terça-feira, 23 de agosto de 2016

Lição 09 - 3º Trimestre 2016 - O Sinal do Emanuel - Jovens.

Lição 09

O SINAL DO EMANUEL (7.1-25)
3° Trimestre de 2016
1-CAPA-JOVENS-PROFESSOR-3TRIINTRODUÇÃOI - O CONTEXTO IMEDIATO DA PROFECIA MESSIÂNICA
II - O SINAL DO “EMANUEL”
III - O DEUS ETERNAMENTE CONOSCO
CONCLUSÃO
A importância de Isaías para a compreensão a respeito do Messias é inquestionável, prova disso são as frequentes citações de seus oráculos no Novo Testamento. Os seus textos messiânicos foram tomados teologicamente como um dos principais fundamentos para a compreensão da natureza e atuação de Jesus de Nazaré na condição de Messias prometido, particularmente em comunidades do primeiro século, formada em sua maioria por judaico-cristãos.
Entre os títulos messiânicos da tradição veterotestamentária, e interpretados como sendo de Jesus de Nazaré, um em particular recebeu destaque: “Emanuel”, que no hebraico é a junção de dois termos immánu, que significa “conosco” e El, que significa “Deus” ou “Senhor”, literalmente “conosco [está] Deus”. O título foi uma apropriação teológica do livro atribuído ao profeta Isaías, já que a expressão aparece em dois versículos e indiretamente em um versículo. Seguem os versículos: (1º) “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14). (2º) “[...] e passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele, e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel (Is 8.8)”. (3º) “Tomai juntamente conselho, e ele será dissipado; dizei a palavra, e ela não subsistirá, porque Deus é conosco” (Is 8.10).
I - O CONTEXTO IMEDIATO DA PROFECIA MESSIÂNICA
O capítulo que versa sobre o Emanuel, está inserido numa intensa relação diplomática envolvendo Acaz (735 – 716 a. C), rei de Judá, Resim, rei da Síria, e Peca (739 -732 a.C), rei de Israel. Estes dois últimos pressionavam Acaz para participar de uma coligação contra Tiglate-Pileser III (745 – 727 a.C), rei da Assíria. A recusa de Acaz em formar um bloco contrário à política de expansão da Assíria, fez com que Damasco e Israel se articulassem para derrubá-lo, pois o objetivo seria criar um cisma em Judá e inserir um governante vassalo fiel à coligação sírio-israelita, conforme informa o texto de Isaías.
Ainda que a coligação sírio-israelita não tenha logrado êxito em relação à tomada de Jerusalém, a anexação de Elate certamente impôs temor entre as autoridades e à população em geral. Acaz buscou apoio da Assíria contra a Síria. A ajuda da Assíria não saiu barato para Acaz, pois certamente se livrou da opressão sírio-israelita, porém não conseguiu se livrar dos tentáculos da dominação política de seu aliado, já que Judá passou a condição de vassalo da Assíria.  Na concepção teológica do profeta Isaías, a falta de confiança em Deus era o principal entrave para a superação daquela situação, pois o mesmo Deus que agiu na travessia do deserto em direção à Canaã traria salvação para a nação de Judá. Diante da situação política que se desenhava, tendo, por um lado, a coligação sírio-israelita, e por outro, os assírios, era necessário entregar a situação ao conselho de Deus, pois Ele é o fiel cuidador do seu povo!
II - O SINAL DO “EMANUEL”
Em hebraico Almâ significa virgem, moça, jovem, mulher recém-casada, certamente refere-se à juventude de uma mulher que Isaías tem em foco. Mas a condição da mãe e a identidade da criança não são claras. Como o povo saberia que a criança nasceu e quem era essa criança? Seria Ezequias filho de Acaz? A essa época já havia nascido. Ou seria um outro filho de Acaz? Ou um filho de Isaías? Portanto, num contexto imediato seria um filho de Acaz ou Isaías e num contexto remoto trata-se do Messias, o Cristo. A resposta de Acaz deixava claro que o rei não queria andar pelo caminho da fé, pois o seu plano de buscar simpatia aos assírios lhe parecia bastante confortável, se comparado ao fato de ter que viver sob a promessa de salvação dada por Deus. Certamente se cumpriu a promessa que Deus fizera a Isaías (6.9-10) acerca do povo, que ouviria a palavra, mas não a queria obedecer e consequentemente endureceria o coração.
Ainda que o Evangelho de Mateus seja o único a apresentar uma relação histórica e teológica entre o sinal do Emanuel de Isaías e a presença de Deus por intermédio do nascimento de Jesus de Nazaré, o conceito teológico da presencialidade de Deus em Cristo perpassa os escritos do Novo Testamento. Um dos textos mais antigos sobre a habitação de Deus entre os homens é o hino cristológico que aparece na carta escrita aos Filipenses por Paulo, provavelmente na segunda metade da década de 50 d. C. Segue o texto Fp 2.5-11.

III - O DEUS ETERNAMENTE CONOSCO
Embora se esteja trabalhando a ideia de “Deus conosco” (Emanuel) a partir da situação histórica de Judá, é preciso levar em conta que as sagradas escrituras apresentam a presença de Deus em toda a história humana. Por exemplo, a narrativa do Jardim do Éden descreve a presença de Deus entre a criação, particularmente em sua relação harmoniosa com o homem e a mulher. Deus passeava pelo Jardim (Gn 3.8), o que sugere assiduidade na tratativa com o homem e a mulher, indicando também uma relação de confiança e amizade. Mesmo com a relação abalada por causa do pecado, Deus jamais deixou de desejar ardentemente estar conosco, é o que mostra o relacionamento de Deus com os grandes personagens da Bíblia Sagrada.
A partir de Abrão e de sua descendência, Isaque e Jacó, surgiria a nação de Israel que desfrutaria da presença de Deus. Deus faz uma aliança com o povo de Israel, porém, a garantia da presença do Senhor estava condicionada à fé, ou seja, na entrega irrestrita do povo aos Seus desígnios. O Novo Testamento reconhece o valor da fé de homens e mulheres que, apesar de suas dificuldades, peregrinaram fundamentados na fé em Deus (Hb 11.1-40). Homens e mulheres que experimentaram o “Deus conosco”.
Apesar de todos os problemas que o povo de Deus teve para permanecer fiel à aliança, com tantas oportunidades que tiveram de experimentar sempre de novo a misericórdia e bondade de Deus e reiteradamente optaram pela desobediência, Ele permaneceu fiel à aliança com Israel, mesmo quando estavam no cativeiro. O povo quase foi dizimado, mas ele prometeu que um resto (Is 10.19), um remanescente (Is 1.9; Sf 3.13) e finalmente que “brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará” (Is 11.1), simbolizando o Messias, o Emanuel, que sobreviveriam a todas as destruições e catástrofes, portanto, apesar de não merecerem, ele cuidou e esteve com seu povo por amor a toda humanidade (Jo 3.16).
A presença de Deus ocorre em dimensões trinitárias, tendo em vista que o Pai, o Filho e o Espírito Santo atuam harmoniosamente entre nós, dando-nos sentido e direção existencial. Imbuídos da presença trinitária de Deus, homens e mulheres ousaram romper barreiras étnico-culturais para levar o evangelho para todas as nações, cumprindo assim a expansão do evangelho determinada por Jesus. A presença do Emanuel transcende a existência e a história. Ele apenas não esteve com Israel, mas também com toda humanidade. Ele sempre esteve, está e estará conosco provendo salvação, cura e cuidado de tudo e de todos. Convém estarmos atentos à presença do Emanuel em nossas vidas, manifestando-a a outros que também precisam dela para sobreviver aos conflitos, injustiças e percalços da vida. O “Deus conosco” nos convida a participar em seu Reino de justiça e paz, tendo em vista que a presença do Reino de Deus implica em destronar o império do mal.
O Emanuel faria parte então da esperança cristã da presença de Cristo na comunidade, motivo de grande celebração, pois ressoa a promessa: “Eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt 28.20). Esta promessa não pode ser motivo para uma fé paralisada, ao contrario disso, o derramamento do Espírito Santo tinha como propósito capacitar homens e mulheres para serem “testemunhas” (At 1.8). Do mesmo modo hoje, celebremos a presença do Senhor em todas as dimensões da vida, testemunhando ao mundo os valores inefáveis do Reino de Deus, aguardando ativamente o desfecho final de Deus (Ap 21: 3).
Subsídio escrito pelo próprio comentarista da Revista, Pastor Claiton Ivan Pommerening.

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