segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 1º Trimestre de 2013
Elias e Eliseu - Um ministério de poder para toda a igreja
  • Lição 3- A longa seca sobre Israel

    INTRODUÇÃO
    I. O PORQUÊ DA SECA
    II. OS EFEITOS DA SECA
    III. A PROVISÃO DIVINA NA SECA
    IV. AS LIÇÕES DEIXADAS PELA SECA

    CONCLUSÃO
    CONSEQUENCIAS DO PECADO
    Por
    Bruce R. Marino

    O estudo das consequências do pecado devem considerar a culpa e o castigo. Há vários tipos de culpa (heb. ’asham, Gn 26.10; gr. enochos, Tg 2.10). A culpa individual ou pessoal pode ser distinguida da comunitária, que pesa sobre as sociedades. A culpa objetiva refere-se à transgressão real, quer posta em prática pelo culpado, quer não. A culpa subjetiva refere-se à sensação de culpa numa pessoa, que pode ser sincera e levar ao arrependimento (Sl 51; At 2.40-47; cf. Jo 16.7-11). Pode, também, ser insincera (com a aparência externa de sinceridade), mas ou desconhece a realidade do pecado (e só corresponde quando apanhada em flagrante e exposta a vergonha e castigada, etc) ou evidencia uma mera mudança temporária e externa, sem uma reorientação real, duradoura e interna (por exemplo, Faraó). A culpa subjetiva pode ser puramente psicológica na sua origem e provocar muitas aflições sem, porém, fundamentar-se em qualquer pecado real (1 Jo 3.19,20).

    A penalidade, ou castigo, é o resultado justo do pecado, infligido por uma autoridade aos pecadores e fundamentado na culpa destes. O castigo natural refere-se ao mal natural (indiretamente da parte de Deus) incorrido por atos pecaminosos (como a doença venérea provocadas pelos pecados sexuais e a deterioração física e mental provocada pelo abuso de substâncias). O castigo positivo é infligido sobrenatural e diretamente por Deus. O pecador é fulminado, etc.

    [...] Os resultados do pecado são muitos e complexos. Podem ser considerados em termos de quem e o que é afetado por ele.

    O pecado tem seu efeito sobre Deus. Embora sua justiça e sua onipotência não sejam prejudicadas pelo pecado, as Escrituras dão testemunho de seu ódio por ele (Sl 11.15; Rm 1.18), de sua paciência para com os pecadores (Êx 34.6; 2 Pe 3.9), de sua busca pela humanidade perdida (Is 1.18; 1 Jo 4.9-10,19), de sua mágoa por causa do pecado (Os 11.8), de sua lamentação pelos perdidos (Mt 23.37; Lc 13.34) e de seu sacrifício em favor da salvação da humanidade (Rm 5.8; 1 Jo 4.14; Ap 13.8). De todas as revelações bíblicas a respeito do pecado, estas talvez sejam as mais humilhantes.

    Todas as interações de uma sociedade humana outrora pura estão pervertidas pelo pecado. As Escrituras protestam, repetidas vezes, contra as injustiças praticadas pelos pecadores contra os “inocentes” (Pv 4.16; sociais, Tg 2.9; econômicas, Tg 5.1-4; físicas, Sl 11.5; etc.).

    O mundo físico também sofre os efeitos do pecado. A decadência natural do pecado contribui para os problemas da saúde e do meio ambiente.

    Os efeitos mais variados do pecado podem ser notados na mais complexa criação de Deus: a pessoa humana. Ironicamente, o pecado traz benefícios (segundo as aparências). O pecado pode até mesmo produzir uma alegria transitória (Sl 10.1-11; Hb 11.25,26). O pecado também produz pensamentos enganosos, segundo os quais o mal parece bem. Como consequência, as pessoas mentem e distorcem a verdade (Gn 4.9; Is 5.20; Mt 7.3-5), negando o pecado pessoal (Is 29.13 [...]) e até mesmo a Deus (Rm 1.20; Tt 1.16). Em última análise, o engano do que parece ser bom revela-se como mau. A culpa, a insegurança, o tumulto, o medo do juízo e coisas semelhantes acompanham a iniquidade (Sl 38.3,4; Is 57.20,21; Rm 2.8,9; 8.15; Hb 2.15; 10.27).

    Texto extraído da obra “Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal”, edita pela CPAD.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


Lição 02

      ELIAS, O TESBITA

13 de janeiro de 2013

TEXTO ÁUREO 
“E ele lhes: Qual era o trajo do homem que vos veio ao encontro e vos falou estas palavras? E eles lhe disseram: Era um homem vestido de pelos e com os lombos cingidos de um cinto de couro. Então, disse ele: É Elias, o tesbita” (2 Rs 1.7-8). 
 

VERDADE PRÁTICA


A vida de Elias é uma história de fé e coragem. Ela revela como Deus soberanamente escolhe pessoas simples para torná-las gigantes espirituais.   

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO  


“E ele lhes: Qual era o trajo do homem que vos veio ao encontro e vos falou estas palavras? E eles lhe disseram: Era um homem vestido de pelos e com os lombos cingido0s de um cinto de couro. Então, disse ele: É Elias, o tesbita” (2 Rs 1.7-8).  

Elias, o tesbita

            Um dos homens mais enigmáticos da Bíblia é, sem dúvida, o profeta Elias. Sobre sua origem pouco se sabe, além do fato de que era oriundo de uma localidade citada apenas nos relatos relacionados à sua vida, Tesbe, nos arredores de Gileade. Além disso, a Bíblia destaca também a forma como Elias se vestia e como falava.
            Pelo menos 3 pontos iniciais devem ser destacados no início da história de Elias:

A) Apesar de sua origem humilde, era um homem que estava diante do Senhor (1 Rs 17.1). A Bíblia não diz nada sobre a família de Elias, nem sobre a chamada dele para o ministério profético, mas fala que ele estava diante da face do Senhor. Estar diante de Deus é a melhor posição para quem deseja ter um ministério frutífero. Quando Acabe se deparou com aquele homem surgido do nada, encontrou uma pessoa simples, vestido de forma simples, com uma mensagem simples, mas que estava, acima de tudo, diante de Deus.

B) Elias tinha uma mensagem (1 Rs 17.1). Elias não era um homem de meias palavras, ou de mensagens indefinidas. Ele foi direto com o rei Acabe, mostrando que Deus estava irritado com as atitudes do monarca. Acabe acreditava que Baal era o responsável por enviar a chuva e trazer plantações que alimentassem toda a nação. Se isso era verdade, então Israel realmente não precisava do Senhor. Mas Deus estava naquele momento usando Elias para dizer ao rei que o Deus de Israel faria com que a nação passasse por privações por causa de sua idolatria. E a estiagem duraria pelo menos três anos, tempo suficiente para amolecer o coração do povo e mostrar-lhe que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o Deus que abençoava o povo com suas dádivas.

C) Elias tinha uma atitude obediente para com Deus. Após ter falado com Acabe, recebeu uma ordem de Deus para que se dirigisse ao ribeiro de Querite, onde seria sustentado pelos corvos (1 Rs 17.5). Essa atitude obediente é que Deus espera de seus servos em todos os momentos. Querite representaria para Elias um momento de anonimato — depois de desafiar o rei, Elias se tornou conhecido em todo o reino, e foi procurado por Jezabel em diversos lugares — A obediência de Elias o preservou em segurança das mãos de Jezabel nos anos de seca, e o preparou para os próximos desafios que iria enfrentar para que o povo retornasse aos caminhos do Senhor.(Subsídio do Ensinador Cristão).  

RESUMO DA LIÇÃO 02 


            ELIAS, O TESBITA  

I. A IDENTIDADE DE ELIAS

1. Sua terra e sua gente.

2. Sua fé e seu Deus.  

II. O MINISTÉRIO PROFÉTICO DE ELIAS

1.         Sua vocação e chamada.

2.        A natureza do seu ministério.  

III. ELIAS E A MONARQUIA

1. Buscando a justiça.

2. A restauração do culto.  

IV. ELIAS E A LITERATURA BÍBLICA

1.         No Antigo Testamento

2.        No Novo Testamento  

INTERAÇÃO

Sobre o chamado de Elias — como ele se deu (onde e quando) — as Escrituras silenciam. Em contrapartida, a Bíblia mostra um Elias ousado, temente a Deus e pronto para realizar a vontade divina. Isso é fruto de uma verdadeira vocação divina. O verdadeiro chamado nasce no coração. Ele arde como chama interior. Porém, se desenvolve para muito além do recôndito da alma. O chamado de Deus na vida de uma pessoa também floresce publicamente. Vai além da família e da igreja local. Esse chamado que inunda a alma, a igreja reconhece, a liderança confirma e Deus usa. Afinal de contas, qual é o seu chamado?

OBJETIVOS  

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Descrever a vocação e a chamada de Elias.

Compreender como se deu a atuação do profeta Elias.

Destacar o papel de Elias junto a monarquia e nas Escrituras.  

COMENTÁRIO

 INTRODUÇÃO

Palavra Chave

Vocação:

Escolha, chamamento, disposição.  

Nesta lição, estudaremos mais detalhadamente os fatos relacionados à vida e à obra de um dos maiores personagens da história sagrada. Elias aparece nas páginas da Bíblia como se viesse do nada. De fato a Escritura silencia sobre a identidade de seus pais e também de sua parentela; diz apenas que ele era tesbita, dos moradores de Gileade!

Parece muito pouco para um homem que irá ocupar um grande espaço na história bíblica posterior. Todavia é esse homem enigmático que protagoniza os fatos mais impactantes na história do profetismo de Israel. Isso acontece quando denuncia os desmandos do governo dos seus dias e desafia os falsos profetas que infestavam o antigo Israel. Elias é um modelo de autenticidade e autoridade espiritual a quem devemos imitar. 

I. A IDENTIDADE DE ELIAS  

1. Sua terra e sua gente. O relato sobre a vida do profeta Elias inicia-se com uma declaração sobre a sua terra e seu povo: “Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade” (1 Rs 17.1). Estas palavras põem no cenário bíblico uma das maiores figuras do movimento profético. Elias era de Tesbe, um lugarejo situado na região de Gileade e a leste do rio Jordão.

Esse lugar não aparece em outras passagens bíblicas, mas é citado somente no contexto do profeta Elias (1 Rs 21.17; 2 Rs 1.3,8; 9.36). Elias se tornou muito maior do que o meio no qual vivia. Na verdade, não foi Tesbe que deu nome a Elias, mas foi Elias que colocou Tesbe no mapa! Davi, Pedro, Paulo, também construíram uma história cheia de sentido e significância. Todos nós deveríamos imitá-los e viver de tal modo que a nossa história se tornasse um testemunho para a posteridade.

2. Sua fé e seu Deus. O nome do profeta Elias já revela algo de sua identidade, pois significa Javé é o meu Deus ou ainda Javé é Deus. Elias era um israelita e como tal professava sua fé no Deus verdadeiro que através da história havia se revelado ao seu povo. Com o desenrolar dos fatos, vemos o profeta afirmando essa verdade.

Por exemplo, quando desafiava os profetas de Baal, Elias orou: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo” (1 Rs 18.36). Deus era o Senhor dos patriarcas; da nação de Israel e Elias era um servo dEle! Deus era o Senhor de Abraão, um dos maiores personagens da história bíblica, mas Elias estava consciente de que Ele também era o seu Deus! Assim como Elias, o crente deve saber de forma precisa quem é seu Deus para que dessa forma possa ter uma fé viva e não vacilante. 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

Elias era oriundo de Tesbe, lugarejo a leste do Rio Jordão. Seu nome significa “Javé é o meu Deus”.

II. O MINISTÉRIO PROFÉTICO DE ELIAS  

1. Sua vocação e chamada. A vocação e chamada de Elias foram divinas da mesma forma como foram as vocações e chamadas dos demais profetas canônicos. Esse fato é logo percebido quando vemos o profeta Elias colocar Deus como a fonte por trás de suas enunciações proféticas: “Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou” (1 Rs 17.1).

Em outra passagem bíblica, Elias diz que suas ações obedeciam diretamente a uma determinação divina (1 Rs 18.36). Somente um profeta chamado diretamente pelo Senhor poderia falar dessa forma. De uma forma geral, todo cristão foi chamado para a salvação, porém, alguns foram chamados para tarefas especiais. É a nossa vocação e chamada quem nos habilita para a obra do Senhor.

2. A natureza do seu ministério. A natureza divina e, portanto, sobrenatural do ministério do profeta Elias é atestada pela inspiração e autoridade que o acompanhavam. A história do profeta Elias é uma história de milagres. É uma história de intervenções divinas no reino do Norte.

Encontramos por toda parte nos livros de Reis as marcas da inspiração profética no ministério de Elias. Isso é facilmente confirmado pelo escritor bíblico quando se refere à morte de Jezabel (2 Rs 9.35,36). Assim como Elias predisse, aconteceu! Elias possuía inspiração e autoridade espiritual. De nada adianta possuir um ministério marcado pela popularidade e fama se ele é carente de autoridade e poder divino. 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

A inspiração e a autoridade encontradas em Elias denotam a natureza divina do seu ministério. 
III. ELIAS E A MONARQUIA  

1. Buscando a justiça. Na história do profetismo bíblico observamos a ação dos profetas exortando, denunciando e repreendendo aos reis (1 Rs 18.18). O livro de 1 Reis mostra que o profeta Elias foi o primeiro a atuar dessa forma. Na verdade, as ações dos profetas revelam uma luta incansável não somente em busca do bem-estar espiritual, mas também social do povo de Deus.
Quando um monarca como o rei Acabe se afastava de Deus, as consequências poderiam logo ser percebidas na opressão do povo. A morte de Nabote, por exemplo, revela esse fato de uma forma muito clara (1 Rs 21.1-16). Acabe foi confrontado e denunciado por Elias pela forma injusta como agiu! 
2. A restauração do culto. Como vimos, os monarcas bíblicos serviam tanto de guias políticos como espirituais do povo. Quando um rei não fazia o que era reto diante do Senhor, logo suas ações refletiam nos seus súditos (1 Rs 16.30). A religião, portanto, era uma grande caixa de ressonância das ações dos reis hebreus. Nos dias do profeta Elias as ações de Acabe e sua mulher Jezabel sofreram oposição ferrenha do profeta porque elas estavam pulverizando o verdadeiro culto (1 Rs 19.10).

Em um diálogo que teve com Deus, Elias afirma que a casa real havia derrubado o altar de adoração ao Deus verdadeiro e em seu lugar levantado outros altares para adoração aos deuses pagãos. Como profeta de Deus coube a Elias a missão de restaurar o altar do Senhor que estava em ruínas (1 Rs 18.30).  

SINOPSE DO TÓPICO (III)

Elias denunciou que a casa real havia derrubado o altar de adoração ao Senhor.

IV. ELIAS E A LITERATURA BÍBLICA 

1. No Antigo Testamento. Até aqui vimos que os dois livros de Reis e uma porção do livro das Crônicas trazem uma ampla cobertura do ministério profético de Elias. O Antigo Testamento mostra que com Elias tem início a tradição profética dentro do contexto da monarquia. Foi Elias quem abriu caminho para outros profetas que vieram depois. Mas Elias não possuía apenas um ministério de cunho profético e social, seu ministério também era escatológico. Malaquias predisse o aparecimento de um profeta como Elias antes “do grande e terrível dia do Senhor” (Ml 4.5).
2. No Novo Testamento. Em o Novo Testamento encontramos vários textos associados à pessoa e ao ministério do profeta Elias. Jesus identifica João, o batista, como aquele que viria no espírito e poder de Elias (Lc 1.17; Mt 17.10-13). No monte da transfiguração, o evangelista afirma que Elias e Moisés falavam com o Salvador acerca da sua “partida” (Mt 17.3; Lc 9.30,31).

Quando o Senhor censurou a falta de fé em Israel, ele trouxe como exemplo a visita que Elias fizera à viúva de Sarepta (Lc 4.24-26). No judaísmo dos tempos de Jesus, Elias era uma figura bem popular devido aos feitos miraculosos, o que levou alguns judeus acharem que Jesus seria o Elias redivivo (Mt 16.14; Mc 6.15; 8.28).

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

Com Elias, o Antigo Testamento destaca o desenvolvimento da tradição profética no regime monárquico.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Os comentaristas bíblicos observam que os capítulos 17-22 do livro de 1 Reis, que cobrem o período do reinado de Acabe, mostram que o declínio religioso termina com arrependimento ou julgamento divino. De fato, observamos que a mensagem profética de Elias visava primeiramente a produção de arrependimento e não a manifestação da ira divina.
Isso é visto claramente quando Acabe se arrepende e o Senhor adia o julgamento que havia sido profetizado para os seus dias (1 Rs 21.27-29). Fica, pois, a lição para nós revelada na história do profeta Elias: a graça de Deus é maior do que o pecado e suas consequências. Fomos alcançados por essa graça! 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.

DEVER, M. A Mensagem do Antigo Testamento: Uma Exposição Teológica e Homilética. 1 ed., RJ: 2008.  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

Subsídio Sociológico

“A Profecia entre os Hebreus

Dos nomes hebreus aplicados aos profetas como representantes de um movimento espiritual em Israel, o termo nabhi’ foi, sem dúvida alguma, o mais largamente usado. Originalmente pensava-se que era derivado de uma raiz indicando um ‘orador’, mas agora é sabido que seu significado básico é ‘chamar’.

O nabhi’ era, portanto, um indivíduo que tinha sido chamado por Deus para algum propósito específico, e que assim mantinha um relacionamento espiritual em particular com Ele. O profeta era essencialmente uma figura carismática, autorizado a falar aos israelitas em nome do seu Deus. Antes da época de Samuel, tais indivíduos eram geralmente designados como um ‘homem de Deus’, e na mesma época de Saul e Davi essa expressão era aparentemente sinônimo de nabhi’.

 As declarações dos profetas hebreus eram consequência direta de seu relacionamento espiritual com Deus, e, em essência, abrangiam variações sobre temas teológicos e da aliança cultuados na Lei. “De fato, não há uma única doutrina profética que já não tenha sido apresentada, ao menos na forma embrionária, na Torá; deste modo, os profetas podem ser considerados comentadores além de pioneiros doutrinários” (HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.218). 
ARQUEOLOGIA

Samaria, capital do Reino do Norte ou Reino de Israel.  

O lugar foi escavado nos anos de 1908 a 1910 pelos doutores G.A Reisner e Clarence S. Fisher, da Universidade de Harvard, e outra vez em 1931 a 1 933 e 1935 por J. W. Crow Ford. O primeiro nível de ocupação importante foi do rei Onri e de seu filho Acabe. Acabe edificou um palácio ainda mais grandioso para sua nova esposa, Jezabel, e para si mesmo.  Os escavadores desenterraram os fundamentos do palácio de Onri, e os fundamentos e as ruínas ainda maiores do palácio de Acabe no cume da colina de Samaria. Na parte inferior do muro norte do palácio foi encontrado milhares de fragmentos de marfim, muitos dos quais haviam sido arruinados pelo fogo. Uns 30 ou 40 desses marfins foram recuperados em excelente estado de conservação. Em alguns deles estavam representados o loto, os leões, as esfinges e os deuses Ísis e Horus, o que indica a forte influencia do Egito sobre Israel nessa época.

 

 

 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 1º Trimestre de 2013
Elias e Eliseu - Um ministério de poder para toda a igreja
  • Lição 2- Elias, o tesbita

    INTRODUÇÃO

    I. A IDENTIDADE DE ELIAS
    II. O MINISTÉRIO PROFÉTICO DE ELIAS
    III. ELIAS E A MONARQUIA
    IV. ELIAS E A LITERATURA BÍBLICA

    CONCLUSÃO

    A LITERATURA NOS TEMPOS BÍBLICOS

    Por

    Milton Fisher

    Tipos e Gêneros da Literatura Antiga
    Antes de sumariar a influência real dessas literaturas religiosas e seculares na composição da Bíblia, faz-se necessário rever os vários gêneros ou tipos de material literário encontrados entre essas diversas nações, línguas e culturas. Os tipos literários enumeram-se entre oito e 15, segundos o que se combina ou se distingue entre certos subgêneros.

    Vamos nos satisfazer com nove tipos principais de literatura, não perdendo de vista que tipos similares (expurgados das aberrações teológicas e factuais) destacam-se em maior ou menor grau em nossa Bíblia.

    1. Documentos comerciais constituem o maior número de achados em alguns sítios arqueológicos. Desde os mais remotos tempos, as operações mercantis lançaram mão do uso prático da escrita para a manutenção de registros e confirmação de acordos.

    2. Não muito distante, no que diz respeito ao propósito, estaria o uso epistolar de comunicações pessoais entre funcionários públicos ou amigos.

    3. Códigos legais e registros de tribunais também foram essenciais para o estabelecimento da vida comunitária. Somente tais documentos escritos poderiam garantir a uniformidade da prática.

    4. Documentos políticos, como os tratados descritos anteriormente, eram considerados sacrossantos e invioláveis entre os antigos. Cópias eram feitas para todas as partes envolvidas, para depósito sagrado e para comunicação pública. Ainda hoje está havendo a descoberta de novos indícios sobre a extensão surpreendentemente grande da literatura dos tempos antigos.

    5. Materiais historiográficos não estão muito longe da categoria anterior, visto que registros de ocorrências comuns, como os anais reais, eram na maioria das vezes de caráter politicamente propagandista. Composições épicas eram uma combinação de fatos e fábulas. Os antigos textos proféticos de agouro poderiam ser postos em qualquer uma das duas categorias ainda a serem relacionadas, mas são mencionados aqui por boas razões [grifo nosso]. O sistema “científico” da previsão que pretendiam oferecer seria evidentemente impraticável, se os eventos que esses textos registram não fossem historicamente exatos. Textos de presságios muitas vezes provam ser manifestadamente mais dignos de confiança do que os anais reais.

    6. Composições poéticas ocorriam em todas as culturas já enumeradas, frequentemente com conteúdo religioso, às vezes épico, vez por outra de caráter de entretenimento, sendo encontrados até mesmo no prólogo e no epílogo do famoso código de leis de hamurabi.

    7. Se pedíssemos aos leigos para levarem em consideração os textos comparativos, a primeira coisa que seguramente pensariam é na literatura religiosa dos povos vizinhos. Acima de tudo, a Bíblia é, em si, um livro “religioso”. Esperamos que o que foi dito até aqui tenha informado suficientemente o leitor, a fim de conscientizá-lo de que, na realidade, muitas categorias diferentes dos escritos humanos têm relação com as diversas porções e aspectos da nossa Bíblia. Na verdade, textos religiosos ou inscrições de natureza fúnebre, votiva (relacionada a voto ou promessa) e ritualística têm referência com alguns detalhes dentro do Texto Sagrado. Mas o subgênero a que geralmente nos referimos como mitológico sempre atraiu maior interesse e análise, não importando se isto vem ao caso ou não.
    8 e 9. Estritamente associados com a expressão religiosa per se, estariam (8) a literatura sapiencial e (9) os escritos proféticos. A primeira é encontrada em formas variantes entre os babilônios (estritos cosmológicos focalizados em Istar, a rainha dos céus) e também entre os egípcios, os cananeus e os arameus. Cada um desses povos arroga ter exercido influência direta no pensamento e escrita dos hebreus, sobretudo as fontes egípcias e cananeias.
    Adivinhos, videntes e profetas em êxtase eram comuns em todos os cantos do mundo bíblico, muito já se escreveu para associar os profetas hebraicos a eles. Contudo, o fato é que não só o tipo de mensagem, mas também os escritos dos profetas de Israel são sem comparação.
    Os escritos apocalípticos (“divulgados, revelados”) são um tipo especializado de material (pseudo) profético. Formam uma classe única entre os escritos intertestamentários dos judeus e cristãos primitivos, os quais não apenas reproduzem trechos encontrados em Ezequiel, Daniel e Apocalipse, como também simulam a autoria de alguns dos famosos santos do Antigo Testamento. Agiam assim com o propósito de emprestar autoridade aos escritos, numa época em que a autêntica expressão vocal dos profetas havia cessado.

    Texto extraído da obra “A Origem da Bíblia”, editada pela CPAD.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Perfil

É pastor, pedagogo, chefe do Setor de Educação Cristã da CPAD e professor universitário. É autor de "Marketing para Escola Dominical", que ganhou o Prêmio Areté da Associação de Editores Cristãs (Asec) de Melhor Obra de Educação Cristã no Brasil em 2006, e do romance juvenil "O mundo de Rebeca"; e co-autor de "Davi: As vitórias e derrotas de um homem de Deus", todos títulos da CPAD.

  • Repensando a Escola Bíblica Dominical e seus métodos de crescimento
    (2ª parte)

    Como alavancar o programa mais popular de Educação Cristã da Igreja?
  • Pr. César Moisés

    PASSO 1
    Capacitar Docentes
    Uma leitura desarticulada de textos como 1 Coríntios 12.28; Efésios 4.11; 1 João 2.20,27 etc. comumente nos fazem acreditar que aqueles que possuem o dom de ensinar ou o ministério de ensino ― os mestres ou doutores ― prescindem de alguma formação ou preparação técnica e/ou acadêmica, podendo apoiar-se no Espírito Santo e confiar unicamente na capacitação divina. Pois, afinal, “a letra mata” (2Co 3.6). Evidentemente que esta é uma visão equivocada de passagens bíblicas que são lidas e interpretadas isoladamente sem levar em consideração o contexto ou analogia geral da Bíblia Sagrada sobre determinado assunto.

    Um simples exemplo, como o texto de Romanos 12.7b, que diz: “se é ensinar, haja dedicação ao ensino”, mostra a impossibilidade em harmonizar esse pensamento com o ensino bíblico sobre o tema. Outra versão substitui a palavra “dedicação” por “esmero”. O que é esmero? Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico, esmero é “Cuidado excepcional em qualquer serviço ou atividade”.

    Outro exemplo, que, independentemente do ministério de ensino, é princípio geral para a atual eclesiástica, é o texto de 2 Timóteo 2.15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Segundo Deborah Menken Gill, comentarista das epístolas pastorais do colossal Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD), esse texto de segunda Timóteo 2. 15, assim como aparece na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) ou como apresenta-se na

    tradução da KJV [King James Version], “que compartilha corretamente” ― “a palavra da verdade” ― são expressões que ocorrem somente no Novo Testamento. Este verbo significa literalmente “ser objetivo, compartilhar a palavra da verdade diretamente, sem distrações” (Zerwizk e Grosvenor, 1979, p.641). Tem múltiplas analogias: “um arado preparando um sulco em linha reta” (Crisóstomo), “uma máquina abrindo uma estrada em linha reta”, “um sacerdote preparando corretamente um sacrifício”, e “um pedreiro medindo e cortando uma pedra para ajustá-la em seu devido lugar” (uma definição baseada em Pv 3.6; 11.5). A palavra era frequentemente usada nas liturgias para descrever os deveres do bispo e para denotar a ortodoxia (“que é o ensino direto ou correto”) (Lock, 1973, 98-99; Rienecker, 1980, 642).[i][i]
    A respeito de ambos os textos paulinos (Rm 12.7b; 2Tm 2.15), também comenta Hurst, em sua obra E Ele concedeu uns para mestres (Vida):
    Paulo ao escrever aos Romanos, parece estar exortando cada um dos seus leitores a concentrar seus esforços na procura da perfeição no dom que recebeu individualmente, para o bem do “corpo” como um todo (Romanos 12.6-8). Inclui nisto o mestre, e insiste em que o mestre desenvolva o seu ministério de ensino. Escrevendo a Timóteo, Paulo o admoesta a “procurar apresentar-se aprovado”, a ser “obreiro que não tem de que se envergonhar”, e que “maneja bem a Palavra da Verdade” (II Timóteo 2.15). Paulo apela à diligência no estudo, e apela a Timóteo no sentido de ele pensar na aprovação de Deus, e na possibilidade de passar vergonha se não se dedicar à tarefa de todo o seu coração, bem como da necessidade de exatidão, sem erros, na exposição da Palavra. Tal lembrança, e tal apelo, deve se repetir no caso de todo professor cristão. A tarefa exige da parte do mestre o melhor que ele possa vir a ser![ii][ii]
    Concordamos com Roy B. Zuck que, ao dissertar sobre O Papel do Espírito Santo no Ensino Cristão na excelente obra Manual de Ensino para o Educador Cristão (CPAD), afirma o seguinte:
    [Alguns] pedagogos realçam a obra do Espírito Santo em favor da negligência de professores humanos. Eles sugerem que a educação é inimiga da espiritualidade; a educação é obra da carne e entra em conflito e opõe-se à obra do Espírito. Este ponto deixa passar o fato de que nos primórdios do Cristianismo Deus usava professores humanos (Mt 28.19; At 5.42; 15.35; 18.11,25; 28.31; 2Tm 2.2), e o Senhor concedeu o dom de ensinar paras alguns crentes (Rm 12.6,7; 1Co 12.28; Ef 4.11). Professores humanos, como instrumentos do Espírito Santo, podem estimular e desafiar os alunos, guiando-os em uma adequada compreensão e aplicação da Palavra de Deus.
    Ressaltar o papel do Espírito Santo no processo pedagógico não sugere que os professores não precisem estudar e preparar-se. Longe disso! “Só o professor que está bem preparado pode cumprir a tarefa com mais eficiência, enquanto que, ao mesmo tempo, confia no Espírito Santo para agir por meio dele e de seus alunos”.[iii][iii] Visto que ensinar na Igreja é um processo divino-humano, um ministério que conjuntamente envolve o Espírito Santo e os professores, o preparo torna o professor um instrumento melhor, uma ferramenta mais afiada nas mãos de Deus. Depender do Espírito Santo no ensino que o crente transmite não significa estar despreparado e “deixar que o Espírito Santo fale por mim”, como se a preparação competisse com a espiritualidade. Justamente o oposto é verdade. O despreparo não é sinal de ser “mais espiritual”. Às vezes, porém, o Espírito Santo pareceu usar esforços pedagógicos parcamente preparados e manifestamente realizou muito. Como explicar este fato? Porquanto seja verdade que o Espírito Santo anule e realmente reduza a nada o serviço malfeito de um professor, a falta de preparação não é encorajada em nenhuma parte da Bíblia.
    As palavras de Paulo em 1 Coríntios 3.6: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”, deixam claro que o esforço humano é acompanhado, não substituído, pela obra divina do próprio Deus. Em vez de ser desculpa para a preguiça ou ignorância, o papel do Espírito no processo educacional proporciona um desafio para a excelência.[iv][iv]
    No Mensageiro da Paz, edição de março deste ano, nosso maior expoente da Escola Dominical nas Assembléias de Deus, pastor Antonio Gilberto, falando sobre esse assunto, afirmou que é “fundamental a dependência do Espírito Santo”, e acrescentou que o “ensinador eficiente não é simplesmente aquele que sabe lançar mão de fontes de consulta”, mas que este “deve depender do Espírito Santo para o guiar na escolha, iluminar sua mente e também conduzir o trabalho”.[v][v] Alguém pode então pensar que tudo o que foi dito até aqui não tem importância. Espere! Quando perguntaram ao pastor Antonio Gilberto “o que é mais importante para o ministério de ensino”, sua resposta foi enfática: “O mais importante é a pessoa dedicar-se mais, ou seja, não julgar que aquilo que já sabe é tudo que existe. Ao contrário, o universo de Deus nessa parte é infinito, de modo que quem ensina precisa estar aberto para aprender mais”.[vi][vi]
    Insistimos neste ponto sobre capacitação docente, por saber que “o principal responsável pelo atendimento de necessidades discentes é o professor da ED, pois as aulas podem ser elementos satisfatórios na busca de respostas espirituais”.[vii][vii] E, como dissemos em nosso mais recente artigo ― Educar adolescentes cristãos na pós-modernidade: desafio e necessidade ― publicado na Revista Ensinador Cristão (CPAD), “ser atualmente um educador cristão é algo que demanda muito mais que conhecimento e boa didática, é uma posição que reclama equilíbrio emocional e um bom relacionamento intra e interpessoal. Isso exige docentes que sejam éticos, instigadores, criativos, dedicados e profundamente interessados com as demandas educacionais do Reino”.[viii][viii]
    Nada menos que isso é suficiente para este tempo, pois é preciso que os educadores sejam como o sacerdote Esdras, do qual a Bíblia afirma que “era escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel” (Ed 7.6b). Bem, podemos até pensar que não temos nenhuma novidade na informação de que Esdras “era escriba hábil na Lei de Moisés”, pois, sabemos que o “cargo de escriba, de acordo com o que se lê no Antigo e no Novo Testamento, era ocupado somente por homens hábeis e capazes, competentes e instruídos, homens que soubessem descrever todos os acontecimentos históricos de sua época”.[ix][ix] Portanto, a “habilidade” de Esdras tinha uma origem: sua dedicação.
    Mas, o que levou Esdras a fazer a diferença? Ele não se limitou a ser apenas mais um sacerdote nem mais um escriba, pois já havia muitos em Israel. O que o destaca dos demais está registrado em três momentos do mesmo capítulo 7: a “mão do Senhor estava sobre ele” (vv. 6,9,28). Por ter um compromisso sério com Deus e com a Palavra, Esdras percebeu que se quisesse fazer alguma coisa para mudar a situação e buscar uma renovação espiritual, não poderia limitar-se a fazer apenas o que era sua obrigação.
    Qual era a função de um escriba? Responde-nos com propriedade John D. Davis em seu clássico Dicionário da Bíblia (Juerp):
    1. Notário público, Ez 9.2, empregado como amanuense para escrever o que lhe ditavam, Jr 36.4, 18, 32, e lavrar documentos públicos, 32.12.
    2. Secretário do governo para correspondência oficial e registro dos dinheiros públicos, 2 Rs 12.10; Ed 4.8. Os levitas serviam de escribas para tomar conta dos negócios com a reparação do templo, 2 Cr 34.13.
    3. Homem encarregado de fazer cópias do livro da lei e de outras partes das Escrituras, Jr 8.8. O mais notável dos escribas foi o sacerdote Esdras, doutor muito hábil na lei de Moisés e que tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para cumprir e ensinar em Israel os seus preceitos e as suas ordenanças, Ed 7.6, 10. Neste respeito é ele o protótipo dos escribas dos últimos tempos, e que era ao mesmo tempo intérprete oficial da lei. Em o Novo Testamento tem ele o nome de grammateis, ou mais exatamente, nomikoi, doutores da lei, e nomodidaskaloi, que ensinam leis. Empregam-se: (a) No estudo e interpretação da lei, tanto civil como religiosa, e nos pormenores de sua aplicação na vida prática. As decisões dos grandes escribas constituíam a lei oral, ou tradição. (b) Dedicavam-se ao estudo das Escrituras em geral, sobre assuntos históricos e doutrinais. (c) Ocupavam as cadeiras de ensino que ministravam a um grupo de discípulos [...]. A profissão de escriba recebeu grande impulso, depois que os judeus voltaram do cativeiro, quando havia cessado a profecia, restando apenas o estudo das Escrituras para servir de alicerce à vida nacional.[x][x]penas o estudo sado a profecia, restando iro, a um grupo de discipulos omo o professor das coisas de Deus.
    O diferencial é exatamente o fato de que “Esdras tinha decidido dedicar-se e estudar a Lei do SENHOR, e a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos aos israelitas” (Ed 7.10 – Nova Versão Internacional). A esse respeito nos fala o saudoso “apóstolo da imprensa evangélica pentecostal no Brasil”, Emílio Conde, em seu Tesouro de Conhecimentos Bíblicos (CPAD):
    Desde a Babilônia, os judeus se apegaram à religião para defender sua integridade nacional. Quando retornaram, o ressurgimento religioso baseou-se na Lei, a cujo estudo se dedicaram de todo o coração. Esdras foi o iniciador do movimento, porque instituiu a leitura da Torá (“Tõrãh”) aos sábados, nas festas e em todas as ocasiões públicas. A leitura era uma exposição e uma interpretação da Lei.
    Foram os escribas que, sem dúvida, fixaram o cânon do Antigo Testamento hebraico, tanto que nos séculos seguintes foram denominados de homens de Grande Assembléia. Seu trabalho principal era o de mestre e comentarista da Torá e dos demais escritos bíblicos do cânon hebraico. Assim, surgiu o “Halãkãh”, a tradição oral e o “Aggãdãh”, fruto de exegese edificante das Escrituras. Dos dois, surgiu o Talmude.
    O método que os escribas usavam para a interpretação das Escrituras era analítico, levando em conta que cada palavra ou frase da “Tõrãh” tinha um significado especial. Assim, davam uma interpretação plena e pormenorizada. Os escribas incutiram a idéia de que as formas práticas de solução estavam implícitas no Pentateuco. Essas atividades interpretativas abriram o caminho para novos estudos e maior desejo de conhecer a Lei.
    Depois de Esdras, o escriba foi classificado como tal e era versado na Torá, chamado também de doutor da lei, mestre, ou rabino (Mt 22.35; Lc 5.17). Desde que em Israel cessaram os profetas, os sábios se ocuparam profissionalmente da interpretação das Sagradas Escrituras; assim foi formado um grupo de doutores da lei, os escribas, que logo chegaram à categoria de condutores do povo.[xi][xi]
    A partir deste propósito, Esdras deixa de ser apenas um copista estatal e passa a ser então “o escriba das palavras, dos mandamentos do SENHOR e dos seus estatutos sobre Israel” (Ed 7.11), ou seja, há uma mudança de paradigma aqui que afetou não somente o próprio Esdras, mas toda a classe de escribas (contemporânea e posterior), conforme comentários supracitados, pois, eles passaram a ser professores do povo. O fato de o Senhor Jesus se referir aos escribas de forma negativa (Mt 23.1-39; Lc 11.37-53) é claramente explicável, visto que nesse tempo eles já pertenciam à seita dos fariseus, que “complementavam” a Lei com suas tradições, tornando-a obscura e sem efeito. Assim, a “função de escriba era nobre e digna, porém os que a exerciam falharam em observá-la”.[xii][xii]
    O professor de Escola Dominical não deve se menosprezar diante dos professores da escola laica ou mesmo por causa de outras funções e departamentos da igreja, mas ver-se como o professor das coisas de Deus. Um dos maiores erros cometidos ― inclusive repetidos durante muitos anos ― por quem liderava a Escola Dominical era escolher pessoas despreparadas para o corpo docente. Agora, percebe-se uma busca desenfreada pela qualidade do ensino, pois essa é a única esperança da igreja para combater as heresias e os modismos da pós-modernidade.


    [i][i] ARRINGTON, F. L. & STRONTAD, R. (Edits). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1494.
    [ii][ii] HURST, D. V. E Ele concedeu uns para mestres. 1. ed. Miami: Editora Vida, 1979, pp.48,49.
    [iii][iii] Roy B. Zuck, The Holy Spirit in Your Teaching, edição revista. Wheaton, Illinóis: Victor Books, 1984, p.75. (Nota do autor).
    [iv][iv] ZUCK, Roy B. O Papel do Espírito Santo no Ensino Cristão in GANGEL, Kenneth O. & HENDRICKS, Howard G. Manual de Ensino para o Educador Cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.95.
    [v][v] GILBERTO, Antonio. Cinco décadas dedicadas ao ensino. Mensageiro da Paz, ano 77, edição 1.462, março de 2007, p.13.
    [vi][vi] Ibidem.
    [vii][vii] CARVALHO, César Moisés. Artigo: Marketing na Escola Dominical. Novo Paradigma para administração da Educação Cristã. Revista Ensinador Cristão. Ano 7; nº25. Rio de Janeiro: CPAD, jan/fev/mar de 2006, p.9.
    [viii][viii] _______________________. Artigo. Educar adolescentes cristãos na pós-modernidade: desafio e necessidade. Revista Ensinador Cristão. Ano 8; nº30. Rio de Janeiro: CPAD, abril/mai/junho de 2007, p.9.
    [ix][ix] CONDE, Emílio. Tesouro de Conhecimentos Bíblicos. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1990, p.241.
    [x][x] DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. 16.ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1990, p.192.
    [xi][xi] Ibidem, pp.242-43.
    [xii][xii] Ibidem, p.244.

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 1º Trimestre de 2013
Elias e Eliseu - Um ministério de poder para toda a igreja
  • Lição 1- A apostasia no reino de Israel

    INTRODUÇÃO
    I. AS CAUSAS DA APOSTASIA
    II. OS AGENTES DA APOSTASIA
    III. AS CONSEQUÊNCIAS DA APOSTASIA
    IV. APOSTASIA

    CONCLUSÃO

    A MONARQUIA EM 1 E 2 REIS

    Por
    Homer Heater, Jr.

    Para entendermos a atitude do historiador [de 1 e 2 Reis] para com a monarquia depois de Davi, é necessário observarmos a sua perspectiva teológica. Os livros de 1 e 2 Reis foram compostos de várias fontes. Os primeiros dois capítulos são a conclusão da história da sucessão, mostrando que Deus escolhera Salomão para suceder Davi, seu pai. A seção sobre Salomão (1 Reis 3-11) é derivada do livro dos anais de Salomão (1 Rs 11.41).
  •  Os registros da corte dos reinos do norte e do sul fornecem grande parte dos dados que compõem os livros. Certos estudiosos propõem que a declaração na Septuaginta em 1 Reis 8.53 (no Texto Massorético [TM] é 1 Rs 8.12) foi extraído do livro de Jasar (o justo?) que também é mencionado em Josué e 2 Samuel.
  • As seções exclusivas sobre Elias e Eliseu vieram de uma única fonte. A data mais recente para a composição final de 1 e 2 Reis é 560 a.C., o último evento datado no livro, que se refere à elevação de Joaquim no cativeiro pelo Evil-Merodaque.
  • LaSor e outros estudiosos arrazoam que a composição foi feita logo após a queda de Jerusalém em 586 a.C., e que o último evento é um apêndice posterior. 

  •  Assim, mais de 500 anos são abrangidos nesta pesquisa histórica.
    Durante esse meio milênio houve mudanças dramáticas em Israel e no mundo do Oriente Médio. Todo este material foi reunido e comentado por um escritor que falava da perspectiva do término da monarquia e da destruição do Templo e cidadela de Davi. Um dos propósitos de 1 e 2 Reis é explicar o desastre e dar esperança para o futuro. Há um conjunto extenso de referências ao concerto davídico ou ao ideal davídico (aproximadamente 16 passagens). Os comentários avaliadores feitos ao longo do trabalho são do ponto de vista profético.

    Keil tem razão em enfatizar o ponto de vista “profético-histórico” em lugar do ponto de vista “profético-didático”. “O desenvolvimento histórico da monarquia ou, para expressá-la mais corretamente, do reino de Deus sob reinado dos reis, forma o verdadeiro tema de nossos livros”. Vemos a ênfase teológica dos livros principalmente nos comentários do escritor profético, mas também a identificação nas ações e palavras dos participantes.

    Texto extraído da obra “Teologia do Antigo Testamento”, editada pela CPAD.