Lição 6 - Eu Sou Jesus
1º Trimestre de 2020
Introdução
I-Eu Sou a Luz do Mundo
II-O Bom Pastor
III-Eu Sou a Porta
Conclusão
I-Eu Sou a Luz do Mundo
II-O Bom Pastor
III-Eu Sou a Porta
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Relacionar a afirmação de Jesus, “Eu sou a Luz do Mundo”, com a celebração da Festa dos Tabernáculos;
Apresentar a superioridade da liderança de Jesus como “Bom Pastor”;
Refletir sobre a responsabilidade de servir ao único Salvador do mundo.
Relacionar a afirmação de Jesus, “Eu sou a Luz do Mundo”, com a celebração da Festa dos Tabernáculos;
Apresentar a superioridade da liderança de Jesus como “Bom Pastor”;
Refletir sobre a responsabilidade de servir ao único Salvador do mundo.
Palavras-chave: Jesus Cristo.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria de Thiago Santos:
INTRODUÇÃO
Há nos Evangelhos, expressões que anunciam aspectos interessantes da pessoa de Jesus Cristo. Em alguns momentos dos Evangelhos é possível encontrar o Senhor utilizando a expressão “Eu Sou” ao se reportar às multidões ou mesmo a seus discípulos. Esta declaração revela uma forte identificação de nosso Senhor com o próprio Deus Yaweh, o Deus que se manifestou aos seus servos no Antigo Testamento.
Nos Evangelhos, Jesus Cristo se revela como “Eu Sou a Luz”. A Luz que ilumina as nações, que salva o pecador das trevas, transportando-o para o Reino da Luz. Ele prometeu que quem segui-lo, jamais andará em trevas (Jo 8.12).
Da mesma maneira, o Senhor se revela como o “Bom Pastor”, aquEle que faz as ovelhas deitarem em pastos verdejantes e as guia por águas tranquilas; uma declaração que revela o caráter sacrifical de nosso Senhor pelas suas ovelhas (Sl 23; Jo 10.11).
E, semelhantemente, Jesus declara-se como a “Porta”, e quem entrar por Ele, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagem (Jo 10.9). Jesus é o único meio pelo qual a humanidade pode ser salva. Seu cuidado pelas ovelhas contrasta o mau caráter dos ladrões e salteadores que não se importam com as ovelhas. Tais declarações causaram polêmica entre os religiosos da época, porém, para os discípulos de nosso Senhor, trouxeram lições significativas.
I - EU SOU A LUZ DO MUNDO
No Antigo Testamento é comum encontrarmos um expressivo número de referências que associam o SENHOR com a Luz. Desde Gênesis, quando todas as coisas eram criadas, o SENHOR disse: “Haja Luz”, e assim aconteceu (cf. Gn 1.3). Mas note que, em muitas ocasiões, a luz aparece na história bíblica em contraste com as trevas, uma espécie de metáfora em relação à oposição entre o bem e o mal. De um lado, as trevas do pecado tentam arrastar a humanidade para o inferno e distanciá-la de Deus. Do outro, Jesus Cristo, a Luz que veio ao mundo para iluminar os pecadores e mostra-lhes o caminho que leva à salvação.
Outro aspecto importante na declaração de Cristo como a Luz do mundo está associado à Festa dos Tabernáculos, uma importante festa judaica. Note que nesta festa, os grandes candelabros do Templo eram acesos como forma de lembrar ao povo acerca da coluna de fogo que guiou os filhos de Israel durante a peregrinação no deserto (cf. Êx 13.21). Da mesma maneira que o Senhor Jeová era o seu Guia Iluminador naquela ocasião, assim também, Jesus é o Eu Sou, sempre presente, sempre iluminando, dispersando a escuridão (BEACON, 2006).
Semelhantemente, a Bíblia nos mostra o quanto precisamos da Luz. O Novo Testamento é rico na exortação de que devemos andar na luz (cf. 1 Jo 1.7). “Andar na luz” significa afastar-se das trevas, isto é, de todas as obras infrutuosas de pecado que não coadunam com as obras do Reino Celestial. O apóstolo João afirma, em sua primeira Carta, que se dissermos que temos comunhão com Ele e andamos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade (cf. 1 Jo 1.6). Aqueles que têm comunhão com Deus compartilham da sua santidade e presença.
Portanto, é impossível que um servo de Deus, que anda na luz e prova, verdadeiramente, do amor divino, viva na prática do pecado e compartilhe dos prazeres mundanos.
O SENHOR é a luz das nações
Em vários registros sobre a manifestação do Senhor no Antigo Testamento, luz, brilho, fulgor, sempre estão presentes. Na maioria dos casos, a luz está associada a relatos sobre a Salvação. Em Salmos 27.1, por exemplo, a bênção da Salvação está associada à luz como sendo a orientação divina para uma vida boa. O salmista confia em Deus e mal nenhum o fará temer, pois o Senhor é a sua força.
De acordo com o Comentário Bíblico do Novo Testamento (2003, p. 542):
O tema da luz está relacionado com o dia da salvação de Deus, e particularmente em João, está vinculado com a sabedoria e revelação. Ambas, por sua vez emanam e são parte do que acontece quando o Espírito, que é de cima, dá luz ao cegos pecadores que agora creem em Jesus. Assim, entendemos a relação entre a cerimônia do derramamento de água e os candelabros acesos nestas seções da Festa dos Tabernáculos. A luz também está relacionada com a verdade, como em: “Ali estava a luz verdadeira que alumia a todo homem que vem ao mundo” (Jo 1.9). “Verdadeira” quer dizer o certo e único de Deus, que dá salvação singular em oposição aos outros que a muitas tradições esperavam. “Luz” também está relacionada com o pão da vida (Jo 6.48), outra declaração “Eu Sou”. O pão destaca o meio e fonte de vida, considerando que a luz ressalta o resultado (a capacidade de conhecer Deus e relacionar-se com Ele, o que Jesus e o Espírito realizam na salvação).
Em outros registros das Escrituras, a luz está contrastada com as trevas, a extensão do pecado que subjuga a humanidade e a afasta da presença gloriosa de Deus. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). O pecado, representado pela ausência da luz, domina a humanidade e somente a luz do evangelho pode trazer libertação das trevas da ignorância e conduzi-la para o caminho do Bom Pastor que deseja salvá-la.
A afirmação de Jesus e sua relação com a Festa dos Tabernáculos
A declaração de Jesus a respeito de ser Ele próprio a Luz que veio a este mundo foi declarada em uma festa muito especial para o povo judeu, a Festa dos Tabernáculos. Jesus vai fazer a mesma declaração em outros momentos registrados nos Evangelhos. Entretanto, há um significado especial nesta ocasião.
Segundo o Dicionário Bíblico Wicliffe (2003, p. 792):
Esta era a terceira das festas de peregrinação, celebrada durante sete dias, seguida por um oitavo dia de santa convocação com os sacrifícios apropriados (Lv 23.33; Nm 29.12-38; Dt 16.13-15). Era a notável festa de regozijo no ano, na qual os israelitas, durante o período de sete dias, viviam em tendas ou cabanas feitas de ramos em comemoração às suas peregrinações no deserto, quando seus pais habitavam em abrigos temporários. De acordo com Neemias 8.14-18, as tendas eram feitas de oliveira, murta, palmeira e outros ramos, e eram construídas sobre os telhados das casas, em pátios, no pátio do Templo e nos lugares amplos das ruas da cidade. [...] à noite, as ruas e o pátio do Templo eram iluminados por inúmeras tochas carregadas pelos peregrinos, cantando e dançando. As tendas eram desmanchadas no último dia, e o oitavo dia que se seguia era observado como um sábado de santa convocação.
Nesta festa, comemorava-se a liberdade de um povo que havia sido submetido à escravidão pelas mãos dos egípcios, mas agora estava livre para adorar ao SENHOR Deus Todo-Poderoso. Há, no entanto, um aspecto desta celebração que está diretamente associado à declaração de Jesus sobre ser a Luz: o texto sagrado lido nesta cerimônia era Zacarias 14. Ora, para além da relação com a questão da “água viva” (14.8), da qual Jesus faz referência em João 7.38, Zacarias também menciona profeticamente a respeito de uma alegre celebração que ocorrerá durante o milênio. Esta celebração terá como curador o próprio Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. A alegria que Jerusalém esperou por séculos era chegada, personificada em um homem simples, mas poderoso em obras e palavras (Lc 24.19).
Precisamos da Luz!
Andar na luz, mais do que um dever de todo servo de Deus, é uma questão de sobrevivência. Viver distante da luz é estar vulnerável às armadilhas projetadas por Satanás. Em contrapartida, a Bíblia ensina que é preciso rejeitar às obras das trevas e revestir-se com as armas da luz (Rm 13.12). Estar revestido significa estar espiritualmente pronto para lidar com o pecado e com as adversidades.
Andar na luz, mais do que um dever de todo servo de Deus, é uma questão de sobrevivência. Viver distante da luz é estar vulnerável às armadilhas projetadas por Satanás. Em contrapartida, a Bíblia ensina que é preciso rejeitar às obras das trevas e revestir-se com as armas da luz (Rm 13.12). Estar revestido significa estar espiritualmente pronto para lidar com o pecado e com as adversidades.
Muitas pessoas têm sido enganadas pelo Inimigo que lhes rouba a luz do entendimento, tornando-as ignorantes e incapazes de compreender as verdades do evangelho. Essas investidas faz com que essas pessoas permaneçam presas debaixo do jugo do pecado e afastadas de Deus.
As Escrituras afirmam que em Deus não há trevas e, portanto, todo aquele que O segue não deve permanecer nas trevas. Quem anda nas trevas não está em Deus, pois deseja esconder os erros que não são compatíveis com a luz. A vergonha do pecado impede que as pessoas se aproximem de Deus. Mas, aqueles que desejam abandonar as obras infrutuosas das trevas, arrependem-se de seus pecados, e voltam-se para a luz a fim de serem salvos.
O apóstolo João ressalta em sua primeira epístola que se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado (1 Jo 1.7). O nosso dever, como filhos de Deus, é não se associar com as trevas, e sim denunciá-las.
II. O BOM PASTOR
Após libertar o seu povo do cativeiro egípcio, o SENHOR o conduziu pelo deserto assim como um pastor guia as suas ovelhas. O Salmo 23 ilustra também essa situação ao relatar o compromisso do Bom Pastor com as suas ovelhas. À medida que o salmista relata o cuidado do pastor, é possível notar certa semelhança com o zelo que o Senhor Jesus tem com as suas ovelhas na Nova Aliança.
O Evangelho de João narra o episódio em que Jesus Cristo se declara como o Bom Pastor, que dá a sua vida pelas ovelhas (Jo 10.11), em contraste com os mercenários que, em vez de se dedicarem às ovelhas, preocupam-se apenas com as futilidades da própria vida (cf. Ez 34.2-10). Tal postura revela a reprovação de Deus em relação ao perfil de liderança demonstrado pelos líderes religiosos de Israel nos tempos de Jesus.
Assim como no Antigo Testamento, quando a falta de amor perdurava entre os reis e sacerdotes, os quais sofreram duras críticas por conta da perversidade que demonstraram com as ovelhas da Casa de Israel (cf. Ez 34.1-10), assim também, agora, Cristo denuncia a negligência dos líderes judeus que tinham a incumbência de levar o povo a obedecer à Lei (Mt 23).
Em contrapartida, Jesus aparece neste cenário como o “Bom Pastor” disposto a entregar a própria vida em favor das suas ovelhas, revelando um caráter sacrificial de liderança completamente diferente daquele experimentado até então pelo povo israelita. Jesus não é apenas um teórico da fé e nem alguém que cobra das pessoas o que nunca foi capaz de fazer. Antes, seu compromisso é real e prático. Ele não apenas afirma, mas também demonstra, com a própria vida, que está disposto a fazer as pessoas felizes.
Além da doação integral aos seus liderados, a liderança instaurada por Jesus tem como característica fundamental o cuidado com o próximo. A relação de Jesus com seus discípulos não obedece a um estilo hierarquizado na tentativa de demonstrar superioridade em relação aos outros, e sim pelo princípio do acolhimento e cuidado para com as pessoas (Jo 10.16).
A expressão “Bom Pastor” como uma rememoração de uma imagem do Antigo Testamento
A expressão “Bom Pastor” rememora a imagem de Deus no Antigo Testamento, quando o SENHOR se revelou como o Deus que libertaria o seu povo da escravidão e o guiaria pelo deserto, rumo à posse da Terra Prometida (cf. Êx 3.6-10). De modo semelhante, Cristo é apresentado como o Bom Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas e está disposto conduzi-las para o céu (Jo 10.11).
Não podemos perder de vista o fato de Jesus ter vivido em um contexto da cultura e da religião judaica. Isso explica o fato de nosso Senhor fazer referência, por várias vezes, ao Antigo Testamento. Nesta passagem, a figura do Bom Pastor não está ligada a Jesus unicamente pelo cuidado que Ele demonstra com as suas ovelhas, mas também pela necessidade de se estabelecer um perfil de liderança, tendo como base as críticas de profetas como Jeremias (Jr 23.1-4) e Ezequiel (Ez 34.1-16).
Dentre as denúncias proféticas, está aquela contra o egoísmo de alguns pastores que, em vez de se dedicarem às ovelhas, preocupavam-se apenas com as futilidades da própria vida (Ez 34.2-10). Ali, os governantes são condenados como negligentes, tirânicos, não se importando com as suas responsabilidades. Eles abusam da sua função e se alimentam, em vez de alimentar o rebanho. Como resultado, as ovelhas se espalham e tornam-se presas fáceis para todas as feras do campo. Consequentemente, Deus irá julgar os pastores indignos e Ele mesmo irá reunir o rebanho desgarrado, alimentá-lo e dar-lhe abrigo (BEACON, 2006).
Assim como na Antiga Aliança esse tipo de comportamento dos líderes de Israel recebeu a devida reprimenda, os líderes da época de Jesus haveriam de receber a mesma reprovação, haja vista o desprezo e perversidade que demonstravam pelos mais necessitados do povo.
Na imagem de Ezequiel, assim como na descrição de João, Deus levantaria um pastor para cuidar e buscar todas as ovelhas de Israel que estavam em sofrimento (Ez 34.11-16). A profecia se cumpriu, Jesus é o Bom Pastor que cuida das suas ovelhas. Diferente daqueles que se comportaram mercenariamente, cuidando das ovelhas apenas por interesse, o Senhor é amoroso, compassivo e trabalha para que nenhuma delas se perca. Se alguma delas se extravia, Ele vai ao seu encontro, põe-na em seus ombros e a traz de volta ao redil.
O caráter sacrificial do Bom Pastor
Um dos aspectos mais marcantes da liderança de Jesus está na sua capacidade de se sacrificar pelos seus amigos (vv. 17,18). Esta atitude do Mestre inverte completamente a lógica de manipulação e exploração de pessoas que, desde a Queda adâmica, instaurou-se na humanidade.
É importante destacar que o amor sacrificial do Bom Pastor é um ato voluntário cuja motivação única é o amor incondicional que Ele tem por suas ovelhas. Note que esse amor está intimamente ligado ao amor do Pai: “Por isso o Pai me ama porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la (Jo 10.17,18). Sua obediência incondicional à vontade do Pai não se trata de uma responsabilidade apenas que Lhe fora conferida, e sim de uma autodoação do Mestre em favor dos seus discípulos.
Neste contexto, destacamos algumas declarações de ordem teológica significativas: a) Jesus dá a vida por sua própria conta. Ninguém a tira dEle. Deus está no absoluto controle deste caso pelo qual Ele expia os pecados do mundo. O Diabo não tem parte. A provisão da salvação de Deus sempre foi uma conclusão passada em sua mente; b) Pertinente à ressurreição, o Novo Testamento afirma que Deus Pai, ou o Espírito, ressuscitou Jesus. Mas aqui Jesus diz que Ele se ressuscitará, porque tem autoridade tanto para dar a vida como para tomá-la de novo (ARRINGTON, 2003).
Ainda sobre o amor sacrificial do Bom Pastor, não poderíamos deixar de destacar o empenho pessoal de Jesus em favor do bem-estar das pessoas. Jesus não limitava o seu amor apenas a discursos vazios, antes o seu compromisso era real e prático. Ele não apenas afirma, mas também demonstra com a própria vida que está disposto a fazer as pessoas felizes (Jo 10.18,28). É comum encontrarmos nos Evangelhos várias ocasiões em que o Mestre se importa com os pobres e mais frágeis dentre o povo (Mt 11.5; Lc 6.20). Esse fato corrobora que a intenção do Reino de Deus é fazer com que os preteridos dentre o povo sejam reconhecidos como os mais importantes (Lc 22.22-26).
O relacionamento dedicado do Bom Pastor
Outra característica observada no perfil de liderança demonstrado pelo Mestre é a sua postura acolhedora. Na maior parte do seu ministério terreno, Jesus dedicou tempo a se importar com as pessoas. É possível notar este aspecto quando Jesus multiplica os pães e os peixes para alimentar quase cinco mil pessoas (Mc 6.30-44). Também quando curou várias pessoas dotadas de enfermidades e aprisionadas por espíritos malignos (Lc 4.40,41). As multidões andavam desgarradas e errantes como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36; Mc 9.34). Mas o Bom Pastor veio para resgatá-las, guiá-las e acolhê-las em seu redil.
Se há um sentimento que o Senhor Jesus não apenas sentiu, mas demonstrou pelas pessoas é o sentimento de compaixão. O termo original é splagchnizomai, o qual descreve uma emoção que comove as pessoas até o íntimo do ser. Fala da tristeza que alguém sente pelo sofrimento e infortúnio do próximo, juntamente com o desejo de ajudá-lo (STAMPS, 1995). Note que o Mestre não expressava pena da triste condição em que as pessoas de seu tempo se encontravam, mas o mesmo sentimento de compaixão O levou a agir em favor dessas pessoas.
Semelhantemente, Jesus deixou explícito que, como o Bom Pastor, jamais agiria de forma covarde e traiçoeira com as suas ovelhas (Jo 10.12,28). A relação de Jesus com seus discípulos não obedece a um estilo hierarquizado na tentativa de demonstrar superioridade em relação aos outros. É possível perceber este cuidado quando Jesus trata de lavar os pés dos seus discípulos como exemplo de amor e cuidado para com o próximo (Jo 13.1-13). Jesus, sendo Senhor e Mestre, deu o exemplo aos seus discípulos, mostrando que a sua liderança não era movida pelo princípio da exclusão/eliminação do outro, e sim, pelo acolhimento e cuidado (Jo 10.16).
III. EU SOU A PORTA
Além de ser o Bom Pastor que cuida das ovelhas, Jesus também é a Porta pela qual as ovelhas entram e encontram pastagem. Esta narrativa diz respeito a mais um aspecto do cuidado do pastor com o seu rebanho e, de forma metafórica, ilustra a identidade do ministério de Jesus.
Ao descrever a porta das ovelhas, o Senhor Jesus revela, utilizando-se da imagem rural, sua singularidade como Salvador e único acesso a Deus. Não existe outra porta pela qual as ovelhas possam entrar e encontrar alimento. Esta verdade consolida que a pregação do evangelho deve ser estendida a todas as pessoas para que cheguem ao conhecimento da verdade, pois “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12).
Jesus corrobora sua singularidade e soberania ao comparar o comportamento daqueles que vieram antes dEle como ladrões e salteadores. Estes são caracterizados como líderes religiosos, espirituais, ungidos e escolhidos para mostrar o caminho que aponta para justiça. Entretanto, não passam de pessoas interessadas em receber algum privilégio ou riqueza material em troca dos seus serviços. Mas quando o mal vem assolar as ovelhas, não sabem o que fazer a não ser abandonar o rebanho e fugir. Fica evidente que a marca do mercenário é a falta de amor pelas ovelhas.
Igualmente, ao declarar-se a porta, Jesus revela-se como aquEle que tem o poder de quebrar as maldições e fazer em nós novas todas as coisas. Somente o evangelho tem o poder de transformar o homem em nova criatura, de remover as amarras do pecado e conduzi-lo a uma nova experiência com Deus. Jesus é esta porta, quem entrar por ela, salvar-se-á.
A singularidade de Jesus
A representação do curral de ovelhas é bem peculiar dos tempos de Jesus. Ao contrário do que muitos pensam, a afirmação de Jesus sobre ser a porta é a citação de mais uma cena do que acontecia naquele espaço reservado para as ovelhas. Uma representação singular do Salvador que veio apresentar o único meio pelo qual o pecador tem acesso a Deus (cf. Jo 14.6).
Diferente dos dias atuais, o curral de que Jesus falou era uma caverna ou um curral com paredes de pedra, coberto com urzes (arbustos), que apresentava uma única entrada, na qual o pastor dormia para proteger o rebanho que estava dentro. Ao dizer “Eu sou a porta” (Jo 10.7,9), Jesus faz uma afirmação enfática de ser a única entrada para a salvação (10.9) (RICHARDS, 2007).
Observe que ao entrar por esta porta, as ovelhas podem desfrutar de alguns benefícios: salvação, segurança e sustento. Em outras palavras, significa dizer que os crentes em Jesus Cristo podem descansar na certeza da salvação eterna e desfrutarem de paz e conforto na presença de Deus. Em contrapartida, os que seguem por caminhos tortuosos encontrar-se-ão com o ladrão, que veio senão para roubar, matar e destruir. Todavia, não é da vontade de Deus que nenhuma de suas ovelhas se perca (Jo 6.39), mas que persista em seguir pelo caminho da vida, e continue a entrar pela porta.
Não existe outra porta pela qual as ovelhas possam entrar e encontrar alimento. A declaração de Cristo ao afirmar ser a porta revela outra verdade que diz respeito à natureza do evangelho: a salvação está aberta para todos os que creem. Sendo assim, foge de cogitação imaginar que a Igreja tenha a necessidade de impor a sua verdade sobre as crenças alheias.
A verdade do evangelho, por si só, já é a manifestação do poder de Deus para salvação do homem. O fato de a salvação ser exclusiva da fé em Jesus cristo não impede que a Igreja ame e respeite aqueles que não acreditam nas Escrituras Sagradas.
A superioridade de Jesus
A superioridade de Jesus fica evidente quando colocada em contraste com o comportamento de pseudolíderes de sua época. Não é a primeira vez que o Mestre confronta as autoridades religiosas daquele período, tendo em vista que há muito tempo eles já haviam deixado de observar as leis de Deus para satisfazer a suas próprias ambições e necessidades.
Ao chamá-los de ladrões e salteadores, Jesus não estava cometendo nenhum equívoco, porquanto era justamente isso que eles estavam fazendo com o povo que frequentava o Templo. As referências de Jesus aos mercenários (Jo 10.12,13) que não cuidavam das ovelhas, eram um ataque inconfundível aos escribas ou doutores da lei que afirmavam ter autoridade espiritual sobre o povo de Deus (RICHARDS, 2007).
O que mais preocupa no comportamento desses falsos líderes não é apenas a sua ganância e ambição por poder e riquezas, mas, principalmente, a negligência em cuidar das ovelhas feridas e abandonar as que estavam perdidas. O profeta Ezequiel protestou contra o comportamento dos lideres religiosos de seus dias:
“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque (Ez 34.1-6).
O cenário não era diferente nos dias de Jesus e, por esse motivo, o Senhor aproveita-se da ocasião para fazer duras críticas à postura dos lideres religiosos de Israel. Muitos negligenciavam o ensino da Lei em função dos privilégios concedidos pelas autoridades romanas que governavam naqueles dias (Jo 11.46-48).
Vale ressaltar que não somente naqueles dias, mas qualquer tipo de liderança religiosa nos dias atuais que não aponta para a cruz e não considera o sacrifício vicário de Cristo é inútil e falsa. Qualquer espiritualidade que aponte apenas para o lucro, poder e glória humana e não considere as pessoas como principal alvo da sua ação, não pode ser considerada verdadeira.
A superioridade do ministério pastoral de Jesus Cristo se mostra autêntico não apenas porque Ele é o Filho de Deus, mas por conta do seu compromisso de cuidar das pessoas que precisam de uma real transformação espiritual.
O poder de Jesus
O evangelho tem o poder de transformar o homem pecador em nova criatura, de remover as amarras do pecado e fazê-lo andar em santidade na presença de Deus. Somente os que passam pela porta podem experimentar da transformação divina. Jesus disse: quem entrar por ela [a porta], salvar-se-á, entrará, e sairá, e achará pastagens (Jo 10.9).
Todo o propósito da missão de Jesus é dar vida (20.31), e que esta vida seja de qualidade suprema (eterna), assim como infinita em quantidade (cf. 1.16; 2.6ss.; 4.14; 6.13; 7.38). O propósito e o plano de Deus não são apenas salvar o homem da morte, da destruição, da culpa, mas também torná-lo santo, “conforme a imagem do seu Filho” (Rm 8.29). Tal propósito só pode ser atingido de uma maneira; por meio da morte voluntária de Jesus (BEACON, 2006). E, assim, mediante a fé no Filho de Deus os homens podem experimentar do perdão divino. Como afirma o profeta, nossas culpas foram todas levadas por Ele (cf. Is 53.5).
CONCLUSÃO
Finalmente, o que se pode afirmar com base nas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo é que somente conheceremos o bondoso Deus se o nosso relacionamento com seu Filho estiver preservado. Há muitos que buscam aproximar-se de Deus por meios completamente contrários aquele determinado na Santa Palavra.
Somente em Jesus Cristo é possível encontrar a luz, pois Ele é a própria Luz que ilumina o pecador e o resgata da sua triste condição de pecado para um lugar de paz e liberdade (Jo 8.12). Ele é também o Bom Pastor, que apascenta as suas ovelhas e jamais as abandona como fazem os mercenários que pensam apenas no que podem obter de retorno por seu trabalho. Ao contrário disso, o Bom Pastor cuida de suas ovelhas tão somente porque tem amor por elas.
E, por fim, Ele é a porta pela qual o pecador pode entrar e encontrar vida eterna, segurança e paz. Jesus é o único meio pelo qual a humanidade pode ser salva (cf. At 4.12). Por isso, a Igreja precisa compreender que existem muitas ovelhas que ainda estão desgarradas e o Salvador Jesus deseja resgatá-las. Ir ao encontro dessas ovelhas é a nobre missão da Igreja (cf. Mt 28.19-20).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 4ª ed. v.1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
EARLE, Ralph; MAYFIEL, Joseph. Comentário Bíblico Beacon. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
PFEIFFER, Charles F., et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
*Adquira o livro do trimestre. Jesus Cristo: Filho do Homem: Filho de Deus. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.
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