segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Lição 13 - 4º Trim. 2012 - Malaquias e a Sacralidade da Família.


Lição 13

O PROFETA MALAQUIAS E A

SACRALIDADE DA FAMÍLIA 

30 de dezembro de 2012

TEXTO ÁUREO 


Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher,
e serão ambos uma carne (Gn 2.24).  

VERDADE PRÁTICA 


É da vontade expressa de Deus que levemos a sério o nosso
relacionamento com Ele, com a família e com a sociedade.  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher,
e serão ambos uma carne (Gn 2.24).            

O texto áureo deste domingo é uma declaração divina sobre o casamento, as mesmas palavras o Senhor Jesus repetiu em Mateus 19.4-5 em forma de pergunta: Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?”.

Podemos através desta declaração do Senhor Jesus verificar que a criação do homem e da mulher é um acontecimento histórico e aceito por Ele como verdade, Deus é o criador dos céus e da terá, Ele é o criador do homem e da mulher, essa criação não foi algo arbitrário, mas há um propósito, viver um para outro, através do casamento.

O Senhor Jesus cita o versículo 24 de Gênesis 2, apresentando as palavras proferidas por Adão, mas o Senhor Jesus usa essa citação como se fossem palavras proferidas por Deus. Assim a aplicação feita pelo Senhor Jesus a essas palavras lhes atribui um valor profético, porque se aplicam a todas as gerações dos homens e também um valor espiritual, porquanto representam um princípio do código divino.

Quando Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há (Gn 1.1-31) Ele mesmo deu uma nota para cada obra criada:

1.- criou a luz – “viu Deus que a luz era boa” (Gn 1.3-4);

2.- criou a terra – “viu Deus que a terra era boa” (Gn 1.10);

3.- criou as relvas, ervas e sementes – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.11-12);

4.- criou os dois luzeiros – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.14-18);

5.- criou os grandes animais marinhos, os répteis e as aves – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.21-22);

6.- criou os animais selváticos e domésticos – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.24-25);

7.- criou Deus, o homem  - “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.27-31).

Sete vezes o SENHOR em todo capítulo 1 de Gênesis declara: “... é bom”, porém, abruptamente em Gênesis 2.18 ele declara “não é bom”. O que não é bom para Deus? “Não é bom que o homem esteja só;...” (Gn 2.18).

A primeira negativa divina, o primeiro NÃO de Deus, está em Gênesis 2.18: “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18).

Deus é contra a solidão, Ele criou um outro ser humano, a mulher, para que o homem não ficasse solitário. Portanto, Deus é o inventor do casamento.

O primeiro casal feito por Deus é formado de um homem (macho) e uma mulher (fêmea), sendo, assim, os representantes do princípio da união matrimonial.

O Senhor Jesus mostrou que o casamento deve ser mais do que uma necessidade biológica ou uma prática social, ou ainda uma exigência psicológica, deve ter base em finalidades espirituais, teístas e metafísicas.
A própria natureza requer uma união indissolúvel.

Com essa citação o Senhor Jesus quis ensinar a indissolubilidade do matrimônio, devido à sua própria natureza.  A vida física de qualquer indivíduo impede a dissolução de seu organismo. Por semelhante modo, a continuação da vida física do esposo e de sua esposa impede a dissolução de seu casamento. Somente a dissolução da “carne”, por meio da morte, pode causar a dissolução do casamento.

A expressão “unir-se-á” literalmente do grego é colará, termo que ilustra e enfatiza a idéia de coesão permanente.

A expressão “uma só carne” indica a união total de duas personalidades à vista de Deus, mas talvez implique também numa verdade metafísica, isto é, que a personalidade humana não se completa enquanto não houver macho e fêmea, como na eletricidade, pólo positivo e pólo negativo.

O Senhor Jesus declara em Mateus 19.6, “o que Deus ajuntou”. Portanto Deus é o criador e preservador do casamento. Assim como o nosso texto áureo fala de “unir-se-á” como cola, a palavra de Mateus 19.6 é “ajuntou”, ou seja, do grego jungir, termo esse comumente usado no grego clássico para expressar os laços matrimoniais, jungir significa ter alvos  comuns, propósitos ou trabalhos que ambas as pessoas tomam a responsabilidade de cumprir como um casal, tal como dois animais “jungidos” cumprem juntamente o serviço que deles é exigido.

Portanto, nosso texto áureo, aponta para o casamento. Os termos “casamento” e “matrimônio” são equivalentes e ambos usados para traduzir o grego gamos.

O termo grego gamos, indica também “bodas” (Jo 2.1-2) e “leito”  conjugal (Hb 13.4).

Trata-se de uma instituição estabelecida pelo Criador desde a criação, na qual um homem e uma mulher se unem em relação legal, social, espiritual e de caráter indissolúvel (Gn 2.20-24; Mt 19.5-6).

O matrimônio recebe o nome hebraico de kidushin (consagração, santificação ou dedicação), pois o casamento é uma ocasião sagrada no judaísmo. É um mandamento divino, a criação de um laço sagrado.

É no casamento que acontece o processo legítimo de procriação, o casamento bíblico de um homem e uma mulher está o potencial da  perpetuação da espécie humana (Gn 1.27-28), gerando a oportunidade para a felicidade humana e o companheirismo.

A intimidade, o amor, a beleza, a alegria e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). Essa figura é notada desde o Antigo Testamento. 
 

RESUMO DA LIÇÃO 13


 

O PROFETA MALAQUIAS E A SACRALIDADE DA FAMÍLIA

 

I. O LIVRO DE MALAQUIAS

1. Contexto histórico.

2. Vida Pessoal de Malaquias.

3. Estrutura e mensagem.  

II. O JUGO DESIGUAL

1. A paternidade de Deus (2.10).

2. A deslealdade.

3. O casamento misto (2.11).  

III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO

1. O relacionamento conjugal (2.11-13).

2. O compromisso do casamento.

3.- A vontade de Deus.  

INTERAÇÃO


Comumente isolamos um assunto de determinado contexto literário ignorando o tema central daquela obra. O livro do profeta Malaquias é o exemplo perfeito disso. Quando falamos nele, pensamos logo em “dízimo”. É como se “Malaquias” e “dízimo” fossem termos amalgamados. No entanto, veremos que o assunto predominante do profeta Malaquias não é o dízimo (este apenas é tratado num contexto de corrupção sacerdotal e da nação), mas contrariamente, é o relacionamento familiar e civil entre o povo judeu que constituem o seu tema principal. 

OBJETIVOS  


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar o contexto social, a estrutura e a mensagem do livro de Malaquias.

·   Reconhecer quais são as implicações de um péssimo relacionamento familiar.

·   Conscientizar-se que é a vontade de Deus vivermos um bom relacionamento na família e na sociedade. 
 

ESBOÇO DO LIVRO DO PROFETA MALAQUIAS  


Introdução (1.1) 
Parte I: A Mensagem do Senhor (1.2 – 3.18)

Primeiro oráculo: o amor de Deus por Israel.........................(1.2-5)

Segundo oráculo: pecados dos sacerdotes........................(1.6 – 2.9)

Terceiro oráculo: pecados da comunidade..........................(2.10-16)

Quarto oráculo: a justiça divina.......................................(2.17 – 3.5)

Quinto oráculo: ofensas rituais...............................................(3.6-12)

Sexto oráculo: os servos de Deus...........................................(3.13-18) 

Parte II: O Dia do Senhor (4.1-6).

Para o arrogante e malfeitor..........................................................(v.1)

Um dia de triunfo para os justos................................................(v.2,3)

Restauração dos relacionamentos entre pais e filhos e entre o

Povo de Deus...............................................................................(v.4-6)
 

COMENTÁRIO 


introdução

Palavra Chave

FAMÍLIA:

 Pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.
 

No presente estudo, veremos que a mensagem de Malaquias enforca a sacralidade do relacionamento com o Altíssimo e com a família. Durante o exílio na Babilônia, a idolatria de Judá fora definitivamente erradicada. A questão agora era outra: o relacionamento do povo com Deus e com a família. E tais relacionamentos precisavam ser encarados com mais piedade e temor. 
1. O LIVRO DE MALAQUIAS  

1. Contexto histórico. O livro não menciona diretamente o reinado em que Malaquias exerceu seu ministério. Também não informa o nome de seu pai, nem o seu local de nascimento. Isso é observável também nos livros de Obadias e Habacuque. Não obstante, há evidências internas que permitem identificar o contexto político, religioso e social do livro em apreço.  

a)   O governador de Judá. Jerusalém era governada por um pehah, palavra de origem acádica traduzida por “príncipe” na ARC (Almeida Revista e Corrigida), ou “governador”, na ARA e TB (1.8). O termo indica um governador persa e é aplicado a Neemias (Ne 5.14). O seu equivalente na língua persa é tirshata (“tirsata, governador”, cf. Ed 2.63; Ne 7.65; 8.9; 10.1). A profecia mostra que o templo de Jerusalém já havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, retomada (1.7-10).  

b)    Indiferença religiosa. As principais denúncias de Malaquias são: - Contra a lassidão e o afrouxamento moral dos levitas (1.6). - O divórcio e o casamento com mulheres estrangeiras (2.10-16). - E o descuido com o dízimo (3.7-12). Tudo isso aponta para o período, em que Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne 13.4-13, 23-28). O primeiro período de seu governo deu-se entre os anos 20 e 32 do rei Artaxerxes (Ne 5.14) e equivale a 445-433 a.C.  

2. Vida pessoal de Malaquias. A expressão “pelo ministério de Malaquias (1.1) é tudo o que sabemos sobre sua vida pessoal. A forma hebraica do seu nome Mal´achí, que significa “meu mensageiro”. A Septuaginta traduz por Ângelo sou (“seu mensageiro”, “seu anjo”). O termo é ambíguo, pois pode referir-se a um nome próprio ou a um título (3.1). No entanto, entendemos que Malaquias é o nome do profeta, uma vez que nenhum livro dos doze profetas menores é anônimo. Por que com Malaquias seria diferente?  

3. Estrutura e mensagem.  A profecia começa com a palavra hebraica massa – “peso, sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (1.1; Hc 1.1; Zc 9.1, 12.1). O discurso é um sermão contínuo com perguntas retóricas que formam uma só unidade literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica, pois seis versículos do capítulo quatro foram deslocados para o final do capítulo três. O assunto do livro é a denúncia contra a formalidade religiosa; prática generalizada com os fariseus e escribas na época do ministério terreno do Senhor Jesus (Mt 23.2-7). 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O tema do livro de Malaquias é a denúncia contra a formalidade religiosa, a prática da corrupção generalizada entre os fariseus e escribas e o despertamento da nação de Juda´.  

II. O JUGO DESIGUAL  

1. A paternidade de Deus (2.10).  A ideia de que Deus é o Pai de todos os seres humanos é biblicamente válida.
O Antigo Testamento expressa que essa paternidade refere-se a Israel (Êx 4.22-23; Jr 31.9; Os 11.1). A criação divina da base para isso, embora não garanta uma relação pessoal com Ele (At 17.28-29). O Senhor Jesus, porém, fez-nos filhos de Deus por adoção. Por isso, temos liberdade e direito de chamar ao Senhor de Pai (Mt 6.9; Jo 1.12; Gl 4.6).  

2. Deslealdade. O termo “desleal” aparece cinco vezes nessa seção (2.10,11,14-16). Trata-se do verbo hebraico bagad, que significa “agir traiçoeiramente, agir com infidelidade”. Não profanar o concerto dos pais – estabelecido no Sinai (2.10) que proíbe a união matrimonial com cônjuges  estrangeiros (Dt 7.1-4) – é uma instrução ratificada em o Novo Testamento (2 Co 6.14-16,18). O profeta retoma essa questão em seguida. 

3. O casamento misto (2.11). É a união matrimonial de um homem ou de uma mulher com alguém descrente. O profeta chama isso de abominação e profanação. Os envolvidos são ameaçados de extermínio juntamente com toda a sua família (2.12).  

a)   Abominação. O termo hebraico para “abominação” é toevah e diz respeito a alguma coisa ou prática repulsiva, detestável e ofensiva. A Bíblia aplica-o à idolatria, ao sacrifício de crianças, às práticas homossexuais, etc (Dt 7.25; 12.31; Lv 18.22; 20.13). Trata-se de um termo muito forte, mas o profeta coloca todos esses pecados no mesmo patamar (2.11).  

b)    Profanação. Profano é aquele que trata o sagrado como se fosse comum (Lv 10.10; Hb 12.16). A “santidade do SENHOR”, que Judá profanou (2.11), diz respeito ao Segundo Templo, pois sem seguida o oráculo explica “a qual Ele ama”.  A violação do altar já fora denunciada antes (1.7-10). Mas aqui, Malaquias considera o casamento misto como transgressão da Lei de Moisés: “Judá (...) se casou com a filha de deus estranho” (2.11b). A expressão indica mulher pagã e idólatra. E mais adiante inclui também o divórcio (2.13-16).  

SINOPSE DO TÓPICO (II) 
O jugo desigual ou casamento misto, é a união matrimonial de um homem ou uma mulher com alguém descrente. O profeta chama isso de abominação ou profanação.  

III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO  

1. O relacionamento conjugal (2.11-13). Malalquias é o único livro da Bíblia que descreve o efeito devastador  do divórcio na família, na igreja e na sociedade. As lágrimas, os choros e os gemidos descritos aqui são das esposas judias repudiadas. Elas eram santas e piedosas, mas foram injustiçadas ao serem substituídas por mulheres idólatras e profanas. As israelitas não tinham a quem recorrer. Nada podiam fazer senão derramar a alma diante de Deus. Por essa razão, o ETERNO não mais aceitou as ofertas de Judá (2.13). Isso vale para os nossos dias, Deus não houve a oração daqueles que tratam injustamente o seu cônjuge (1 Pe 3.7). O marido deve amar a sua esposa como Cristo ama a Igreja (Ef 5.25-29).

2. O compromisso do casamento. Os votos solenes de fidelidade mútua entre os noivos numa cerimônia de casamento não são um acordo transitório com data de validade, mas “um contrato jurídico de união espiritual” (Meyer Pearlman). O próprio Deus coloca-se como testemunha desse contrato.  Por isso, a ruptura de um casamento é deslealdade e traição (2.14). A reação divina contra tal perfídia é contundente. 

3. A vontade de Deus. A constituição gramatical hebraica do versículo 15 é difícil. Mas muitos entendem o seu significado como defesa da monogamia. Deus criou apenas uma só mulher para Adão, tendo em vista a formação de uma descendência piedosa (2.15). A poligamia e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos. É uma desgraça para a família!  Por isso, o Altíssimo aborrece e odeia o divórcio (2.16). Ele ordena que “ninguém seja desleal para com a mulher de sua mocidade” (2.15).
 

SINOPSE DO TÓPICO (III)
A  poligamia e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A sacralidade do relacionamento familiar deve ser levada em consideração por todos os cristãos. Todos devem levar isso a sério, pois o casamento é de origem divina e indissolúvel, devendo, portanto, ser honrado e venerado. “Deus não ouve a oração daqueles que tratam injustamente o seu cônjuge” (1 Pd 3.7). 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 


HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
MERRIL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6 ed., RJ: CPAD, 2007.  SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1ª Ed. Rio de Janeiro. CPAD, 2010. ZUCK, Roy B (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro. CPAD. 2009.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Perfil

Pr. Antonio Gilberto

Ministro do Evangelho, Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD. Formado em Psicologia, Teologia, Pedagogia e Letras, autor de vários livros; editor da Bíblia de Estudo Pentecostal em português, sucesso em todo o Brasil; fundador e primeiro

Coordenador do CAPED, de 1974 a 1989, e com um ministério que vai além das fronteiras nacionais, ele é indiscutivelmente uma das maiores personalidades da literatura evangélica nacional. Recentemente, atendendo a um convite da Convenção Geral da AD nos Estados Unidos, foi empossado membro da Junta Diretora e hoje é consultor da Global University em Springfield, Missouri EUA.

  • Crescer no conhecimento sem esquecer o poder do Alto.

  • Antes crescei na graça e conhecimento de Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém”, 2 Pe 3.18. O apóstolo Pedro teve suas dificuldades no início da sua fé em Cristo, e também ao longo dela, como registra o Novo Testamento. Jesus, antes do calvário, chegou a adverti-lo de que Satanás estava a tramar contra os Doze, inclusive ele, Pedro, para arruinar a sua fé. “Disse-lhe também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”, Lc 22.31,32. O texto bíblico que abre este artigo mostra-nos que na vida espiritual, do crente mais simples ao líder cristão mais destacado, o elemento basilar é a fé em Cristo, priorizada, mantida, fortalecida, purificada, renovada e, ao mesmo tempo, seguida do conhecimento de Deus.

    “Crescei na graça e conhecimento”, diz o texto sagrado. Essa ordem jamais deve ser invertida. Cuidar da nossa fé é cuidar do nosso crescente relacionamento e comunhão com Deus. Estamos falando da fé como elemento da natureza divina, como atributo de Deus (Atos 16: “...a fé que é por Ele...”; Gálatas 5.5: “...pelo Espírito da fé...”).

    A fé em Deus, basilar e primacial como é na vida do cristão, deve ser seguida do conhecimento espiritual. “Criado com as palavras da fé e da boa doutrina”, 1 Tm 4.6. Veja também 2 Pedro 1.5, onde o conhecimento deve seguir-se à fé. Fé sem conhecimento, segundo as Escrituras, leva ao descontrole, ao exagero, ao misticismo, ao sectarismo e ao fanatismo final e fatal. Sobre isso adverte-nos o versículo 17, anterior ao que abre o presente artigo, que os leitores farão bem em lê-lo. É oportuno observarmos que o dito versículo remete-nos claramente ao versículo 18, que estamos destacando. “Antes” é um termo conclusivo; refere-se a uma conclusão à qual se chega.

    “Antes crescei” – A vida cristã normal deve ser um crescer constante para a maturidade espiritual, como mostra 2 Coríntios 3.18: “Somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” Esse crescimento transformador deve ser homogêneo, uniforme, simétrico; caso contrário virão as anormalidades com suas consequências. Lembremo-nos do testemunho do apóstolo Paulo sobre si mesmo em 1 Coríntios 13.11, e o comparemos com o depoimento bíblico de Atos 9.19-30 e 11.25-30. Um crente sempre imaturo na graça e conhecimento de Deus é também um problema contínuo para ele mesmo, para outros à sua volta e para a sua congregação como um todo. E pior ainda é quando o cristão desavisado cuida apenas de seu conhecimento secular, terreno, humano, social, e também quando cuido do conhecimento bíblico e teológico sem antes e ao mesmo tempo renovar-se no poder do Alto, o poder do Espírito Santo, que nos vem pela imensurável graça de Deus em suas riquezas (Ef 2.7). Tudo mediante Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

    Crescimento do crente na graça de Deus – A graça de Deus é seu grandioso favor imerecido por todos nós pecadores. Essa maravilhosa graça divina é multiforme e abundante (1Pe 4.10; Ef 2.7). Nosso Deus é “o Deus de toda a graça” (1Pe 5.10). Menosprezar essa inefável graça divina é insultar o Espírito Santo, “o Espírito da graça” (Hb. 10.29). Só haverá crescimento na graça de Deus por parte do crente se este invocá-la, apoderar-se dela pela fé e cultivá-la em sua vida. “Minha graça te basta”, disse o Senhor a Paulo quando este orava por livramento (2 Co 12.8-10).

    Crescimento do crente no conhecimento – Esse conhecimento do crente na esfera da salvação, de que nos fala a Escritura, nos vem pelo Espírito Santo (Ef. 1.17, 18; Cl 1.9; 1Co 12.8). Cristo é a fonte e manancial da graça de Deus (Jo. 1.16, 17) e também o alvo do nosso conhecimento (Fp. 1.8,10). O conhecimento de Deus nos vem também pela comunhão com Ele, é óbvio, sendo um meio de usufruirmos mais de Sua graça (2Pe 1.2). Quem está crescendo na graça e no conhecimento de Deus ainda tem muito a crescer. Afirma o texto de João 1.17 “...e graça por graça...”. Se alguém estacionar no desenvolvimento de seu andar com Deus, virá o colapso. É como alguém sabiamente disse: “A verdadeira vida cristã é como andar de bicicleta; se você parar de avançar, você cai!”.

    O Senhor Jesus ensinou, dizendo: “Se permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, Jo. 8.31,32. Não é, portanto, o conhecimento em si que liberta; ele é um meio provido por Deus para chegarmos à verdade. Há muitos na igreja com vasto conhecimento secular, teológico e bíblico, contudo repletos de dúvidas, interrogações, suposições e enganos quanto a Deus, quanto à salvação, quanto às Sagradas Escrituras etc.

    Como pode o crente crescer na graça e no conhecimento de Deus – Primeiro, orando sem cessar (1Ts 5.17; 2Co 12.8, 9; Jr 33.3). A oração é um precioso e eficaz meio de comunhão com Deus. Segundo, lendo e estudando a Bíblia continuamente (At 17.11; 1Pe 2.2; Sl 1.2, 3), e obedecendo a Deus, a partir da Sua Palavra (Sl 119.9. 11; Jo 14.21, 23). E também vivendo de modo agradável a Deus (e não somente em obediência a Deus) (Cl 1.10; 1Jo 3.22); testemunhando de Cristo e de Sua salvação (At 1.8; 5.42); permanecendo na doutrina do Senhor (At 2.42; Rm 6.17; 3Jo vv.3,4); frequentando a Casa de Deus (Hb 10.25; Lc 2.37; Sl 27.4); sendo ativo no serviço do Senhor (Mt 21.28); vivendo continuamente em santidade (Lc 1.75; 2Co 7.1); mantendo-se renovado espiritualmente (2Co 4.17; Ef 5.18) e experimentando a progressiva transformação espiritual pelo Espírito Santo, tendo Ele em nós plena liberdade para isso (2Co 3.18).

    Sinais de “meninice” (não-crescimento) espiritual – Os cristãos da igreja de corinto tiveram este problema (1 Co 3.1, 2). Ver também Hebreus 5.12- 14. Crianças, no sentido físico, são fáceis de detectar; no sentido espiritual, também – havendo exceções, é evidente. A criança fala muito, mas não diz nada ou quase nada. A criança, por natureza, é egoísta. Tudo sou “eu” e o todo é “meu”. A criança brinca muito e também “briga” muito. A criança normal dorme muito – e dorme em qualquer lugar! A criança gosta muito de ruído, de barulho, e geralmente no momento e no lugar impróprios para os adultos. Quanto mais barulho, mais a criança gosta! A criança gosta muito de doces (Ler Provérbios 25.16,27 e Levítico 2.11). Doces engordam, mas engordar não é crescer, e nem sempre é sinal de saúde.

    A criança é muito sentimentalista. Ela vive pelo que sente. Por coisa mínima, a criança chora, amua-se e some da cena. A criança é muito crédula. Ela não discute nem questiona as coisas da vida em geral. Ela crê em tudo, sem argumentar. Ela aceita praticamente tudo sem averiguar, sem filtrar, sem discutir.

    A criança não gosta de disciplina. Ela não gosta de obedecer. Também a criança é fantasiosa. Ela exagera as coisas. Ela cria o seu próprio mundo de fantasia para si e vive esse seu mundo. A criança pequena não tem equilíbrio. Não tem firmeza. Com facilidade, ela tropeça, escorrega, cai e levanta-se. A criança é imitadora. Ela, se puder, imita tudo, inclusive o ato de trabalhar dos adultos, mas tudo imitação, e às vezes machuca-se por isso. A criança, em geral, é fraca; ela não tem a resistência dos adultos. Finalmente, a criança não entende coisas difíceis, coisas de gente grande.

    Essas verdades e realidades devem ser aplicadas à nossa vida cristã para vermos se estamos crescendo para a maturidade ou se ainda permanecemos quais criancinhas incipientes e crédulas. O procedimento correto para o crente evitar um colapso na sua vida espiritual é “crescer na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.

    Artigo publicado no jornal Mensageiro da Paz - Número 1513 - Junho de 2011, CPAD

Para a CPAD, valorizar a Educação Cristã é estimular o crescimento espiritual da Família de Deus e incentivar uma busca cada vez maior das Escrituras como fonte de conhecimento e adoração. Desfrute conosco da maior escola do mundo, a Escola Dominical.

O que é um currículo?

    Um currículo é um conjunto de assuntos que constitui um curso de estudos, planejado e adaptado às idades e necessidades dos alunos. Enfim, é um meio educacional para atingir os objetivos de ensino.
    1. Como se forma um currículo
    Todo currículo escolar é formado a partir de uma filosofia. Que tipo de aluno se quer formar? Para que finalidade? Com quais objetivos? Definida a filosofia, é a vez da seleção dos conteúdos necessários à formação desse aluno.

    2. Qual a necessidade de se ter um currículo
    Os conteúdos e as práticas educativas são organizados a partir do currículo. Sem o apoio previamente organizado, tendemos a perda de tempo, de propósito e ineficácia. Ficamos à mercê das entediantes rotina e improvisação.


    O que é um currículo de Escola Dominical
    É um conjunto de dados relativos à aprendizagem bíblico-cristã, organizado para orientar as atividades da Escola Dominical, as formas de executá-las e suas finalidades. A concepção de currículo, neste particular, inclui desde os aspectos básicos que envolvem os fundamentos doutrinários e teológicos da Educação Cristã até os marcos teóricos e referenciais técnicos que concretizam na sala de aula.

    1. Suas principais características

    a) Filosofia própria. Ninguém ensina em ambiente neutro. Por isso, todo currículo tem uma filosofia; uma ideologia. Há sempre uma abordagem específica para o ensino, que reflete um conjunto de suposições e pressuposições sobre a natureza e o propósito da educação. A Educação Cristã, por exemplo, firma-se em uma concepção bíblica da realidade, da verdade, e da moralidade, como base para seu conteúdo curricular e prática educativa. Na verdade, a Educação Cristã não se baseia propriamente em uma filosofia, mas em uma teologia centrada na Bíblia.

    b) Abrangência. Reúne diversas matérias, atividades, vivências, recursos, formas de avaliação etc. Uma única matéria não pode ser chamada de currículo. Um determinado livro-texto ou revista de Escola Dominical não constituem um currículo. Há um sentido de progressividade e completude em relação às faixas etárias.

    c) Unidade. As matérias reunidas deverão ser pedagogicamente orientadas. Todo currículo deve ter o sentido interdisciplinar. As matérias devem estar interligadas. Deverão visar à formação integral do aluno. Que tipo de aluno queremos formar?

    d) Encadeamento lógico. Há uma seqüência lógica, ou seja, os temas são encadeados, e não entrecortados.

    e) Flexibilidade. Há a possibilidade de o professor reescrever o conteúdo curricular, adaptando-o à realidade, necessidades e expectativas de seu público-alvo. Nenhum currículo é perfeito. Mas isso não significa que seja preciso mudar os fundamentos filosóficos e pedagógicos do currículo, ou mesmo substituí-lo. O professor poderá readaptá-lo e torná-lo plenamente aplicável à sua classe.

    2. Como funciona um currículo de ED
    Para cada fase de estudos há uma quantidade de informação (conteúdo didático) adequada à capacidade de assimilação e aproveitamento por parte do aluno. O conteúdo é dosado criteriosamente, de modo que ao atingir a idade adulta, o aluno conclua o curso bíblico elementar. O sistema funciona como em uma escola secular. A partir dos primeiros meses de vida (Berçário), a criança dá início às fases do programa. Ela não repetirá nenhuma lição, desde que sua transferência para a classe da faixa etária seguinte seja feita corretamente, até chegar à faixa etária de jovens e adultos. Por exemplo: após passar pela classe do Berçário, e concluir o currículo de Maternal (3 e 4 anos), com oito revistas cada, o aluno recebe um certificado de conclusão, sendo transferido para a faixa etária seguinte, Jardim de Infância (4 e 5 anos), com 8 revistas. Daí em diante repete-se o processo, passando de uma faixa para a outra, até chegar à classe de adultos.

    a) Por quanto tempo pode vigorar um currículo?
    Depende de seu planejamento. Um currículo bem elaborado requer o cumprimento de vários objetivos educacionais em relação a currículos de um curso bíblico, como é o caso do da Escola Dominical, deverá abranger várias áreas do conhecimento bíblico-teológico, sempre levando em conta a capacidade de assimilação dos conteúdos de acordo com a idade dos alunos. O currículo pode retornar para mais um ciclo de estudos de 2 ou 3 anos (2 anos para Berçário, Maternal, Jardim, Primários, Juniores, Pré-adolescentes e Adolescentes, e 3 para Juvenis). Isto acontece com currículos de todas as faixas etárias de qualquer editora que publique currículos de Escola Dominical. Quando um currículo retorna, não significa que está sendo simplesmente repetido, e sim que seu ciclo de estudos foi concluído. Como acontece nas escolas seculares, é o aluno que passa pelo currículo. Ou seja, em qualquer trimestre que ingresse na Escola Dominical, o aluno estudará a revista que está em curso na seqüência do currículo de sua faixa etária. Ao completar idade para ingressar na classe da faixa etária seguinte, ele recebe o Certificado de Conclusão do Curso Bíblico correspondente à faixa etária que acabou de sair. Assim, o aluno passa por todas as revistas apropriadas para cada faixa etária, à medida que for alcançando a idade correspondente.

    b) Isso acontece na escola secular? Na escola secular acontece o mesmo. O aluno que hoje está na 3ª série do Ensino Fundamental, estuda as mesmas matérias que seus pais estudaram há muitos anos. Isto porque a reformulação dos currículos só acontece por extrema necessidade, e após vários anos em vigor. Se os alunos forem transferidos na ocasião correta, nenhum deles, jamais, repetirá uma só lição. Quando o professor terminar de usar, por exemplo, a revista n.º 8 de Adolescentes (13 e 14 anos), voltará a usar a revista n.º 1, reiniciando o ciclo do curso bíblico. Esta forma de uso das revistas exige que o professor especialize-se em determinada faixa etária, para que, desta forma, tenha maior oportunidade de colecionar um bom material específico e também se torne um especialista da faixa etária em que leciona na Escola Dominical.

    c) Como fazer a transferência de alunos para a classe seguinte? Pode haver ingresso de novos alunos na classe em qualquer época do ano, independente da seqüência numérica da revista que tiver sendo usada. A transferência de classe deverá ser feita no trimestre seguinte ao que o aluno fez aniversário. Por exemplo, se um aluno da classe dos adolescentes (13 e 14 anos) completou a idade para ingressar na classe dos juvenis (15 a 17 anos) em um dos três meses do primeiro trimestre do ano (janeiro, fevereiro e março), só deve ingressar na classe seguinte (juvenis) em abril, primeiro mês do segundo trimestre
A minúscula semente de mostarda que se transformou numa grande árvore
A história da Escola Dominical
Por Ruth Doris Lemos:


 
Robert Raikes
Sentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780 o dedicado jornalista Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele fixar a sua atenção sobre o que estava escrevendo pois os gritos e palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo da sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos. Quando as brigas tornaram-se acaloradas e as ameaças agressivas, Raikes julgou ser necessário ir à janela e protestar do comportamento das crianças. Todos se acalmaram por poucos minutos, mas logo voltaram às suas brigas e gritos.

Robert Raikes contemplou o quadro em sua frente; enquanto escrevia mais um editorial pedindo reforma no sistema carcerário. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os encarcerados, reabilitando-os através de estudo, cursos, aulas e algo útil enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Levantando seus olhos por um momento, começou a pensar sobre o destino das crianças de rua; pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele dos seus pais. Se continuassem dessa maneira, muitos certamente entrariam no caminho do vício, da violência e do crime.

A cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um pólo industrial com grandes fábricas de têxteis. Raikes sabia que as crianças trabalhavam nas fábricas ao lado dos seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. Enquanto os pais descansavam no domingo, do trabalho árduo da semana, as crianças ficavam abandonadas nas ruas buscando seus próprios interesses. Tomavam conta das ruas e praças, brincando, brigando, perturbando o silêncio do sagrado domingo com seu barulho. Naquele tempo não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, privilégio das classes mais abastadas que podiam pagar os custos altos. Assim, as crianças pobres ficaram sem estudar; trabalhando todos os dias nas fábricas, menos aos domingos.

Raikes sentiu-se atribulado no seu espírito ao ver tantas crianças desafortunadas crescendo desta maneira; sem dúvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer?

Por um futuro melhor

Sentado a sua mesa, e meditando sobre esta situação, um plano nasceu na sua mente. Ele resolveu fazer algo para as crianças pobres, que pudesse mudar seu viver, e garantir-lhes um futuro melhor! Pondo ao lado seu editorial sobre reformas nas prisões, ele começou a escrever sobre as crianças pobres que trabalhavam nas fábricas, sem oportunidade para estudar e se preparar para uma vida melhor. Quanto mais ele escrevia, mais sentia-se empolgado com seu plano de ajudar as crianças. Ele resolveu neste primeiro editorial somente chamar atenção à condição deplorável dos pequeninos, e no próximo ele apresentaria uma solução que estava tomando forma na sua mente.

Quando leram seu editorial, houve alguns que sentiram pena das crianças, outros que acharam que o jornal deveria se preocupar com assuntos mais importantes do que crianças, sobretudo, filhos dos operários pobres! Mas Robert Raikes tinha um sonho e este estava enchendo seu coração e seus pensamentos cada vez mais! No editorial seguinte, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática, e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo, através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudar-lhes neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois um sacerdote anglicano indicou professoras da sua paróquia para o trabalho.

O entusiasmo das crianças era comovente e contagiante. Algumas não aceitaram trocar a sua liberdade de domingo, por ficar sentadas na sala de aula, mas eventualmente todos estavam aprendendo a ler, escrever e fazer as somas de aritmética. As histórias e lições bíblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currículo. Em pouco tempo, as crianças aprenderam não somente da Bíblia, mas lições de moral, ética, e educação religiosa. Era uma verdadeira educação cristã.

Robert Raikes, este grande homem de visão humanitária, não somente fazia campanhas através de seu jornal para angariar doações de material escolar, mas também agasalhos, roupas, sapatos para as crianças pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoço aos domingos. Ele foi visto freqüentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianças de rua que morreriam de frio se ninguém cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, até encontrar um lar para elas.

As crianças se reuniam nas praças, ruas e em casas particulares. Robert Raikes pagava um pequeno salário às professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu próprio bolso. Havia, também, algumas pessoas altruistas da cidade, que contribuíam para este nobre esforço.

Movimento mundial

No começo Raikes encontrou resistência ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava - os líderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado e profanando as suas igrejas com as crianças ainda não comportadas. Havia nestas alturas algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bíblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianças e jovens da cidade. Grandes homens da igreja, tais como João Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bíblia.

As classes bíblicas começaram a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o país. Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, já havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados.

A primeira Associação da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a União das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse começado em 1780, a organização da Escola Dominical em caráter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 é celebrada a data de fundação da Escola Dominical. Entre as igrejas protestantes, a Metodista se destaca como a pioneira da obra de educação religiosa. Em grande parte, esta visão se deve ao seu dinâmico fundador João Wesley, que viu o potencial espiritual da Escola Dominical e logo a incorporou ao grande movimento sob sua liderança.

A Escola Bíblica Dominical surgiu no Brasil em 1855, em Petrópolis (RJ). O jovem casal de missionários escoceses, Robert e Sarah Kalley, chegou ao Brasil naquele ano e logo instalou uma escola para ensinar a Bíblia para as crianças e jovens daquela região. A primeira aula foi realizada no domingo, 19 de agosto de 1855. Somente cinco participaram, mas Sarah, contente com “pequenos começos”, contou a história de Jonas, mais com gestos,do que palavras, porque estava só começando a aprender o português. Ela viu tantas crianças pelas ruas que seu coração almejava ganhá-las para Jesus. A semente do Evangelho foi plantada em solo fértil.

Com o passar do tempo, aumentou tanto o número de pessoas estudando a Bíblia, que o missionário Kalley iniciou aulas para jovens e adultos. Vendo o crescimento, os Kalleys resolveram mudar para o Rio de Janeiro, para dar uma continuidade melhor ao trabalho e aumentar o alcance do mesmo. Este humilde começo de aulas bíblicas dominicais deu início à Igreja Evangélica Congregacional no Brasil.

No mundo há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres e analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo.
Ruth Dorris Lemos é missionária norte-americana em atividade no Brasil, jornalista, professora de Teologia e uma das fundadoras do Instituto Bíblico da Assembleia de Deus (IBAD), em Pindamonhangaba (SP) * ( Já dorme no Senhor)
 
A CPAD e a Escola Dominical
A CPAD tem uma trajetória marcante na Escola Dominical das igrejas brasileiras. As primeiras revistas começaram a ser publicadas em forma de suplemento do primeiro periódico das Assembleias de Deus – jornal Boa Semente, que circulou em Belém, Pará, no início da década de 20. O suplemento era denominado Estudos Dominicais, escritos pelo missionário Samuel Nystrom, pastor sueco de vasta cultura bíblica e secular, e com lições da Escola Dominical em forma de esboços, para três meses. Em 1930, na primeira convenção geral das Assembleias de Deus realizada em Natal (RN) deu-se a fusão do jornal Boa Semente com um outro similar que era publicado pela igreja do Rio de Janeiro, O Som Alegre, originando o MENSAGEIRO DA PAZ. Nessa ocasião (1930) foi lançada no Rio de Janeiro a revista Lições Bíblicas para as Escolas Dominicais. Seu primeiro comentador e editor foi o missionário Samuel Nystrom e depois o missionário Nils Kastberg.

Nos seus primeiros tempos a revista Lições Bíblicas era trimestral e depois passou a ser semestral. As razões disso não eram apenas os parcos recursos financeiros, mas principalmente a morosidade e a escassez de transporte de cargas, que naquele tempo era todo marítimo e somente costeiro; ao longo do litoral. A revista levava muito tempo para alcançar os pontos distantes do país. Com a melhora dos transportes a revista passou a ser trimestral.

Na década de 50 o avanço da CPAD foi considerável. A revista Lições Bíblicas passou a ter como comentadores homens de Deus como Eurico Bergstén, N. Lawrence Olson, João de Oliveira, José Menezes e Orlando Boyer. Seus ensinos seguros e conservadores, extraídos da Bíblia, forjaram toda uma geração de novos crentes. Disso resultou também uma grande colheita de obreiros para a seara do Mestre.

As primeiras revistas para as crianças só vieram a surgir na década de 40, na gestão do jornalista e escritor Emílio Conde, como editor e redator da CPAD. A revista, escrita pelas professoras Nair Soares e Cacilda de Brito, era o primeiro esforço da CPAD para melhor alcançar a população infantil das nossas igrejas. Tempos depois, o grande entusiasta e promotor da Escola Dominical entre nós, pastor José Pimentel de Carvalho, criou e lançou pela CPAD uma nova revista infantil, a Minha Revistinha , que por falta de apoio, de recursos, de pessoal, e de máquinas apropriadas, teve vida efêmera.

Usava-se o texto bíblico e o comentário das Lições Bíblicas (jovens e adultos) para todas as idades. Muitos pastores, professores e alunos da Escola Dominical reclamavam das dificuldades insuperáveis de ensinar assuntos sumamente difíceis, impróprios e até inconvenientes para os pequeninos.
Escola Bíblica Dominical no Rio de Janeiro em Abril de 1946.


      
 Na década de 70 acentuava-se mais e mais a necessidade de novas revistas para a Escola Dominical, graduadas conforme as diversas faixas de idade de seus alunos. Isto acontecia, principalmente, à medida que o CAPED (Curso de Aperfeiçoamento de Professores da Escola Dominical), lançado pela CPAD em 1974, percorria o Brasil.
Foi assim que, também em 1974, com a criação do Departamento de Escola Dominical (atual Setor de Educação Cristã), começa-se a planejar e elaborar os diversos currículos bíblicos para todas as faixas etárias, bem como suas respectivas revistas para aluno e professor, e também os recursos visuais para as idades mais baixas.
O plano delineado em 1974 e lançado na gestão do pastor Antônio Gilberto, no Departamento de Escola Dominical, foi reformulado e relançado em 1994 na gestão do irmão Ronaldo Rodrigues, Diretor Executivo da CPAD, de fato, só foi consumado em 1994, depois que todo o currículo sofreu redirecionamento tendo sido criadas novas revistas como as da faixa dos 15 a 17 anos e as do Discipulado para novos convertidos, desenhados novos visuais, aumentado a quantidade de páginas das revistas de alunos e mestres e criado novo padrão gráfico-visual de capas e embalagem dos visuais.

Após duas edições das revistas e currículos (1994 a 1996 e 1997 a 1999), a CPAD apresentou em 2000, uma nova edição com grandes novidades nas áreas pedagógicas, gráficas e visuais.
Em 2007, mais uma vez a CPAD sai na frente com a publicação do novo currículo (vigente) — fundamentado nas atuais concepções e pressupostos da Didática, Pedagogia e Psicologia Educacional.

Missionário Eurico Bérgsten e esposa

Missionário Samuel Nyström




Revistas antigas

Classe Juvenis - 15-17 anos - Dez. 2012.

Essa página foi elaborada para auxiliar o professor de escola dominical em seu ministério de levar o conhecimento da Palavra de Deus a seus alunos.

Seja bem vindo a sala professor!

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
O que a bíblia fala sobre o futuro da igreja
  • Lição 12- Os Últimos Dias

    Texto Bíblico: 2 Timóteo 3.1-5

    Paulo profetizou pelo Espírito Santo (1 Tm 4.1)que as coisas se tornarão piores à medida que o fim se aproxima (2 Pe 3.3; 1 Jo 2.18; Jd 17,18). Os últimos dias serão assinalados por um aumento cada vez maior de iniquidade no mundo, um colapso nos padrões morais e a multiplicação de falsos crentes e falsas igrejas dentro do Reino de Deus (Mt 24.11,12; 1 Tm 4.1). Esses tempos serão espiritualmente difíceis e penosos para os verdadeiros servos de Deus.

    “... Nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” Paulo faz essa advertência a fim de reanimar os obreiros que, com suas igrejas, permanecerem leais a Cristo e à sua revelação. A plena benção da salvação e o poderoso derramamento do Espírito Santo continuarão à disposição dos que permanecem leais à fé e à prática do ensino do Novo Testamento. A apostasia da igreja redundará em mais graça e poder para os que se mantiverem firmes na fé original que foi entregue aos santos (At 4.33; Rm 5.20; Jd 3).

    Boa ideia!

    Professor, leia com os alunos o texto bíblico de 2 Timóteo 3.1-5. Explique aos alunos que esta lista descritiva de Paulo sobre o comportamento das pessoas nos últimos dias descreve a nossa sociedade atual e infelizmente o comportamento de muitos “cristãos”.

    Oriente os alunos a fazerem uma autoavaliação, examinarem as suas vidas à luz da lista de Paulo. Comente que não podemos ceder às pressões da sociedade, devemos resistir e nos posicionar contra o mal.
    Se permanecermos firmes e fiéis a Deus, subiremos com Cristo quando Ele vier buscar a sua igreja.

    Bibliografia:

    Bíblia de Estudo Pentecostal, CPD.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição 12 Zacarias- Proteção divina sob o reinado messiânico

    TEXTO ÁUREO “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; sendo rei, reinará, e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra”          (Jr 23.5).

    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE ZACARIAS
    II. PROMESSA DE RESTAURAÇÃO
    III. O REINO MESSIÂNICO

    CONCLUSÃO

    A VITÓRIA FINAL DO MESSIAS EM JERUSALÉM

    Steven C. Ger
    Zacarias narra a libertação sistemática dos inimigos nacionais vizinhos dada por Deus a Judá e a vinda do Messias para estabelecer o seu reino (9.1―11.17). Ele revela as circunstâncias angustiantes, ainda que revigorantes, que precedem a vitória definitiva do Rei messiânico e o estabelecimento do reino (12―14).

    Zacarias conta que todas as nações batalharão contra o povo judeu, e a sua capital Jerusalém será cercada de todos os lados por uma coalizão internacional (cap. 14). No entanto, o Senhor intervirá em favor do seu povo e incapacitará os seus inimigos (12.2-3).

    Quando as nações parecerem estar prontas para derrotar completamente Jerusalém (com metade da população da cidade tendo sido levada cativa e deportada, e o restante tendo visto suas possessões pilhadas e suas mulheres, brutalmente violentadas; 14.1,2) e parecer que as nações completarão a sua vitória com uma “solução final”, o Senhor entrará pessoalmente na batalha e engajará as nações em favor do seu povo (14.3). Ele chega a leste da cidade, no monte das Oliveiras, acompanhado por exércitos de anjos sob seu comando.

    O Messias é poderosamente revelado como o próprio Deus que se manifestou abertamente. Com a sua aparição, o monte das Oliveiras se dividirá em dois (uma lembrança da divisão do mar Vermelho), criando um vale que servirá como rota de escape (14.5). A vitória conclusiva do Senhor levará à bênção suprema para o seu povo, o estabelecimento do seu reino, e o cumprimento final de todas as promessas do concerto.

    Quando a ameaça que representam os inimigos nacionais de Israel for finalmente neutralizada, o Senhor infundirá no povo judeu convicção espiritual e contrição. Ele capacitará o povo a perceber a sua necessidade do perdão divino, e toda a nação de Israel se arrependerá de sua rejeição anterior ao Messias, o representante da liderança amorosa do Senhor.

    Zacarias integra a identidade do Senhor com a do Messias. Ele declara que, quando o povo judeu vir o Senhor, repentinamente compreenderá que, quando feriram mortalmente o Messias, tinham ferido fisicamente o próprio Senhor. Depois de perceber isto a sua angústia será enorme (12.10). Após este período de tristeza e arrependimento, o Senhor perdoará o povo judeu pela rejeição da sua liderança e conduzirá a sua purificação espiritual (13.1).

    Texto extraído da obra “Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica”, editada pela CPAD.