sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


Lição 10

O PROFETA SOFONIAS E O

JUÍZO VINDOURO  

08 de dezembro de 2012  

TEXTO ÁUREO


 

Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios,
 que, se possível fora, enganariam até os  escolhidos (Mt 24.24).  

VERDADE PRÁTICA 


No juízo vindouro, Deus há de julgar todos os moradores da terra,
 de acordo com as obras de cada um.  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO  


Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios,
 que, se possível fora, enganariam até os escolhidos (Mt 24.24).

 

O contexto do nosso texto áureo está em Mateus 24, “O Sermão Profético, O Princípio das Dores”. Nos versículos 1 a 3, o Senhor Jesus saiu do Templo em Jerusalém e vai ao Monte das Oliveiras e ao ser questionado pelos seus discípulos sobre o que aconteceria antes da sua vinda e do fim do mundo (Mt 24.3-4), Ele respondeu: “...Acautelai-vos, que ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo: e enganarão a muitos”.

A cada dia, fica mais difícil contestar ensinamentos falsos porque uma grande parte das pessoas já os aceita como verdadeiros. Esse duplo sinal: aumento de enganadores (Mc 13.22; 2 Pe 2.1-2) e proliferação de seguidores do erro,  inclusive entre os crentes (“amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências”, 2 Tm 4.3), indica que o Senhor Jesus virá em breve buscar a sua igreja.

Depois do Arrebatamento, entrarão em cena o Anticristo e o Falso Profeta (AP 13). Mas, nesses últimos dias, já há precursores desses líderes do mal: Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos; por onde conhecemos que é já a última hora (1 Jo 2.18).

O idoso apóstolo João declara que “já é a última hora”, frase que ocorre somente nesta passagem de todo o Novo Testamento, mas que se assemelha as expressões: “último dia” ou “últimos dias”, ou “o início das dores”, conforme Mateus 24.7-8: Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores”. Com essas palavras, em minha opinião, o Senhor Jesus descreve o tempo imediatamente anterior ao Arrebatamento, que prenuncia e introduz a época da Tribulação. Importante ressaltar que a Confissão de Fé das Assembleias de Deus no Brasil declara: “CREMOS: Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16. 17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5 e Jd 14)”. Grifo nosso.

As expressões “último dia” ou “últimos dias”, nos escritos de João indica um período, esse período está sendo vivenciado desde a igreja primitiva, mas que a cada momento mais se aproxima de seu clímax, que ocorrerá depois da volta do Senhor nas nuvens para arrebatar a sua Igreja, é a “grande tribulação”.

A Bíblia diz em 2 Tessalonicenses 2.3-13: Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,
O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade. Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;”
(Grifo nosso).

Segundo o apóstolo Paulo, existe algo que resiste a materialização imediata do anticristo, o filho da perdição, nós membros da Assembleia de Deus, compreendemos que está em foco o Espírito Santo, presente na Igreja, Senhor e Guia da Igreja, Ele é o poder refreador do anticristo.

Mas com o arrebatamento da Igreja pela ação do Espírito Santo, nada mais há para impedir que: “...se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.3-4).  Portanto, com o arrebatamento da Igreja, pelo poder do Espírito Santo, haverá a manifestação do homem do pecado, o anticristo e a grande tribulação.

Quando o Espírito Santo arrebatar a Igreja para encontrar Cristo nos ares, então o imenso dilúvio de depravação e perversidade tomará conta do globo terrestre inteiro, transformando a existência humana num autêntico inferno, é a grande tribulação que há de assolar os moradores da terra. Portanto o Espírito Santo é o único que pode reter a maré gigantesca da iniqüidade: E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado;” (2 Ts 2.6-7).

Antes da “grande Tribulação” ou “grande aflição”, teremos o “princípio das dores” (Mt 24.4-8). Dessa forma, o tempo da Tribulação está cada vez mais próximo do nosso mundo. Portanto, aproxima-se também o momento do Arrebatamento (que se dará antes da Tribulação).

A expressão “último dia” para o judaísmo indicava o tempo imediato antes do advento do Messias. No cristianismo indica o tempo de crise que precederá a segunda volta de Cristo, mas não o clímax dela que é “grande tribulação”, a “ira futura”, já que não cremos que a igreja sofrerá tal ira, ou seja, a grande tribulação: “E esperar do céu a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Ts 1. 10). Grifo nosso.

“Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim. Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda)...” (vv.9-15).

Esse texto descreve a primeira metade da Grande Tribulação, e essas características perdurarão até seu final. Nessa ocasião o Arrebatamento da Igreja já terá acontecido, pois está escrito que “...aquele que perseverar até o fim, será salvo”. Isso quer dizer: quem ainda estiver sobre a terra, terá de perseverar até o fim da Tribulação ou morrerá como mártir. Isso não pode se referir à Igreja, pois na época de Mateus 24-25 ela ainda era um mistério, não sendo mencionada nesses capítulos. Somente dois dias após proferir Seu Sermão Profético Jesus falou dela a Seus discípulos (veja Jo 14.2-3).

“Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros” (vv.9-10). A aliança de Israel com o Anticristo e o último ditador mundial provavelmente será firmada nesse momento, quando então começará a perseguição daqueles que não aderirem a esse acordo.

“Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos”. Agora se chega a mais um patamar de engano e sedução (veja o v.4). É a segunda onda de enganos nos tempos finais. O fator desencadeante poderia ser o recém-sucedido Arrebatamento da Igreja. Esse engano consistirá da humanidade toda unindo-se numa única comunidade mundial. Haverá uma indescritível solidariedade entre os homens sob o poderio do Anticristo, que provavelmente conduzirá a um governo mundial único, a uma unificação política e religiosa. Tratar-se-á, assim, sem dúvida, do cumprimento de Apocalipse 3.10: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra”.

“E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mt 24.12). As leis serão mudadas, a Lei de Deus será completamente ignorada, a Bíblia será rejeitada e a conseqüência será uma apostasia indescritível.

“Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (v.13). Aqui trata-se daqueles que se converterem durante a Tribulação e que perseverarem na fé até seu fim.

“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações...” (v.14). Nada nem ninguém pode barrar essa marcha vitoriosa do Evangelho de Jesus. Por mais de dois mil anos não foi possível impedi-lo de se espalhar, e isso também não acontecerá no tempo da Tribulação. O Evangelho foi rejeitado, odiado e combatido, mas mesmo na segunda metade da Tribulação ele será proclamado até a volta de Jesus em glória.

“...Então, virá o fim” (v.14). O termo “o fim” significa provavelmente as últimas e mais fortes dores de parto antes que a nova vida irrompa e Jesus volte

“Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo...” (v.15). Aqui é descrita a metade dos sete últimos anos e o fator desencadeante dos últimos três anos e meio. O abominável da desolação consistirá do Anticristo se assentando no novo templo reconstruído em Jerusalém:  “..., e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”  (2 Ts 2.3-4).

“Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mt 24.21-22). Esse período da história mundial será tão terrível como jamais houve na terra, incomparável em sua magnitude, a maior angústia já experimentada pelos homens. Se ele não fosse abreviado, ou seja, limitado a três anos e meio, ninguém iria sobreviver. Romanos 9.28 faz alusão a um juízo executado de forma intensa: “Pois o Senhor executará na terra a sua sentença, rápida e definitivamente” (NVI).

Finalmente o nosso texto áureo: Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos (Mt 24.24). Na segunda metade dos sete anos de Tribulação haverá uma terceira e última onda de engano. Comparado às duas ondas anteriores, dessa vez o engano virá acompanhado de milagres e sinais. Isso levará a um completo endemoninhamento da humanidade. Apocalipse 13.13 diz: “Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens.” Três capítulos adiante, lemos:“porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso... Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom” (Ap 16.14,16).

Portanto, o capítulo 24 de Mateus, onde está inserido nosso texto áureo é a continuação do sermão sobre a grande tribulação, Jesus trata de sinais que ocorrerão antes e durante a grande tribulação (as expressões “grande aflição”, de Mt 24.21, e “grande tribulação”, de Ap 7.14, são idênticas no grego). Tais sinais indicam que o fim dos tempos está muito próximo.  

RESUMO DA LIÇÃO 10  


O PROFETA SOFONIAS E O JUÍZO VINDOURO  

I. O LIVRO DE SOFONIAS

1. Contexto histórico.

2. Genealogia.

3. Estrutura e mensagem.  

II. O JUÍZO VINDOURO

1. Toda a face da terra será consumida (v.2)

2. A linguagem de Sofonias.

3. Descrição detalhada.  

III. OBJETIVO DO LIVRO

1. Sincretismo dos sacerdotes.

2. Sincretismo do povo.

3.- Modismo do povo e a violência dos príncipes.  

IV. “O DIA DO SENHOR”

1. Significado bíblico.

2. O sacrifício e seus convidados.

INTERAÇÃO
Se Deus é bom, por que Ele castigará algumas pessoas eternamente? Esta é a indagação de muitos. Nas Escrituras, Deus é descrito como o justo juiz. No Antigo Testamento Ele pronunciou juízos contra Israel e outras nações. Em o Novo Testamento o Altíssimo julgou Ananias e Safira (At 5.1-11). E no fim dessa era o Eterno, através de seu Filho, julgará todos os homens da terra, de acordo com as obras de cada um. Esses fatos demonstram um Deus que ama o bem e odeia o mal. Isso mesmo! A justiça de Deus é uma resposta retumbante contra o mal criado pelo Diabo e praticado pelos homens. O Dia do Senhor vem! 


OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar a estrutura e a mensagem do livro de Sofonias.

·   Compreender a linguagem predominante no livro de Sofonias.

·   Saber que juízo de Deus é uma doutrina bíblica irrevogável.  

ESBOÇO DO LIVRO DO PROFETA SOFONIAS  


Introdução .....................................................................................................(1.1) 

Silêncio! O Temível Dia do Senhor ............................................ (1.2 — 2.3)

•    O julgamento do Senhor .............................................................. (1.2,3)

•    O julgamento contra Judá ......................................................... (1.4-18)

•    A Chamada para o Arrependimento ........................................... (2.1-3) 

Profecias contra as Nações .............................................................. (2.4-15)

•    Os filisteus ................................................................................. (vv.4-7)

•    Os amonitas e moabitas ........................................................... (vv.8-11)

•    Os etíopes ...................................................................................... (v.12)

•    Os assírios ................................................................................ (vv.13,15) 

Julgamento de Jerusalém .................................................................. (3.1-8)

•    Os pecados de Jerusalém ........................................................... (vv.1-4)

•    A justiça divina contra Jerusalém .............................................. (vv.5-7)

•    Julgamento de toda terra ................................................................ (v.8)

Salvação e o Dia do Senhor ...................................................................... (3.9-20)

•    O remanescente restaurado e Jerusalém purificada ............... (vv.9-13)

•    A alegria do povo com Deus ..................................................... (vv.14-17)

•    Promessas a respeito da restauração final .............................. (vv.18-20)
 

COMENTÁRIO  


introdução  

Palavra Chave

Juízo: Ato, processo ou efeito de julgar; julgamento.  

Nesta lição, estudaremos o oráculo de Sofonias. Ele se destaca pela intrepidez do juízo divino contra Judá e os gentios. O profeta anuncia o julgamento universal descrito como a reação de Deus aos pecados cometidos pelos moradores de toda a terra. Sofonias, porém, aborda o julgamento divino numa perspectiva escatológica de restauração.  

1. O LIVRO DE SOFONIAS  

1. Contexto histórico. Sofonias exerceu o seu ministério “nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá” (v.1). Josias reinou entre 640 e 609 a.C. A reforma religiosa do rei de Judá aconteceu em 621 a.C, “no ano décimo oitavo” do seu reinado (2 Rs 22.3). Quando ocorreu a reforma, Jeremias exercia o ofício de profeta há cinco anos. O seu chamado deu-se “no décimo terceiro ano do [...] reinado” de Josias (Jr 1.2). Esse período corresponde a 627 a.C. É possível que, na reforma, o rei fora encorajado por esses profetas. Evidências internas apontam para um tempo de pré-reforma em Judá, denunciando os desmandos dos reis Manassés e Amom                     (2 Rs 21.16-24). 
2. Genealogia. É comum a menção do nome paterno nos livros dos profetas. Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias, Joel e Jonas, trazem essa informação. Sofonias, porém, descreve a sua genealogia: “Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias” (v.1). A citação do nome do pai estabelecia o direito tanto à herança quanto à posição social ou aquisição de poder. A ausência de paternidade demonstra que tal profeta não adveio de família tradicional. Sofonias era trineto de Ezequias, que também fora rei de Judá. Isso lhe garantia livre acesso no governo real, bem como noutros segmentos da sociedade. 
3. Estrutura e mensagem. Os meios de comunicação dos oráculos divinos aos profetas eram a palavra e a visão. Os porta-vozes do Eterno deixam isso claro no prólogo de seus livros (v.1a). O estilo poético predomina em todo o livro de Sofonias. O oráculo está organizado em três partes principais: - a primeira anuncia o juízo contra as nações da terra, incluindo Judá (1.1-2.3). - a segunda especifica os povos nesse julgamento global — Filístia, Moabe, Amom, Etiópia e Assíria (2.4-15). - e a terceira parte trata do castigo de Jerusalém e da restauração dos remanescentes fiéis (3.1-20). O tema do “Dia do Senhor” ocupa todo o oráculo divino.  

SINOPSE DO TÓPICO (I)  

O livro de Sofonias apresenta juízo divino contra as nações e Judá; o julgamento global;
 o castigo de Jerusalém e a restauração do remanescente fiel.  

II. O JUÍZO VINDOURO  

1. Toda a face da terra será consumida (v.2). Após o dilúvio, Deus prometeu não mais destruir a terra com água (Gn 9.11-16). Desde então, a palavra profética anunciou o juízo vindouro pela destruição através do fogo (1.18; 3.8; Jl 2.3; 2 Pe 3.7; Ap 16.8). A declaração “inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra” (v.2) refere-se à tragédia global referida em 3.6-8. Note que a expressão “face da terra” é igualmente usada no anúncio da tragédia do dilúvio (Gn 6.7; 7.4). 
2. A linguagem de Sofonias. A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste em dar à sua significação uma ênfase exagerada. Ela, porém, aparece na Bíblia e, por isso, alguns expositores veterotestamentários defendem o uso de uma linguagem hiperbólica para o livro de Sofonias. Eles consideram forte demais a descrição do aniquilamento natural de aves, peixes, animais, seres humanos, nações e cidades (1.3; 3.6). 
3. Descrição detalhada. É verdade que na Bíblia há o emprego de hipérbole (Mt 11.23; Jo 12.19, etc). Mas não é o caso, aqui, em Sofonias! A descrição “os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar” (v.3) representa o reverso da criação registrada em Gênesis (1.20-26). Ela corresponde à destruição universal e literal da criação (Ap 16.1-21). O dilúvio, por exemplo, foi literal e global, mas a família cie Noé foi salva (1 Pe 3.20), assim como os filhos de Israel foram poupados das pragas do Egito (Êx 9.4; 10.23; Nm 3.13).  

SINOPSE DO TÓPICO (II) 

A proclamação do juízo vindouro é o anúncio da tragédia global descrita em Sofonias 3.6-8. 
 

III. OBJETIVO DO LIVRO  

1. Sincretismo dos sacerdotes. A expressão “quemarins com os sacerdotes” (v.4) aponta para o sincretismo da religião de Israel com o paganismo. “Quemarins” é o plural do hebraico komer usado para “sacerdote pagão” e aparece apenas três vezes no Antigo Testamento (2 Rs 23.5; Os 10.5). Apesar da origem levítica, os sacerdotes estavam envolvidos no sincretismo religioso pagão. 
2. Sincretismo do povo. Sabeísmo é a prática pagã dos sabeus; o povo da rainha de Sabá. Seu culto resumia-se na prática de adivinhação e na astrologia. Judá envolveu-se nesse tipo de paganismo (2 Rs 23.5; Jr 8.2; 19.13). Malcã ou Milcom (ARA e TB), ou ainda Moloque (NVI), era o deus nacional dos amonitas (1 Rs 11.5-7). Sofonias denunciou o povo por adorar a Jeová numa cerimônia comum com essa asquerosa divindade (v.5). Isso exemplifica a realidade do ritual sincrético no meio do povo escolhido. 
3. O modismo do povo e a violência dos príncipes. Não havia nada de errado em alguém vestir a roupa do estrangeiro. O problema da “vestidura estranha” (v.8) era o compromisso religioso de tal indumentária com o paganismo (2 Rs 10.22). Os príncipes de Judá, provavelmente filhos de Manassés ou Amom (pois Josias era bem novo para ter filhos nessa idade), serão duramente castigados por causa da violência e do engano (v.9). O objetivo do castigo divino é exterminar o baalismo, o sincretismo, as práticas divinatórias e as injustiças sociais.  

SINOPSE DO TÓPICO (III)  

O objetivo do livro de Sofonias é anunciar o juízo de Deus sobre as nações e as mazelas sociais e religiosas praticadas pela humanidade.  

IV. “O DIA DO SENHOR”  

1. Significado bíblico. O termo hebraico para “dia” é yom, que pode ser “dia” no sentido literal (Jó 3.3) ou período de tempo (Gn 2.4). Assim, “o dia do SENHOR” (v.7) ou as fraseologias similares “dia da ira do SENHOR” (2.2,3) e “naquele dia” (1.10), indicam o período reservado por Deus para o acerto de contas com todos os moradores da terra (Is 13.6,9; Ez 13.5; Jl 1.15; 2.1). Esse período também é chamado de Grande Tribulação (Ap 7.14). O julgamento de Judá e das nações vizinhas é o prenúncio do juízo vindouro. 
2. O sacrifício e seus convidados. A profecia afirma que Jeová “preparou o sacrifício e santificou os seus convidados” (v.7). Aqui, essa sentença é chamada de “sacrifício”, uma metáfora usada pelos profetas para indicar o juízo (Is 34.6; Jr 46.10; Ez 39.17-20). O verbo hebraico para “santificar” é qadash, cuja ideia básica consiste em “separar, retirar do uso comum” (Lv 10.10). Assim, os babilônios foram separados por Deus para a execução da ira divina sobre o povo de Judá (v.10).  

SINOPSE DO TÓPICO (IV) 

A expressão o “Dia do Senhor” indica o período para o acerto de contas entre Deus e todos os moradores da terra. Esse período é chamado também de Grande Tribulação.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

O juízo vindouro não é assunto descartável. Os profetas trataram dele, bem como o Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos. Fica aqui um alerta para os promotores da teologia da prosperidade (Fp 3.19-21). Infelizmente, entre muitos cristãos, os assuntos escatológicos são motivos de chacotas e risos. No entanto, Deus não se deixa escarnecer. O seu juízo é certo e verdadeiro e virá sobre todos os que praticam a iniquidade.  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  


Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009. MACARTHUR JR., J. A Segunda Vinda. 1 ed., RJ: CPAD, 2008. SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO  


Subsídio Teológico 
“[O Juízo Final]
Não há ninguém na Escritura que possa dizer mais sobre isso do que o Senhor Jesus. Ele advertiu repetidamente a respeito do iminente julgamento dos que não se arrependem (Lc 13.3,5). Ele falou muito mais sobre o inferno do que sobre o céu, usando sempre os termos mais nítidos e perturbadores. A maior parte do que sabemos sobre o destino eterno dos pecadores veio dos lábios do Salvador. E nenhuma das descrições bíblicas do juízo é mais severa ou mais intensa do que aquelas feitas por Jesus. No entanto, Ele sempre falou sobre essas coisas usando os tons mais ternos e compassivos. Ele sempre insiste para que os pecadores abandonem os seus pecados, reconciliem-se com Deus, e se refugiem nEle para que não entrem em julgamento. Melhor do que qualquer outro, Cristo conhecia o elevado preço do pecado e a severidade da cólera divina contra o pecador, pois iria suportar toda a força dessa cólera em benefício daqueles que redimiu. Portanto, ao falar sobre essas coisas, Ele sempre usou a maior empatia e a menor hostilidade” (MACARTHUR JR., J. A Segunda Vinda. 1 ed., RJ: CPAD, 2008, p.180).  

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO 


Sofonias: O Juízo vindouro  

O nome Sofonias significa “o Senhor esconde”. Esse profeta é identificado como sendo descendente de Ezequias. Estudiosos do Antigo Testamento acreditam que esse Ezequias foi o rei que governara Judá aproximadamente setenta e cinco anos antes. Portanto, podemos entender por esses dados que Sofonias tinha acesso à Corte e conhecia o sistema religioso de seus dias. Seu ministério durou de 640-609 a.C, um período histórico em que a Assíria estava em declínio e a Babilônia estava crescendo no cenário internacional. Nesse mesmo período, em Judá, o reino havia se enfraquecido por causa da administração de Manassés, um rei que “fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel” (2 Cr 33.9). A Bíblia diz que Manassés foi preso e levado algemado para a Babilônia, e que lá, arrependeu-se dos males que tinha feito: “fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus” (2 Cr 33.13). Apesar dessa conversão de Manassés ao Senhor, o povo não o acompanhou nessa mudança. Sofonias profetiza, então, para advertir ao povo que o julgamento de Deus estava para vir. Ele também deixou claro que a nação seria purificada por Deus, que haveria de habitar entre eles. De forma intrigante, Sofonias começa sua profecia com um lamento, mas termina com um cântico de alegria. Sofonias fala do dia do Senhor. Sua descrição não é da manifestação do Messias, e sim da ira de Deus. Joel (2.31) e Malaquias (4.5) também trata desse tema, e não é por acaso. Sofonias apresenta os pecados que o povo praticava; eles adoravam a Baal, uma divindade cananita; adoravam os elementos da natureza, o sol e a lua, e também as estrelas, desprezando o Criador; eles misturavam a adoração a Deus com a adoração a outras “divindades”; aos poucos, foram abandonando o culto ao Senhor e, finalmente, manifestaram um claro descaso para com a obediência dos preceitos divinos. Seu ministério profético foi exercido nos dias do rei Josias, um homem que se esforçou muito para que o seu povo se tornasse para Deus. Josias aproveitou o breve momento de baixa ingerência de nações inimigas e buscou um avivamento espiritual, a fim de que o povo mudasse de atitudes e se voltasse para o Senhor, o que só aconteceu depois do exílio de Judá.

 

 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição 10 Sofonias- O impacto do juízo vindouro

    TEXTO ÁUREO “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mt 24.21).

    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE SOFONIAS
    II. O JUÍZO VINDOURO
    III. OBJETIVO DO LIVRO
    IV. “O DIA DO SENHOR”

    CONCLUSÃO

    O JULGAMENTO DAS OVELHAS E DOS BODES


    John Macarthur Jr.

    Tudo no Sermão do Monte caminha em direção a um juízo final, e os temas desse juízo, envolvendo a separação dos crentes dos não-crentes, estão presentes em todo o sermão. Vimos anteriormente que todas as três parábolas desse sermão contêm símbolos gráficos do juízo que está próximo. E o grande tema dominante de todo o sermão ― o repentino aparecimento de Jesus Cristo ― é continuamente retratado como sendo o supremo acontecimento que irá precipitar e sinalizar a chegada de um juízo maciço e catastrófico. Agora Cristo nos dá uma poderosa descrição desse juízo:

    E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 
    – Mateus 25.31-33

    Não há ninguém na Escritura que possa dizer mais sobre isso do que o Senhor Jesus. Ele advertiu repetidamente a respeito do iminente julgamento dos que não se arrependem (Lc 13.3,5). Ele falou muito mais sobre o inferno do que sobre o céu, usando sempre os termos mais nítidos e perturbadores. A maior parte do que sabemos sobre o destino eterno dos pecadores veio dos lábios do Salvador. E nenhuma das descrições bíblicas do juízo é mais severa ou mais intensa do que aquelas feitas por Jesus.

    No entanto, Ele sempre falou sobre essas coisas usando os tons mais ternos e compassivos. Ele sempre insiste para que os pecadores abandonem os seus pecados, reconcialiem-se com Deus, e se refugiem nEle para que não entrem em julgamento. Melhor do que qualquer outro, Cristo conhecia o elevado preço do pecado e a severidade da cólera divina contra o pecador, pois iria suportar toda a força dessa cólera em benefício daqueles que redimiu.
    Portanto, ao falar sobre essas coisas, Ele sempre usou a maior empatia e a menor hostilidade. E até chorou quando olhou para Jerusalém sabendo que a cidade, e toda a nação de Israel, iria rejeitá-lo como seu Messias e, em breve, sofreria uma destruição total.
    E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah!
    Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas, te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação. – Lucas 19.41-44

    Em um importante sentido, todo o Sermão do Monte representa uma simples expansão desse apelo compassivo. Começando no mesmo ponto de partida ―um lamento sobre a iminente destruição de Jerusalém― Cristo simplesmente amplia a sua perspectiva e transmite aos discípulos um extenso apelo que inclui desde o futuro escatológico até o momento do seu retorno e do juízo que o acompanhará. Portanto, esse mesmo espírito que inspirou o pranto de Cristo sobre a cidade de Jerusalém, permeia e dá um colorido a todo o Sermão do Monte. E Mateus, que estava presente e ouviu em primeira mão, registrou tudo isso no seu Evangelho, que é como um farol para todos os pecadores, em todos os tempos. Trata-se do último e terno apelo do Senhor para o arrependimento, antes que seja tarde demais.
    Examinando esse sermão também vemos que todos os vários apelos de Jesus para sermos fiéis e todas as suas advertências para estarmos preparados ficam reduzidos a isso: eles representam um compassivo convite para nos arrependermos e crermos. Ele está nos prevenindo de que devemos nos preparar para a sua vinda porque, quando retornar, Ele trará o Juízo Final. E, ao concluir o seu sermão, Ele descreve detalhadamente esse juízo.

    Essa parte remanescente do Sermão do Monte transmite uma das mais severas e solenes advertências sobre o juízo em toda a Escritura. Cristo, o Grande Pastor, será o Juiz, e irá separar suas ovelhas dos bodes. Estas palavras de Cristo não foram registradas em nenhum dos outros Evangelhos. Mas Mateus, pretendendo retratar Cristo como Rei, mostra-o aqui sentado no seu trono terreno. Na verdade, esse juízo será o primeiro ato depois do seu glorioso retorno à Terra, sugerindo que esta será a sua primeira atividade como governante da Terra (cf. Sl 2.8-12). Esse evento inaugura, portanto, o Reino Milenial, e é distinto do juízo do Grande Trono Branco descrito em Apocalipse 20, que ocorre depois que a era milenial chega ao fim. Nesse caso, Cristo está julgando aqueles que estarão vivos no seu retorno, e irá separar as ovelhas (os verdadeiros crentes) dos bodes (os descrentes). Os bodes representam a mesma classe de pessoas que são retratadas como servos mais, como virgens imprudentes, e como o escravo infiel nas parábolas imediatamente precedentes.
    Texto extraído da obra “A Segunda Vinda”, editada pela CPAD.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores

  • Lição 9 Habacuque - A soberania divina com as nações

    TEXTO ÁUREO “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13).



    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE HABACUQUE
    II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
    III. A RESPOSTA DIVINA
    IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ

    CONCLUSÃO

    LUTERO E WESLEY

    Silas Daniel

    Esta passagem de Habacuque 2.4 é um dos mais importantes textos das Sagradas Escrituras e da história da Igreja. Através dele, pelo menos dois grandes avivamentos aconteceram, datados dos séculos 16 e 18. Eles definem bem a importância dessa passagem para a vida do cristão, daquele que realmente serve a Deus.


    Certo dia, um monge agostiniano de 22 anos, chamado Martinho Lutero, encontrou na biblioteca de seu convento uma velha Bíblia em latim. Ele ficou tão embriagado ato ter contato com o texto sagrado pela primeira vez que durante semanas inteiras deixou de fazer as orações diurnas de sua ordem.

    Posteriormente, como uma espécie de compensação, dedicou-se a vigílias e jejuns até desmaiar com a saúde debilitada. Mas sua sede pelas Escrituras permanecia.

    Admirado com a paixão crescente de Lutero pela Palavra, Staupitz, vigário geral da ordem agostiniana, em visita ao convento daquele monge, ofereceu-lhe uma Bíblia. Foi lendo o presente que o jovem deparou-se pela primeira vez com o texto de Romanos 1.17, que revolucionaria sua vida: “O justo viverá da fé”.


    Anos depois, Lutero foi ordenado padre. Aos 25 anos, foi nomeado para cadeira de Filosofia em Winttenberg, para onde se mudou. Em meio às atividades como professor, dedicava-se a estudar a Palavra de Deus.

    Tempos depois, viajou a pé para Roma em companhia de um monge.
    Passou um mês ali, tendo inclusive celebrado missas. Um dia, subindo de joelhos a “santa escada”, desejando a indulgência que o papa prometia a quem fizesse isso, ouviu ressoar em seus ouvidos o texto bíblico que o impressionara: “O justo viverá da fé”. A experiência foi tão forte que Lutero imediatamente se levantou e saiu envergonhado.

    De volta, lançou-se novamente ao estudo das Escrituras. O que aconteceu a seguir, ele mesmo conta:


    “Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo, consta que a justiça de Deus se revela no Evangelho (vv. 16,17). Eu detestava as palavras ‘justiça de Deus’, porque, conforme fui ensinado, a considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a consciência me mostrava que era pecador perante Deus. Assim, odiava a um Deus justo, que castiga pecadores (...) Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre para o mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava”.  


    “Depois de meditar sobre o ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra: ‘O justo viverá da fé’. Vi então que a justiça de Deus, nesta passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé, como dádiva. Então me achei recém-nascido e no paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus.

    Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do paraíso”. [BOYER, Orlando Spence, Heróis da Fé, CPAD] 

    Foi o texto de Romanos 1.17, exatamente a passagem que refere-se a Habacuque 2.4, que provocou, no século 16, a Reforma Protestante na Alemanha, se alastrando depois por todo o mundo.


    Em 24 de Maio de 1738, em Aldersgate Street, Inglaterra, um pastor anglicano, chamado John Wesley, estava estudando Romanos 1.17 quando algo extraordinário aconteceu, mudando para sempre a sua vida.

    De repente, ele sentiu seu coração (usando suas próprias palavras) “estranhamente aquecido”. Conta Wesley: 

    “Senti o coração abrasado; confiei em Cristo, somente em Cristo, para salvação. Foi-me dada a certeza de que Ele levara os meus pecados e de que me salvara da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todas as minhas forças (...) e testifiquei a todos os presentes do que sentia no coração”. [BOYER, Orlando Spence, Heróis da Fé, CPAD]

    Os olhos de Wesley foram abertos para a verdade da justificação pela fé. A célebre conversa entre Peter Bulow e Wesley na viagem de Londres a Oxford, que antecedeu essa experiência relatada acima, foi toda a respeito de Romanos 1.17. “Foi somente depois que Wesley compreendeu esta verdade, e ela o absorveu completamente, que o Espírito Santo veio sobre ele e começou a usá-lo. [LLOYD-JONES, Martin, Avivamento, PES, 1992].


    A experiência de Wesley resultou no grande avivamento inglês do século 18, e que alcançou outros países. Segundo os historiadores, foi esse avivamento que evitou que a Grã-Betanha vivenciasse a mesma revolução sangrenta por que passou a França em 1789. E tudo começou com a citação paulina de Habacuque 2.4 em Romanos 1.17. Por todos esses motivos, essa passagem é muito preciosa para os genuínos cristãos em todo o mundo.  
     
    Texto extraído da obra “Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos”, editada pela CPAD.