Lição
09 2º Trim. 2012.
LAUDICEIA,
UMA IGREJA MORNA
27
de maio de 2012
TEXTO
ÁUREO
“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a
sua justiça,
e todas essas coisas vos serão acrescentadas”(Mt 6.33).
VERDADE
PRÁTICA
A igreja que não busca os interesses do
Reino de Deus está fadada ao fracasso,
ao esquecimento e à indigência
espiritual.
COMENTÁRIO
DO TEXTO ÁUREO
“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a
sua justiça,
e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
O
capítulo 6 do Evangelho de Mateus apresenta 34 versículos, que podem ser subdivididos
em 3 agrupamentos; - o
primeiro grupo de versículos Mt 6.1-18 nos mostram o contraste entre os antigos
padrões judaicos de conduta e os novos padrões ensinados pelo Senhor Jesus, o
Messias; o
segundo grupo de versículos Mt 6.19-24. nos mostram o uso correto das
propriedades, a relação que devemos ter para com as riquezas, e o cuidado da
busca desenfreada pelas coisas terrenas e outros bens materiais. -o terceiro e último grupo de versículos Mt 6.25-34, onde está inserido o nosso texto
áureo, fala sobre a ansiedade e a confiança. Como declara Sherman Johnson: “O homem que quiser ter um tesouro nos céus
(vs. 20), que quiser que a linha orientadora de sua vida seja reta (vs. 22), e
que quiser servir a Deus e não às propriedades (vs. 24), deve desvencilhar-se
das preocupações”, ao mesmo tempo deve desenvolver a confiança correta a
Deus, nosso Pai. Isso o Senhor Jesus exige da parte do novo Israel, ou seja, do
Israel Espiritual, sua Igreja, chamados para
fora do mundo para serví-lo. Essas
instruções são distintamente cristãs, ainda que originalmente tenham sido dadas
aos judeus, são direcionadas a igreja, aqueles que
acolheram sua nova Lei. O Evangelho de Mateus é um documento cristão, ainda que
reflita a transição da antiga para a nova dispensação. Neste
último grupo de versículos, 24
a 34 do capítulo 6 de Mateus,onde se insere o nosso
texto áureo (Mt 6.33), encontramos oito razões pelas quais os crentes no Senhor
Jesus Cristo devem evitar toda sorte de ansiedades relacionadas a vida material
e física, que são:
1.-
a nossa vida aqui nessa terra, é muito mais que simplesmente esse viver
cotidiano, material e físico, portanto não deve se restringir e ser dominada
apenas pelos desejos e elementos materiais que o mundo ou o sistema possa
oferecer (Mt 6.25);
2.-
Deus, nosso Pai, cuida dos animais irracionais, inferiores e isolados, quanto
mais dos seus filhos queridos (Mt 6.26);
3.-
a nossa ansiedade, as nossas preocupações, em nada altera as condições de vida,
ou aumenta a sua duração, ou seja, nossas ansiedades, não mudam absolutamente
nada, não nos faz crescer em nada (Mt 6.27);
4.-
Nosso Santo e amoroso Deus, veste as flores frágeis de maneira belíssima e
perfumada, sem que as mesmas tenham raciocínio algum, quanto mais nós, seus
filhinhos amados, Deus providencia e tem providenciado as necessidades de cada
um sem que precisemos nos preocupar (Mt 6.28-30);
5.-
Os gentios, os mundanos, os carnais, vivem desesperadamente em busca das coisas
deste mundo, faz parte do raciocínio dos pagãos a ansiedade pelas coisas
materiais e terrenas, diferentemente os crentes, filhos do reino de Deus,
contam com seu Pai Celestial (Mt 6.31-32);
6.-
Nosso Deus é Pai, o Pai conhece as necessidades de seus filhos, nosso Deus e
Pai conhece muito bem, as minhas e as suas necessidades, a fé nisso, nos traz
conforto, porque diferentemente dos deuses do paganismo, que não eram pai para
seus adeptos, mas apenas senhores, fazia com que seus adeptos tivessem razões
para não esperar muito deles. Mas os discípulos do reino, que são filhos do Pai
celeste, tem razão em esperar o fornecimento de tudo. (Mt 6.32). Glória a Deus;
7.-
A busca pelo reino de Deus e sua justiça , por si mesma, nos garante as coisas
menos importante.
A
expressão “em primeiro lugar” do nosso
texto áureo (Mt 6.33) provavelmente, nos remeta que Jesus só permite uma busca,
uma ansiedade, portanto, não uma série, sendo essa a primeira de várias, mas a primeira, no
sentido de única, uma forte expressão de desejo, um exercício de alma naquilo
que diz respeito ao reino de Deus e à sua justiça. Portanto
essa busca deve ser suprema e nenhuma outra coisa merece a atenção do ser
humano, é a única coisa digna de ocupar a mente e o coração do crente, que foi
feito à imagem de Deus, ou seja somente essa busca é permitida e incentivada no
Reino de Deus, que são coisas pertinente ao próprio Reino: “Desejai as coisas grandes (as mais
importantes), e as coisas pequenas vos serão acrescentadas, e desejai as coisas
celestiais, e as coisas terrenas vos serão acrescentadas”, tanto
Orígenes como Clemente de Alexandria, considerados pais da igreja cristã,
citaram essas palavras (Mt 6.33);
8.-
A ansiedade por si só é inútil, só acrescenta maior sofrimento na vida diária
da pessoa, já tão perturbado em seu cotidiano. Na realidade é uma
irracionalidade sofrer algo, que ainda não existe, juntamente com o já
existente, o qual é perfeitamente real (Mt 6.34).
Esse
é o contexto do nosso texto áureo. O capítulo 6 de Mateus deve ser um dos
ensinos norteadores de nossas vidas, assim sendo, não devemos isolar o
versículo 33, mas devemos considerar e compreender que esse versículo 33 "Mas buscai
primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas", atinge o ponto mais elevado do MANIFESTO
CONTRA O MATERIALISMO e ao mesmo tempo nos apresenta a principal instrução
do ensino do Senhor Jesus a respeito da atitude cabível ao crente, concernente
as coisas materiais.
RESUMO DA LIÇÃO 09
LAODICEIA, UMA IGREJA MORTA
I.
A IDENTIFICAÇÃO DE JESUS
1. A testemunha
fiel e verdadeira.
2. O princípio da criação de DEUS.
II. A SITUAÇÃO
ESPIRITUAL DA IGREJA DE LAODICEIA
1.
A cidade de Laodiceia.
2.
Mornidão espiritual.
3. Arrogância espiritual.
4. Falta de percepção do próprio eu.
III. COMO REAVIVAR UMA IGREJA MORNA
1. Ouro refinado pelo fogo.
2. Vestiduras brancas.
3. Colírio.
INTERAÇÃO
A
igreja de Laodiceia recebe a sétima e última carta. Infelizmente
a situação espiritual dessa igreja era miserável. Uma
igreja em que os bens materiais sobejavam, mas desprovida espiritualmente. Nem
quente, nem fria, uma igreja morna, indiferente à Palavra de Deus. Porém,
o Senhor Jesus a amava e por isso aconselhou que buscasse um genuíno avivamento
(Ap 3.18). O
Senhor Jesus não quer que seus filhos se percam. Ele é
aquele que traz o nosso pecado à tona, nos ensina como abandoná-lo e nos perdoa
quando de coração sincero nos arrependemos.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Descrever a situação espiritual da Igreja de Laodiceia.
·
Conscientizar-se de que a riqueza da igreja está em manter comunhão
com o Senhor.
·
Saber como manter a igreja fervorosa espiritualmente.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
Morno:
Desprovido
de calor, de efervescência, de vida; monótono, aborrecido.
Laodiceia de nada tinha falta; possuía tudo em
abundância. Aos olhos do Senhor, porém, não passava de uma
igreja pobre, cega e miserável. O que lhe sobejava em riquezas temporais,
faltava-lhe em bens eternos. Ela retrata as igrejas que, desconstruindo-se como
Reino de Deus, reconstroem-se como impérios humanos.Jesus não mudou. Continua a zelar pela qualidade espiritual de sua
Igreja. Ele requer sejamos fervorosos no espírito, porque
não haverá de aturar crentes mornos e indiferentes às reivindicações de sua
Palavra. A mornidão espiritual é repugnante ao Senhor. Observemos, pois, com reverência e temor, as
advertências que nos reservou o Filho de Deus neste domingo.
I. A IDENTIFICAÇÃO DE JESUS
Tendo em vista a soberba e a presunção espiritual
da igreja em Laodiceia, uma das principais cidades da Ásia Menor, apresenta-se
o Senhor Jesus com irrecorríveis credenciais: “Isto diz
o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Ap
3.14).
1. A
testemunha fiel e verdadeira.
Se Laodiceia vive de mentiras e de aparências,
Jesus não tem outra alternativa senão a de apresentar-se, ao seu pastor, como a
Testemunha Fiel e Verdadeira. Conclui-se, pois, que a Igreja de Cristo tem a
obrigação de sustentar a verdade evangélica neste século maligno e mentiroso (1
Tm 3.15). Mas como poderá uma igreja morna e que tem a cara
do mundo levantar-se como a voz profética de Deus?
2.
O princípio da criação de Deus.
O anjo da igreja em Laodiceia, ignorando a
suficiência divina, extravasa-se em presunções: “Rico
sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta” (Ap 3.17). Agora, porém, ele terá de saber que Jesus, como o
princípio da criação de Deus, é o dono de todas as coisas, porque todas as
coisas foram por Ele criadas (Jo 1.3). Sim, tudo quanto há no mundo existe por causa dele
e para Ele (Rm 11.36). Igreja rica não é aquela que tem ouro e prata, mas
aquela que ainda pode declarar no poder do Espírito Santo: “Em nome
de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6). Sim, igreja abastada é aquela que, embora pobre,
consagra ao Senhor preciosas almas.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A riqueza da igreja não está em seus bens materiais, mas em sua
comunhão com o Senhor.
II. A SITUAÇÃO ESPIRITUAL DA IGREJA DE LAODICEIA
Onisciente que é, conhecia o Senhor Jesus a
real situação de Laodiceia. Esta igreja, que vivia uma vida de aparências e
mentiras, é desmascarada pela Testemunha Fiel e Verdadeira.
1.- A cidade de Laodiceia.
Laodiceia foi uma das mais prósperas cidades da Frígia,
durante a época romana. Suas ruínas agora são chamadas “Castelo Velho”
(“Eski-hissar”). Inicialmente teve o nome de Dióspolis, depois Roas,
mas foi reconstruída recebendo o nome de Laodiceia, dado pelo rei Antíoco II,
rei da Síria, em honra da sua esposa Laodice. O nome Laodiceia (grego Laodikiâi) é significativo, pois se traduz como “só povo” ou “povo
reinante”. As cidades de Laodiceia, Colossos e Hierápolis (Colossenses
4.13) ficavam no vale do rio Lico. Laodiceia situa-se no local da cidade moderna de Denizli,
Turquia, no cruzamento de estradas principais da Ásia Menor. As
pesquisas arqueológicas confirmaram que Laodicéia já existia por volta do
século IV a.C. e tornou-se um dos principais centros do cristianismo nascente
por volta do ano 40/50 d.C. Ela foi sede episcopal. Possuía, bancos, indústria têxtil e uma escola de
medicina que produzia colírio para os olhos, embora tivesse problemas com o
abastecimento de água. Em certa ocasião, foi construído um arqueduto que
transportava as águas térmicas vindas de Heirápolis. Porém, quando a água chegava na cidade, não estava nem
quente e nem fresca, mas apenas morna. A qualidade dela não era boa, e a cidade ganhou a reputação
de ter água não potável. Ao engolir esta água, muitas pessoas vomitavam. Semelhantemente, Jesus sentiu vontade de vomitar de sua boca
a igreja de Laodicéia (3.15-16). A cidade é citada algumas vezes no Novo Testamento da
Bíblia (Colossenses 2.1; 4; 13-15), na qual Paulo esteve em sua terceira viagem
missionário. É mencionada na Bíblia porque nos primórdios do
cristianismo havia ali uma igreja de irmãos convertidos pela pregação inicial
do Evangelho através da Ásia Menor. Os habitantes da cidade eram opulentos por causa do
grande comércio na região e orgulhavam-se da sua relativa independência
política e econômica. Essa atitude acabou se permeando na igreja que ali
se formou.
(ver mais sobre a cidade de Laodicéia no Auxílio Histórico
no final do texto).
2.
Mornidão espiritual.
Laodiceia era um rico centro de comércio. A prosperidade era a causa da mornidão daquela
igreja. Eles haviam se tornado ricos e cheios de bens
materiais. Com o dinheiro que já tinham, multiplicavam ainda
mais suas posses.
Estavam, agora, tão envolvidos com a vida material
que eram induzidos a negligenciar a espiritual (Mt 13.22). Esta igreja não havia sofrido nenhuma perseguição. Não havia sido invadida pelas falsas doutrinas nem
pelos falsos apóstolos. Para as outras igrejas, sua situação era excelente,
ideal. Os cristãos de Laodiceia haviam se tornado tão
satisfeitos e eufóricos com as coisas que o dinheiro pode comprar, que foram
levados a perder o desejo pelas coisas de Deus. Infelizmente não haviam aprendido ainda a ‘viver em prosperidade’ (Fp 4.12). Como resultado, sua satisfação era falsa por
ignorarem as coisas de Deus. Se Laodiceia fosse fria, buscaria o calor de um avivamento;
se quente, espalharia esse mesmo avivamento até aos confins da terra. Morna, porém, faz-se indiferente a Deus e à sua
Palavra. Por isto, o Senhor repreende-a: “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que
foras frio ou quente!” (Ap 3.15).
3.
Arrogância espiritual.
Além dessa indiferença doentia e crônica às coisas
de Deus, o anjo da Igreja em Laodiceia era soberbo e arrogante. Supunha que, por ser rico e de nada ter falta,
achava-se acima das providências divinas. A prosperidade levara-o ao orgulho fatal. Somente um tolo diria tal coisa: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta” (Ap
3.17). O que nos lembra esse discurso? A retórica do querubim ungido ao apostatar-se de
sua posição junto ao trono do Altíssimo (Is 14.13,14). Comportam-se assim as igrejas que, por causa de sua
prosperidade material, julgam-se ricas, mas espiritual e ministerialmente são
paupérrimas.
4.
Falta de percepção do próprio eu.
Apesar de todos os seus bens materiais, Laodiceia
em nada diferia de um esmoler espiritual: “e não sabes que és
um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3.17). Se Adão logo após a Queda percebeu-se nu, o pastor
da igreja em Laodiceia julgava-se bem vestido e ornado. Se o primeiro homem teve os olhos abertos para
enxergar a própria nudez, o anjo de Laodiceia achava-se, mesmo despido, em
trajes de gala. E se Adão, reconhecendo a própria carência, coseu
aventais da figueira, aquele obreiro, embora descoberto, desfilava toda a sua
nudez diante das ovelhas. Infelizmente, ninguém tinha coragem de dizer que o
pastor estava nu. Foi preciso que o Pastor dos pastores
endereçasse-lhe uma enérgica carta apontando-lhe a nudez, a pobreza e a
cegueira espiritual. Como estão as suas vestes espirituais? São ainda alvas? Ou anda você nu sem o saber? “Em todo
tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec
9.8).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A igreja de Laodiceia vivia de aparência e mentiras. Ela era morna e
arrogante espiritualmente.
III. COMO REAVIVAR UMA IGREJA MORNA
Temos a impressão de que Laodiceia era um caso
perdido. Todavia, o Senhor Jesus não havia desistido dessa
ainda amada e querida igreja. Juntamente com a reprimenda e a censura, envia-lhe
Ele a receita de um grande e poderoso avivamento:
“Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças,
e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e
que unjas os olhos com colírio, para que vejas” (Ap 3.18). O anjo daquela igreja deveria fazer, com a máxima
urgência, as seguintes aquisições junto ao Cordeiro de Deus:
1.
Ouro refinado pelo fogo.
A menos que o anjo da Igreja em Laodiceia adquirisse
os tesouros da sabedoria e da ciência em Cristo, continuaria a levar uma vida
miserável (Cl 2.2,3). Como adquirir tais tesouros? Cristo no-los coloca à disposição. Não quer você apossar-se desses tesouros e ter uma
comunhão mais íntima com o Senhor?
2.
Vestiduras brancas.
Redimidos pelo sangue do Cordeiro, nossas vestes
tornaram-se mais alvas que a neve (Is 1.18). Sim, Ele mudou-nos as vestiduras que, manchadas
pela iniquidade, envergonhavam-nos diante de sua justiça e santidade (Zc
3.1-10). Como está você diante de Deus? Nu? Ou revestido da graça divina?
3.
Colírio.
A cegueira espiritual era o grande problema da
igreja em Laodiceia: não conseguia ver a própria miséria nem podia perceber a
sua nudez. Por isso o Senhor Jesus aconselha o seu anjo: “aconselho-te que de mim compres [...] colírio, para que
vejas” (Ap 3.18). Sabe onde poderá você encontrar o colírio
recomendado pelo Senhor? Nas Sagradas Escrituras. Lendo-a, conseguimos ver
todas as coisas perfeitamente (Sl 119.105).
SINOPSE DO TÓPICO
(III)
O Senhor Jesus não desistiu de Laodiceia Ele a aconselha a buscar um
grande e poderoso avivamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora abastada e próspera, a orgulhosa Laodiceia
não era rica diante de Deus. Voltemos à manjedoura! Enriqueçamo-nos daquEle que se fez pobre por amor
de nós. Vençamos a mornidão espiritual, pois o Senhor Jesus
promete-nos uma grande e verdadeira recompensa: “Ao que
vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci
e me assentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3.21).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
AUXÍLIO
HISTÓRICO
LAODICEIA
Laodicéia é
o nome de pelo menos oito cidades fundadas ou reformadas durante os três
últimos séculos antes de Cristo.
Muitas delas
receberam o nome em homenagem a Laodice, esposa de Antíoco II Theos e mãe de
Seleuco II, da dinastia dos reis selêucidas da Síria que, então, dominava o
povo. Até Beirute
chegou a ser denominada "Laodicéia cananita".
Na Índia,
também é possível encontrar ruínas de uma área urbana que traz o mesmo nome.
Mas a
Laodicéia do Apocalipse é uma metrópole da Ásia Menor, que existia como uma
pequena vila desde a época dos hititas, por volta de dois mil anos a. C.
De acordo
com Plínio, historiador e político do primeiro século, essa Laodicéia
chamava-se originalmente Dióspolis e Rhoas. Esse último
nome é de compreensão difícil e pode pertencer a algum antigo idioma da região
da Anatólia.
Já o
primeiro significa "cidade de Deus", uma referência a Zeus ou Júpiter
como principal divindade do lugar.
A mudança do
nome deve ter causado polêmica entre alguns do povo. Primeiramente,
porque a região caíra nas mãos dos selêucidas, que então a dominaram, e Laodice
não gozava de muita simpatia no meio do povo. Ademais,
isso poderia significar um abandono gradual de sua divindade local em troca da
figura de Antíoco II Theos, o novo rei, cujo nome continha um trocadilho que
tanto podia significar "o opositor de Deus" quanto "o deus
opositor". Assim, a
vila, antes chamada "cidade de Deus", agora passa a ser a
"metrópole de Laodice" ou Laodicéia. Tal mudança
indica uma forte secularização do lugar, apesar da aparente religiosidade
expressa nas moedas que apresentavam a figura de Zeus segurando uma águia na
mão direita. O resultado
imediato foi que Laodicéia se tornou, em pouco tempo, um centro de produção dos
"filósofos céticos", que, inspirados nas idéias de Górgias, duvidavam
da existência de Deus e dos valores da religião. Esse novo
ambiente secular pode ser visto, principalmente, numa comparação entre a
medicina exercida em Laodicéia e a exercida em
Pérgamo. Esta última ainda mantinha muito forte o
vínculo entre ciência e religião que, embora envolto pelo paganismo, era
próprio da mentalidade da época. Laodicéia,
porém, tinha seu programa totalmente secularizado, reservando aos templos toda
e qualquer alusão ao sagrado.
LAODICEIA E O GOVERNO DOS ANTÍOCOS
Nenhum povo
gosta do invasor estrangeiro. Por isso, Antíoco enfrentou oposição no início de
seu governo. Mas, logo o
ambiente hostil começou a mudar, à medida que a cidade prosperava sob o governo
selêucida. Para fazer
justiça ao nome da rainha, a nova Laodicéia tinha de ser uma metrópole de infra
estrutura exemplar, com belos prédios e arquitetura refinada. Isso impressionou
os moradores acostumados à simplicidade. Estrabão,
historiador e geógrafo grego do primeiro século, afirma que a cidade não tinha
importância nenhuma antes de Antíoco II. Porém, com a
administração selêucida as coisas mudaram e Laodicéia se tornou muito rica, uma
das mais famosas cidades da Anatólia.A partir de
então, o antigo inimigo passou de tirano a benfeitor. Suas
melhorias seduziram o povo, que começou a ter tranqüilidade, admiração e
orgulho de sua nova condição. O progresso,
nesse caso, teria custado ao povo uma boa fatia de seu apego à religião ou,
pelo menos, da prioridade às coisas espirituais. Um detalhe
que chama atenção é que, até hoje, nenhum arqueólogo conseguiu encontrar o
famoso templo de Zeus - principal edifício da época pré-antioquena, quando a
cidade ainda se chamava Dióspolis. Uma
explicação seria a de que o prédio fora transformado em edifício público,
devido ao gradual desinteresse popular pelo antigo culto e, talvez, tenha se
reduzido a algum pequeno santuário como os até agora desenterrados naquele
sítio arqueológico. Sendo um
termo grego, Laodicéia deriva de duas palavras: Laos e dikaios, que significam respectivamente
"povo" e "juízo". Há, contudo,
outra possibilidade etimológica que acentua outro dado. Laodicéia também pode ser
traduzida como "o povo que julga". Com seu
crescimento, Laodicéia foi se tornando uma importante metrópole da Ásia Menor. Suas ruínas,
desenterradas por arqueólogos franceses, italianos e turcos, hoje podem ser
vistas num parque que fica a seis quilômetros da moderna cidade de Denizli, na
Turquia. Ainda há
muito para ser escavado. Mas, o que já foi encontrado ajuda bastante a
reconstituir a história daquele magnífico lugar. Porções das
muralhas antigas revelam quatro. A porta Siríaca, ao leste, é a mais bem
preservada. Além disso, podem ser vistos ainda dois imensos teatros (um deles
com capacidade para 20 mil pessoas), um estádio olímpico com quase 350 metros de extensão, dois templos, três casas
de banho, duas fontes conhecidas como "ninfeus" (em homenagem às
ninfas) e um ginásio de esportes, entre outras ruínas. No tempo de
João, Laodicéia era uma cidade da Frígia, situada numa colina perto da
confluência do rio Lico com o vale de meandro. O local
formava uma área muito fértil que colocava os laodicenses em condição
privilegiada. Laodicéia
estava a apenas 80 quilômetros de Filadélfia e 160 de Éfeso. Seis
estradas cruzavam o seu interior, permitindo que ela fosse o centro de
importantes rotas comerciais. Isso a tornava uma espécie de alfândega que controlava
as mercadorias em trânsito e cobrava os impostos. Parte dos tributos ficava na
própria cidade e era usada no desenvolvimento de sua área urbana. Não é por
menos que Laodicéia foi considerada a principal e mais rica metrópole da
região. Ela possuía
o maior centro bancário da Ásia Menor, especializado em câmbios de ouro e moeda
estrangeira. Na época de
Roma, os países dominados tinham moedas locais e só poderiam comercializar no
exterior trocando-as por moedas romanas. Laodicéia,
portanto, recebia muito dinheiro do Império para ter suficiente capital de giro
para a constante troca de dinheiro. No coração
da cidade ficava uma das maiores escolas de medicina do mundo antigo. Sua fama
decorria, principalmente, da arte de curar os olhos a partir de um colírio à
base de alume ou sulfato, abundante na região. Pessoas de
todo o Império iam se tratar com seus oftalmologistas. O centro
têxtil de Laodicéia era outra fonte de renda que produzia e exportava tecidos
finos. Sua grife
era cobiçada pela mais alta sociedade imperial. O preço era monstruoso. Uma lã
fina, obtida a partir da criação de um raro carneiro negro, colocava a
indústria têxtil laodicense entre as primeiras do mundo antigo. Com o fim da
República Romana e o início da Roma Imperial, Laodicéia aumentou seu prestígio,
tornando-se uma das mais importantes e promissoras cidades da Ásia Menor. Basta dizer
que Hiero, um dos seus cidadãos mais ricos, resolveu adornar por conta própria
toda a cidade, e esse foi apenas "um singelo presente", dado com os
cumprimentos de um cidadão local. Zeno e seu
filho Palemo foram alguns dos convidados pessoais do imperador para serem reis
em Patus, Armênia e Trácia. O famoso
orador e político Cícero visitou Laodicéia por volta do ano 50 a. C. e, mesmo verificando a
existência de alguns problemas legais, não impediu que a cidade fosse feita o
centro da Convenção de Kibyra. Por fim, em 129 a. D., o próprio imperador Adriano
fez questão de conhecer a cidade e ficar ali por um tempo, despachando ofícios
para a capital e o restante do Império. A aparência
destituída da verdadeira essência causa náuseas a Cristo. Ao lerem isso, os
destinatários do Apocalipse teriam, por certo, a vívida descrição dos muitos
chafarizes, ou ninfeus, que faziam parte da ornamentação da cidade. Eram obras
de arte, esculpidas no mais fino estilo greco romano. Mas o incauto sedento que
fosse beber de suas águas seria surpreendido pelo gosto ruim que elas possuíam. Sendo a
região rica em sulfato, o mesmo produto que permitia a fabricação de colírio
contaminava os principais lençóis freáticos, fazendo com que muitas fontes de
água mineral se tornassem salobras. Além disso,
o vale era parte de uma região vulcânica que aquecia as águas tornando-as
mornas e impróprias para o consumo. A prefeitura
local gastava muito dinheiro canalizando água potável de alguma fonte para as
residências. Porém, os chafarizes continuavam vertendo uma água mineral
aparentemente cristalina, mas salobra e morna.
CAOS E ORGULHO
Situada em
uma área de muitas atividades sísmicas, Laodicéia sofria muito com terremotos
que causavam grande destruição. Durante o
reinado de Augusto, um forte tremor destruiu vários prédios que foram
reconstruídos com a ajuda do Império. Em 17 a. D., foi novamente atingida, e
recuperada por Tibério César. Porém, quando a cidade se viu abalada pelo mais
terrível terremoto de sua história, em 60
a. D., simplesmente recusou qualquer ajuda imperial, alegando que isso seria
uma humilhação para seus abastados cidadãos. Seu orgulho havia chegado ao
limite do ridículo. Historiadores
como Estrabão e Tácito dizem que Laodicéia não apenas recusou a ajuda imperial,
mas procurou reconstruir-se com suas próprias forças. Um único
morador, chamado Nicostratus – não há como não lembrar de Nicodemos - disse ter
dinheiro suficiente para, sozinho, financiar a reconstrução do estádio
olímpico. Quando o
enviado de Roma chegou à porta da cidade para verificar o estrago e agilizar a
remessa de ajuda, os orgulhosos representantes dispensaram sua visita,
sugerindo que seguisse adiante buscando outro povo mais necessitado do que
eles. Esse episódio repercutiu negativamente entre o povo que, 40 anos depois,
ainda era reconhecido como orgulhoso e arrogante. Curiosamente,
por esse tempo, boa parte da população laodiceana era constituída de judeus,
muitos deles convertidos ao cristianismo. O segmento
judaico da metrópole contava com algo em torno de sete a onze mil habitantes. Há quem
estime que a atitude orgulhosa diante do desastre seria estimulada por judeus
influentes que moravam no lugar. Seja como for, os destinatários imediatos da
carta estavam bem familiarizados com a história da rejeição e se lembraram
dela, ao lerem a advertência de Cristo para que o erro não se repetisse na
igreja cristã local.
ESPERANÇA
Depois de um
longo tempo de prosperidade e contínuos terremotos, Laodicéia finalmente caiu
nas mãos de invasores turcos e deixou de pertencer à Síria. Quanto à
igreja que ali havia, alguns de seus membros pareceram ter compreendido bem a
mensagem de Cristo e seguido o Seu conselho. Compraram
dEle o colírio, o ouro e as vestes espirituais que lhes faltavam. Setenta anos
após a advertência escrita por João, o bispo da igreja local foi morto por não
negociar a sua fé. Ele estava
no território de Laodicéia, mas não aceitou ficar no estado de Laodicéia. Seu martírio
é a certeza de que Deus sempre terá um remanescente . Em 363 a. D., Laodicéia foi escolhida
para abrigar o concílio de Laodicéia. Restos de
uma igreja bizantina foram desenterrados ao sul da cidade, perto a uma rua com
muitas colunas, o que indica uma forte presença cristã na região