Lição 11 - Orgulho e inveja
2º Trimestre de 2019
Introdução
I-O poder destrutivo do orgulho
II-O poder destrutivo da inveja
Conclusão
I-O poder destrutivo do orgulho
II-O poder destrutivo da inveja
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Conscientizar do poder destrutivo do orgulho;
Advertir do poder destrutivo da inveja.
Conscientizar do poder destrutivo do orgulho;
Advertir do poder destrutivo da inveja.
Palavras-chave: Cobiça e soberba.
Por Pr. Natalino das Neves
Poder: orgulho fatal, inveja mortal
O orgulho e a inveja são dois temas diretamente relacionados ao poder. Provérbios, um dos livros sapienciais ou de sabedoria, aborda o perigo da opção de uma vida orgulhosa e individualista. O poeta recomenda privilegiar uma vida simples e humilde.
I. O Poder e o Orgulho Fatal
A sabedoria é o antídoto contra o orgulho
As pessoas têm uma tendência de confundir inteligência com sabedoria. O ser humano por natureza é um ser inteligente, mas nem todas as pessoas sabem aplicar com eficácia a inteligência disponível. Quem sabe, esse é o sábio. No livro de Provérbios a sabedoria é vista como uma forma de antídoto contra o orgulho e algo que deve ser buscado com todo o ânimo (Pv 16.16). Quem a acha, sempre agirá com humildade (Pv 11.2). Nesse contexto, a pessoa orgulhosa nunca alcança a sabedoria que é abençoada por Deus.
O orgulhoso é desprovido de lucidez e bom senso, pois está pronto a fazer o mal se o seus interesses forem colocados em risco (Pv 6.18; 16.17; 27.7). Ele não consegue se controlar quando é confrontado, pois seu orgulho a torna inseguro, inflexível e até mesmo ingênuo (Pv 25.28; 27.12; 26.3,9). Dessa forma o orgulhoso torna-se uma pessoa não confiável, podendo colocar todo um projeto em risco. Por isso, a necessidade de quem lidera ter percepção do comportamento das pessoas que fazem parte de seu grupo. Uma vez que pessoa orgulhosa vê na posse do poder a possibilidade de se proteger de sua insegurança. Assim, não seria a melhor pessoa para ser indicada para um serviço de responsabilidade (Pv 25.14; 26.6,10,11,13-26; 27,22) e para um projeto que necessite de relacionamentos interpessoais saudáveis (Pv 26.18-22).
Em Provérbios 1.7, está escrito que: “O temor do Senhor é o princípio da ciência”. Por consequência quem teme ao Senhor não busca a riqueza conquistada pela injustiça, mas busca o trabalho honesto e sem arrogância (Pv 16.17; 28.19,20; 29.3).
O orgulho precede a ruína
Champlin afirma que o versículo 18 trata da personificação do orgulho e prevê como ele é precede a ruína e queda fatal:
Naturalmente, o v. 18 é uma das declarações mais familiares e mais empregadas. O orgulho é personificado. Estamos diante de um homem arrogante, que se pavoneia por onde passa, dominado outras pessoas, buscando com quem brigar, mas então de súbito, ele sucumbe. O homem orgulhoso tropeça em um obstáculo e cai numa cova. Ele é como o animal que um caçador, finalmente, apanha em sua armadilha. Sua queda é fatal. O caçador o apanha, e uma seta atravessa-lhe o coração. A segunda linha métrica provê o pensamento que fornece o paralelo sinônimo. Na primeira métrica, o orgulho se projeta; na segunda, os dias de projeção terminaram, pois o homem orgulhoso cai. O indivíduo que vive de cabeça levantada olha sobranceiramente, e não para onde está indo, não vê aquilo em que tropeça, e cai. Outrossim, quanto mais elevada é a pessoa, maior é a sua queda... esse foi o caso de Nabucodonosor... Dn 4.30,31. (CHAMPLIN, 2001, p. 2620)
A pessoa que adquiri riqueza e poder e é desprovida de sabedoria leva uma vida de prepotência e arrogância (Pv 16.19; 18.23). Desse modo, ela vê as pessoas como objetos e não como criaturas de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem a lutar constantemente para manter o seu status quo. Por isso, tratam as pessoas subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar delas. Elas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e de poder semelhantes com vistas trocas de favores e interesses. Elas vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder e por esse motivo, não dormem enquanto não maquinam o que fazer para se manter no controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Mq 2.1).
Uma vida sem paz e tranquilidade, uma constante insegurança pelo sentimento de culpa e medo. O poeta recomenda uma vida simples e humilde, já que é melhor a pobreza que pode ser fruto de contexto sócio-histórico (Pv 28.6), mas construída por meio da integridade e justiça (Pv 28.11). A experiência demonstra que as pessoas que alcançam a excelência na vida são aquelas que conseguem extrair o melhor das coisas simples (Pv 22; 23.5). Enquanto, os soberbos que pensam desfrutar o melhor da vida, terminam em uma vida que não valeu a pena ser vivida, em ruínas.
A sabedoria da Palavra dá sentido à vida e produz bem-aventurança
O acesso à educação na antiguidade era uma exclusividade dos poderosos. No entanto, na época da organização tribal, em que os clãs tinham prioridade e o relacionamento entre os membros e a proteção era bem evidente, a sabedoria também era algo compartilhado no ambiente familiar interno, a sabedoria popular (Pv 4.1-5). O conselho nos ambientes urbanos ou a sabedoria dos anciões nos lugarejos constituíam outro contexto de compartilhamento de sabedoria. Todavia, com o tempo e, principalmente, com a instituição da monarquia, a sabedoria faz um caminho que vai de um nível familiar para um nível de manutenção de status e de poder. Uma sabedoria mais exclusiva e para atendimento de objetivos específicos, constituída pelos escribas e escolas de escribas. A sabedoria era uma das três principais fontes de revelação divina (Jr 18.18). A poesia hebraica tinha um papel na literatura e crença de Israel. Assim, aqueles que tinham acesso ao texto escrito ou aqueles que aprendiam aos pés dos propagadores da tradição oral, quer em casa, na rua ou na prática litúrgica, eram moldados pela sabedoria da Palavra.
Quem ouve e busca a sabedoria viverá em segurança sem temer nenhum mal (Pv 8.30, 31). A sabedoria dada por Deus não é exclusiva dos nobres, diplomatas ou burocratas, mas se faz aparente e notória nas ruas, nas praças, nas esquinas das ruas barulhentas, entre outros lugares (Pv 1.20). No centro da preocupação de Provérbios não está o monarca, mas o indivíduo israelita. Assim, o poeta aconselha a busca do conhecimento, quer seja secular ou da Palavra de Deus, mas nenhum conhecimento trará resultado permanente e eficaz, se não estiver debaixo do temor do Senhor. Viver uma vida sábia sob o temor do Senhor é que dá sentido à vida.
II. O poder e a inveja mortal
A narrativa do ato de adoração dos dois primeiros irmãos (Gn 4.1-8), que resultou no assassinato de Abel por Caim ensina muito sobre as consequências da inveja. Também instrui sobre o cuidado de Deus com o pecador. As orientações divinas dadas a Caim ainda são atuais para que o cristão sábio possa evitar a morte espiritual.
Inveja, uma das paixões mais características da natureza humana
O tema inveja foi estudado por diversos pensadores. Entre eles, podemos citar: a) o famoso filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.); b) o poeta romano, Ovídio (43 a.C. em 17 ou 18 d.C.); c) o político e filósofo, Francis Bacon (1561-1626); d) o médico neurologista e criador da psicanálise, Sigmund S. Freud (1856-1939); entre outros.
Pela etimologia, a palavra inveja é formada pelos étimos latinos in (dentro de) + videre(olhar), que indicam um olhar maléfico que penetra no outro de forma destrutiva. Segundo Zimerman (2001, p. 225), o sujeito invejoso é aquele que se recusa a ver e a reconhecer as diferenças entre ele e o outro, uma vez que esse outro possui as qualidades de que ele necessita e que almeja ter. Aristóteles tratava a inveja como uma das 14 paixões que caracterizam a alma humana. Para ele “as paixões são todos aqueles sentimentos que, causando mudança nas pessoas, fazem diferir seus julgamentos”. No caso da inveja ela é a paixão que interfere no julgamento do indivíduo, causando-lhe um “pesar pelo sucesso evidente de que gozam os iguais”. Ele defende que a pessoa geralmente sente inveja daqueles que são semelhantes (idade, classe social, reputação, proximidade, entre outros) e dificilmente terá esse sentimento por pessoas consideradas bem inferiores ou bem superiores a si (ARISTÓTELES, 2003, p. XIV, 67). Dessa forma, o indivíduo sente inveja de seus competidores diretos, que estão praticamente “em pé de igualdade”. Ovídio, em um poema, personifica a inveja e destaca o seu poder mortífero:
A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas [...]. A palidez cobre seu rosto, seu corpo é descarnado, o olhar não se fixa em parte alguma. Tem os dentes manchados de tártaro, o seio esverdeado pela bile, a língua úmida de veneno. Ela ignora o sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor [...]. Assiste com despeito o sucesso dos homens e esse espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício. (OVÍDIO, 1996, p. 770)
Para Klein, a inveja vai além de desejar o que é do outro, pois também pode gerar o desejo de que o outro não possua o que tem, ou seja, não importa que não tenha desde que o outro também não possua o objeto desejado (KLEIN, 1991, p. 205; ZIMERMAN, 2001, p. 225). O invejoso, motivado pela sua baixa autoestima, se considera incapaz de conquistar o objeto de desejo e tenta destruí-lo. Caim, ressentido, se revolta contra o irmão que conquista o lugar desejado por ele, e dotado do “poder-fazer”, assassina Abel.
Caim se entristece com a aprovação de Abel
O ser humano não escolhe em que família nascer. Assim, os pais, irmãos e outros parentes são impostos e com eles compartilharmos boa parte de nossa história de vida. O nascimento do segundo filho, geralmente é sinônimo de conflito, que pode ser gerenciável, mas nem sempre. O relacionamento entre irmãos é uma das três contingências vitalícias do ser humano. Não existe ex-pais, nem ex-filhos e nem ex-irmãos.
A história de rivalidade entre irmãos, levada ao extremo e algo inevitável, se faz presente desde que o mundo é mundo. Na literatura universal é comum a luta entre irmãos, bem como a rivalidade entre os ofícios de lavrador e pastor. Por exemplo, nos textos babilônicos antigos a vida do pastor era considerada mais agradável aos deuses e as oferendas de animais consideradas mais saborosas do que as de vegetais.
Em Gênesis 4 é relatado o nascimento dos filhos do primeiro casal. A ênfase do texto é dada para o primogênito, Caim. A alegria de Eva, a mãe do todos os viventes. Caim, por ser o primogênito, deveria ter uma posição de destaque e respeito. Naturalmente teria uma posição hierarquicamente superior e com mais responsabilidade. Durante a história da humanidade, em todos os povos, as famílias têm considerado o primogênito com uma deferência especial. Na sociedade contemporânea ainda se mantém resquícios desse sistema familiar antigo. O nascimento do segundo filho do primeiro casal, de início, não parece ter incomodado Caim. A própria definição do nome Abel demonstra a sua insignificância. Seu nome vem da raiz hebraica hebel que significa qualquer coisa que desvanece, pois com sua morte não deixaria descendência e a narrativa só serve para contar sobre a inveja de seu irmão Caim. Todavia, como toda e qualquer família a chegada do segundo filho sempre causará no primogênito, ainda que em proporções diferentes, dependendo de cada caso, a renuncia forçada da figura de exclusividade materna e paterna. A chegada do novo traz consigo a mudança e perturba o equilíbrio constituído. O primogênito terá que reorganizar seu espaço e sua maneira de pensar, considerando a presença do mais novo. De único e privilegiado passa a compartilhar sua posição familiar como recém-chegado. Ruffo (2003, p. 46) afirma que “cada um de nós nutre a fantasia de ser alguém único, de ser o único a contar para os outros e no mundo. Abandonar essa ideia é difícil, mas necessário para viver entre os outros, com toda a sua vulnerabilidade”.
A relação entre os irmãos, na primeira infância, vai ser marcada pela disputa do amor e da atenção dos pais. Mesmo em um ambiente íntimo familiar, com poucas pessoas, a inveja acha lugar para se acomodar nos corações de pessoas que não suportam perder a oportunidade para deter o poder e ter o controle sobre as pessoas e situações. A convivência e os relacionamentos familiares servirão como um laboratório para os relacionamentos sociais que cada membro construirá fora do ambiente familiar. Deus é soberano e sabe como conduzir as coisas segundo o seu querer. O ser humano tem dificuldade para entender muitas ações de Deus, essa dificuldade se multiplica verozmente no caso da pessoa invejosa (ver comportamento dos trabalhadores da vinha em Mt 20.1-16, do irmão do filho pródigo em Lc 15.25-32 e também 1 Co 12.14-27).
A inveja provoca tristeza nas pessoas por não possuírem o que desejam e por verem que outras pessoas possuem o objeto do desejo. O que René Girard chamaria de imitação de desejo do outro, que resulta em violência, pois o núcleo do desejo não é mais o objeto, mas a violência contra o outro. Não se tem o objeto do desejo, mas pode tirar a vida de quem tem o objeto desejado como forma de vingança, alimentada pela inveja. Caim desejava ter a aprovação divina obtida por Abel, uma legitimação de poder, uma vez que demonstraria a sua intimidade com Deus. Nesse caso, a inveja ocupa o lugar do desejo. Jesus afirmou que o mal começa na esfera do desejo (Mt 5.27ss). O invejoso tem dificuldade para falar bem e abençoar o próximo. Ele não suporta o brilho das pessoas, pois vive em trevas. A inveja também pode ser o sentimento de não querer que o outro tenha o que tem.
O cristão deve avaliar constantemente seus sentimentos e atitudes para impedir que o poder da inveja tire a sua paz. A violência não precisa ser literal, mas pode ocorrer um homicídio imaginário, em que por inveja, pessoas tentam destruir a vida de outras.
Deus olha primeiro a motivação e atitude do ofertante
Conforme visto, a rivalidade entre irmãos, principalmente com o nascimento do segundo filho, que ameaça o status quo do primogênito, é algo comum na história da humanidade. Afinal, eles convivem intimamente por um bom período e possuem uma necessidade e um desejo comuns: o amor preferencial dos pais. No entanto, na narrativa de Caim e Abel isso não fica evidente. Todavia, parece que essa disputa que poderia acontecer no ambiente familiar se transfere para o ambiente espiritual e religioso, a figura do Pai divino. Se na casa não havia desafetos sérios, no relacionamento com o divino isso acaba por se evidenciar. Os dois estão em condições de igualdade e de potencial rivalidade por buscarem o mesmo objetivo, a aprovação divina de suas ofertas. Quando um alcança e outro não, fica evidente a rivalidade. As disputas podem ser saudáveis e importantes para: a) o amadurecimento e administração dos sentimentos relativos a perdas e ganhos; b) apontar as limitações e como tentar superá-las; c) identificar os pontos fortes e como valorizá-los; d) desenvolver habilidade para fazer alianças; e) exercitar o compartilhamento e solidariedade; entre outras competências e habilidades a serem desenvolvidas. No entanto, nem todas as pessoas têm a disposição de aprender com os erros e desaprovações.
Deus tem misericórdia, abençoa ou age com juízo sobre quem quiser e não tem de prestar contas a ninguém (Êx 33.19; Ml 1.2,3; Rm 9.13). No entanto, muitos já questionaram e continuam questionando o motivo de Deus ter rejeitado a oferta de um dos irmãos. As duas ofertas estão previstas na lei dos israelitas: os primogênitos do rebanho e o melhor das primícias da terra (Êx 34.19,20,22,26). O narrador também não explicita como foi identificada a aceitação ou rejeição da oferta por Deus. O que o texto deixa claro é que Caim estava ciente de que não havia alcançado êxito em sua intenção e que seu irmão obteve sucesso. Isso o deixou muito irritado. Descair o rosto era uma figura de linguagem hebraica para irar-se (Jr 3.12), assim como levantar o rosto era uma atitude amistosa (Nm 6.26). Por isso, o semblante de Caim se abateu. A atitude dele demonstra que o poder destrutivo da inveja recai primeiro sobre quem a sente. Ele foi o primeiro a se consumir por dentro, sentir a dor da falha e mais ainda em ver o sucesso do “rival”. Existe um ditado que se aplica bem a essa situação “Não é difícil chorar com os que choram, o difícil é sorrir com os que sorriem”.
O texto afirma que “atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta” (Gn 4.4). Deus estava atento para a motivação e coração dos ofertantes, Ele conhecia o bom coração de Abel e a raiz de maldade que já estava plantada no coração de Caim. Em Hebreus 11.4 e 1 João 3.12 é possível ver com mais clareza como Deus observa a fé e a atitude justa de Abel em contrapartida ao comportamento maligno de Caim. Não adianta o ofertante oferecer o maior sacrifício ou a maior oferta se não tem um coração puro e praticar a justiça. A oferta é individual e não deve ser comparada com a das demais pessoas, em uma atitude de inveja, pretendendo ser considerado como o melhor adorador. O verdadeiro adorador não se preocupa com a adoração alheia, mas oferece o seu melhor, em sinceridade de coração e em gratidão a Deus.
Caim teve tempo de tratar o sentimento de inveja
A narrativa da rivalidade entre os irmãos Caim e Abel nos revela que o primeiro homicídio do planeta ocorreu entre dois irmãos e foi motivado pela inveja e competição egoísta. Demonstra, ainda, que Deus não interrompe o diálogo com Caim. Ele o recorda de sua liberdade frente ao mal e ao bem. Um alerta de que o ser humano não está predestinado ao mal, mas a livre escolha. O homicídio poderia ser evitado se o primogênito, ciente do perigo da inveja que o assediava, se dedicasse a controlar seus sentimentos e emoções.
Klein (1991, p. 212) diferencia a inveja do impulso invejoso. Para ela “a inveja é o sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável — sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo”. Caim teve a opção de refletir sobre o motivo de sua ira, corrigir seu comportamento e “levantar seu rosto”. Deus o adverte do perigo de alimentar o sentimento pecaminoso. A primeira atitude de Deus é levar Caim a refletir sobre seu sentimento: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?”. A pior forma de superação da inveja é ignorá-la. As pessoas geralmente não gostam de admitir, muito menos pensar em seus pensamentos e atitudes egoístas. No entanto, o cristão deve estar alerta sobre os pensamentos que estão dominando sua mente. Tiago adverte sobre o engodo da própria concupiscência, como um processo que se forma no interior das pessoas, que pode ser interrompido se o cristão não se deixar levar pelos desejos e paixões, não permitindo que o pecado ser concebido (Tg 1.14,15). O termo utilizado para o desejo do pecado em Gênesis 4.6 é o mesmo utilizado em Gênesis 3.16 e Cantares 7.11 para se referir ao desejo/apetite sexual. A frase final que se refere ao domínio pode ser entendida como afirmação: “Tu o dominarás”; ou como um mandato: “tu deves dominá-lo”; ou como uma dúvida: “podes acaso dominá-lo?”. Infelizmente, Caim optou por dar vazão ao seu impulso invejoso que está intrinsecamente relacionado com a pulsão da morte, resultando assim no primeiro homicídio. Alguém que estava crescendo e compartilhando a vida junto, dois irmãos que tinham tudo para amadurecerem e desfrutarem da vida em família. Todavia, o impulso invejoso foi mais forte do que o bom senso, o poder da morte prevaleceu sobre o poder da vida. O que chama a atenção e escancara a maldade no coração de Caim, motivo de sua reprovação, é que ele faz tudo de forma premeditada, antes de tirar a vida real de seu irmão, ele já havia o assassinado em sua mente. Lembremo-nos da advertência de Jesus de que o pecado acontece primeiro na mente das pessoas (Mt 5.27ss)
O contexto de advertência parece ser mais um alerta para dominar e não ser dominado pelo sentimento de inveja. Afinal, o alerta foi feito antes de Caim tomar a iniciativa, e matar seu irmão de forma premeditada e sem testemunhas. O exemplo de Caim é o retrato de muitos cristãos nos dias atuais, tão envolvidos em conquistar ou manter-se em evidência, que não estão atentos aos sentimentos destrutivos que podem distanciá-los de Deus. Que Deus tenha misericórdia, e que muitas pessoas ao lerem esse livro possam mudar de comportamento e tratar seus sentimentos destrutivos como a inveja.
*Adquira o livro do trimestre. NEVES, Natalino. Cobiça e Orgulho: Combatendo o desejo da Carne, o Desejo dos Olhos e a Soberba da Vida. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.
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