Lição 13
- Detalhes
- Categoria: Adultos
- Publicado: 19 Dezembro 2017
Glorificados em Cristo 4° Trimestre de 2017
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – A GLORIOSA ESPERANÇA DA RESSURREIÇÃO DOS SANTOS
II – A PLENA SALVAÇÃO NOS CÉUS
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
I – A GLORIOSA ESPERANÇA DA RESSURREIÇÃO DOS SANTOS
II – A PLENA SALVAÇÃO NOS CÉUS
CONCLUSÃO
OBJETIVO GERAL
Mostrar que a plena glorificação dos salvos se dará na segunda vinda gloriosa de Cristo.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Explicar qual é a esperança dos salvos em Cristo;
II – Compreender que a salvação plena foi garantida por Jesus e confirmada pelo Espírito Santo;
II – Compreender que a salvação plena foi garantida por Jesus e confirmada pelo Espírito Santo;
PONTO CENTRAL
O evento futuro final da obra salvadora de Cristo será a glorificação dos salvos em Jesus Cristo.
PEREGRINOS NA TERRA
Claiton Ivan Pommerening
O anseio verdadeiro de todo crente é poder chegar ao seu destino final, que é o céu. Esse anseio é totalmente possível através da plenitude da salvação que se dará nesse momento quando a essência do ser humano atingirá seu clímax de potencialidades positivas e santas e quando cessarão as coisas próprias da humanidade decaída. Todavia, enquanto espera esse dia glorioso, o crente é conduzido a peregrinar (Sl 119.19; Hb 11.13) na terra da mesma forma como tantos heróis da fé já o fizeram, como escreve o autor aos Hebreus: “Todos estes [Abraão, Sara, Isaque, Jacó, Moisés, etc.] morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que isso dizem claramente mostram que buscam uma pátria” (Hb 11.13.14).
O peregrinar é cheio de vida e alegrias no Senhor, mas também é permeado por circunstâncias difíceis, as quais nos desafiam a respostas, soluções, resignações, processos de cura, resiliência e fé. É o olhar fito no além que dá as condições necessárias para suportar as dificuldades, assim como fez Abraão, que, “pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa” (Hb 11.9). O crente Abraão é o modelo bíblico ideal dessa realidade, pois fez da peregrinação o seu estilo de vida (Hb 11.9). Da mesma forma, nós, cristãos, somos peregrinos aqui e precisamos adquirir esse estilo de vida. Por esse motivo, não podemos ficar embaraçados com as coisas do mundo, nem permitir que elas ocupem o lugar que pertence ao Senhor em nossos corações. “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21). Isso não significa relaxamento quanto ao trabalho, estudos e família, mas, sim, um direcionamento correto do coração, buscando, em primeiro lugar, as coisas que são de cima (Cl 3.1).
A Bíblia refere-se ao fato de que os crentes não são deste mundo (Jo 17.16) e anseiam por sua pátria celestial, como disse Paulo: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). Dessa forma, nossos valores não podem conformar-se com este mundo, e nosso estilo de vida deve refletir o exemplo de Jesus presente nos evangelhos, marcado pela prática da justiça, do acolhimento aos que sofrem, de libertação dos oprimidos do Diabo e, especialmente, em praticar em todos os atos o amor de Deus, que será uma das poucas coisas da terra presentes no céu (1 Co 13.13). Assim, antecipa-se o Reino de Deus na terra na tensão entre o que vivemos agora e o que há de vir (Mt 6.33), pois sabemos que tudo aqui na terra é transitório e passageiro.
O peregrino é aquele que está de passagem por uma terra que não lhe pertence. Ele caminha em direção a um país que seu coração almeja e, então, sacrifica-se para isso, não tendo lugar permanente por onde caminha, não experimentando conforto e ainda carregando o mínimo de bagagem para tornar o trajeto mais fácil. “Amados, peço-vos [exorto-vos], como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências da carne, que combatem contra a alma” (1 Pe 2.11).
Paulo exorta-nos a termos o mesmo sentimento que houve em Cristo, o de esvaziar-se (Fp 2.5) para poder cumprir o propósito de Deus, que é servir. Isso significa que devemos abandonar toda prepotência, orgulho e apego a títulos, cargos e posições para servir às pessoas necessitadas à nossa volta em obediência completa a Jesus (Jo 13.1ss; Fp 2.7-8); o que passar disso assume a prepotência de querer ser igual a Deus (Fp 2.6).
Aqui, somos constantemente levados à ganância, ao consumismo, ao poder e às riquezas, as quais estão traindo a esperança futura de muitos crentes na vinda de Cristo e também nas bem-aventuranças eternas, fazendo com que queiram desfrutar (embora seja lícito dentro de limites) inadvertida e completamente focados nas coisas da terra, esquecendo-se das celestiais, que, de fato, tem valor eterno. Jesus disse para buscarmos “primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas [nos] serão acrescentadas” (ver Mt 6.33).
Essa mudança de foco por parte daqueles que deveriam estar esperando e ansiando pelo Reino vindouro torna-se num secularismo religioso1, o qual afasta as esperanças do Reino, fazendo-os focar em ídolos criados pelos homens. Nesse sentido, os ídolos podem ser qualquer coisa que tome o lugar do Senhor como prioridade última na vida. O ídolo sempre é opaco, ou seja, ele ofusca aquilo que se quer buscar, passando a apontar para si mesmo. O ídolo serve como um substituto muito fútil para Deus. A religiosidade e as denominações religiosas podem, inclusive, tornar-se um ídolo quando passam a manipular o povo para obter vantagens próprias e adquirir poder (não do Espírito Santo, mas de forças humanas), ou, quando elas tornam-se um fim em si mesmas 2.
Algumas religiões atuais que crescem vertiginosamente — em especial as neopentecostais — secularizaram Deus a um mero atendedor de desejos humanos e instrumentalizaram-no para fins de interesses duvidosos, extirpando qualquer possibilidade de esperança futura, pois a religião nem sempre está em busca de Deus e nem sempre cumpre seu propósito de religare3 com Deus. Isso faz com que um falso reino de Deus seja implantado aqui e agora. O deus-ídolo que a religião criou para atender esses desejos humanos, alguns até legítimos, porém obtusos, não coincide com o Deus bíblico4 e escatológico.
Há, portanto, uma imensa crise de esperança futura do Reino de Deus, fazendo muitos acharem que esse Reino não é mais necessário. O neopentecostalismo já criou seus anticristos, que proclamam que o reino já chegou materialmente. Trata-se de um reino que está esplendidamente cheio de promessas de riqueza e que já está na concretude da espoliação religiosa, da exploração de mentes e corações idólatras. Houve uma aliança perfeita entre a ganância do mundo capitalista expressa nos desejos do povo e na ganância por poder de líderes religiosos inescrupulosos que constroem grandes impérios de um reino idolátrico. Trata-se de uma sutil combinação malévola entre esses líderes e o povo idólatra num imenso e falso conto de fadas religioso, praticando-se, assim, um ateísmo prático onde se fala de Deus, mas Ele é totalmente desnecessário.
É lógico que o fenômeno de buscar refúgio5 em igrejas para obter favores de Deus (sejam eles financeiros ou de sanidade física) também reflete a falta de políticas públicas que deem conta dos milhares de pobres e desamparados que não têm acesso à medicina de forma digna e têm de submeter-se às promessas de curandeirismo evangélico. É óbvio que não somos contra a cura como um milagre legítimo através dos vários dons e ministérios conferidos por Cristo à sua igreja, mas também não podemos concordar com ilusões e curas midiáticas que apenas atraem mais povo para a igreja e, assim, extorquem-no de alguma forma.
Aqueles que professam a fé cristã não escapam ao feitiço da religião do mercado. [...] O sistema religioso, [muitas vezes o mesmo] que regula e controla o mercado exerce hoje uma influência muito significativa sobre o povo de Deus das diferentes igrejas e confissões cristãs. Isso equivale a dizer que, consciente ou inconscientemente, a espiritualidade dessa parte do povo de Deus vive em aliança com os ídolos do mercado 6.
Cientes de que somos peregrinos na terra, aguardamos a pátria celestial, mantendo-nos fieis ao que a Palavra de Deus ensina para, então, ficarmos livres dessas formas de secularismo e ateísmo prático. A vida simples de Cristo, que nos serve de exemplo, tinha um único objetivo apenas: fazer a vontade do Pai (Jo 5.30). Ele fazia dessa vontade sua vida e, portanto, não tinha preocupações desnecessárias e nem as complicadas demandas que esvaziam a simplicidade cristã de desfrutar a vida de maneira despretensiosa e, ao mesmo tempo, de esperar a gloriosa morada celestial.
É preciso, entretanto, ter equilíbrio entre o que se espera no além e as demandas normais da vida. Não se pode viver apenas de forma etérea e esquecer as necessidades e obrigações que temos nesta vida — como outrora, em que até mesmo os estudos eram desmotivados —, mas também não podemos render-nos aos encantos do mundo como visto acima. Nesse sentido, Albano afirma que:
Outrora, para muitos pentecostais, a salvação era entendida como sinônimo de fuga do mundo. Assim, depreciava-se a criação e assumia-se uma postura de desconfiança frente à vida nesta terra. Essa espiritualidade podia ser resumida pela palavra não! Hoje, essa concepção vem mudando, tem havido uma espiritualidade marcada pelo sim à vida. Isso ocorre por obra do Espírito Santo, cuja atuação nas igrejas Assembleias de Deus, sobretudo, no âmbito da educação teológica tem favorecido a abertura à estética, artes e às questões públicas e políticas. Portanto, vivencia-se a salvação que conduz ao encontro do mundo, em liberdade, santidade e responsabilidade (cf. Jo 17.15-18; Rm 8) 7.
A postura de esperança faz-nos buscar uma vida simples como Jesus ensinou e viveu (Mt 6.19-21), confiando nos cuidados que Deus tem para com seus filhos. Somos também livres das fúteis tentações da Teologia da Prosperidade, que inverte (1 Co 15.19) a ordem certa de prioridades do Reino de Deus e faz-nos querer buscar as coisas que perecem (Mt 6.21), esquecendo-nos das que hão de vir (Ap 22.6).
Texto extraído do livro “A Obra de Salvação”, Editora CPAD, 2017.
Marcelo Oliveira de OliveiraRedator do Setor de Educação Cristão (CPAD)
1 Filosoficamente, o secularismo é a separação entre igreja e estado, mas também um sistema em que a fé e os sistemas religiosos tornam-se desprezíveis, aceitando-se apenas fatos e experiências que dizem respeito à vida presente, menosprezando a espiritualidade e a transcendentalidade.
2 POMMERENING, 2016, p. 37.
3 Do latim religar, reatar.
4 BREKEMEIER, 2002, p. 202.
5 D’EPINAY, Christian Lalive. El refugio de las masas: estudio sociológico del protestantismo chileno. Concepción (Chile): USACH/IDEA/CEEP, 2010.
6 ULLOA, Amílcar. Gratuidade e Mercado: graça e idolatria no povo de Deus. In.: BATISTA, 2005, p. 111.
7 FACULDADE REFIDIM. Soteriologia. Joinville: Refidim, 2015. Material de ensino à distância.
2 POMMERENING, 2016, p. 37.
3 Do latim religar, reatar.
4 BREKEMEIER, 2002, p. 202.
5 D’EPINAY, Christian Lalive. El refugio de las masas: estudio sociológico del protestantismo chileno. Concepción (Chile): USACH/IDEA/CEEP, 2010.
6 ULLOA, Amílcar. Gratuidade e Mercado: graça e idolatria no povo de Deus. In.: BATISTA, 2005, p. 111.
7 FACULDADE REFIDIM. Soteriologia. Joinville: Refidim, 2015. Material de ensino à distância.
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