Lição
09
O PROFETA HABACUQUE E A SOBERANIA DIVINA
SOBRE AS NAÇÕES
02
de dezembro de 2012
TEXTO
ÁUREO
“Tu és tão puro de olhos, que não podes
ver o mal e a vexação não podes contemplar, por que, pois, olhas para os que
procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo
do que ele?” (Hc 1.13).
VERDADE
PRÁTICA
A fim de cumprir os seus planos Deus age soberanamente na vida de
todas as nações da terra.
COMENTÁRIO
DO TEXTO ÁUREO
“Tu és tão puro de olhos, que não podes
ver o mal e a vexação não podes contemplar, por que, pois, olhas para os que
procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo
do que ele?” (Hc 1.13).
O
contexto do
nosso texto áureo está em Habacuque capítulo 1º. Neste capítulo o profeta fala
sobre a iniquidade de Judá e seu castigo pelas mãos dos caldeus e no final está
a intercessão do profeta.
O nosso texto áureo especificamente
declara: “...não pode ver o mal” – essa
expressão não significa que Deus seja incapaz de perceber o mal, pois Ele a
tudo observa, Ele é onisciente, portanto, nada está oculto diante Dele.
O texto áureo aponta para a natureza justa
de Deus, Ele jamais contempla o mal para tolerá-lo ou apoiá-lo.
O que deixou o profeta Habacuque perplexo
foi o uso que Deus fez dos ímpios babilônicos. Tinha-se a impressão que Ele
tolerava o pecado dos caldeus, enquanto castigava Judá que, a despeito de todos
os seus pecados, não deixara de ser uma nação mais justa que os povos da
Mesopotâmia.
A invasão caldaica levou o profeta
Habacuque a uma profunda indagação sobre o problema do mal. Como Deus podia
permitir tal coisa? E clamava pela justiça divina diante de tanta iniqüidade.
Mas o profeta sabia que o SENHOR não
permitiria que os babilônicos aniquilassem a nação judaica, pois, mediante tal
destruição, estaria cancelando seu propósito redentor à humanidade.
RESUMO DA LIÇÃO 09
O PROFETA HABACUQUE E A
SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES
I. O LIVRO DE HABUCUQUE
1. Contexto histórico.
2. Vida pessoal.
3. Estrutura e mensagem.
II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
1. O clamor de Habacuque.
2. A descrição do
pecado.
3. O colapso da justiça social.
III. RESPOSTA DIVINA
1. O juízo divino e anunciado.
2. Os caldeus e a questão ética.
IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ
1. A esperança de
Habacuque.
2. A visão.
3. O justo viverá da fé.
INTERAÇÃO
“O justo viverá pela fé”. Esta sentença tornou-se uma das mais importantes
temáticas do Novo Testamento.
No judaísmo existem 613 mandamentos. Segundo a tradição da época de Jesus:- 248 mandamentos eram proibitivos (não farás) e cada
um se referia a cada órgão do corpo humano (de acordo com a medicina da época);- 365 mandamentos eram positivos (farás) e cada um
se referia a cada dia do ano lunar judaico. Os 613 mandamentos foram resumidos em 11
preceitos no Salmo, e foram resumidos em 6 preceitos pelo profeta Isaías, e
foram resumidos em 3 preceitos pelo profeta Miquéias, e foram resumidos em 2
preceitos pelo profeta Amós, finalmente em 1 preceito pelo profeta Habacuque
2.4. Os 613 mandamentos foram resumidos em 11
preceitos no Salmo 15: SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
1º preceito: Aquele que anda sinceramente, 2º: e
pratica a justiça, 3º: e fala
a verdade no seu coração. 4º: Aquele que não difama com a sua língua, 5º: nem
faz mal ao seu próximo, 6º: nem
aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo;
7º: A cujos olhos o réprobo é desprezado; 8º: mas
honra os que temem ao SENHOR; 9º: aquele
que jura com dano seu, e contudo não muda.
10º: Aquele que não dá o seu dinheiro com usura, 11º: nem
recebe peitas contra o inocente. Quem faz isto nunca será
abalado.
(Salmos 15.1-5) Os 11 preceitos no Salmo 15, foram resumidos em
6 preceitos pelo profeta Isaías:
1ª
preceito: O que anda em justiça, 2º: e o
que fala com retidão; 3º: o que
rejeita o ganho da opressão,
4º: o que
sacode das suas mãos todo o presente; 5º:o que
tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue 6º: e
fecha os seus olhos para não ver o mal. Isaías 33.15
Os 6 preceitos pelo profeta Isaías, foram resumidos
em 3 preceitos pelo profeta Miquéias: Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti,
1º preceito: senão que
pratiques a justiça, 2º: e ames
a misericórdia, 3º: e
andes humildemente com o teu Deus?
Miquéias 6:8
Os 3 preceitos pelo profeta Miquéias, foram
resumidos em 2 preceitos pelo profeta Amós:
1º
preceito: Buscai ao SENHOR, 2º: e
vivei, para que ele não irrompa na casa de José como um fogo, e a consuma,
e não haja em Betel quem o apague. (Amós 5.6-7). Os 2 preceitos pelo profeta Amós, foram
resumidos em 1 preceito pelo profeta Habacuque: “Eis que a
sua alma está orgulhosa, não é reta nele;
1 preceito: mas o justo pela sua fé
viverá”. (Habacuque
2.4).
E isto foi a base do evangelho ensinado por
Paulo em suas epístolas (Rm 1.27):
“Porque nele se descobre a justiça de
Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Romanos
1.17) Foi um dos lemas da Reforma Protestante.
O apóstolo Paulo é um dos que descrevem a graça de
Deus de maneira mais intensa e bela: “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus”
(Ef 2.8).
Tal perspectiva da graça de Deus foi precedida pelo
profeta Habacuque, quando ele declarou: “O
justo, pela sua fé, viverá” (2.4).
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Explicar
o contexto histórico, a estrutura e a mensagem do livro de Habacuque.
·
Compreender
a situação do país na época de Habacuque.
·
Mencionar
a resposta de Deus ministrada ao profeta.
ESBOÇO
DO LIVRO DO PROFETA HABACUQUE
O Interrogatório de Habacuque a Deus (1.2 — 2.20)
Questão:
Como Deus permite
que a ímpia Judá fique sem castigo (1.2-4).
Resposta: Mas
Deus usará a Babilônia para castigar Judá (1.5-11).
Questão:
Como Deus pode
usar uma nação mais ímpia que Judá como instrumento de juízo (1.12 — 2.1).
Resposta: Deus
também julgará Babilônia (2.2-20).
O Cântico de Habacuque (3.1-19)
Oração
de Habacuque por misericórdia divina (3.1,2).
O poder
do Senhor (3.1,2).
Os atos
salvíficos do Senhor (3.3-7).
A fé inabalável de Habacuque (3.16-19).
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
SOBERANIA:
Qualidade
ou condição de um soberano; autoridade; domínio; poder.
No
diálogo entre Habacuque e o Senhor, presenciamos uma singular beleza teológica
e literária. Ao
longo do livro de Habacuque, deparamo-nos com uma das mais notáveis declarações
doutrinárias: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). Este
oráculo fez-se tão notório, que se tornou uma das mais importantes temáticas, em o Novo Testamento
(Rm 1.17 cf. Gl 3.8). Séculos
mais tarde, inspirou Martinho Lutero a deflagrar a Reforma Protestante.
I. O LIVRO DE
HABACUQUE
1. Contexto histórico. Habacuque
é o nome do profeta autor do livro, seu nome significa “abraço”. Habacuque
exerceu o seu ministério quando os caldeus marchavam vitoriosamente pelo
Oriente Médio (1.6). Tal
marcha iniciou-se em 627 a.C.
e foi concluída com a vitória sobre Faraó Neco, do Egito, na Batalha de
Carquêmis, em 605 a.C.
(Jr 46.2). Tempo
em que, de fato, os caldeus tornaram-se um império pujante. Isso
mostra que o profeta era contemporâneo de Jeremias e Sofonias (Jr 1.1; Sf 1.1).
Ele
menciona ainda a opressão dos ímpios sobre os pobres e o colapso da justiça
nacional (1.2-4) e descreve também o cenário do reinado tirânico de Jeoaquim,
rei de Judá, entre 605 e 598 a.C.
(Jr 22.3,13-18).
2. Vida pessoal. Não
há informações, dentro ou fora do livro, sobre a vida pessoal de Habacuque. Apenas
temos a declaração de que ele é profeta (1.1), detalhe este também encontrado
em Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc 1.1). A
partir dessas poucas informações e pela finalização de seu livro (3.19), muitos
estudiosos entendem que Habacuque era um profeta bem aceito pela sociedade e —
há quem afirme — oriundo de família sacerdotal. A literatura rabínica apoia
essa ideia.
3. Estrutura e mensagem. No estudo passado, aprendemos que o termo “peso” indica
uma “sentença pesada e profecia”. A
exemplo do livro de Naum, esse oráculo foi revelado à Habacuque na forma de
visão (1.1). A
profecia divide-se em três capítulos: -
O primeiro denuncia a corrupção generalizada da nação e a consequente resposta
divina (1.2-17); -
o segundo, outra resposta do Eterno (2.1-20); -
e a terceira, a oração de Habacuque (3.1-19). O
oráculo divino, que possui a mesma estrutura dos Salmos, tem como principal
ênfase a fé. O
livro do profeta Habacuque é citado em três passagens do Novo Testamento:
Romanos 1.17; Gálatas 3.11 e Hebreus 10.38:
“Porque nele se descobre a justiça de
Deus de fé em fé,
como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Romanos
1.17)
“E é evidente que pela lei ninguém
será justificado diante de Deus,
porque o justo viverá da fé”. (Gálatas
3.11)
“Mas o justo viverá da fé; E, se ele
recuar,
a minha alma não tem prazer nele”. (Hebreus
10.38).
Os
mais expressivos textos que contrastam a salvação pela graça e a salvação pela
lei. Curiosamente,
é a única citação da palavra fé em todo o Antigo Testamento. Habacuque
discute o problema do mal, talvez um dos pontos mais difíceis com o qual a
teologia tem de lidar. Ao
ver a crueldade com que a Babilônia tratou Judá, o profeta se revoltou, fazendo
o seguinte questionamento: “por que um Deus tão bom, não interferia ou
demorava a intervir?”
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O
livro de Habacuque denuncia a corrupção generalizada da nação, descreve as
respostas divinas e apresenta a oração de Habacuque.
II. HABACUQUE E A
SITUAÇÃO DO PAÍS
1. O clamor de Habacuque. O
que ocorria em Judá ia de encontro ao conhecimento que Habacuque possuía a
respeito do Deus de Israel. Mas
como é possível Aquele que é justo e santo tolerar tamanha maldade? O
profeta expressa sua perplexidade na forma de lamentos: “Até quando, SENHOR[...]?” (1.2; Sl 13.1,2); “Porque[...]?” (1.3; Sl 22.1). Essas
perguntas indicam que, há tempos, Habacuque orava a Deus em busca de solução.
2. A descrição do pecado. Assim,
o profeta resume o quadro desolador do seu povo: iniquidade e vexação;
destruição e violência; contenda e litígio (1.3). A
Bíblia ARA (Almeida Revista e Atualizada) emprega o termo “opressão”. A
Bíblia TB (Tradução Brasileira) usa “perversidade” no lugar de “vexação”. A
estrutura poética nessa descrição revela a falência da justiça e o abuso
opressor das autoridades em relação aos pobres.
3. O colapso da justiça nacional. A
frouxidão da lei era consequência da corrupção generalizada. Na
esfera judiciária, a sentença não era pronunciada, ou quando dado o veredicto,
este sempre beneficiava os poderosos (1.4). A
sociedade sequer lembrava-se da lei. Esta
era o poder coercitivo para manter a ordem pública, garantir a segurança e os
direitos do cidadão (Dt 4.8; 17.18,19; 33.4; Js 1.8). Mas
a influência das autoridades piedosas não foi suficiente para mudar o estado
das coisas. Somente
o Senhor onipotente de Israel é quem pode fazer plena justiça.
SINOPSE DO TÓPICO
(II)
O
caos estabelecido em Judá era decorrente da corrupção generalizada e denunciada
pelo profeta Habacuque.
III. A RESPOSTA
DIVINA
1. O juízo divino é anunciado. Antes
de Habacuque perceber a gravidade da situação, Deus, que está no controle de
todas as coisas, apenas aguardava o tempo oportuno para agir e mostrar a razão
de sua intervenção. Tudo
estava nos planos do Senhor. O
profeta e todo o povo de Judá precisavam prestar mais atenção aos
acontecimentos mundiais, pois o Eterno realizaria, naqueles dias, uma obra que
eles não creriam, quando lhes fosse contada (1.5). Essa
obra era um novo império que Deus estava levantando no mundo. Não
obstante, esse oráculo também diz respeito à vinda do Messias (At 13.40,41).
2. Os caldeus e a questão ética (1.6). O império dos caldeus crescia e agigantava-se sob a
liderança do rei Nabucodonosor. Ele
estava a caminho de Jerusalém para invadir a província de Judá. No
entanto, Habacuque ficou desapontado com essa resposta. Como
um povo idólatra, sem ética e respeito aos direitos humanos, poderia castigar o
povo de Deus? Ele
pergunta: “por que, pois, olhas para os que procedem
aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que
ele?” (1.13). Trataria
o Senhor os filhos de Judá como os animais? (1.14). Permitiria
à Babilônia fazer o que desejasse com o povo? (1.15-17).
SINOPSE DO TÓPICO
(III)
A primeira resposta divina era o agigantamento dos caldeus a
caminho de Jerusalém para invadir a província de Judá.
IV. DEUS RESPONDE
PELA SEGUNDA VEZ
1. A espera de Habacuque. Sabedor
de que Deus lhe responderá, o profeta prepara-se para ser arguido por Deus.
Ele
se posiciona como uma sentinela — figura comumente empregada para descrever os
profetas bíblicos. Sua
função era ficar alerta para escutar a palavra de Deus e transmiti-la ao povo
(Is 21.8; Jr 6.17; Ez 3.17).
2. A visão. A
resposta divina veio ao profeta através de uma visão transmitida com agilidade
e nitidez, dispensando a necessidade de que alguém lesse e a interpretasse
(2.2), pois se tratava de uma mensagem que, apesar de futurística, era
claríssima: - A Babilônia
desaparecerá da terra para sempre!
‘E babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba
dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.
Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém
de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os
pastores ali farão deitar os seus rebanhos.
Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas
casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão os avestruzes, e os
sátiros pularão ali.
E os animais selvagens das ilhas uivarão em suas
casas vazias, como também os chacais nos seus palácios de prazer; pois bem
perto já vem chegando o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão.’
(Isaías 13.19-22)
-
No entanto, Judá, apesar do castigo, sobreviverá (Jr 30.11). O
desafio era crer na mensagem! Ainda que seu cumprimento tardasse, Deus é fiel
para cumprir a sua palavra (2.3; Jr 1.12). Assim
como naquele tempo, o mundo permanece no pecado por causa da incredulidade e
por isso não crê na pregação do Evangelho (Jo 9.41; 15.22; 16.9; 2 Co 4.4).
2. O justo viverá da fé. A
expressão “alma que se incha” (2.4)
refere-se ao orgulho dos caldeus (1.10; Is 13.19).
O
justo é aquele que crê no julgamento de Deus sobre a Babilônia (2.8). Ele
sobreviverá à devastação de Judá pelo exército de Nabucodonosor: “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4b). Mas
ao mesmo tempo é uma mensagem de profundo significado para a fé cristã (Rm
1.17; Gl 3.8; Hb 10.38). Em o Novo Testamento, o “justo” é quem,
proveniente de todas as nações, acolhe a mensagem do Evangelho e é justificado
pela fé em Jesus.
SINOPSE DO TÓPICO
(IV)
A
segunda resposta de Deus era que a Babilônia desapareceria para sempre. Mas
Judá, apesar de passar por um castigo doloroso, sobreviveria.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A
Palavra de Deus é suficiente para corrigir o caminho tortuoso de qualquer
pessoa. Apesar
de a resposta divina nem sempre ser o que esperamos, ela é sempre a melhor. Quem
não se lembra do fato ocorrido na vida de Naamã? (2 Rs 5.10-14). Isso
acontece porque os caminhos e os pensamentos de Deus são infinitamente mais
elevados que os nossos (Is 55.8,9). Vivamos,
pois, pela fé!
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
DANIEL, S. Habacuque: A
vitória da fé em meio ao caos. 1 ed., RJ: CPAD, 2005. ZUCK,
R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“O significado da fé em Habacuque.
Além de estar dizendo
claramente que os justos de Judá, apesar do sofrimento pelo qual passarão no
ataque caldeu, serão poupados (como aconteceu com Jeremias, Daniel e tanto
outros), o Senhor mostra ao profeta que sua compreensão concernente à vida
espiritual ainda era superficial. Ainda faltava a Habacuque considerar alguns
aspectos essenciais da vida com Deus. Sua Teologia ainda ignorava nuanças
vitais, e que agora são sintetizadas para o profeta em uma única frase: ‘O
justo viverá pela sua fé’. O justo não vive pelo que
vê, sente, percebe, imagina ou pensa, mas pela fé. ‘Porque andamos por fé e não
por vista’ (2 Co 5.7). Não que essas coisas não sirvam, vez por outra, para
alimentar a nossa fé, mas não podem ser considerados fundamentos para ela.
Nossa fé está fundamentada no próprio Deus, em sua Palavra. O
justo está baseado nela” (DANIEL, S. Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos. 1 ed. RJ: CPAD, 2005, p.90).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Habacuque: A soberania divina sobre as
nações
Habacuque exerceu seu
ministério nos dias de Josias, rei de Judá. Nos dias de Manassés, avô de
Josias, a corrupção moral e espiritual atingiu níveis jamais vistos. Josias,
anos depois de Manassés, trouxe reformas substanciais à vida dos hebreus, mas
seus esforços não tiveram êxito completo no sentido de destituir as coisas
ruins com que a nação se acostumou. Os juízes, que deveriam julgar de acordo
com os preceitos da lei de Deus, eram corruptos, e julgavam conforme os
subornos que recebiam. Os homens perversos eram bem-sucedidos em seus intentos,
tornando a prática da justiça algo risível. Como viver em um estado onde a
impiedade era a regra?
O profeta defronta-se com
duas questões: porque Deus não pune os pecados de Judá? Para essa primeira
questão, Deus mostra a Hacacuque que os babilônios iriam punir Judá. Aqui entra
a segunda questão: porque Ele permitiria que um povo ímpio fosse responsável
por julgar a Israel? Para a segunda questão, Deus mostra que os assírios, mesmo
ímpios, trariam o julgamento de Deus, mas depois eles mesmos seriam julgados
por seus pecados. “Habacuque, ao rogar a Deus por uma explicação do porquê Ele
permitira que o iníquo pecasse e o inocente sofresse, recebe a resposta. Na
época, Deus estava preparando os babilônios para ingressarem no rol das potências
mundiais. O Senhor usaria as forças armadas desses pagãos para que o seu
próprio povo fosse punido. Habacuque entendeu o plano de Deus, pois o uso de
nações inimigas para disciplinar Israel e Judá era um precedente bem
arquitetado” (Guia do Leitor da Bíblia. CPAD, pg.560).
Mas vemos em Habacuque
outra situação que nos leva a pensar. Se os babilônios eram um povo que não
conhecia a Deus, eles, como um povo “injusto”, julgariam a Israel e Judá,
nações que conheciam a Deus e poderiam ser consideradas justas? O profeta então
percebe que a questão não se refere a um povo mau julgando o povo do Senhor, e
sim que ninguém pode evitar a disciplina do Senhor, quer seja um povo bom, quer
seja um povo mau. Deus sabe como tratar com todos.
Deus não permite a injustiça entre seu próprio povo. Ele é
juiz e julga até mesmo os seus, para que o seu nome não seja blasfemado. E
castiga os pagãos também, quando eles pecam. E mesmo aqueles que temem a Deus
devem confiar nEle quando Ele julgar os que são chamados pelo seu nome. O povo
de Deus deve ser o primeiro a se arrepender de seus pecados, para não atrair a
ira divina.