4º Trimestre de 2019
Introdução
I- Oposição à Obra de Deus;
II-A Libertação da Prisão;
III- O que mais Importa é Obedecer a Deus.
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Analisar a oposição enfrentada pela igreja do primeiro século;
Destacar o agir de Deus na libertação dos discípulos da prisão;
Enfatizar que a obediência a Deus traz alegria e vitória.
Palavras-chave: Poder, cura e salvação.
A pureza da Igreja Primitiva foi protegida pela obra soberana do Espírito Santo. Foi algo dramático e decisivo. Duas pessoas estão mortas, mas um ambiente puro para o Espírito Santo funcionar foi mantido. Como resultado, há um grande reavivamento em Jerusalém. As pessoas estão vindo de todo o campo para serem curadas. Deus está trabalhando de uma maneira poderosa. Sempre que o Senhor estiver trabalhando, você pode esperar, porque Satanás vai lutar contra isso. O que geralmente nos surpreende é o que ele usa para combatê-lo. Quem está tentando impedir a obra do Espírito Santo? Os líderes religiosos, justamente aqueles que deveriam estar mais empolgados com o reavivamento espiritual.
A Inveja
Enquanto Deus fazia maravilhas naquela primeira comunidade cristã, as pessoas alegravam-se e glorificavam a Deus por tudo. Mas os “líderes” religiosos, principalmente os da seita dos saduceus, encheram-se de inveja. Esse sentimento é terrível, pois corrói e destrói relacionamentos. Provérbios 14.30 diz: “O coração com saúde é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos”. E em Tiago está escrito: “Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa” (Tg 3.16).
E foi justamente isto que aconteceu em razão desse sentimento maligno que habitava no coração daqueles religiosos: uma obra perversa. Eles prenderam os apóstolos e colocaram-nos na prisão. Precisamos ter todo o cuidado com a inveja, assim como também precisamos ter uma visão mais ampla de todo o corpo de Cristo. Se Deus está abençoando outra igreja na comunidade, que está realmente pregando a Jesus Cristo, devemos ficar contentes e regozijarmo-nos em vez de procurarmos falhas em seus métodos. Inveja sobre a obra de Deus na vida de outra pessoa ou ministério é uma coisa extremamente má.
Temos um exemplo disso no relatório que os discípulos deram a Jesus:
E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que, em teu nome, expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lho proibais, porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós.1
Até mesmo os discípulos de Jesus sentiram inveja de certo homem que expulsava demônios simplesmente pelo fato de este não os estar seguindo. Jesus, porém, corrige esse pensamento exclusivista dos discípulos, ensinando a tolerância e a compreensão de que Deus usaria pessoas além daquele grupo. Matthew Henry (1662–1714) coloca:
Muitos têm sido como os discípulos, dispostos a calar aqueles homens que têm conseguido pregar o arrependimento em nome do Senhor Jesus Cristo aos pecadores, somente porque não seguem juntamente com eles. O Senhor culpa os apóstolos, lembrando-lhes que aqueles que operam milagres em seu Nome não podem causar danos à sua causa. Se pecadores são levados ao arrependimento, a crerem no Salvador, e a levarem uma vida sóbria, justa e santa, então vemos que o Senhor é quem está trabalhando por intermédio de tal pregador.2
É sempre bom relembrarmos as palavras de Paulo: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Rm 12.15). Logo, se algum obreiro, igreja ou ministério estiver alegre por estar sendo canal da graça de Deus para alcançar pessoas, então devemos ficar alegres também. Por outro lado, se houver choro, também devemos chorar.
Um Anjo Abre o Cárcere
O texto diz que os apóstolos foram recolhidos à prisão pública. Não bastava a inveja; tinham que fazer algo maligno a respeito. Sobre as prisões, o Doutor em Novo Testamento e escritor Craig Keener diz:
Em geral, as prisões eram usadas para a detenção até o julgamento e não para o encarceramento como punição. Nesse período, a guarnição romana controlava a Fortaleza Antônia, no monte do templo; a guarda do templo, portanto, prende os apóstolos em outro local, embora este talvez seja, também, próximo ao templo. A elite, até aqui, havia tolerado a popularidade dos apóstolos. Contudo, agora ela arriscava ser desonrada se não fizesse algo em relação a eles.3
O que os líderes religiosos não contavam é que um anjo apareceria para libertar os apóstolos. E o versículo 19 diz que um anjo abriu as portas do cárcere e conduziu-os para fora. Simples assim. Um anjo do Senhor entrou lá e abriu as portas da prisão. Parece até coisa de filme, mas não é; um anjo tem mais poder que qualquer herói de ação hollywoodiano. Em 2 Reis 19.35, está escrito que, em uma noite, um anjo do Senhor feriu 185 mil assírios no acampamento deles. A Palavra de Deus também nos diz que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14).
E isso aconteceu com mais esse relato milagroso no livro de Atos. Somente Deus tem esse poder. Só Ele pode libertar-nos das prisões de nossa alma e emoções. Nesse caso, esses apóstolos não tinham cometido crime algum; eles apenas pregavam a Palavra de Deus. E, mesmo assim, foram injustamente presos. Mas Deus vê todas as coisas e, se precisar realizar um milagre para seus filhos, Ele assim o fará. Glória a Deus! De repente, aqueles apóstolos, provavelmente abatidos por estarem naquela situação, veem-se do lado de fora, libertos e com uma ordem a seguir. O anjo havia-lhes dito para voltarem ao templo e continuarem falando “todas as palavras desta vida” (At 5.20). Na língua aramaica dos judeus, seria hayye, que quer dizer “vida” ou “salvação”. Percebe-se que ele não diz as palavras desta nova lei ou desta nova religião, “mas uma nova vida de que Cristo é o motivo, poder e alvo”.4
No dia seguinte, havia confusão entre os judeus. Eles mandaram buscar os presos, mas não acharam ninguém — e mais: o cárcere estava fechado com toda segurança, segundo o relato dos guardas (At 5.23). O anjo havia aberto as portas e, em seguida, fechado tudo, parecendo que nada havia acontecido. Deus trabalha assim muitas vezes: sem muito alarde, barulho ou divulgação, mas algo sobrenatural acontece. Em certas ocasiões de milagres, Jesus pediu àqueles que tinham recebido a benção que não contassem a ninguém, como foi o caso do leproso (Mt 8.4) e dos dois cegos (Mt 9.30).
Eles ficaram perplexos pelo acontecido. Onde estavam os presos? Como isso aconteceu? Porém, mesmo diante de algo sobrenatural, não creram. Muitos nos dias de Jesus também presenciaram milagres, mas não creram nEle (Jo 12.37).
Da Prisão ao Templo
O versículo 25 de Atos 5 diz que alguém informa: “Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo e ensinam o povo”. Que maravilha! Não era plano de Deus que aqueles discípulos ficassem aprisionados sem cumprir o propósito que tinham. Eles precisavam estar livres para continuar proclamando o evangelho. Deus não permite que seus filhos fiquem permanentemente aprisionados às amarras espirituais e emocionais, pois deseja que se coloquem no propósito que Ele mesmo estabeleceu. O Salmo 27.5 diz: “Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha.”
É interessante observar que o templo significa a presença do Senhor, e este é o lugar em que o Senhor quer que estejamos, e não numa prisão. E prisão pode não ser simplesmente um lugar para encarcerados, mas também pode significar aprisionado pelas circunstâncias da vida, pelos traumas do passado, pela falta de perdão. No entanto, da mesma forma que Deus livrou miraculosamente seus discípulos naquele primeiro século, Ele deseja também nos libertar de todas as mazelas que porventura nos aprisionam e impedem de viver plenamente em sua presença.
Certa vez, Jesus voltou à sua terra natal, Nazaré, que ficava na Galileia, e, entrando numa sinagoga, foi-lhe dado o livro do profeta Isaías para ler. Ele toma o livro e lê:
O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então, começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.5
Jesus veio para curar e libertar. E Ele continua com o mesmo poder para realizar isso continuamente. Sejamos curados e libertos, bem como instrumentos nas mãos do Senhor para que outros sejam da mesma forma (Is 6.8).
O mais Importante É Obedecer a Deus
Depois do milagre da libertação do cárcere, os apóstolos foram ao templo continuar a ensinar (At 5.25). Logo os discípulos foram levados ao Sinédrio pelo capitão e os guardas. Que incoerência: o Sinédrio, que reunia os líderes judaicos, julgando aqueles que estavam glorificando o rei deles! Mas a religião em si não chega ao conhecimento de Deus; aliás, ela pode tornar-se um grande obstáculo para chegar-se até Ele, cegando a pessoa e tornando-a numa pessoa sem amor. E, ao ficar mais velho e um bom religioso, essa pessoa torna-se muito crítica. E, se você ficar suficientemente religioso, vai aprender a odiar as pessoas. Talvez você, lendo esse livro, pode concordar que suas piores dores tinham a ver com a igreja, não é verdade? Pessoas religiosas magoaram-no profundamente; você estava numa situação difícil e tiraram-no fora, e você pensou: “Eu achava que neste lugar o que prevalecia era o amor!”. Não; era tudo religião; não era amor; era tudo sobre endurecer o poder de Deus!
Veja o que Jesus falou sobre pessoas religiosas em João 16.1-3: “[...] não conheceram ao Pai nem a mim”. O texto não diz “não creram no Pai nem a mim”! Então, mesmo com toda a sua atividade religiosa, Deus ainda pode ser um estranho para você! Daí, você pode ficar bravo com um Deus que nem conhecia! Daí, você tomará decisões ruins, as coisas ficarão difíceis, bem como os relacionamentos, o trabalho, etc. Daí, você diz: “Deus!”, e Ele diz: “Você nem me conhece! Se me conhecesse, não faria isso, não tomaria essa decisão”. Portanto, é possível ir ao culto, cantar, orar, ouvir a Palavra, ofertar e ainda não conhecer a Deus. É como se Ele estivesse dizendo: “Você me respeita, me obedece, mas ainda não me conhece”.
Na sequência da história, o sumo sacerdote repreendeu os apóstolos mais uma vez, proibindo-os de ensinar sobre Cristo, pois queriam lançar sobre eles o sangue dEle (At 5.28). Entretanto, Pedro e os outros apóstolos afirmaram categoricamente: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (v. 29). Boor comenta:
É significativo para a clareza de fé dos apóstolos que eles não usam essa benevolência do povo e sua libertação miraculosa do cárcere e benefício próprio. Admitem que há um direito para intimá-los. Voluntariamente seguem o capitão do templo, sabendo que é o plano e a vontade de seu Deus que mais uma vez digam aos líderes de seu povo o testemunho de Jesus. [...] Com isso tudo e fundamentado. Mas é óbvio que essa palavra também pode ser uma frase piedosa, com que qualquer um justifica o que lhe convém. Na realidade, é preciso mostrar com muita determinação por que os apóstolos de fato “obedecem a Deus” de modo tão sério que não podem observar proibições contrárias de seres humanos, ainda que sejam determinadas pelos sacerdotes e anciãos de seu povo.6
Sempre que as leis humanas entrarem em conflito com os princípios da Palavra de Deus, devemos ignorá-las e obedecer ao Senhor. Mesmo que sejamos presos, não podemos abrir mão dos estatutos e mandamentos do Senhor (2 Tm 3.16,17). A história diz que o líder cristão chinês Watchman Nee (1903–1972) viveu dias assim. Quando a China tornou-se comunista em 1949, as igrejas começaram a ser pressionadas a ceder ao controle do estado. Missionários foram perseguidos e expulsos, e muitos crentes foram mortos ou presos. Watchman Nee, um evangelista, foi preso por confessar sua fé em Cristo. Ele ficou quase 20 anos preso e só seria solto se não pregasse mais o evangelho. Ele não concordou e ficou mais cinco anos preso até matarem ele ali mesmo.
No próximo capítulo, estudaremos o martírio de Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, que também preferiu morrer a parar de pregar a Cristo (At 6–7).
O Parecer de Gamaliel
Os líderes judeus ficaram furiosos e queriam matar os apóstolos. Gamaliel, renomado mestre de Paulo, representante da Escola de Hilel, levanta e emite um parecer. Ele relembra os ouvintes de que apareceram outros que fizeram movimentos no passado e que não se perpetuaram, como Teudas e Judas. Logo, seu conselho era para que deixassem aqueles homens, pois, se o Senhor Deus não estivesse naquele negócio, tudo se acabaria; porém, se aquela missão fosse mesmo de Deus, contrapor-se a isso seria como lutar contra o próprio Deus (At 5.35-39).
A princípio, esse conselho até pareceu prudente, pois o aceitaram de fato. No entanto, comparar o movimento dos cristãos com outros estranhos que aconteceram foi um julgamento equivocado, haja vista as características que cada um tinha. Teudas levou um grupo de judeus ao Jordão prometendo abrir suas águas. Judas influenciou o povo a não dar tributo a Roma, mas somente a Deus. Os apóstolos, por sua vez, queriam apenas proclamar o Cristo crucificado, porém ressurreto. No entanto, o parecer do rabino de deixar a história julgar tudo o que aconteceria mostrou-se efetivo e confirmou-o de fato.
O rabino (ou doutor da lei) Gamaliel, o Velho, que Lucas mencionou aqui, é venerado no judaísmo como um dos mais sábios e mais santos de seus anciãos. Nesse caso, o carisma pessoal de Gamaliel e o respeito que ele tinha conquistado na sua época evitaram que o Sinédrio tentasse eliminar os apóstolos, como tinham feito com Jesus. O princípio que Gamaliel declarou mostrar outra maneira como expressamos reverência por Deus, e a convicção de que Ele age ativamente no nosso mundo. O conselho de Gamaliel: Deixem a história julgar. Não assumam muitas coisas em suas próprias mãos, porque não são capazes de perceber o que Deus pode estar fazendo.7
E a história julgou. O movimento cristão demonstrou que Deus estava naquele negócio, que cresceu nos últimos 2 mil anos, alcançando não apenas pessoas daquela região, como também de todo o mundo.
Violentados e Proibidos de Pregar
Mesmo após o conselho do respeitado Gamaliel, eles chamaram e, em seguida, açoitaram os apóstolos. Não bastasse a humilhação, aprisionamento injusto, era preciso usar de violência. Esse castigo era 40 chibatadas menos uma (Dt 25.1-3; 2 Co 11.24). Parece que o uso dessa força foi mais severo do que o encarceramento e ameaças anteriores (At 4.21). Jesus já havia falado sobre esse tipo de perseguição que os discípulos podiam esperar: “Mas, antes de todas essas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por amor do meu nome” (Lc 21.12).
Então, eles são proibidos pelo conselho de continuar com a sua missão. O mundo sempre tentará parar a missão da igreja. Nesse caso, ele está cegando o sistema religioso da época, que eram “corretos” por fora, porém podres por dentro, para não verem que aquele movimento era de Deus. Jesus disse que o Senhor havia cegado os olhos e endurecido o coração desse povo em razão de sua incredulidade, como afirmou o profeta Isaías (Jo 12.39,40). Hoje em dia, Satanás utiliza-se de variadas formas para tentar parar o avanço da Igreja, como, por exemplo, o liberalismo teológico, as heresias dentro da igreja, que vão contra a suficiência das Escrituras, o secularismo, o ateísmo, além de leis mais rígidas que dificultam os cultos públicos, entre outros. Mas nada disso poderá deter a Igreja do Senhor (Mt 16.18).
Alegres por Sofrerem por Cristo
Mesmo com toda aquela afronta, injustiça e violência, a Palavra diz no versículo 41 de Atos 5: “Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus”. Naquele momento, a bem-aventurança que Jesus falou estava sendo cumprida na vida dos apóstolos. No Sermão do Monte, Jesus havia dito:
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.8
Certamente, aqueles seguidores de Jesus lembraram-se das palavras de seu Mestre e podiam alegrar-se por passar por essas afrontas pelo nome de Cristo. Eles foram “honrados com a desonra”. O escritor César Moisés Carvalho comenta:
O fato é que naquele momento histórico, tanto nos dias de Jesus quanto da igreja do primeiro século, haveria perseguição para quem se dispusesse a viver de acordo com a justiça do Reino, ou seja, para todos que passassem a seguir ao Senhor. Não seriam louvados, antes, injuriados, perseguidos e caluniados. No entanto, os discípulos deveriam se alegrar, pois há uma grande recompensa para eles diante de Deus e, ainda mais, no contexto judaico havia ainda uma das maiores honras para um judeu que era identificar-se com os profetas veterotestamentários. Um grande contraste com os nossos dias quando se quer, a todo custo, evitar todo tipo de oposição à fé, criando até leis que favoreçam os que dizem seguir a Jesus, mas não querem pagar preço algum por suas convicções cristãs e, consequentemente, por representar Deus na face da Terra [...], esse foi o problema de Israel.9
Muito pertinente o que o pastor César Moisés Carvalho coloca de que hoje o cristão não pode, de forma alguma, sofrer por seguir sua convicção religiosa. Muitos evangélicos ficaram chocados e revoltados por causa de uma cena no desfile do Carnaval do ano de 2019 no Rio de Janeiro, na qual uma Escola de Samba retratou o Diabo batendo e derrotando Jesus, o que causou um grande alvoroço. É claro que também não gostei — o que, aliás, só vi porque os crentes estavam expondo aquilo. Mas, de fato, não fiquei surpreso que algo daquela natureza pudesse sair daquele meio dominado por Satanás. Mas o que esperávamos?! Que aquelas pessoas sem moral, pudor e entregues à concupiscência da carne viessem na avenida cantando um hino da Harpa Cristã e pregando Cristo?! Mas é claro que não! O mundo jaz no maligno (1 Jo 5.19). Aquele lá não era mesmo meu Jesus retratado, pois Ele é vencedor desde sempre! (Lc 1.33).
O que me espantou da reação dos evangélicos era a noção de que não podem, de forma alguma, serem afrontados em suas crenças, receber qualquer oposição à fé, quando Jesus disse que seríamos odiados pelo mundo (Mt 24.9). Por que não fazem uma reação tão forte ao todo do Carnaval quando tudo ali, com aquela sensualidade depravada, causa tantos males às pessoas, caracterizando-se uma aberração. É como dizer que não passaram dos limites antes, que, até então, aguentamos tudo, mas que agora foi longe demais! Tem algo de estranho nesse contexto aí. Precisamos saber que não podemos esperar coisa boa do sistema corrompido deste século. O que devemos fazer é orar e pregar a essas pessoas para a salvação e libertação delas e nunca esperarmos ser amados por elas, pois: “É necessário que em meio a muitas aflições ingressemos no Reino de Deus!” (At 14.22, Bíblia King James Atualizada).
A Obra não Cessou
E aquela perseguição, aprisionamento, açoites, afrontas e proibição não foram suficientes para deter a obra de Deus naquele primeiro século da Igreja. O versículo 42 diz que: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo”. Eles não podiam sequer cogitar a ideia de parar a missão que lhes foi dada pelo Senhor Deus. Embora tendo sofrido tudo aquilo, os discípulos alegraram-se por acharem-se dignos de levar à frente a missão iniciada por seu Mestre e Senhor.
Era isso que as autoridades romanas que, mais tarde, condenaram mártires aos leões não conseguiam entender. É isso que jamais será entendido por aqueles que imaginam que a pregação do evangelho e o compromisso de viver a plenitude dele é um movimento como outro qualquer, e que as leis, punições e ameaças bastam para acabar com isso.10
No final, Gamaliel estava certo: essa obra era de Deus, e ninguém podia pará-la. E ainda podemos crer nisso hoje! Apesar das novas oposições que a Igreja atravessa, ninguém poderá deter a expansão do Reino de Deus na terra.
*Adquira o livro do trimestre. PESCH, Henrique. Poder Cura e Salvação: O Espírito Santo Agindo na Igreja em Atos. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens