, que é rica em significados. Para entender-se essa expressão, é necessário conhecer a principal mensagem do Cristianismo, que aponta para um acontecimento his­tórico inesquecível e com um significado profundamente teológico. A cruz mencionada não era uma cruz comum, mas, sim, a cruz que recebeu o Filho de Deus para ser morto injustamente, porém dentro do planejamento de Deus para a salvação da humanidade — algo incompreensível pela sabedoria humana natural. 

Os gregos, os romanos e os judeus não conseguiam compreender a revelação da vitória de Cristo na cruz. Assim, a mensagem da jus­tiça de Deus por meio da cruz de Cristo tornou-se para eles pedra de tropeço (Is 8.14; 1 Pe 2.7,8). Para os gregos, o herói era sempre o vencedor triunfante. Os romanos reservavam a morte de cruz para os subversivos, seus inimigos políticos, pessoas que eram consideradas um perigo para a manutenção do imperialismo romano. Para os judeus, a morte de cruz era uma maldição (Dt 21.23). Na cultura judaica, não se esperava um Messias que sofresse e morresse, muito menos um condenado à morte pelo supremo tribunal judaico. O legalismo havia cegado os judeus de tal forma que a mensagem da cruz parecia loucura, e a doutrina da justificação pela fé, uma blasfêmia. Para eles, a morte de Jesus na cruz era humilhante, amaldiçoada e repugnante (1 Co 1.23; Gl 5.11). 

As pessoas de cada uma das origens (gregos, romanos e judeus) tinham suas razões racionais para desacreditar da mensagem da cruz. Muitas vezes, quando nos relacionamos com uma pessoa de outra origem, não nos colocamos em seu lugar. Assim, corremos o risco de julgá-la, analisando a sua vida com base no mundo em que fomos criados. Por exemplo, quando analisamos a atitude de uma pessoa de origem muçulmana, se não buscarmos entender qual a sua visão de mundo, como as pessoas dentro da mesma cultura são criadas e ensinadas, corremos um risco de fazer uma péssima avaliação e jul­gamento. As pessoas que moravam na cidade de Corinto tinham um imaginário formado a respeito da cruz, algo considerado desprezível, humilhante e vergonhoso. Isso lhes foi imposto pela cultura. De repen­te, é anunciada uma mensagem de salvação do Deus Criador para a humanidade que tem como símbolo a cruz; isso era inconcebível. Em função disso, faz-se necessário a abertura para a ação interpretativa do Espírito Santo para “entender” a mente de Deus e, assim, receber a iluminação do Espírito para que se possa ver a salvação por meio da cruz de Cristo. Isso não é possível por meio da sabedoria racional humana, mas somente pela sabedoria de Deus. Para entender as coisas espirituais, somente por meio de instrumentos espirituais. 

A cruz de Cristo é poder de Deus, pedra angular para os salvos (1.18b) 

Rejeitar a mensagem traz uma desgraça irrevogável para o ser humano que se mantém nessa posição (2 Co 2.14-17; 4.3-5; 2 Ts 2.10). Para o Cristianismo, essa é a única forma de alcançar a sabedoria divina. A mensagem da cruz de Cristo apresenta um Deus que se faz fraco, impotente e vergonha para quem não conhece experiencialmente o evangelho. Por que um Deus se rebaixaria a tal ponto para comu­nicar-se com o ser humano? A tendência humana não é de buscar pelo anonimato e insignificância diante da avaliação dos critérios da sociedade greco-romana, como também não é na atual. 

A obra de Cristo satisfaz a necessidade da justiça de Deus pelo pecado da humanidade, pois anulou a sentença de morte. Assim, con­quistou o direito da justiça perfeita que é atribuída a todo o que crê e aceita o sacrifício vicário de Jesus. A justiça de Cristo conquistada por meio de sua morte é imputada gratuitamente ao pecador que crê. Portanto, a única base da justificação é a justiça imputada de Cristo e não é inerente do ser humano. O fato de a justiça de Cristo ser a base da justificação acentua amplamente a graça de Deus. A graça tem como centro a cruz de Cristo, na qual tudo se converge, e os jus­tificados são perfeitamente reconciliados. A cruz de Cristo é loucura para o mundo e poder de Deus para os salvos. 

Algumas pessoas, mesmo sabendo da existência de Deus e afir­mando-se religiosas, têm como motivação seu interesse pessoal, prio­rizando a busca do poder, do prazer e da zona de conforto, mesmo que, para conquistá-los, precise praticar a injustiça. Essa prática é denominada por algumas pessoas como “ser esperto”. Como diz o apóstolo: “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.22), uma vez que agir dessa forma é loucura para Deus. Por isso, há a necessidade de reconhecermos a glória de Deus, de sermos gratos por tudo o que Ele tem proporcionado e de em tudo glorificarmos o seu santo nome. Um dia, Deus destruirá “a sabedoria dos sábios” e “a inteligência dos inteligentes”, mas os salvos permanecerão para sempre. 

A vida eterna e a verdadeira sabedoria não podem ser obtidas por intermé­dio da intelectualidade ou do legalismo religioso 

A sabedoria de Deus prevalecerá sobre a sabedoria humana. Essa é uma verdade eterna porque a vida eterna e a verdadeira sabedoria não podem ser obtidas por intermédio da intelectualidade ou do legalismo religioso. Deus, ao criar o ser humano, não tinha nenhum compromisso ou necessidade de conceder a vida eterna. Em um pensamento humano e racional, Deus poderia criar o ser humano e as demais vidas e matérias do mundo por um tempo determinado, destruir sua criação e trazer à vida uma nova forma de criatura. Todavia, Deus não fez assim. Ele criou todas as coisas, inclusive o ser humano, para participar de um projeto pessoal de relacionamento eterno com sua criação. Contudo, Deus proveu um meio para revelar-se à sua criatura, uma revelação progressiva por meio de sua Palavra e outro direto e pessoal por meio de sua encar­nação, “a expressa imagem da sua pessoa”, Jesus Cristo (Hb 1.1-3). O conhecimento experiencial de Deus não se alcança por meio de sabedoria humana e nem pelo legalismo religioso. 

Paulo, em Romanos 7.24, apresenta uma imagem antropológi­ca do homem sem Deus: “miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”. Nessa condição, está tanto o sábio grego como o escriba ou mestre do judaísmo (1.20) que não se rendeu aos pés de Cristo. Paulo afirma que esse ser humano “não conheceu a Deus pela sua sabedoria” (v. 21). Ele prefere adorar “a criatura em lugar do Criador” (Rm 1.25). A sabedoria de Deus não apela para a sofisticação intelectual nem para o entusiasmo espiritual, mas para a cruz de Cristo (1 Co 1.17-25,30; 2.6-8), para o compartilhar dos sofrimentos de Jesus e o testemunho de vida (Rm 8.17; 2 Co 1.5; 4.10; Cl 1.24; Fl 3.10ss). 

O ser humano, sobretudo o judeu piedoso, acredita que pode construir sua própria justiça pelo cumprimento da Lei (Rm 9.31; 10.3; Fl 3.9). Paulo esclarece que nenhum ser humano será justificado pelas obras da Lei (Fl 3.6-21; Rm 3.20–4). A vida é temporária e limitada (1 Co 5.10; 7.31), e, ao final dela, o juízo de Deus virá. Paulo destaca que, no juízo de Deus, não será requerido obras realizadas pelo ser humano, mas pelos “frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fl 1.11). Da mesma forma que Paulo fala da desgraça do homem natural sem Deus, ele também fala que o mistério que estava oculto é revelado para a salvação em Cristo (Cl 1.26; Rm 3.26; 5.9,11; 7.6; 1 Co 15.20; 2 Co 6.2; Cl 1.22). A loucura da pregação salva os que creem (1 Co 1.21). 

A sabedoria de Deus prevalecerá sobre a sabedoria do mundo (1.19) 

Paulo cita Isaías 29.14, mas faz opção pelo texto da Septuaginta, que é a versão grega do Antigo Testamento e preferida dos gentios e dos judeus da diáspora devido à facilidade da linguagem que lhes era comum. A tradução do texto hebraico é um pouco diferente: “A sabedoria dos sábios perecerá e a inteligência dos inteligentes desapa­recerá”. Fica evidente a ação destruidora como algo natural de causa e efeito. Todavia, o que chama a atenção é o contexto do escrito do profeta, que Paulo faz uma aplicação para o caso de sua época com os coríntios. O texto de Isaías trata de um momento específico do povo de Israel, acusado de honrar a Deus apenas com os lábios, mas não com o coração (Is 29.13; Mt 15.8,9). Ele está falando a um grupo que se intitulava como povo de Deus e sábios, mas que o culto oferecido ao Senhor era de um coração distanciado do serviço a Deus e ao pró­ximo. Os judeus da comunidade devem ter-se sentido mais atingidos com a mensagem, porém Paulo estava usando o exemplo da escritura judaica para demonstrar que mesmo pessoas que se dizem religiosas podem não estar baseadas na sabedoria de Deus. 

Paulo, em Romanos 1.21, usa a expressão “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”. Trata-se de uma pessoa que reconhece a existência de Deus por meio do conhecimento natural, mas não o reconhece como Deus. Uma coisa é reconhecer a existência, outra é submeter-se e glorificar a Deus. Alguém não religioso pode reconhecer racionalmente a existência de um ser supremo que criou todas as coisas, mas não em um Deus pessoal que se comunica com as criaturas que criou. Por isso, prefere viver como se Ele não existisse, uma vez que, nesse pensamento e usando uma linguagem popular, “Deus não se importa com o ser humano”, muito menos com os cri­térios éticos e morais que usa para viver sua vida. Nos dias atuais, para uma grande parte da sociedade, é um retrocesso dizer que se acredita em Deus, e decadência maior é apresentar-se como servo de Deus, obediente às regras de fé e conduta estabelecidas na Bíblia. Esse é outro grupo de pessoas, que são totalmente céticas. Tanto o primeiro caso (crer na existência, porém ignorar Deus) quanto o segundo (não acreditar e ignorar a crença) são classificados como uma sabedoria que se extinguirá, sem efeito em termos de salvação. Por esse motivo, a sabedoria de Deus que provém salvação prevalecerá sobre a sabedoria do mundo, pois os seus efeitos salvíficos são eternos.

A verdadeira sabedoria não se revela por determinação humana 

Um grande equívoco do ser humano é achar que pode determinar como Deus deve agir e o que Ele deve fazer. O ser humano às vezes chega ao cúmulo de achar que está no mesmo patamar de Deus, tendo o pensamento de que tudo foi criado em razão de seu próprio ser e tudo deve convergir para sua satisfação pessoal e autopromoção. Ele sente-se na condição de ter o poder de prever o que Deus está pensando e vai além, achando que pode mudar o que Deus pensa em fazer para que seja feito do seu jeito e conforme sua vontade pessoal. Esse tipo de pessoa, quando na igreja, entende que a Bíblia foi escrita para que ele faça uma eisegese (colocar dentro do texto a sua opinião própria), em vez de uma exegese (extrair do texto o que ele quer e tem a dizer), para que o texto seja aplicado em seu benefício. Pessoas com esse pensamento, quando usam os púlpitos para pregar, utilizam aqueles chavões: “Deus, eu determino!”; “Deus, eu exijo!”; “Se eu sou um HOMEM de Deus, que...!”, entre outros que se ouvem em alguns púlpitos nos dias atuais, mas principalmente em alguns programas televisivos e radiofônicos. Os judeus pediam sinais para evidenciar o poder de Deus, como se pudessem colocá-lo dentro de seus limites. Alguns personagens bíblicos pediram sinais para Deus e não foram reprovados: Ezequias 

1.2.3 Cristo, a verdadeira sabedoria que garante a vida eterna (1.24,25) 

Para Paulo, por mais sabedoria intelectual que o ser humano tenha, não tem como comparar com a sabedoria em conhecer a Cristo. Ele tinha experiência pessoal com a comparação da sabedoria conforme o mundo e a sabedoria de Deus. A sua bibliografia demonstra como todo o tempo em que se dedicou à sabedoria secular e ao conhecimento religioso, com base no conhecimento humano, foi por ele considerado como nada, diante da experiência que passou a ter com Jesus a partir de Damasco. Com isso, Paulo não queria dizer que o conhecimento adquirido anteriormente não tinha valor. O que ele afirma é que não teria valor nenhum se continuasse desconsiderando o conhecimento da cruz de Cristo. 

Quando Paulo aceitou a Cristo como o seu Senhor e Salvador, o apóstolo encontrou nEle a resposta perfeita para todos os seus anseios. O apóstolo descobriu em Cristo o poder de Deus que, como judeu, buscava e não encontrava no judaísmo e no conhecimento adquirido até então. Após seu conhecimento experiencial de Jesus, Paulo pôde perceber Deus nas coisas simples, nas pessoas até então desprezíveis para ele, como os cristãos que perseguia e considerava

1.3.2 O salvo alcança a sabedoria de Deus na Cruz de Cristo (1.28,29) 

Confiar em si somente em consonância com o mundo que se opõe a Deus é vangloriar-se diante de Deus (v. 29). Aquele que é domina­do pelos poderes influentes do mundo e que vive sob o domínio do pecado tem por traço característico o “glorificar-se”. Em contraste, Paulo afirma que Deus escolheu as coisas “vis” e “desprezíveis”, o que humanamente não tem valor, pois Ele não olha para a aparência. Ao usar esses dois termos (vis e desprezíveis) para referir-se à maioria da população que era da classe de escravos, Paulo prende a atenção da maior parte de seus leitores em Corinto. Sem dúvida, muitos cristãos coríntios eram pessoas que não tinham valor aos olhos do mundo, pessoas consideradas apenas como objeto ou instrumento de trabalho e servidão, mas estas acharam graça aos olhos de Deus. Aquele que tem a experiência da cruz aprende a ser humilde a exemplo de Jesus em seu ministério e testemunho de vida, mesmo que seja uma pessoa culta, que tenha posses e de influência na sociedade. 

No livro de Provérbios, a sabedoria é vista como um antídoto contra o orgulho e algo que deve ser buscado com todo o ânimo (16.16,17). Quem a encontra sempre agirá com humildade (Pv 11.2). O orgulhoso é desprovido de lucidez e bom senso, pois está pronto a fazer o mal se os seus interesses forem colocados em risco (Pv 6.17,18). Quando confrontado, não tem autocontrole, pois é inseguro, inflexível, assim como os destinatários da carta de Paulo. A pessoa orgulhosa busca o poder para proteger-se da sua insegurança; além disso, é desprovida de sabedoria e leva uma vida de prepotência e arrogância. 

Desse modo, ela vê as pessoas como objetos, e não como criaturas de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem a lutar constantemente para manter o seu status quo. Por isso, tratam as pessoas subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar delas. Essas pessoas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e de poder semelhantes com vistas em trocas de favores e interesses. Elas vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder; consequentemente, não dormem enquanto não maquinarem o que fazer para manterem-se no controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Mq 2.1). Trata-se de uma vida sem paz e tranquilidade, uma constante insegurança pelo sentimento de culpa e medo. 

Em geral, o altivo usa as pessoas como se fossem objetos em seu benefício e para a manutenção do poder (Pv 16.19). No entanto, o temor do Senhor é apontado como o princípio da sabedoria (Pv 1.7). Quem teme ao Senhor é humilde, e o seu trabalho é realizado para a glória de Deus e para o bem do próximo. O poeta recomenda uma vida simples e humilde. Melhor a pobreza que pode ser fruto de contexto sócio histórico (Pv 28.6), porém construída por meio da integridade e justiça (Pv 28.11). A experiência de vida demonstra que as pessoas que alcançam a excelência na vida são aquelas que conseguem extrair o melhor das coisas simples (Pv 23.5). Já os soberbos que pensam desfrutar o melhor da vida terminam em uma vida que não valeu a pena ser vivida, ou seja, em ruínas. 

A glória de Deus é revelada na cruz de Cristo (1.30,31) 

Nos versículos anteriores, as possibilidades humanas de alcançar a verdadeira sabedoria foram reduzidas; agora, o apóstolo exalta as absolutas possibilidades de Deus. Paulo começa com uma afirmação reconfortante para aqueles que estavam amparados na cruz de Cris­to. Ele assegura que estes são dEle por meio da graça e misericórdia divina. Essas pessoas estavam enxertadas em Cristo, que é feito junto aos que creem, sabedoria pré-existente de Deus. 

Outrora eram orgulhosos, tolos, ignorantes e estavam debaixo da ira e maldição de Deus por causa do pecado, agora justificados por meio do sacrifício de Cristo, separados (santificação) para Deus mediante a redenção do crucificado. O salvo sabe que está protegido mediante a cruz e ressurreição de Cristo, mas também deve estar sensibilizado que sua salvação tem validade enquanto viver nessa fé (Gl 5.4). Paulo deixa claro que a glória não estava nos falsos mestres que usavam de partidarismo e divisões com intenções egoístas. A glória da Igreja está na cruz de Cristo, que conduz para a vida eterna com Deus.