sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Perfil

É pastor, pedagogo, chefe do Setor de Educação Cristã da CPAD e professor universitário. É autor de "Marketing para Escola Dominical", que ganhou o Prêmio Areté da Associação de Editores Cristãs (Asec) de Melhor Obra de Educação Cristã no Brasil em 2006, e do romance juvenil "O mundo de Rebeca"; e co-autor de "Davi: As vitórias e derrotas de um homem de Deus", todos títulos da CPAD.

  • Repensando a Escola Bíblica Dominical e seus métodos de crescimento
    (2ª parte)

    Como alavancar o programa mais popular de Educação Cristã da Igreja?
  • Pr. César Moisés

    PASSO 1
    Capacitar Docentes
    Uma leitura desarticulada de textos como 1 Coríntios 12.28; Efésios 4.11; 1 João 2.20,27 etc. comumente nos fazem acreditar que aqueles que possuem o dom de ensinar ou o ministério de ensino ― os mestres ou doutores ― prescindem de alguma formação ou preparação técnica e/ou acadêmica, podendo apoiar-se no Espírito Santo e confiar unicamente na capacitação divina. Pois, afinal, “a letra mata” (2Co 3.6). Evidentemente que esta é uma visão equivocada de passagens bíblicas que são lidas e interpretadas isoladamente sem levar em consideração o contexto ou analogia geral da Bíblia Sagrada sobre determinado assunto.

    Um simples exemplo, como o texto de Romanos 12.7b, que diz: “se é ensinar, haja dedicação ao ensino”, mostra a impossibilidade em harmonizar esse pensamento com o ensino bíblico sobre o tema. Outra versão substitui a palavra “dedicação” por “esmero”. O que é esmero? Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico, esmero é “Cuidado excepcional em qualquer serviço ou atividade”.

    Outro exemplo, que, independentemente do ministério de ensino, é princípio geral para a atual eclesiástica, é o texto de 2 Timóteo 2.15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Segundo Deborah Menken Gill, comentarista das epístolas pastorais do colossal Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD), esse texto de segunda Timóteo 2. 15, assim como aparece na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) ou como apresenta-se na

    tradução da KJV [King James Version], “que compartilha corretamente” ― “a palavra da verdade” ― são expressões que ocorrem somente no Novo Testamento. Este verbo significa literalmente “ser objetivo, compartilhar a palavra da verdade diretamente, sem distrações” (Zerwizk e Grosvenor, 1979, p.641). Tem múltiplas analogias: “um arado preparando um sulco em linha reta” (Crisóstomo), “uma máquina abrindo uma estrada em linha reta”, “um sacerdote preparando corretamente um sacrifício”, e “um pedreiro medindo e cortando uma pedra para ajustá-la em seu devido lugar” (uma definição baseada em Pv 3.6; 11.5). A palavra era frequentemente usada nas liturgias para descrever os deveres do bispo e para denotar a ortodoxia (“que é o ensino direto ou correto”) (Lock, 1973, 98-99; Rienecker, 1980, 642).[i][i]
    A respeito de ambos os textos paulinos (Rm 12.7b; 2Tm 2.15), também comenta Hurst, em sua obra E Ele concedeu uns para mestres (Vida):
    Paulo ao escrever aos Romanos, parece estar exortando cada um dos seus leitores a concentrar seus esforços na procura da perfeição no dom que recebeu individualmente, para o bem do “corpo” como um todo (Romanos 12.6-8). Inclui nisto o mestre, e insiste em que o mestre desenvolva o seu ministério de ensino. Escrevendo a Timóteo, Paulo o admoesta a “procurar apresentar-se aprovado”, a ser “obreiro que não tem de que se envergonhar”, e que “maneja bem a Palavra da Verdade” (II Timóteo 2.15). Paulo apela à diligência no estudo, e apela a Timóteo no sentido de ele pensar na aprovação de Deus, e na possibilidade de passar vergonha se não se dedicar à tarefa de todo o seu coração, bem como da necessidade de exatidão, sem erros, na exposição da Palavra. Tal lembrança, e tal apelo, deve se repetir no caso de todo professor cristão. A tarefa exige da parte do mestre o melhor que ele possa vir a ser![ii][ii]
    Concordamos com Roy B. Zuck que, ao dissertar sobre O Papel do Espírito Santo no Ensino Cristão na excelente obra Manual de Ensino para o Educador Cristão (CPAD), afirma o seguinte:
    [Alguns] pedagogos realçam a obra do Espírito Santo em favor da negligência de professores humanos. Eles sugerem que a educação é inimiga da espiritualidade; a educação é obra da carne e entra em conflito e opõe-se à obra do Espírito. Este ponto deixa passar o fato de que nos primórdios do Cristianismo Deus usava professores humanos (Mt 28.19; At 5.42; 15.35; 18.11,25; 28.31; 2Tm 2.2), e o Senhor concedeu o dom de ensinar paras alguns crentes (Rm 12.6,7; 1Co 12.28; Ef 4.11). Professores humanos, como instrumentos do Espírito Santo, podem estimular e desafiar os alunos, guiando-os em uma adequada compreensão e aplicação da Palavra de Deus.
    Ressaltar o papel do Espírito Santo no processo pedagógico não sugere que os professores não precisem estudar e preparar-se. Longe disso! “Só o professor que está bem preparado pode cumprir a tarefa com mais eficiência, enquanto que, ao mesmo tempo, confia no Espírito Santo para agir por meio dele e de seus alunos”.[iii][iii] Visto que ensinar na Igreja é um processo divino-humano, um ministério que conjuntamente envolve o Espírito Santo e os professores, o preparo torna o professor um instrumento melhor, uma ferramenta mais afiada nas mãos de Deus. Depender do Espírito Santo no ensino que o crente transmite não significa estar despreparado e “deixar que o Espírito Santo fale por mim”, como se a preparação competisse com a espiritualidade. Justamente o oposto é verdade. O despreparo não é sinal de ser “mais espiritual”. Às vezes, porém, o Espírito Santo pareceu usar esforços pedagógicos parcamente preparados e manifestamente realizou muito. Como explicar este fato? Porquanto seja verdade que o Espírito Santo anule e realmente reduza a nada o serviço malfeito de um professor, a falta de preparação não é encorajada em nenhuma parte da Bíblia.
    As palavras de Paulo em 1 Coríntios 3.6: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”, deixam claro que o esforço humano é acompanhado, não substituído, pela obra divina do próprio Deus. Em vez de ser desculpa para a preguiça ou ignorância, o papel do Espírito no processo educacional proporciona um desafio para a excelência.[iv][iv]
    No Mensageiro da Paz, edição de março deste ano, nosso maior expoente da Escola Dominical nas Assembléias de Deus, pastor Antonio Gilberto, falando sobre esse assunto, afirmou que é “fundamental a dependência do Espírito Santo”, e acrescentou que o “ensinador eficiente não é simplesmente aquele que sabe lançar mão de fontes de consulta”, mas que este “deve depender do Espírito Santo para o guiar na escolha, iluminar sua mente e também conduzir o trabalho”.[v][v] Alguém pode então pensar que tudo o que foi dito até aqui não tem importância. Espere! Quando perguntaram ao pastor Antonio Gilberto “o que é mais importante para o ministério de ensino”, sua resposta foi enfática: “O mais importante é a pessoa dedicar-se mais, ou seja, não julgar que aquilo que já sabe é tudo que existe. Ao contrário, o universo de Deus nessa parte é infinito, de modo que quem ensina precisa estar aberto para aprender mais”.[vi][vi]
    Insistimos neste ponto sobre capacitação docente, por saber que “o principal responsável pelo atendimento de necessidades discentes é o professor da ED, pois as aulas podem ser elementos satisfatórios na busca de respostas espirituais”.[vii][vii] E, como dissemos em nosso mais recente artigo ― Educar adolescentes cristãos na pós-modernidade: desafio e necessidade ― publicado na Revista Ensinador Cristão (CPAD), “ser atualmente um educador cristão é algo que demanda muito mais que conhecimento e boa didática, é uma posição que reclama equilíbrio emocional e um bom relacionamento intra e interpessoal. Isso exige docentes que sejam éticos, instigadores, criativos, dedicados e profundamente interessados com as demandas educacionais do Reino”.[viii][viii]
    Nada menos que isso é suficiente para este tempo, pois é preciso que os educadores sejam como o sacerdote Esdras, do qual a Bíblia afirma que “era escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel” (Ed 7.6b). Bem, podemos até pensar que não temos nenhuma novidade na informação de que Esdras “era escriba hábil na Lei de Moisés”, pois, sabemos que o “cargo de escriba, de acordo com o que se lê no Antigo e no Novo Testamento, era ocupado somente por homens hábeis e capazes, competentes e instruídos, homens que soubessem descrever todos os acontecimentos históricos de sua época”.[ix][ix] Portanto, a “habilidade” de Esdras tinha uma origem: sua dedicação.
    Mas, o que levou Esdras a fazer a diferença? Ele não se limitou a ser apenas mais um sacerdote nem mais um escriba, pois já havia muitos em Israel. O que o destaca dos demais está registrado em três momentos do mesmo capítulo 7: a “mão do Senhor estava sobre ele” (vv. 6,9,28). Por ter um compromisso sério com Deus e com a Palavra, Esdras percebeu que se quisesse fazer alguma coisa para mudar a situação e buscar uma renovação espiritual, não poderia limitar-se a fazer apenas o que era sua obrigação.
    Qual era a função de um escriba? Responde-nos com propriedade John D. Davis em seu clássico Dicionário da Bíblia (Juerp):
    1. Notário público, Ez 9.2, empregado como amanuense para escrever o que lhe ditavam, Jr 36.4, 18, 32, e lavrar documentos públicos, 32.12.
    2. Secretário do governo para correspondência oficial e registro dos dinheiros públicos, 2 Rs 12.10; Ed 4.8. Os levitas serviam de escribas para tomar conta dos negócios com a reparação do templo, 2 Cr 34.13.
    3. Homem encarregado de fazer cópias do livro da lei e de outras partes das Escrituras, Jr 8.8. O mais notável dos escribas foi o sacerdote Esdras, doutor muito hábil na lei de Moisés e que tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para cumprir e ensinar em Israel os seus preceitos e as suas ordenanças, Ed 7.6, 10. Neste respeito é ele o protótipo dos escribas dos últimos tempos, e que era ao mesmo tempo intérprete oficial da lei. Em o Novo Testamento tem ele o nome de grammateis, ou mais exatamente, nomikoi, doutores da lei, e nomodidaskaloi, que ensinam leis. Empregam-se: (a) No estudo e interpretação da lei, tanto civil como religiosa, e nos pormenores de sua aplicação na vida prática. As decisões dos grandes escribas constituíam a lei oral, ou tradição. (b) Dedicavam-se ao estudo das Escrituras em geral, sobre assuntos históricos e doutrinais. (c) Ocupavam as cadeiras de ensino que ministravam a um grupo de discípulos [...]. A profissão de escriba recebeu grande impulso, depois que os judeus voltaram do cativeiro, quando havia cessado a profecia, restando apenas o estudo das Escrituras para servir de alicerce à vida nacional.[x][x]penas o estudo sado a profecia, restando iro, a um grupo de discipulos omo o professor das coisas de Deus.
    O diferencial é exatamente o fato de que “Esdras tinha decidido dedicar-se e estudar a Lei do SENHOR, e a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos aos israelitas” (Ed 7.10 – Nova Versão Internacional). A esse respeito nos fala o saudoso “apóstolo da imprensa evangélica pentecostal no Brasil”, Emílio Conde, em seu Tesouro de Conhecimentos Bíblicos (CPAD):
    Desde a Babilônia, os judeus se apegaram à religião para defender sua integridade nacional. Quando retornaram, o ressurgimento religioso baseou-se na Lei, a cujo estudo se dedicaram de todo o coração. Esdras foi o iniciador do movimento, porque instituiu a leitura da Torá (“Tõrãh”) aos sábados, nas festas e em todas as ocasiões públicas. A leitura era uma exposição e uma interpretação da Lei.
    Foram os escribas que, sem dúvida, fixaram o cânon do Antigo Testamento hebraico, tanto que nos séculos seguintes foram denominados de homens de Grande Assembléia. Seu trabalho principal era o de mestre e comentarista da Torá e dos demais escritos bíblicos do cânon hebraico. Assim, surgiu o “Halãkãh”, a tradição oral e o “Aggãdãh”, fruto de exegese edificante das Escrituras. Dos dois, surgiu o Talmude.
    O método que os escribas usavam para a interpretação das Escrituras era analítico, levando em conta que cada palavra ou frase da “Tõrãh” tinha um significado especial. Assim, davam uma interpretação plena e pormenorizada. Os escribas incutiram a idéia de que as formas práticas de solução estavam implícitas no Pentateuco. Essas atividades interpretativas abriram o caminho para novos estudos e maior desejo de conhecer a Lei.
    Depois de Esdras, o escriba foi classificado como tal e era versado na Torá, chamado também de doutor da lei, mestre, ou rabino (Mt 22.35; Lc 5.17). Desde que em Israel cessaram os profetas, os sábios se ocuparam profissionalmente da interpretação das Sagradas Escrituras; assim foi formado um grupo de doutores da lei, os escribas, que logo chegaram à categoria de condutores do povo.[xi][xi]
    A partir deste propósito, Esdras deixa de ser apenas um copista estatal e passa a ser então “o escriba das palavras, dos mandamentos do SENHOR e dos seus estatutos sobre Israel” (Ed 7.11), ou seja, há uma mudança de paradigma aqui que afetou não somente o próprio Esdras, mas toda a classe de escribas (contemporânea e posterior), conforme comentários supracitados, pois, eles passaram a ser professores do povo. O fato de o Senhor Jesus se referir aos escribas de forma negativa (Mt 23.1-39; Lc 11.37-53) é claramente explicável, visto que nesse tempo eles já pertenciam à seita dos fariseus, que “complementavam” a Lei com suas tradições, tornando-a obscura e sem efeito. Assim, a “função de escriba era nobre e digna, porém os que a exerciam falharam em observá-la”.[xii][xii]
    O professor de Escola Dominical não deve se menosprezar diante dos professores da escola laica ou mesmo por causa de outras funções e departamentos da igreja, mas ver-se como o professor das coisas de Deus. Um dos maiores erros cometidos ― inclusive repetidos durante muitos anos ― por quem liderava a Escola Dominical era escolher pessoas despreparadas para o corpo docente. Agora, percebe-se uma busca desenfreada pela qualidade do ensino, pois essa é a única esperança da igreja para combater as heresias e os modismos da pós-modernidade.


    [i][i] ARRINGTON, F. L. & STRONTAD, R. (Edits). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1494.
    [ii][ii] HURST, D. V. E Ele concedeu uns para mestres. 1. ed. Miami: Editora Vida, 1979, pp.48,49.
    [iii][iii] Roy B. Zuck, The Holy Spirit in Your Teaching, edição revista. Wheaton, Illinóis: Victor Books, 1984, p.75. (Nota do autor).
    [iv][iv] ZUCK, Roy B. O Papel do Espírito Santo no Ensino Cristão in GANGEL, Kenneth O. & HENDRICKS, Howard G. Manual de Ensino para o Educador Cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.95.
    [v][v] GILBERTO, Antonio. Cinco décadas dedicadas ao ensino. Mensageiro da Paz, ano 77, edição 1.462, março de 2007, p.13.
    [vi][vi] Ibidem.
    [vii][vii] CARVALHO, César Moisés. Artigo: Marketing na Escola Dominical. Novo Paradigma para administração da Educação Cristã. Revista Ensinador Cristão. Ano 7; nº25. Rio de Janeiro: CPAD, jan/fev/mar de 2006, p.9.
    [viii][viii] _______________________. Artigo. Educar adolescentes cristãos na pós-modernidade: desafio e necessidade. Revista Ensinador Cristão. Ano 8; nº30. Rio de Janeiro: CPAD, abril/mai/junho de 2007, p.9.
    [ix][ix] CONDE, Emílio. Tesouro de Conhecimentos Bíblicos. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1990, p.241.
    [x][x] DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. 16.ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1990, p.192.
    [xi][xi] Ibidem, pp.242-43.
    [xii][xii] Ibidem, p.244.

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 1º Trimestre de 2013
Elias e Eliseu - Um ministério de poder para toda a igreja
  • Lição 1- A apostasia no reino de Israel

    INTRODUÇÃO
    I. AS CAUSAS DA APOSTASIA
    II. OS AGENTES DA APOSTASIA
    III. AS CONSEQUÊNCIAS DA APOSTASIA
    IV. APOSTASIA

    CONCLUSÃO

    A MONARQUIA EM 1 E 2 REIS

    Por
    Homer Heater, Jr.

    Para entendermos a atitude do historiador [de 1 e 2 Reis] para com a monarquia depois de Davi, é necessário observarmos a sua perspectiva teológica. Os livros de 1 e 2 Reis foram compostos de várias fontes. Os primeiros dois capítulos são a conclusão da história da sucessão, mostrando que Deus escolhera Salomão para suceder Davi, seu pai. A seção sobre Salomão (1 Reis 3-11) é derivada do livro dos anais de Salomão (1 Rs 11.41).
  •  Os registros da corte dos reinos do norte e do sul fornecem grande parte dos dados que compõem os livros. Certos estudiosos propõem que a declaração na Septuaginta em 1 Reis 8.53 (no Texto Massorético [TM] é 1 Rs 8.12) foi extraído do livro de Jasar (o justo?) que também é mencionado em Josué e 2 Samuel.
  • As seções exclusivas sobre Elias e Eliseu vieram de uma única fonte. A data mais recente para a composição final de 1 e 2 Reis é 560 a.C., o último evento datado no livro, que se refere à elevação de Joaquim no cativeiro pelo Evil-Merodaque.
  • LaSor e outros estudiosos arrazoam que a composição foi feita logo após a queda de Jerusalém em 586 a.C., e que o último evento é um apêndice posterior. 

  •  Assim, mais de 500 anos são abrangidos nesta pesquisa histórica.
    Durante esse meio milênio houve mudanças dramáticas em Israel e no mundo do Oriente Médio. Todo este material foi reunido e comentado por um escritor que falava da perspectiva do término da monarquia e da destruição do Templo e cidadela de Davi. Um dos propósitos de 1 e 2 Reis é explicar o desastre e dar esperança para o futuro. Há um conjunto extenso de referências ao concerto davídico ou ao ideal davídico (aproximadamente 16 passagens). Os comentários avaliadores feitos ao longo do trabalho são do ponto de vista profético.

    Keil tem razão em enfatizar o ponto de vista “profético-histórico” em lugar do ponto de vista “profético-didático”. “O desenvolvimento histórico da monarquia ou, para expressá-la mais corretamente, do reino de Deus sob reinado dos reis, forma o verdadeiro tema de nossos livros”. Vemos a ênfase teológica dos livros principalmente nos comentários do escritor profético, mas também a identificação nas ações e palavras dos participantes.

    Texto extraído da obra “Teologia do Antigo Testamento”, editada pela CPAD.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Lição 1 - 1º Trim. 2013 - A Apostasia do Reino de Israel.


LIÇÃO 01

A APOSTASIA DO REINO DE ISRAEL

06 de janeiro de 2013
TEXTO ÁUREO:
"E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal,  e se encurvou diante dele"    (1 Rs 16.31). 
Os Fenícios adotaram o culto de Baal, que chamavam Baal Shamem, senhor dos céus. Depois de chegar a Canaã, os israelitas passaram a chamar de Baal os deuses da região. No século IX a.C., Jezabel pretendeu substituir o culto de Iavé pelo de Baal em Israel.

VERDADE PRÁTICA

A apostasia na história do povo de Deus é um perigo real e não uma mera abstração. Por isso, vigiemos.

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO:

"E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e se encurvou diante dele" (1 Rs 16.31). 
            Nosso primeiro texto áureo deste ano fala sobre a historicidade do rei de Israel Acabe e da rainha sidônia Jezabel. Acabe filho de Onri, reinou entre 874-853 a.C., foi o sétimo rei do Reino do Norte ou Israel.             Acabe era filho de Onri, rei que chegou ao poder em Israel através de uma conspiração contra o rei Zinri, quando era chefe do exército (1 Rs 16.16). Onri fez o que era mal aos olhos do Senhor (1 Rs16.26), mas foi pior que seus antecessores, no entanto, Acabe o superou na maldade (1 Rs 16.30).

            Também foi o pai de Acabe, Onri que comprou o monte de Samaria e estabeleceu a capital do Reino do norte nesta cidade (1 Rs 16.24).             Segundo o historiador judeu Flávio Josefo: "Acabe, rei de Israel, estabeleceu sua morada em Samaria e reinou vinte e dois anos. Em vez de mudar as abomináveis instituições feitas pelos reis, seus predecessores inventaram ainda outras novas, tanto se comprazia em superá-los na impiedade e particularmente a Jeroboão, porque adorou como ele, bezerros de ouro, que tinha mandado fazer  e acrescentou outros crimes a esse. Desposou a Jezabel, filho de Etbaal, rei dos tírios e dos sidônios, e tornou-se idólatra, adorando falsos deuses. Jamais mulher alguma foi mais ousada e mais insolente; sua horrível impiedade chegou mesmo a não se envergonhar de edificar um templo a Baal, deus dos tírios, plantar madeiras para dar um culto sacrílego a essa falsa divindade. Como Acabe sobrepuja a todos os seus predecessores em maldade, ele tinha prazer em ter sempre essa espécie de gente junto de si" (História dos Hebreus, livro I, CPAD, pag. 192. RJ, 1990).             O Pastor Adenir Araújo em sua matéria: Aprendendo com os erros de Acabe, declara: "Há quatro fatores que contribuíram para Acabe ser classificado como o rei mais perverso. Cada um é algo que devemos evitar na nossa própria vida.

I. Ele não conseguiu aprender com os pecados de seu pai. - Onri, pai de Acabe, era um rei perverso. Tanto assim que as Escrituras dizem que ele "agiu mais perversamente que todos os que foram antes dele" (I Reis 16:25).
- No entanto, Acabe ultrapassou a maldade de seu pai (I Reis 16:30).
- Os pais têm a responsabilidade de levar seus filhos na direção divina (Deuteronômio 11:18-19, Efésios 6:4).
- Mas, independentemente de quão bem um pai ensina, ou quão bem uma criança escuta, cada um ficará sozinho diante do Senhor. "A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este" (Ezequiel 18:20 ).

- Apesar de entendermos essa responsabilidade dos pais ensinarem os seus filhos a conhecer e amar o Senhor, há também a realidade de que alguns não são abençoados com pais tementes a Deus. Acabe com certeza não foi. Mas esta não é uma desculpa, como o versículo em Ezequiel 18:20 ressalta. Se esta é sua situação, aprenda com as falhas de seus pais, como Acabe, deveria ter feito. A profecia de Ezequiel fala de um homem mau. Este homem "Eis que, se ele gerar um filho que veja todos os pecados que seu pai fez, e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes" (Ezequiel 18:14). Os filhos devem obedecer a seus pais "no Senhor" (Efésios 6:1). Se seus pais não estão indo de acordo com as instruções do Senhor, aprenda com os seus pecados, e não faça o mesmo.

II. O pecado era uma coisa comum para ele. - O texto áureo diz de Acabe, "Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou" (I Reis 16:31). Nós lemos dos pecados de Jeroboão:
 - a criação de ídolos para adoração; - estabeleceu sacerdote de todas as pessoas; - instituiu a sua própria festa para disputar com a festa do Senhor em Jerusalém, - queimou incenso e ofereceu sacrifícios (I Reis 12:28-32).
- Jeroboão tornou-se o padrão de iniquidade. Somos informados da perversidade de Onri em que "andou em todo o caminho de Jeroboão, filho de Nebate, e em seus pecados, que fez pecar Israel" (I Reis 16:26).
- Acabe ultrapassou esse nível de maldade. Ele "fez o mal aos olhos do Senhor mais do que todos os que foram antes dele” (I Reis 16:30). Isto incluiu Jeroboão. Mas o texto diz que era "coisa trivial" para ele viver nesses pecados. Acabe chegou ao ponto em que cometer pecados como este não era motivo de preocupação.
- Devemos entender que o pecado nunca é insignificante. O pecado nos separa de Deus (Isaías 59:2). O pecado é a razão pela qual Jesus teve que morrer na cruz (I Pedro 3:18). O pecado é o motivo da punição futura (Hebreus 10:26-27). Muitos hoje têm visto o pecado como algo insignificante. Eles agem como se eles não precisassem de autoridade divina por seus atos, mesmo que Paulo disse: "Tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus" (Colossenses 3:17). Eles vivem para cumprir as suas próprias cobiças, apesar do fato de que Pedro nos diz: "abstenhais das concupiscências carnais que fazem guerra contra a alma" (I Pedro 2:11). Quando o pecado é visto como algo insignificante, as maldades serão abundantes. Isso é o que vemos com Acabe. Não podemos deixá-la ser encontrada em nossas vidas.

III. Ele permitiu ser influenciado pelo mal. - Acabe "se casou com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios” (I Reis 16:31). Jezabel é uma das personagens infames da Bíblia. Seu nome se tornou sinônimo de demônio. Nós também aprendemos com essa passagem que ela era a filha de um rei estrangeiro. Os israelitas foram especificamente advertidos sobre casar com essas pessoas. "nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para teus filhos;" (Deuteronômio 7:3). No entanto, Acabe casou-se esta mulher mal de qualquer maneira. Ela passou a incentivá-lo nos caminhos do pecado.

- Não devemos nos unir em "jugo desigual com os infiéis” (II Coríntios 6:14). Esta passagem não está exclusivamente falando em casamento, mas certamente está incluído. O ponto chave deste versículo é que não devemos permitir que as más influências tivessem controle sobre nós. Em sua primeira carta à igreja em Corinto, Paulo os advertiu: "As más companhias corrompem os bons costumes" (I Coríntios 15:33). Em vez de ser influenciado pelo mal, temos de ser influências positivas para o bem (Mateus 15:13-16). Acabe não fez isso. Ele permitiu que pessoas más - em primeiro lugar seu pai Onri, então sua esposa Jezabel - exercer uma forte influência sobre ele.

IV. Ele se envolveu na idolatria. - Depois de casar-se com Jezabel, Acabe "passou a servir Baal, e o adorou. Então, ele ergueu um altar a Baal na casa de Baal que edificara em Samaria. Acabe também fez um ídolo” (1 Reis 16:31-33). Acabe estava fazendo exatamente como o Senhor disse que aconteceria. Após alertar sobre casar-se com as nações ao redor deles, o Senhor disse, "eles farão desviar seus filhos de mim; para servir outros deuses" (Deuteronômio 7:4). Os israelitas estavam a ter "outros deuses" e não para"fazer um ídolo... "ou adorá-los ou servi-los" (Êxodo 20:3-5). Mas era isso que Acabe escolheu fazer.

- Ainda hoje, devemos tomar cuidado com a idolatria. João fechou sua primeira carta com o aviso: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos" (I João 5:21). Há muitas coisas que podem ser ídolos, além das imagens esculpidas em madeira ou pedra. Nós podemos tratar as coisas como o dinheiro, as pessoas, a fama, a carreira, e assim por diante, como ídolos, elevando-os a um nível igual ou superior a Deus. Devemos proteger-nos dessas coisas hoje.

            Portanto, nosso texto áureo aponta para a vida de maldade de Acabe, como ela excedeu todos os reis que foram antes dele. No entanto, como lemos sobre ele nesta passagem, ele não é muito diferente de muitas pessoas hoje. Ele não conseguiu aprender com os erros dos outros (principalmente do pai). Ele ignorou a gravidade do pecado e tratou-o com leviandade. Ele permitiu ser influenciado por pessoas más ao pecado. E ele seguiu após outros deuses, ao invés de se dedicar inteiramente a seguir o Senhor.             De todas as pessoas que você conhece, quantos teriam pelo menos uma destas coisas em comum com Acabe? Muito provavelmente você poderia pensar de muitos. Assim que não é exagero dizer que as pessoas caem nestas mesmas armadilhas hoje.
            Agora, dê uma olhada honesta em sua própria vida. Poderia alguma dessas coisas se aplicar a você? Em caso afirmativo, corrija-os. Não siga o caminho que seguiu Acabe. Siga o Senhor em todas as coisas". (matéria do Pr. Adenir Araújo - adaptado - http://www.opregadorfiel.com.br/2010/11/aprendendo-com-os-erros-de-acabe.html#ixzz2GC01bqFq ). 
INTERAÇÃO

Professor, o pastor José Gonçalves — professor de Teologia, escritor e vice-presidente da Comissão de Apologética da CGADB — é o comentarista das Lições Bíblicas deste trimestre. O tema que será abordado é “Elias e Eliseu: um ministério de poder para toda a Igreja”. Estudaremos a vida desses profetas e veremos que ela é um divisor de águas no ministério e na historiografia judaica. Elias e Eliseu deixaram um legado de poder, ousadia, santidade e abnegação à sua posteridade. A partir de seus ministérios, podemos ver florescer Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e outros santos homens que honraram o caminho daqueles autênticos profetas do Senhor. 
OBJETIVOS 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Identificar as causas e os agentes da apostasia em Israel.

Conscientizar-se sobre os perigos da apostasia.

Compreender quais foram as consequências da apostasia para Israel.  

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA  

Professor, para a primeira aula deste trimestre, sugerimos que você reproduza o esquema abaixo. Utilize-o para apresentar aos alunos um panorama geral da vida de Elias e Eliseu. Inicie a aula traçando as principais características desses profetas bíblicos. Diga à classe, que mesmo diante de uma sociedade apóstata, Elias e Eliseu obedeceram ao Senhor. Eles porfiaram por realizar a vontade de Deus contra quaisquer prejuízos.  

COMENTÁRIO
introdução 

Palavra Chave

Apostasia: Abandono ou deserção da fé. 
Podemos afirmar, com segurança, que um dos períodos mais sombrios na história do reino do Norte, também denominado “Israel”, ocorreu durante o reinado de Acabe, filho de Onri. Acabe governou entre os anos 874 e 853 a.C, e o seu reinado foi marcado pela tentativa de conciliar os elementos do culto cananeu com a adoração israelita. Uma primeira leitura dos capítulos 16.29 — 22.40 do livro de 1 Reis, revela que essa mistura foi desastrosa para o povo de Deus. Na prática, o culto ao Deus verdadeiro foi substituído pela adoração ao deus falso Baal, trazendo como consequência uma apostasia sem precedentes e pondo em risco até mesmo a verdadeira adoração a Deus. 
I. AS CAUSAS DA APOSTASIA 
1. Casamento misto . O texto bíblico põe o casamento misto de Acabe com Jezabel, filha de Etbaal rei dos sidônios, como uma das causas da apostasia no reino do Norte.  O relato bíblico destaca que Acabe “tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou” (1 Rs 16.31). Foi em decorrência desse casamento pagão que a idolatria entrou com força em Israel. Embora se fale de um casamento político, as consequências dele foram na verdade espirituais.  A mistura sempre foi um perigo constante na história do povo de Deus. Os crentes devem tomar todo o cuidado para evitar as uniões mistas. A Escritura, tanto no Antigo como em o Novo Testamento, condena esse tipo de união (Dt 7.3; 2 Co 6.14,15). 
2. Institucionalização da idolatria. A união de Acabe com Jezabel demonstrou logo ser desastrosa, pois através de sua influência, Acabe “levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria” (1 Rs 16.32). A institucionalização da idolatria em Israel fica evidente quando o autor sagrado destaca que também Acabe “fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (1 Rs 16.33).
Não há dúvida de que o culto a Baal estava suplantando o verdadeiro culto a Deus. Havia uma idolatria financiada pelo Estado. Vez por outra temos visto Satanás tentando se valer do poder estatal para financiar práticas que são contrárias aos princípios cristãos. Por isso devemos orar pela nação para que ela seja um canal de bênção e não de maldição. 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

Tanto no Antigo como em o Novo Testamento as Escrituras condenam o casamento misto.  

II. OS AGENTES DA APOSTASIA 

1. Acabe. Onri, pai de Acabe e rei de Israel que reinou entre os anos 885 e 874 a.C, foi um grande administrador, tanto na política interna como na externa de Israel. Mas foi um desastre como líder espiritual do povo de Deus (1 Rs 16.25,26). O pecado de Acabe foi andar nos caminhos idólatras de seu pai, que foi um seguidor de Jeroboão, filho de Nebate (1 Rs 16.26) e também ter aderido aos maus costumes dos cananeus, trazidos por sua esposa, Jezabel (1 Rs 16.31). Esse fato fez com que Acabe se tornasse um instrumento muito eficaz na propagação do culto idólatra a Baal. Devemos ser imitadores do que é bom e não daquilo que é mau. 
2. Jezabel. De acordo com o relato de 1 Reis 18.19, Jezabel trouxe para Israel seus deuses falsos e também seus falsos profetas. Teve uma verdadeira obstinação na implantação da adoração a Baal em território israelita. Foi sem dúvida alguma uma agente do mal na tentativa de suprimir ou acabar de vez com o verdadeiro culto a Deus. Não fosse a intervenção do Senhor através dos profetas, em especial Elias, ela teria conseguido o seu intento. O Senhor sempre conta com alguém a quem Ele levanta em tempos de crise. 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

Em Israel, Acabe e Jezabel foram os agentes mais eficazes da apostasia.

III. AS CONSEQUÊNCIAS DA APOSTASIA

1. A perda da identidade nacional e espiritual. As palavras de Elias: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos?” (1 Rs 18.21), revela a crise de identidade dos israelitas do reino do Norte. A adoração a Baal havia sido fomentada com tanta força pela casa real que o povo estava totalmente dividido em sua adoração. Quem deveria ser adorado, Baal ou o Senhor? Sabemos pelo relato bíblico que Deus havia preservado alguns verdadeiros adoradores, mas a grande massa estava totalmente propensa à adoração falsa. A nação que sempre fora identificada pelo nome do Deus a quem servia, estava agora perdendo essa identidade. 
2. O julgamento divino. É nesse cenário que aparece a figura do profeta Elias predizendo uma seca que duraria cerca de três anos (1 Rs 17.1; 18.1). A fim de que a nação não viesse a perder de vez a sua identidade espiritual e até mesmo deixar de ser vista como povo de Deus, o Senhor enviou o seu mensageiro para trazer um tratamento de choque à nação. Julgamento semelhante ocorre durante o reino de Jeorão, filho de Josafá e genro de Acabe, que recebe uma carta do profeta Elias. Nela é anunciado o juízo divino sobre a sua vida e reinado (2 Cr 21.12-15). O Senhor mostrou claramente que a causa do julgamento estava associada ao abandono da verdadeira fé em Deus. Tempos depois o apóstolo dos gentios irá nos lembrar da necessidade de nos corrigirmos diante do Senhor (1 Co 11.31,32). 

SINOPSE DO TÓPICO (III) 
As consequências da apostasia à nação de Israel foram duas: a perda da identidade nacional (e espiritual) e o julgamento divino. 
IV. APOSTASIA

1. Um perigo real. A apostasia era algo bem real no reino do Norte. Estava espalhada por toda parte. Na verdade a palavra apostasia significa, segundo os léxicos, abandonar a fé ou mudar de religião. Foi exatamente isso que os israelitas estavam fazendo, estavam abandonando a adoração devida ao Deus verdadeiro para seguirem aos deuses cananeus. Em o Novo Testamento observamos que os cristãos são advertidos sobre o perigo da apostasia! Na Epístola aos Hebreus o autor coloca a apostasia como um perigo real e não apenas como uma mera suposição (Hb 6.1-6). Se o cristão não mantiver a vigilância é possível sim que ele venha a naufragar na fé.

2. Um mal evitável. Já observamos que Acabe foi um rei mau (1 Rs 16.30). Em vez de seguir os bons exemplos, como os de Davi, esse monarca do reino do Norte preferiu seguir os maus exemplos. O cronista destaca que “ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mal perante o Senhor, porque Jezabel sua mulher, o instigava” (1 Rs 21.25). Ainda de acordo com esse mesmo capítulo, Acabe se contristou quando foi repreendido pelo profeta, mas parece que foi um arrependimento tardio (1 Rs 21.17-29). Tivesse ele tomado essa atitude antes, o seu reinado teria sido diferente. Por que não seguir os bons exemplos e assim evitar o amargor de um arrependimento tardio? 

SINOPSE DO TÓPICO (IV)  

A apostasia é um perigo real, mas também é um mal evitável através da vigilância do crente.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Ficou perceptível nessa lição que a apostasia no reino do Norte pôs em perigo a existência do povo de Deus durante o reinado de Acabe. A sua união com Jezabel demonstrou ser nociva não somente para Acabe, que teve o seu reino destroçado, mas também para o povo de Deus, que por muitos anos ficou dividido entre dois pensamentos em relação ao verdadeiro culto. As lições deixadas são bastante claras para nós: não podemos fazer aliança com o paganismo mesmo que isso traga algumas vantagens políticas ou sociais; a verdadeira adoração a Deus deve prevalecer sobre toda e qualquer oferta que nos seja feita. Mesmo que essas ofertas tragam grandes ganhos no presente. Todavia nada significam quando mensuradas pela régua da eternidade.  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  

Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009. HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010. MERRIL E. H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6 ed., RJ: CPAD, 2007.  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I  

Subsídio Lexicográfico 
“Apostasia”

[Do gr. apostásis, afastamento] Abandono premeditado e consciente da fé cristã. No Antigo Testamento, não foram poucas as apostasias cometidas por Israel. Só em Juízes, há sete desvios ou abjuração da verdadeira fé em Deus. Para os profetas, a apostasia constitui-se num adultério espiritual. Se a congregação hebréia era tida como a esposa de Jeová, deveria guardar-lhe fielmente os preceitos, e jamais curvar-se diante dos ídolos.

Jeremias e Ezequiel foram os profetas que mais enfocaram a apostasia israelita sob o prisma das relações matrimoniais. No Primitivo Cristianismo, as apostasias não eram desconhecidas. Muitos crentes de origem israelita, por exemplo, sentindo-se isolados da comunidade judaica, deixavam a fé cristã, e voltavam aos rudimentos da Lei de Moisés e ao pomposo cerimonial levítico. Há que se estabelecer, aqui, a diferença entre apostasia e heresia. “A primeira é o abandono premeditado e completo da fé; a segunda, é a abjuração parcial dessa mesma fé” (ANDRADE, C. C. Dicionário Teológico. 13 ed., RJ: CPAD, 2004, pp.56,57). 
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Biográfico
“ELIAS”

Elias foi chamado para servir como porta-voz de Deus na ocasião em que o reino do norte havia alcançado sua mais forte posição econômica e política desde a separação feita pelo governo davídico em Jerusalém.

[...] Sua primeira missão foi enfrentar o rei Acabe com o aviso de uma seca iminente, lembrando que o Senhor Deus de Israel, a quem ele havia ignorado, tinha o controle da chuva na terra onde viviam (Dt 11.10-12). Em seguida, Elias isolou-se e caminhou em direção a leste do Rio Jordão. Nesse lugar, ele foi sustentado pelas águas do ribeiro de Querite e pelo pão e carne milagrosamente fornecidos pelos corvos. É possível que esse ‘ribeiro’ (nahal) seja o profundo vale do Rio Jarmuque, ao norte de Gileade. Quando o suprimento de água terminou por causa da seca, Elias foi divinamente instruído a ir até Sarepta, na Fenícia, onde seria sustentado por uma viúva cuja reserva de farinha e óleo havia sido milagrosamente aumentada até que a estação das chuvas fosse restaurada à terra. “A identidade de Elias como profeta ou homem de Deus foi confirmada pela divina manifestação quando o filho da viúva foi restaurado à vida” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009, pp.628-29). 
“ELISEU”

[...] Seu ministério profético cobriu toda a última metade do século IX a.C, atravessando os reinados de Jorão, Jeú, Jeoacaz, e Joás, do reino do Norte. Sua influência estendia-se desde uma viúva endividada (2 Rs 4.1) até um homem rico e proeminente (4.8) e mesmo até dentro do próprio palácio de Israel (5.8; 6.9; 12, 21, 22; 6.32 — 7.2; 8.4; 13.14-19). Além disso, outros reis (Josafá de Judá, 2 Reis 3.11-19, Ben-Hadade da Síria, 8.7-9) e altos funcionários do exército sírio (5.1,9-19) procuravam sua ajuda.

Diferentemente de Elias que tinha uma tendência ao ascetismo, e a se afastar dos olhos do público, Eliseu viveu próximo às pessoas que servia, e gostava da vida social. Tinha uma casa em Samaria, a capital (2 Rs 6.32), mas viajava constantemente pelo país, tal como Samuel havia feito antes dele. Frequentemente parava para visitar seus amigos em Suném. Exatamente como Jesus fez, mais tarde, muitas vezes com Maria e Marta. Eliseu chorou quando falou com Hazael, pois conhecia muito bem o cruel sofrimento que este causaria a Israel (2 Rs 8.11,12). [...] “É evidente que muitos aspectos da pessoa e da obra de Eliseu são capazes de reproduzir em muitos aspectos o caráter e o ministério de nosso Senhor” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009, p.633). 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A apostasia no Reino de Israel

Neste trimestre estudaremos relatos relacionados aos profetas Elias e Eliseu. Para que não incorramos em erros de interpretação, é prudente situar historicamente o texto desta aula e das demais. A nação de Israel, depois do reinado de Salomão, dividiu-se em dois reinos independentes: Judá, ao Sul, e Israel, ao Norte. Cada nação teve sua cota de profetas enviados por Deus para tratar de questões como justiça social, afastamento do pecado e de uma aproximação sincera para com Deus.

A figura dos profetas era essencial nos dois reinos. Deus havia instituído o sacerdócio para conduzir o culto a Ele, e também permitiu a instauração da monarquia como uma forma de governo administrativo. Ambos deveriam funcionar de maneira coerente, e quando isso não ocorria, Ele enviava seus profetas. Elias viveu em Israel, um reino que se tornou conhecido por sua liderança ímpia, com diversos reis que se desviaram dos caminhos do Senhor e levaram o povo pelas mesmas práticas. Aqui é necessário fazer algumas observações sobre a liderança e seu poder.

A primeira refere-se à capacidade de um líder de conduzir um povo a Deus ou não. O rei de Israel nos dias de Elias era Acabe, um homem que não havia inclinado seu coração para o Senhor, e que se casou com uma mulher ímpia, Jezabel. Esse casal não apenas adorou outros deuses, mas também matou os profetas de Jeová, além de cometer graves injustiças sociais. Basta dizer, por exemplo, que um homem chamado Nabote, que possuía uma vinha ao lado do palácio, por não desejar vender sua propriedade ao rei de Israel, foi morto sob acusação de ter blasfemado contra o Senhor. É curioso ver que Jezabel amava a Baal e o adorava, e matou muitos profetas do Senhor, mas quando lhe pareceu conveniente, usou o nome do Senhor para matar um desafeto. Líderes que perdem o temor do Senhor tendem a desviar pessoas com seu mau exemplo. Temos que ter cuidado para não julgar pessoas que nos são desafetas utilizando o nome do Senhor como uma forma de esconder nossa ira por trás de um motivo “santo”.

A segunda observação refere-se ao cuidado com casamentos mistos, e o quanto eles podem ser perniciosos. Acabe era um israelita, mas não se preocupou em obedecer a lei de Deus no tocante ao casamento, e casou com uma mulher má. Um casamento fora da vontade de Deus pode nos conduzir para longe dEle.