terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição 10 Sofonias- O impacto do juízo vindouro

    TEXTO ÁUREO “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mt 24.21).

    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE SOFONIAS
    II. O JUÍZO VINDOURO
    III. OBJETIVO DO LIVRO
    IV. “O DIA DO SENHOR”

    CONCLUSÃO

    O JULGAMENTO DAS OVELHAS E DOS BODES


    John Macarthur Jr.

    Tudo no Sermão do Monte caminha em direção a um juízo final, e os temas desse juízo, envolvendo a separação dos crentes dos não-crentes, estão presentes em todo o sermão. Vimos anteriormente que todas as três parábolas desse sermão contêm símbolos gráficos do juízo que está próximo. E o grande tema dominante de todo o sermão ― o repentino aparecimento de Jesus Cristo ― é continuamente retratado como sendo o supremo acontecimento que irá precipitar e sinalizar a chegada de um juízo maciço e catastrófico. Agora Cristo nos dá uma poderosa descrição desse juízo:

    E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 
    – Mateus 25.31-33

    Não há ninguém na Escritura que possa dizer mais sobre isso do que o Senhor Jesus. Ele advertiu repetidamente a respeito do iminente julgamento dos que não se arrependem (Lc 13.3,5). Ele falou muito mais sobre o inferno do que sobre o céu, usando sempre os termos mais nítidos e perturbadores. A maior parte do que sabemos sobre o destino eterno dos pecadores veio dos lábios do Salvador. E nenhuma das descrições bíblicas do juízo é mais severa ou mais intensa do que aquelas feitas por Jesus.

    No entanto, Ele sempre falou sobre essas coisas usando os tons mais ternos e compassivos. Ele sempre insiste para que os pecadores abandonem os seus pecados, reconcialiem-se com Deus, e se refugiem nEle para que não entrem em julgamento. Melhor do que qualquer outro, Cristo conhecia o elevado preço do pecado e a severidade da cólera divina contra o pecador, pois iria suportar toda a força dessa cólera em benefício daqueles que redimiu.
    Portanto, ao falar sobre essas coisas, Ele sempre usou a maior empatia e a menor hostilidade. E até chorou quando olhou para Jerusalém sabendo que a cidade, e toda a nação de Israel, iria rejeitá-lo como seu Messias e, em breve, sofreria uma destruição total.
    E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah!
    Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas, te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação. – Lucas 19.41-44

    Em um importante sentido, todo o Sermão do Monte representa uma simples expansão desse apelo compassivo. Começando no mesmo ponto de partida ―um lamento sobre a iminente destruição de Jerusalém― Cristo simplesmente amplia a sua perspectiva e transmite aos discípulos um extenso apelo que inclui desde o futuro escatológico até o momento do seu retorno e do juízo que o acompanhará. Portanto, esse mesmo espírito que inspirou o pranto de Cristo sobre a cidade de Jerusalém, permeia e dá um colorido a todo o Sermão do Monte. E Mateus, que estava presente e ouviu em primeira mão, registrou tudo isso no seu Evangelho, que é como um farol para todos os pecadores, em todos os tempos. Trata-se do último e terno apelo do Senhor para o arrependimento, antes que seja tarde demais.
    Examinando esse sermão também vemos que todos os vários apelos de Jesus para sermos fiéis e todas as suas advertências para estarmos preparados ficam reduzidos a isso: eles representam um compassivo convite para nos arrependermos e crermos. Ele está nos prevenindo de que devemos nos preparar para a sua vinda porque, quando retornar, Ele trará o Juízo Final. E, ao concluir o seu sermão, Ele descreve detalhadamente esse juízo.

    Essa parte remanescente do Sermão do Monte transmite uma das mais severas e solenes advertências sobre o juízo em toda a Escritura. Cristo, o Grande Pastor, será o Juiz, e irá separar suas ovelhas dos bodes. Estas palavras de Cristo não foram registradas em nenhum dos outros Evangelhos. Mas Mateus, pretendendo retratar Cristo como Rei, mostra-o aqui sentado no seu trono terreno. Na verdade, esse juízo será o primeiro ato depois do seu glorioso retorno à Terra, sugerindo que esta será a sua primeira atividade como governante da Terra (cf. Sl 2.8-12). Esse evento inaugura, portanto, o Reino Milenial, e é distinto do juízo do Grande Trono Branco descrito em Apocalipse 20, que ocorre depois que a era milenial chega ao fim. Nesse caso, Cristo está julgando aqueles que estarão vivos no seu retorno, e irá separar as ovelhas (os verdadeiros crentes) dos bodes (os descrentes). Os bodes representam a mesma classe de pessoas que são retratadas como servos mais, como virgens imprudentes, e como o escravo infiel nas parábolas imediatamente precedentes.
    Texto extraído da obra “A Segunda Vinda”, editada pela CPAD.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores

  • Lição 9 Habacuque - A soberania divina com as nações

    TEXTO ÁUREO “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13).



    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE HABACUQUE
    II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
    III. A RESPOSTA DIVINA
    IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ

    CONCLUSÃO

    LUTERO E WESLEY

    Silas Daniel

    Esta passagem de Habacuque 2.4 é um dos mais importantes textos das Sagradas Escrituras e da história da Igreja. Através dele, pelo menos dois grandes avivamentos aconteceram, datados dos séculos 16 e 18. Eles definem bem a importância dessa passagem para a vida do cristão, daquele que realmente serve a Deus.


    Certo dia, um monge agostiniano de 22 anos, chamado Martinho Lutero, encontrou na biblioteca de seu convento uma velha Bíblia em latim. Ele ficou tão embriagado ato ter contato com o texto sagrado pela primeira vez que durante semanas inteiras deixou de fazer as orações diurnas de sua ordem.

    Posteriormente, como uma espécie de compensação, dedicou-se a vigílias e jejuns até desmaiar com a saúde debilitada. Mas sua sede pelas Escrituras permanecia.

    Admirado com a paixão crescente de Lutero pela Palavra, Staupitz, vigário geral da ordem agostiniana, em visita ao convento daquele monge, ofereceu-lhe uma Bíblia. Foi lendo o presente que o jovem deparou-se pela primeira vez com o texto de Romanos 1.17, que revolucionaria sua vida: “O justo viverá da fé”.


    Anos depois, Lutero foi ordenado padre. Aos 25 anos, foi nomeado para cadeira de Filosofia em Winttenberg, para onde se mudou. Em meio às atividades como professor, dedicava-se a estudar a Palavra de Deus.

    Tempos depois, viajou a pé para Roma em companhia de um monge.
    Passou um mês ali, tendo inclusive celebrado missas. Um dia, subindo de joelhos a “santa escada”, desejando a indulgência que o papa prometia a quem fizesse isso, ouviu ressoar em seus ouvidos o texto bíblico que o impressionara: “O justo viverá da fé”. A experiência foi tão forte que Lutero imediatamente se levantou e saiu envergonhado.

    De volta, lançou-se novamente ao estudo das Escrituras. O que aconteceu a seguir, ele mesmo conta:


    “Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo, consta que a justiça de Deus se revela no Evangelho (vv. 16,17). Eu detestava as palavras ‘justiça de Deus’, porque, conforme fui ensinado, a considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a consciência me mostrava que era pecador perante Deus. Assim, odiava a um Deus justo, que castiga pecadores (...) Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre para o mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava”.  


    “Depois de meditar sobre o ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra: ‘O justo viverá da fé’. Vi então que a justiça de Deus, nesta passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé, como dádiva. Então me achei recém-nascido e no paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus.

    Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do paraíso”. [BOYER, Orlando Spence, Heróis da Fé, CPAD] 

    Foi o texto de Romanos 1.17, exatamente a passagem que refere-se a Habacuque 2.4, que provocou, no século 16, a Reforma Protestante na Alemanha, se alastrando depois por todo o mundo.


    Em 24 de Maio de 1738, em Aldersgate Street, Inglaterra, um pastor anglicano, chamado John Wesley, estava estudando Romanos 1.17 quando algo extraordinário aconteceu, mudando para sempre a sua vida.

    De repente, ele sentiu seu coração (usando suas próprias palavras) “estranhamente aquecido”. Conta Wesley: 

    “Senti o coração abrasado; confiei em Cristo, somente em Cristo, para salvação. Foi-me dada a certeza de que Ele levara os meus pecados e de que me salvara da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todas as minhas forças (...) e testifiquei a todos os presentes do que sentia no coração”. [BOYER, Orlando Spence, Heróis da Fé, CPAD]

    Os olhos de Wesley foram abertos para a verdade da justificação pela fé. A célebre conversa entre Peter Bulow e Wesley na viagem de Londres a Oxford, que antecedeu essa experiência relatada acima, foi toda a respeito de Romanos 1.17. “Foi somente depois que Wesley compreendeu esta verdade, e ela o absorveu completamente, que o Espírito Santo veio sobre ele e começou a usá-lo. [LLOYD-JONES, Martin, Avivamento, PES, 1992].


    A experiência de Wesley resultou no grande avivamento inglês do século 18, e que alcançou outros países. Segundo os historiadores, foi esse avivamento que evitou que a Grã-Betanha vivenciasse a mesma revolução sangrenta por que passou a França em 1789. E tudo começou com a citação paulina de Habacuque 2.4 em Romanos 1.17. Por todos esses motivos, essa passagem é muito preciosa para os genuínos cristãos em todo o mundo.  
     
    Texto extraído da obra “Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos”, editada pela CPAD.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Lição 09

O PROFETA HABACUQUE E A SOBERANIA DIVINA

SOBRE AS NAÇÕES 

02 de dezembro de 2012

TEXTO ÁUREO 


Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar, por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele? (Hc 1.13).   

 

VERDADE PRÁTICA

 

A fim de cumprir os seus planos Deus age soberanamente na vida de todas as nações da terra.

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar, por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele? (Hc 1.13).

 

O contexto do nosso texto áureo está em Habacuque capítulo 1º. Neste capítulo o profeta fala sobre a iniquidade de Judá e seu castigo pelas mãos dos caldeus e no final está a intercessão do profeta.

O nosso texto áureo especificamente declara: “...não pode ver o mal” – essa expressão não significa que Deus seja incapaz de perceber o mal, pois Ele a tudo observa, Ele é onisciente, portanto, nada está oculto diante Dele.

O texto áureo aponta para a natureza justa de Deus, Ele jamais contempla o mal para tolerá-lo ou apoiá-lo.

O que deixou o profeta Habacuque perplexo foi o uso que Deus fez dos ímpios babilônicos. Tinha-se a impressão que Ele tolerava o pecado dos caldeus, enquanto castigava Judá que, a despeito de todos os seus pecados, não deixara de ser uma nação mais justa que os povos da Mesopotâmia.

A invasão caldaica levou o profeta Habacuque a uma profunda indagação sobre o problema do mal. Como Deus podia permitir tal coisa? E clamava pela justiça divina diante de tanta iniqüidade.

Mas o profeta sabia que o SENHOR não permitiria que os babilônicos aniquilassem a nação judaica, pois, mediante tal destruição, estaria cancelando seu propósito redentor à humanidade. 

RESUMO DA LIÇÃO 09 


O PROFETA HABACUQUE E A

SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES 

I. O LIVRO DE HABUCUQUE

1. Contexto histórico.

2. Vida pessoal.

3. Estrutura e mensagem.

 

II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS

1. O clamor de Habacuque.

2. A descrição do pecado.

3. O colapso da justiça social.

 

III. RESPOSTA DIVINA

1. O juízo divino e anunciado.

2. Os caldeus e a questão ética.

 

IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ

1. A esperança de Habacuque.

2. A visão.

3. O justo viverá da fé. 

INTERAÇÃO


 

 “O justo viverá pela fé”. Esta sentença tornou-se uma das mais importantes temáticas do Novo Testamento.
No judaísmo existem 613 mandamentos. Segundo a tradição da época de Jesus:- 248 mandamentos eram proibitivos (não farás) e cada um se referia a cada órgão do corpo humano (de acordo com a medicina da época);- 365 mandamentos eram positivos (farás) e cada um se referia a cada dia do ano lunar judaico. Os 613 mandamentos foram resumidos em 11 preceitos no Salmo, e foram resumidos em 6 preceitos pelo profeta Isaías, e foram resumidos em 3 preceitos pelo profeta Miquéias, e foram resumidos em 2 preceitos pelo profeta Amós, finalmente em 1 preceito pelo profeta Habacuque 2.4. Os 613 mandamentos foram resumidos em 11 preceitos no Salmo 15: SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
1º preceito: Aquele que anda sinceramente, 2º: e pratica a justiça, 3º: e fala a verdade no seu coração. 4º: Aquele que não difama com a sua língua, 5º: nem faz mal ao seu próximo, 6º: nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo; 7º: A cujos olhos o réprobo é desprezado; 8º: mas honra os que temem ao SENHOR; 9º: aquele que jura com dano seu, e contudo não muda. 10º: Aquele que não dá o seu dinheiro com usura, 11º: nem recebe peitas contra o inocente.  Quem faz isto nunca será abalado. 
(Salmos 15.1-5) 
Os 11 preceitos no Salmo 15, foram resumidos em 6 preceitos pelo profeta Isaías: 

1ª preceito: O que anda em justiça, 2º: e o que fala com retidão; 3º: o que rejeita o ganho da opressão,
4º: o que sacode das suas mãos todo o presente; 5º:o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue 6º: e fecha os seus olhos para não ver o mal. Isaías 33.15 
Os 6 preceitos pelo profeta Isaías, foram resumidos em 3 preceitos pelo profeta Miquéias: Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti,

 1º preceito: senão que pratiques a justiça, 2º: e ames a misericórdia, 3º: e andes humildemente com o teu Deus?  Miquéias 6:8
Os 3 preceitos pelo profeta Miquéias, foram resumidos em 2 preceitos pelo profeta Amós: 
1º preceito: Buscai ao SENHOR, 2º: e vivei, para que ele não irrompa na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague. (Amós 5.6-7). Os 2 preceitos pelo profeta Amós, foram resumidos em 1 preceito pelo profeta Habacuque: “Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele;
1 preceito: mas o justo pela sua fé viverá”.  (Habacuque 2.4). 
E isto foi a base do evangelho ensinado por Paulo em suas epístolas (Rm 1.27):
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Romanos 1.17) Foi um dos lemas da Reforma Protestante.

O apóstolo Paulo é um dos que descrevem a graça de Deus de maneira mais intensa e bela: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

Tal perspectiva da graça de Deus foi precedida pelo profeta Habacuque, quando ele declarou: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). 

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar o contexto histórico, a estrutura e a mensagem do livro de Habacuque.

·   Compreender a situação do país na época de Habacuque.

·   Mencionar a resposta de Deus ministrada ao profeta.  

ESBOÇO DO LIVRO DO PROFETA HABACUQUE  


O Interrogatório de Habacuque a Deus (1.2 — 2.20)

Questão:    Como Deus permite que a ímpia Judá fique sem castigo (1.2-4).

Resposta:    Mas Deus usará a Babilônia para castigar Judá (1.5-11).

Questão:    Como Deus pode usar uma nação mais ímpia que Judá como instrumento de juízo (1.12 — 2.1).

Resposta:    Deus também julgará Babilônia (2.2-20).

O Cântico de Habacuque (3.1-19)

Oração de Habacuque por misericórdia divina (3.1,2).

O poder do Senhor (3.1,2).

Os atos salvíficos do Senhor (3.3-7).

A fé inabalável de Habacuque (3.16-19). 

COMENTÁRIO


 

introdução

Palavra Chave

SOBERANIA: 

Qualidade ou condição de um soberano; autoridade; domínio; poder.  

No diálogo entre Habacuque e o Senhor, presenciamos uma singular beleza teológica e literária. Ao longo do livro de Habacuque, deparamo-nos com uma das mais notáveis declarações doutrinárias: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). Este oráculo fez-se tão notório, que se tornou uma das mais importantes temáticas, em o Novo Testamento (Rm 1.17 cf. Gl 3.8). Séculos mais tarde, inspirou Martinho Lutero a deflagrar a Reforma Protestante.  

I. O LIVRO DE HABACUQUE 

1. Contexto histórico. Habacuque é o nome do profeta autor do livro, seu nome significa “abraço”. Habacuque exerceu o seu ministério quando os caldeus marchavam vitoriosamente pelo Oriente Médio (1.6). Tal marcha iniciou-se em 627 a.C. e foi concluída com a vitória sobre Faraó Neco, do Egito, na Batalha de Carquêmis, em 605 a.C. (Jr 46.2). Tempo em que, de fato, os caldeus tornaram-se um império pujante. Isso mostra que o profeta era contemporâneo de Jeremias e Sofonias (Jr 1.1; Sf 1.1). Ele menciona ainda a opressão dos ímpios sobre os pobres e o colapso da justiça nacional (1.2-4) e descreve também o cenário do reinado tirânico de Jeoaquim, rei de Judá, entre 605 e 598 a.C. (Jr 22.3,13-18). 
 
2. Vida pessoal. Não há informações, dentro ou fora do livro, sobre a vida pessoal de Habacuque. Apenas temos a declaração de que ele é profeta (1.1), detalhe este também encontrado em Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc 1.1). A partir dessas poucas informações e pela finalização de seu livro (3.19), muitos estudiosos entendem que Habacuque era um profeta bem aceito pela sociedade e — há quem afirme — oriundo de família sacerdotal. A literatura rabínica apoia essa ideia. 
3. Estrutura e mensagem.  No estudo passado, aprendemos que o termo “peso” indica uma “sentença pesada e profecia”. A exemplo do livro de Naum, esse oráculo foi revelado à Habacuque na forma de visão (1.1). A profecia divide-se em três capítulos: - O primeiro denuncia a corrupção generalizada da nação e a consequente resposta divina (1.2-17); - o segundo, outra resposta do Eterno (2.1-20); - e a terceira, a oração de Habacuque (3.1-19). O oráculo divino, que possui a mesma estrutura dos Salmos, tem como principal ênfase a fé. O livro do profeta Habacuque é citado em três passagens do Novo Testamento: Romanos 1.17; Gálatas 3.11 e Hebreus 10.38:
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé,
 como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Romanos 1.17)  

“E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus,
porque o justo viverá da fé”.  (Gálatas 3.11) 

“Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar,
a minha alma não tem prazer nele”. (Hebreus 10.38).  

Os mais expressivos textos que contrastam a salvação pela graça e a salvação pela lei. Curiosamente, é a única citação da palavra fé em todo o Antigo Testamento. Habacuque discute o problema do mal, talvez um dos pontos mais difíceis com o qual a teologia tem de lidar. Ao ver a crueldade com que a Babilônia tratou Judá, o profeta se revoltou, fazendo o seguinte questionamento: “por que um Deus tão bom, não interferia ou demorava a intervir?” 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O livro de Habacuque denuncia a corrupção generalizada da nação, descreve as respostas divinas e apresenta a oração de Habacuque.  

II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS

 

1. O clamor de Habacuque. O que ocorria em Judá ia de encontro ao conhecimento que Habacuque possuía a respeito do Deus de Israel. Mas como é possível Aquele que é justo e santo tolerar tamanha maldade? O profeta expressa sua perplexidade na forma de lamentos: “Até quando, SENHOR[...]?” (1.2; Sl 13.1,2); “Porque[...]?” (1.3; Sl 22.1). Essas perguntas indicam que, há tempos, Habacuque orava a Deus em busca de solução. 

2. A descrição do pecado. Assim, o profeta resume o quadro desolador do seu povo: iniquidade e vexação; destruição e violência; contenda e litígio (1.3). A Bíblia ARA (Almeida Revista e Atualizada) emprega o termo “opressão”. A Bíblia TB (Tradução Brasileira) usa “perversidade” no lugar de “vexação”. A estrutura poética nessa descrição revela a falência da justiça e o abuso opressor das autoridades em relação aos pobres.  

3. O colapso da justiça nacional. A frouxidão da lei era consequência da corrupção generalizada. Na esfera judiciária, a sentença não era pronunciada, ou quando dado o veredicto, este sempre beneficiava os poderosos (1.4). A sociedade sequer lembrava-se da lei. Esta era o poder coercitivo para manter a ordem pública, garantir a segurança e os direitos do cidadão (Dt 4.8; 17.18,19; 33.4; Js 1.8). Mas a influência das autoridades piedosas não foi suficiente para mudar o estado das coisas. Somente o Senhor onipotente de Israel é quem pode fazer plena justiça. 

SINOPSE DO TÓPICO (II)
O caos estabelecido em Judá era decorrente da corrupção generalizada e denunciada pelo profeta Habacuque.  

III. A RESPOSTA DIVINA 

1. O juízo divino é anunciado. Antes de Habacuque perceber a gravidade da situação, Deus, que está no controle de todas as coisas, apenas aguardava o tempo oportuno para agir e mostrar a razão de sua intervenção. Tudo estava nos planos do Senhor. O profeta e todo o povo de Judá precisavam prestar mais atenção aos acontecimentos mundiais, pois o Eterno realizaria, naqueles dias, uma obra que eles não creriam, quando lhes fosse contada (1.5). Essa obra era um novo império que Deus estava levantando no mundo. Não obstante, esse oráculo também diz respeito à vinda do Messias (At 13.40,41).  

2. Os caldeus e a questão ética (1.6). O império dos caldeus crescia e agigantava-se sob a liderança do rei Nabucodonosor. Ele estava a caminho de Jerusalém para invadir a província de Judá. No entanto, Habacuque ficou desapontado com essa resposta. Como um povo idólatra, sem ética e respeito aos direitos humanos, poderia castigar o povo de Deus? Ele pergunta: “por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (1.13). Trataria o Senhor os filhos de Judá como os animais? (1.14). Permitiria à Babilônia fazer o que desejasse com o povo? (1.15-17).
 

SINOPSE DO TÓPICO (III)
A primeira resposta divina era o agigantamento dos caldeus a caminho de Jerusalém para invadir a província de Judá.  

IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ 

1. A espera de Habacuque. Sabedor de que Deus lhe responderá, o profeta prepara-se para ser arguido por Deus.
Ele se posiciona como uma sentinela — figura comumente empregada para descrever os profetas bíblicos. Sua função era ficar alerta para escutar a palavra de Deus e transmiti-la ao povo (Is 21.8; Jr 6.17; Ez 3.17). 

2. A visão. A resposta divina veio ao profeta através de uma visão transmitida com agilidade e nitidez, dispensando a necessidade de que alguém lesse e a interpretasse (2.2), pois se tratava de uma mensagem que, apesar de futurística, era claríssima: - A Babilônia desaparecerá da terra para sempre! 
 
‘E babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.
Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.
Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali.
E os animais selvagens das ilhas uivarão em suas casas vazias, como também os chacais nos seus palácios de prazer; pois bem perto já vem chegando o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão.’ 
(Isaías 13.19-22)
 

- No entanto, Judá, apesar do castigo, sobreviverá (Jr 30.11). O desafio era crer na mensagem! Ainda que seu cumprimento tardasse, Deus é fiel para cumprir a sua palavra (2.3; Jr 1.12). Assim como naquele tempo, o mundo permanece no pecado por causa da incredulidade e por isso não crê na pregação do Evangelho (Jo 9.41; 15.22; 16.9; 2 Co 4.4).

2. O justo viverá da fé. A expressão “alma que se incha” (2.4) refere-se ao orgulho dos caldeus (1.10; Is 13.19).
O justo é aquele que crê no julgamento de Deus sobre a Babilônia (2.8). Ele sobreviverá à devastação de Judá pelo exército de Nabucodonosor: “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4b). Mas ao mesmo tempo é uma mensagem de profundo significado para a fé cristã (Rm 1.17; Gl 3.8; Hb 10.38). Em o Novo Testamento, o “justo” é quem, proveniente de todas as nações, acolhe a mensagem do Evangelho e é justificado pela fé em Jesus.  

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

A segunda resposta de Deus era que a Babilônia desapareceria para sempre. Mas Judá, apesar de passar por um castigo doloroso, sobreviveria.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

A Palavra de Deus é suficiente para corrigir o caminho tortuoso de qualquer pessoa. Apesar de a resposta divina nem sempre ser o que esperamos, ela é sempre a melhor. Quem não se lembra do fato ocorrido na vida de Naamã? (2 Rs 5.10-14). Isso acontece porque os caminhos e os pensamentos de Deus são infinitamente mais elevados que os nossos (Is 55.8,9). Vivamos, pois, pela fé!  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  


 DANIEL, S. Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos. 1 ed., RJ: CPAD, 2005. ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I 
Subsídio Teológico 


“O significado da fé em Habacuque.

Além de estar dizendo claramente que os justos de Judá, apesar do sofrimento pelo qual passarão no ataque caldeu, serão poupados (como aconteceu com Jeremias, Daniel e tanto outros), o Senhor mostra ao profeta que sua compreensão concernente à vida espiritual ainda era superficial. Ainda faltava a Habacuque considerar alguns aspectos essenciais da vida com Deus. Sua Teologia ainda ignorava nuanças vitais, e que agora são sintetizadas para o profeta em uma única frase: ‘O justo viverá pela sua fé’. O justo não vive pelo que vê, sente, percebe, imagina ou pensa, mas pela fé. ‘Porque andamos por fé e não por vista’ (2 Co 5.7). Não que essas coisas não sirvam, vez por outra, para alimentar a nossa fé, mas não podem ser considerados fundamentos para ela. Nossa fé está fundamentada no próprio Deus, em sua Palavra. O justo está baseado nela” (DANIEL, S. Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos. 1 ed. RJ: CPAD, 2005, p.90). 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO  


Habacuque: A soberania divina sobre as nações  

Habacuque exerceu seu ministério nos dias de Josias, rei de Judá. Nos dias de Manassés, avô de Josias, a corrupção moral e espiritual atingiu níveis jamais vistos. Josias, anos depois de Manassés, trouxe reformas substanciais à vida dos hebreus, mas seus esforços não tiveram êxito completo no sentido de destituir as coisas ruins com que a nação se acostumou. Os juízes, que deveriam julgar de acordo com os preceitos da lei de Deus, eram corruptos, e julgavam conforme os subornos que recebiam. Os homens perversos eram bem-sucedidos em seus intentos, tornando a prática da justiça algo risível. Como viver em um estado onde a impiedade era a regra?

O profeta defronta-se com duas questões: porque Deus não pune os pecados de Judá? Para essa primeira questão, Deus mostra a Hacacuque que os babilônios iriam punir Judá. Aqui entra a segunda questão: porque Ele permitiria que um povo ímpio fosse responsável por julgar a Israel? Para a segunda questão, Deus mostra que os assírios, mesmo ímpios, trariam o julgamento de Deus, mas depois eles mesmos seriam julgados por seus pecados. “Habacuque, ao rogar a Deus por uma explicação do porquê Ele permitira que o iníquo pecasse e o inocente sofresse, recebe a resposta. Na época, Deus estava preparando os babilônios para ingressarem no rol das potências mundiais. O Senhor usaria as forças armadas desses pagãos para que o seu próprio povo fosse punido. Habacuque entendeu o plano de Deus, pois o uso de nações inimigas para disciplinar Israel e Judá era um precedente bem arquitetado” (Guia do Leitor da Bíblia. CPAD, pg.560).

Mas vemos em Habacuque outra situação que nos leva a pensar. Se os babilônios eram um povo que não conhecia a Deus, eles, como um povo “injusto”, julgariam a Israel e Judá, nações que conheciam a Deus e poderiam ser consideradas justas? O profeta então percebe que a questão não se refere a um povo mau julgando o povo do Senhor, e sim que ninguém pode evitar a disciplina do Senhor, quer seja um povo bom, quer seja um povo mau. Deus sabe como tratar com todos.

Deus não permite a injustiça entre seu próprio povo. Ele é juiz e julga até mesmo os seus, para que o seu nome não seja blasfemado. E castiga os pagãos também, quando eles pecam. E mesmo aqueles que temem a Deus devem confiar nEle quando Ele julgar os que são chamados pelo seu nome. O povo de Deus deve ser o primeiro a se arrepender de seus pecados, para não atrair a ira divina.