segunda-feira, 25 de março de 2013

Lição 13 - 1º Trim. 2013 - A Morte de Elizeu.


Lição 13

A MORTE DE ELISEU 

31 de março de 2013

Professor Alberto 

TEXTO ÁUREO 


“E sucedeu que, enterrando eles um homem, eis que viram um bando e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem e tocando os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sobre os seus pés” 
(2 Rs 13.21).  

VERDADE PRÁTICA 


O último milagre relacionado à vida de Eliseu demonstra o poder e o exemplo de um homem que ama e teme a Deus.  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO


O contexto histórico do nosso texto áureo está retratando o episódio da ressurreição de um homem que ao ser lançado na sepultura de Eliseu (850 à 850 a.C.), e ao tocar nos seus ossos, ressuscitou (2 Rs 13.20-21). O historiador Flávio Josefo descreve o texto da seguinte maneira:  

“O profeta pouco depois de ter falado assim, morreu”. Era um homem de eminente virtude e visivelmente ajudado por Deus. Viram-se os efeitos maravilhosos e quase incríveis de suas profecias e sua memória ainda hoje é tida em grande veneração por todos os hebreus.  

 Fizeram-lhe um magnífico túmulo como merecia uma pessoa que Deus tinha cumulado de tantas graças. Aconteceu que uns ladrões depois de terem matado um homem, lançaram-no nesse túmulo.  

“Esse corpo apenas tocou o corpo do profeta, voltou à vida, ressuscitado, o que nos mostra que não somente durante a vida, mas também depois da morte, ele tinha recebido de Deus o poder de fazer milagres” (História dos Hebreus – Flávio Josefo, CPAD, p. 210 – Vol. I).  

Eliseu morreu e foi sepultado, seu corpo se decompôs e seus ossos estavam no túmulo, mesmo assim, Deus manifestou o seu poder e deu testemunho do caráter de Eliseu como o profeta que vivifica (2 Rs 4.32-37. 1 Rs 17.17-24).  

Este milagre sugere que a influência de uma pessoa que anda com Deus não cessa automaticamente com a sua morte, mas que depois disso sua memória, suas obras, sua vida exemplar, poderá ser um manancial de vida espiritual para os outros (Jo 12.24; 2 Co 4.11-12).  

No entanto, o fato de Deus ter feito um milagre através dos ossos de Eliseu não justifica a veneração das relíquias dos santos, conforme alega a Igreja Católica para dar suporte à sua prática de veneração de relíquias. Essa passagem não justifica a veneração de relíquias, do mesmo modo que não justifica a veneração de quaisquer outros meios físicos que Deus tenha utilizado como veículo na realização de milagres — tais como a vara de Moisés, a serpente de bronze no deserto, o lodo que Jesus utilizou para curar o homem cego ou as mãos dos apóstolos usa­das para curar enfermidades. Na realidade, a Bíblia condenou a utilização da serpente de bronze com a finalidade de idolatria.  

 Na campanha contra a idolatria de Judá, Ezequias "tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, por­quanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso" (2 Rs 18.4).  

Deus claramente ordenou ao seu povo que não fizesse imagens de escultura, e nem se prostrassem diante delas em um ato de devoção religiosa. Esse é o mesmo erro dos pagãos que "reverenciaram e adoraram à criatura em lugar do Criador" (Rm 1.25).  

A Bíblia nos proíbe, em qualquer tempo, fazer ou mesmo "nos curvar" diante de uma "imagem" de qualquer criatura em um ato de devoção religiosa.  

"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.4,5, ênfases adicionadas pelos autores). (Resposta as Seitas - Norman G. Geisler e Ron Rhodes- CPAD - Casa Publicadora das Assembleias de Deus).  

RESUMO DA LIÇÃO 13 


A MORTE DE ELISEU 

I. A DOENÇA TERMINAL DE ELISEU

1. A velhice de Eliseu.

2. O sofrimento de Eliseu.  

II. A PROFECIA FINAL DE ELISEU

1. A ação de Deus na profecia.

2. A participação humana na profecia.  

III. O  ÚLTIMO MILAGRE DE ELISEU

1. A eternidade e fidelidade de Deus.

2. A honra de Eliseu.  

IV. O LEGADO DE ELISEU

1. Legado sócio-cultural.

2. Legado Espiritual.  

INTERAÇÃO  

Nesta última lição do trimestre estudaremos os derradeiros dias do profeta Eliseu.
Ele foi um homem fiel ao Senhor até o fim dos seus dias. Todavia, como homem ele era mortal. Não temos como escapar, um dia enfrentaremos a morte. Porém, ela não nos assusta. Eliseu começou bem seu ministério profético e o encerrou também com excelência.  

Ele viveu todos os seus dias como servo do Senhor e com certeza pode declarar como o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia [...]” (2 Tm 4.7). Que quando chegar o nosso dia, possamos também declarar estas mesmas palavras.  

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se sobre a brevidade da vida e a eternidade de Deus.
Compreender a natureza da profecia final de Eliseu.
Explicar o propósito do último milagre de Eliseu.

COMENTÁRIO 


INTRODUÇÃO  

                                        PALAVRA CHAVE

     MORTE:

Término das atividades vitais do ser humano sobre a terra.
Nesta lição, acompanharemos os últimos passos do profeta Eliseu. Constataremos que Eliseu foi, de fato, um gigante espiritual. Mas, como todos os homens, estava sujeito às limitações comuns a todos os mortais — nasceu, cresceu, envelheceu e morreu. Fica, portanto, em destaque o fato de que os homens fazem história, mas Deus é o Senhor da história.
I. A DOENÇA TERMINAL DE ELISEU
1. A velhice de Eliseu. Um bom tempo já se havia passado desde a última aparição do profeta de Abel-meolá no registro bíblico (2 Rs 9.1). De fato, entre os capítulos 9 e 13 de 2 Reis, há um intervalo de aproximadamente quarenta anos.
Os estudiosos acreditam que, por essa época, Eliseu deveria estar com a idade aproximada de oitenta anos. Eliseu fora chamado ainda jovem para o ministério profético, mas agora estava velho e doente. Às vezes, idealizamos de tal forma os homens de Deus, que acabamos nos esquecendo de que eles também são humanos.
Envelhecem, adoecem e também morrem. O texto bíblico deixa bem patente o lado humano do profeta. Fora um grande homem de Deus e ainda o era, mas ainda assim era um homem.
2. O sofrimento de Eliseu. O mesmo texto que trata da doença e velhice de Eliseu fala também do seu sofrimento (2 Rs 13.14,20). Eliseu estava doente, e isso sem dúvida causava-lhe algum sofrimento. Eliseu envelheceu e padeceu.
Mas o foco aqui não é o sofrimento em si, mas como Deus trata o profeta nesse momento de sua vida e como ele responde a isso. Mesmo alquebrado pela idade, Eliseu continuava com o mesmo vigor espiritual de antes. Possuía ainda a mesma visão da obra de Deus. Em nada a doença, ou quaisquer outras coisas, impediu-o de continuar sendo a voz profética do Deus de Israel.
3.- Eliseu morreu de uma doença. O detalhe da Palavra de Deus não nos permite ter equívocos: “Eliseu estava doente da sua doença de que morreu” (2 Rs 13.14). Esse verso pode deixar constrangidos os proponentes da confissão positiva, que alegam que um crente não pode ficar doente, e se estiver doente, é porque não tem fé ou está em pecado. Eliseu era um homem de Deus. Era um homem de fé.
Realizou muitos milagres. Mas quando chegou sua hora de partir, esse momento ocorreu porque o profeta ficara doente e a doença o levou. Entende-se que Eliseu já era um homem de idade avançada, e que naturalmente seu organismo, como o de outras pessoas dessa fixa etária, ficou propenso a fraquezas e doenças. Foi um fato natural.
Precisamos entender dois princípios claros:
a) que a nossa obrigação é orar ao Senhor pedindo cura, e é Ele quem manda a cura para o seu povo, conforme a sua vontade;
b) Em sua soberania, Deus pode permitir que nossa partida para estar com Ele se dê de diversas formas, inclusive por meio de doenças.
Ainda que isso ocorra, não podemos pensar que a morte, para o cristão, é uma punição, mas sim uma promoção para estar lado a lado com o Senhor. Deus tem uma forma de tratar com cada pessoa. Elias foi levado ao céu, vivo; Eliseu passou pela morte, mas ambos estão com o Senhor.
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A doença não conseguiu impedir o profeta Eliseu de continuar sendo a voz profética do Deus de Israel.
II. A PROFECIA FINAL DE ELISEU
1. A ação de Deus na profecia. Hoje está na moda o jargão: “Eu profetizo sobre a tua vida”. Embora muito bonito e vestido de roupagens espirituais, tal jargão não passa de orgulho e afetação humana.
Isso por uma razão bem simples: nenhuma profecia, que se ajuste ao modelo bíblico, tem seu ponto de partida no querer humano, mas na vontade soberana de Deus (2 Pe 1.20,21). Eliseu, por exemplo, refletindo os desígnios divinos, dizia ao profetizar: “Assim diz o Senhor” (2 Rs 2.21; 3.16).
A expressão “flecha do livramento do SENHOR” (2 Rs 13.17) possui sentido semelhante. A profecia tem sua origem em Deus e não no homem. Eliseu não profetizou para depois se inspirar, mas foi primeiramente inspirado para depois profetizar (2 Rs 3.15).
2. A participação humana na profecia. Vimos que uma profecia genuinamente bíblica tem sua origem em Deus. Todavia, a Escritura mostra também que existe a participação do homem nesse processo. É o que vemos em 2 Reis 13.14-19.
Joás visitou Eliseu devido ao grande respeito que tinha pelo profeta, que estava próximo de falecer. Sua saudação: ‘Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!’ (2 Rs 143.14), foi a exclamação que o profeta pronunciou na ocasião em que Elias foi levado ao céu (2 Rs 2.12).
O fato de Jeoás utilizar esta expressão é uma indicação de que ele reconhecia a proximidade da morte de Eliseu. A ordem relacionada ao uso do arco e das flechas estava relacionada com a Síria, que era a nação que oprimia Israel.
Uma flecha lançada em direção ao oriente simbolizava a vitória em Afeca; as setas lançadas ao solo simbolizavam a vitória de Israel sobre a Síria. A indignação de Eliseu quanto à relutância do rei Jeoás de Israel em continuar a atirar as suas flechas, símbolo do livramento do Senhor contra os sírios, é bastante significativa.
Deixa clara a decepção do profeta com a falta de discernimento e perseverança do rei. Faltou fé a Jeoás! Ele pensava certamente tratar-se de uma mera cerimônia na qual ele teria apenas uma participação técnica. A sua vitória seria do tamanho da resposta que ele desse ao profeta.
Deveria ter ferido a terra cinco ou seis vezes, mas fez apenas três. Eliseu se indignou muito contra Joás, por saber que confiar e se apoiar em outras nações era uma atitude errada. Era necessário ter uma completa confiança em Deus para que fossem ajudados contra as nações estrangeiras que procuravam oprimir Israel.
O poder miraculoso associado aos ossos de Eliseu tinha a finalidade de mostrar a Jeoás que o poder do Deus de Israel seria manifestado sobre a Síria, mesmo após a morte do profeta. Uma fé tímida obtém uma vitória igualmente tímida.  Em o Novo Testamento, o Senhor Jesus irá por em destaque essa verdade (Mt 9.29).
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
Aprendemos mediante a última profecia de Eliseu que uma fé tímida obtém uma vitória igualmente tímida.
III. III. O ÚLTIMO MILAGRE DE ELISEU
1. A eternidade e fidelidade de Deus. É interessante observarmos que o último milagre de Eliseu deu-se postumamente. Eliseu já estava morto quando ocorre algo que desafia a razão humana (2 Rs 13.20,21). Essa passagem revela pelo menos dois aspectos dos atributos de Deus — Deus é eterno.
Ele não morre quando morre um homem de Deus, nem tampouco deixa de cumprir a sua Palavra quando as circunstâncias parecem dizer o contrário. Ao permitir que o toque nos restos mortais de Eliseu desse vida a um morto, Deus mostrava ao rei Jeoás que a morte de Eliseu não iria impedir aquilo que há algum tempo ele havia prometido a ele. Deus é fiel e zela pela sua Palavra para a cumprir.
2. Eliseu teve um ministério respeitado. Ao longo de sua vida, Eliseu teve contato direto com a escola de profetas em seus dias. Foi um homem que viu milagres em seu ministério, trouxe orientações a governantes e gozava da honra de outros profetas. E mesmo depois de morto, realizou um milagre de ressurreição.  

Este último fato não nos permite crer que podemos rogar a “santos homens e mulheres” para que nos ajudem em nossas dificuldades, pois se observarmos a narrativa dessa ressurreição, não foi feito nenhum pedido ao “santo Eliseu” para que ele ressuscitasse o homem morto que foi jogado em sua cova.  

O fato simplesmente aconteceu pelo poder de Deus, e não pela súplica direcionada a um profeta que estava no céu e poderia interceder pelo morto a Deus. Nossas orações devem ser para o Senhor, e não para pessoas consideradas santas. Nosso único intercessor é o Senhor Jesus Cristo, o próprio Filho de Deus, e ninguém mais.
3.- A honra de Eliseu.Além da fidelidade e da eternidade de Deus, que ficam bem patentes nesse último milagre de Eliseu, há ainda mais uma lição que o texto deixa em relevo. Aqui é possível perceber que, mesmo morto, o nome de Eliseu continuaria a ser lembrado como um autêntico homem de Deus.
Elias subiu ao céu vivo, Eliseu deu vida mesmo estando morto. Os intérpretes destacam que esse milagre, envolvendo os restos mortais de Eliseu, mostra que o Senhor possui planos diferenciados para cada um de seus filhos. Portanto, não devemos fazer comparações nem questionar os atos divinos (Jo 21.19-23). A Bíblia fala de homens, cujas ações continuam falando mesmo depois de haverem morrido (Hb 11.4).
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
Mesmo depois de morto, Eliseu foi lembrado como um autêntico homem de Deus.
IV. O LEGADO DE ELISEU

1. Legado socio-cultural. Já estudamos que Eliseu supervisionava as escolas de profetas (2 Rs 6.1). Esse sem dúvida foi um dos seus maiores legados. Todavia, Eliseu fez muito mais; teve uma participação ativa na vida espiritual, moral e social da nação. Enquanto Elias era um profeta do deserto, Eliseu teve uma atuação mais urbana.
Eliseu tinha acesso aos reis e comandantes militares, e possuía influência suficiente para deles pedir algum favor (2 Rs 4.13). Como povo de Deus, não podemos viver isolados, mas aproveitar as oportunidades para abençoar os menos favorecidos.
2. Legado espiritual. Há uma extensa lista de obras e milagres operados através do profeta Eliseu. Sem dúvida, eles demonstram seu grande legado. Podemos enumerar alguns:
- abertura do Jordão (2 Rs 2.13,14);
- a purificação da nascente de água (2 Rs 2.19-22);
- o azeite da viúva (2 Rs 4.1-7);
- o filho da sunamita (2 Rs 4.8-37);
- a panela envenenada (2 Rs 4.38-41);
- a multiplicação dos pães (2 Rs 4.42-44);
- a cura de Naamã (2 Rs 5.1-19) e
- o machado que flutuou (2 RS 6.1-7).

SINÓPSE DO TÓPICO (4)
Como povo de Deus, não podemos viver isolados, mas aproveitar as oportunidades para abençoar os menos favorecidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluimos a lição, fazendo um resumo geral da vida de um dos maiores profetas do Antigo Testamento, Eliseu. É importante enfatizar que o último milagre relacionado à vida de Eliseu demonstra o poder e o exemplo de um homem que ama e teme a Deus. 

ELISEU
 
Pontos fortes e êxitos
 
    Foi sucessor de Elias como profeta de Deus.
    Teve um ministério que durou mais de 50 anos.
    Teve um grande impacto sobre quatro nações: Israel, Judá, Moabe e Síria.
    Foi um homem íntegro que não tentou enriquecer-se à custa dos outros.
    Fez muitos milagres para ajudar aqueles que estavam sofrendo necessidades.


Lições de vida
 
    Aos olhos de Deus uma medida de grandeza é a disposição para servir aos pobres como também aos poderosos.
    Um substituto eficaz não só aprende com o seu mestre; também constrói sobre as realizações de seu mestre.
 
Assim termina a vida do profeta Eliseu.
Um grande homem de Deus que nunca deixou de ser servo.
Começou pondo água nas mãos de Elias (2 Rs 3.11), um gesto claro de sua presteza em servir, e foi exaltado por Deus.
Mesmo sem ter escrito uma linha, levanta-se como um dos maiores profetas bíblicos de todos os tempos.
Devemos imitá-lo em sua vida de serviço e amor a Deus.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010. Comentário Bíblico Beacon. Volume 2, 1 ed., RJ: CPAD, 2005. LEBAR, L. E. Educação que é Cristã. 1 ed., RJ: CPAD, 2009. ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.
Lição Bíblica CPAD do 2º Trimestre 2013 - A família cristã no século XXI: Protegendo seu lar dos ataques do inimigo
Lição do próximo Trimestre

sábado, 23 de março de 2013

Palavra de Reflexão: Uma Nova Antropologia Teológica.

PERFIL

Esdras Costa Bentho é pastor, teólogo, especialista em Hermenêutica Bíblica e pesquisador em Hermenêutica Filosófica, chefe do Setor de Bíblias e Obras Especiais da CPAD e escritor. É autor dos livros “A Família no Antigo Testamento – História e Sociologia” e “Hermenêutica Fácil e Descomplicada”, e co-autor de “Davi: As vitórias e derrotas de um homem de Deus”, todos títulos da CPAD.                        13/03/2013 23:35

Uma Nova Antropologia Teológica para um Novo Tempo

O conceito que se tem de Deus reflete na explicação que se dá acerca do homem.
Para saber “que é o homem” é oportuno interrogar-se a respeito de Deus. O conceito que se tem de Deus reflete na explicação que se dá acerca do homem. Heidegger entendia que o mundo é uma conexão de coisas finitas criadas por Deus e, por isso, a partir do conceito de Deus, é possível discutir e deduzir o que pertence ao ente na medida em que ele é criação de Deus. [1] A origem do homem está em Deus e o sentido da existência e da natureza real do ser humano encontra-se respectivamente nele. Cabe perfeitamente aqui a arguta observação de Queiruga ao afirmar que “pelo esquecimento de Deus, a própria criatura torna-se obscura”. [2]
O estudo da teo-logia conduz o pesquisador necessariamente à pesquisa da antropo-teo-logia. Esse movimento dialético somente é possível mediante a auto-revelação de um Deus pessoal e de uma resposta-decisão da parte do homem. Não é possível, portanto, conceber uma teologia que, próxima de Deus, se afaste do homem, ou que próxima do homem se afaste de Deus.
Uma concepção renovada da antropologia teológica e pastoral, ambas estagnadas pelo dualismo e concepções vetustas e ultrapassadas, não é apenas necessária como também plausível. A primeira deve buscar uma reflexão renovada e atualizada do homem sob os auspícios de uma hermenêutica teológica e interdisciplinar. A segunda, valendo-se dos resultados desse saber, é desafiada a caminhar em direção a uma práxis que não seja apenas contextualizada aos reais dilemas de nossa comunidade, mas também capaz de produzir renovação e integralização da pessoa a Deus, a si, ao outro e à criação.
Vejamos alguns elementos que exigem da pastoral e da teologia uma reflexão.
1. Inculturação da fé
A primeira interpelação diz respeito à inculturação da fé cristã aos novos paradigmas filosóficos e científicos de nossa contemporaneidade. É assente e ponto pacífico na teologia a relação do saber teológico com os paradigmas explicativos da realidade de seu tempo. A teologia sempre foi e será uma ciência inculturada. Neste aspecto, é necessário ao trabalho pastoral ensinar a comunidade a desaprender as formulações arcaicas, os conceitos teológicos e litúrgicos ultrapassados, que não mais falam ao homem moderno. Roger Haight, com o discernimento que lhe é peculiar, afirmou “que a mera repetição de fórmulas teológicas não presta serviço algum ao povo de Deus”, muito pelo contrário, essa cantilena só pode provocar fastio e constitui uma infidelidade e irresponsabilidade para com a mensagem cristã. [3] É necessária uma interpretação mais criativa dos dados da fé transformando-os em fonte de conhecimento e renovação do ser humano.
O dogma é um caminho, uma orientação. Uma afirmação dogmática reflete o contexto que a gerou, pois se trata de uma resposta a uma situação epocal. Gerações que vivem em épocas diferentes devem dar novo vigor, frescor e interpretação ao dogma. Claude Geffré assevera que devemos “reinterpretar os enunciados dogmáticos à luz de nossa leitura atual da Escritura”. [4] Não é possível anunciar o Evangelho sem considerar o homem moderno, o seu destinatário.
2. Visão integral do ser humano.
Não é mais possível negar os reclamos científicos que exigem da fé uma resposta dialógica. Não podemos mais aceitar uma visão de homem que lhe negue sua completude. Não é mais possível se fechar à possível abertura que os tempos modernos apresenta à renovação da Igreja. Neste ínterim, a pastoral deve resgatar o sentido de pessoa que encontra no amor e liberdade de Deus o seu fundamento. Ser pessoa é ser livre. [5]
Heidegger afirmava que a liberdade não é uma propriedade (Eigenschaft) do homem, mas que o homem é essencialmente livre. Entendia o filósofo que para o homem adorar a Deus precisava estar livre de Deus, livre para se desviar de Deus, não determinado ou compelido por Deus para adorá-lo. [6] Se o homem adorar a Deus deve fazê-lo mediante uma ação livre, não compelida. Ser livre, em última instância, é ser capaz de se decidir a favor ou não de Deus. A concepção heideggeriana de modo algum entra em conflito com a teologia. Em Deus subsiste em toda plenitude a liberdade, o amor e a relação, elementos pessoais constitutivos. Deus criou o homem como ser livre, “chamado para se decidir na abertura, para acolher o dom de Deus salvador-criador e para viver o amor concreto ao outros seres pessoais e assumir responsabilidade face ao mundo criado por Deus”. [7] Todavia, como a experiência tem demonstrado e a própria escatologia paulina, nem todos ainda se submetem ao senhorio de Cristo e respondem positivamente ao seu chamado (1Co 15,24-28). Não é isto indício de uma liberdade, mesmo que negativa?
Ao criar o homem como ser livre (para), o próprio Senhor arca com a responsabilidade de o homem desejar ser livre d’Ele. O ser, assim, é pessoa, criada pelo amor e liberdade de Deus, capaz de se decidir a favor ou mesmo contrário a Deus. Javé decide criar o homem e o faz como um ser livre. Embora não explícito, a última proposição conforma-se à concepção do escritor de Gênesis, segundo a qual Deus criou o homem e o guia para a salvação. Segundo Werner Schmidt, os relatos de Gn 2-8 apresentam uma estrutura básica e uma dinâmica que podem ser descritas nos seguintes estágios: “providencia salvadora de Dios, culpa del hombre, castigo, acogida misericordiosa y nuevo comienzo”. [8] O mundo é o palco no qual Deus revela o seu amor ao homem e reafirma sua autonomia e liberdade ao permitir que ele faça suas próprias escolhas, mesmo que essas contrariem seus mandamentos (Gn 3). Somente uma perspectiva da liberdade de Deus e do homem pode conformar-se ao sentido de autonomia do sujeito, da natureza e do social propalados pela Modernidade.
A pastoral, por conseguinte, não se pode fechar ao novo contexto que tanto desafia quanto impele a Igreja ao cumprimento de sua missão no mundo. Pensemos nisto
Esdras Costa Bentho
Mestrando em Teologia - PUC RJ
Notas
1 Martin HEIDEGGER. Introdução à filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 264.
2 Andrés T. QUEIRUGA. O Vaticano II e a teologia, in Alberto MELLONI; ChristophTHÉOBALD (orgs.) Vaticano II: um futuro esquecido? CONCILIUM, 312-2005/4, Rio de Jneiro: Vozes, p. 24.
3 Roger HAIGHT.Dinâmica da teologia. São Paulo: Paulinas, 2004, p. 14.
4 Claude GEFFRÉ. Crer e interpretar: a virada hermenêutica da teologia. Rio de Janeiro: Vozes, p. 73.
5 Alfonso GARCÍARUBIO. Elementos de antropologia teológica: salvação cristã: salvos de quê e para quê? 4.ed., Rio de Janeiro: Vozes, 2007. O autor afirma que a pessoa é chamada a ser senhora de sua própria vida, capaz de fazer suas próprias escolhas e assumir as responsabilidades adjacentes à liberdade, p. 107-115.
6 Michael INWOOD. Dicionário Heidegger. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002, p. 106. Heidegger distingue sete tipos de liberdade, razão pela qual os conectivos para e de aparecem em itálicos, uma vez que representam dois conceitos de liberdade mais importantes para Heidegger: (1) libertação, libertar-se de; e (2) ligar-se a, liberdade para. Ele distingue Eigenschaft (qualidade do homem) e Eigentum (possessão do homem). Assim a liberdade do homem é definida como uma propriedade, Eigentum, e não uma qualidade, Eigenschaft.
7 Alfonso GARCÍARUBIO. (ed.) O humano integrado: abordagens de antropologia teológica. Petrópolis: Vozes, 2007, p.265.
8 Werner H. SCHMIDT.IntroduccionalAntiguo Testamento. Salamanca:EdicionesSigueme, 1983, p. 105

Palavra para Reflexão. O Poder do Perdão.


PERFIL



O poder do perdão

Jovem que teve seu braço amputado em acidente disse que perdoa o atropelador
por Valmir Nascimento
Em entrevista ao SPTV, o jovem ciclista David Souza dos Santos - que foi atropelado recentemente na Avenida Paulista em São Paulo e teve o seu braço amputado - disse que quer perdoar o atropelador e deseja que outras pessoas não sofram a mesma violência. Ele declarou: “E gostaria de perdoar o cara que fez isso comigo, que gostaria que nada disso acontecesse comigo nem com outras pessoas. E um abraço bem forte pra todos”.[1]
O atropelador que David pretende perdoar é o estudante Alex Siwek que, mesmo após a colisão, fugiu do local sem prestar atendimento e com o braço direito da vítima presa ao para-brisa do carro. Depois, foi à Avenida Doutor Ricardo Jafet, de onde lançou o braço do ciclista em um córrego.
Naturalmente, a primeira reação que temos diante de uma declaração de perdão como essa é de incompreensão e de desconcerto. Como pode o ofendido perdoar o ofensor em tal situação?
Em uma sociedade de ressentimentos, mágoas e sede de vingança pessoal, o perdão do jovem David nos faz refletir sobre a importância do perdão. Quantas pessoas vivem amarguradas e trancafiadas nos grilhões do ódio e da raiva? Pessoas que não conseguem perdoar e se deixam consumir diariamente por sentimentos de raiva e ódio? Filhos que não conseguem perdoar seus pais e pais que não perdoam seus filhos? Colegas de trabalho que vivem anos e anos sem se relacionar, porque não puderam perdoar uns aos outros?
Benjamin Fraklin dizia que as três coisas mais difíceis do mundo são: guardar um segredo, perdoar uma ofensa e aproveitar o tempo. Por isso é tão difícil perdoar. É uma ação que requer coragem, graça e, sobretudo, amor. Coragem para contrariar o senso comum de “olho por olho e dente por dente”. Graça para perdoar o ofensor não porque ele merece, mas como o oferecimento de uma dádiva. E amor, pois, não há perdão verdadeiro sem amor. Seja o amor próprio, seja o amor pelo próximo. Como disse Jesus, o segundo mandamento é amar ao próximo como a si mesmo (Mc 12.31).
O estudo etimológico da palavra perdão também nos diz muita coisa. Como escreve J. B. Libâneo [2], a “partícula latina per significa, em algumas palavras, que aquela realidade é levada a seu grau maior. Vejam o próprio termo perfeição. “Feição” na sua raiz significa algo feito, vindo do verbo fazer. Se aquilo que fazemos chega a um nível muito elevado, exprimimo-lo com o afixo per e temos, portanto, a per+feição”.
Assim acontece com doar, acrescenta Libâneo. “Se nosso gesto de doação, de dom atinge o grau mais sublime, traduzimos tal realidade acrescentando o mesmo afixo per. Temos então per+doar, per+dom. Portanto, perdoar é doar-se em plenitude. Mas como? A plenitude do dom é a vida. Perdoar é restituir à vida a quem nos ofendeu. Toda ofensa, em grau menor ou maior, é um atestado e um atentado de morte contra a vida. O outro está aí vivo, feliz e, pelo ataque ou agressão, alguém lhe atenta contra a vida. Quem o faz está morto por dentro. Desejar o mal a alguém mata primeiro quem o deseja e só depois a quem o atinge”.
Perdão, portanto, é um ato sublime de doação; de entrega. Nesse sentido, o exemplo mais claro dessa entrega é o próprio Senhor Jesus (Jo 3.16, Rm 8.32). As Escrituras dizem que ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53:5). E o mais interessante é que ele está disposto a perdoar (Cl 1.14; Mt 26.28).
[1] Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/03/ciclista-que-teve-braco-amputado-diz-que-gostaria-de-perdoar-atropelador.html
[2] Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1281

quinta-feira, 21 de março de 2013

Lição 12 - 1º Trim. 2013 - Elizeu e a Escola dos Profetas.


Lição 12

ELISEU E A ESCOLA

DOS PROFETAS

24 de março de 2013 

TEXTO ÁUREO

“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Tm 2.1-2).  

VERDADE PRÁTICA

A escola de profetas objetivava a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. 

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO

                                                                                           
O contexto histórico do nosso texto áureo está na aflição de Paulo por Timóteo, exortando-o à firmeza e à constância do ministério (2 Tm 1.3 a 2.13).  
“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que á em Cristo Jesus....” – A palavra “Tu, pois, meu filho” alude a Timóteo, o supervisor geral ou presbítero responsável. É a atenção do apóstolo Paulo na exortação ao jovem obreiro Timóteo para que não viesse a falhar na execução de suas funções oficiais.

Timóteo era o obreiro ou o supervisor ideal, contrastando com Fígelo e Hermôgenes, os quais se tinham voltado contra o apóstolo Paulo “Bem sabes isto: que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Fígelo e Hermógenes” (2 Tm 1.15). Também desviaram da verdadeira fé Himeneu e Fileto, deixando o bom depósito da fé e o modelo das sãs palavras, entraram no caminho das heresias e falsos ensinos: “Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes. Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns” (2 Tm 2.14-18).
Mas Timóteo diferentemente de Fígelo, Hermógenes, Himeneu e Fileto, é chamado pelo Apóstolo Paulo de “meu filho”, ou seja, era um convertido por Paulo, e portanto, um dos seus filhos na fé, ele já declarara isso em 1 Timóteo 1.2: “a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé; graça, misericórdia e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Tal expressão nos revela o carinho e a consideração do apóstolo Paulo por seu discípulo Timóteo, como um pai orienta e cuida de seu filho, assim o apóstolo Paulo fez com o jovem obreiro Timóteo. Paulo e Timóteo compreendiam que eram parte da grande família celestial, e compartilhavam da comunhão fraternal e pessoal, certamente Timóteo compreendeu o carinho de Paulo e sabedor que Paulo era testemunha fiel do Senhor Jesus Cristo, certamente ele poderia imitar seu pai na fé. Paulo o exorta a guarda o depósito da fé: “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós” (2 Tm 1,13-14) 
“Fortifica-te na graça em Cristo Jesus...” – O apóstolo Paulo exorta a Timóteo a adquirir forças, ser forte, trata-se de fortalecimento sempre renovado, fortalecimento do homem interior. Paulo sabia que somente com a força originada na graça em Jesus Cristo é que seu filho na fé Timóteo, o jovem obreiro, resistiria a terríveis forças espirituais da maldade.
As batalhas e ataques espirituais que os obreiros cristãos, servos de Jesus Cristo, sofrem são tão grandes e contínuas que exigem o contínuo fortalecimento na graça do Senhor Jesus Cristo. De acordo com a palavra de Deus o ensino da graça-fé, o Espírito Santo é dado a fim de produzir resultados espirituais desejados, pois a graça não e alguma forma nova de lei que faça exigências as pessoas, ela emana do filho unigênito, o Messias, Jesus, o cordeiro de Deus, Paulo declara: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (2 Co 12.9).
O Espírito Santo é o nosso Consolador, ele nos confere forças através da graça do Senhor Jesus Cristo. É somente dentro e na dependência da graça é que podemos encontrar a autêntica força espiritual.
Jesus é a graça de Deus revelada, Ele é a força originária da força espiritual, através da comunhão com o Senhor Jesus recebemos o poder e forças espirituais.  A expressão “em Cristo” aparece 164 vezes nas epístolas de Paulo, isso é uma clara indicação doutrinária que a comunhão com o Senhor Jesus nos dá fortificação e nos concedeu bem estar espiritual: “Graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (Como o testemunho de Cristo foi mesmo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, O qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.3-8).  
“E o que de mim, entre muitas testemunhas ouviste, ...” – Paulo está orientando, ensinando e exortando a Timóteo ao sistema doutrinário do cristianismo, a fé ortodoxa, as sãs palavras, o bom depósito da fé.  
“...confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”  (2 Tm 2.1-2) – Ou seja, Paulo exorta o jovem obreiro Timóteo que em nada alterasse a mensagem que recebera, transmitindo a mensagem cristã conforme ouvira e aprendera.
Confia-a, ou seja, transmite-a, entregue-a, Timóteo deveria entregar a mensagem cristã pura, em todo o seu poder a homens fiéis, dignos de confiança, inspiradores de confiança. O apóstolo Paulo queria aludir a homens espiritualmente qualificados, aqueles amplamente ensinados na fé apostólica e bíblica, estão implícitos aqui os dons espirituais.
Homens idôneos, suficientemente adequados, apropriados, aptos, competentes, qualificados espiritualmente. Eles tinham uma missão ensinar a outros, veja a importância do ensino cristão, o discipulado, o ensino, preserva a igreja das falsas doutrinas dos homens e dos demônios.
O escritor Spencer declara: “As grandes verdades cristãs jamais tiveram permissão de ser manuseadas sem cuidado. Por assim dizer, havia uma escola de teológica cristã nos tempos do apóstolo Paulo. Sua ordem final orientava seu mui amado discípulo para que fizesse provisão cuidadosa para a escolha e o treinamento de mestres, nas congregações. Homens dispostos e capazes, zelosos e bem dotados, deveriam cuidar para que, antes de terminarem a sua carreira, possam entregar suas tochas, ainda queimando, a atletas que ocupem o seu lugar”.
Homens e mulheres que conheçam a pedagogia de Cristo: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.29), a pedagogia de Jesus é compartilhada na percepção de que o ensinador deve viver o que ensina. Paulo também fala dentro destes termos pedagógicos: Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei” (1 Co 11.1-2).  

RESUMO DA LIÇÃO 12  

GRUPO DE PROFESSORES NO CONGRESSO NACIONAL DA E.B.D. NO RIO CENTRO
R.J. - OUTUBRO 2012. ASS. DEUS MIN. BELÉM - CAMPINAS - SP - BRASIL.
 
ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS  
I. A INSTITUIÇÃO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. Noção de organização e forma.
2. Noção de organismo e função.  
II. OS OBJETIVOS DAS ESCOLAS DOS PROFETAS
1. Treinamento.
2. Encorajamento.  
III. O CURRÍCULO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. A escritura.
2. A experiência.  
IV. A METODOLOGIA DA ESCOLA DE PROFETAS
1. Ensino através do exemplo.
2. Ensino através da Palavra.  
INTERAÇÃO  
No Antigo Testamento podemos perceber que a educação religiosa tinha um lugar de destaque entre os israelitas. As Escolas de Profetas são uma prova desta verdade. Estas instituições não tinham como propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino, por isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar.
Todavia, um dos objetivos era passar às gerações mais novas a herança cultural e espiritual da nação. Na lição de hoje, estudaremos acerca da Escola de Profetas sob quatro perspectivas: a instituição, os objetivos, o currículo e a metodologia.   

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

COMPREENDER o real propósito das escolas de profetas.
SABER a respeito do currículo da escola de profetas.
RELACIONAR alguns dos métodos utilizados nas escolas de profetas.  

COMENTÁRIO 

INTRODUÇÃO 
As Escolas de Profetas tinham como objetivo a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. Os autênticos cristãos empenham-se no estudo e no ensino das Sagradas Escrituras, pois o crente que não recebe instrução na Palavra está sujeito a ser levado por todo vento de apostasia (Ef 4.14). 
ESCOLAS DE PROFETAS 
OBJETIVOS
A transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. 
CURRÍCULO
Em especial o livro de Deuteronômio, pois especificava que princípios e preceitos regiam a aliança de Jeová com o seu povo; aprendizado prático. 
METODOLOGIA
Ensino através do exemplo. 
                                        PALAVRA CHAVE
     ESCOLA DE PROFETAS:
Instituição de ensino do Antigo Testamento cujo objetivo era a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra.
Por diversas vezes, vemos a expressão “filhos dos profetas” aparecer nos livros de Reis. Os filhos, ou discípulos, dos profetas estavam radicados em Betel, Jericó e Gilgal (2 Rs 2.3,5,7,15; 4.38). O contexto dessas passagens não deixa dúvidas de que esta expressão pode ser entendida como sinônimo para escola de profetas.
O fato serve para mostrar que a educação religiosa, ou formal, já recebia destaque no antigo Israel. Ressalvamos que as escolas de profetas não tinham como propósito ensinar a profetizar. Isso é uma atribuição divina. Todavia, era um testemunho vivo de que o povo de Deus, em um passado tão distante, preocupava-se em passar às gerações mais novas sua herança cultural e espiritual. Por isso, vejamos nessa lição, a Escola de Profetas sob quatro perspectivas. 
I. A INSTITUIÇÃO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
“Escolas Hebraicas
Os profetas prestaram uma assistência à instrução religiosa do povo através de suas pregações públicas. As referências a um grupo de profeta em Ramá sob o comando de Samuel, e possivelmente em Gibeá, mesmo tendo sido chamadas de escolas de profetas não devem ser consideradas como as mais recentes escolas de escribas que caracterizavam o judaísmo.
Estas foram ocasionadas em sua maior parte pelo declínio do sacerdócio sob o comando de Eli e seus filhos, e novamente durante a monarquia (1 Sm 10.5,10; 19.20), e também da necessidade que o povo tinha de receber a instrução religiosa. Estas associações de profetas não devem ser consideradas como monásticas, mas, na verdade, existiram com o propósito de trazer à tona uma maior influência religiosa sobre sua época.
Presume-se que, no tempo de Esdras, as instituições religiosas tenham sido um esforço escolástico entre os judeus (Ed 7.10). ”Associadas ao crescimento das sinagogas e outras instituições pós-exílicas, a educação primária, como um padrão de ensino, viria a tornar-se compulsória, conforme revelado no Talmude” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009, p.665). 
1. Noção de organização e forma. O texto de 2 Reis 6.1 mostra que essas Escolas de Profetas possuíam uma estrutura física. Eles viviam em comunidade e, portanto, careciam de espaço físico não somente para habitar, mas também onde pudessem ser instruídos:
 “Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali”. Observa-se nesse texto que a estrutura acabou ficando inadequada e um espaço maior foi reclamado. Para que se tenha uma educação de qualidade necessita-se de uma estrutura adequada. Não podemos educar sem primeiro estruturar! 
2. Noção de organismo e função. As escolas de profetas estavam sob uma supervisão e, portanto, possuíam um líder espiritual que lhes dava orientação. Os estudiosos acreditam que as escolas de profetas surgiram com Samuel (1 Sm 10.5,10; 19,20) e, posteriormente, consolidaram-se com a monarquia nos ministérios de Elias e Eliseu.
No texto de 2 Reis 6.1, verificamos que os discípulos dos profetas estavam sob a orientação de Eliseu e era com este profeta que buscavam instrução. Eliseu não era apenas um homem com dons sobrenaturais capaz de prever o futuro ou operar grandes milagres, mas também um profeta que possuía uma missão pedagógica. 
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Eliseu não era apenas um homem com dons sobrenaturais, mas também um profeta que possuía uma missão pedagógica. 
II. OS OBJETIVOS DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. Treinamento. O texto de 2 Reis 2.15,16 mostra que fazia parte do treinamento das escolas dos profetas trabalhar sob as ordens do líder, obtendo assim permissão para a execução de cada tarefa.
 Em outras situações observamos que os filhos dos profetas, quando já treinados, podiam agir por conta própria em determinadas situações (1 Rs 20.35). Na igreja o discipulado ocorre quando aquele que foi ensinado compartilha com outro o seu aprendizado. 
2. Encorajamento. Os expositores bíblicos observam que Eliseu não limitava o seu ministério à pregação itinerante e a operação de milagres, mas agia também como um supervisor das escolas de profetas. Ele fornecia instrução e encorajamento aos jovens que ali estavam.
O contexto de 1 e 2 Reis não deixa dúvidas de que Elias e Eliseu muito se preocuparam em transmitir às gerações mais novas o que haviam aprendido do Senhor. Nessas escolas, portanto, esses alunos eram encorajados a buscar uma melhor compreensão da Palavra de Deus. Não há objetivo maior para um educador do que encorajar o educando a buscar a excelência no ensino.
3.- Eliseu e a Escola de profetas.  Os profetas não eram pessoas preguiçosas. Eles decidiram ampliar o local em que estavam vivendo, e para isso, não se puseram a orar e profetizar em nome do Senhor: eles se puseram a trabalhar.
Não é certo que uma pessoa que detenha um dom espiritual se utilize dele para não trabalhar, não ter uma vida produtiva, ou para ficar dependendo de terceiros para sua subsistência. Dons são dados para a edificação da igreja e não para estabelecer distinções entre quem tem e quem não tem.
Os profetas que cercavam Eliseu colocaram “a mão na massa” e foram trabalhar para que tivessem um espaço maior para viverem. E foi em um momento desses, em que esses homens estavam trabalhando, que Deus fez um grande milagre por intermédio de Eliseu: fez flutuar o ferro de um machado, que um dos alunos daquela escola deixou cair sem querer no rio.
Não podemos prever que tipos de adversidades podem ocorrer quando estamos trabalhando para o Senhor, mas podemos ter a certeza de que Deus estará sempre com conosco. Fazer flutuar o ferro de um machado não foi um ato de demonstração de poder com objetivos pessoais, mas uma oportunidade de mostrar o quanto Deus honra a fé de seus servos.
4.- Geazi e Eliseu. Eliseu demonstrou o poder de Deus com milagres realizados, mas também ensinou pelo seu próprio exemplo. Geazi era seu aluno, e convivia com o profeta, vendo milagres. Não é exagero dizer que Eliseu aprendeu muitas coisas com o convívio que teve com Elias, e Geazi também observou os atos de Eliseu.
Mas aqui cabe uma observação: Ao passo que Eliseu aprendeu coisas com Elias e teve um ministério frutífero, Geazi optou pelo caminho oposto. Na ocasião em que esteve com o capitão siro Naamã, Geazi demonstrou que não estava apto para o ministério profético pois foi seduzido pelos presentes que Naamã, já curado, ofereceu a Eliseu.
Nessa ocasião, vendo Geazi que Eliseu rejeitou os presentes de Naamã, cobiçou-os e foi atrás do siro, contando-lhe uma história piedosa. Porque Deus julgou Geazi de forma tão severa? Primeiro, porque ele foi um homem cobiçoso. Segundo, porque ficou indignado de ver Naamã ser curado e não pagar nada pela cura que recebeu. Terceiro, porque Geazi mentiu para obter os presentes que Naamã daria a Eliseu.
Quarto, não podemos usar os dons que Deus nos concede para lucrar de forma pessoal. Que essas observações nos sirvam de exemplo, para que não sejamos julgados por Deus por conta de tais manifestações de infidelidade. 
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
As Escolas de Profetas forneciam instrução e encorajamento aos alunos a fim de que eles buscassem uma melhor compreensão da Palavra de Deus. 
III. O CURRÍCULO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. A Escritura. Acompanhando o ministério de Elias, vemos que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas escolas de profetas. Dele, Eliseu recebeu essa herança. Quando se encontrava no monte Sinai, Elias queixou-se de que os israelitas haviam abandonado a aliança divina, destruído os locais do verdadeiro culto e matado os profetas do Senhor (1 Rs 19.10).
A Palavra de Deus, em especial o livro de Deuteronômio, especificava que princípios e preceitos regiam a aliança de Jeová com o seu povo. A Palavra de Deus era e é essa aliança! Assim como Elias, Eliseu também estava familiarizado com as implicações do concerto divino. Era a Palavra de Deus que ele ensinava aos seus discípulos. É a Palavra de Deus que nós também devemos ensinar hoje. 
2. A experiência. Elias e Eliseu eram homens experientes e partilhavam com os outros o que haviam aprendido do Senhor (2 Rs 2.15, 19-22; 4.1-7, 42-44). No entanto, no contexto bíblico, a experiência não está acima da revelação divina conforme se encontra registrada na Bíblia. A Palavra de Deus é quem julga a experiência e não o contrário.
Elias, por exemplo, afirmou que suas experiências tiveram como fundamento a Palavra de Deus (1 Rs 18.36). Os mais jovens devem ter a humildade de aprender com os mais experientes e os mais experientes não devem desprezar os saberes dos mais jovens. O aprendizado se dá através do processo de interação e a experiência faz parte desse processo. 
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
O currículo da Escola de Profetas era em especial o livro de Deuteronômio, pois especificava os princípios e preceitos que regiam a aliança de Jeová com o seu povo. 
IV. A METODOLOGIA DA ESCOLA DE PROFETAS
1. Ensino através do exemplo. As Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e aluno na comunidade onde viviam. A educação acontecia também na sua forma oral e o exemplo era um desses métodos adotados no processo educativo.
Não há como negar que Eliseu ensinava através do exemplo. Há vários relatos sobre os milagres de Eliseu, nos quais se percebe que o aprendizado acontecia através da observação das ações do profeta. Geazi, discípulo de Eliseu, sabia que seu mestre era um exemplo de honestidade. Em o Novo Testamento, Jesus Cristo colocou-se como o exemplo máximo a ser seguido e Paulo se pôs como um modelo a ser imitado (Mt 9.9; 1 Co 11.1). 
2. Ensino através da Palavra. Eliseu não deixou nada escrito. O que sabemos dele é através do cronista sagrado. Mas esse fato não significa que o profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida devocional e também como instrumento de instrução nas Escolas de Profetas.
A forma como Eliseu julgava o comportamento dos reis, aprovando-os, ou reprovando-os, não deixa dúvidas de que usava a Palavra de Deus escrita para discipular os alunos das Escolas de Profetas. Eliseu, por exemplo, mediu a iniquidade de Acabe através da piedade de Josafá. Acabe era um rei mau porque não andava conforme a Palavra de Deus, enquanto Josafá era estimado por fazer o caminho inverso. 
SINÓPSE DO TÓPICO (4)
As Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu concernente à educação. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do ministério de Eliseu, observamos que as Escolas de Profetas eram dedicadas ao ensino formal. Ali era ensinada a Palavra de Deus. Esse fato, por si só, é de grande relevância para nós, porque demonstra a preocupação do homem de Deus em passar a outros o conhecimento correto sobre o Deus único e verdadeiro.
Os tempos mudam e a cultura também. Hoje, sabemos que a educação secular possui grande importância e, infelizmente para muitos, é a única forma de educação existente. Não podemos negligenciar a educação secular, mas não podemos de forma alguma perder de vista a dimensão espiritual do conhecimento divino, que se encontra na Bíblia Sagrada. 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
LEBAR, L. E. Educação que é Cristã. 1 ed., RJ: CPAD, 2009. ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.