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- Categoria: Jovens
- Publicado: 26 Dezembro 2017
A Importância do Ensino Cristão no Mundo Atual
4° Trimestre de 2017
INTRODUÇÃO
I - A IMPORTÂNCIA DO ENSINO NAS ESCRITURAS
II - O CRISTÃO, A ESCOLA E A UNIVERSIDADE
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivo central é mostrar a importância do ensino das Sagradas Escrituras.
“A IMPORTÂNCIA DO ENSINO: REMINISCÊNCIAS JUDIAS
O ensino cristão, afirma Michael Lawson, remonta suas raízes aos primeiros dias do homem na Terra: “Deus começou a ensinar quando colocou uma restrição no comportamento do homem no jardim do Éden. Depois da queda, a necessidade de ensino aumentou. Pais piedosos passaram de uma geração para outra cruciais informações espirituais até que Deus formalizou a responsabilidade dos pais ao ordenar-lhes que ensinassem os filhos (Dt 6)”1. É a partir dessa premissa que o povo israelita vai ser formado, razão pela qual toda tradição e história de Israel era pautada pela necessidade do ensino da Lei de Deus para as gerações seguintes (Dt 6.6-9). A esse respeito, HazelPerkin afirma:
A educação sempre foi prioridade entre os judeus. A criança era ensinada a compreender a relação especial do seu povo com Deus e a importância de servir ao Senhor (Êx 12.26; 27; Dt 4.9). A história do povo judeu tinha enorme importância; este conhecimento ajudava a sustentar o ideal de uma pátria nos períodos de cativeiro e exílio. Como a criança era ensinada a princípio pela família, sua compreensão da fé era enriquecida pelas práticas familiares, especialmente refeições ligadas a festas religiosas como a Páscoa. Quando os meninos ficavam mais velhos, recebiam do pai ensinamentos sobre sua herança e tradições religiosas 2.
Não é sem razão que a palavra hebraica Torah, que se refere aos primeiros cinco livros da Bíblia, significa instrução, doutrina ou lei. O objetivo da educação judaica, diz César Moisés, “era preservar o povo de Deus das más influências dos povos idólatras e corrompidos que havia ao redor da Terra Prometida, em outros termos era uma contracultura” 3. Em outras palavras, os descendentes de Abraão eram educados para servir ao Senhor e, ao mesmo tempo, refutar a influência dos falsos ensinamentos externos.
A passagem de Deuteronômio 6.6-9 sintetiza a responsabilidade do ensino da Lei de Deus de pai para filho, de uma geração para outra. No livro Os judeus e as palavras Amós Oz e Fania Oz-Salzberger ressaltam esse aspecto central na cultura judia, ao dizer que os textos hebraicos antigos estão continuamente engajados com dois pares fundamentais: pais e filhos, professores e alunos 4. O compromisso de transmitir os valores e as tradições para os descendentes estão, com efeito, na essência da cultura hebraica. Por essa razão, é que se afirma que nenhum povo antigo pode oferecer um paralelo comparável à persistência do judaísmo em “ensinar os jovens e inculcar neles as tradições e costumes de seu povo” 5.
Conhecer a Deus e obedecer a Lei, portanto, eramos propósitos básicos do ensino no Antigo Testamento; a verdadeira sabedoria se resumia ao temor a Deus: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência” (Pv 9.10). O conhecimento proporcionado pelo ensino não tinha outro foco senão levar o povo a uma vida reta e justa. Se a nação saia do centro da vontade de Deus era porque lhe faltava o conhecimento da Lei. Nisso vemos a advertência do Senhor por intermédio do profeta Oséias: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Os 4.6). Certamente, tal conhecimento não se refere ao aspecto intelectual e cognitivo, e sim na comunhão com Deus.
Ou seja, o conhecimento da Lei deveria levar a um viver santo e virtuoso. Como expressou o salmista: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu louvor permanece para sempre” (Sl 111.10). Como se nota, os verdadeiros sábios e entendidos são aqueles que praticam os Mandamentos, e não os que decoram algum tipo de informação.
A VERDADEIRA EDUCAÇÃO CRISTÃ: INTELECTO A SERVIÇO DO REINO
Se o ensino tinha valor para os israelitas, certo é que para os cristãos ele possui igualmente grande importância. Em Mateus 28.19,20, vemos o que César Moisés chama de Vocação Magisterialda Igreja: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos. Amem!”. A missão da Igreja, portanto, além de anunciar as Boas-Novas, é “ensinar as nações”, com vistas ao crescimento espiritual, desenvolvimento do caráter cristão, ou Fruto do Espírito, e, alcance da “perfeita varonilidade” (cf. Efésios 4.11-16) 6. Assim, de acordo com o autor citado, “À Igreja compete a missão de ser uma agência de Deus para a evangelização do mundo (cf. Mt 28.19, 20; Mc 16.15, 16; At 1.8), bem como um canal do propósito divino de edificar um corpo de santos aperfeiçoados à imagem de Cristo (1Co 12.28; 14.12; Ef 4.11-16)” 7.
A verdadeira educação cristã deve proporcionar o conhecimento de Deus e da sua Palavra (Mc 12.24), levando a uma vida que honre o bom nome de Cristo. Eis o motivo pelo qual somos convidados a crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor (2Pe 3.18). Embora a fé seja uma firme convicção (Hb 11.1), conhecer os aspectos centrais da crença (doutrinas) cristãs é vital para a vitalidade do testemunho. Nas palavras de J. P. Moreland: “[...] é importante que você cresça na clareza e na profundidade do entendimento das coisas específicas que crê acerca de Deus e dos assuntos a ele relacionados. Você, na verdade, não pode crer em algo vago” 8. Morelandvai destacar ainda que,devido à crise do conhecimento em nossa época, “é fundamental que a igreja recupere a confiança de que está de posse de conhecimento espiritual e ético, sobretudo, das Sagradas Escrituras, mas também na história de seu pensamento acerca de Deus, das questões morais, da vida espiritual e de outros tópicos importantes” 9.
Isso nos leva a perceber que devemos fazer uso da inteligência e da capacidade de raciocínio para glorificar a Deus. A Bíblia não aprova,afinal, o anti-intelectualismo e a aversão ao estudo sistematizado. Embora desabone o orgulho de filósofos humanistas (1Co 1.20; 2.5,6), a Palavra de Deus aprecia o conhecimento, pois as Escrituras partem do pressuposto de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26), e por isso é um ser inteligente, comunicativo, com capacidade de aprender e ensinar. Jesus foi enfático ao dizer que precisamos amar a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de toda a nossa força e de todo o nosso entendimento (Mt22.37). Sendo assim, valorizar a vida da mente é algo tão espiritual quanto pregar, ensinar ou louvar. É uma atividade que deve ser feita em sintonia com a Palavra e para a glorificação do nome do Senhor. A Bíblia possui passagens exaltando o conhecimento e a sabedoria (Pv 18.15; 2Pe 3.18).
Apesar disso, como alertou John Stott, “Deus não pretende que o conhecimento seja um fim em si mesmo, mas, sim, que seja um meio para se alcançar algum fim” 10. Por essa razão, Stott ensina que o conhecimento que adquirimos deve nos conduzir a pelo menos quatro propósitos dignos. Primeiro, o conhecimento deve conduzir à adoração a Deus, a quem nos submetemos com plena admiração exclamando: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!”. (Rm 11.33). Segundo, o conhecimento deve conduzir a fé; mas uma fé com fundamentos sólidos, alicerçada no conhecimento que a torna racional. Terceiro, o conhecimento deve conduzir à santidade; em uma vida de entrega e devoção ao Senhor. E, quarto, o conhecimento deve conduzir ao amor, porque “quanto mais sabemos, mais devemos compartilhar do que sabemos com os outros e usar o nosso conhecimento em serviço a eles, seja na evangelização, seja no ministério” 11.
O CRISTÃO, A ESCOLA E A UNIVERSIDADE
Em nossos dias, é crucial fazer uso do conhecimento cristão para enfrentar os ataques à fé cristã. Ainda que nas escolas e universidades contemporâneas exista muito ensino hostil ao cristianismo bíblico, conforme vimos inicialmente, o cristão deve primar por sua formação cultural e profissional. Afinal, as instituições de ensino, em si, não desviam o crente. As escolas e universidades simplesmente representam em menor escala o desafio natural do cristão que vive neste mundo que se opõe a Deus. Tais ambientes podem ser comparados a campos de batalha, que envolve tanto a disputa espiritual quanto intelectual. Logo, para ingressar nesse ambiente é necessário preparo prévio.
Se o cristão tiver o necessário preparo bíblico e apologético,não há razão alguma para temer o ingresso no ambiente educacional (1Pe 3.15). Certamente, tal preparo envolve uma educação cristã abrangente, capaz de habilitar o crente a defender de forma consistente suas convicções no ambiente escolar, de modo a refutar as ideias e opiniões que se levantam contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento a obediência de Cristo (2Co 10.5).
Dentro desse estado de coisas, escrevi o livro O Cristão e a Universidade, porque a liderança cristã (pastores e líderes de jovens) e os próprios pais precisam repensar cada qual o seu papel e estabelecer um diálogo mais próximo e efetivo com esses jovens e adolescentes da igreja, instruindo-os para a formação de uma verdadeira apologética cristã, como o intuito de que possam responder com segurança aos questionamentos sobre a fé que professam, e tenham condições de interagir com a sociedade sem que tenham de abandonar a Cristo.
Johanes Janzen, depois de apresentar o levantamento de J. Warner Wallace — que elencou três razões12 que levam os jovens cristãos a abandonar da igreja quando entram na faculdade —destacou que nós não podemos mudar a natureza hostil da universidade ou a natureza humana de nossos jovens cristãos. Por essa razão, se quisermos mudar esse quadro, precisamos nos envolver com o primeiro aspecto.
Temos que fazer o que for preciso para informar, equipar e ocupar os jovens cristãos em uma investigação racional e evidencial do cristianismo. Vai ser duro o suficiente para os nossos alunos resistirem à tentação de abandonar a sua cosmovisão cristã, quando tentados pelos seus próprios desejos, especialmente dada a natureza da vida universitária e o incentivo que receberão a perseguir suas paixões. Mas, será ainda mais fácil os nossos alunos irem embora, se eles não souberem sequer por que o cristianismo é verdade... É hora de alinhar as nossas igrejas e ministérios para envolver o grupo demográfico mais importante dentro da igreja: jovens cristãos. É hora de entrar no jogo, redirecionar os nossos esforços e começar a treinar 13.
Em nossos dias saber articular o evangelho de forma inteligente, coerente e relevante no mercado das ideias, mantendo-se, ao mesmo tempo, fiel às Escrituras, é uma questão crucial aos cristãos, especialmente em nosso contexto cultural, que oferece um cardápio de experiências religiosas bastante variado 14. A pluralidade de cosmovisões resultantes do sincretismo nas esferas religiosa e ideológica exige um realinhamento individual e comunitário, de uma mente cristã fundamentada em uma visão cristã do universo, da cultura, do sistema sociopolítico e religioso em que vivemos. Do contrário, estaremos nos expondo às críticas, muitas vezes merecidas, que têm sido levantadas contra o cristianismo institucionalizado e decadente do século passado, assim como o dos nossos dias.
É isso o que Nancy Pearcey quer dizer quando afirma que os cristãos têm de ser bilíngues para traduzir o evangelho em uma língua que a nossa cultura entenda. Como imigrantes, precisamos falar na linguagem da fé e da religião que professamos. Mas, como missionários, devemos traduzir essa língua para a língua da cultura em que vivemos. O problema é que a grande maioria dos estudantes cristãos, diz Nancy Pearcey “não sabe expressar a perspectiva da crença que professam usando uma língua adequada ao ambiente público”. Como imigrantes, que ainda não dominam a gramática do novo país, eles são tímidos. Em particular, falam uns com os outros na língua materna de sua religião, mas em sala de aula não têm certeza de como expressar a perspectiva religiosa na linguagem do mundo acadêmico.”15
A mudança desse panorama requer o uso de uma educação cristã abrangente que contemple, além do ensinamento das doutrinas espirituais básicas, a formação de uma cosmovisão eminentemente bíblica, que supere a velha repetição de dogmas denominacionais e tradicionalistas, que não raro retiram o senso de reflexão dos crentes e a capacidade de discernimento crítico.
Conclusão
A verdadeira educação cristã deve ser capaz de formar discípulos conscientes de si mesmos e de suas responsabilidades perante o Reino de Deus, de modo que a obediência e a fidelidade às leis morais extraídas das Sagradas Escrituras e à vontade de Deus sejam o resultado de uma mente transformada e cativa ao senhorio de Cristo (2Co 10.5), e não de uma vontade individual subserviente, suprimida pelas forças institucionais da religião. Parafraseando o apóstolo Paulo, somente pela transformação e pela renovação da nossa mente, em Cristo, é que podemos experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). A educação cristocêntrica parte desse princípio, promovendo libertação e transformação de dentro para fora.
Essa educação deve explicitar não somente alista de crenças cristãs, mas os fundamentos dessas crenças. Como ressaltou Philip Johnson, “[...] é provável que a educação cristã seja exercício fútil se não prepara os jovens para sobreviver aos desafios da cosmovisão que seguramente encontrarão”.
*Este subsídio foi adaptado de NASCIMENTO, Valmir. Seguidores de Cristo: Testemunhando numa Sociedade em Ruínas. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 148-154.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
1 LAWSON, M. S. Fundamentos bíblicos para uma filosofia do ensino. In: GANGEL, K. O, HENDRICKS, H. G. Manual de Ensino para o educador cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 66
2 PERKIN, H. Apud: CARVALHO, C. M. Uma pedagogia para a educação cristã: Noções básicas da ciência da educação a pessoas não especializadas. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 51
3 CARVALHO, 2015, p. 52.
4 OZ, A; OZ-SALZBERGER, F. Os judeus e as palavras. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 21.
5 OZ, A; OZ-SALZBERGER, 2015, p. 21.
6 CARVALHO, 2015, p. 58.
7 CARVALHO, 2015, p. 59.
8 MORELAND, 2011, p. 176.
9 MORELAND, 2011, p. 153.
10 STOTT, J. Crer é também pensar. São Paulo: ABU Editora, 2001, p. 55.
11 STOTT, 2001, p. 58.
12 1. Nossos adolescentes cristãos são inarticulados e desinformados; 2. As universidades são geralmente hostis ao Cristianismo; 3. Os jovens estão ansiosos para perseguir os seus desejos com liberdade.
13 JANZEN, J. Disponível em: http://www.origemedestino.org.br/blog/johannesjanzen/?post=682. Acesso em 3/2/2015.
14 RAMOS, R. Evangelização no mercado pós-moderno. Disponível em http://livros.gospelmais.com.br/files/livro-ebook-evangelizacao-no-mercado-pos-moderno.pdf. Acesso em 01/06/2015.
15 PEARCEY, 2006, p. 76.
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.