quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Lição 10 - 3º Trimestre 2019 - Permaneçam Firmes na Palavra da Verdade - Jovens.

Lição 10 - Permaneçam firmes na Palavra da Verdade 

3º Trimestre de 2019 
Introdução
I - Relembrando verdades antigas;
II-A autenticidade da Palavra;
III-O valor da Palavra profética.
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Conscientizar a respeito da importância de recordar as veredas antigas;
Aprender sobre a autencidade da Palavra de Deus;
Saber o valor da Palavra profética. 
Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Valmir Nascimento:
O coração pastoral de Pedro o impeliu a admoestar seus leitores para que não esquecessem dos ensinos que haviam recebido. Apesar de estarem firmes na fé, eles deveriam manter viva na memória as verdades da Palavra de Deus. Esse é o segredo para que o cristão não seja enganado pelos falsos mestres, dando lugar à falsidade. Não há como refutar as heresias e os modismos se o crente não estiver submetido ao estudo constante da Palavra de Deus, sendo sempre recordado dos princípios basilares da fé. O apóstolo sabia que se os crentes não se voltassem para as antigas verdades, seriam enganados pelas novas mentiras. As heresias surgem exatamente quando se desprezam as verdades tradicionais e buscam-se modismos religiosos. 
Relembrando Verdades Antigas
Um chamado à lembrança (1.12,13)
Olhando para a segunda carta de Pedro fica patente o compromisso dele em manter os seus leitores firmados na Palavra do Senhor. Ele tem para si a obrigação de conservar a sua audiência ciente das exortações da parte de Deus: "... não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade" (v.12). Apesar de serem conhecedores da verdade, e de estarem confirmados nela, o apóstolo tinha por importante reavivar na memória de seus leitores alguns princípios importantes da Palavra de Deus. 
Isso porque, em algumas ocasiões o ser humano esquece a verdade por lapso mental, mas na maioria das vezes o faz deliberadamente. Esse parece ser o caso aqui, visto que o apóstolo havia acabado de advertir sobre o esquecimento da purificação dos seus antigos pecados (1.9). Tiago sabia perfeitamente disso, tanto que em sua carta ele conclama seus leitores para que sejam cumpridores da palavra, e não ouvintes esquecidos, que se enganam a si mesmos (1.22). Tiago compara tais pessoas ao homem que contempla o seu rosto no espelho e logo em seguida se esquece da sua própria imagem (1.23-25).
O pastor Pedro não se furta em sua responsabilidade pastoral de prover para a igreja da época o ensino de valores elementares da fé cristã. Ele tinha por justo (apropriado, necessário) despertar os crentes com admoestações (v.13), pois queria gravar na mente e nos corações de seus leitores a palavra da verdade. Ele não estava preocupado em atender os anseios de seus leitores pregando novidades, mas em transmitir a perene mensagem de Deus. 
Aqui reside a diferença notável entre o verdadeiro pastor que se preocupa com suas ovelhas e o pregador aventureiro. O pastor sempre falará a verdade com amor, mesmo que sua pregação e ensino sejam considerados impertinentes e duros demais por aqueles que a ouvem. Enquanto isso, o pregador aventureiro escolhe suas mensagens de acordo com a expectativa da sua plateia e em sintonia com o desejo dos seus ouvintes. Esse tipo de pregador vive das novidades e firma seu ministério baseado em modismos. O problema é que uma igreja que vive de modismos é biblicamente frágil e espiritualmente instável, pois se esqueceu dos próprios fundamentos da fé.
A verdade não somente aceita a recordação e a repetição, como também precisa desses processos de atualização em nossas mentes. Na perspectiva bíblica, é preciso lembrar os atos divinos e as palavras sagradas como diretrizes para vivermos o presente e esperarmos o futuro. Por tal razão, Deus estabeleceu aos israelitas a obrigatoriedade de ensinarem continuamente a lei para os seus filhos. As palavras deveriam ser reiteradas em casa, no caminho, na hora de deitar e no momento de se levantar. Deveriam também ser atadas por sinal na mão, na testa e escritas nos umbrais e portais da casa (Dt. 6.6-9). Foi por causa desse padrão recordativo que os israelitas puderam manter a sua identidade religiosa e cultural diante dos demais povos. 
O ato de rememorar é importante para nós porque temos a propensão ao esquecimento. No aspecto ético, sermos recordados constantemente de certas regras morais é crucial para fugirmos das ações imorais, nos mantendo no caminho correto. Dan Ariely mostra isso em seu livro A mais pura verdade sobre a desonestidade i. Embora não seja cristão, o autor chegou em suas pesquisas comportamentais a várias conclusões que encontram ressonância nas Escrituras, sendo a principal delas a propensão do ser humano para a desonestidade, baseado naquilo que a teologia cristã denomina de depravação total. 
As pesquisas de Ariely também o levaram a constatar que uma das principais formas de evitarmos as condutas desonestas é por meio da recordação. Lembretes morais sugerem que nossa disposição e tendência para trapacear poderiam ser diminuídas se recebêssemos constantes recordações sobre padrões éticos. Ele cita, por exemplo, a importância ética de recordamos os Dez Mandamentos. Em um de seus experimentos na Universidade da Califórnia (UCLA), Ariely pegou 450 estudantes e os separou e dois grupos. A um dos grupos foi sugerido aos participantes que se lembrassem das regras contidas nos 10 mandamentos, ao outro não. Submetidos aos mesmos testes sobre honestidade, no grupo que não foi incentivado a lembrar dos mandamentos bíblicos constatou-se a típica trapaça generalizada. Enquanto isso, o outro grupo convidado a se lembrar dos mandamentos, não houve qualquer ação desonesta.
Como podemos manter as nossas mentes sempre vivas, recordando constantemente as verdades de Deus? Criando hábitos que nos coloquem constantemente em contato com a Palavra do Senhor, seja por meio da leitura da Bíblia e de bons livros, assim como frequentando a comunidade de fé, a fim de ouvirmos a pregação e o ensino das Escrituras.
Consciência da morte (1.14,15)
Pedro prossegue dizendo: "Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado" (v.14). O apóstolo está se referindo à morte, à partida deste mundo terrenal. Tabernáculo é uma alusão ao seu corpo físico. Como todos os cristãos primitivos, Pedro estava muito consciente da transitoriedade da vida ii. Ele sabia que o seu tempo estava se findando, e em vez de ser levado ao desespero e à angústia, o seu propósito é cumprir até ao fim a missão que lhe foi confiada. Jesus havia lhe dito: "... e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos" (Lc 22.32).
De acordo com Warren Wirsbe, Pedro sabia que morre¬ria em breve, de sorte que desejava cum¬prir suas responsabilidades espirituais antes que fosse tarde demais. “Uma vez que não sabemos quando vamos morrer, devemos começar a ser diligentes hoje mesmo!”iii O apóstolo queria que mesmo depois da sua morte suas palavras se mantivessem vivas na mente de seus leitores (v.15). Como era comum, esse era o “testamento” do apóstolo iv. Mas, em vez de deixar uma herança de bens materiais, ele estava deixando um legado para a posteridade, um ensino rico e de grande valor para a Igreja. Isso porque, sabia ele que o mais importante não era ele e sim a mensagem de Deus. Os homens passam, mas a Palavra de Deus permanece para sempre (1 Pe 1.25).
A Autenticidade da Palavra
Um ensino verdadeiro (1.16a)
Em seguida, Pedro inicia uma vigorosa defesa da autenticidade da sua mensagem, a fim de contrapor os ensinos distorcidos que estavam sendo disseminados. Cefas tinha uma profunda convicção de que tudo aquilo que havia dado a conhecer sobre Jesus, notadamente sobre o seu retorno glorioso, eram ensinos verdadeiros, firmados na realidade, não se tratando de invenções humanas. 
Ele diz: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas...” (v.16). A expressão fábulas é uma referência negativa às históricas falsas e caluniosas a respeito dos deuses v. Importante lembrar que nos tempos do Novo Testamento os mitos eram responsáveis por moldar a cultura e a visão de mundo das pessoas. A mitologia grego-romana idealizava estórias, deuses e heróis na tentativa de dar sentido à vida. Igualmente, os falsos mestres também estavam se valendo de fábulas para fundamentar suas doutrinas inverídicas e destruidoras.
Pedro quer fazer a distinção entre o falso e o verdadeiro, entre o mito e a realidade. Como os demais apóstolos, Pedro não só ensinava a verdade, como também queria manter a pureza da Palavra, batalhando contra toda e qualquer pessoa que a corrompesse. Afinal, o homem tem a terrível tendência de acreditar na mentira e de ser levado pelo engodo. A história do primeiro casal no Éden é a prova cabal disso! 
Com razão, A. W. Tozer escreveu que “o coração é herético por natureza e corre para o erro com a mesma naturalidade com que um jardim vira mato” vi. E assim, “o jardim negligenciado logo será tomado pelas erva daninhas; o coração que deixa de cultivar a verdade e de arrancar o erro, em pouco tempo, passa a ser um deserto teológico; a igreja ou a denominação que cresce e descuida do caminho da verdade logo se perde e se atola em algum vale lodoso do qual não tem como fugir” vii.
Pedro, é claro, não quer que isso ocorra. Ele está disposto a evitar com todas as suas forças que as ervas daninhas cresçam no solo da comunidade cristã, e se isso tiver acontecido, está comprometido a arrancá-las de maneira vigorosa. É este o mesmo sentimento e atitude que devemos ter em nossas igrejas. Não há como transigir com as fábulas e os enganos teológicos, pois destroem a verdade de Deus e minam a espiritualidade cristã.
O escritor sagrado está esclarecendo que a fé cristã, diferentemente do misticismo gnóstico, não segue essas fábulas. Ele destaca que os ensinos sobre o poder de Jesus e sobre a gloriosa vinda de Jesus não foram inventados como obras de ficção. Diferentemente das mitologias pagãs, a fé cristã se baseia em fatos e em firmes evidências. Embora a fé pessoal – a confiança íntima – independa de provas e de certezas, as crenças e convicções cristãs possuem explicações plausíveis. O cristianismo, afinal, encontra-se enraizado na história e é corroborado pela ciência e pela filosofia, tendo os cristãos à sua disposição ampla evidência da sua veracidade viii.
Essa compreensão nos ajuda a rejeitar duas visões equivocadas sobre a fé cristã: o Cristo da Fé e o Jesus Histórico. O chamado Cristo da Fé é baseado na ideia de que Jesus nada mais seria do que uma invenção humana, e que os Evangelhos não passariam de mitos. Segundo essa perspectiva, Jesus nunca teria existido, mas é a criação do imaginário popular. Enquanto isso, o chamado Jesus Histórico defende a historicidade de Jesus, mas contesta o seu poder e divindade. Tanto uma visão quanto outra estão equivocadas. Jesus não foi somente um simples personagem que apareceu no século primeiro e promoveu uma mudança extraordinária cultural, mas sim o Filho Encarnado de Deus que viveu dentro da história, e voltará em poder e glória.
O testemunho ocular (1.16b-18)
A primeira prova utilizada por Pedro que atesta a veracidade da sua mensagem é o seu testemunho ocular. A expressão "nós vimos a sua majestade" (v.16) refere-se ao episódio em que ele, juntamente com Tiago e João, presenciou a transfiguração de Jesus no monte santo, conforme registrado nos Evangelhos (Mt 17.1-13; Mc 9.2-13; Lc 9.28-36). 
Naquele tempo, o testemunho ocular possuía a sua validade como prova. Desse modo, se a verdade era estabelecida pelo testemunho de duas ou três pessoas, certamente o testemunho dos três apóstolos merece total credibilidade ix. Eldon Fuhrman explica que estes homens foram influenciados até o final do seu ministério por essa visão. Tiago morreu como mártir por causa do seu testemunho; João disse que viram a sua glória e Pedro insistiu ter ouvido a voz de Deus. Assim, “a sua visão da majestade de Cristo e a voz de Deus afirmando a filiação de Cristo eram evidências verdadeiras que distinguiam a encarnação da segunda pessoa da Trindade das afirmações espúrias dos mitos pagãos acerca da descida dos seus deuses à terra” x.
Além de ter um vislumbre da glória do Filho de Deus, ouviu a voz do Pai que dizia: "Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido". Mais que uma experiência pessoal do apóstolo, a transfiguração de Cristo foi uma revelação especial de Deus, que honrou e testificou do Filho. Jesus, afinal, é a revelação mais completa de Deus. Pedro está mostrando que a experiência no Monte da Transfiguração é um elemento crucial para demonstrar a autenticidade dos ensinos cristãos, pois ele viu, ouviu e sentiu a manifestação sobrenatural de Deus.
O valor da experiência
A experiência de Pedro nos faz perceber a importância da experiência na vida cristã. Juntamente com as Escrituras, a tradição e a razão, a experiência sempre foi considerada uma importante fonte da teologia cristã, embora menosprezada por algumas vertentes da cristandade xi. Coube exatamente aos segmentos avivados, inclusive o pentecostalismo, enfatizarem esse aspecto espiritual, destacando o encontro e o relacionamento pessoal com Deus. Craig Keener confirma isso ao dizer que “a contribuição mais distintiva do pentecostalismo clássico à igreja global foi a restauração de todo o quadro de dons espirituais como um pré-entendimento experiencial a partir do qual lemos as Escrituras” xii
Não há como menosprezar o papel da experiência dentro da espiritualidade. Afinal, como assevera César Moisés, “a experiência religiosa ou do Espírito (...) está na origem de todo pensamento teológico e também no início de qualquer religião, inclusive e, sobretudo, das monoteístas e bíblicas (judaísmo e cristianismo)” xiii.
As experiências com Deus autenticam a veracidade das Escrituras em nós. No caso de Pedro, a experiência de vislumbrar a transfiguração foi ímpar do ponto de vista pessoal, mas ao mesmo tempo fez ele voltar os seu olhos para as profecias antigas sobre o Messias, tanto que ele vai destacar este aspecto logo na sequência. Noutras palavras, a experiência deu vida ao Texto Sagrado, ao menos para a compreensão do apóstolo. 
Hoje, para nós, é relativamente simples olharmos em retrospectiva e assimilarmos a compreensão de que Jesus estava cumprindo as profecias do Antigo Testamento. No entanto, fazer isso naquela época era algo difícil. Keener observa que “havia uma diversidade de profecias sobre a era messiânica e obra do Messias, e havia poucos modos de distinguir seguramente o que era literal do que era figurado”. Assim, os primeiros cristãos aprenderam os textos certos de Jesus (veja Lc 24.25-27,44,45) e do que eles constataram que havia se cumprido nEle. Em outras palavras, diz Keener, “eles liam o texto à luz de sua experiência de Jesus, que encaixava bem demais e era divino para ser um acidente ou algo fabricado. Sua experiência os ajudou a organizar uma variedade de profecias para entender como elas se encaixavam” xiv.
Enquanto os mestres da lei olhavam para as profecias e não conseguiam ver nelas Jesus, os discípulos olhavam para Jesus e viam nEle o cumprimento profético, exatamente por causa das experiências que passaram. O teólogo pentecostal Gordon Fee assinalou que “não basta reunir todas as passagens e compará-las com algum conjunto de pressuposições doutrinárias, pois, no caso do Espírito, estamos lidando com a questão da experiência primitiva cristã”. No final das contas, prossegue Fee, “a única teologia que importa é que se traduz em vida” xv.
Sabemos que Deus existe e que a sua Palavra é verdadeira não somente porque são plausíveis ou por causa das evidências externas, mas também porque temos o testemunho interno do Espírito Santo (Rm 8.16) e experimentamos o seu poder. O crente pentecostal tem no encontro com Deus e na relação com o sobrenatural o aspecto central da sua espiritualidade. Não obstante, embora os pentecostais incentivem a experiência espiritual, fazem-no com um olho atento às Escrituras, frisou Robert Menzies xvi. Além de serem confirmadas, as nossas crenças básicas ganham vida e vigor quando são vivenciadas na prática. 
Não sem razão, a Bíblia contém um conjunto de histórias e narrativas das experiências de homens e mulheres de Deus. O livro de Atos dos Apóstolos, em especial, com suas magníficas narrativas de batismo no Espírito Santo, falar em novas línguas, curas e milagres, dentre outros eventos miraculosos, fornecem para a igreja contemporânea um modelo de vida e experiência pentecostal.
O Valor da Palavra Profética
Palavra confirmada e iluminada (1.19)
A segunda prova utilizada por Pedro que atesta a veracidade da sua mensagem são as profecias, por isso ele diz que devemos estar atentos às palavras dos profetas. O apóstolo está se referindo aos vaticínios de Deus constantes do Antigo Testamento, pois eles precedem e ao mesmo tempo confirmam o Evangelho, tornando a sua verdade ainda mais incontestável. Kistemaker pronuncia que “a expressão palavra é abrangente o suficiente para incluir, além das profecias sobre à segunda vinda de Cristo, todas as muitas profecias cumpridas em relação à sua vida aqui na terra” xvii.
O cumprimento profético é uma evidência inconteste da veracidade das Escrituras e da onisciência de Deus. A Bíblia contém centenas de profecias feitas séculos antes dos próprios eventos, muitas delas sobre o nascimento, obra e morte de Jesus. Há predileções do nascimento virginal de Cristo (Is 7.14; Mt 1.23), do local de seu nascimento (Mq 5.2; Mt 2.6), da maneira de sua morte (Sl 22.16; Jo 19.36), e do local de seu sepultamento (Is 53.9; Mt 27.57-60). No dia de Pentecostes (At 2), Pedro testificou o cumprimento daquilo que fora predito pelo profeta Joel (Jl 2.28). Será que tudo isso aconteceu por coincidência ou acaso? Evidentemente que não! Os ateus e céticos precisam ter muita fé para acreditar que isso tenha acontecido de maneira aleatória.
Pedro compara a palavra profética a uma lâmpada que ilumina na escuridão. Assim, os cristãos são encorajados a se deixarem iluminar por ela, pois como expressou o salmista: "Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho" (Sl 119.105). Note, porém, que segundo Pedro a luz ilumina "até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações". Jesus é a brilhante Estrela da Manhã (Nm 24.17; Ap 22.16), que voltará em glória e poder. 
Quaisquer que sejam os pormenores da interpretação dessa passagem, afirma Michael Green, a ênfase principal é manifesta: “durante todas as nossas vidas estamos peregrinando neste mundo de trevas. Deus graciosamente nos forneceu uma lâmpada, as Escrituras. Se prestarmos atenção a elas para a repreensão, a advertência, a orientação e o encorajamento, andaremos em segurança, Se as negligenciarmos, seremos engolfados pelas trevas. O decurso in¬teiro da nossa vida deve ser governado pela Palavra de Deus” xviii
Palavra inspirada (1.20,21)
Concluindo o seu raciocínio, Pedro agora explica porque a Palavra de Deus é digna de confiança (vv.20,21). Para entendermos melhor a sua explicação, devemos começar pelo verso 21, pois este dá sentido ao anterior. 
O apóstolo está dizendo que as Escrituras não foram produzidas pela mente humana, mas inspiradas pelo Espírito Santo de Deus. Pedro demonstra que a profecia é fruto da inspiração divina, em claro contraste com as fábulas e com os ensinos dos falsos profetas que serão mencionados no capítulo seguinte. 
O sentido do texto é que os autores humanos eram "levados adiante" (gr. pheromenoi), conduzidos pelo Espírito ao comunicarem as coisas de Deus. Eldon Furhman declara que “a iniciativa divina em produzir as Escrituras foi realizada por influência determinante e constrangedora do Espírito Santo em agentes humanos seletos” xix. Desse modo, a totalidade das Escrituras é inspirada, pois seus autores as escreveram sob a supervisão e orientação do Espírito Santo (2 Tm 3.16). 
Sobre esta passagem, Buist Fanning diz que dela surge, de forma sucinta, mas poderosa, a doutrina da “inspiração cooperativa”, o ensino de que a Escritura é o produto de uma autoria divina e humana, e ambas têm os seus devidos papéis. “Foram os seres humanos que transmitiram, pois foram eles que escreveram a Escritura, e ela reflete o estilo de escrita, o pano de fundo da condição religiosa, histórica e cultural deles” xx. Mas, além disso, foi o Espírito que dirigiu os seus escritos, de forma que aquilo que produziram não foi a própria exposição deles, mas a de Deus xxi.
Por essa razão, "nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação" (v.20). Visto que as Escrituras são o resultado da revelação e inspiração do Espírito Santo, ela deve ser interpretada como o auxílio da Terceira Pessoa da Trindade. Com efeito, a iluminação divina – para ler o texto – é a conclusão necessária da inspiração divina na escrita do texto sagrado xxii. Nas palavras de Warren Wirsbe: “Uma vez que a Bíblia não veio a existir pela volição humana, também não pode ser compreendida pela volição humana” xxiii.
Isso nos faz perceber que ao leitor não é dado o direito de dar ao texto sagrado o sentido que melhor lhe convém. Devemos ler a Bíblia com o propósito de entender o propósito de Deus, com o auxílio do Espírito Santo, pois sendo Ele o agente de inspiração, é também Ele quem nos ensina a interpretá-la corretamente e aplicá-la à vida. Somente com a iluminação do Consolador conseguimos compreender as verdades de Deus. Essa passagem refuta os falsos mestres e pregadores que alegam possuir "revelações especiais" de Deus. 
No entanto, isso não quer dizer que Pedro esteja proibindo o cristão de ler a Bíblia sozinho. Pedro está condenando a distorção do sentido do texto bíblico, por meio de interpretações individuais. Segundo Wirsbe, a palavra traduzida por "particular" significa "pertencente a alguém" ou "próprio". Sendo assim, “essa afirmação sugere que, uma vez que todas as Escrituras foram inspiradas pelo Espírito, devem apresentar coerência, e nenhum de seus textos pode ser separado do todo” xxiv. Afinal, “ao isolar um versículo de seu contexto verdadeiro, é possível usar a Bíblia para provar praticamente qualquer coisa, sendo essa, exatamente, a abordagem empregada pelos falsos mestres” xxv.
Notas e referências do Capítulo 10

*Adquira o livro do trimestre. NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança:Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

i ARIELY, Dan. A mais pura verdade sobre a desonestidade. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2012.  
ii GREEN, 1983, p. 75.
iii WIRSBE, 2007, p. 570.
iv Cf. KEENER, 2017, p. 826.
v Idem.  
vi TOZER, A. W. Homem: habitação de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 146.
vii Idem.
viii HOWE, Thomas; HOWE, Richard. A veracidade do cristianismo. Em: BECKWITT, Francis; CRAIG, Willian L. MORELAND, J. P.Ensaios apologéticos: um estudo para uma cosmovisão cristã. São Paulo: Hagnos, 2006, p. 38.
ix ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 935.  
x FUHRMAN, 2016,p. 270.
xi Cf. OLSON, Roger. Histórias das controvérsias na teologia cristã. 2000 mil anos de unidade e diversidade. São Paulo: Editora Vida, 2004, p. 92.
xii KEENER, Craig.  A hermenêutica do Espírito: lendo as Escrituras à luz do Pentecostes. São Paulo: Vida Nova, 2018, p. 70.
xiii CARVALHO, César Moisés. Pentecostalismo e pós-modernidade: quando a experiência sobrepõe-se à teologia. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 353.
xiv Ibid., p. 82.
xv FEE, Gordon. Paulo, o Espírito e o povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 20.
xvi MENZIES, Robert. Pentecostes: essa história é a nossa história. Ebook Kindle. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, posição 184.
xvii KISTEMAKER, 2006, p. 361.
xviii GREEN, 1983, p. 85.
xix  FUHRMAN, 2016, p. 271.  
xx FANNING, Buist. Teologia de Pedro e Judas. Em: ZUCK, Roy (ed.). Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 514.  
xxi Idem.
xxii Ibid., p. 270.
xxiii WIRSBE, 2007, p. 574.
xxiv WIRSBE, 2007, p. 574.
xxv WIRSBE, 2007, p. 574.

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo. 

Lição 10 - 3º Trimestre 2019 - A Mordomia das Finanças - Adultos.

Lição 10 - A Mordomia das Finanças

3º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – TUDO O QUE TEMOS VEM DE DEUS
II – COMO O CRISTÃO DEVE GANHAR DINHEIRO 
III – COMO O CRISTÃO DEVE UTILIZAR O DINHEIRO
Elinaldo Renovato
Desde que surgiu o dinheiro ou a moeda como meio de troca para a aquisição de bens e serviços, o chamado “vil metal” tem ocupado lugar proeminente na vida da maioria das pessoas. No princípio da humanidade, as pessoas trocavam mercadoria por mercadoria. Quem tinha peixe e não tinha frutas procurava trocar peixe por verdura, mas quem tinha verdura não queria trocar por peixe, e sim por trigo; não raro, quem tinha trigo não queria trocar nem por peixe nem por verdura, mas por roupas. Era o chamado “escambo direto”, onde se desenvolviam as trocas diretas de mercadorias. Era um sistema rudimentar de economia, em que as transações tornavam-se por vezes demoradas e difíceis, quando os interesses dos negociantes não se harmonizavam.
Quando chegaram ao Brasil, os europeus usaram o escambo ou troca direta com os nativos. Trocavam espelhos, colares e outros bens por madeira preciosa, como o pau-brasil, animais exóticos, peles de animais, entre outras coisas, que tinham muito valor na Europa. Diante das dificuldades das trocas diretas, as pessoas usavam a imaginação em busca de soluções mais práticas. Descobriram que alguns produtos eram escassos e de interesse da maioria das pessoas. Assim, houve um tempo em que o sal, em sua forma bruta, era procurado e havia interesse do produto por praticamente todas as pessoas. Então, o sal passou a ser uma espécie de mercadoria-moeda. Quem tivesse sal poderia trocar por quaisquer produtos de seu interesse pessoal. As pessoas também aceitavam que o pagamento de seus serviços fosse feito em sal. Daí se originou a palavra salário. Ainda hoje, quando um produto ou serviço é caro, alguém diz que o mesmo é salgado
O gado foi usado como “uma das primeiras mercadorias usadas como padrão para comparar os valores dos demais artigos” 1.  As pessoas perguntavam: “Esse produto vale quantas cabeças de gado?”; algumas dessas mercadorias tinham inconvenientes por serem perecíveis, perderem peso, etc. Outras mercadorias também serviram para meio comum de troca, tais como conchas, ouro, prata, cobre e outros minérios por seu valor intrínseco, por serem cobiçados pelas pessoas e por serem raros e usados para satisfazer a vaidade de muitos. Os metais, fossem eles em pedaços ou lingotes, eram bem aceitos como meio de troca. Eram leves e não se desgastavam. Depois, os metais foram cunhados com efígie de governos e confiados a pessoas que os guardavam e emitiam recibos em papel, que podiam servir para resgatar o metal depositado. 
Tempos depois, com a evolução da economia, surgiu o papel moeda, que evoluiu para o que hoje conhecemos como meio de troca, a moeda fiduciária, o crédito bancário e, mais recentemente, até a chamada criptomoeda 2.  Em resumo, a moeda, ou o dinheiro em espécie ou em papel, títulos ou créditos fazem parte da economia moderna. O movimento dos recursos monetários é a base das finanças das nações. Tanto as nações como as pessoas nem sempre souberam lidar com o dinheiro por causa da má administração dos recursos econômicos e financeiros. Por outro lado, por haver “o amor ao dinheiro”, que é “a raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10), países como o Brasil tornaram-se antros de corrupção desenfreada. Os cristãos precisam ser exemplo de referência na administração das finanças, as quais lhe são concedidas pela bondade e misericórdia de Deus. Reflitamos agora em alguns aspectos da mordomia das finanças por parte dos que valorizam a Bíblia como sua regra de fé e prática. 
Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD.

1 LOBO, R. Haddock. Pequena história da economia, p. 26.
2 O QUE É CRIPTOMOEDA. Disponível em: https://financeone.com.br/. Acesso em: Ago 23, 2018. “https://financeone.com.br/. “A criptomoeda é um código virtual que pode ser convertido em valores reais. Sua negociação se dá pela internet, sem burocracias, sem intermediários, caracterizada pela ausência de um sistema monetário regulamentado e da submissão a uma autoridade financeira (por exemplo, o Banco Central do Brasil)”. NOTA DO ESCRITOR: Investidores devem ter cuidado com moeda que não tem regulamentação oficial.

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Lição 06 - 3º Trimestre 2019 - A Razão da Nossa Esperança - Jovens.

Lição 6 - A Razão da Nossa Esperança

3º Trimestre de 2019
Introdução
I-As Qualidades da Vida Cristã;
II-A Questão do Sofrimento;
III-A Defesa da Nossa Esperança
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Descrever as qualidades da vida cristã;
Refletir acercada questão do sofrimento;
Saber como defender a razão da esperança cristã.

Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Valmir Nascimento:

Em todas as direções que olhamos, presenciamos dor e sofrimento. Apesar do avanço da ciência e das inúmeras comodidades inventadas pelo homem nos últimos séculos, trazendo melhores condições de vida, a dor física e emocional permanece como uma realidade perturbadora para o ser humano. Diariamente, a mídia noticia uma série de acontecimentos trágicos, violência, assassinatos, acidentes de trânsito, doenças e muitos outros eventos dolorosos.
Como o cristão se porta diante do sofrimento?  Enquanto o secularismo e o hedonismo buscam evitar o sofrimento a todo custo, a fé cristã tem uma maneira diferente de encará-lo. Sabendo que o sofrimento tem uma origem espiritual, decorrente da Queda no Éden, e que será aniquilado somente no fim de todas as coisas, o cristão usa a esperança, a fé, o consolo de Deus e o amparo dos irmãos para passar pelas tribulações nesta terra.
A questão do sofrimento é tão antiga quanto a história da humanidade e leva o homem a questionar vários aspectos da vida, inclusive a existência de Deus. Nesta seção da carta, após destacar algumas virtudes cristãs, Pedro deixa transparecer que a conduta reta e virtuosa, apesar de prevenir uma série de infortúnios, não isenta o cristão do sofrimento. Não obstante, mesmo em meio ao sofrimento, podemos dar aos descrentes a razão da nossa esperança.

As Qualidades da Vida Cristã

Unidade cristã (3.8)
Tendo direcionado uma série de conselhos para grupos específicos dentro da igreja (cidadãos, servos, esposas e esposos), agora Pedro se volta para os crentes em geral. “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis”.
A palavra "finalmente" indica a conclusão não da carta, mas do raciocínio que acabara de empregar. É uma espécie de fecho desta seção, na qual Pedro oferta-nos uma síntese das implicações da submissão no relacionamento entre os crentes. Da mesma forma que a lei se resume no amor (Rm 13.8-10), também os relacionamentos humanos e a ética cristã, como um todo, nele se firmam1.
Podemos perceber que o apóstolo está reunindo em poucas palavras as qualidades morais e espirituais da vida cristã, a começar pela unidade. Ele estimula a consideração mútua dentro da comunidade de fé e o cultivo do amor cristão, recomendando que os crentes tenham "um mesmo sentimento". Seu propósito é que os cristãos vivam em harmonia e união uns com os outros (Jo 17.23; Ef 4.3; Fp 2.2).
Certamente, isso não quer dizer que todos os cristãos devam pensar da mesma maneira. Podemos ter diferentes opiniões sobre diversas coisas, mas o nosso ânimo, o nosso sentimento em Cristo deve ser o mesmo. A metáfora do corpo usada por Paulo é elucidativa a esse respeito (Rm 12). Apesar de cada membro possuir a sua individualidade, quanto à forma de operar, formamos um só corpo em Cristo. Cada parte é diferente em si, mas o corpo só funciona adequadamente se houver cooperação e relacionamento harmonioso entre todos.

Simpatia e perdão (3.9,10)
Outra qualidade do comportamento genuinamente cristão é a simpatia. A palavra grega sympathês traduzida nesta passagem por "compassivos" tem o sentido de colocar-se no lugar do outro. Ser simpático, portanto, é muito mais que ser cordial e atencioso; consiste numa virtude que expressa solidariedade e compaixão pelo próximo.
A beleza e o poder do Evangelho se fazem revelar na vida do crente quando este para de viver para si mesmo e passa a viver para o outro. A renúncia de que a Bíblia nos fala é a abdicação do nosso egoísmo e egocentrismo, muitas vezes latente. Nada é mais contrário ao verdadeiro cristianismo do que um falso evangelho que apregoa as bênçãos individuais e o triunfalismo pessoal em detrimento do cuidado do outro.
As pregações que simplesmente fazem projetar o desejo insaciável do ser humano, em busca de ambição e poder desonram, por isso, o Evangelho de Cristo. Se, como vimos no capítulo 2, o Deus da Bíblia é um Deus sim-pático, um Deus com-passivo, que sente e sofre com o ser humano2, então esta mesma simpatia e compassividade devem se fazer presentes em nós.
Tal virtude é seguida da prática do amor fraternal, com os corações cheios de misericórdia e humildade. Ao encorajar, no verso 9, que os crentes não tornem o mal por mal ou injúria por injúria, Pedro realça outra qualidade cristã: o perdão. Segundo ensina Warren Wirsbe existem três possibilidade de reação ao mal. É possível retribuir o bem com o mal - o nível satânico. É possível retribuir o bem como bem e o mal com o mal – o nível humano. Ou é possível retribuir o mal com o bem - o nível divino. Este é o nível para o qual somos chamamos3.
A característica do cristão é perdoar a outros da mesma forma que foi perdoado (Ef 4.32). Somente com o amor depositado em nossos corações, deixamos de revidar e de retribuir com a mesma moeda a ofensa recebida.

Conselhos para quem ama a vida (3.10-12)
Pedro recorre à citação do Salmo 34 (vv.12-16) com o propósito de acrescentar outras virtudes. “Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons...” (v.10). Com base na autoridade do Antigo Testamento, Pedro está realçando que a boa vida é o resultado de condutas adequadas. Quem ama a vida, age com ética; quem ama a vida, vive em sintonia com a vontade de Deus.
Conforme Kistemaker, apesar de muitos dos leitores da carta estarem passando por dificuldades e miséria, Pedro está olhando de maneira positiva para a vida e, como o salmista, fala sobre amá-la 4. “A vida é um dom de Deus, e assim também o são os dias felizes. O coração dos cristãos está em sintonia com Deus e sua Palavra e participa agora da plenitude da vida aqui na terra e depois com Cristo na eternidade”5.
Fica patente que a boa vida na perspectiva bíblica não é resultante do sucesso profissional, poder ou fama, e sim de uma vida virtuosa. Boa vida não é ter uma mansão para morar ou bebida para se deleitar. O relativismo e o progressismo desvirtuaram por completo o sentido de vida boa. O primeiro fez o homem acreditar que a vida boa é o resultado da ausência de regras morais. O progressismo, por seu turno, apregoa que ela decorre do oferecimento de boas condições sociais.
Tanto uma quanto outra visão estão erradas. O relativismo ao advogar que as pessoas são livres para escolher a seu bel prazer o que é certo, passa por cima de regras morais básicas e destrói o valor da comunidade 6. O progressismo retira da pessoa a sua responsabilidade moral, jogando para a sociedade toda a responsabilidade ética. Na visão judaico-cristã, a boa vida é uma questão primeiramente pessoal. Só podemos criar uma boa vida em termos sociais se as adotarmos individualmente condutas virtuosas.
Nesse sentido, Charles Colson e Nancy Pearcey escrevem: “O que é necessário para criar-se uma vida boa? Um sentimento do que é certo e errado e uma determinação para colocar adequadamente em ordem a vida de alguém. Não por causa do sombrio senso de dever, mas porque isso se ajusta à nossa natureza criada e nos felizes e mais realizados”7.
Assim, prossegue Pedro, se alguém quiser ter uma boa vida, “... refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano” (v.10). Encontramos aqui um verdadeiro princípio de sabedoria para a vida, pois quem guarda a sua boca e fala somente o necessário evita muitos dissabores e sofrimentos (Pv 12.13; 21.23). De forma contundente, Tiago advertiu que aquele que se considera religioso, mas não consegue conter a sua língua, engana-se a si mesmo; e a sua espiritualidade não tem valor algum (Tg 1.26).
Apartar-se do mal e fazer o bem, assim como buscar paz e segui-la são os outros conselhos para obtermos uma vida boa. Por quê? “Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males” (v.12).

O Sofrimento do Cristão

O sofrimento do justo (3.13,14)
Pedro volta ao tema central da sua carta: a questão do sofrimento. Apesar de elencar uma série de qualidades para a conduta do cristão, o apóstolo Pedro sabe que isso não é suficiente para isentar os justos das provas e perseguições na vida.
Ora, tomar decisões adequadas e viver piedosamente ajuda a prevenir muitos dissabores, mas, ainda assim, o sofrimento é inevitável. Eis o motivo pelo qual Pedro indaga: “E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?” (v.13). Trata-se de uma pergunta retórica, a fim de enfatizar a importância de uma postura de zelo pelas coisas corretas. Afinal, espera-se que os justos sejam recompensados enquanto os desordeiros e irresponsáveis recebam a merecida punição.
No entanto, vivendo em um mundo caído e de valores invertidos, pessoas íntegras sofrem injustiças e passam por provações, enquanto ímpios prosperam (Sl 73). Nem sempre o mal é distribuído de maneira proporcional e justa, conforme a vida de Jó bem ilustra. Com efeito, Pedro estava preparando os crentes daquela época para as provações que lhes sobreviriam. Em vez de se sentirem amedrontados e alarmados com as ameaças que usualmente recebiam dos seus perseguidores, os cristãos são encorajados a recordar que são bem-aventurados ao padecerem por causa da justiça (v.14).
Não há nenhum louvor em sofrer justamente pelos erros cometidos, mas há grande alegria em padecer por fazer a coisa certa. Ao contrário do que afirmam os teólogos da prosperidade e do triunfalismo espiritual, vida cristã não significa ausência de provações e lutas. Basta olharmos para a galeria de heróis da fé de Hebreus 11 para percebermos que muitos deles foram torturados até a morte, açoitados, acorrentados, apedrejados e estiveram famintos no deserto.

O problema do sofrimento
Neste ponto, antes de prosseguirmos na exposição da carta de Pedro, convém refletir mais detidamente sobre a questão do sofrimento, um tema tormentoso e complexo que permeia a epístola em estudo.
Para os acusadores do cristianismo, o sofrimento é um argumento da inexistência de Deus. Os ateus e agnósticos, que não conseguem entender a questão do sofrimento - mas também não oferecem qualquer resposta satisfatória, indagam: se Deus é onipotente, por que permite que pessoas inocentes sofram? Se Ele é onisciente, por que não intervém?
Para ser franco, além dos incrédulos, esta questão também aflige os corações daqueles que foram devastados pelo sofrimento, até mesmo alguns cristãos. A dor põe sob fogo as novas convicções básicas, questiona nossas crenças e prova nossas doutrinas.
Existem várias formas de respondermos à questão do sofrimento. Podemos falar a partir das perspectivas filosófica, teológica e emocional. Em todas essas dimensões, o cristianismo responde de modo satisfatório; ele fornece argumentos para responder lógica e consistentemente ao problema formulado, mas oferece principalmente recursos para enfrentar o sofrimento com esperança e coragem em lugar de amargura e desespero8.
Antes de tudo, é preciso considerar que o simples fato do ser humano inquirir acerca do sofrimento, a maldade e as injustiças do mundo, indica a natural percepção de que algo se encontra com defeito, fora do propósito para o qual fora planejado. Ficamos perplexos com o sofrimento porque, originariamente, a raça humana não foi criada para sofrer. Não fomos feitos para morrer, mas para a vida eterna!
Vemos a morte como algo estranho, que ameaça nos tirar do mundo para o qual fomos planejados. Nas palavras de Alister McGrath: “Para nós, é uma ameaça terrível aceitar o fato de que o mundo, no qual investimos tanto tempo e esforço, continuará sem nós. É muito mais reconfortante acreditar que nós e o mundo continuaremos a existir para sempre e que poderemos para sempre nos agarrar aos prêmios fulgurantes que conquistamos durante a vida”9.
Todavia, prossegue McGrath, “o sofrimento desfaz nossas ilusões de imortalidade. Ele faz a angústia erguer a sua face horrenda, porém reveladora. A dor derruba os portões da cidadela das ilusões. Confronta-nos com os fatos brutais da vida e leva-nos a fazer aquelas perguntas difíceis, que têm a força de fazer ruir a falsidade, levando-nos em direção a Deus, longe da falsa segurança e das recompensas do mundo”10.
Além disso, o questionamento de Deus a partir do problema do sofrimento trás subjacente outro sentimento que aponta para a existência de um Legislador Moral: o senso de justiça presente no homem. Este foi um dos aspectos que levou C. S. Lewis a abandonar o seu ateísmo. Em Cristianismo puro e simples ele diz que questionava a existência de Deus com o argumento de que o universo parecia injusto e cruel. No entanto, num passo seguinte, ele questionou a si mesmo: “de onde eu tirara a ideia de justo e injusto?”11. Lewis percebeu que o seu ato de tentar provar que Deus não existe, ou que a realidade não tem sentido, forçou-o a admitir que uma parte da realidade – a sua ideia de justiça – tinha sentido.
Noutras palavras, o simples fato de duvidar da existência de Deus, colocando em questão a sua bondade e onisciência, conduz o homem a interrogar a origem da bondade. De onde a tiramos? Se sabemos que algo é bom e outro mal, qual o referencial que distingue uma coisa da outra? Somente a partir do reconhecimento da existência de um ser de grandeza e bondade máxima é que podemos fazer tal distinção, o que nos leva diretamente a Deus.
Em outro livro, O problema do sofrimento, Lewis desfere uma série de argumentos em face das críticas dos ateus. Sobre a onipotência de Deus, Lewis explica que Deus pode fazer tudo, pois nada é impossível para Ele. Todavia, existem coisas absurdas e autocontraditórias que desafiam a própria lógica, como uma bola quadrada ou até mesmo um canto redondo. Tais coisas são absoluta ou intrinsecamente impossíveis.
Assim, é fácil supor que a onipotência significa que Deus é capaz de realizar tudo o que é intrinsecamente possível, e não o intrinsecamente impossível. Nas palavras de Lewis, “podemos atribuir milagres a Ele, mas não o contra-senso”. Ele não pode mentir, por exemplo, pois isso contraria a sua própria natureza.
Lewis argumenta, então, que o problema do sofrimento não tem a ver com a onipotência divina. Uma vez que o ser humano foi agraciado com a liberdade de escolha, o sofrimento decorre das escolhas erradas dos homens. A intervenção divina em face da liberdade do homem contrariaria a ordem das coisas criadas. Segundo Lewis:
Talvez possamos conceber um mundo em que Deus corrigisse as consequências do abuso do livre-arbítrio por parte de suas criaturas a cada momento. Assim, o timão do arado, feito de madeira, tornar-se-ia macio como a relva ao ser usado como arma, o ar recusar-se-ia a me obedecer se eu tentasse lançar nele as ondas sonoras que transportam mentiras ou insultos. Em um mundo com tais características, no entanto, as ações torpes seriam possíveis, e, portanto, a liberdade da vontade seria nula12.
O fato é que Deus é bom e Todo-Poderoso, e criou criaturas boas com a capacidade de tomarem decisões livres. Todavia, o mau uso dessa liberdade levou o primeiro casal e toda humanidade à Queda (Rm 5.12). A desobediência no Éden, além de afastar o homem do Criador, introduziu a morte, a angústia, a dor e toda sorte de males que provocam o sofrimento.
Somente em um mundo onde o homem não tivesse liberdade o sofrimento não existiria. Isso porque, é logicamente incompatível um mundo no qual o homem possa decidir entre o bem e o mal e ao mesmo tempo não ser afetado pelas consequências de sua decisão. Um mundo onde não há liberdade também não há amor verdadeiro. Norman Geisler e Peter Bochino escrevem.
Deus não criou robôs, criou seres humanos com o poder de escolher livremente entre o bem e o mal. Se ele criou seres humanos já predispostos (além do controle deles) para amá-lo, isso não seria o verdadeiro amor. Se programarmos o nosso computador para nos dizer que ele nos ama cada vez que o ligamos, na verdade estamos dizendo a nós mesmos que nos amamos. O computador estaria apenas reproduzindo nossos pensamentos, não seria livre para nos dizer coisas diferentes. Não estaríamos comprometidos numa relação de amor, mas numa forma grave de narcisismo. Um relacionamento de amor deve deixar aberta a possibilidade de o amor ser rejeitado – e, portanto, o mal ser escolhido. Quando as pessoas rejeitam o amor de Deus, percebem o mal potencial dentro delas mesmas, o que afeta todos os outros relacionamentos nos quais elas entram13.
A liberdade de colocarmos a mão no fogo, por exemplo, resulta em queimadura e dor. A completa ausência do sofrimento pressupõe a inexistência da liberdade humana. Porém, Deus não criou autômatos, mas pessoas livres
Não há, portanto, nenhuma contradição em aceitar a bondade de Deus, sua onisciência, e a presença do mal no mundo. Não obstante, apesar da resposta racional, a pessoa que sofre precisa muito mais que respostas plausíveis. É preciso concordar com Jonas Madureira quando ele diz: “Uma coisa é ver o mundo com os olhos secos da razão, outra bem diferente é vê-lo com os olhos marejados pelos sentimentos”14.

A Defesa da nossa Esperança
Preparados para responder (3.15)Dando sequência, em 3.15, Pedro fornece um dos conselhos mais primorosos do Novo Testamento, no qual enfatiza o segredo para o povo de Deus enfrentar a perseguição e responder aos ataques contra a fé: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”.
Esta passagem é considerada o texto áureo da apologética cristã, isto é, a parte da teologia que lida com os argumentos em defesa das convicções cristãs. Ela denota num primeiro momento uma defesa jurídica diante de um tribunal15. No entanto, não podemos perder de vista que o apóstolo está falando sobre a perseguição que os crentes estavam passando naquela ocasião. Por essa razão, Pedro não está enfatizando necessariamente o que temos a dizer perante magistrados. Segundo Stanley Horton: “Seu ensino parece aplicar-se mais àquelas abordagens que sofremos em casa, na rua, no trabalho, no supermercado ou onde quer que tenhamos contato com os incrédulos”16.
Diante da hostilidade, a primeira e mais importante atitude do cristão é santificar a Cristo em seu coração. Primordialmente, Jesus deve ser consagrado e reverenciado no interior do nosso ser, de modo a ocupar a primazia de nossa existência. Se o seu coração for controlado pelo Senhor Jesus, então estará livre do medo e poderá se defender daqueles que se opõem ao evangelho17.
Em segundo lugar, o crente é instado a estar sempre preparado para responder (gr. apologia) – ou disposto a responder – sobre a razão da sua esperança. No original, a palavra apologia tem o sentido de discurso de defesa e justificação de algo. Assim, se alguém lhes perguntasse por que eles se consideravam cristãos  um grupo inexpressivo de religiosos à época, os crentes deveriam estar prontos para argumentar em defesa da fé que professavam. Tal prontidão deveria ser permanente, não importando o momento ou a circunstância.

Apologética com mansidão e respeito (3.15-17)
Desde a Igreja Primitiva, os ataques e objeções ao cristianismo nunca cessaram. A apologética cristã, portanto, não é responsabilidade exclusiva dos pastores e teólogos cristãos; todo aquele que professa essa fé viva e genuína deve ser capaz de explicar aos outros os motivos pelos quais acredita nas convicções cristãs.
Cada crente é convocado a dar razões intelectuais sobre a veracidade do Cristianismo, demonstrando não ser a fé cristã um salto no escuro, mas uma visão de mundo plausível e consistente com a racionalidade. Ao mesmo tempo, o testemunho do Espírito Santo e a experiência real que sentimos em Cristo, nos habilita a dar aos descrentes as razões pessoais da esperança que há em nós. Antes de sabermos no que cremos, sabemos em quem cremos!
É importante observar que Pedro apresenta o jeito adequado de respondermos aos descrentes: com mansidão e temor.
Ao darmos a razão da nossa esperança devemos ser mansos e humildes. A forma como reagimos àqueles que nos perseguem e se opõem ao evangelho fala mais alto que as nossas palavras. Com isso, Pedro está dizendo para não sermos rudes, agressivos com os incrédulos. Como escrevi em meu livro O cristão e a universidade, “a apologética não é (pelo menos não deve ser) uma ferramenta usada simplesmente com o fim de ganhar debates filosóficos e teológicos. Embora algumas pessoas a usem com esse intento, a defesa da fé cristã não se presta a discussões inúteis para demonstração de superioridade intelectual e subjugação do seu oponente”18.
Mesmo que os descrentes sejam hostis em seus ataques, o cristão defende as suas convicções com gentileza e cordialidade. Afinal, ganhar uma alma é mais valioso que ganhar uma discussão.
Associada à mansidão está o temor. Em relação a Deus esta palavra significa reverência; em relação a outras pessoas, respeito. Assim, a nossa apologética há de ser respeitosa, para a glória de Deus.
Além disso, a resposta cristã deve estar firmada numa boa consciência. O mundo pode nos atacar e mentir sobre nós, como é comum, mas a nossa consciência se mantém limpa e tranquila, pois ela foi transformada por Cristo. Quando os descrentes falam mal de nós, e nós respondemos com um bom procedimento, aqueles ficam confundidos e desnorteados (v.16).
Pedro conclui esta seção asseverando que, se tivermos que sofrer, então, que seja fazendo o bem e não o mal (v.17).

O sofrimento e a vitória de Cristo (3.18-22)
Por causa da limitação dos argumentos racionais é que, além de responder intelectualmente ao problema do mau presente no mundo, a fé cristã oferece consolação na tormenta. Ainda que Deus permita o sofrimento, Ele não fica indiferente com a dor humana. A maior prova disso é que Pai enviou seu Filho Unigênito para sofrer pelos nossos pecados (Jo 3.16; Rm 5.8), oferecendo-se em sacrifício no Calvário.
Num livrinho antigo intitulado Deus sabe que sofremos Philip Yancey diz que “o conceito da cruz deixado por Jesus no mundo, o conceito mais universal da religião cristã, é prova de que Deus muito se importa com o nosso sofrimento, com a nossa dor”19. A cruz ensanguentada atesta o amor de Deus e mostra que ele se compadece dos que sofrem terrivelmente.
Doroty Sayers também escreveu:
Seja qual for o motivo pelo qual Deus resolveu fazer o homem como ele é, limitado, sofredor e sujeito a tristeza e morte, ele teve a honestidade e a coragem de tornar-se também homem. Seja qual for o seu plano para com a criação, ele cumpriu as suas próprias regras e foi justo. Nada exigirá do homem, que não tenha exigido de si mesmo. Ele próprio sofreu toda a gama de experiência humana, desde as irritações triviais da vida em família, desde as restrições constrangedoras do trabalho pesado, desde a falta de dinheiro até os piores horrores da dor e da humilhação, derrota, desespero e morte20.
E assim, a cruz é a maior prova de que Deus é sensível ao nosso sofrimento. Por esse motivo, o apóstolo refere-se repetidas vezes ao padecimento de Jesus a fim de nos recordar que Deus, em Cristo, morreu por nós. Para Pedro, o mais importante não é saber a causa cósmica do sofrimento, e sim como devemos reagir a ele. E isso começa com a compreensão de que Deus está ao nosso lado em momentos de angústia, levando-nos a aprender com o sofrimento. Paulo disse que devemos nos gloriar também na tribulação, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência a experiência, e a experiência a esperança (Rm 5.3,4).
Pedro lembra da morte sacrificial ao dizer: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (v.18). O apóstolo está usando Jesus, o Filho de Deus, como exemplo de sofrimento. Não o sofrimento pelo sofrimento, mas o sofrimento redentor.
Mas, além disso, Pedro mostra a vitória final de Cristo.
Nos versos a seguir, temos uma das passagens mais discutidas do Novo Testamento, muito debatida entre os estudiosos. Pedro fala sobre a pregação aos espíritos em prisão, a água do batismo que simboliza a salvação do crente e, por fim, a ressurreição e ascensão de Jesus21.
A despeito das posições, a interpretação mais adequada é de Stronstad, que escreve:
Após sua morte, tendo Jesus retomado à vida pelo Espírito, “foi e pregou”. O verbo “pregar” significa “anunciar, tornar conhecido” (BAGD, 431). Portanto, Jesus fez um anúncio aos “espíritos em prisão”. A palavra “espíritos” é empregada no Novo Testamento para “anjos”, sejam eles bons ou maus (Lc 10.20; Hb 1.14). A hipótese de que nesse verso esteja se referindo aos anjos caídos é reforçada pela qualificação de que agora estão “em prisão” e também por passagens paralelas em 2 Pedro e Judas, que empregam a palavra “anjos” em lugar de “espíritos”. Portanto, Pedro quer dizer que Jesus, em virtude de sua morte, foi até os anjos aprisionados e anunciou sua vitória sobre a morte e as consequências de seu triunfo, isto é, de que seu julgamento já estava selado.22
Apensar do sofrimento, Pedro evidencia a glorificação e autoridade de Cristo ao dizer que ele está à direita de Deus, sentado no lugar de honra junto a Deus o Pai, com todos os anjos e poderes do céu curvando-se diante dele e obedecendo-Lhe (v.22).
*Adquira o livro do trimestre. NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança: Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
1 WIRSBE, 2007, p. 531.
2 HALÍK, 2016, p. 23.
3 WIRSBE, 2007, p. 532.
4 KISTEMAKER, 2006, p. 178.
5 Idem.
6 COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. Agora, como viveremos. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 440.
7 COLSON, PEARCEY, 2000, p. 441.
8 KELLER, Timothy. A fé na era do ceticismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 23.
9 MCGRATH, Alister. Apologética cristã no século XXI. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 96.
10 Idem.
11 LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 51.
12 LEWIS, C. S. O problema do sofrimento. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 41.
13 GEISLER, Norman; BOCHINO, Peter. Fundamentos inabaláveis. São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 252.
14 MADUREIRA, Jonas. Inteligência humilhada. São Paulo: Vida Nova, 217, p. 180.
15 KEENER, 2018, p. 817.
16 HORTON, 2012, p. 50.
17 Cf. KISTEMAKER, 2006, p. 184.
18 NASCIMENTO, Valmir. O cristão e a universidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 180.
19 YANCEY, Philip. Deus sabe que sofremos. São Paulo: Editora Vida, 1985, p. 188.
20 Citada por YANCEY, 1985, pp. 188, 189.
21 KISTEMAKER, 2006, p. 189.
22 STRONSTAD, 2015, p. 914.

Lição 08 - 3º Trimestre 2019 - A Mordomia do Tempo - Adultos.

Lição 8 - A Mordomia do Tempo

ESBOÇO GERAL
I – CONCEITOS IMPORTANTES
II – A MORDOMIA DO TEMPO
III – COMO APROVEITAR BEM O TEMPO
Elinaldo Renovato
Quando o tempo começou? Foi Deus quem criou o tempo? Essas e outras perguntas são feitas por quem deseja entender a dimensão temporal face à eternidade, quando não existe o tempo. Até onde podemos alcançar, antes de Deus criar o Universo e o homem, não existia o tempo como hoje percebemos. Deus é eterno. Está escrito: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2). Esse texto mostra-nos que o Senhor sempre existiu fora do tempo, pois Ele é Deus “de eternidade a eternidade”, ou seja, numa dimensão fora do tempo.
Há teólogos que entendem que Deus vive no tempo, e não fora dele. A Bíblia, porém, demonstra que Deus sempre esteve e está fora do tempo. Se ele vivesse “no tempo”, não seria eterno. Diz o salmista: “O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade” (Sl 93.2). Deus não está no tempo, mas é Deus “desde a eternidade”, que é a dimensão onde não há começo nem fim, nem passado, presente ou futuro. No entanto, ao criar o Universo a partir do nada (lat. Ex nihilo) e o homem a partir dos elementos químicos que há no pó da terra, Deus deu ao homem a dimensão do tempo antes da Queda. O ser criado teve começo e foi originalmente programado para ter uma “vida terrena eterna” sem passar pelo aguilhão da morte. O homem, antes da queda, viveria numa dimensão que teve começo, mas que não teria fim. Porém, ao cair na armadilha do Diabo e ter experimentando o pecado, o ser humano, a partir do ato da desobediência — ou seja, ao comer do “meio de prova” que Deus colocara diante dele, tendo sido advertido de que, se desobedecesse, certamente haveria de morrer —, conheceu a dimensão do tempo em sua abrangência plena: conheceu o passado, o presente e passou a ter a expectativa incerta do futuro. O ser humano saiu da dimensão da eternidade e mergulhou na dimensão do tempo com todas as implicações espirituais, morais e físicas, que o alcançariam ao longo de sua nova situação perante Deus e perante si mesmo.
Assim, a origem do tempo, segundo a Bíblia, está na interferência de Deus no planeta Terra ao criar o homem. A princípio, seria para o homem viver para sempre. Todavia, depois da Queda, ele perdeu o direito à vida eterna e passou a perceber, vislumbrar e experimentar o relacionamento com o tempo.
Essa é a origem do tempo conforme a Palavra de Deus. Há, no entanto, outras explicações históricas para a origem e o significado do tempo. A palavra “tempo” na Bíblia pode ser vista tanto no Antigo Testamento, escrito em hebraico, como no Novo Testamento, escrito em grego. No hebraico, as palavras mais usadas são yom, com o sentido de “dia, tempo”, e éth, significando tempo. No grego do NT, há termos que são mais bem compreendidos quanto ao significado de tempo. São as palavras kairós, com o sentido de “tempo, tempo fixo ou ponto no tempo”, e chronos, que é “tempo” ou “tempo estendido”. As palavras gregas mostram, definitivamente, certa distinção entre o tempo de uma forma pontual ou momentos precisos de tempo (kairoi) e o tempo com um intervalo que tem uma duração (chronos).
Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD.

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Com Jesus não Tenho Medo - Berçário.

Lição 09 - Com Jesus não tenho medo

Objetivo da lição: Confiar em Jesus nos momentos de perigo e medo, sabendo que Ele controla todas as coisas.

É hora do versículo“[...] Ele manda até no vento e nas ondas e eles obedecem” (Lc 8.25).

Nesta lição, as crianças serão levadas a confiar em Jesus nos momentos de perigo e medo, sabendo que Ele controla todas as coisas. Os ajudantes de Jesus passaram por uma terrível tempestade e ficaram muito assustados, mas com Jesus no barco eles não tinham motivo para ter medo. No manual do professor sugerimos que o professor confeccionasse um barquinho de papel e o colocasse em uma bacia com água simulando a tempestade e o episódio ocorrido com os discípulos. É importante que as crianças também manipulem a água e o barquinho para proporcionar uma aprendizagem significativa.
“A manipulação é uma categoria abrangente que inclui brincadeiras com água, areia, quebra-cabeças e outros itens para relacionar, classificar, dar sequência e manipular de várias maneiras. Pode incluir numerosas atividades que o professor possa trazer para a sala de aula a fim de estimular e ajudar as crianças a aprender por meio de situações reais.
A brincadeira com areia e com água é um tipo de atividade natural, básica para as crianças desta faixa etária [...]. O local ideal para essa atividade é a área externa. Contudo, muitos professores já encontraram formas de realizá-las na sala de aula.”
(BEECHICK, Ruth. Como Ensinar Crianças do Maternal. Não é fácil mas aqui está como fazer. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.50, 52)


Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Editora da Revista Berçário

Lição 08 - 3º Trimestre 2019 - O Grande Barco de Noé - Maternal.

Lição 8 - O Grande Barco de Noé

Objetivo da lição: Suscitar na criança a obediência e a fidelidade a Deus.Objetivo da lição: Suscitar na criança a obediência e a fidelidade a Deus.

Para guardar no coração: “[...] Noé vivia em comunhão com Deus.” (Gn 6.9)


Mensagem ao professor

“Quando uma criança coloca a mãozinha na sua, essa mão bem pode estar pegajosa de sorvete de chocolate, ou suja, por ter o seu dono andado brincando com o cachorro. Pode haver uma verruga no lado de dentro do polegar, ou um curativo cobrindo uma feridinha no anular. Mas a coisa mais importante dessa mãozinha é que ela contém o futuro. Essas são as mãos que um dia poderão segurar uma Bíblia ou um revolver; tocarão muito bem o órgão da igreja, ou farão rodar as máquinas de jogos, que roubam o sustento de mulheres e crianças; tratarão com ternura as feridas de um leproso, ou tremerão com o resultado da degeneração que o álcool produz no cérebro humano. Agora, essa mãozinha está entre as suas. Está pedindo auxílio e direção. Ela representa uma personalidade, um indivíduo que deve ser respeitado como tal, e cujo crescimento diário é sua responsabilidade” (Moody Monthly).

Perfil da criança
Uma das características mentais da criança de 3 e 4 anos, de grande importância na sua formação espiritual, é a sua credulidade.
Ela acredita facilmente no que lhe dizem, ao contrário dos adultos que, em pleno uso da faculdade da razão, a tudo questionam. O coração infantil não tem dificuldade para crer no nascimento, morte e ressurreição de Jesus, e a criança mostra-se pronta a receber a Cristo como seu Salvador pessoal, tão logo alguém lhe apresente o caminho da salvação. Talvez este seja um dos motivos de Jesus haver frisado a necessidade de um adulto tornar-se criança para entrar no reino do Céu (Lc 18.17). Conforme afirmou o pastor e mestre Antônio Gilberto, “a alma da criança é como massa de modelagem: a forma que se der, essa fica; o que for ensinado será aceito e crido sem discussão”.
Por outro lado, esta credulidade pueril pode ser explorada para o mal, levando-se a criança a crer em ídolos e vãs filosofias. É grande, portanto, a responsabilidade dos professores e pais cristãos em conduzir os pequeninos pelo caminho eterno. Cuide também de jamais mentir a uma criança, para mais tarde não perder diante dela a credibilidade” (Marta Doreto).

Oficina de ideias

“De mãos dadas, brincando de roda, as crianças cantam:

Lá na arca de Noé, todos cantam, todos cantam
Lá na arca de Noé, todos cantam e eu também.
Querem ouvir como faz o boi?
Querem ouvir?
O boi faz assim: muuuu.

Vá mudando o nome do animal para que elas o imitem” (Marta Doreto).

Até logo
Depois de repetir o versículo e o cântico do dia, encerre a aula com uma oração. Recomende às crianças que peçam aos pais para que leiam (em uma bíblia infantil) a história de Noé que se encontra em Gênesis 6.1—7.9.

Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!


Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista de Maternal

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Os Soldados se Afogam - Jd. Infância.

Lição 09 - Os Soldados se Afogam

Objetivo: Os alunos deverão narrar a abertura do Mar Vermelho e reconhecer que os israelitas passaram pelo mar em seco e os soldados do Egito morrem afogados pelo poder de Deus.

É hora do versículo“Ó SENHOR Deus, ensina-me a fazer a tua vontade e guia-me por um caminho seguro [...]” (Sl 27.11).

Professor, a lição passada terminou com os israelitas diante do mar. Ali eles acamparam e passaram a noite. Deus estava cuidando do seu povo. De repente foram surpreendidos por Faraó e seu exército que vinham levá-los novamente como escravos para o Egito.
Nesta lição as crianças aprenderão a dinâmica da abertura do mar Vermelho e o milagre de Deus para proteger o seu povo do malvado Faraó e exterminar de vez com os inimigos do seu povo, o exército de Faraó.
A atividade sugerida hoje propõe que as crianças completem a imagem da abertura do Mar Vermelho desenhando alguns animais marinhos nas colunas de água que foram formadas de um lado e do outro para o povo passar. Ofereça giz de cera para as crianças realizarem a atividade e reforce que os israelitas passaram pelo mar em seco e os soldados do Egito morrem afogados pelo poder de Deus.

JD Inf 9 3T19









Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Editora da Revista Jardim de Infância

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Refeições Garantidas - Primários.

Lição 9 - Refeições Garantidas

Objetivo: Que o aluno saiba que Deus cuida do amanhã e, portanto, não devemos nos preocupar.Objetivo: Que o aluno saiba que Deus cuida do amanhã e, portanto, não devemos nos preocupar.
Ponto central: Coloque Deus em primeiro lugar na sua vida!
Memória em ação: “[...] Não fiquem preocupados com o dia de amanhã [...]” (Mt 6.34).

Querido(a) professor(a), quantos devocionais já não lemos e ouvimos acerca da provisão divina no deserto?! Maná, água, sombra de dia sob o sol escaldante e fogo para aquecer nas noites frias... São inúmeras as possíveis analogias de tal cenário com as nossas vidas, nossas lutas e necessidades. E da mesma maneira, vemos a provisão do Senhor em cada etapa da jornada. Contudo, ainda assim nós reclamamos, tememos, nos preocupamos.
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.
[...] Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado. (Romanos 7.14-25)

Ao se preparar para uma aula, é crucial buscar ouvir pessoalmente a voz do Espírito Santo, permitir que a Palavra a ser ensinada, primeiro opere e gere frutos em você. É importante sermos honestos conosco mesmo e com as crianças. Nessa faixa etária as crianças já têm muitas preocupações – ainda que com questões infantis, da idade – e também já sabem o quanto é difícil não ficar ansiosa pelo amanhã. Se até para nós, adultos, o é assim, imagine para os pequeninos, sempre tão eufóricos?!
Por isso, além de pôr em prática o conteúdo sugerido pela sua revista, aqui propomos uma dinâmica. Ao final da lição pergunte quem confia totalmente mesmo em Jesus e não se preocupa. Sonde-os e os instigue a se abrirem sobre o assunto. Observe cada criança. Essa conexão é muito importante. Elas poderão desejar se abrir com você, caso vivenciem alguma experiência difícil ou dolorosa. Após esse momento de bate-papo, vamos à “prática”. Diga que você representará Deus e uma de cada vez deverá virar de costas para você e se lançar nos seus braços sem se apoiar nos pés, como se desmaiasse. Você precisa estar bem firme para amparar as crianças. Muitas não conseguem confiar. É uma dinâmica com muitas lições. Finalize reforçando que Deus cuida do amanhã e de cada uma das nossas necessidades, portanto,invés de nos preocupar, podemos nos entregar e confiar.


Deus te abençoe e capacite. Boa aula!


Paula Renata Santos
Editora Responsável pela Revista Primários da CPAD

Lição 06 - 3º Trimestre 2019 - O Primeiro Milagre - Juniores.

Lição 6 - O Primeiro Milagre

3º Trimestre de 2019

Texto Bíblico – João 2.1-12
Prezado(a) Professor(a),
Na aula desta semana seus alunos terão a oportunidade de aprender um pouco mais a respeito dos milagres operados por Jesus. Dentre eles, encontramos um que é polêmico pela forma como o texto nos apresenta a situação. As diferentes versões bíblicas tentam elucidar este fato, porém este é um daqueles relatos bíblicos que exige uma pesquisa mais minuciosa: “As bodas de Caná da Galileia”.
A lição de hoje apresenta o episódio em que Jesus é convidado para ir a uma festa de casamento. Num certo momento da festa, a mãe de Jesus o notifica que o vinho havia acabado e todos ficariam sem a bebida. Imagina o constrangimento para aquele casal de noivos que no meio da sua festa ficariam sem um importante item da recepção aos convidados. Ao saber da situação, Jesus responde a Maria, “Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora” (cf. Jo 2.4). Naturalmente a nossa perspectiva cultural nos faz enxergar o texto como se Jesus estivesse tratando sua própria mãe de forma mal educada. Tratamento este que não condiz com o caráter de Jesus, nem mesmo com o contexto da sua época que exigia total honra aos pais e punição para os filhos desobedientes. Mas o que Cristo quis dizer?
“Mulher, que tenho eu contigo? (2.4). A expressão em grego, ti emoi kai soi, quer dizer literalmente ‘o que [isso] tem a ver comigo ou com você?’ Sua ambiguidade levou a uma variedade de explicações. Certo comentarista sugere que Jesus quer dizer ‘o que isso tem a ver conosco?’, e sugere que, de acordo com o costume da época, os convidados faziam turnos comprando o vinho que seria bebido por todos pela saúde da noiva e do noivo. Ele supõe que Maria, ao dizer a Jesus que o vinho estava prestes a acabar, estava insistindo para que Ele realizasse o dever de um convidado, e comprasse a próxima rodada. A resposta de Jesus poderia simplesmente querer dizer ‘Não é a minha vez!’.
Embora esta seja uma interessante visão da cultura, provavelmente existem melhores traduções para a frase. Por exemplo, Cristo poderia estar perguntando gentilmente a Maria porque ela está falando a Ele sobre uma necessidade que Ele já entendeu e pretende satisfazer. Neste caso, as instruções de Maria para os servos são mais compreensíveis. Jesus não negou seu pedido, mas pretendia satisfazer a necessidade sem a intervenção de sua mãe.
[...] Mas ainda há outra possibilidade. Jesus está prestes a realizar o primeiro dos seus miraculosos sinais: um sinal que revelará sua glória e fazer com que os seus discípulos ‘creiam nele’ (2.11). Há muito tempo, quando criança, Jesus insistia: ‘me convém tratar dos negócios de meu Pai’ (Lc 2.49). No entanto, Jesus rejeita a intervenção de Maria: Mulher, agora nenhum relacionamento terreno pode deter, pois por fim Eu estou me iniciando nos negócios de Meu Pai.
Maria agora se curva ao seu filho, e diz aos servos: ‘fazei tudo quanto ele vos disser’ (2.5). Agora Jesus submete-se somente ao Pai, e, por causa disso, toda a humanidade submete-se a Cristo como Senhor” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp. 200, 201).
Tendo em vista que o comportamento de Jesus serve de referência para a conduta cristã, mostre aos seus alunos a importância de valorizar o respeito aos pais. Maria, além de ser uma grande mãe, era também uma ótima auxiliadora do ministério de Jesus, o que nos faz entender que ela deve ser respeitada como mãe e serva de Deus. Converse com seus alunos e pergunte se eles têm sido obedientes e, principalmente, carinhosos com suas mães. Explique que, assim como Jesus, eles também devem tratar suas mães com respeito, amor e carinho.

Lição 06 - 3º Trimestre 2019 - Crucificação e Morte de Jesus - Pré Adolescentes.

Lição 6 - Crucificação e Morte de Jesus

3º Trimestre de 2019
Lição de hoje encontra-se em: Lucas 23.33-48.
 Caro(a) professor(a),
Na lição desta semana seus alunos terão acesso a maiores detalhes de um dos momentos mais cruciais do ministério de Jesus: sua morte por meio da crucificação. Esse momento, com certeza, foi o mais trágico da vida de Cristo e seus discípulos sentiram muito. A princípio, eles não entenderam como alguém que só havia feito o bem às pessoas poderia morrer de uma maneira tão covarde. Tudo pareceu muito confuso para os discípulos, pois a compreensão deles estava limitada a respeito de todos os eventos que estavam ocorrendo, muito embora Cristo houvesse predito que todas essas coisas haviam de acontecer.
Nesse contexto encontramos um personagem que, apesar de não compreender integralmente a intensidade de suas palavras, foi o único que mediante a fé conseguiu enxergar em Cristo o Messias verdadeiro tão esperado em Israel. Estamos falando do ladrão da cruz, um homem que estando no mesmo sofrimento que Jesus, reconheceu a pureza e inocência do Nazareno diante daquela injusta sentença de morte.!
 O ladrão da cruz
O criminoso que estava prestes a morrer teve mais fé do que todos os demais seguidores de Jesus. Embora continuassem a amar o Mestre, a esperança deles em relação ao Reino estava abalada. A maioria se escondeu. Como um dos seguidores de Jesus disse com tristeza dois dias depois da morte do Mestre: ‘E nós esperávamos que fosse ele o que redimisse Israel’ (Lc 24.21). Em contraste, o criminoso olhou para o Homem que morria ao seu lado e pediu: ‘Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino’. A julgar pelas aparências, o Reino estava acabado. Como é inspiradora a fé daquele ladrão que sozinho foi capaz de enxergar, além da vergonha presente, a glória vindoura!” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1405).
O sofrimento do ladrão da cruz nos faz perceber que somente em momentos difíceis como aquele vivido na cruz é possível olhar inteiramente para Jesus como o único caminho que pode nos salvar e trazer livramento das aflições da vida. Parece que o quanto podemos resistir, nos negamos a depender de Deus, achando que é possível encontrar saída para os problemas sem contar com o auxílio do Criador.
É natural que o ser humano prefira esgotar todos os recursos possíveis e, somente então, volte-se para Deus em busca de resposta. Mas ao servo do Senhor que conhece o Deus a quem serve, voltar-se para Ele é prioridade, pois não há outro que possa livrar e salvar como o nosso Deus.
Aproveite a ocasião e converse com seus alunos a respeito do quanto eles têm dependido de Deus. Mostre que não podemos permitir que a nossa comunhão com o Pai se torne mais intensa somente quando os problemas vêm nos afligir. Pelo contrário, devemos manter a nossa intimidade com Deus de modo constante, todos os dias, em oração e estudo das Escrituras Sagradas.

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Sociedade e Missão Social - Adolescentes.

Lição 9 - Sociedade e Missão Social

ESBOÇO DA LIÇÃO
A JUSTIÇA SOCIAL DIVINA
JUSTIÇA SOCIAL NO NOVO TESTAMENTO
A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA NO PRIMEIRO SÉCULO
AVIVAMENTO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

OBJETIVOS
Conscientizar a respeito de missão social como Igreja do Senhor;
Mostrar que, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, há uma preocupação com os necessitados;
Ensinar que, como Filhos de Deus, temos um compromisso com Ele e com o nosso próximo.

Prezado professor,

Prezada professora,

A paz do Senhor!

A lição desta semana versa sobre a relação binária entre sociedade e missão social da Igreja. Um assunto muito importante para a vida cotidiana de qualquer igreja local. Por isso, considere as quatro perguntas abaixo antes de inicial o preparo de tua aula:

O que a igreja local pode fazer no sentido social em relação à sociedade?

Segundo a perspectiva bíblica, há algum fundamento nas Escrituras da missão social para o Corpo de Cristo?

Como a igreja cristã primitiva encarou essa missão social?

Há uma missão social da Igreja?


Assim, para ajudar você na reflexão da lição desta semana, e das perguntas acima, consideremos o seguinte: (1) A ideia de que a atividade social ser secundária na Igreja não se sustenta biblicamente. De acordo com os mandamentos do Senhor, a Missão Social da igreja local está embasada no maior mandamento que o Senhor Jesus nos deixou: Amai o teu próximo com a ti mesmo (Mc 12.31); (2) Não pode haver uma prática dualista entre evangelização e missão social.

Para explicar esse segundo ponto, e consequentemente, ajudar a responder as perguntas estabelecidas acima, disponibilizamos um trecho da obra do saudoso pastor e teólogo, John Stott, onde o douto teólogo versa sobre a legitimidade de a igreja local pensar sua atividade social a partir da perspectiva inteira da salvação proposta no Evangelho de Cristo:
O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como “um corpo-alma em sociedade”. Portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amamos o nosso próximo como Deus o criou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar do seu corpo, da sua alma e da sua sociedade. [...] É verdade que o Senhor Jesus ressurreto deixou a Grande Comissão para a sua Igreja: pregar, evangelizar e fazer discípulo. E esta comissão é ainda a obrigação da Igreja. Mas a comissão não invalida o mandamento, como se “amarás o teu próximo” tivesse sido substituído por “pregarás o Evangelho”. Nem tampouco reinterpreta amor ao próximo em termos exclusivamente evangelísticos. Ao contrário, enriquece o mandamento amar o nosso próximo, ao adicionar uma dimensão nova e cristã, nomeadamente a responsabilidade de fazer Cristo conhecido para esse nosso próximo (STOTT. John R. W. Cristianismo Equilibrado. Rio de Janeiro, CPAD, p. 60,61.).
Sugestão Pedagógica
Aproveite o tema dessa semana para promover uma conscientização dos alunos em relação a nossa responsabilidade social com os menos favorecidos, tanto com os da igreja quanto com os de fora. Essa deve ser uma característica especial da Igreja de Jesus Cristo. Fazendo assim, o Senhor acrescentará mais almas que hão de ser salvas à classe (At 2.46,47).
Boa aula!
Marcelo Oliveira de Oliveira
Redator do Setor de Educação Cristã da CPAD

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Ética Cristã e a Sexualidade - Juvenis.

Lição 9 - Ética Cristã e a Sexualidade

“Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6.18).“Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6.18).

OBJETIVOS
Apresentar os conceitos errados sobre sexualidade;
Mostrar o que a Bíblia diz sobre sexo;
Conscientizar acerca da pureza sexual.
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. O QUE É SEXUALIDADE?
2. A DISTORÇÃO DO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO
3. O QUE DIZ AS ESCRITURAS 4. EU ERREI! O QUE FAZER?

Querido(a) professor(a), nesta próxima aula vamos abordar um dos temas mais polêmicos e importante a todas as idades, em especial na de seus juvenis – sexualidade.
Há muitos equívocos religiosos acerca deste assunto, que é inerente ao ser humano. Isto é, foi o próprio Deus Todo-Poderoso que nos criou sendo seres sexuais. Erroneamente, muitos ainda associam sexo ao pecado original. Por isso, é crucial estudar o tema com profundidade e sabedoria para debatê-lo a luz da Bíblia. Dispondo e utilizando também ferramentas da psicologia e sexologia.

Não nos esqueçamos que muito casais jovens hoje enfrentam problemas gravíssimos devido a uma má formação e compreensão acerca de sua sexualidade. Muitas famílias vêm sendo até mesmo desfeitas devido a desvios e problemas nesta área.

Portanto, prepare-se bem, sobretudo na esfera espiritual, pedindo ao Senhor em oração por cada jovem, para que não caiam em nenhum dos extremos doentios – nem no da repressão sexual, nem no da libertinagem/prostituição. Mantenha o diálogo aberto, incentivando-os a participarem da aula, com dúvidas ou colocações.
Além de todo o conteúdo programático já sugerido em sua revista, propomos aqui que você reserve um tempo para perguntas e respostas ao final da aula. Para tal, previamente, distribua tiras de papel e diga que eles podem escrever nelas, anonimamente, suas dúvidas no decorrer do estudo. Ao final da aula, leia as que achar pertinente e responda.
Caso você não consiga fundamentar teologicamente alguma resposta ou tenha qualquer dúvida, seja honesto(a) e comprometa-se a trazer a resposta na próxima aula. Se preciso fale com um especialista. Graças a Deus, hoje há muitos psicólogos e sexólogos capacitados em nossas igrejas.

Se você observar que se faz necessário um aprofundamento maior sobre o tema, peça autorização do seu superintendente de ED e pastor para em um outro momento e espaço promover uma palestra para os juvenis com um destes profissionais, falando na linguagem e com subtópicos e exemplos típicos desta faixa etária.
O Senhor te abençoe e capacite.
Boa aula!
Paula Renata Santos
Editora Responsável pela Revista Juvenis da CPAD