1º Trimestre de 2021
JESUS E A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO
Pr. Marcos Tedesco
INTRODUÇÃO
O Mestre amado, ao longo do seu ministério na face da Terra, deixou grandes exemplos para que nos servissem de direcionamento nos mais diversos momentos e desafios do nosso dia a dia. Entre os seus ensinamentos, há um que nos orienta acerca de como devem ser as nossas orações, tanto na forma quanto no conteúdo. Na oração do Pai-Nosso, encontramos um perfeito exemplo da simplicidade e da sinceridade com que devemos nos dirigir ao nosso Deus. O diálogo é direto, pessoal, amplo e acessível. Sua mensagem abraça plenamente todas as áreas que devem envolver a relação entre o crente e o seu Senhor. Nessa oração, o Mestre nos mostra o quão importante é separarmos “tempo de qualidade” para estarmos diante do Pai abrindo nossa alma e declarando, com integridade e sinceridade, as nossas mais íntimas impressões, súplicas e manifestações de adoração. A oração do Pai-Nosso nos mostra o valor do altruísmo e a relevância do princípio da reciprocidade, bem como a necessidade magna de glorificarmos a Deus com toda a nossa vida. Essa oração é um convite a vivermos com intensidade o verdadeiro cristianismo, seguindo a Jesus de forma integral e convicta.
I – JESUS ENSINA A RESPEITO DA ORAÇÃO
Frequentemente, encontramos relatos sobre a disciplina de oração na vida de Jesus. Os evangelistas nos descrevem Cristo como alguém que fazia da oração uma prática constante em sua vida, desde os momentos mais simples até os episódios mais desafiadores. Diante dessa maravilhosa verdade, temos no Mestre amado o referencial por excelência para uma vida de oração e dependência da voz de Deus. Em certo momento, Jesus chamou a todos e começou a explicar como deveria ser a postura do crente ao fazer suas orações e, na sequência, ensinou a oração mais conhecida de todos os tempos: a oração do Pai-Nosso. Se atentarmos para a oração do Pai-Nosso, podemos aprender muito em relação ao cristão e a sua espiritualidade. Jesus nos ensina a respeito da forma como devemos nos portar ao fazer uma oração, bem como sobre o próprio conteúdo da prece. Em resumo, na oração que agrada a Deus, o ser humano se permite celebrar uma forma de viver que encontra nas palavras pronunciadas uma harmonia preciosa.
Uma verdade maravilhosa na vida do cristão é o fato de poder ter em Cristo o seu referencial por excelência. Se somos seguidores do Mestre, devemos sempre fazer todas as coisas do mesmo jeito que Jesus faria em nosso lugar. Veja bem: os Evangelhos são repletos de histórias vividas pelo Mestre que nos dão parâmetros exatos relacionados a seus procedimentos, de
suas orientações e de como Ele agia em cada momento de sua trajetória. Assim também é para com a vida de oração de Jesus: em cada história, uma valorosa lição para a nossa alma. Quando o assunto é oração, Jesus torna-se o referencial por excelência. Antes mesmo de iniciar a oração do Pai-Nosso, o Mestre, com uma preocupação didática e instrutiva, dá uma ordem, destacando o exemplo que se seguiria.
No modelo deixado pelo Mestre, todas as coisas tinham o seu devido lugar, bastava ao crente seguir o precioso modelo, buscando adaptar as palavras aprendidas ao estilo próprio de cada pessoa e, nesse sentido, permitir-se conversar com o Pai celeste, entregando-se totalmente em um maravilhoso diálogo. Um curioso exemplo em relação às marcantes orações do Mestre amado pode ser encontrado em uma das histórias narrada por Lucas: o encontro de Jesus com dois discípulos que iam pelo caminho de Emaús (Lc 24.13-35). A identidade do Mestre passou despercebida pelos dois homens ao longo de todo o caminho até o momento da ceia. Eles somente perceberam quem era o forasteiro no exato momento em que Jesus orou dando graças pelo pão. Cristo era referência em tudo, inclusive no orar.
Jesus nos ensinou uma oração acompanhada de uma série de importantes orientações acerca de como devemos proceder nos mais diversos momentos, ensinando-nos a viver em conformidade com a vontade divina. No entanto, são palavras que vão além de uma simples pronúncia, pois são carregadas de um sentido riquíssimo, expressando como devemos perceber a própria santidade de Deus, o seu Reino, a sua misericórdia e o cuidado para conosco. É uma oração formada por conjuntos de palavras a nos revelarem verdades bíblicas maravilhosas e que nos orientam quanto a como devemos proceder no dia a dia, e também, como deve ser o nosso relacionamento com Deus. Nos seis pedidos constituintes da oração, três são direcionados à santidade e à vontade de Deus, e três são referentes às necessidades pessoais nossas. Primeiro: santificado seja o “teu” nome; venha o “teu” Reino; seja feita a “tua” vontade. Segundo: o pão “nosso”; as “nossas” dívidas; “livra-nos” do mal. Seis pedidos, seis expressões que muito têm a nos ensinar. O Mestre inicia sua fala com observações precisas quanto aos procedimentos envolvidos na oração: primeiro, devemos orar evitando a publicidade do ato; segundo, não fazer o uso de repetições vãs apenas para “esticar” as orações. Tanto a oração em oculto quanto a oração sem repetições vãs são conselhos que evidenciam o zelo de Deus para com o exercício da “oração verdadeira”, sendo a busca da alma do homem pela plena comunhão com o Deus que tudo criou. É na oração que o homem, por iniciativa própria, abre seu coração se expõe completamente ao olhar divino, o qual se inclina e ouve. É a intencionalidade do ato de orar, algo precioso! A oração feita com fidelidade consiste na busca do ser humano em comunicar-se com Deus e receber, em seu coração, o toque da graça divina. A prática da oração cumpre importantes papéis e permite que o homem, de forma direta, possa dirigir-se a Deus e ser alvo de uma série de bênçãos especiais: na oração, percebemos, com maior clareza, as nossas necessidades espirituais; na oração, aprendemos a depender de Deus; na oração, o espírito é desenvolvido ao buscar insistentemente pelo Senhor; na oração, a nossa fé é acrescentada na medida em que sentimos o mover do Espírito em nossa vida; na oração, tornamo-nos mais sensíveis à voz de Deus e aprendemos sobre a importância de obedecer à vontade divina em todos os momentos da vida.
Talvez você esteja se perguntando: como assim “oração secreta”? Não estamos nos referindo a uma oração que deve ser feita às escondidas para que seu conteúdo não seja ouvido por ninguém e nem invalide seus efeitos. A oração não é secreta por seus argumentos, muito menos por ser algo que cause constrangimento ou nos coloque em risco de vida (embora, em outros tempos, muitos foram perseguidos e jogados aos leões por, simplesmente, orarem). A oração é secreta por se tratar de algo muito íntimo e pessoal, uma necessidade nossa de termos um tempo exclusivo para o nosso relacionamento com Deus. Essa oração secreta é aquela que desenvolvemos com o nosso Deus, movida pelo desejo ardente de termos uma maior intimidade espiritual. Jesus, ao longo de seus dias na terra, viveu muitas vezes a experiência dessa forma de orar: no monte durante a tarde (Mt 14.23; Lc 6.12), em lugares desertos (Mc 1.35; Lc 4.42), em um jardim (Mt 26.36) e em tantos outros espaços, na busca por uma total imersão na prática da oração. Há momentos em que oramos em lugares com muitas pessoas, como em nossas igrejas e também em reuniões, aniversários e tantos outros. Mas também precisamos separar os momentos da oração solitária e secreta, aquela em que há apenas espaço para o cristão e o Deus que nos ama e nos ouve: de manhã cedinho, a fim de dedicarmos o nosso dia a Deus; ao final do dia, em ação de graças; e sempre que nosso coração for impulsionado a orar, atendendo ao chamado do Espírito Santo de Deus.
Outra questão ainda merece ser destacada ao falarmos a respeito do caráter secreto da oração: a necessidade que alguns tinham de manifestar publicamente a sua religiosidade. Já nos tempos antigos, era comum algumas pessoas buscarem a manifestação pública de sua religiosidade com a finalidade de serem admiradas e exaltadas. Deixemos claro que a oração em público tem o seu devido espaço e é também necessária, todavia não da forma como alguns viam antigamente, como os fariseus, por exemplo. A prática da oração visando à admiração das pessoas é uma evidência de que a real intenção não é agradar ao Senhor, e sim à opinião pública. Tal prática, infelizmente, pode ser encontrada com frequência em nossos dias. Impulsionadas pelas redes sociais, há uma grande geração que se levanta, aparentemente, com a finalidade de orar, adorar e buscar a Deus, anunciar as boas novas, no entanto, verdadeiramente desejam as visualizações, os likes, os lucros e a fama. São os fariseus do século XIX.
II – OS PRINCIPAIS ENSINOS DA ORAÇÃO DO PAI-NOSSO
Na oração do Pai-Nosso, encontramos preciosos ensinamentos. Entre eles, podemos destacar alguns relacionados à vida cotidiana dos crentes: ênfase em uma vida altruísta, a compreensão da relevância da reciprocidade e a confiança no cuidado de Deus para a nossa vida. Nessa oração, somos levados a uma visão altruística da vida, buscando sempre o bem do nosso próximo, manifestando na prática o amor de Deus. Norteados por essa visão, somos levados a uma postura de comprometimento com as demais pessoas, focando sempre em uma coletividade. Já o princípio da reciprocidade nos permite tratar as demais pessoas do mesmo modo que desejamos ser tratados. Como almejar o perdão de Deus se não temos compaixão pelas pessoas que nos cercam? Se dispensarmos ao próximo aquilo que temos de melhor, demonstraremos, na prática, um sentimento de compaixão inspirados no amor divino. Finalmente, aprendemos que servimos a um Deus cuidador de cada um de nós e que nos permite o livramento das mais diversas investidas do Inimigo de nossa alma. Basta nEle confiarmos e descansarmos sob sua bênção.
A palavra “altruísmo” não é tão usada em nosso vocabulário, porém tem um significado muito interessante, veja: bondade, abnegação, beneficência, desapego, desprendimento, caridade, desinteresse, entrega, generosidade, humanitarismo, longanimidade, renúncia, entre outros sinônimos. Esses sentidos são necessários ao caráter do cristão comprometido com o Reino de Deus. Na oração do Pai-Nosso, Jesus nos ensina a orar de um modo a evidenciar o coletivo, o humanitário e o desprendimento do benefício próprio. Os pronomes utilizados indicam sempre o foco no coletivo, e não no individual: Pai “nosso”, venha a “nós”; o pão “nosso”; “nos” dá; perdoa “nossas”; não “nos” deixe cair
Em uma rápida leitura, essa sequência de pronomes poderia passar despercebida, no entanto, revela muito sobre quem os pronuncia. Uma pessoa que usa com muita frequência as palavras “meu”, “minha” e “mim” facilmente passa a ideia de ser muito possessiva. São em palavras e gestos simples que a personalidade dos sujeitos envolvidos vem à tona.
Quais são as expressões mais usadas por cada um de nós? Gostamos de falar “meu”, ou temos prazer em compartilhar e falar “nosso”? Uma boa questão para refletirmos. Jesus, por intermédio de sua caminhada diária, mostrava, no ministério terreno, o valor do altruísmo. Falar em amar é fácil, amar na prática já é outra história. Motivado pelo amor, em uma prática altruísta, vemos Jesus diversas vezes abençoando vidas que ninguém queria ajudar, entre elas, a mulher do fluxo de sangue (Mc 5.24-34), o paralítico do tanque de Betesda (Jo 5.1-15) e o cego Bartimeu (Mc 10.46-52). Vamos seguir o exemplo de Jesus e viver o altruísmo em nossas vidas, promovendo o bem-estar do nosso próximo (Mt 22.37-39).
A aplicação do princípio da reciprocidade é um elemento da oração do Pai-Nosso que representa um grande desafio para o ser humano imperfeito e tentado a pensar sempre em si mesmo. A nossa natureza humana é propensa a não perdoar, a não ceder e a não compartilhar. Mas Jesus incisivamente nos ensinou a perdoar, a ceder e a compartilhar o que possuímos com o nosso próximo. Na oração, encontramos as seguintes palavras: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12). Na sequência, o Mestre explica que, se perdoarmos as ofensas dos homens, o Pai celestial nos perdoará também. Todavia, se não perdoarmos aos que nos ofendem, também não seremos perdoados por Deus. Precisamos colocar em prática esse ensinamento todos os dias da nossa vida; o perdão é uma importante chave para que o Pai celeste nos abençoe com a sua ação curadora e nos perdoe pelas faltas (Mt 18.21-22; Ef 4.32; Cl 3.13). Aquilo que desejamos para a nossa vida antes precisamos buscar levar à vida dos nossos próximos, sempre (Lc 6.37; Mt 7.12). Se buscamos a presença de Deus em nossa vida, precisamos exercer um constante arrependimento de nossas faltas. Enquanto estivermos vivendo neste mundo, estaremos sempre sujeitos à nossa natureza pecaminosa. Só em Cristo encontramos forças para vencer o pecado. Como crentes, temos em Deus alguém que pode nos perdoar e livrar do jugo do pecado. Por isso, devemos constantemente confessar nossas faltas ao Senhor e pedir o seu perdão. É importante frisar que, ao perdoarmos as faltas de alguém para conosco, exercemos uma espécie de gratidão pela graciosa misericórdia de Deus em nossa vida. Por outro lado, se não perdoarmos o nosso próximo em suas faltas, estamos sendo incoerentes, pois somos
agraciados pelo perdão divino. A oração do Pai-Nosso apresenta-nos um grande desafio: perdoar os nossos devedores com um coração sincero e sem esperar nada em troca para, por coerência (e jamais por merecimento). O perdão que liberamos ao próximo deve ser um reflexo intencional do crente acerca da própria ação do Espírito Santo em nossa vida. Perdoamos porque vivemos direcionados pelo Espírito e amamos os nossos próximos. Quem perdoa com desprendimento e sem esperar algo em troca manifesta ter entendido o quão precioso é ser abençoado com o perdão libertador. Por outro lado, o perdão de Deus é envolto em graça e não pode ser alvo de merecimento. Não há nada que possamos fazer com a finalidade de merecermos o perdão ou ainda a salvação, porém tanto o perdão quanto a maravilhosa salvação são acessíveis através da obra de Cristo na cruz do calvário ao dar a sua vida por cada um de nós, pagando o alto preço.
Deus permite que passemos pelas provas e adversidades, entretanto não nos tenta; pelo contrário, fortalece-nos a fim de vencermos as tentações (Tg 1.2; 1 Co 10.13). Jesus, no aramaico, buscou enfatizar o sentido permissivo do verbo, e não o ativo. Ele permite que passemos pelo vale, mas jamais nos deixa só, e sempre estará conosco se o buscarmos em sincera oração. Quando somos guiados pelo Espírito Santo, as tentações se transformam em experiências que nos fortalecem (Lc 22.32) e nos permitem caminhar com mais convicção em relação à ação divina em nossa vida (Cl 1.11). No entanto, se permitirmos que o nosso inimigo encontre brechas em nossa vida, as tentações são prenúncios de derrotas avassaladoras (Jz 16). Muitas vezes passamos por lutas e provações necessárias para o amadurecimento e o fortalecimento do crente. Nossa natureza humana facilmente nos chama para a acomodação, para o benefício próprio e para a falta de coragem durante nossa trajetória. Diante de tal quadro, as adversidades se fazem presentes; em contrapartida, quando somos conduzidos pelo Senhor, caminhamos confiantes de que Ele nos sustenta e nos guia até o nosso alvo. Um excelente exemplo sobre essa questão pode ser encontrado na vida dos apóstolos de Jesus Cristo, os quais, durante os anos em que seguiram o Mestre, passaram por muitas dificuldades, restrições e perseguições. Notemos bem que essas condições adversas contribuíram para que eles fossem preparados para o período que viria após a ascensão de Jesus aos céus. A trajetória daqueles homens foi vitoriosa e eles conseguiram, fortalecidos pelo Espírito Santo, levar o evangelho aos mais distantes lugares do mundo conhecidos de então. Nas mais diversas oportunidades, foram guiados pelo Senhor e assim foram livres do mal. O fruto do trabalho daqueles homens pode ser visto em cada um de nós que confessa a Cristo como o seu Senhor e Salvador. Lembremos: o nosso Mestre amado nos revela que a vitória sobre as dificuldades só é possível orando e vigiando (Mt 26.41). Logo, façamos dessas práticas uma rotina diária de devoção e permitamo-nos ser conduzidos pelo Santo Espírito.
III – A GLÓRIA E O PODER PERTENCEM A DEUS
A oração do Pai-Nosso aponta para uma verdade maravilhosa: Deus é o Soberano e a Ele pertence toda honra e glória. Quando meditamos nas palavras que compõem essa oração, deparamo-nos com a soberania divina derramando a sua bênção sobre toda a criação e levando vida plena aos que aceitam a mensagem de salvação. Uma nova vida é ofertada a todos os que reconhecem, no sacrifício de Cristo, a soberania de um Deus que ama e se deixa
envolver por esse amor. Deus é santo e, ao reconhecermos esse fato, nossa vida é impulsionada a adorá-lo, buscando um modo de vida santificado, não por nossas forças, mas pelo Espírito de Deus que em nós opera. Quando buscamos esse modo de vida que reflete Deus, todas as pessoas que encontramos e com as quais nos relacionamos são envolvidas por uma preciosa bênção e sentem-se impelidas a também buscarem a presença do Senhor. Nesse movimento abençoador, podemos perceber claramente o Reino de Deus já presente entre nós. Ao anunciarmos que Deus ama e quer derramar sobre todos o seu amor e a sua salvação, o Reino se faz conhecido por todos. Que possamos, diante de tais verdades, anunciar a todos a soberania de Deus e o seu maravilhoso amor.
Deus Como já vimos, a oração modelo apresentada por Jesus traz seis pedidos: três contemplando a Deus e três relacionados às nossas necessidades pessoais. Porém todos os seis são pedidos feitos ao Pai soberano e revelam uma importante questão: em primeiro lugar, sempre, Deus. Os primeiros três tópicos da oração contemplam a santidade e a vontade de Deus: santificado seja o “teu” nome; venha o “teu” Reino; seja feita a “tua” vontade. Esta deve ser sempre a nossa maior preocupação: buscar a Deus e glorificá-lo em todos os momentos da nossa vida cumprindo os seus propósitos e servindo-o (Ef 1.11; Rm 11.36). Devemos ter vidas santificadas, permitindo-nos ser usados pelo Espírito para promovermos o Reino deixando que a vontade dEle se cumpra plenamente em nossa existência (Sl 143.10). Devemos sempre reconhecer a primazia de Deus, o nosso Pai celeste. Quando o colocamos em primeiro lugar, todas as outras coisas são uma consequência natural da ordem previamente estabelecidançados pela graça), sermos alvos do perdão divino para com as nossas próprias faltas.
Também os pedidos relacionados às nossas necessidades pessoais colocam Deus como quem age e provê o milagre diário da vida (Mt 6.25-34): o pão “nosso”; as “nossas” dívidas; “livra-nos” do mal. São petições dirigidas ao Pai e que são expressões de dependência satisfeita pela presença divina em nossas vida. Permitamos sempre que Deus ocupe o lugar de primazia em nossa vida e, consequentemente, as demais coisas nos serão acrescentadas, no tempo certo, segundo a vontade divina (Mt 6.33).
Quando Jesus iniciou a oração, as seguintes palavras foram proferidas: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6.9). Essa expressão revela uma impressionante profundidade, já que na língua hebraica, o nome revela muito acerca do seu possuidor. Quando falamos “santificado seja o teu nome”, estamos nos comprometendo com a ação de santificação do nome precioso do Pai-Nosso. Há apenas uma forma coerente e respeitosa de proferirmos essas palavras: vivendo-as em nossas próprias histórias de vida (Jo 17.18-19; Ef 1.4). Quando falamos com integridade “santificado seja o teu nome”, estamos assumindo um compromisso vivo com o nosso Deus (Hb 12.14): nossas palavras, nossas atitudes, nossas decisões, nossos pensamentos, nossas amizades e tudo o mais com que podemos nos relacionar precisam viver um processo de santificação: “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 20.7). Quando vivemos uma vida santificada, muitas vidas são também abençoadas. Como Corpo de Cristo, nós (que somos Igreja) precisamos impactar o mundo mediante a mensagem das boas novas. Todavia, para anunciarmos a todos as boas novas de salvação, devemos buscar uma vida de santificação para que o nome do Senhor seja, através de nossa existência, glorificado (1 Co 10.31).
O Reino de Deus é a demonstração do poder divino em ação. Aqui, os dois aspectos do Reino podem ser observados: a dimensão presente e a futura. Quando refletimos acerca do aspecto presente, vemos que o Reino se manifesta onde quer que Deus seja adorado e seguido. Já no aspecto futuro, o Reino será completo quando Cristo voltar (2 Ts 2.8; 1 Co 15.23-28). É importante destacarmos que somente Deus pode estabelecer o seu Reino, e a nós cabe a tarefa de nos colocarmos sob a direção divina para anunciá-lo ao mundo.
Diante dessa verdade, devemos orar para que o Reino de Deus venha a se manifestar diante de todos os homens. À medida que a igreja avança em sua missão, o Reino de Deus se faz presente promovendo a justiça e a ação do Espírito Santo sobre o seu povo a fim de destruir as obras do Inimigo, curar os doentes e anunciar a salvação dos perdidos. Também é nosso dever orar constantemente para que Cristo volte e, em uma total manifestação da glória de Deus e do seu poder, estabeleça, no tempo certo, o Reino de Deus por toda a eternidade.