1º Trimestre de 2020
Introdução
I-A origem e a natureza das enfermidades
II-A cura divina como parte da salvação
III-Jesus cura os enfermos
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Apresentar a origem bíblica das doenças;
Demonstrar a possibilidade de relação entre salvação e curas;
Refletir sobre o ministério de cura de Jesus.
Palavras-chave: Jesus Cristo.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria de Telma Bueno:
INTRODUÇÃO
Vivemos em um século onde podemos ver e experimentar o avanço da medicina aliado às novas tecnologias. Na atualidade, os hospitais dos grandes centros urbanos já podem contar com robôs cirurgiões e estes realizam procedimentos de alta complexidade com alta precisão. Contamos também com a chamada inteligência artificial, capaz de armazenar dados do paciente na nuvem, o que permite que os especialistas, de diferentes nações, troquem informações em tempo real, ajudando no diagnóstico de muitas patologias. Temos visto o tratamento, a cura e a prevenção de doenças graves, como por exemplo, a hanseníase que, nos tempos bíblicos, oprimiam as pessoas e as tiravam do convívio familiar. Contudo, ainda não é possível controlar algumas epidemias, dores e o sofrimento humano diante das enfermidades. As moléstias físicas e emocionais continuam a trazer dor, tristeza e opressão, tanto nos países do chamado G8, oito países mais ricos do mundo, como por exemplo, os Estados Unidos, Alemanha e China, seja entre os países mais pobres do mundo, como o Níger, no continente africano.
Neste capítulo, mostraremos que a cura divina, diante do avanço da medicina e tecnologia, continua fazendo parte do plano divino de redenção da humanidade. Porém, diante desse tema, algumas pessoas ainda fazem os seguintes questionamentos: Por que os milagres de cura não são tão recorrentes como nos tempos de Jesus? O que mudou? Acreditamos que Jesus não mudou. Cremos que Ele continua a curar as enfermidades do corpo e da alma e, aqui, veremos a cura divina como uma parte importante do ministério de Jesus Cristo.
I – A ORIGEM E A NATUREZA DAS ENFERMIDADES
A origem das enfermidades
Antes de criar o homem, Deus preparou um lugar perfeito para que fosse sua habitação. O Senhor não somente criou um lugar perfeito, mas criou também um ser perfeito, saudável e colocou nele a sua imagem e semelhança. Antes da Queda podemos ver o primeiro casal desfrutando de uma vida feliz e harmoniosa, com a natureza, com o Criador e entre si, como cônjuges. Então, o que deu errado? O pecado entrou no mundo. As doenças físicas e emocionais são uma consequência direta da Queda.
O Criador nos deu o livre-arbítrio, temos o direito de fazer escolhas, mas precisamos ter muito cuidado, pois toda escolha traz consequências, seja na vida espiritual ou física. O primeiro casal quebrou um princípio divino, quando princípios são quebrados adoecemos, seja no corpo, na alma ou no espírito. No caso de Adão e Eva podemos ver que o mundo, até então perfeito, acabou por ruir completamente e agora segundo o autor Ken Ham 1, “o sofrimento e a morte abundavam nessa criação antes perfeita.” Com o pecado veio a morte, o sofrimento e as moléstias. Não fomos criados para morrer e nem para sofrer, mas para viver eternamente e ter uma vida abundante, por isso não sabemos lidar com a morte e muito menos com as doenças (Gn 2.17). Ao criar o primeiro casal, Deus também concedeu a eles uma missão: governar a Terra, cultivar o solo e guardar o jardim do Senhor (Gn 1.26; 2.15). Fica evidente que para cumprir tal missão eles precisavam de saúde física, espiritual e emocional.
O mundo, depois da Queda, jamais seria o mesmo, isso é um fato. Segundo o teólogo Vernon Purdy “ao entrar em cena o pecado, a humanidade começou a sofrer.” Ao lermos as Escrituras Sagradas fica claro que as enfermidades físicas e mentais são resultado do pecado, das escolhas erradas do primeiro casal. Entretanto Deus é bom e misericordioso; já no Éden Ele havia prometido e providenciado um Redentor que levaria sobre si as nossas dores e maldições. O pecado de Adão e Eva trouxe consequências drásticas sobre a humanidade e a natureza. Entretanto, olhando para o mundo antediluviano, podemos ver que a Terra, apesar de amaldiçoada com cardos e espinhos (Gn 3.18), ainda permaneceu fértil e tal fato é uma dádiva do Criador. Segundo o livro de Gênesis, parece que não havia carência de alimentos e tudo indicava que as pessoas comiam e bebiam à vontade: “Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca” (Mt 24.38). Acreditamos, com isso, que a fartura de alimentos foi um dos elementos que contribuiu para que as gerações até Noé tivessem saúde e longevidade. Na genealogia de Sete vemos que algumas pessoas viveram por quase mil anos, como por exemplo, Metusalém (Gn 5.27). A longevidade destas gerações fez com que a corrupção se alastrasse pelo mundo como uma espécie de erva daninha. Então, Deus puniu o pecado daquelas gerações com o dilúvio. Depois desse episódio, na genealogia dos filhos de Noé (Gn 10), já não encontramos mais o tempo de vida dos seus descendentes.
Sofrimento físico é resultado da ira divina?
No Antigo Testamento é bem explícito a associação que as pessoas faziam entre o sofrimento físico, o pecado e a ira divina. Tomemos como exemplo o caso de Miriã. Ela ficou leprosa depois de questionar a atitude de Moisés em se casar com uma mulher cuxita, etíope (Nm 12). Também podemos ver o exemplo do rei Uzias que foi acometido de lepra depois de ter cometido um grave pecado (2 Cr 26.16-19). Observe o que nos diz Vernon Purdy 2 a esse respeito:
[...] em Salmos 38.3, “o vínculo entre o pecado e o castigo é expresso mais enfaticamente no paralelismo do verso 4, onde a indignação divina e o pecado humano estão ligados entre si como um diagnóstico espiritual primário de uma doença física. Outro exemplo desse fenômeno acha-se em Salmos 107.17: “Por causa das suas iniquidades são afligidos”. Aqui, “aflição” significa “enfermidade” e demonstra que “esse versículo enfatiza a conexão entre a enfermidade e o pecado.”
No livro de Jó vemos que os seus amigos, Elifaz, Bildade e Zofar, reforçam a ideia de que as enfermidades e o sofrimento são resultados de iniquidades contra Deus e fruto da ira divina. Eles acusam o servo de Deus de ter cometido algum pecado, pois segundo a cosmovisão deles os justos não passam por aflições, mas somente os perversos e transgressores. Os amigos de Jó fizeram de tudo para que ele reconhecesse algum pecado que tivesse cometido. Sabemos que tal maneira de pensar é equivocada. Infelizmente, na pós-modernidade, com a propagação da enganadora Teologia da Prosperidade, muitos também passaram a pensar como os amigos de Jó. Porém, é importante lembrar que Elifaz, um dos amigos de Jó, foi severamente repreendido pelo Senhor (Jó 42.7).
Quando Jesus deu início ao seu ministério terreno as pessoas também pensavam dessa forma, acreditando que somente os perversos eram acometidos pelas enfermidades. Jesus tem poder para curar toda e qualquer enfermidade, mas tal poder não nos isenta das adversidades e das doenças. No Novo Testamento as pessoas também associavam as enfermidades a pecados cometidos e à ira de Deus.
Tomemos como exemplo o capítulo 9 do Evangelho de João. Jesus estava passando com seus discípulos quando viu um homem cego. Por onde o Mestre caminhava havia sempre uma grande multidão, mas esta não impediu que Jesus olhasse para um pobre cego. Este episódio nos mostra que, em seu ministério terreno, Jesus sempre acolheu os doentes, os pobres e marginalizados. O Filho de Deus veio para os pobres e os excluídos, para aqueles que eram desprezados e colocados à margem da sociedade no tempo em que Jesus exercia seu ministério terreno, como os cegos, leprosos e aleijados. Os discípulos de Jesus, ao verem o cego da narrativa, demonstraram outro tipo de preocupação. Eles queriam saber: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” Vejamos o que Lawrence Richards tem a nos dizer a esse respeito:
“Aqui também há algo especial para nós. Os discípulos, depois de verem o homem nascido cego, foram levados a fazer uma interessante pergunta teológica. A crença popular sugeria que a deficiência deste homem era devida ao pecado em sua vida. Mas, como ele nasceu cego, como poderia ter merecido esta punição? Ele foi punido por algum pecado dos seus pais? Ou quem sabe algum pecado que Deus sabia de antemão que o homem iria cometer? O que é importante aqui não é a resposta que Jesus deu — de que a cegueira não era punição por nenhum pecado, mas que servia como oportunidade para glorificar a Deus. O que é importante é o fato de que quando os discípulos viram o sofrimento — sua curiosidade, e não sua compaixão, foi despertada.A luz que Jesus traz, e na qual nós devemos andar, deve mudar radicalmente as nossas prioridades. Resolver enigmas teológicos, e até mesmo estar ‘certos’ em nossas interpretações sobre as Escrituras, deveria ser menos importante para nós do que exibir a compaixão e a preocupação pelos outros, que as ações de Jesus constantemente revelam.”3
Enfermidades do corpo
Em Êxodo 15.26, Deus se revela ao seu povo como “Eu sou o Senhor, que te Sara”. Havia uma promessa para o povo do Senhor, se ele andasse conforme os preceitos do Todo-Poderoso, jamais seria acometido das enfermidades ou pragas que foram lançadas entre os egípcios. Tal fato nos mostra a bondade do Pai e o quanto Ele deseja que o seu povo seja saudável. Entretanto não podemos nos esquecer que o cuidado com a saúde física e mental sempre foi, e sempre será, uma responsabilidade do ser humano. Nosso corpo é templo do Espírito Santo (1 Co 6.20). Então, é nossa responsabilidade cuidar muito bem dele. Deus quer que tenhamos saúde, mas cabe a nós tomar as decisões certas, fazendo escolhas sábias que não prejudiquem nossa saúde física ou emocional. A Palavra de Deus nos garante que um dia nós teremos um corpo glorificado, não mais sujeito aos males deste mundo e às doenças. Mas, enquanto esse dia não chega, devemos fazer a nossa parte.
Ao ler o livro de Levítico vemos que o Senhor deu aos israelitas uma lista dietética (Lv 11). Qual era o propósito dessa lista? Privar as pessoas de alguns alimentos? A preocupação de Deus era com a saúde do seu povo; Ele preocupa-se com o nosso bem-estar físico e mental (Êx 15.26).
Deus deu ao povo judeu numerosos mandamentos e seu significado médico só foi apreciado recentemente. Deuteronômio 23.13 ordenava que o soldado carregasse uma pá, de modo que todo excremento humano fosse enterrado. Levítico 13 ordenava o isolamento dos leprosos. Foi sugerido que a insistência da circuncisão levou a uma incidência muito baixa de câncer na cerviz entre as mulheres judias e que as proibições de casamento consanguíneos foram dadas para controlar o número de enfermidades hereditárias.4
Jesus nasceu na Palestina, em um tempo em que o Império Romano dominava Israel. Havia tensão política e instabilidade social, tornando a vida das pessoas bem difícil. Mas, em meio às muitas crises, Jesus veio ao mundo restaurando a esperança de um mundo melhor, mais saudável em todos os aspectos. O Mestre viveu, exerceu seu ministério e cumpriu sua missão sacerdotal em uma sociedade em que havia muitos pobres, escravos e enfermos. Por isso, é comum ver nos Evangelhos que onde Jesus estava sempre havia grandes multidões, apertando-o e desesperada por uma cura. Observe o que nos diz Jeremiah Johnston 5 a esse respeito:
A busca por cura de doenças e alívio de dor nos tempos antigos beirava o desespero, e não é difícil ver o por quê. Ruínas literárias e arqueológicas sugerem que, em uma dada época, cerca de um quarto da população do Império Romano estava doente, ferido ou, de alguma forma, necessitando de assistência médica. Escavações de túmulos, em que três ou quatro gerações de uma família foram sepultadas, frequentemente constatam que somente um terço dos membros de uma família atingem a idade adulta, e muitos dos que, de fato, atingiram a idade adulta não chegavam aos 40 anos. Pouquíssimas pessoas viviam até os 60 ou 70. Também devo mencionar que estou relatando aqui as ossadas dos ricos, não dos pobres. Se somente um terço dos membros de uma família opulenta atingia a idade adulta, devemos supor que a longevidade para os pobres era provavelmente muito menor.
Jesus sabia que algumas enfermidades do seu tempo eram resultado de problemas ligados às questões sociais e econômicas, contudo Ele também deixou bem claro que algumas enfermidades eram de origem demoníaca (Mt 12.27). Mas para Jesus não importava a origem, a causa, pois Ele curava todos.
Enfermidades da mente
Segundo o pastor Thiago Brazil “a Bíblia não é um manual de Psicologia, muito menos um livro preocupado em relatar quadros psicopatológicos”. Por isso, não vamos encontrar nos Evangelhos relatos específicos de curas de enfermidades da mente. Mas, em seu ministério terreno, certamente Jesus também curou pessoas que estavam acometidas de doenças mentais e emocionais. Sabemos que as enfermidades, sejam elas físicas ou mentais, são oriundas da Queda. Jesus, apresentado pelo profeta Isaías como o Cristo sofredor (Is 53), veio ao mundo para nos salvar e nos livrar da maldição do pecado. Logo, a cura divina faz parte da obra redentora de Jesus Cristo. Isaías diz que “verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” (Is 53.4). Vejamos o que Vernon Purdy 6 tem a nos dizer a esse respeito:
A cura não deve ser considerada uma opção adicional, inteiramente à parte da nossa salvação. As Escrituras desconhecem um conceito de salvação que exclua todos os aspectos de natureza física. Semelhante conceito é um acréscimo filosófico ocidental à fé, e não uma definição bíblica de salvação. Dizer que Isaías 53.5 e 1 Pedro 2.24 falam exclusivamente de cura espiritual ou da salvação da alma, e não de cura física, é estabelecer uma dicotomia estranha entre as dimensões espiritual e física da existência humana, dicotomia esta que as Escrituras não justificam.
A sociedade moderna, em alguns países desenvolvidos, conta com sistemas de saúde eficazes, diferente do tempo em que Jesus desenvolveu seu ministério terreno. Entretanto, estamos vivendo em um século difícil e trabalhoso (2 Tm 3.1), onde temos visto o crescimento das chamadas doenças da alma, como por exemplo, a depressão, a ansiedade patológica, as fobias, o transtorno obsessivo compulsivo, etc. As doenças da alma não são visíveis, como são as fraturas de um braço ou uma perna, decorrentes de uma queda, contudo elas são reais, dolorosas e necessitam de tratamento. Segundo os profissionais de saúde mental, podemos dizer que a dor da alma é pulsante, porém metafórica; não sabemos exatamente onde dói, mas sabemos que vem de dentro para fora.
Atualmente fazemos parte de uma geração que procura cuidar bem do corpo, tendo uma alimentação saudável e fazendo atividades físicas, o que é muito salutar. Contudo, em relação à alma, podemos dizer que poucos cuidam dela como deveriam. As pessoas se submetem a uma carga excessiva de trabalho, na igreja e na vida secular, passam horas vendo programas televisivos e séries carregadas de violência e não tiram um tempo para descanso da mente e nem para o lazer. Os resultados são os piores, comprometendo toda a saúde.
Deus projetou nossas mentes para que trabalhem melhor quando seguimos as instruções fornecidas no nosso manual de instruções — a Bíblia. Infelizmente, no mundo de hoje, há tanta informação entrando em nossas mentes que o nosso pensamento fica enevoado e distorcido. Para pensarmos de uma maneira que leve à vida saudável, precisamos ter pensamentos saudáveis. Precisamos pensar corretamente, da mesma maneira como precisamos ingerir os alimentos corretos. Da mesma maneira como um corpo precisa ser limpo de toxinas que o prejudicam e impedem o seu bom funcionamento, a sua mente precisa ser limpa de pensamentos e informações que o impedem de viver da melhor maneira possível.7
II - A CURA DIVINA COMO PARTE DA SALVAÇÃO
Naamã e seu mergulho na fé
Encontramos no Antigo Testamento vários episódios de milagres e curas. Naamã, general do exercito da Síria, é apenas um deles. Ele foi curado, salvo de uma doença incurável no seu tempo, a hanseníase. É importante ressaltar que a palavra “salvar” tem um amplo significado, apontando para a obra redentora de Jesus Cristo. A palavra “salvar”, do latim salvare, tem como um dos seus significados libertar, redimir, pôr em um lugar seguro. E foi exatamente o que ocorreu com o general. Os sírios eram um povo idólatra que oprimia os hebreus, e a cura de Naamã foi uma demonstração de que o Deus de Israel é aquEle que salva, que socorre e resgata a todos que o buscam independente da nação a qual pertence. A enfermidade desse honrado homem, e que ocupava uma importante posição no governo do seu país, também nos mostra que os nossos títulos, ministérios, bens materiais, fama e posição social não nos isentam das mazelas da vida humana.
Todos estão sujeitos às enfermidades; elas são o resultado da Queda. No caso de Naamã a sua cura dependia do cumprimento de uma ação determinada pelo profeta Eliseu. Para ser curado, era preciso mergulhar sete vezes no rio Jordão. O general se mostra reticente em cumprir tal ordem, pois ele estaria expondo publicamente a sua condição. Porém sabemos que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6). Os milagres, os eventos sobrenaturais e as curas faziam parte da vida do povo hebreu, por isso podem ser vistos em todo o Antigo Testamento e cada cura apontava para a obra do Messias descrita em Isaías 53.
As Escrituras ensinam que [...] eventos sobrenaturais faziam parte da vida do povo hebreu no Antigo Testamento. Ocorriam com alguma regularidade em cada geração de crentes do Antigo Testamento. Quando os fenômenos sobrenaturais deixavam de ocorrer, os escritores da Bíblia consideravam sua ausência como um sinal do juízo divino. Eis como o salmista se expressa: ‘Por que nos rejeitas, ó Deus, para sempre? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto?’ (v.1). Então, após descrever o julgamento que caía sobre Israel, o salmista lamenta: ‘Já não vemos os nossos símbolos; já não há profeta; nem, entre nós, quem saiba até quando’ (Sl 74.9). Há um lamento similar em Salmos 77.7-10. Agora, porém, o salmista recusa-se a aceitar a ausência dos feitos sobrenaturais do Senhor. Ele, então, refere-se ao Senhor como o ‘Deus que opera maravilhas’ (v.14). Um dos piores julgamentos que poderia vir sobre Jerusalém foi registrado por Isaías: ‘Porque o Senhor derramou sobre vós o espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, que são os profetas, e vendeu as vossas cabeças, que são os videntes’ (Is 29.10). Não ter os benefícios do ministério dos profetas e dos videntes era considerado como um juízo desastroso da parte do Senhor. As Escrituras terminam com a introdução do Reino de Cristo. Introdução essa acompanhada de milagres e fenômenos sobrenaturais. O único registro divinamente inspirado que temos da vida eclesiástica é que milagres e orientações sobrenaturais eram relativamente comuns. O Reino de Cristo é apresentado com milagres. Mesmo que tivessem havido apenas dois períodos de milagres no Antigo Testamento, isso não provaria que o Reino de Cristo teria apenas um breve período de milagres. Tudo se transformou com a vinda de Cristo e de seu Reino. Ora, todas as coisas são possíveis àquele que confia. Dons de cura foram dados a toda a Igreja. Os anciãos devem ter um ministério regular de curas (Tg 5.14-16). Se houve um, quatro ou cinco períodos de milagres no Antigo Testamento, isso é irrelevante para se determinar se o Reino de Cristo deve ter milagres como parte normativa da vida eclesiástica. Isso deve ser determinado à base de declarações específicas do Novo Testamento.”8
Como parte do processo de cura o profeta Eliseu pede que Naamã vá até o rio Jordão e mergulhe sete vezes em suas águas. As águas do rio Jordão não tinham nenhum poder curativo, seria apenas uma questão de fé, de obediência. Qual era o propósito do profeta ao estipular tal ordem? Chamar a atenção para si? Não! A cura do general deveria ser um acontecimento público, pois segundo o Comentário Bíblico Moody 9 “o banho no Jordão enfatizava o poder de Deus para curar”. Todos deveriam ver e saber que só o Senhor é o Deus que cura! Na atualidade a fé em Jesus Cristo continua sendo uma condição essencial para a operação da cura divina.
Na narrativa da cura de Naamã, aparece a figura de uma menina, uma escrava que servia à esposa de Naamã. Essa menina certamente foi arrancada de seu lar; levada cativa para uma nação inimiga. Contudo, ela se preocupa com o bem-estar do seu senhor e anuncia que em sua terra, na cidade de Samaria, havia um homem de Deus, um profeta que certamente restauraria a saúde de seu senhor (2 Rs 5.3). A menina estava revelando, à sua senhora, que em Israel havia um Deus que podia curar. Tal testemunho nos mostra que a jovenzinha deve ter ouvido, e até visto, alguns relatos de cura entre o seu povo, o que prova que os milagres eram comuns no Antigo Testamento. A menina escrava manteve a sua fé no Deus de Israel e por seu intermédio foi revelado aos sírios, um povo idólatra, o poder curador do Todo-Poderoso.
O general sírio não apenas obteve a cura física, mas converteu-se ao Deus vivo (2 Rs 5.15-19). Tal verdade fica evidente em sua declaração: “Eis que tenho conhecido que em toda a terra não há Deus, senão em Israel” (v. 15).
A cura espetacular do general sírio, Naamã, mostrou que o Senhor pode dar vida à carne morta (‘a tua carne te tornará’, 2 Rs 5.10), que ele era gentil para com os estrangeiros e que o profeta não era mercenário como era a maioria dos profetas de Israel. Nenhum outro texto ilustra melhor o fato de que o profeta está livre do controle do povo, do que na recusa de Eliseu receber renumeração do general rico. O servo do profeta serviu de exemplo da tolice de agir mercenariamente com o ministério (2 Rs 5).10
Salvação e restauração da saúde
No Evangelho de Mateus 9.18-26 encontramos o relato da cura de uma mulher que sofria com uma hemorragia havia doze anos. Jesus estava cercado por uma multidão e se dirigia para a casa de Jairo, pois sua filha estava gravemente enferma e precisava de uma cura. No caminho, Jesus é tocado por uma mulher cuja fé era extraordinária. A confiança da mulher encheu seu coração de ousadia e fez com que ela desconsiderasse a lei, pois tudo que uma mulher, em período menstrual ou com qualquer tipo de fluxo de sangue, tocasse, aquilo seria considerado cerimonialmente imundo.
A condição da mulher era socialmente terrível, vivia de forma oprimida e era considerada como propriedade do homem; uma mulher jamais ousaria tocar em um mestre publicamente e ainda mais naquelas condições. Alguns historiadores afirmam que talvez essa devesse ter sido a razão de tamanho constrangimento ao ter que dizer, publicamente, que havia tocado em Jesus e sido, imediatamente, curada. A mulher teria que admitir, de forma pública, a sua imundícia, a sua vergonha. Pensa no quão difícil era sua situação? Contudo, tal relato bíblico mostra não somente a cura da enfermidade física da mulher que tinha um fluxo de sangue, mas também a salvação da sua alma, pois segundo o Comentário Bíblico Pentecostal 11 o fato de Jesus dizer à “mulher que ela tivesse ânimo, porque a fé dela a curou, o verbo aqui é sozo, e em outras passagens significa ‘salvar’”. Por que Jesus não permitiu que a cura da mulher passasse em segredo? Observe a nota abaixo:
Jesus não permite que o acontecimento se passe em segredo, ficando a mulher perdida na multidão. É necessário que a mulher apareça, fique em evidência, ascenda de sua humilhação. Exige que dê testemunho público à verdade. Não lhe basta somente a cura da enfermidade. Esta é apenas sinal de algo muito mais importante. A mulher, impedida de ser em sua própria identidade feminina e, além disso, marginalizada pelas leis e os costumes sociais, não pode ser deixada no anonimato. Invadida pelo “temor” face à maravilha que lhe acontecera e trêmula de medo pela consciência de sua condição e do seu lugar social, é chamada a ser maior do que ela mesma e revelar publicamente sua identidade: “Quem me tocou?” E Jesus lhe dirige a palavra, não se envergonha nem foge dela. Ao contrário, comunica-lhe o alvissareiro anúncio da paz messiânica, em termos muito próximos daqueles com que os antigos profetas anunciavam a salvação a Jerusalém (cf. Is 40,1-2; 54,1-6; 52,7-12 [...]). “Ir em paz” é fórmula de despedida, para seguir sob o olhar de Deus (cf. Jz 18,6; 2Sm 15,9; At 16,36), na certeza de que ele concede o que se pede (cf. 1Sm 170. Quem anuncia o Reino traz com a paz a restauração dos corpos e a comunhão (cf. Lc 10,5-11), que se vive mesmo nas aflições impostas pelo “mundo” (cf. 16,33; Jo 14,27). É, por excelência, a saudação do Resuscitado e comunica o Espírito e o levantamento do pecado (cf. Jo 20,19.21.26).12
Na atualidade temos a tendência de tratar o ser humano como uma “estante, com várias prateleiras, compartimentos”. Porém, Jesus tinha uma visão correta do ser humano, sua visão era holística, sabendo que a enfermidade do corpo afeta a alma e também o espírito e vice versa. Por isso, sua cura não incluía somente o corpo, mas fica evidente que em algumas passagens dos Evangelhos, o milagre do Salvador era completo e apontava para algo ainda maior que a cura, a salvação da alma.
Essas observações de modo algum deixam de ter interesse para o significado mais geral dos milagres no Novo Testamento que leva a sua expressão, de maneira extremamente diáfana e inequívoca, àquilo que acontece com toda e qualquer pessoa que chega a Jesus. Uma vez que não existe qualquer possibilidade de dividir o ser humano em corpo e alma, a corporeidade do ser humano é, para os Evangelhos, o patamar em que se projeta toda a salvação e o destino da pessoa, ou melhor, a corporeidade é o patamar no qual se desenrola e se torna palpável a salvação. Dessa forma, no milagre, coloca-se em evidência aquilo que ocorreu com o ser humano em seu todo. Por conseguinte, o milagre não é uma exceção à regra, mas traz algo à contemplação. Ele não fica de lado como uma ocorrência miraculosa no deserto, mas é como que o primeiro cume ou cimo numa cadeia de montanhas que vai se destacando ao sair da névoa matutina. No milagre, a pergunta pela tangibilidade da salvação recebe uma resposta exemplar e modelo. Porque o corpo e a alma não são separáveis, também este primeiro cume já merece o nome de salvação. Se alguém é curado dessa maneira, então ele ou ela já encontrou a Deus, e depois disso só pode ser curado de forma total. A salvação é indivisível, e, por essa razão, incorrem em erro intérpretes que querem separar o milagre do elemento propriamente salvífico. Assim, o milagre não é nem secundário nem exterior, mas uma parte orgânica do todo.13
Como deve um salvo cuidar de sua saúde
O salvo em Jesus Cristo deve cuidar do seu corpo com zelo, pois ele é o templo do Espírito Santo (1 Co 6.20). Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para curar o nosso espírito, alma e corpo, por isso Ele deseja que tenhamos saúde física, mental e espiritual. Cabe a você tomar as decisões certas e fazer escolhas sábias em relação ao seu bem-estar. A Bíblia nos garante que um dia nós teremos um corpo glorificado, não estaremos mais sujeitos aos males deste mundo: depressão, ansiedade, bulimia, obesidade, etc. Contudo, enquanto esse dia não chega, devemos fazer a nossa parte.
Uma pessoa doente, física ou mentalmente, terá mais dificuldades para adorar e servir ao Senhor e cumprir com os propósitos estabelecidos por Ele. Muitas das doenças da atualidade estão relacionadas às questões alimentares, precisamos ter cuidado com aquilo que ingerimos, que colocamos em nossa boca. Você já reparou que a mídia está a todo tempo dizendo o que devemos comer ou beber, influenciando nossos hábitos? Observe, com o olhar crítico, quantas propagandas de guloseimas e produtos industrializados são apresentadas por dia na tevê, nas redes sociais, nos meios de comunicação em geral.
Alguns comerciais de refrigerantes induzem as pessoas a consumirem outros produtos, como pizza e salgadinhos. Os lugares mostrados por essas peças publicitárias são sempre aconchegantes, com pessoas praticando esportes. Você não vê referência ao arroz com feijão, às frutas ou verduras. É muito alimento processado e quase nada natural, orgânico. É preciso vigiar (Mc 13.37)! Temos aplicativos para pedir comida sem sair de casa, com apenas um click, o que muitas vezes nos impede de pensar no que estamos comendo. A propaganda tenta influenciar os hábitos alimentares e muitos jovens não têm noção do que a gordura em excesso e o sódio podem causar ao nosso corpo. Deus está preocupado com o que nós comemos; nada está fora do interesse dEle. O Senhor deu aos israelitas uma lista dietética (Lv 11) e tal fato mostra a preocupação dEle com a saúde do seu povo. O Senhor preocupava-se com o bem-estar físico dos hebreus (Êx 15.26).
A bulimia é uma síndrome que ataca muitos jovens, principalmente as mulheres. A pessoa que sofre desse mal, cuida do corpo de forma errada, obsessiva. Seguem dietas rigorosas. Mas de repente, exageram e ingerem uma grande quantidade de alimentos para, em seguida colocar tudo para fora. Para alguns, ter equilíbrio não é algo fácil. Jesus, nosso Mestre, deve ser nosso exemplo em todas as áreas. Ele é exemplo de vida simples, saudável e equilibrada. Seu desenvolvimento foi como de toda a criança e jovem (Lc 2.52), porém perfeito. Olha que Ele participou de festas e jantares (Lc 7.36; Jo 2.1,2). Jesus não se deixava levar pela opinião dos outros, pois seu desejo era agradar ao Pai e fazer a sua vontade (Lc 3.22).
Temos que cuidar da nossa aparência física e da nossa saúde com cuidado, sabedoria, pois a preocupação exagerada com o corpo tem feito com que muitos jovens deixem de comer de forma adequada e acabem entrando também num quadro de anorexia. Segundo os médicos “a anorexia nervosa é um distúrbio alimentar causado pela preocupação exagerada com o peso”. Ela provoca problemas psiquiátricos gravíssimos e a pessoa que está sofrendo desse mal ao se olhar no espelho se vê obesa, embora esteja bem abaixo do seu peso. Com medo de engordar, estas pessoas exageram nos exercícios físicos, tomam laxantes e diuréticos por conta própria correndo riscos seriíssimos e prejudicando a saúde. Esta doença se não for tratada a tempo pode levar à morte. Mas o que leva as pessoas, especialmente os jovens, a ficarem anoréxicas? Elas são influenciadas pelo conceito de beleza imposto pela moda que determina a magreza como símbolo de elegância e perfeição.
Outro problema ligado à alimentação, que tem também preocupado as autoridades na área da saúde, é a obesidade, acúmulo excessivo de gordura corporal. A obesidade não é apenas um problema estético. Ela está associada a doenças cardiovasculares, diabetes e outros males. A Bíblia adverte que é preciso comer com sabedoria (Pv 23.2). Muitas são as opções de rodízios. Se paga um único valor e come-se até não poder mais. Não tem nada de mais se reunir com os amigos uma vez ou outra para um churrasco ou pizza. Mas todos os finais de semana não dá: “Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias....” (Rm 13.13). Infelizmente, nas cantinas de nossas igrejas e nos almoços de confraternizações, em geral, temos sempre poucas opções de lanches e comidas saudáveis, porém não faltam refrigerantes e salgadinhos fritos.
III- JESUS CURA OS ENFERMOS
A dedicação e a cura dos enfermos não foi uma coincidência, mas parte de um plano eterno
Jesus veio para anunciar o Reino de Deus e as curas e milagres operados por Ele tinham como objetivo mostrar que o Messias prometido havia chegado (Lc 4.43; 8.1). Jesus não somente curou, mas deu poder e autoridade para que seus discípulos também realizassem milagres e curas em seu nome (Lc 9.2, 60). O Filho de Deus principiou seu ministério terreno operando uma ação milagrosa em uma festa de casamento. Observe:
O primeiro sinal milagroso foi a transformação de água em vinho, em Caná. Algo físico ilustra uma verdade espiritual. Jesus mostrou que tinha controle absoluto sobre tudo. Isso mostrou sua glória e levou à crença.
Os dois sinais milagrosos seguintes foram de cura. O primeiro foi do filho de um oficial. Jesus observou que havia aqueles que estavam sempre à espera de “sinais e milagres” (Jo 4.48). Esse segundo milagre provou que a distância não era obstáculo para Jesus na execução de seu ministério. Depois do primeiro sinal, os discípulos creram nEle. Como um resultado do segundo sinal, não só o oficial da corte creu, como também toda sua casa (Jo 4.53). A cura de um homem no tanque de Betesda (Jo 5.1-9) provocou grande controvérsia porque foi realizado no sábado (Jo 5.10).14
O primeiro milagre realizado por Jesus em Caná nos mostra que Deus não se importa somente com a nossa alma, mas com tudo que nos diz respeito. Muitos filósofos helenistas acreditavam que o corpo não tinha valor algum, Platão considerava que o nosso corpo era uma sepultura. Daí a ideia errônea de que Deus somente se preocupa com o nosso espírito. O Criador se importa com todo o nosso ser e não somente com nossa alma ou espírito. Observe o que Vernon Purdy15 nos diz a esse respeito:
Por que é tão importante ressaltar que a antropologia dualista é um acréscimo estranho ao Evangelho? Porque o dualismo, no seu modo de entender a existência humana, tem sido a pressuposição dos que desejam separar do corpo as implicações salvíficas da expiação realizada por Cristo. Reduzir a expiação à esfera espiritual não provém dos ensinos das Escrituras, mas da influência de uma filosofia pagã. Denegrir o âmbito físico e material não faz parte do Antigo ou do Novo Testamento. Deus criou pessoas inteiras, e é sua vontade, conforme revelam as Escrituras, restaurá-las inteiramente.16
Ao morrer na cruz, Jesus tomou sobre si os nossos pecados, sendo santo Ele se fez pecado por nós; Ele também foi ferido no seu corpo e foi feito saúde para nos dar uma vida plena, saudável (Jo 10.10). Segundo Vernon Purdy podemos afirmar que a “cura divina é parte do plano de salvação”.
Temos visto na sociedade atual muitos cristãos lutando arduamente pela conquista de bens materiais, fama, prestígio e poder. As pessoas querem, a todo o custo, serem VIPs e tais desejos, fruto de uma alma doente, acabam prejudicando a saúde física, emocional e espiritual. Essas pessoas em vez de viverem a vida abundante que Jesus Cristo conquistou para nós na cruz do calvário, acabam se tornando sobreviventes, tendo uma sobrevida. Precisamos refletir a respeito da sociedade na qual estamos inseridos como igreja. Que sociedade é essa? Tal reflexão vai nos ajudar a ter uma cosmovisão cristã e, com isso, sabermos identificar o que verdadeiramente é importante. Precisamos aprender a distinguir o supérfluo do que é realmente essencial para uma vida cristã autêntica e saudável.
Cremos que o desejo maior do cristão deve ser a conquista do prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus. De que adianta ter todos os bens nesta terra, ser VIP, ter prestígio e perder a própria alma? O que é mais precioso para você? Siga o exemplo de vida do apóstolo Paulo, pois ele tinha como alvo a pessoa de Jesus Cristo, seu ideal e sua aspiração era conhecer mais do Mestre. Mas, para viver em plenitude ele sabia da necessidade de cuidar bem da sua saúde física e emocional. Por isso, encontramos em suas Cartas algumas recomendações para que os líderes cuidassem bem da sua saúde. “Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1 Tm 5.23), essa foi uma recomendação para Timóteo, um jovem pastor. Em 1 Timóteo 4.16, Paulo exorta ao jovem pastor a cuidar de si mesmo, ou seja, cuidar de sua saúde, antes mesmo de cuidar da doutrina e da igreja do Senhor. Paulo sabia que para cuidar do rebanho do Senhor e realizar a sua obra é preciso ter saúde física e emocional. Infelizmente, muitos líderes não se preocupam com o seu corpo, com sua saúde física e emocional na mesma proporção em que cuidam da sua vida espiritual. Oram, leem a Palavra de Deus, jejuam, buscam ao Senhor, mas não vão ao médico, não cuidam da alimentação, têm uma agenda repleta de compromissos e trabalham até à exaustão. Como médico, Lucas, o escritor do livro de Atos, exorta aos pastores a olharem para si mesmos antes de cuidarem do rebanho que lhes foi confiado pelo Senhor: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos [...]” (At 20.28).
Jesus, a única resposta para alguns enfermos
No período em que Jesus exerceu seu ministério terreno já havia o exercício da medicina, pois Marcos relata no Evangelho que leva o seu nome, que a mulher que sofria com um fluxo de sangue “havia padecido muito com muitos médicos” (Mc 5.26). Existiam também lugares, ou melhor, algumas hospedarias, onde os hóspedes doentes recebiam atendimento. Observe o que o pastor Claudionor de Andrade17 nos diz a esse respeito:
Em seus primórdios, o hospital não era uma casa de enfermo ou de enfermidade, mas um lugar onde o hóspede, se enfermo, podia receber cuidados médicos. A parábola do Bom Samaritano é um quadro que ilustra muito bem a fundação dos hospitais como hoje conhecemos. Nessa belíssima narrativa, observemos algo muito importante. Os desvelos ministrados pelo samaritano àquele homem refletiram, de certa forma, as funções de um sacerdote levita. Se bem que tanto o sacerdote como o levita, nessa narrativa, embora até possuíssem alguma ciência médica, passaram de largo e ignoraram o seu paciente.
Segundo a história, o primeiro hospital moderno foi estabelecido, em 370 d.C., na cidade de Cesareia, como resultado de um benévolo édito imperial.
Tanto no Antigo como no Novo Testamento, os tratamentos médicos eram caros e somente os ricos podiam pagar. Mesmo tendo condições financeiras, os hebreus deveriam recorrer a Deus, o Criador, antes de recorrer aos tratamentos médicos. Tal fato fica evidente em 2 Crônicas 16.12, quando o rei Asa buscou os médicos antes de se voltar para o Senhor. Parece que o melhor procedimento era, e é, buscar primeiramente a Deus em oração (Nm 21.7; 2 Rs 20; 2 Cr 6.28-30; Sl 6, 107.17-21). Contudo, sabemos que havia doenças, como a temida lepra (uma das doenças mais terríveis da antiguidade e de alto contágio) não tinha cura ou tratamento como tem hoje. Jesus Cristo era a única resposta para os doentes mentais, os coxos, os leprosos e os cegos. Lendo os Evangelhos podemos ver que o Filho de Deus curou muitos leprosos (Mt 10.8;11.5), contudo Jesus não somente curou os doentes, mas ordenou que os seus discípulos também os curassem: “E, indo, pregai dizendo: É chegado o Reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebeste, de graça dai” (Mt 10.7,8).
Não há protocolos para a realização da cura
Ao lermos os Evangelhos fica evidente que Jesus não seguia nenhum tipo de protocolo para curar os enfermos, pois como Filho de Deus, Ele era e é soberano e age no momento que deseja e da maneira que lhe agrada. Certa vez, ao curar um cego de nascença, Jesus cuspiu na terra, fez com sua saliva um pouco de lama e passou nos olhos do cego (Jo 9.6). Depois, o Salvador ordenou que o homem fosse até o tanque de Siloé e lavasse o rosto ali. O homem que recebeu a cura da sua cegueira demonstrou ter uma grande fé, pois, embora a ordem de Jesus fosse nada convencional e até anti-higiênica, ele cumpriu a risca as instruções. Tal episódio nos mostra que a obediência e a fé em Jesus são elementos essenciais para a cura do corpo, da alma e do espírito. Contudo, o Senhor é soberano e o fato de não sermos curados não significa que não temos fé ou que não estamos em obediência.
Sabemos que Jesus é poderoso para curar toda e qualquer enfermidade, contudo nem todos são curados. Por que algumas pessoas não são curadas? Não existe uma única resposta para tal questão. Porém, curados ou não, podemos ter a certeza de que Deus nos ama e um dia limpará de nossos olhos toda lágrima e estaremos no céu onde não haverá mais morte ou dores (Ap 21.4).
Em outra ocasião Jesus curou dois cegos apenas tocando nos olhos deles (Mt 9.27-30). Em outro momento Jesus curou o empregado de um oficial romano com apenas uma palavra e à distância: “Então, disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E, naquela mesma hora, o seu criado sarou” (Mt 8.13). Já com a sogra de Pedro, Jesus toca-lhe na mão e ela é imediatamente curada da febre e passa a servi-los com seu trabalho (Mt 8.14,155). Jesus não mudou, Ele continua a realizar milagres e a curar aqueles que lhe pedem ajuda, mesmo que muitos já não creem na cura divina e que outros afirmem que as curas e milagres foram somente para os tempos de Jesus e dos crentes do primeiro século.
Os críticos da doutrina bíblica da cura divina não compreendem todo o alcance e significado da obra expiatória de Cristo. O sofrimento de Cristo foi por nós, em nosso lugar e em nosso favor. Em Isaías 53, o Servo de Javé experimenta rejeição e sofrimento, “não como consequência de sua própria desobediência, mas em favor de outros”. Qual o resultado? Ele leva a efeito a cura do povo de Deus mediante as “suas pisaduras”. A afirmação de que os sofrimentos de Jesus trazem cura àqueles que sofrem fica estabelecida sobre um sólido fundamento teológico.18
CONCLUSÃO
Deus nos ama e jamais as doenças fizeram parte do seu plano para a humanidade. Elas são uma consequência da Queda. E foi para nos resgatar do pecado e dos seus efeitos maléficos que Jesus Cristo veio ao mundo, morreu na cruz em nosso lugar, e ao terceiro dia ressuscitou, ascendeu aos céus e de lá voltará novamente para nos buscar. Podemos afirmar que a cura divina é parte da nossa salvação e da obra redentora de Jesus Cristo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 HAM, Ken. Criacionismo:Verdade ou mito? Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.343.2
2 HORTON, Stanley M. (Ed.) Teologia Sistemática:Uma perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 505.
3 RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp. 218,219
4 GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 154.
5 JOHNSTON, Jeremiah J. Inimaginável:O que o nosso mundo seria sem o cristianismo. Rio de Janeiro: 2018, pp. 38,39.
6 HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática:Uma perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 514.
7 TOLER, Stan. Qualidade Total de Vida:Tenha pleno controle de sua vida pessoal, profissional e espiritual. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 45.
8 DEERE, Jack. Surpreendido pelo Poder do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp. 257-58
9 Comentário Bíblico Moody. Vol 2. 2.ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular: São Paulo, 1985, p. 179.
10 ZUCK, Roy B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 154.
11 Comentário Bíblico Pentecostal:Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, p. 72.
12 CORREIA JÚNIOR, João Luiz; OLIVA, José Raimundo; SOARES, Sebastião Armando Gameleira. Comentário do Evangelho de Marcos, p. 201.
13 Ibid., p.65.
14 Guia Cristão de Leitura da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 556.
15 HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática:Uma perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 514.
16 Ibid., p. 514.
17 ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço:Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 49.
18 HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática:Uma perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 519.
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