Lição 8 - Ética Cristã e Sexualidade
2º Trimestre de 2018
PONTO CENTRAL
A sexualidade é uma dádiva divina.
ESBOÇO GERAL
Introdução
I – Sexualidade: conceitos e perspectivas bíblicas
II – O propósito do sexo segundo as escrituras
III – O casamento como limite ético para o sexo
Conclusão
OBJETIVO GERAL
Mostrar que a sexualidade é uma dádiva que deve ser
usufruída dentro dos parâmetros instituídos pelo Criador.
ÉTICA CRISTÃ E SEXUALIDADE
Pr. Douglas Baptista
A sexualidade tem sido fortemente desvirtuada na sociedade
pós-moderna. De outro lado, alguns cristãos insistem em tratar o assunto como
tabu. Embora o tema possa trazer desconforto para alguns, a sexualidade humana
não pode ser subestimada. De acordo com Sigmund Freud (1856-1939), reconhecido
como o pai da psicanálise, “o homem tem necessidades sexuais e, para
explicá-las, a biologia lança mão do chamado instinto sexual da mesma maneira
que, para explicar a fome, utiliza-se do instinto da nutrição. A esta
necessidade sexual dá-se o nome de libido” (FREUD, 1970, vol. XVI p. 336, 482).
Freud atribuiu à libido uma natureza exclusivamente sexual e considerou a fase
oral como a primeira na organização da libido da criança. As teorias de Freud
contrastaram com o extremo moralismo da interpretação católica e produziram o
extremo da licenciosidade, antinomianismo — desprezo à Lei de Deus — e a
irresponsabilidade sexual (HENRY, 2007, p. 551). Atualmente, a sexualidade da
criança vem sendo estimulada e incentivada de modo precoce, e isso em
detrimento do desenvolvimento natural e saudável, gerando transtornos comportamentais.
Ressalta-se que em virtude do avanço da tecnologia da
informação e consequente globalização, nossas crianças têm acesso
indiscriminado a todo tipo de conhecimento. E, por estarem em fase de
desenvolvimento, tornaram-se alvo de quem as quer perverter. Por meio da
inversão dos valores, ideologia de gênero e a erotização da infância, pretendem
desconstruir a família tradicional e promover a luxúria, promiscuidade e a
imoralidade. Portanto, pela sua abrangência e importância, faz-se necessário refletir
sobre a sexualidade, seus conceitos, propósitos e limites éticos estabelecidos
nas Escrituras Sagradas.
A sexualidade é uma das dimensões do ser humano criado à
imagem e semelhança de Deus. A questão sexual estava presente no ato da criação
quando Deus nos fez “macho e fêmea” (Gn 1.27). Doravante, após a queda,
tornou-se um intrigante tema de pesquisa das ciências naturais (biologia,
anatomia, etc.) e das ciências humanas (literatura, psicologia, etc.). O campo
de abrangência perpassa pela identificação sexual, orientação/preferência
sexual, erotismo, satisfação e prazer, imoralidade, prostituição e pornografia,
dentre outros. Por meio da revolução sexual das últimas décadas, que
relativizou e desvirtuou a liberdade sexual, surgiram novas questões nas áreas
da ética, da moral e da religiosidade. Por conseguinte, os conceitos na
perspectiva bíblica precisam ser restaurados.
Conceito de sexo e sexualidade
A biologia define “sexo” como um conjunto de características
orgânicas que diferenciam o macho da fêmea. O sexo de um organismo é definido
pelos gametas que produzem. Gametas são células sexuais que permitem a
reprodução dos seres vivos. O sexo masculino produz gametas conhecidos como
espermatozóides e o sexo feminino produz gametas chamados de óvulos. A expressão
“sexo” ainda pode ser usada como referência aos órgãos sexuais ou à prática de
atividades sexuais. Já o termo “sexualidade” representa o conjunto de
comportamentos, ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a
busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer, seja da
procriação da espécie.
A deturpação da sexualidade
Dentro dos conceitos modernos da sexualidade, o filósofo
francês Michel Foucault (1926-1984) discorreu na obra História da Sexualidade
que a postura cristã é repressiva e envolve “proibições, recusas, censuras e
negações discursivas” que são impostas à sociedade (FOUCAULT, 1988, p. 16).
Confabula o filósofo que, ao mesmo tempo em que o radicalismo cristão levava as
pessoas a detestar o corpo, também tornou o sexo cobiçado e mais desejável; por
conseguinte, a austeridade cristã deve ser combatida em busca de “liberação”
sexual (FOUCAULT, 1988, p. 149).
Foucault afirma que essa liberação surgiu quando Freud
dissociou a sexualidade do sexo que era baseado na anatomia e suas funções de
reprodução restringida aos aspectos biológicos (FOUCAULT, 1988, p. 141). Assim,
Foucault considera a sexualidade como uma produção discursiva, e, portanto, um
construto sócio-histórico de uma sociedade. Por isso, o apelo e o discurso
ofensivo na construção da ideologia de gênero, identidade sexual, iniciação
sexual precoce, homoafetividade e a nova moda de se falar em sexualidade no
plural, como existindo “sexualidades”. A partir daí, o conceito foi deturpado
e, em busca de “liberação”, ensina-se que a sexualidade depende da cultura
inserida em determinado grupo social. Desse modo, toda e qualquer escolha ou
opção sexual passa a ser válida, tais como, homossexualismo, zoofilia,
pedofilia, necrofilia e incesto.
O sexo foi criado por Deus
O homem e a mulher possuem imagem e semelhança divina.
Porém, no ato da criação, Deus os fez sexualmente diferentes: “macho e fêmea os
criou” (Gn 1.27). Portanto, o sexo faz parte da constituição anatômica e
fisiológica dos seres humanos. Homens e mulheres, por exemplo, possuem órgãos
sexuais distintos que os diferenciam sexualmente. Sendo criação divina, o sexo
não pode ser tratado como algo imoral ou indecente. As Escrituras ensinam que,
ao término da criação, “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito
bom” (Gn 1.31). Desse modo, o sexo não deve ser visto como sendo algo
pecaminoso, sujo ou proibido. Tudo que Deus fez é bom. O pecado não está no
sexo, mas na perversão de seu propósito.
Ao criar o ser humano, Deus os dotou de órgãos específicos e
especialmente destinados à reprodução da espécie, chamados órgãos sexuais ou
genitais. A esse processo de perpetuação da espécie humana dá-se o nome de
“reprodução sexuada”. A reprodução sexuada dos seres humanos é classificada,
quanto ao sexo, de “dioica”, ou seja, requer a participação de dois seres da
mesma espécie, sendo obrigatório que um deles seja “macho” e outro seja
“fêmea”. E isso pelo fato inequívoco de que homem e mulher foram criados com
órgãos sexuais apropriados à reprodução. Trata-se de um processo em que há a
troca de gametas (masculinos e femininos) para a geração de um ou mais
indivíduos da mesma espécie. Percebe-se, então, que Deus não criou meio termo;
definitivamente, o ser humano é formado de macho e fêmea. Deus não formou o
homem com possibilidades sexuais de desempenhar o papel da mulher no ato
sexual, e nem vice-versa. O nosso Jesus Cristo, ao discorrer sobre esse tema,
associou a anatomia dos sexos com o propósito divino da sexualidade e da
reprodução. O Mestre fundiu o texto da criação e da procriação (Gn 1.27,28) ao
texto do relacionamento conjugal (Gn 2.24) indicando que os textos bíblicos se
complementam, isto é, a reprodução humana é sexuada e dioica:
Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e
fêmea. Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua
mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só
carne. (Mc 10.6-8)
A sexualidade é criação divina
Ao criar o homem e a mulher, Deus também criou a sexualidade:
“E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei
a terra [...]” (Gn 1.28). O relacionamento sexual foi uma dádiva divina
concedida ao primeiro casal e também às gerações futuras (Gn 2.24). Sempre fez
parte da criação original de Deus o homem unir-se sexualmente em uma só carne
com sua mulher. O livro poético de Cantares exalta a sexualidade e o amor entre
o marido e sua esposa (Ct 4.10-12). Portanto, não é correto “demonizar” o
desejo e a satisfação sexual. Assim como o sexo, a sexualidade também não é má
e nem pecaminosa. O pecado está na depravação sexual que contraria os
princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas.
O sexo como criação divina possui finalidades específicas.
Holmes afirma que a “história da ética cristã é bastante clara nesse
particular. A psicologia do sexo indica o seu potencial de união, e sua
biologia indica um potencial reprodutivo” (HOLMES, 2013, p. 130). Portanto, o
relacionamento sexual conforme idealizado pelo Criador prevê uma realização
completa entre macho e fêmea na busca do prazer conjugal e na procriação da
espécie.
Telma Bueno
Editora do Setor de Educação Cristã
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