segunda-feira, 24 de junho de 2019

Lição 12 - 2º Trimestre 2019 - O Governo da Igreja Local - Jovens.

Lição 12 - O governo da igreja local

2º Trimestre de 2019 
Introdução
I-O poder de julgamento da igreja local;
II-O poder institucional na igreja local.
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Mostrar o poder de julgamento da igreja local;
Refletir a respeito do poder institucional na igreja local.
Palavras-chave: Cobiça e soberba.
Por Pr. Natalino das Neves
A nova comunidade cristã em Corinto estava em fase de adequação da antiga vida de promiscuidade e corrupta que imperava na grande metrópole com a nova vida com base no evangelho de Cristo. Os membros que se envolviam em conflitos buscavam os tribunais romanos para julgarem suas causas. Paulo defende a independência de julgamento da igreja nesses casos e orienta a igreja. 
I. O Poder de Julgamento da Igreja Local 
Paulo propõe um modelo inovador para resoluções de litígios cristãos 
O conflito faz parte da realidade constante da vida do ser humano. Esse foi o motivo da carta de Paulo aos coríntios, onde ele apresenta uma série de conflitos como: a) a divisão partidária dos membros da igreja (1 Co 1); b) o escândalo do incesto e a convivência da igreja (1 Co 5); c) conflitos entre irmão sendo submetidos aos tribunais pagãos (1 Co 6); d) Libertinagem e prostituição (1 Co 6); e) práticas pagãs no relacionamento conjugal e sexual (1 Co 7); f) possibilidade ou não de comer carnes sacrificadas aos ídolos (1 Co 8 e 10); g) a participação das mulheres na celebração do culto (1 Co 11); participação da Ceia do Senhor sem solidariedade (1 Co 11); utilização dos dons espirituais (1 Co 12 e 14); ceticismo quanto à ressurreição (1 Co 15). Para todos os conflitos, inclusive a submissão dos conflitos internos aos tribunais pagãos, o apóstolo apresenta proposta de espiritualidade e autonomia da igreja em relação ao poder imperial. Para ele, a comunidade cristã possui uma sabedoria superior à sabedoria “dos poderosos desta época, que se reduzem a nada” (1 Co 2.6, ARA). 
Considerando o sistema ideológico e dominante greco-romano, Paulo apresenta uma forma inovadora de gestão independente e exclusiva para a comunidade cristã. Segundo Ferreira, nesse modelo estão presentes duas propostas basilares:
Essa perícope (vv. 1-11) deixa entrever uma postura ultraconsciente do apóstolo. Ele apostou em algo, totalmente novo. O modo de produção escravagista romano e a sociedade elitista grega não conheciam e nem tinham experiência do que Paulo sugeriu aqui. Ele propôs à comunidade de Corinto duas coisas fundamentais: a) a solidariedade do grupo; b) que a comunidade de Corinto resolvesse, autonomamente, seus assuntos internos, deixando de lado, a interferência do Estado. (FERREIRA, 2013, p. 90)
Paulo era um homem culto e sabia que para uma sociedade como da grande metrópole corintiana era preciso um sistema jurídico para controlar os potenciais litígios. Uma cidade com diversidade tão acentuada de classes sociais, culturais e ideológicas era uma fonte de conflitos, em especial com a crescente classe de novos ricos, principais usuários do sistema jurídico imperial. No entanto, o apóstolo entendia que muitos desses conflitos poderiam ser resolvidos dentro da comunidade cristã, sem interferência do Estado. Assim, Paulo reconhece a importância desse processo de julgamento romano para a sociedade secular, porém destaca que a igreja tem um papel de julgamento superior ao do estabelecido no mundo secular. Ele faz isso numa perspectiva escatológica (Dn 7.22; 1 Ts 4.16,17; Mt 19.28; Lc 22.28-30), pois afirma que a igreja vai julgar o mundo (1 Co 6.2), como também os anjos (1 Co 6.3; Jd 6; 2 Pe 2.4). Uma forma de valorizar o poder de resolução de problemas que a igreja pode exercer para resolver seus conflitos internos, sem a necessidade de envolver pessoas externas a ela. Se a igreja tem essa prerrogativa futura de julgamento do mundo e dos anjos, os problemas internos gerados por rixas entre os irmãos, comum em qualquer grupo humano, poderiam muito bem ser resolvidos pelas autoridades eclesiásticas e de forma justa. Paulo não estava incentivando a comunidade a se isolar totalmente do mundo secular, mas que ela pudesse se blindar das injustiças deste. Como afirma Ferreira (2013, p. 92) “estando vivendo na sociedade desigual e injusta, os cristãos precisavam criar mecanismos de sobrevivência dentro da própria comunidade na base da justiça”.
Paulo, com riqueza literária, utiliza da ironia ao afirmar que o mais desprezível dos membros da igreja teria melhores condições de julgamento do que os poderosos juízes romanos, uma vez que como tementes a Deus teriam como base de julgamento os princípios cristãos (v.4). Ele questiona se não havia na comunidade pessoa sábio o suficiente para julgar as rixas internas da comunidade (v. 5), em vez de submeter conflitos internos ao julgamento de injustos (v. 6). Por isso, ele propõe que as questões entre os irmãos fossem julgadas dentro do ideal igualitário cristão, sem favorecimentos injustos, tendo como base os princípios da fé cristã e Deus como o soberano sobre todos. 
O universo jurídico romano e a organização da igreja local
O sistema judicial atual herdou muito do sistema jurídico e social do Império Romano. Os romanos tiveram de desenvolver uma estrutura que atendesse a sociedade que era nitidamente litigiosa devido a complexidade de gestão e um império tão abrangente como o romano. Paulo deixa claro que no universo jurídico romano a prática da injustiça era comum. As decisões eram tomadas com objetivo de favorecer os patronos ricos, que ele os denomina como “poderosos”. Keener (2005, p. 52) afirma que a maioria dos processos litigiosos daquela época estava relacionada a questões de propriedade entre os ricos, sendo que algumas rixas eram simplesmente pretextos para vingar agravos e perseguir pessoas consideradas inimigas. Dessa forma, as questões precisavam ser intermediadas pelo sistema jurídico romano, que dava a palavra final de resolução do problema. Todavia, a jurisprudência não era exercida com imparcialidade pelos representantes da “justiça romana”, pois a sociedade romana ficou conhecida por ser corrupta e ter por comum a prática do suborno. 
Segundo Costa e Rodriguez a igreja local era uma cópia do modelo do Estado:
A igreja doméstica funcionava como núcleo da comunidade cristã. A família era maior do que as nossas famílias de hoje. Havia familiares, clientes, sócios, escravos. Era como uma miniatura do Estado. [...] a igreja se adaptou à organização do Estado e isso trouxe muitas consequências, especialmente para a liderança da comunidade. O cabeça da família, chamado paterfamilias, exercia autoridade legal sobre o grupo cristão daquele lugar. O domínio natural do paterfamilias nas igrejas domésticas explica muito do patriarcalismo que dominou a Igreja desde as suas origens. Por outro lado, dentro da igreja doméstica, a mãe de família, muito provavelmente, tinha função significativa. [...] Na maioria das vezes, a conversão do paterfamilias, por causa de sua autoridade, era acompanhada de todos os componentes da sua casa. Isso explica a variedade de nível social e cultural dos componentes das primeiras comunidades cristãs, e fazia a diferença entre o Cristianismo e as associações religiosas greco-romanas que agregavam, separadamente, pessoas de alto nível, pessoas das classes inferiores, ou ainda, só mulheres. (COSTA E RODRIGUES, 2008, p. 116-118) 
Como visto a família não era somente dos parentes próximos, mas também os agregados. As decisões passavam pela figura do cabeça da família e quando esse se convertia toda a casa deveria segui-lo. O que poderia caracterizar algumas falsas conversões. O modelo familiar seguia o modelo do Estado, todavia algumas evoluções nos relacionamentos interpessoais ocorreram nas famílias que se converteram ao cristianismo. A mulher passa a ter um papel mais significativo e as conversões das famílias, formadas por várias classes sociais, passam a se congregar em conjunto nas reuniões religiosas, diferente do que ocorria no modelo estatal. A igreja local passa a ser um conjunto dessas famílias, com isso um grande desafio na nova forma de relação entre os diversos membros. 
A pregação cristã da solidariedade e o projeto da igualdade certamente influenciou o pensamento das pessoas de menor poder aquisitivo e cultural, que vislumbravam a possibilidade de ascensão e mais liberdade dentro da nova comunidade. Por outro lado, os líderes das famílias passam a ser questionados quanto à manutenção do modelo estatal hierarquizado e opressor. Na sociedade greco-romana o homem prevalecia sobre a mulher, os pais sobre os filhos e os senhores sobre os escravos. A mudança de comportamento e relacionamento proposto pelo evangelho contrastava muito com a cultura do império. A cultura não se muda de um dia para o outro, a evolução é lenta. Todavia, Paulo insiste nos princípios do evangelho e na mudança de estilo de vida dentro das famílias e entre as famílias da comunidade. Em uma comunidade cristã nova como a de Corinto os conflitos e a busca dos “direitos” institucionalizados pelo império seriam inevitáveis, mas o apóstolo não poderia desanimar diante desse desafio. Ele insiste na implantação e manutenção dos valores do evangelho.
O poder de julgamento da igreja estava condicionado à prática da justiça 
O modelo estatal continuava influenciando nos relacionamentos dentro da comunidade cristã. A resposta de Paulo foi radical, apontando para a justificação em Jesus (v. 11). Justificação, ponto central da teologia da cruz que desfaz toda a ideologia imperial de desigualdade social, competição e endeusamento da liderança. 
Se havia conflito e rixas a serem levadas a julgamento era porque alguns continuavam tirando vantagens dos próprios irmãos da comunidade. No entanto, Paulo afirma que tantos os que estavam causando danos como os lesados estavam errados. Em 1 Coríntios 6.7 ele incentiva aqueles que foram lesados a sofrerem a injustiça sem buscar os recursos jurídicos, recorrendo assim aos ensinamentos de Cristo no Sermão da Montanha (Mt 5.39s), o que reforça também em 1 Tessalonicenses 5.15. Quem abre mão assim de seus direitos? No entanto, em muitas situações o prejuízo será menor se assim proceder. Pelo menos, essa era a recomendação de Paulo para o caso específico que estava ocorrendo na comunidade de Corinto. Naquela época, os juízes ficavam às portas das cidades para julgar questões, quando procurados por aqueles que se diziam lesados. Os cristãos estavam procurando esses juízes, em vez de tratar primeiro dentro da comunidade cristã. Uma vez recorrido aos tribunais da cidade o relacionamento dos envolvidos, incluindo suas famílias, estaria comprometido. Considerando a cultura da época de como era arranjadas as famílias, um percentual significativo da igreja poderia se envolver e o prejuízo para o Reino seria grande. Então, Paulo se volta para os defraudadores dos irmãos e adverte o comprometimento da vida eterna com Deus devido às injustiças praticadas. O comportamento deles não estava coerente com o novo relacionamento que o cristão deve ter com Deus e seu próximo. A reprimenda paulina é forte, ele iguala quem defrauda o irmão com os: a) devassos; b) idólatras; c) adúlteros; d) efeminados; e) ladrões; f) avarentos; g) bêbados; h) os maldizentes (v. 9,10). Portanto, todos debaixo da mesma condenação. Em 1 Coríntios 6.1 o termo injusto é empregado para se referir aos juízes dos tribunais romanos, agora em 1 Coríntios 6.9 o mesmo termo é empregado aos próprios cristãos que cometem injustiça. Portanto, colocados em pé de igualdade. Assim, aquele que procede da maneira dos juízes injustos também não tem condições de julgar dentro da comunidade. Se não suportar pacientemente a injustiça de irmãos é considerada uma atitude errada para um cristão, quão pior é praticar a injustiça, por isso o teor da reprimenda do apóstolo. 
Todos os pecados citados por Paulo certamente fizeram parte do estilo de vida anterior de um ou outro membro da comunidade de Corinto. Logo, o apóstolo incita os seus ouvintes a reconhecer a graça divina a seu favor, que os havia resgatado de uma vida de miséria espiritual por meio do perdão de seus pecados. Uma vez justificados, eles não deviam se submeter a uma nova condenação. Uma vez santificados não deviam se contaminar novamente com o pecado. Uma vez lavados não deviam se sujar com as imundícias da carne. O texto não fala quais eram os litígios que os irmãos estavam levando aos tribunais romanos, mas é possível que fossem questões irrelevantes e sem maiores implicações pessoais, inclusive com base nos novos princípios recebidos pelo cristianismo. Consequentemente, as pessoas mais indicadas para resolver esses conflitos seriam os próprios líderes da comunidade. Mas, se mesmo assim as partes envolvidas não entrassem em acordo? Seguramente, os conflitos judiciais seriam inevitáveis. E hoje, quais questões deveriam ser tratadas nas igrejas? A igreja está estruturada para tratar dos assuntos internos? São questionamentos que ficam para reflexão. Embora haja questões que, por lei, têm que ser submetidos às autoridades legais, outras podem ser tratadas por líderes cristãos qualificados na igreja.
II. Advertências sobre o Uso do Poder na Igreja Local 
Para abordar o tema do uso do poder local será analisado o texto da Primeira Epístola de Pedro que foi enviada a outra comunidade cristã. Os destinatários da epístola viviam em uma situação de pobreza e marginalidade social, além das perseguições dos romanos, judeus e comunidade local. Por isso, Paulo recomenda aos líderes locais um tratamento amoroso e justo de seus membros.
Os destinatários da Primeira Epístola de Pedro
A epístola foi destinada aos estrangeiros espalhados pelas regiões da província romana da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia (região ocidental da Ásia Menor) e Bítinia (1.1; 2.11). Região do oriente da província onde a urbanização promovida pelos romanos não teve o mesmo êxito do que outras grandes cidades como Éfeso, Colossenses, Gálatas, entre outras. A população se concentrava na zona rural ou em vilarejos. Portanto, pequenos povoados. Além disso, eram estrangeiros, uma condição de não cidadãos naquela sociedade, uma posição não privilegiada entre os habitantes (1.17). Nogueira (2012, p.23) afirma que o termo grego utilizado para designar peregrinos e forasteiros é paroikoi que significa “estrangeiros que tinham adquirido o direito de residência, mas que ainda não desfrutavam do direito da cidadania. [...] Entre os direitos de que eram excluídos, contam voto, posse da terra, casamento com cidadãos, herança e transferência de bens”. Em 1 Pedro 2.11 ainda temos a expressão grega parepidemoi, uma minoria, que eram estrangeiros que nem sequer tinham o direito de permanecer no país. Já em 1 Pedro 2.13-17 há uma referência a escravos domésticos (oiketai), e como não existe menção a senhores pode sugerir que não havia pessoas ricas na comunidade. Portanto, uma situação de pobreza e marginalidade social. 
Judeus da diáspora espalhados pelo mundo, escolhidos como povo exclusivo segundo a presciência de Deus Pai (At 7.6; 13.17; 1 Pe 1.1,2), resgatados pelo sangue de Cristo e novas criaturas (1.18-23). Eles assumem a condição de pobres e estrangeiros, mas dão um novo sentido, de herdeiros de uma herança que dinheiro ou bens nenhum pode comprar. Eles são agentes de libertação, diferente do antigo concerto de sacerdócio centralizado, todos são sacerdotes (2.5-10). Desprezados pelo poder imperial, mas integrantes do povo do Deus Todo-poderoso.
Como se não bastasse a condição social da comunidade cristã nessas regiões, eles enfrentavam também perseguições. Os cristãos eram perseguidos pelos romanos, que os consideravam como povo de desprezível superstição e pervertores da moral e da ordem romana. Depois tinha a perseguição das lideranças judaicas, que perseguiam os cristãos por motivos religiosos e políticos. Os cristãos não se submetiam a algumas práticas judaicas e nem as práticas romanas. Os romanos por longo período classificavam os cristãos como uma ramificação do judaísmo. Por isso, os judeus, em algumas situações, para manterem a boa relação de poder e política com os romanos denunciavam os cristãos às autoridades romanas (At 13.45-52; 14.2; 17.6,7).  O terceiro tipo de perseguição era da própria população local das províncias, quer por motivos sociais (grande maioria de pobres) ou pela diferença de práticas religiosas e políticas. Nogueira (2012, p. 33) afirma que “Só Roma tinha autoridade e poder para executar e prender. Mas nem sempre era Roma que iniciava um processo de perseguição”. 
Os destinatários da carta recebem a orientação de praticarem o bem a todos, pois se os opositores falassem mal deles ou os perseguissem veriam suas boas obras. Assim, o sofrimento deles não seria em vão, pois estavam dentro da vontade de Deus (1 Pe 2.12; 3.13-17). Era comum aos cristãos serem caluniados injustamente (1 Pe 4.12,15,16; 5.9) e o principal motivo das infamas era o estilo de vida separado da sociedade (1 Pe 4.3,4). Desse modo, a maioria das perseguições sobre os destinatários da epístola eram difamatórias. No entanto, em uma carta escrita cerca de 110 d.C. por Plínio (responsável por reorganizar a província da Bitínia) ao imperador Trajano é mencionado que os cristãos que não adoravam a imagem do imperador, dos deuses e blasfemassem a Cristo eram executados. Este é o “fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos” (1 Pe 4.12).
Portanto, os destinatários da Primeira Epístola de Pedro eram marginalizados, em sua maioria estrangeiros residentes de baixa condição social, destituídos dos direitos de cidadania e sem poderem participar da vida pública. A fé cristã era considerada supersticiosa e prejudicial ao sistema romano. Além disso, os membros da comunidade eram caluniados e discriminados pela sociedade local e que nos momentos de perseguição eram entregues aos romanos que tinham poder para prender e matar. Um grupo que vivia debaixo de grande opressão e sofrimento, cuja esperança estava em Deus e no Crucificado, cuja resignação ao sofrimento eles tinham por modelo (1 Pe 2.19-25). Tudo isso é tido pelo autor como motivo de alegria por estarem participando dos sofrimentos de Cristo (1 Pe 4.13).
O sofrimento imposto pelo poder imperial como tema principal da epístola
O problema do sofrimento é o tema central da epístola. Ao conhecer os destinatários da epístola já foi evidenciado como a comunidade cristã, receptora do escrito, espalhada pelas cinco províncias da Ásia Menor era marginalizada e sofria por se identificar com a fé cristã. A epístola tem o propósito de encorajar os destinatários a manterem a fé mesmo diante das adversidades e perseguições. A referência era o sofrimento de Cristo, mas a caminhada não seria em vão. Inclusive, os escravos são exortados a se submeterem aos seus senhores, mesmos os maus (1 Pe 2.18). 
Para muitos parece uma loucura ou uma vida fanática. Muitas palavras e orientações da epístola são difíceis de ouvir, principalmente por alguém do século XXI, época em que a defesa dos direitos humanos tem avançado nas discussões entre as principais nações do mundo. Como explicar uma comunidade que sofre as piores humilhações e perseguições, vivendo praticamente uma vida de miséria social, receber de bom grado uma orientação para se alegrarem? Como se animar “simplesmente” com a afirmação de que a vida que estavam levando fazia deles participantes dos sofrimentos de Cristo? 
A comunidade é incentivada a manter sua fidelidade a um Crucificado com base na promessa de que teriam uma vida eterna com Deus. Para reforçar a fé e a perseverança da comunidade a epístola evoca a memória e a tradição do apóstolo Pedro. Coluna da Igreja Primitiva, que por ciúme e inveja de seus adversários foi perseguido, mas sustentou o seu combate pela fé até a morte para alcançar o lugar da glória prometido por Jesus. Pedro como um exemplo de paciência durante a submissão a um sofrimento imposto de forma injusta. Uma pessoa que experimentou o mesmo destino de Cristo, o sofrimento por martírio. Afinal ele foi “testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que se há de revelar” (1 Pe 5.1). O sofrimento é visto como uma virtude, uma demonstração de perseverança e fé cristã. 
O exemplo de Pedro é fortalecido por um exemplo superior, o de Jesus. Inspirado no texto de Isaías 53, conhecido como o cântico do “servo sofredor” e relido no Novo Testamento como referência ao sofrimento de Cristo. O autor, em 1 Pedro 2.21-25, fundamenta a fidelidade mesmo no momento de adversidade, diante do sofrimento injusto imposto pelo poder imperial e seus aliados. Ele afirma que Jesus sofreu injustamente pela comunidade e deixou o exemplo a ser seguido. Ele não havia cometido pecado algum e falava a verdade, mesmo assim foi condenado injustamente sem ameaçar ou revidar, confiando naquEle que julga com justiça. Jesus sofreu injustamente por amor a humanidade para que pessoas fossem libertas e seguissem seu exemplo, influenciando para que outras pessoas também possam ser vivificadas. Nogueira (2012, p. 48) assevera que o sofrimento pode “ser comparado a uma semente que morrendo, dá vida. [...] O exemplo de Jesus diz como devem se comportar os cristãos que sofrem. Diz também que é um sofrimento que dá vida a outros”. 
Comentar sobre o sofrimento dos cristãos primitivos e reforçar as orientações da epístola parece ser utopia. Viver realmente a situação deles e seguir as orientações bíblicas não é tão simples assim, exige muita disciplina e esperança que produz fé. No entanto, o autor afirma veementemente que o sofrimento por causa da justiça (1 Pe 3.14) é a vontade e o projeto de Deus para a comunidade cristã (1 Pe 3.17; 4.19), como consequência de se fazer o bem e praticar a justiça de Deus (1 Pe 2.15; 4.12,13), a exemplo de Jesus (1 Pe 2.24). Por esse motivo, o autor coloca uma esperança na vida da comunidade. Ele afirma que se Deus estava permitindo o sofrimento de seu povo daquela maneira, o julgamento daqueles que não obedecem ao Evangelho de Deus seria terrível (1 Pe 4.17-19). Dessa forma, cria-se a expectativa de que a libertação estava a caminho (1 Pe 5.9-11; Ap 14.7).  A Primeira Epístola de Pedro mostra que depois da provação vem a salvação, e que o sofrimento dos justos é a predição da libertação divina.  
Advertência contra o abuso do poder eclesiástico
Diante de tantos sofrimentos e discriminação, os cristãos veem na igreja um lugar em que podiam se sentir em família, entre irmãos e irmãs. Nascidos de novo (1 Pe 1.23) e filhos de um mesmo Pai (1 Pe 1.14,17), ou seja, filhos de Deus e irmãos uns dos outros. Participantes do povo de Deus (1 Pe 2.10) e abrigados na casa de Deus (1 Pe 4.17). Em uma situação de crise e pobreza, eles são advertidos à oração e a uma vida de comunhão e amor mútuo, além da hospitalidade para com a comunidade de peregrinos e estrangeiros e o serviço voluntário uns aos outros para que Deus fosse glorificado, por meio de suas vidas (1 Pe 4.7-11). Uma forma de distribuição de poder compartilhado, um sacerdócio comum (1 Pe 2.9), cada membro da comunidade um administrador da graça de Deus (1 Pe 4.10). Na sociedade secular eles não tinham praticamente nenhum poder ou direito, mas na comunidade cristã eles exercem a cidadania celeste e distribuem o poder. Assim, a comunidade cristã Anuncia o Reino de Deus, uma sociedade onde todos são iguais e da mesma família. A epístola incentiva a vida comunitária, onde um grupo sofrido e discriminado se une, soma forças, oferece apoio a cada membro, vive sem a imposição exploratória e desumana do poder, que era o modelo do império romano e predominava na sociedade secular. Um ambiente de alento e segurança, em um ambiente em que estar presente era motivo de alegria e satisfação, bem diferente do ambiente externo. 
Todavia, a Segunda Epístola de Pedro, mostra que essa realidade não perdurou por muito tempo e apresenta um ambiente bem diferente de disputa por espaço e poder representativo entre a liderança, daí surgem os vários temas de conflito (político, econômico, geopolítico, teológico, cultural, gênero, entre outros). Uma das grandes preciosidades da Bíblia é a exposição da realidade vivida pelas comunidades e pelos autores, e não somente as concordâncias com a doutrina e comportamento esperado dos cristãos. Ela mostra também os comportamentos imorais e desprezíveis como forma de alerta e advertência para que os cristãos não sigam esse exemplo. Na Segunda Epístola, a comunidade passa a ser vítima de falsos mestres, avarentos e propagadores de fábulas complicadas, heresias e do ceticismo quanto à volta de Jesus (1,15-19; 2.1-3; 3,1-4). Além da preocupação com o crescimento de um espírito de anarquia (antinomianismo — lei moral não é obrigatória aos cristãos), o desprezo pelos anjos e divergências sobre escatologia (2.10-22). Além do abandono da fé por alguns membros ainda ativos na comunidade. 
A admoestação de 1 Pedro 5.1-4 não deixa claro se o comportamento reprimido já ocorria na comunidade ou era uma alerta para o futuro. Provavelmente, o comportamento reprovado pelo apóstolo já acontecia. Os líderes são advertidos a apascentar o rebanho de Deus com cuidado, sem autoritarismo e nem por avareza para alcançar a glória que se há de revelar aos salvos. Na estrutura da igreja são colocados líderes que se destacam na comunidade, que era sofrida e estava passando por várias tribulações, não para aumentar a exploração e opressão, mas para serem administradores da graça de Deus sobre a família cristã, amparar e oferecer refrigério para tanto sofrimento. No entanto, infelizmente, em um ambiente de opressão e dominação como era o sistema greco-romano, existe a tendência de produzir seres ambíguos, enquanto oprimidos e subjugados veem na figura do opressor uma figura a ser conquistada, uma posição almejada. “Estes, no exercício do poder, serão influenciados por essa ambiguidade em suas ações e atitudes” (NEVES, 2013, p. 59). Na primeira oportunidade, reproduzem as práticas de seus opressores. Lamentavelmente, muitas pessoas que alcançam posição de poder na vida secular, por diversos motivos, veem a igreja como uma possibilidade de ascensão. Quando alcançam seu intento, tratam os membros da congregação de forma autoritária com objetivo de tirar vantagens. Estes não serão tomados por inocentes no Dia do Julgamento, quer na vida presente ou no fim dos tempos. Para um cristão é muito mais difícil aceitar a exploração interna, já que é pior do que a externa. Por isso a recomendação do autor aos jovens é para que se humilhem diante de Deus, confiem no poder do seu amor e entreguem nas mãos dEle todas as suas preocupações, pois Ele cuida dos seus (1 Pe 5.5,6). A comunidade cristã sempre passou por perseguições e humilhações, todavia a nossa prioridade deve ser a nossa salvação.
*Adquira o livro do trimestre. NEVES, Natalino. Cobiça e Orgulho: Combatendo o desejo da Carne, o Desejo dos Olhos e a Soberba da Vida. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens  
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Lição 12 - 2º Trimestre 2019 - A Nuvem de Glória - Adultos.

Lição 12 - A Nuvem de Glória 

2º Trimestre de 2019
ESBOÇO 
I – A COLUNA DE NUVEM: A GLÓRIA DIVINA SOBRE ISRAEL (Êx 40.34)
II – A SHEKINAH QUE ESTEVE PRESENTE NAS PEREGRINAÇÕES DE ISRAEL 
III – ALGUMAS LIÇÕES PARA HOJE
SOBRE “GLÓRIA”
“Essencial ao uso da palavra no Antigo Testamento é a ideia da glória do Senhor (Is 6.3). Nesse sentido, a glória está ligada à revelação, e consiste na manifestação da natureza de Deus. O assunto específico de Isaías 6 é a revelação da santidade, e a majestosa santidade e glória de Deus, que estão intimamente  relacionadas. Algumas vezes, no Antigo Testamento, esta manifestação aproxima-se de uma aparição física irresistível de glória, esplendor ou brilho (Lv 9.23; Êx 33.18ss.). Teologicamente, isto é representado pelos termos ‘presença’, ou ‘glória Shekina’.
No Novo Testamento, a glória do Senhor é vista em conexão com Jesus Cristo de várias maneiras. A narrativa do nascimento no relato de Lucas mostra que o primeiro advento do Messias foi marcado pela aparição da glória do Senhor (Lc 2.9,14,32). Esta glória, a soma de toda a perfeição da Trindade, esteve velada durante a transfiguração (Lc 9.28.ss.), e em momentos cruciais do ministério de Cristo (Jo 2.11; 11.40). Em Hebreus 1.3, delineia-se Jesus Cristo como o resplendor ou a radiação da glória de Deus. 
Pela graça soberana, o crente do Novo Testamento é visto compartilhando essa glória até certo ponto (Rm 8.30; 2 Co 4.6). Na ressurreição, o crente será transformado e assim será semelhante ao Salvador glorificado, em uma condição muito superior àquela que ele percebe ou imagina agora, e irá compartilhar a glória escatológica de Cristo (1 Pe 5.4; Ap 21.23). Cada crente estará livre da natureza pecadora e decaída, e terá um corpo ressuscitado.  
(Trecho extraído “Dicionário Bíblico Wycliffe”, editado pela CPAD) 
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quinta-feira, 13 de junho de 2019

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - O Papai do Céu Cuida da Minha Igreja - Berçário.

Lição 11 - O Papai do Céu cuida da minha igreja!

2º Trimestre de 2019

Objetivo da lição: Levar a criança a reconhecer, através das atividades e exposições, que a igreja é a Casa de Deus.
É hora do versículo: “[...] Vamos à casa de Deus [...]” (Sl 122.1).
Nesta lição, as crianças reconhecerão que o Papai do Céu criou as pessoas, o mundo e também a igreja. Além de criar tudo isso, Ele também cuida de nós, como também cuida da nossa igreja! Como Ele faz isso? O Papai do Céu é poderoso e sabe como fazer.
Para que os bebês visualizem melhor, no imaginário infantil, o Papai do Céu cuidando da igreja isso, faça cópias da imagem abaixo e distribua para eles colorirem com giz de cera. Chame a atenção deles para a imagem de Jesus abraçando o templo para eles entenderem o cuidado divino através de seu abraço. 
jesuscuidadaigreja licao11 bercario
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Editora da Revista Berçário

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - Jesus Também Orou - Maternal.

Lição 11 - Jesus também orou

2º Trimestre de 2019
Objetivo da lição: Que o aluno compreenda que Jesus orou e ensinou a respeito da oração. 
Para guardar no coração: “Orem sempre” (1 Ts 5.17).
Perfil da criança
Duas características espirituais importantes da criança do maternal: Desenvolvem uma consciência sensível. Quando ensinadas a respeito do pecado, inquietam-se com ele e temem ofender a Deus, pois desejam agradá-lo em tudo. O professor deve ensinar sobre o perdão divino e as maneiras de se agradar ao Papai do céu.
Aceitam a Jesus como Salvador pessoal. Procure sempre introduzir na lição o ensino sobre o pecado, que nos separa de Deus, e o meio que Ele providenciou para nos salvar do pecado e unir-nos a Si: a morte e a ressurreição de seu Filho Jesus. Em seguida, faça o apelo (Marta Doreto).”
Subsídio Professor
“O Mito do Período de Atenção
Existem muitas fórmulas para se chegar ao tempo de atenção das crianças, em termos de minutos. A mais comum consiste em utilizar a idade da criança mais um. Ou seja, uma criança de três anos teria um período máximo de atenção de quatro minutos. Isto não só é um mito, como também é um meio inútil de se raciocinar com relação à atenção. Em vez de refletirmos sobre a atenção infantil em termos de minutos, deveríamos considerá-la sob o prisma das tarefas. A tarefa que propomos está num nível de dificuldade apropriado para o nosso aluno? Ele a realiza até o fim? Com o nível de dificuldade adequado, uma criança pode, e frequentemente consegue, dar atenção à atividade proposta. Precisamos aprender a nos concentrar na atenção infantil, não no tempo da atenção infantil” (BEECHICK, Ruth. Como Ensinar Crianças do Maternal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp. 17,18). 
Oficina de Ideias 2
Exponha os visuais no quadro ou na parede. Peça que um aluno(a) aponte nos visuais a figura da criança que está orando, falando com o Pai do Céu. Se ele(a) acertar, a classe deverá bater palmas. Faça perguntas à turma acerca da oração, como por exemplo: “Jesus orava?” “Você gosta de orar?” “O que é orar?” Repita a brincadeira com outros alunos.  
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista de Maternal

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - Jesus Anda Sobre as Águas - Jd. Infância.

Lição 11 - Jesus anda sobre as águas

2º Trimestre de 2019
Objetivos: Os alunos deverão identificar a importância de confiar plenamente no poder de Deus e de jamais duvidar. 
É hora do versículo: “Sem fé ninguém pode agradar a Deus [...]” (Hb 11.6).
Nesta lição, as crianças continuarão aprendendo que Jesus é poderoso. Dessa vez, Jesus anda sobre as águas! Que maravilha! Pedro também quis fazer o mesmo que Jesus e andou sobre as águas. Mas Pedro não confiou totalmente e quase afundou.
Enfatize que Deus se alegra ao ver que confiamos em seu poder. O único modo de agradá-lo é ter fé. O medo fez Pedro duvidar. Ele sentiu o vento forte, viu as ondas que batiam com força, e deixou de prestar atenção em Jesus. As situações difíceis não podem nos desviar de crer no poder de Deus. Mesmo com tudo contrário ao redor, devemos continuar caminhando em direção a Jesus, sem duvidar.
Como atividade complementar, após a realização das atividades propostas na revista do aluno e do professor, e caso haja tempo, sugerimos que você imprima a folha a seguir ilustrando a cena que representa o momento em que Pedro anda sobre as águas e entregue para as crianças colorirem. 
jesus licao11 jardim
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Editora da Revista Jardim de Infância

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - Uma Situação Complicada - Primários.

Lição 11 - Uma Situação Complicada

2º Trimestre de 2019
Objetivo: Conscientizar o aluno de que Deus deseja mudar a nossa mente através do seu amor e poder.
Ponto central: Deus nos transforma mediante o seu amor e poder.
Memória em ação: “É preciso que o coração e a mente de vocês sejam completamente renovadas" (Ef 4.23).
Querido (a) professor (a), no próximo domingo vamos falar aos pequeninos de um tema um pouco abstrato: a renovação que o Espírito Santo opera em nossas mentes e corações. E como explicar para os pequeninos o mistério desta transformação, mencionada no nosso “Memória em Ação” e também muito conhecida através do alerta do apóstolo Paulo aos crentes de Roma e a todos nós:
Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês” (Romanos 12.2).
Deus tem planos bons, agradáveis e perfeitos para seus filhos. Ele quer que nos transformemos em pessoas com mentes renovadas, que vivam para obedecê-lo e honrá-lo. Tendo em vista que Deus deseja somente o melhor para nós e deu seu Filho para tornar essa vida possível, com toda alegria devemos oferecer-nos a Ele como sacrifício vivo e colocar-nos a seu serviço.
As pessoas deveriam ser capazes de perceber a diferença entre cristãos e não-cristãos pela forma como vivem os crentes, isto é, na luz do Senhor (Ef 5.8). Paulo disse aos efésios que deveriam abandonar sua antiga vida pecaminosa, pois agora eram seguidores de Cristo. Ter uma vida cristã representa um verdadeiro processo. Embora tenhamos recebido uma nova vida em Cristo, isso não quer dizer que automaticamente teremos somente bons pensamentos e atitudes corretas. Mas se continuarmos ouvindo a Deus estaremos em constante transformação. Ao analisar o ano que passou, será que você é capaz de identificar o processo de mudança para melhor que ocorreu em seus pensamentos atitudes e ações? Embora a mudança possa ser lenta, ela virá, se você confiar em Deus. Para mais informações sobre a nossa nova natureza como crentes veja Romanos 6.6; 8.9; Gálatas 5.16-26 e Colossenses 3.3-8. (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp. 1573, 1652)
Para ilustrar a fim de se obter uma melhor compreensão por parte dos pequeninos sobre este conceito de transformação, você pode aplicar a dinâmica do livro sem palavras em cartolina com formato de coração ou da maneira que mais achar interessante (veja alguns modelos nas imagens abaixo). Ao final todos podem cantar juntos a canção: 
Meu coração era sujo (coração preto), mas Cristo aqui já entrou (coração vermelho); com seu precioso sangue, mais alvo que a neve o tronou (coração branco); e disse em suas palavras que em ruas de ouro andarei (coração amarelo/dourado); ó dia feliz, quando em Cristo a vida eterna ganhei (coração verde de esperança).
Eles mesmos podem confeccionar o seu para levar para suas casas e sempre lembrar que diariamente precisamos convidar Jesus para limpar os nossos corações de toda sujeira.
plano1
plano 2

O Senhor te abençoe e capacite. Boa aula!
Paula Renata Santos
Editora Responsável pela Revista Primários da CPAD

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - O Exército Que Fugiu - Juniores.

Lição 11 - O Exército que fugiu 

2º Trimestre de 2019
Texto Bíblico – 2 Reis 6.24,25,31-33; 7.
Prezado(a) professor(a),
Na aula desta semana seus alunos aprenderão que Deus é quem providencia o que os seus filhos precisam. Em muitas situações a provisão de Deus vem de um modo que não esperamos ou por meio de pessoas que jamais imaginamos. Desta forma se cumpre a palavra enviada pelo apóstolo Paulo aos coríntios: “Para envergonhar os sábios, Deus escolheu aquilo que o mundo acha que é loucura; e, para envergonhar os poderosos, Ele escolheu o que o mundo acha fraco. Para destruir o que o mundo pensa que é importante, Deus escolheu aquilo que o mundo despreza, acha humilde e diz que não tem valor” (1 Co 1.26,27).
A história que veremos hoje narra o episódio em que o rei Jorão estava irado por conta da situação caótica em que Israel se encontrava. Havia fome no país e o povo vivia em decadência. Nesse contexto, o profeta Eliseu exercia o seu ministério. Certo dia, o rei muito furioso, mandou seus servos em busca do profeta para matá-lo, mas Deus havia revelado ao profeta que acabaria com a escassez: “Amanhã, nesta mesma hora, você estará comprando a melhor comida pelo melhor preço” — afirmou Eliseu ao rei (cf. 2 Rs 7.1).
Como se não bastasse a insatisfação do rei com Eliseu, o servo do rei também zombou do profeta e disse que mesmo que o Senhor abrisse janelas no céu, tal feito não seria possível. A resposta de Eliseu foi imediata: “Você verá, porém, não vai participar” (v. 2). Ninguém imaginava de que forma aquele milagre poderia acontecer.
Como já afirmamos anteriormente, Deus usa as coisas que não são para confundir as que são. No portão de Samaria havia quatro leprosos famintos que lamentavam entre si se ali permaneceriam até morrer. Então, um deles teve a ideia de ir até o acampamento dos siros implorar por comida, afinal de contas, de qualquer maneira poderiam morrer. Quando chegaram ao local, não viram ninguém, o arraial estava completamente abandonado. Os siros ouviram um barulho de uma grande multidão como de um exército e pensaram que os heteus e os egípcios haviam se unido a Israel para combater contra eles. Mas, na verdade, era o exército do Deus vivo que estava marchando para livrar o seu povo daquela vergonha. Isso significa que Deus havia enviado o livramento para o seu povo, libertando-o do domínio siro e saciando a fome que maltratava a terra de Israel.
O milagre aconteceu de um modo que o povo de Deus não esperava. Seus alunos devem aprender que o Senhor jamais abandona o seu povo, Ele não deixa os seus filhos desamparados. 
O livramento
“Quando Eliseu profetizou o livramento de Deus, o capitão do rei disse que isto seria impossível. A fé e a esperança dele o deixaram, porém a Palavra de Deus se cumpriu (2 Rs 7.14-16)! Algumas vezes preocupamo-nos com os problemas quando deveríamos procurar as oportunidades. Em vez de enfocar os pontos negativos, devemos desenvolver uma atitude de esperança e termos sempre uma perspectiva. Dizer que Deus não pode livrar alguém ou que a solução de uma situação é impossível, demonstra falta de fé. 
Os leprosos
De acordo com a lei, não era permitido que os leprosos permanecessem na cidade, mas eram dependentes da caridade, fora do arraial (Lv 13.45,46; Nm 5.1-4). Por causa da fome e da presença do exército sírio, a situação deles tornou-se desesperadora.
Os leprosos descobriram o acampamento abandonado e perceberam que suas vidas foram poupadas. Inicialmente guardaram isso para si próprios e esqueceram-se de seus compatriotas que morriam de fome na cidade. As Boas Novas sobre Jesus Cristo também devem ser compartilhadas, pois não há notícias mais importantes. Não devemos nos esquecer daqueles que padecem sem elas. Não devemos nos preocupar tanto com a nossa própria fé a ponto de não a partilhar com os que estão à nossa volta. Nossas ‘boas novas’, como as daqueles leprosos, não devem aguardar ‘até a luz da manhã’” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 519).
Deus surpreende os seus servos em sua forma de agir. Quando achamos que não há saída ou resposta para situações complexas o Senhor manifesta o seu poder de maneira gloriosa.
Para reforçar o ensinamento da lição de hoje, sugerimos a seguinte atividade:
Aprendemos na história de hoje que Deus realiza milagres tais que nos surpreendem. São situações em que precisamos exercitar a fé. Há três tipos de fé que podemos perceber nas Escrituras Sagradas: a fé salvífica, a fé natural e a fé espiritual. A fé que nos traz salvação é quando cremos em Cristo como nosso único, exclusivo e suficiente Salvador; a fé natural é quando pensamos em nossa rotina e acreditamos com base na lógica que assim sucederá; a fé espiritual é quando oramos a Deus e cremos que Ele pode realizar o milagre que tanto estamos pedindo. 
Com base nestas informações, prepare uma sacola com frases que apresentam situações em que seus alunos deverão identificar que tipo de fé a informação se refere:
1. Quando cremos em Jesus Cristo temos paz com Deus e somos salvos por sua maravilhosa graça.
2. No próximo domingo estaremos presente na Escola Dominical estudando a respeito de como cristo venceu a morte.
3. “Amanhã, nesta mesma hora, você estará comprando a melhor comida pelo melhor preço” — afirmou Eliseu ao rei.
4. Em breve Cristo voltará para buscar a sua igreja gloriosa, pura, santa, que o adora em espírito e em verdade.
5. No próximo feriado a igreja se reunirá para evangelizar.

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - Esperando o Tempo de Deus - Pré Adolescentes.

Lição 11 - Esperando o tempo de Deus 

2º Trimestre de 2019
A lição de hoje encontra-se em: Salmos 40.1.
Prezado(a) professor(a),
Na lição desta semana seus alunos terão a oportunidade de aprender um pouco mais a respeito do tempo de Deus. O salmista nos dá o exemplo de como devemos esperar o tempo de Deus, não apenas esperar, mas também como esperar. No Salmo 40, ele afirma que a espera pela provisão do Senhor tem um tempo determinado para acontecer e, durante este tempo de espera, devemos aguardá-la com paciência.
Conversar com seus alunos a respeito de esperar o tempo de Deus é um desafio, tendo em vista que na fase da pré-adolescência “tudo é para ontem”. Esperar o tempo de Deus envolve adquirir experiência. Em o Novo Testamento, na Carta que escreveu o apóstolo Paulo aos Romanos, no capítulo 5, versículos 4 e 5, diz que “a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança”. Devemos entender que as experiências pelas quais passamos nas diversas etapas da vida produzem um efeito positivo para que nos tornemos mais pacientes e confiantes à espera da providência do Senhor. 
A fase da adolescência é marcada pela ansiedade e, por conta disso, é preciso aprender a apresentar diante de Deus todas as nossas necessidades (cf. Fl 4.6,7; 1 Pe 5.6,7). A oração é uma arma indispensável para lidar com a ansiedade. O interessante da oração é que ela nos aproxima de Deus fazendo com que nos tornemos mais íntimos dEle. Portanto, apresentar as nossas necessidades a Deus por intermédio da oração é uma forma de controlar a ansiedade.
O relacionamento com o Senhor nos faz entender que aceitaremos a sua vontade quer as respostas para os nossos anseios sejam “sim” ou “não” ou “espere”! Aprender esperar o tempo de Deus para nossas vidas nos faz crescer na comunhão com Ele e amadurecer como cristão. Neste caso, enquanto não se cumprirem as promessas de Deus em nossas vidas, devemos administrar o tempo que nos está disponível da melhor forma possível.
“O uso positivo do tempo:
1. Planeje seu tempo. ‘Tudo tem seu tempo determinado’ (Ec 3.1). Nesta expressão bíblica, entendemos que não só o nosso tempo é predeterminado por Deus, mas que nós devemos ser metódicos quanto ao uso dele. Devemos planejar todas as nossas atividades de forma a preencher o tempo disponível.
2. Cultive a pontualidade. ‘Não sejais vagarosos no cuidado’ (Rm 12.11). Ouvimos sempre uma justificativa falida contra a pontualidade: ‘Antes tarde do que nunca’. Todas as nossas atividades, físicas, sociais ou espirituais, merecem o devido respeito. O tempo é precioso, por isso devemos aproveitá-lo bem. A pontualidade é um defeito, às vezes, de caráter. Significa que a mesma não faz a diferença no uso do tempo. A pontualidade deve ser cultivada nos tratos com outras pessoas, com as instituições com as quais assumimos compromissos. O grego okmeros significa ‘moroso, vagaroso’. A ideia que o apóstolo Paulo quer destacar é quanto ao que trabalha sem prazer, sem gana, sem vontade, ou que deixa para amanhã o que deveria ser feito hoje. O diligente é aquele que faz o que tem de fazer com ardor, como o próprio texto sugere: ‘fervente (ou fervoroso) no espírito’. As pessoas que cultivam a pontualidade têm senso de responsabilidade; tem uma gana de vontade para fazer o que tem de ser feito, muito mais na obra de Deus.
3. Equilibre suas atitudes no uso do tempo. A palavra equilíbrio sugere uma balança de dois pratos. O desequilíbrio do tempo está em dar mais peso para um lado da balança que o necessário. A Bíblia fala de equilíbrio quando diz: ‘andeis como é digno da vocação com que fostes chamados’ (Ef 4.1). A palavra ‘digno’ tem na sua raiz o sentido de equilíbrio. O verbo andar implica um modo de vida, de pensar, de fazer e ser”.(Texto extraído da Obra de CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp. 110, 111).
Aproveite o assunto da aula de hoje e converse com seus alunos a respeito de como eles têm administrado o tempo disponível para buscar a face de Deus. Fale sobre os anseios que cada um tem e mostre que tudo quanto desejam alcançar somente será possível se houver dedicação e planejamento. Para tanto, é preciso atentar primeiramente para uma vida de relacionamento verdadeiro e pontual com Deus.

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - Usando a Minha Influência - Adolescentes.

Lição 11 - Usando a Minha Influência

2º Trimestre de 2019
Esboço da lição
ÓRFÃ E EXILADA DE SEU POVO
UMA JOVEM DIFERENTE NOMEADA RAINHA
UMA RAINHA QUE SOUBE USAR SUA INFLUÊNCIA
O GRANDE JEJUM
VOCÊ TAMBÉM PODE
OBJETIVOS
Refletir sobre o comportamento cristão perante o mundo;
Fazer com que os alunos pensem sobre o seu chamado e desejem descobri-lo;
Mostrar a responsabilidade de influenciar pessoas em seu convívio social.
Prezados professores,
A lição desta semana tem como tema central discutir a importância de o adolescente cristão perceber e identificar o tipo de influência que recebe do meio social em que ele vive. Ela está estruturada em cinco tópicos. O primeiro destaca a situação familiar de Ester, sem pai e mãe, e ainda exilada de seu povo. O segundo aborda o fato da jovem Ester ser diferente das outras moças daquele lugar e mesmo assim ser nomeada rainha, já que seus padrões eram diferentes dos daquela nação. O terceiro tópico apresenta Ester já como rainha e fazendo uso da sua influência para ajudar o seu povo. O quarto tópico salienta o grande jejum que a rainha conclamou para todo o povo judeu participar a fim de pedir a ajuda divina para mudar os planos maléficos que estavam sendo arquitetados para prejudicar os judeus, principalmente Mardoqueu, o primo que criou e cuidou de Ester. E, finalmente, o quinto tópico estimula o adolescente a também influenciar sua geração e os outros ao seu redor.  
Esta lição deve, principalmente, levar o adolescente a entender que estamos no mundo para influenciá-lo e não ser influenciado por ele. Quando o servo de Deus está em uma posição de destaque, todos miram nele porque sabem que Deus está com ele, e por isso esperam ser abençoados através daquela pessoa. Por isso, estimule seus alunos a não se envergonharem de serem verdadeiros servos de Deus e ainda influenciarem todos ao seu redor, porque isso que Deus espera deles e as pessoas estão sedentas de serem abençoadas e tocadas por aqueles que podem influenciar positivamente a sociedade. 
Vivemos hoje uma grande degradação moral na política, em que as leis estão sendo feitas para corromper o homem de diversas formas. Instigue seus alunos a identificarem as doutrinações ideológicas antibíblicas (na escola ou na sociedade) e refutarem-nas através do conhecimento bíblico e pelo poder e pela autoridade que Deus nos dá. Assim como Ester, usou sua coragem para mudar o destino do seu povo e abençoá-lo, faça uma oração com a turma pedindo pela autoridade divina neste tempo difícil. 
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Redatora do Setor de Educação Cristã da CPAD

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - Orgulho e Inveja - Jovens.

Lição 11 - Orgulho e inveja 

2º Trimestre de 2019
Introdução
I-O poder destrutivo do orgulho
II-O poder destrutivo da inveja
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Conscientizar do poder destrutivo do orgulho;
Advertir do poder destrutivo da inveja.
Palavras-chave: Cobiça e soberba.
Por Pr. Natalino das Neves
Poder: orgulho fatal, inveja mortal
O orgulho e a inveja são dois temas diretamente relacionados ao poder. Provérbios, um dos livros sapienciais ou de sabedoria, aborda o perigo da opção de uma vida orgulhosa e individualista. O poeta recomenda privilegiar uma vida simples e humilde.
I. O Poder e o Orgulho Fatal 
A sabedoria é o antídoto contra o orgulho 
As pessoas têm uma tendência de confundir inteligência com sabedoria. O ser humano por natureza é um ser inteligente, mas nem todas as pessoas sabem aplicar com eficácia a inteligência disponível. Quem sabe, esse é o sábio. No livro de Provérbios a sabedoria é vista como uma forma de antídoto contra o orgulho e algo que deve ser buscado com todo o ânimo (Pv 16.16). Quem a acha, sempre agirá com humildade (Pv 11.2). Nesse contexto, a pessoa orgulhosa nunca alcança a sabedoria que é abençoada por Deus.
O orgulhoso é desprovido de lucidez e bom senso, pois está pronto a fazer o mal se o seus interesses forem colocados em risco (Pv 6.18; 16.17; 27.7). Ele não consegue se controlar quando é confrontado, pois seu orgulho a torna inseguro, inflexível e até mesmo ingênuo (Pv 25.28; 27.12; 26.3,9). Dessa forma o orgulhoso torna-se uma pessoa não confiável, podendo colocar todo um projeto em risco. Por isso, a necessidade de quem lidera ter percepção do comportamento das pessoas que fazem parte de seu grupo. Uma vez que pessoa orgulhosa vê na posse do poder a possibilidade de se proteger de sua insegurança. Assim, não seria a melhor pessoa para ser indicada para um serviço de responsabilidade (Pv 25.14; 26.6,10,11,13-26; 27,22) e para um projeto que necessite de relacionamentos interpessoais saudáveis (Pv 26.18-22). 
Em Provérbios 1.7, está escrito que: “O temor do Senhor é o princípio da ciência”. Por consequência quem teme ao Senhor não busca a riqueza conquistada pela injustiça, mas busca o trabalho honesto e sem arrogância (Pv 16.17; 28.19,20; 29.3).
O orgulho precede a ruína
Champlin afirma que o versículo 18 trata da personificação do orgulho e prevê como ele é precede a ruína e queda fatal:
Naturalmente, o v. 18 é uma das declarações mais familiares e mais empregadas. O orgulho é personificado. Estamos diante de um homem arrogante, que se pavoneia por onde passa, dominado outras pessoas, buscando com quem brigar, mas então de súbito, ele sucumbe. O homem orgulhoso tropeça em um obstáculo e cai numa cova. Ele é como o animal que um caçador, finalmente, apanha em sua armadilha. Sua queda é fatal. O caçador o apanha, e uma seta atravessa-lhe o coração. A segunda linha métrica provê o pensamento que fornece o paralelo sinônimo. Na primeira métrica, o orgulho se projeta; na segunda, os dias de projeção terminaram, pois o homem orgulhoso cai. O indivíduo que vive de cabeça levantada olha sobranceiramente, e não para onde está indo, não vê aquilo em que tropeça, e cai. Outrossim, quanto mais elevada é a pessoa, maior é a sua queda... esse foi o caso de Nabucodonosor... Dn 4.30,31. (CHAMPLIN, 2001, p. 2620)
A pessoa que adquiri riqueza e poder e é desprovida de sabedoria leva uma vida de prepotência e arrogância (Pv 16.19; 18.23). Desse modo, ela vê as pessoas como objetos e não como criaturas de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem a lutar constantemente para manter o seu status quo. Por isso, tratam as pessoas subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar delas. Elas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e de poder semelhantes com vistas trocas de favores e interesses. Elas vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder e por esse motivo, não dormem enquanto não maquinam o que fazer para se manter no controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Mq 2.1).
Uma vida sem paz e tranquilidade, uma constante insegurança pelo sentimento de culpa e medo. O poeta recomenda uma vida simples e humilde, já que é melhor a pobreza que pode ser fruto de contexto sócio-histórico (Pv 28.6), mas construída por meio da integridade e justiça (Pv 28.11). A experiência demonstra que as pessoas que alcançam a excelência na vida são aquelas que conseguem extrair o melhor das coisas simples (Pv 22; 23.5). Enquanto, os soberbos que pensam desfrutar o melhor da vida, terminam em uma vida que não valeu a pena ser vivida, em ruínas.
A sabedoria da Palavra dá sentido à vida e produz bem-aventurança 
O acesso à educação na antiguidade era uma exclusividade dos poderosos. No entanto, na época da organização tribal, em que os clãs tinham prioridade e o relacionamento entre os membros e a proteção era bem evidente, a sabedoria também era algo compartilhado no ambiente familiar interno, a sabedoria popular (Pv 4.1-5). O conselho nos ambientes urbanos ou a sabedoria dos anciões nos lugarejos constituíam outro contexto de compartilhamento de sabedoria. Todavia, com o tempo e, principalmente, com a instituição da monarquia, a sabedoria faz um caminho que vai de um nível familiar para um nível de manutenção de status e de poder. Uma sabedoria mais exclusiva e para atendimento de objetivos específicos, constituída pelos escribas e escolas de escribas. A sabedoria era uma das três principais fontes de revelação divina (Jr 18.18). A poesia hebraica tinha um papel na literatura e crença de Israel. Assim, aqueles que tinham acesso ao texto escrito ou aqueles que aprendiam aos pés dos propagadores da tradição oral, quer em casa, na rua ou na prática litúrgica, eram moldados pela sabedoria da Palavra. 
Quem ouve e busca a sabedoria viverá em segurança sem temer nenhum mal (Pv 8.30, 31). A sabedoria dada por Deus não é exclusiva dos nobres, diplomatas ou burocratas, mas se faz aparente e notória nas ruas, nas praças, nas esquinas das ruas barulhentas, entre outros lugares (Pv 1.20).  No centro da preocupação de Provérbios não está o monarca, mas o indivíduo israelita. Assim, o poeta aconselha a busca do conhecimento, quer seja secular ou da Palavra de Deus, mas nenhum conhecimento trará resultado permanente e eficaz, se não estiver debaixo do temor do Senhor. Viver uma vida sábia sob o temor do Senhor é que dá sentido à vida. 
II. O poder e a inveja mortal 
A narrativa do ato de adoração dos dois primeiros irmãos (Gn 4.1-8), que resultou no assassinato de Abel por Caim ensina muito sobre as consequências da inveja. Também instrui sobre o cuidado de Deus com o pecador. As orientações divinas dadas a Caim ainda são atuais para que o cristão sábio possa evitar a morte espiritual.
Inveja, uma das paixões mais características da natureza humana
O tema inveja foi estudado por diversos pensadores. Entre eles, podemos citar: a) o famoso filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.); b) o poeta romano, Ovídio (43 a.C. em 17 ou 18 d.C.); c) o político e filósofo, Francis Bacon (1561-1626); d) o médico neurologista e criador da psicanálise, Sigmund S. Freud (1856-1939); entre outros. 
Pela etimologia, a palavra inveja é formada pelos étimos latinos in (dentro de) + videre(olhar), que indicam um olhar maléfico que penetra no outro de forma destrutiva. Segundo Zimerman (2001, p. 225), o sujeito invejoso é aquele que se recusa a ver e a reconhecer as diferenças entre ele e o outro, uma vez que esse outro possui as qualidades de que ele necessita e que almeja ter. Aristóteles tratava a inveja como uma das 14 paixões que caracterizam a alma humana. Para ele “as paixões são todos aqueles sentimentos que, causando mudança nas pessoas, fazem diferir seus julgamentos”. No caso da inveja ela é a paixão que interfere no julgamento do indivíduo, causando-lhe um “pesar pelo sucesso evidente de que gozam os iguais”. Ele defende que a pessoa geralmente sente inveja daqueles que são semelhantes (idade, classe social, reputação, proximidade, entre outros) e dificilmente terá esse sentimento por pessoas consideradas bem inferiores ou bem superiores a si (ARISTÓTELES, 2003, p. XIV, 67). Dessa forma, o indivíduo sente inveja de seus competidores diretos, que estão praticamente “em pé de igualdade”. Ovídio, em um poema, personifica a inveja e destaca o seu poder mortífero:
A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas [...]. A palidez cobre seu rosto, seu corpo é descarnado, o olhar não se fixa em parte alguma. Tem os dentes manchados de tártaro, o seio esverdeado pela bile, a língua úmida de veneno. Ela ignora o sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor [...]. Assiste com despeito o sucesso dos homens e esse espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício. (OVÍDIO, 1996, p. 770)
Para Klein, a inveja vai além de desejar o que é do outro, pois também pode gerar o desejo de que o outro não possua o que tem, ou seja, não importa que não tenha desde que o outro também não possua o objeto desejado (KLEIN, 1991, p. 205; ZIMERMAN, 2001, p. 225). O invejoso, motivado pela sua baixa autoestima, se considera incapaz de conquistar o objeto de desejo e tenta destruí-lo. Caim, ressentido, se revolta contra o irmão que conquista o lugar desejado por ele, e dotado do “poder-fazer”, assassina Abel. 
Caim se entristece com a aprovação de Abel 
O ser humano não escolhe em que família nascer. Assim, os pais, irmãos e outros parentes são impostos e com eles compartilharmos boa parte de nossa história de vida. O nascimento do segundo filho, geralmente é sinônimo de conflito, que pode ser gerenciável, mas nem sempre. O relacionamento entre irmãos é uma das três contingências vitalícias do ser humano. Não existe ex-pais, nem ex-filhos e nem ex-irmãos.
A história de rivalidade entre irmãos, levada ao extremo e algo inevitável, se faz presente desde que o mundo é mundo. Na literatura universal é comum a luta entre irmãos, bem como a rivalidade entre os ofícios de lavrador e pastor. Por exemplo, nos textos babilônicos antigos a vida do pastor era considerada mais agradável aos deuses e as oferendas de animais consideradas mais saborosas do que as de vegetais. 
Em Gênesis 4 é relatado o nascimento dos filhos do primeiro casal. A ênfase do texto é dada para o primogênito, Caim. A alegria de Eva, a mãe do todos os viventes. Caim, por ser o primogênito, deveria ter uma posição de destaque e respeito. Naturalmente teria uma posição hierarquicamente superior e com mais responsabilidade. Durante a história da humanidade, em todos os povos, as famílias têm considerado o primogênito com uma deferência especial. Na sociedade contemporânea ainda se mantém resquícios desse sistema familiar antigo. O nascimento do segundo filho do primeiro casal, de início, não parece ter incomodado Caim. A própria definição do nome Abel demonstra a sua insignificância. Seu nome vem da raiz hebraica hebel que significa qualquer coisa que desvanece, pois com sua morte não deixaria descendência e a narrativa só serve para contar sobre a inveja de seu irmão Caim. Todavia, como toda e qualquer família a chegada do segundo filho sempre causará no primogênito, ainda que em proporções diferentes, dependendo de cada caso, a renuncia forçada da figura de exclusividade materna e paterna. A chegada do novo traz consigo a mudança e perturba o equilíbrio constituído. O primogênito terá que reorganizar seu espaço e sua maneira de pensar, considerando a presença do mais novo. De único e privilegiado passa a compartilhar sua posição familiar como recém-chegado. Ruffo (2003, p. 46) afirma que “cada um de nós nutre a fantasia de ser alguém único, de ser o único a contar para os outros e no mundo. Abandonar essa ideia é difícil, mas necessário para viver entre os outros, com toda a sua vulnerabilidade”. 
A relação entre os irmãos, na primeira infância, vai ser marcada pela disputa do amor e da atenção dos pais. Mesmo em um ambiente íntimo familiar, com poucas pessoas, a inveja acha lugar para se acomodar nos corações de pessoas que não suportam perder a oportunidade para deter o poder e ter o controle sobre as pessoas e situações. A convivência e os relacionamentos familiares servirão como um laboratório para os relacionamentos sociais que cada membro construirá fora do ambiente familiar. Deus é soberano e sabe como conduzir as coisas segundo o seu querer. O ser humano tem dificuldade para entender muitas ações de Deus, essa dificuldade se multiplica verozmente no caso da pessoa invejosa (ver comportamento dos trabalhadores da vinha em Mt 20.1-16, do irmão do filho pródigo em Lc 15.25-32 e também 1 Co 12.14-27). 
A inveja provoca tristeza nas pessoas por não possuírem o que desejam e por verem que outras pessoas possuem o objeto do desejo. O que René Girard chamaria de imitação de desejo do outro, que resulta em violência, pois o núcleo do desejo não é mais o objeto, mas a violência contra o outro. Não se tem o objeto do desejo, mas pode tirar a vida de quem tem o objeto desejado como forma de vingança, alimentada pela inveja. Caim desejava ter a aprovação divina obtida por Abel, uma legitimação de poder, uma vez que demonstraria a sua intimidade com Deus. Nesse caso, a inveja ocupa o lugar do desejo. Jesus afirmou que o mal começa na esfera do desejo (Mt 5.27ss). O invejoso tem dificuldade para falar bem e abençoar o próximo. Ele não suporta o brilho das pessoas, pois vive em trevas. A inveja também pode ser o sentimento de não querer que o outro tenha o que tem.
O cristão deve avaliar constantemente seus sentimentos e atitudes para impedir que o poder da inveja tire a sua paz. A violência não precisa ser literal, mas pode ocorrer um homicídio imaginário, em que por inveja, pessoas tentam destruir a vida de outras. 
Deus olha primeiro a motivação e atitude do ofertante
Conforme visto, a rivalidade entre irmãos, principalmente com o nascimento do segundo filho, que ameaça o status quo do primogênito, é algo comum na história da humanidade. Afinal, eles convivem intimamente por um bom período e possuem uma necessidade e um desejo comuns: o amor preferencial dos pais. No entanto, na narrativa de Caim e Abel isso não fica evidente. Todavia, parece que essa disputa que poderia acontecer no ambiente familiar se transfere para o ambiente espiritual e religioso, a figura do Pai divino. Se na casa não havia desafetos sérios, no relacionamento com o divino isso acaba por se evidenciar. Os dois estão em condições de igualdade e de potencial rivalidade por buscarem o mesmo objetivo, a aprovação divina de suas ofertas. Quando um alcança e outro não, fica evidente a rivalidade. As disputas podem ser saudáveis e importantes para: a) o amadurecimento e administração dos sentimentos relativos a perdas e ganhos; b) apontar as limitações e como tentar superá-las; c) identificar os pontos fortes e como valorizá-los; d) desenvolver habilidade para fazer alianças; e) exercitar o compartilhamento e solidariedade; entre outras competências e habilidades a serem desenvolvidas. No entanto, nem todas as pessoas têm a disposição de aprender com os erros e desaprovações.  
Deus tem misericórdia, abençoa ou age com juízo sobre quem quiser e não tem de prestar contas a ninguém (Êx 33.19; Ml 1.2,3; Rm 9.13). No entanto, muitos já questionaram e continuam questionando o motivo de Deus ter rejeitado a oferta de um dos irmãos. As duas ofertas estão previstas na lei dos israelitas: os primogênitos do rebanho e o melhor das primícias da terra (Êx 34.19,20,22,26). O narrador também não explicita como foi identificada a aceitação ou rejeição da oferta por Deus. O que o texto deixa claro é que Caim estava ciente de que não havia alcançado êxito em sua intenção e que seu irmão obteve sucesso. Isso o deixou muito irritado. Descair o rosto era uma figura de linguagem hebraica para irar-se (Jr 3.12), assim como levantar o rosto era uma atitude amistosa (Nm 6.26). Por isso, o semblante de Caim se abateu. A atitude dele demonstra que o poder destrutivo da inveja recai primeiro sobre quem a sente. Ele foi o primeiro a se consumir por dentro, sentir a dor da falha e mais ainda em ver o sucesso do “rival”. Existe um ditado que se aplica bem a essa situação “Não é difícil chorar com os que choram, o difícil é sorrir com os que sorriem”. 
O texto afirma que “atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta” (Gn 4.4). Deus estava atento para a motivação e coração dos ofertantes, Ele conhecia o bom coração de Abel e a raiz de maldade que já estava plantada no coração de Caim. Em Hebreus 11.4 e 1 João 3.12 é possível ver com mais clareza como Deus observa a fé e a atitude justa de Abel em contrapartida ao comportamento maligno de Caim. Não adianta o ofertante oferecer o maior sacrifício ou a maior oferta se não tem um coração puro e praticar a justiça. A oferta é individual e não deve ser comparada com a das demais pessoas, em uma atitude de inveja, pretendendo ser considerado como o melhor adorador. O verdadeiro adorador não se preocupa com a adoração alheia, mas oferece o seu melhor, em sinceridade de coração e em gratidão a Deus. 
Caim teve tempo de tratar o sentimento de inveja
A narrativa da rivalidade entre os irmãos Caim e Abel nos revela que o primeiro homicídio do planeta ocorreu entre dois irmãos e foi motivado pela inveja e competição egoísta. Demonstra, ainda, que Deus não interrompe o diálogo com Caim. Ele o recorda de sua liberdade frente ao mal e ao bem. Um alerta de que o ser humano não está predestinado ao mal, mas a livre escolha. O homicídio poderia ser evitado se o primogênito, ciente do perigo da inveja que o assediava, se dedicasse a controlar seus sentimentos e emoções. 
Klein (1991, p. 212) diferencia a inveja do impulso invejoso. Para ela “a inveja é o sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável — sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo”.  Caim teve a opção de refletir sobre o motivo de sua ira, corrigir seu comportamento e “levantar seu rosto”. Deus o adverte do perigo de alimentar o sentimento pecaminoso. A primeira atitude de Deus é levar Caim a refletir sobre seu sentimento: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?”. A pior forma de superação da inveja é ignorá-la. As pessoas geralmente não gostam de admitir, muito menos pensar em seus pensamentos e atitudes egoístas. No entanto, o cristão deve estar alerta sobre os pensamentos que estão dominando sua mente. Tiago adverte sobre o engodo da própria concupiscência, como um processo que se forma no interior das pessoas, que pode ser interrompido se o cristão não se deixar levar pelos desejos e paixões, não permitindo que o pecado ser concebido (Tg 1.14,15). O termo utilizado para o desejo do pecado em Gênesis 4.6 é o mesmo utilizado em Gênesis 3.16 e Cantares 7.11 para se referir ao desejo/apetite sexual. A frase final que se refere ao domínio pode ser entendida como afirmação: “Tu o dominarás”; ou como um mandato: “tu deves dominá-lo”; ou como uma dúvida: “podes acaso dominá-lo?”. Infelizmente, Caim optou por dar vazão ao seu impulso invejoso que está intrinsecamente relacionado com a pulsão da morte, resultando assim no primeiro homicídio. Alguém que estava crescendo e compartilhando a vida junto, dois irmãos que tinham tudo para amadurecerem e desfrutarem da vida em família. Todavia, o impulso invejoso foi mais forte do que o bom senso, o poder da morte prevaleceu sobre o poder da vida. O que chama a atenção e escancara a maldade no coração de Caim, motivo de sua reprovação, é que ele faz tudo de forma premeditada, antes de tirar a vida real de seu irmão, ele já havia o assassinado em sua mente. Lembremo-nos da advertência de Jesus de que o pecado acontece primeiro na mente das pessoas (Mt 5.27ss)
O contexto de advertência parece ser mais um alerta para dominar e não ser dominado pelo sentimento de inveja. Afinal, o alerta foi feito antes de Caim tomar a iniciativa, e matar seu irmão de forma premeditada e sem testemunhas. O exemplo de Caim é o retrato de muitos cristãos nos dias atuais, tão envolvidos em conquistar ou manter-se em evidência, que não estão atentos aos sentimentos destrutivos que podem distanciá-los de Deus. Que Deus tenha misericórdia, e que muitas pessoas ao lerem esse livro possam mudar de comportamento e tratar seus sentimentos destrutivos como a inveja.
*Adquira o livro do trimestre. NEVES, Natalino. Cobiça e Orgulho: Combatendo o desejo da Carne, o Desejo dos Olhos e a Soberba da Vida. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 11 - 2º Trimestre 2019 - O Sacerdócio de Cristo e o Levítico - Adultos.

Lição 11 - O Sacerdócio de Cristo e o Levítico 

2º Trimestre de 2019
ESBOÇO 
I – A ESCOLHA DOS SACERDOTES (ÊX 28.1)
II – VESTIMENTA SACERDOTAL PARA O SERVIÇO 
III – O SACERDÓCIO DE CRISTO (Hb 7.23-28)
Para compreender melhor a qualificação, o serviço e a importância teológica do ministério sacerdotal de nosso Senhor.
“No capítulo 4.14-16, o autor introduziu o assunto da doutrina do sacerdócio. Aqui ele tecerá mais detalhes da ordem sacerdotal levítica para contrastar posteriormente com o sacerdócio de Cristo, que é de uma outra ordem e superior ao levítico. A ideia do autor ao detalhar as qualificações exigidas do sacerdócio arônico tem o propósito de mostrar em primeiro lugar que Jesus havia preenchido esses qualitativos. É bom ter sempre em mente que o autor já havia mostrado Jesus como sendo o Filho de Deus, fato esse que o identifica com a raça humana e o qualificaria para ministrar como sumo sacerdote.
Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados” (v.1). A primeira condição para alguém exercer o sacerdócio, revela o autor de Hebreus, é que ele tenha sido tomado de entre os homens. Somente um homem, que possui a mesma natureza de um outro homem, poderia oficiar como sacerdote. Nos primeiros capítulos de sua carta, o autor havia exposto uma farta argumentação em favor da humanidade de Jesus. Esses fatos agora se tornam de grande relevância quando ele o apresenta como um sumo sacerdote constituído em favor dos homens. O sacerdote tinha como dever apresenta dons e sacrifícios. Alguns comentaristas, como Robert Gundry, entendem que a expressão “dons e sacrifícios” são usadas como sinônimas.i Por outro lado, muitos outros eruditos, como Donald Guthrie, entendem que os sentidos desses termos devem ser mantidos distintos. Guthrie observa, por exemplo, que neste caso os dons (dôra) são uma referência as ofertas de cereais e ossacrifícios (thysias) às ofertas de sangue.ii Isso parece ser confirmado pelo uso do verbo grego prosphero (oferecer),que ocorre dezenove vezes nessa carta, e mantem esse sentido de apresentar ofertas e sacrifícios diante de Deus. O sacerdote, portanto, deveria ser alguém que se identificasse com seus semelhantes.
E possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza” (v.2).O termo grego metriopathein, traduzida como “compadecer” tem o sentido de alguém que consegue moderar suas paixões e sentimentos. A.B. Bruce (1831-1899) destaca que esse vocábulo “significa sentir-se com outro, mas sem abster-se de sentir contra ele; ser capaz de ter antipatia. Foi usado por Philo para descrever o sofrimento sóbrio de Abraão sobre a perda de Sara e a paciência de Jacó sob aflição. Aqui parece ser empregado para denotar um estado de sentimento em relação ao ignorante e errado, com equilíbrio entre a severidade e indulgência excessiva”.iii O sacerdote lidava com todos os tipos de desvios, erros e pecados cometidos pelo povo. Nessa teia de relacionamentos ele via a fragilidade humana, o fracasso e o desespero. Como um homem colocado por Deus para representar os homens, o sacerdote sentia na sua própria alma o peso da miséria humana. Por outro lado, ele tinha diante de si a palavra de Deus, que o instruiu a dar ao pecado o tratamento adequado, mesmo que o remédio fosse amargo. Era nesse momento que ele precisava agir com metripatheia, isto é, com compaixão!  
E por esta causa deve ele, tanto pelo povo, como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados” (v.3).O sacerdote da antiga aliança vivia um dilema. Ele necessitava fazer expiação não apenas pelos erros dos outros, mas também pelos seus. O sumo sacerdote deveria oferecer sacrifício primeiramente por si e depois pelo povo. “Depois Arão oferecerá o novilho da expiação, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa” (Lv 16.6). Samuel Perez Millos destaca que na cerimônia da expiação dos sacerdotes e do povo se observa dois aspectos. Primeiramente o sacerdote, por uma questão do direito divino natural que lhe competia, deveria se purificar de toda imundice pessoal já que isso tornava a oferta imunda e o impossibilitava de ministrar diante de Deus. Por outro lado, o direito positivo lhe prescrevia essa obrigação (L 4.3; 9,7; Hb 7.27; 9.7). Essa limitação, observa Millos, não é vista em Jesus Cristo, o eterno sumo sacerdote, que não teve necessidade de se purificar, visto ser imaculado e santo.iv  
E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” (v.4).O autor usa a palavra grega timê, traduzida aqui como honra, para destacar a natureza do sacerdócio.v O sacerdote era alguém chamado por Deus e não pelos homens. Nos dias do Novo Testamento o sistema sacerdotal havia se corrompido e se tornado um cargo político, não mais observando-se as prescrições divinas para o exercício desse oficio (Ex 28.1; Lv 8.1; Nm 16.5; Sl 105.26). Todavia, como observa C.S. Keener, o texto sugere que o autor esteja se referindo ao sistema sacerdotal veterotestamentário, onde as exigências da lei acerca do sacerdócio eram cumpridas, para contrastar com o sacerdócio de Jesus Cristo.vi 
Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei” (v.5). O autor mostra que Jesus cumpriu de uma forma completa todas as prescrições exigidas para o exercício do sacerdócio. Ele não se autoglorificou, constituindo-se a si mesmo como sacerdote. O léxico grego de Walter Bauer expressa bem o sentido do texto: “Ele não se elevou à glória do sumo sacerdócio”.vii No versículo quatro, o autor fala da honra que teve Arão ao ser escolhido como sumo sacerdote, todavia quando ele fala do sacerdócio de Jesus, mostra que o sacerdócio era algo inseparável de sua natureza. Deus dar testemunho de Jesus dizendo: “Tu és meu filho”. viii Essa atribuição lhe foi dada por Deus. Embora o autor não entre em detalhes sobre o momento no qual Jesus teria sido constituído sacerdote, os comentaristas destacam que a cristologia de Hebreus revela que Jesus é o filho de Deus desde a eternidade (Hb 1.1,2; 5.8), e que foi vocacionado pelo Pai para ser sumo sacerdote. Nesse aspecto, a vocação aconteceu antes da encarnação, contudo entrando em vigor na paixão e morte, obtendo sua confirmação na ressurreição e ascensão.ix 
Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (v.6).É no capítulo 7 que a relação entre o sacerdócio de Jesus e Melquisedeque será explorada com maior profundidade pelo o autor.x Aqui o comentarista bíblico Orton Wiley mostra o que a analogia do sacerdócio de Melquisedeque revela em relação ao de Cristo.
1. Melquisedeque era sacerdote por seu próprio direito, e não em virtude de sua relação com os outros;
2. Era sacerdote para sempre, sem substitutos, sem sucessor;
3. Ele não foi ungido com óleo, mas com o Espírito Santo, como sacerdote do Altíssimo;
4. Não ofereceu sacrifícios de animais, mas pão e vinho, símbolos da Ceia que depois Cristo instituiu; E (talvez o principal pensamento na mente do escritor da Epístola) Ele uniu as funções sacerdotais e reais, coisa estritamente proibida em Israel, mas a ser manifesta em Cristo, Sacerdote no seu trono (Zc 6.13).xi ” 
(Trecho extraído da obra “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de Apostasia:Um estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”, editada pela CPAD) 

i GUNDRY, Robert. Commentary on Hebrews. Baker Academic, Grand Rapids, Michigan. USA, 2010.
ii GUTHRIE, Donald. Hebreus – introdução e comentário. Editora Vida Nova, São Paulo.
iii BRUCE, Alexander Balmain. To The Epistle to Hebrews –the first apology of christianity: An exegetical study. Charles Scribner’s Sons. Fifth Avenue, New York City, 1899.iv  MILLOS, Samuel Perez. Hebreos – comentário exegético al texto griego del Nuevo Testamento. Editorial CLIE.v  Esse termo ocorre 41 vezes no Novo Testamento e 4 em Hebreus. Josefo usa essa palavra para se referir a honra do ofício do sumo sacerdote (Josefo, Antiguidades III, 188).vi  KEENER, C.S. Comentario del Contexto Cultural de la Biblia – Nuevo Testamento. Editorial Mundo Hispano, El Paso, Texas, USA.  vii BAUER, Walter. A Greek-English Lexico of the New Testament and Other Early Christian Literature. The University of Chicago Press, USA, 1979.viii  Veja a exposição de Thomas C. Edwards no seu Comentario Bíblico do Expositor – Carta aos Hebreus. Editora Koilas, Florianópolis, Santa Catarina, 2014. Edwards observa que o autor usa a palavra time (honra) para se referir a chamada de Arão. Todavia em relação a Jesus, ele usa o termo doksa, mostrando que o sacerdócio de Jesus era algo que fazia parte de sua personalidade e não alguma coisa que foi acrescentada, como no caso de Arão.ix  FRITZ, Laubach. Comentário aos Hebreus. Editora Esperança. “O sacerdócio de Melquisedeque foi uma fonte de numerosas especulações pós-bíblicas que foi intensificada pela dificuldade do versículo do Salmo 110.4: “ O Senhor jurou e não se arrependerá/Tu és sacerdote para sempre/ segundo a ordem de Melquisedeque”. Geralmente é acreditado que o Melquisedeque mencionado aqui e o de Gênesis são o mesmo” (Enciclopaedia Judaica, 22 volumes. Second Edition, vol. 14. Pp.11. Macmillan Reference, Farmington Hills, MI, USA, 2007.xi  WILEY, Orton. A Excelência da Nova Aliança em Cristo – comentário exaustivo da carta aos Hebreus. Editora Central Gospel.

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Lição 10 - 2º Trimestre 2019 - O Papai do Céu me dá Comidinhas Gostosas - Berçário.

Lição 10 - O Papai do Céu me dá comidinhas gostosas

2º Trimestre de 2019
Objetivo da lição: Levar a criança a reconhecer, através das atividades e exposições, que o Papai do Céu criou as frutas e as verduras para nos alimentar.
É hora do versículo: “O Senhor fez com que ali crescessem árvores lindas [...]” (Gn 2.9).
Nesta lição, as crianças reconhecerão que o Papai do Céu criou as frutas e as verduras para nos alimentar.
Ajude as crianças a entenderem que foi o Papai do Céu quem fez as frutas, verduras e legumes; e é Ele que ainda dá o crescimento a todas as árvores e plantas que servem para o nosso alimento.
Para isso, faça cópias de imagens contendo frutas e vegetais que as crianças possam conhecer e mostre para elas. Explore o momento do pique-nique oferecendo as frutas para as crianças saborearem. Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica AraujoEditora da Revista Berçário

Lição 10 - 2º Trimestre 2019 - Quando eu oro, o Papai do Céu dá Coragem - Maternal.

Lição 10 - Quando eu oro, o Papai do Céu me dá coragem

2º Trimestre de 2019
Objetivo da lição: Que o aluno compreenda que quando oramos Deus nos dá coragem. 
Para guardar no coração: “Sejam fortes e tenham coragem” [...] (Sl 31.24).
Perfil da criança
“Uma das necessidades básicas da criança de 3 e 4 anos é a segurança. E nada lhes suprirá mais perfeitamente esta carência que conhecer pessoalmente a Deus como o Pai amoroso, forte, protetor e provedor.Infelizmente, muitas criancinhas já vivem situações de risco, e sentem-se ameaçadas pela maldade de algum familiar ou pela violência do bairro onde moram. E mesmo aquelas que desfrutam da bênção de um lar saudável e de uma vida sem sustos não estão isentas de experimentar o medo. Nesta idade, a sua imaginação é muito fértil, e os temores imaginários são-lhe tão perturbadores quanto os reais. Todas elas, pois, não importa onde e como vivam, precisam saber que Deus está ali, ao alcance da sua voz ou do seu pensamento, amando-as e protegendo-as.” 
Ideias para a aula
“Receba os alunos segurando um guarda-chuva aberto. Provavelmente, as crianças perguntarão por que você está de guarda-chuva. Se não perguntarem, faça você mesmo a indagação: Sabe por que estou de guarda-chuva? O guarda-chuva serve para proteger-nos da chuva e também do sol. Estou com o guarda-chuva para lembrar que Deus nos protege de todas as coisas ruins.”
Oficina de ideias 2
“Pegue novamente o guarda-chuva. Pergunte às crianças: Quem já sentiu medo alguma vez? Medo de que? As respostas serão variadas: medo do escuro, de chuva, de trovão, de ficar em casa quando a mamãe vai trabalhar, de cachorro bravo, de ficar na creche, do papai brigar com a mamãe, do pai ou tio chegar bêbado, etc (nem todas vêm de famílias completamente salvas).
Dê atenção particular a cada resposta, e assegure-lhes: O Papai do Céu é forte e poderoso. Ele protege você de todas as coisas ruins e que dão medo.
Comece a ‘brincadeira do guarda-chuva’ com um de seus auxiliares, e depois repita com algumas das crianças que se oferecerem espontaneamente.
A criança voluntária deve abrigar-se encolhida sob o guarda-chuva e atrás dele, como se fosse um escudo, enquanto as demais tentam atingi-la com bolinhas de papel ou isopor, aviõezinhos de papel, e borrifos de água (molhando a mão na vasilha de água).
Viu como a bolinha não acertou o Gabriel? Assim como o guarda-chuva o protegeu da bolinha, Deus protege você do trovão, do cachorro... Viu como o aviãozinho não atingiu a Juliana? Assim também Deus protege você das pessoas malvadas... Borrife água no guarda-chuva: Viu como o chuvisco não molhou a Priscila? Da mesma forma, Deus protege você das doenças e dos acidentes.”
PS: As sugestões foram extraídas da Revista do Maternal, CPAD e são de autoria de Marta Doreto.
  Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista de Maternal