4 Trimestre de 2020– 08/11/2020
INTRODUÇÃO
Um dos maiores desafios a quem serve ao Senhor é estar em sintonia com Ele. Mais que isso, somos desafiados a falar em nome de Deus, e isso é um privilégio que traz consigo alta carga de responsabilidade, pois quanto maior o nível de glória revelado, maior a exigência divina. Ser um porta-voz do Eterno exige de nós uma intimidade com Deus, além de atitudes que estejam de acordo com os padrões divinos. Não raro, é preciso discernir quando o Senhor está ou não está falando e não confundir nossa vontade com a de Deus, ainda que esteja aparentemente em sintonia com Ele. Tal distinção é necessária, pois nossos pensamentos nem sempre são movidos pelos mesmos pensamentos do Eterno. Ele mesmo disse: Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. (Is 55.7-9) Neste capítulo, veremos o exemplo de Natã, o profeta que precisou voltar atrás numa coisa que disse, e, com a história dele, aprender que o Senhor pode usar-nos para falarmos com as pessoas, mas que só podemos falar em nome de Deus o que Ele realmente disse.
I – QUEM FOI NATÃ
Natã é apresentado nas Escrituras, em 2 Samuel, como um homem de Deus e profeta, sendo também usado pelo Senhor e apontado como escritor que registrou as crônicas sobre a vida e os feitos de Davi: “Os atos, pois, do rei Davi, assim os primeiros como os últimos, eis que estão escritos nas crônicas de Samuel, o vidente, e nas crônicas do profeta Natã, e nas crônicas de Gade, o vidente” (1 Cr 29.29). Ele também é apresentado como uma das pessoas que auxiliou na instalação e organização do culto na Casa do Senhor, por orientação do próprio Deus, ajudando na disposição dos grupos de levitas que tocariam alaúdes e harpas. Natã desenvolveu um talento que ajudou Davi e Salomão na preparação do culto: inserir e organizar os cantos levitas que iriam tocar na Casa do Senhor. Esse ato foi importante duplamente, pois, atém de os levitas precisarem ser divididos conforme os instrumentos que tocariam nas celebrações ao Eterno, essa ordem de dividi-los tinha partido do próprio Deus. A iniciativa da obediência era de Davi, mas foi o Senhor quem ordenou que a música tivesse espaço no seu culto (2 Cr 29.25). Note que até mesmo os levitas que tocariam instrumentos tinham de ser organizados, pois a adoração ao Eterno precisa ser ordeira. Havia muitos músicos, e cada grupo louvaria no seu devido tempo. Desde o Antigo Testamento, há uma preocupação para que a adoração a Deus tenha beleza e expresse a grandeza dEle. Cânticos novos deveriam ser trazidos, e louvores mostrando os grandes feitos de Deus deveriam ensinados por meio de músicas (Sl 96.1-9).
Davi, o rei que amava a música, compôs salmos que são entoados até hoje por cristãos de todo o mundo. O seu amor pelo culto a Deus e pelo ambiente onde Ele estava pode ser visto no Salmo 122.1: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor!” Ele amava tanto a Deus que fez questão de trazer a Arca de Deus para Jerusalém, fazendo desse momento uma festa para todos os que estavam presentes. Ainda sobre a música na tradição religiosa dos hebreus.
A ligação com Davi e a monarquia não foi um impeditivo para que Natã exercesse o seu papel de profeta. Diferentemente do rei Saul, Davi buscava ao Senhor, e este respondia ao seu servo por diversos meios, inclusive usando pessoas como Natã. Natã era ligado à monarquia, à pessoa de Davi, e, estando nesse círculo social, foi lá usado pelo Senhor para falar com o rei. Não nos é dito como ele conheceu a Davi, mas é-nos informado que Davi respeitava bastante as palavras de Natã a ponto de ser confrontado pelo profeta sobre um pecado e, em seguida, pedir perdão a Deus. O Senhor tem servos seus em todas as esferas da sociedade, e aqueles que estão em posição de influência por bondade de Deus devem manter o temor a Ele e depender exclusivamente dEle em tudo. Pensemos numa pessoa como Daniel. Na Palavra de Deus, ele é descrito como um profeta, e ele era de fato. A revelação que o Senhor trouxe por intermédio do seu servo mostra muito o que vai acontecer nos últimos dias. Daniel, no entanto, exerceu o seu ministério profético sendo ele um profissional em terra estrangeira. O seu ambiente de trabalho era palaciano. Ele circulava nas altas esferas da sociedade no seu tempo. Nessa posição, ele foi a voz de Deus para advertir reis e ser um gestor de excelência. O livro de Daniel mostra-nos o quanto Deus importa-se com todas as pessoas independentemente da sua posição social.
Os profetas eram homens e mulheres usados pelo Senhor para trazerem a sua Palavra de forma impactante. As suas palavras vinham diretamente do próprio Deus, não consistindo do fruto de um estudo dos textos, da sua organização em forma de sermão, da retórica para a comunicação e da prática da homilética. Eles foram usados por Deus a partir das revelações que recebiam, e essas revelações estavam relacionadas a eventos futuros, ou mesmo a situações correntes dos seus dias, como, por exemplo, a injustiça social, pecados individuais ou nacionais. Nem todos os profetas de Deus tiveram os seus nomes registrados nas Escrituras. Isso, porém, não invalida a importância que tiveram na história de Israel.
II – CONFRONTANDO O REI DAVI
Quando estava reinando em Jerusalém, Davi deixa de ir à guerra e, ao passear pelo palácio, vê uma mulher tomando banho. Ele, então, procura saber quem ela é e manda chamá-la. Mesmo ciente de que ela é casada com um dos seus mais leais guerreiros, Davi deita-se com ela. Como se fosse pouco quebrar uma aliança entre um casal, Davi engravida Bate-Seba e tenta encobrir o seu pecado trazendo o marido dela para casa. Como Urias veio, mas não tocou na sua esposa, Davi preparou tudo para que ele fosse morto. Além de adúltero, Davi tornara-se um assassino. Ele já havia matado homens em batalhas, mas o que fez contra Urias não se enquadrou em uma morte por legítima defesa na guerra. Ele planejou a morte de um dos seus melhores soldados e deixou-o para ser morto covardemente pelo inimigo. Isso foi tão grave que o próprio Deus disse: Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e mataste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher.
Mesmo sendo um homem segundo o coração de Deus, Davi deixou-se levar. O rei pagou um alto preço dentro da sua própria casa por conta dos seus desejos. O Senhor acentua o pecado de Davi quando diz que os filhos de Amom mataram Urias. Um soldado que vai à guerra sabe que pode ou não voltar para casa, mas, no caso de Urias, a ordem para a sua morte partiu de Davi a fim de que os seus inimigos matassem o soldado e ele entrasse na estatística de mortos de guerra. Deus, no entanto, não pensava como Davi.
Apesar do pecado de Davi, o Senhor quis restaurá-lo, só que tal feito não seria possível se Davi não fosse confrontado com o seu próprio erro, e Deus iria usar Natã para essa missão. Para chegar ao coração do homem segundo o coração de Deus, Natã busca um método bastante didático — contar uma história. Histórias costumam prender a atenção de quem as ouve, e esse mecanismo captou a atenção do rei. O profeta não se aproveitou dos seus dons para humilhar o rei. As acusações contra Davi eram graves, e o julgamento divino já havia sido decretado contra ele. O seu pecado — matar um dos seus mais fiéis guerreiros e apropriar-se da viúva grávida — não passaria sem consequências, mas o Senhor estava pronto para tratar com Davi. Natã contou a história de um homem rico que tinha várias ovelhas e que era vizinho de um homem simples, dono de uma única ovelhinha. No dia em que recebeu uma visita, o homem rico sacrificou a ovelha única do homem pobre e usou a sua carne para dar à visita. Essa história deixou Davi bastante irritado. Ele havia sido pastor de ovelhas quando adolescente e, impressionado pela história, disse que aquele homem rico deveria ser morto pelo que fizera — isso sem saber que as suas palavras eram o veredito do pecado que ele mesmo cometera. 3. Um Rei que se Arrependeu Natã, usado por Deus, respondeu ao rei Davi que o homem rico daquela história era o próprio rei, apresentando, assim, o pecado de Davi, que tomou a esposa de outro homem como se fosse sua. A estratégia atinge o seu objetivo. Convencido do seu erro, Davi demonstra arrependimento, pois sabia que o seu pecado era digno de morte. Ele, então, externa a sua preocupação, que era perder a presença de Deus na sua vida: “Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo” (Sl 51.11). Ele sabia que a comunhão que tinha com o Senhor era mais importante do que ocultar um pecado; assim sendo, sujeitou-se à disciplina imposta. O preço que pagou no futuro e dentro da sua própria casa foi alto, porém Davi contou com a misericórdia de Deus. Neste episódio de Natã para com o rei Davi, fica demonstrado que dons e talentos são bênçãos do Senhor, mas usá-los com sabedoria faz com que o projeto de Deus seja estabelecido no tocante à comunicação conosco. Davi arrependeu-se do seu pecado e voltou-se para Deus.
III – FALANDO O QUE DEUS MANDOU
Um segundo momento importante na história de Natã e Davi refere-se a quando este já era rei. O seu amor pelo Deus de Israel e pela celebração do culto impulsionaram-no a trazer a Arca de Deus para Jerusalém em uma celebração pública em que ele chegou a oferecer sacrifícios e abençoou o povo. Para Davi, foi um momento de alegria; já para Mical, a sua esposa, foi um momento de vergonha (ver 2 Sm 6.20-23). Pelo teor do texto, Davi ficou tão empolgado com a possibilidade de a Arca da Aliança estar em Jerusalém que acabou não prestando atenção nos seus próprios modos, e, de alguma forma, partes do seu corpo apareceram, causando repulsa em Mical, filha de Saul. Lamentavelmente, Mical não pôde ter filhos de Davi. É curioso como a informação da esterilidade de Mical é apresentada justamente após a sua discussão com Davi. Após esse cenário, inicia-se o ponto alto da narrativa. 1. Um Desejo Lícito A Palavra de Deus mostra-nos que, antes de morrer, Davi teve o desejo de construir um santuário para o Eterno. Sendo ele o segundo rei da monarquia, desejava deixar um legado não apenas para ser lembrado, mas igualmente para refletir a sua fé e a sua devoção ao Senhor: “Sucedeu, pois, que, morando Davi já em sua casa, disse Davi ao profeta Natã: Eis que moro em casa de cedros, mas a arca do concerto do Senhor está debaixo de cortinas” (1 Cr 17.1). Davi desejou deixar um legado à posteridade em homenagem ao Deus de Israel. O Eterno merecia um lugar de adoração para congregar o seu povo. Davi não se esqueceu do que o Senhor fez por ele. Houve outras pessoas que conseguiram destaque e foram prósperas em Israel. Alguns deles, como Davi, conseguiram a sua “casa de cedros”, mas diferentemente de Davi, esqueceram-se dos sagrados momentos de consagração e do concerto secreto com o Senhor. Como o Senhor Jesus nos diz, na parábola do semeador, algumas sementes caem em um solo em que são sufocadas pelos cuidados deste mundo e pela sedução das riquezas, e tornam-se infrutíferas. Oh, a tristeza de uma vida cujas grandes determinações de dedicação e concerto com Deus foram negligenciadas! Esse não era o caso de Davi, pois ele estava pronto para agir de acordo com a sua santa decisão, essa grande determinação de que ele deveria responder às bênçãos de Deus com os seus máximos esforços. A princípio, ele recebeu uma resposta favorável de Natã (2 Sm 7.3). Mas rapidamente ficou muito evidente que a resposta de Deus era “Não!” A linguagem desse capítulo parece um pouco incerta, está bastante clara no relato apresentado em 1 Crônicas 17.4 [...] naquela mesma noite Deus veio a Natã e disse: “Vai e dize a Davi, meu servo: Assim diz o Senhor: Tu me não edificarás uma casa para morar.”
Ao ouvir o desejo de Davi de construir o Templo para o Senhor, Natã, sem consultar ao Eterno, fala como se Ele estivesse com Davi naquela empreitada. O objetivo de construir uma casa onde o culto a Deus pudesse ser uma referência era louvável, e, com certeza, não era necessário consultar a Deus para a aprovação daquele projeto (1 Cr 17.2). Sem perguntar a Deus, Natã chancela o plano de Davi. Não é possível crer que Natã tenha falado aquilo de má-fé, mas o fato de não ter consultado ao Senhor custou ao profeta um constrangimento (1 Cr 17.3,4). Na primeira vez em que Natã foi enviado a falar com Davi, foi por causa do pecado deste. Dessa vez, entretanto, foi por causa da precipitação do profeta (ver 1 Cr 17.7,8). O Senhor dá a Natã a estratégia para falar com o rei. Ele começa dizendo que Davi foi tirado de onde ninguém poderia vê-lo, ou seja, do curral de ovelhas. Deus deu a Davi unção, vitórias, o reino, entre tantas coisas. A presença de Deus na vida de Davi era notória. Mas havia um “porém”: Davi tinha as mãos manchadas com sangue das campanhas de guerra que participou (ver 1 Cr 22.8) O santuário para o Altíssimo, que ficaria em Israel, seria construído sim, mas pelas mãos de outra pessoa, Salomão. O projeto de Davi seria executado pelo seu filho Salomão. Mas, para isso, era necessário Davi saber da vontade de Deus, e não da opinião do profeta. 2 REDPATH, Alan. Formando o Homem de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 175.
Aqui reside a lição: Nunca se utilize de um dom sem que o Senhor chancele o que você vai dizer, muito menos o use em nome de Deus. Davi havia recebido vitórias da parte de Deus, unificou o reino e queria dar um destaque ao culto ao Senhor. Isso, por si só, não era errado, mas nem todos os pensamentos que temos em relação ao culto ou à obra de Deus é necessariamente o que o Senhor deseja que façamos; nem todo projeto que, aos nossos olhos, é de Deus ou para a sua glória é realmente da parte de Deus para nós. 3. Aprendamos a Distinguir nossa Opinião da Opinião de Deus Resguardar nossa opinião e distingui-la da orientação de Deus deve ser uma atitude corrente em nossos dias. Na verdade, é honroso manifestar essa distinção. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo fez isso na primeira carta canônica que enviou aos Coríntios. Houve perguntas sobre a situação de casais em que um dos cônjuges havia aceitado a Jesus, ao passo que o outro, não. 1 Coríntios 7.12 mostra que, no tocante à questão da possibilidade de um homem crente viver com uma mulher não crente, e ela não desejar separar-se dele, o parecer do apóstolo era que o casal não buscasse o divórcio. Paulo fez a distinção entre o que era a sua opinião pessoal e o que era a orientação de Deus com as palavras “digo eu, não o Senhor”. E por qual motivo Paulo, com toda orientação e revelação de Deus recebidas, deixou claro que quem estava dando o parecer naquele momento era ele, e não Deus? Simplesmente porque o Senhor não disse nada ao apóstolo sobre aquele assunto. Da mesma forma como aconteceu com o profeta Eliseu, quando a sunamita perdeu o seu filho e foi procurar o profeta. O Senhor não disse ao seu servo o que havia ocorrido na casa da sunamita e, por isso, o profeta teve de ir à casa dela. Lá chegando, o servo de Deus ressuscitou o menino morto, e o Senhor foi glorificado naquele lar. Deus nem sempre manifesta a sua vontade ou revela aquilo que desejamos saber, e, nesses momentos, é preciso ter cautela para falar e agir. Natã precisou voltar atrás no que disse a Davi. Isso pode parecer vergonhoso para algumas pessoas, pois voltar atrás no que dizemos pode significar que erramos ao falar. Talvez essa atitude nos cause constrangimento. Por isso, é necessário pensarmos bastante antes de falar. É melhor saber retroceder em atos ou palavras a fim de manifestar a humildade necessária para continuar sendo usado pelo Senhor. Manter uma palavra que não nos foi dada por Deus incorre sérios problemas não só em nossa vida, como também na das pessoas que nos cercam. Algumas vezes o sonho vem de Deus; outras vezes não. Ambos são nobres. Ambos são grandes decisões. Ambos são ideais. Mas, quando não são de Deus, não irão realizar-se... nem devem. E no geral é difícil determinar sua origem, muito difícil mesmo. De fato, você terá amigos como Natã que lhe dirão: — Vá, faça tudo que decidiu, porque o Senhor está com você — só para ver Deus mostrar-lhe mais tarde que esse não é o plano dele. É interessante notar que foi exatamente isso que aconteceu com Davi.3 4. Aprendendo a Ouvir um Não de Deus Imagine se Davi tivesse construído o Templo? Teria gastado tempo e recursos e não teria agradado a Deus nos seus projetos. Deus poupou o rei de dispender recursos que seriam posteriormente aproveitados por Salomão, o seu filho. O Senhor louvou a atitude de Davi, porém deixou claro que Salomão iria construir o Templo. Sobre esse assunto, Charles Swindoll diz: Que resposta dura para levar ao rei. Mais cedo, naquele mesmo dia, Natã dissera a Davi: “O Senhor está com você, Davi. Va em frente e realize seus planos”. Agora, poucas horas depois, Natã ouve o Senhor dizendo: “Nada disso. Nada disso!” Como pode ver, Natã não ouvira a voz certa da primeira vez. Não fazia parte do plano de Deus que Davi construísse um templo. Era uma ótima ideia, um grande plano no coração de Davi... mas não era o plano de Deus. E isso e difícil de suportar. Com a recusa desse pedido, no entanto, Deus oferece afirmação a Davi: Davi, você e um homem de guerra, o seu coração está nos campos de batalha. Você e um soldado e um guerreiro, e não um construtor. E um homem para as trincheiras e o abençoei de tal modo que todos os seus inimigos foram subjugados. Lembre-se agora de que não se trata de uma questão de pecado aqui. Não e o juízo de Deus que está vindo sobre Davi em consequência de um erro. E simplesmente Deus redirecionando o plano de Davi e dizendo: — Essa é uma grande decisão, mas digo “não” a você e digo “sim” ao seu filho. Aceite isso. A última parte do v .8 é profunda, pois Deus diz a Davi: “Bem fizeste em o resolver em teu coração”. Em vez de considerar o seu desejo de construir um templo como algo errado, Deus diz a ele: — Louvo o seu pensamento, louvo você por ter um coração tão sensível a mim que desejou construir uma casa de adoração para a minha glória. Foi bom isto estar em seu coração. Não é meu plano que faça isso, mas eu o louvo por pensar assim. 3 SWINDOLL, Charles. Davi: um homem segundo o coração de Deus. Rio de Janeiro: Mundo Cristão, p. 200.
CONCLUSÃO
Natã, com a sua história, mostra-nos que é possível uma pessoa ser usada por Deus em um momento e, em outro, deixar-se levar pela sua própria opinião e manifestá-la como se fosse a vontade de Deus. O fato de Deus ter-nos usado uma vez, de uma forma, não significa que Ele assim o fará da mesma forma. Não estamos imunes a apresentar nossas próprias opiniões como se fossem palavras de Deus. Por isso, é necessário que tenhamos o devido discernimento para não ultrapassar os limites daquilo que o Senhor disse. Ter um dom da parte do Eterno não nos isenta de usá-lo com sabedoria. Para que isso não ocorra, é necessário estarmos alinhados com a sua Palavra, que está revelada nas Escrituras, e sabermos ouvir o Eterno falando conosco. Mais que isso, é necessário saber voltar atrás naquilo que falamos em nome de Deus, sem que o Senhor tenha-nos mandado falar. Por mais que a intenção seja boa a nossos olhos e que pareça que o Senhor há de ser honrado em uma empreitada, é necessário saber se Ele está de acordo com aquele projeto.