1º Trimestre de 2018
INTRODUÇÃO
I- A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
II-A MORTE DE JESUS
CONCLUSÃO
Professor(a), os objetivos da lição deste domingo são:
Explicar como se deu a crucificação de Jesus;
Conscientizar de que Cristo morreu por nós;
Mostrar o que ocorreu no sepultamento de Jesus.
Palavras-chave: Crucificação.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:
I-A Crucificação de Jesus (Mt 27.32-44)
Ao longo de sua viagem para Jerusalém, Jesus por três vezes anunciou a sua crucificação e morte, e o momento chega como havia predito.
a) A vida e sofrimento de Jesus era cumprimento das escrituras O relato da vida e obra de Jesus segue um plano divino previamente estabelecido. “As palavras dos profetas e dos salmos perpassam a narrativa em grande número, não apenas em citações expressas, mas também em traços isolados e alusões” (BORNKAMM, 2005, pp. 51, 52).
Somente para destacar, da chegada em Jerusalém até momentos antes de sua crucificação, o quadro abaixo demonstra a relação dos acontecimentos e como estão relacionados, na grande maioria, com os profetas e os salmos.
O próprio costume dos romanos contribuiu para o cumprimento das Escrituras. Por exemplo, era costume romano “preparar” o condenado para a cruz torturando-o antes da crucificação para apressar a morte do condenado. O condenado deveria carregar a “burca”, a parte mais pesada da cruz.
A partir da crucificação as relações com as Escrituras se intensificam, pois a paixão e ressurreição de Cristo são fundamentos principais para o cristianismo. Por isso, a necessidade de comprovar que tudo o que aconteceu com Jesus não foram fatos ocorridos por acaso, mas que fazia parte do plano divino de salvação para a humanidade.
B) O flagelo e escárnios no caminho do Gólgota
O caminho para a cruz é um caminho de zombaria generalizada. O deboche sobre a sua realeza começa já pelos principais líderes religiosos (Mt 26.57-68), continua com os oficiais romanos após condenação de morte por Pilatos (Mt 27.27-31). Jesus foi retirado da residência do governador e conduzido pelo caminho do Gólgota de forma humilhante, costume romano para intimidar as pessoas para evitar levantes contra o império.
A caminhada até o Gólgota1 é acompanhada de atos de violência e opressão. Jesus tem que carregar a cruz ou parte dela (trave mestra ou burca), sob ameaças e efetivas chibatadas executadas pelos soldados romanos, além do deboche de pessoas maldosas que estavam pelo caminho. Aliado a isso, ainda tinha o peso da cruz e as dores dos flagelos anteriores com suas consequências em seu corpo.
Durante a caminhada uma possibilidade de alívio. Mateus registra que um homem de Cirene é compelido pelos soldados carregar a cruz de Jesus. Cirene era uma colônia romana e entre sua população havia muitos judeus e prosélitos do judaísmo na Líbia, norte da África. Devido à grande quantidade de negros nessa reunião, acredita-se que Simão também o fosse. Não se comenta o motivo, mas provavelmente Jesus estava fraco diante de tanta flagelação. Carter (2002, p. 655) faz um comentário interessante: “Na ausência de Simão Pedro (e dos outros discípulos), o Simão africano de Cirene carrega a cruz de Jesus”. De fato, o africano tinha o mesmo nome do discípulo de Jesus que declarou que iria com Jesus até a morte (Mt 26.33-35). Todavia, assim como os demais discípulos também fugiu quando Jesus foi preso (Mt 26.56) e como predito por Jesus, o negou por três vezes (Mt 26.69-75).
Quando chegam ao lugar da crucificação é oferecido vinho misturado com fel, mais uma vez uma referência aos salmos para demonstrar o cumprimento das Escrituras. Trata-se do Salmo 69.21, salmo de lamentação em que um justo perseguido acusa seus inimigos e clama a Deus por libertação. Jesus recusa a oferta, mas Mateus registra que antes Ele prova. Bock (2006, p. 357) faz um link com Provérbios 31.6 e traz outra interessante interpretação sobre o texto: “Fel pode ser uma forma de aludir a Salmos 69.21, mas o processo é descrito em Provérbios 31.6. Nesse contexto, considerado como um ato de misericórdia e compaixão, ele é recusado. Jesus suportará a plenitude de seu sofrimento”. Bornkamm (2005, p. 270) afirma que “[...] era costume oferecer aos condenados, antes da crucificação, um trago de vinho bem condimentado, para anestesiar seus sentimentos e, assim, diminuir seus tormentos”. Essas informações corroboram com a sugestão de Bock. Na realidade, o que conta mesmo é a relação desse episódio com o Antigo Testamento.
c) A crucificação sob a acusação de ser “O REI DOS JUDEUS”
Mateus não dá detalhes sobre a crucificação de Jesus, no versículo 35 ele é direto “E, havendo-o crucificado [...]”. Robertson traz algumas informações adicionais sobre a forma de crucificação de Jesus:
Havia vários tipos de cruz, não sabemos precisamente a formada cruz na qual Jesus foi crucificado, embora a tradição seja universal para a forma que se tornou símbolo cristão. Em geral, as mãos eram pregadas à trave- mestra antes de ser elevada e depois os pés. Não era muito alto. A crucificação era feita pelos soldados encarregados. (ROBERTSON, 2016, p. 318).
O crucificado ficava dependurado até que, lentamente as dores e a exaustão física trouxessem o seu fim. Isso era facilitado porque nenhum órgão vital era atingido. Além disso, o corpo inerte, os pés e mãos feridas provocavam uma agonia excruciante ao crucificado. Se a perda de sangue e as consequências da flagelação não fossem a causa primeira, a crucificação levaria a morte por asfixia. A vítima ficava fraca demais e não conseguia levantar seu corpo para respirar. Isso era uma prática angustiante e muito cruel.O crucificado ficava dependurado até que, lentamente as dores e a exaustão física trouxessem o seu fim. Isso era facilitado porque nenhum órgão vital era atingido. Além disso, o corpo inerte, os pés e mãos feridas provocavam uma agonia excruciante ao crucificado. Se a perda de sangue e as consequências da flagelação não fossem a causa primeira, a crucificação levaria a morte por asfixia. A vítima ficava fraca demais e não conseguia levantar seu corpo para respirar. Isso era uma prática angustiante e muito cruel.
Os salmos são lembrados novamente. O texto diz que os soldados repartiram suas vestes entre eles lançando a sorte, uma referência ao Salmo 22.18. Bock (2006, p. 358) afirma que: “A imagem do salmo é parte do escárnio de um sofredor justo. Jesus morre de forma vergonhosa, sem roupas, enquanto os que estavam ao redor dEle se divertiam com suas últimas posses”. No entanto, o sorteio das peças de vestuários dos condenados entre os soldados era um costume romano (BORNKAMM,2005, p. 271).
Não obstante os descasos anteriores, em cima de sua cabeça, na cruz, puseram a acusação contra Ele: “ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS”. Robertson (2016, p. 319) informa que a tabuleta com a acusação era levada “à frente da vítima ou pendurado ao pescoço enquanto a pessoa caminhava para a execução”. Mais uma vez, Jesus é escarnecido e desprezado. Isso sem mencionar os escárnios das pessoas que passam enquanto ele esta pendurado. Algumas pessoas, inclusive um dos bandidos da cruz, lembrando as palavras do Diabo na narrativa da tentação de Jesus: “Se és filho de Deus [...]”. No entanto, Mateus registra que no dia do grande julgamento todas as pessoas de todas as nações terão que se dobrar diante dEle para serem julgados (Mt 25.31-46).
Entre a crucificação e a morte de Jesus ocorreram sinais: “[...] desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona” (Mt 27.45).
II - Morte de Jesus (Mt 27.45-51)
a) A morte de cruz: maldita pelos judeus e punição aos inimigos para os romanos
Mateus registra que o próprio Jesus havia predito sua morte de cruz (Mt 16.21; 17.22, 23; 20.18,19, 26.2). A morte de cruz era desprezada tanto por judeus como pelos romanos. Os judeus mais por questões religiosas e os romanos mais por questões políticas.
Para os judeus a morte de cruz era uma maldição (Dt 21.23). Na cultura judaica não se esperava um Messias que sofresse e morresse. Principalmente, “Alguém que fora condenado à morte pelo supremo tribunal judaico e injuriosamente executado não poderia ser o salvador esperado” (BARTH, 1997, p. 19). Paulo afirma, quando escreve aos Gálatas, que Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós morrendo na cruz e faz uma referência à Deuteronômio 21.23: “[...] maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Por essa afirmação, Paulo foi criticado por estudiosos do Antigo Testamento por oferecer uma interpretação apenas espirituosa porque Deuteronômio 21.23 originalmente não se trata em morte por crucificação. No entanto, Barth (1997, p. 19) alega que isso mudou com a descoberta do Rolo do Templo do Mar Morto: “Em 11QT Temple 64.7-13, a maldição de Deuteronômio 21.23 é vinculada claramente também com a pena capital da crucificação”. A interpretação da morte de cruz que era complicada para um judeu foi absolvida e entendida com o surgimento do cristianismo e o testemunho dos primeiros apóstolos.
Os romanos reservavam a morte de cruz para seus inimigos políticos. Pessoas que eram consideradas um perigo para a manutenção do imperialismo romano, ou seja, pessoas consideradas por eles como rebeldes e subversivos que se recusavam a obedecer cegamente às ordens impostas pelos poderosos romanos. Essa morte era considerada tão terrível que, pela lei romana, um cidadão romano não poderia ser executado dessa forma.
Quando Jesus foi encaminhado para a morte de cruz ao seu lado estavam dois ladrões, como geralmente são apresentados. Segundo Storniolo (1991, p. 199) eram simples ladrões, para os romanos considerados bandidos e “subversivos que almejavam o poder para derrubar o poder romano”. Na concepção romana, Jesus é colocado em mesma condição de condenação. Todavia, para os primeiros cristãos Ele será reconhecido como o Rei-Messias que havia de vir, o Filho de Deus que venceu a morte e trouxe vida eterna a todas as pessoas que se abrem para o amor de Deus. Esse amor que “é dinamismo que traz vida, mas depende de ser aceito ou não” (STORNIOLO, 1991, p. 199).
b) A morte como sacrifício perfeito à justificação da humanidade
Às três horas de escuridão (12h – 15h) lembram os três dias de trevas, uma das 10 pragas do Egito (Êx 10.21-23). Segundo Storniolo (1991, p. 200), essa relação simboliza o anúncio da “libertação para toda a humanidade e, ao mesmo tempo, a queda de todos os opressores que a escravizam”. Enquanto Carter (2002, p. 658) relaciona às três horas de escuridão com a tribulação que precede a vinda de Jesus gloriosa para reinar como Filho do Homem (Mt 24.27-31).
O primeiro clamor de Jesus é de grande desespero. Em meio à escuridão universal Ele grita em alta voz “Eli, Eli, lema sabactâni”. Uma referência ao Salmo 22.1, 2, o justo que enfrentando oposição obstinada de seus oponentes sem uma solução aparente se vê abandonado por Deus e clama: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. O sentimento de abandono pela separação de Deus por causa do pecado da humanidade que estava sobre ele era demais. Essa é a condição do pecador sem Deus, distante, separado da única fonte de salvação para si. Jesus se fez pecado pela humanidade e assume a pena da condenação. Por isso, que autor da Epístola aos Hebreus aconselha para chegar com confiança até Jesus, pois Ele nos entende de forma experiencial e está disposto a nos ajudar. Ele tem a experiência de gritar em alta voz por socorro divino.
Enquanto Jesus clamava a Deus, provavelmente pelo seu estado de fraqueza o povo entendeu na sua pronuncia um pedido de socorro a Elias. Por isso, mais uma vez zombam de Jesus e dizem: “vejamos se Elias vem livrá-lo”. Uma cena de covardia, alguém no tempo final de sua vida, perto do ultimo suspiro, no desespero do sentimento de abandono, clamando em alta voz por socorro e seus algozes e opositores aproveitam para rir de sua situação. Infelizmente, um comportamento que se repete em vários meios, seres humanos se entregando à própria maldade, sem perceber que todas as pessoas estão em igual situação, criaturas de Deus, carentes de sua graça e misericórdia. O cristão não pode se alegrar ou divertir a custo da desgraça o sofrimento alheio, independente de quem seja.
O Salmo 22.1-31 é leitura obrigatória para entender esse momento crucial da vida de Jesus. A cena realmente é um retrato falado do Salmo 22. Jesus teve um abandono progressivo: por Judas (26.14-16, 48, 49), pelos discípulos (26.56), por Pedro (26.69-75), pelas multidões (27.21, 22), por fim, o pior de todos, se sente abandonado por Deus. Então, surge o último grito: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito”. Este consiste em palavras de confiança e entrega voluntária a Deus, uma referência ao Salmo 31.5. Assim, como o salmista do Salmo 22, que a partir do verso 23 vê a resposta de Deus. A resposta viria após a morte, a justificação de Deus por meio de um sacrifício único, perfeito e eterno.
C) A eficácia da morte de Jesus
A morte de Jesus é acompanhada de sinais (Mt 27.51-56), o que demonstra que ela não foi em vão, mas tinha atingido o objetivo principal (véu da separação do Templo se rasga em dois, terremoto, as rochas se fendem e muitos mortos ressuscitam). Vamos nos ater aqui no primeiro sinal para demonstrar a grande barreira que foi quebrada com a morte de Jesus. O véu do Templo é o símbolo de inacessibilidade do ser humano comum a Deus, necessitando de intermediário para entrar no lugar santos dos santos. O acesso era permitido somente ao sumo sacerdote, uma vez ao ano. A morte de Jesus rasgou o véu da separação, dando o livre acesso do ser humano a Deus. Essa doutrina seria uma grande afronta à elite religiosa judaica.
Os judeus não conheciam outra forma de salvação a não ser pela Lei, este era o cerne da doutrina judaica. Eles acusaram Jesus de desrespeitar a Lei e a tradição judaica. Contudo, Mateus demonstra que, na realidade, por meio de sua própria vida e obra, Jesus estava cumprindo a Lei, os profetas e os salmos. Assim, o que se cumpriu em Jesus se tornou desnecessária a continuidade da prática. No caso do sacrifício vicário de Jesus, inutilizou toda forma de sacrifício para justificação, pois o sacrifício de Cristo foi perfeito e único. A obra de Cristo satisfaz a necessidade da justiça de Deus pelo pecado da humanidade, pois anulou a sentença de morte. Assim, conquistou o direito da justiça perfeita que é atribuída a todo o que crê e aceita o sacrifício vicário de Jesus. A justiça de Cristo conquistada por meio de sua morte é imputada gratuitamente ao pecador que crê. Portanto, a única base da justificação é a justiça imputada de Cristo e não inerente do ser humano. O fato de a justiça de Cristo ser a base da justificação acentua amplamente a graça de Deus. A graça tem como centro a cruz de Cristo para onde tudo se converge e os justificados são perfeitamente reconciliados2.
O apostolo Paulo, ao escrever aos romanos, não nega o privilégio especial dos judeus por serem receptores da dádiva da Lei (Rm 9.4), mas demonstra a ineficiência absoluta da Lei como meio de salvação que serve apenas como sombra para a eficácia redentora da morte e ressurreição de Cristo. Ninguém melhor do que Paulo para testemunhar esta superioridade de Cristo, pois anteriormente ele também havia atribuído o mais alto valor às obras da Lei, mas na ocasião da conversão um fardo pesado caiu de seus ombros. A justificação pela fé não limita a salvação a um determinado grupo de pessoas com tradições legais exclusivistas, mas trata com toda a humanidade, ampliando o conceito que era disseminado pela tradição rabínica. Paulo, em Romanos 4, utiliza a figura de Abraão que era utilizada pelos judeus para defender a justificação pelas obras para provar o contrário. A justificação de Abraão não serviu para um fim em si próprio, mas apontava para frente, o futuro longínquo, o cumprimento da Lei em Jesus (NEVES, 2015, pp. 55-69).
Um dos detalhes mais impactantes do relato da crucificação e morte de Jesus registrado por Mateus é a confissão do centurião e os que com ele guardavam o corpo de Jesus após presenciarem os sinais e tudo o que aconteceu: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. Eles utilizam o mesmo título que os discípulos utilizaram para identificar Jesus em Mateus 14.33ss e valoriza os acontecimentos de Mateus 27. A morte tida como maldita pelos judeus e como controle de subversão para os romanos, torna-se símbolo da vitória de Jesus sobre a própria morte, uma morte vitoriosa que produz vida eterna.
*Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 87-92.
Que Deus o(a) abençoe.Para ampliar seus conhecimentos a respeito do conteúdo da lição, adquira o livro do trimestre: Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. (Natalino das Neves).
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.