4º Trimestre de 2020
Pastor Alexandre Coelho
INTRODUÇÃO
Toda sociedade necessita de pessoas com a capacidade para exercerem juízo — pessoas com discernimento e senso crítico para julgar conflitos e questões pessoais ou coletivas com base em um sistema legal codificado ou baseado em costumes. Em nossos dias, denominamos a essas pessoas de juízes. O povo de Israel tem um livro com o nome de Juízes, onde são descritas histórias de pessoas que se destacaram não apenas pelo senso crítico e pelo discernimento, mas também por terem sido usadas por Deus para trazer livramento aos hebreus. Neste capítulo, trataremos da história de uma juíza, Débora. Para isso, olharemos a narrativa acerca do povo de Israel no livro de Juízes, que mostra que, para os hebreus, a entrada na Terra Prometida com a espiritualidade de Josué não se manteve após a morte do grande general e que o povo de Deus não se comportou como tal antes da monarquia.
Os Bons e Maus Exemplos Débora tem a sua história narrada em um contexto de opressão, onde ela foi usada por Deus para, juntamente com Baraque, trazer livramento a Israel. Trata-se de uma história que fala acerca de fé, dúvida, limitações, companheirismo e vitória. Lembremo-nos de que tais fatos não se distanciam de nosso cotidiano, pois somos constantemente desafiados a obedecer a Deus ajudando uns aos outros.
I – ISRAEL E A VELHA REBELDIA EM UMA NOVA TERRA
O livro de Juízes é precedido de um contexto histórico. Os filhos de Israel vieram de uma escravidão rumo à liberdade, mas, até chegarem à terra que lhes fora prometida pelo Senhor, eles passaram 40 anos errantes no deserto até aprenderem a confiar em Deus e a ser fiéis a Ele. A rebeldia dos hebreus destemperou até o homem Moisés, que, ordenado pelo Senhor a falar para uma rocha, bateu nela, sendo tal postura motivo para que ele fosse impedido por Deus de entrar na terra que o Senhor prometera aos descendentes de Abraão. Deus manteve a promessa que fizera aos patriarcas. Os hebreus receberam dEle cidades que eles mesmos não construíram, morando em casas cheias de bens, bebendo água de poços que não cavaram e usufruindo de plantações que eles mesmos sequer tinham semeado. O Senhor havia-lhes dado tudo, porém com a observação de que não poderiam esquecer-se dEle, do Senhor que os tirou da terra do Egito (Dt 6.10-15). Mas, como ingratidão e esquecimentos andam juntos, o povo não somente se esqueceu do que recebera de Deus, como também se portou como ingrato quando havia sido abençoado. Essa ingratidão foi vista quando os hebreus decidiram buscar os deuses cananeus como os seus deuses pessoais
1. Na Terra de Canaã
O povo de Israel conseguiu entrar em Canaã, mas não conseguiu expulsar todos os povos que lá viviam. Como se isso fosse pouco, com o passar do tempo, eles viram-se em um processo de aculturação com grupos da terra, seguindo os seus cultos e trazendo para si o juízo de Deus. Ao invés de tornar-se um povo que serviria de exemplo para os seus vizinhos, Israel passou a praticar as ações que Deus condenava. Eugene Merril comenta que: Após a geração de Josué ter passado, o povo esqueceu-se de Yahweh, trocando-o pelos deuses de Canaã. Isto provocou a ira de Yahweh, de forma que Ele enviou inimigos a Israel a fim de puni-lo e despertar-lhe o interesse em retornar para os caminhos de Deus. Quando Israel se arrependia, Yahweh levantava juízes que livravam a nação, e assim experimentavam um período de paz e de justo governo.
Por uma questão de segurança e bem-estar, não é costume sentirmo-nos bem quando temos uma vizinhança que nos quer ver extintos. Esse foi o caso dos hebreus na Terra Prometida. Os povos no entorno de Israel fizeram o possível para destruir-lhe a paz e a existência. O povo de Israel entrou na terra, mas não se guardou da influência daquele ambiente, deixando-se levar pelas mesmas práticas dos seus antigos habitantes. É notório que, por não terem expulsado todos os moradores daquela terra, os hebreus teriam sérias dificuldades. Sobre a permanência dos inimigos de Israel, Merril entende que: Uma razão por que os israelitas não puderam expulsar todos os inimigos cananeus foi, de fato, que estes poderiam permanecer na terra como instrumentos sempre que Yahweh precisasse disciplinar seu povo. Também esses inimigos poderiam servir como um teste de lealdade a Yahweh, e treinar a nova geração de israelitas na arte de fazer a guerra.
Os hebreus não conseguiram entender que, ao misturarem-se com os povos de Canaã e seguir os seus costumes, rejeitando a Lei de Deus, esses povos seriam para eles, com a permissão do Senhor, os opressores do povo de Deus. A obediência ao padrão divino mostraria que o povo servia a Deus e que Ele próprio estaria com eles para protegê-los. Entretanto, tal coisa não ocorreu — não por causa de Deus, mas, sim, por causa do comportamento do povo.
A Palavra de Deus mostra-nos que houve, na história de Israel, pessoas que lideraram o povo com funções diferentes. Moisés foi chamado por Deus para ser um libertador e legislador. Josué entrou com o povo na terra e serviu-lhe como um general para as conquistas que se seguiriam. Com a morte de Josué, Deus levantou juízes, que eram pessoas responsáveis por resolver questões litigiosas. Estes agiam como magistrados, analisando os problemas e julgando as questões que lhes eram trazidas pelo povo. No livro de Juízes, eles também foram responsáveis por livrarem Israel dos seus inimigos. A monarquia veio somente após o período dos juízes, quando o povo de Israel pediu um rei, e Deus concedeu-lhe que fosse governado por monarcas. Sob os patriarcas a autoridade judicial é exercida pelo cabeça da casa (Gn 21; 22; 27). As disputas entre famílias eram resolvidas pela força ou mediante acordo mútuo (Gn 21; 31). Embora juízes não fossem desconhecidos fora do povo escolhido (Gn 19.9; Êx 2.14), eles foram instituídos pela primeira vez em Israel por sugestão do sogro de Moisés, Jetro, para ajudar Moisés e agir no interesse de Deus ao resolver as disputas (Êx 18.1327; Dt 1.9-18). O código deuteronômico fez provisão para a escolha de “juízes e oficiais” em cada cidade (16.18ss.). Os casos mais importantes deveriam ser julgados por um juiz com os sacerdotes como assessores (17.8-13). Durante a conquista de Canaã os juízes participaram nas assembleias solenes da nação (Js 8.33ss.; 24.1). Após a morte de Josué o destino de Israel dependeu dos juízes que Yahweh “suscitou para salvá-los da mão dos que os pilhavam” (Jz 2.16). Sua tarefa não era meramente julgar casos, mas manter a nação longe da idolatria e liderá-lo nas batalhas (v. 17ss.). Eles eram, às vezes, chamados de “salvadores” ou “libertadores” (3.9,15). O livro de Juízes registra suas façanhas desde Otniel (3.9) até Sansão (caps. 13–16). Entre eles estava a profetisa Débora (4.4s.). O último da linhagem foi o sacerdote e profeta Samuel (1 Sm 1–19; cp. At 13.20; 3.24), que “julgou... todos os dias de sua vida a Israel”, visitando anualmente os centros-chaves (1 Sm 7.15s.). Na sua velhice o povo pediu um rei para os “julgar” (sãphat) (1 Sm 8.5; cp. Dt 17.14-20). 3 II –Débora, é uma mulher que se destaca na narrativa bíblica como uma profetisa e como juíza. Pela sua atuação corajosa nos seus dias, Israel viu a libertação contra um dos momentos de opressão pelo qual passou antes de haver um rei naquela nação.
Débora, a juíza e profetisa (Jz 4). Dela se diz que era mulher de um certo Lapidote, um nome que, por causa de sua forma feminina, tem causado muita especulação. Ela é descrita como uma “mulher, profetisa” a única pessoa assim descrita em Juízes (4.4). Muitos séculos mais tarde, uma palmeira gigante que ficava entre Ramá e Betel era chamada de “a palmeira de Débora”. No tempo da opressão das tribos desgarradas de Israel pelo rei Jabim de Hazor, Débora convocou Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e deu-lhe a ordem de Deus para reunir 10.000 homens das tribos de Naftali e Zebulom, e marchar com eles para o Monte Tabor.4 O ofício profético não se restringiu aos homens. Débora era uma mulher que recebia os oráculos de Deus e, por meio desses oráculos, representava o Senhor e era usada por Ele. Ana, filha de Fanuel (Lc 2.36), é descrita como profetisa quando Jesus foi apresentado no Templo. Ressaltemos que nem todos os profetas do Antigo Testamento ou do Novo tiveram necessariamente os seus nomes registrados, nem as suas profecias anotadas na Palavra de Deus. Entretanto, a ausência desses registros e nomes não invalida a atuação do Espírito de Deus na vida dessas pessoas. 2. Débora Julgava a Israel Débora é descrita não apenas exercendo o ministério profético em Israel, como também julgando questões trazidas pelo povo (ver Jz 4.4,5). Por meio desse registro, Deus valorizou e mostrou o quanto é importante haver na comunidade dos santos pessoas com conhecimento e sabedoria para exercer atividades como essa. E esse não era um hábito incomum. Moisés julgava as questões trazidas pelos israelitas no deserto. Pessoas costumam ter desavenças em uma coletividade, e, em muitos desses casos, é necessária a intervenção de uma pessoa com autoridade, sabedoria, conhecimento e temor de Deus para fazer com que haja ordem e que os desentendimentos não se tornem um fator que desestruture a paz social. A necessidade de pessoas com discernimento é apontada no Novo Testamento em 1 Coríntios. Nessa igreja, irmãos levavam outros irmãos à justiça comum, situação que trouxe grande constrangimento ao apóstolo Paulo.
No primeiro século, como comenta Craig S. Keener: No mundo mediterrâneo em geral, as comunidades judaicas tinham os próprios tribunais nas sinagogas. Levar intrigas internas das comunidades cristã ou judaica aos magistrados seculares era um luxo com que essas comunidades não podiam arcar. Afinal, já sofriam bastante calúnia da sociedade (Keener, 2017, p. 560). Ainda sobre a questão relacionada a julgamentos, Os membros das classes sociais mais altas recebiam melhor tratamento nos tribunais. Esse fato às vezes gerava queixas de injustiça, mesmo na Antiguidade; de fato, esse favoritismo acabou fazendo parte das próprias penas inscritas nos códigos legais. Além disso, os membros das classes inferiores raramente conseguiam uma audiência para rentar processar pessoas de status mais elevado. Entretanto, para Paulo, até os cristãos do mais baixo nível estavam capacitados a julgar casos. (Keener, 2017, pp. 560,561) A verdade é que não estamos livres de desentendimentos entre irmãos mesmo na igreja. Mas da mesma forma como Deus trata nossas atitudes de maneira doméstica, é louvável quando problemas entre irmãos em Cristo podem ser resolvidos na comunhão dos santos sem partidarismo ou preferências pessoais. A primeira carta de Paulo aos Coríntios mostra um problema tão grave para a Igreja de Cristo quanto os irmãos daquela comunidade que chegaram a mover ações judiciais contra outros irmãos: não haver na igreja pessoas que pudessem exercer juízo entre os seus irmãos. Isso deixou o apóstolo Paulo tão impressionado que ele chegou a perguntar: “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1 Co 6.3). A falta de pessoas com sabedoria e discernimento pode custar caro para a igreja.
As Escrituras mostram a importância de Débora não apenas como uma profetisa, mas também como alguém que soube falar em nome de Deus a um homem chamado Baraque. A mensagem de Deus a esse homem está registrada em Juízes 4.6,7. Essa foi uma mensagem bem direta e objetiva. Deus ouviu a oração do seu povo e, na sua soberania, escolheu Baraque para ir à guerra em nome do Senhor.
Baraque, um Obediente Relutante Para entender o que se passava naqueles dias, precisamos ver o que o livro de Juízes diz a partir do versículo 1 do capítulo 4. O capítulo 4 de Juízes mostra uma situação de calamidade social gerada por ações pecaminosas do povo de Deus. Aos olhos do Eterno, as atitudes do seu povo não refletiam um compromisso com Ele; por isso, eles foram assolados pelo rei de Canaã, Jabim, que tinha uma máquina de guerra de novecentos carros de ferro, uma frota imponente e opressora. E Deus, após ouvir a oração do seu povo, convoca Baraque para libertá-lo. George M. Schwab comenta que Israel buscou a vontade de Yahweh, e reagiu chamando Baraque. Em hebraico, melhor representado como Baraq, significa “relâmpago” [...] por meio da profetisa, Deus deu ordens a Baraque para avançar: reúna 10.000 soldados no monte Tabor. Deus prometeu que lhe entregaria Sísera com seus 900 carros de ferro no Rio Quisom. Esse provavelmente não parecia ser um bom plano de batalha. O monte Tabor se parece com uma tigela virada. Se os 900 carros de Sísera conseguissem cercar o monte com todas as forças de Baraque nele, não haveria escape, e Israel perderia 10.000 homens. Baraque não necessariamente questionou o plano, mas pediu uma garantia. Ele confiaria no deber de Deus apenas se a profetiza Débora o acompanhasse. Por causa dessa conduta covarde, Débora profetizou que a honra de destruir Sísera seria de uma mulher.5 É curioso Schwab considerar a conduta de Baraque como covarde, tendo em vista que, mesmo relutante, Baraque obedeceu e trouxe livramento a Israel. Covardes não obedecem a um chamado para ir a uma guerra. Se em nossos dias há cristãos que não acreditam que Deus pode falar com uma pessoa especificamente em profecia, o que se pode dizer naqueles dias tumultuados dos juízes? Se formos considerar “covarde” toda pessoa que Deus chamou para uma missão e que inicialmente apresentou uma resistência ou dúvida ao chamado de Deus ou à forma como Ele iria agir, teríamos de colocar na lista Abraão, Moisés e Gideão, pessoas que foram ícones na fé. Baraque pode ter-se comportado com dúvidas, mas foi à batalha acompanhado de Débora, e, pela atitude desse homem, Deus trouxe livramento a Israel. Baraque foi relutante, mas não um covarde.
III – A VITÓRIA QUE DEUS TROUXE
Débora Encoraja Baraque Apesar dessa insegurança, ele foi ajudado a atender ao chamado do Eterno para livrar Israel. E aqui cabe mencionar o papel de Débora nesse processo de encorajamento. De certa forma, ela pagou o preço da sua palavra profética e creu tanto na palavra que Deus deu a Baraque que foi com ele para a batalha. Ela estava disposta a ser usada pelo Senhor, trazendo palavras de Deus e ajudando pessoas a cumprir o que Ele falou pelo seu intermédio. Há pessoas que têm sempre uma palavra de esperança ou de incentivo para trazer; quando, porém, são desafiadas a colaborar fazendo alguma coisa, voltam atrás. São hábeis comunicadores, mas não têm a disposição para agir de acordo com o que alegam ser algo da parte de Deus para outras pessoas. Débora não foi assim. Ela ouviu Deus falando, entregou a mensagem e foi ao teatro de operações com aquele que recebeu a mensagem de Deus. A presença dela no campo de combate trouxe segurança a Baraque, que se sentiu motivado a obedecer ao Senhor e a ver o que o Eterno faria. Mais do que falar, Débora mostrou-se ser uma mulher de ação. Deus Dá Vitória a Israel A batalha aconteceu. Baraque obedeceu ao mandado de Deus, e a vitória foi-lhe dada (ver Jz 4.15,16). Flávio Josefo narra esse feito da seguinte forma: Baraque e o resto dos israelitas, espantados com a multidão dos inimigos, intentaram retirar-se e afastar-se quanto possível. Mas Débora os deteve e ordenou-lhes que combatessem naquele mesmo dia sem temer aquele grande exército, porque a vitória dependia de Deus, e deviam confiar no seu auxílio. Travou-se o combate. Nesse momento, viu-se cair uma forte chuva com granizo. O vento impelia-a com tanta violência contra o rosto dos cananeus que os arqueiros e fundibulários não se podiam servir nem dos arcos nem das fundas, e os que estavam armados mais pesadamente tampouco podiam usar suas espadas, tão enregelados estavam pelo frio. Os israelitas, ao contrário, tendo a tempestade pelas costas, não eram incomodados por ela e ainda sentiam redobrada coragem, vendo nela um sinal visível do auxílio divino.
No fim, o Senhor trouxe a vitória ao seu povo como havia prometido. Somente Ele poderia tornar intransitável o solo para os carros de ferro, transformando objetos que eram, em tese, uma vantagem competitiva em um embaraço ao avanço na guerra contra os hebreus. O Deus que criou a natureza utilizou-se dela para trazer livramento ao seu povo. O cântico de Débora diz: “O ribeiro de Quisom os arrastou, aquele antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom. Pisaste, ó minha alma, a força. Então, as unhas dos cavalos se despedaçaram pelo galopar, o galopar dos seus valentes” (Jz 5.21,22). O Comentário Bíblico Africano traz: Não obstante, Baraque deve ter ficado temeroso diante de um exército tão superior. Débora o instou a agir dando-lhe duas garantias. Em primeiro lugar, asseverou: O SENHOR entregou a Sísera nas tuas mãos e, em segundo lugar, afirmou que Deus participaria diretamente da batalha e, portanto, garantiria a vitória: Porventura, o SENHOR não saiu adiante de ti?7 Animados por essas palavras, Baraque e os seus homens saíram para atacar os cananeus. No fim das contas, a sua tarefa mostrou-se muito mais simples que o esperado, pois o Senhor havia causado grande confusão no meio dos exércitos de Sísera, detendo os carros e espalhando os soldados (4.15). A maneira como isso ocorreu é relatada no cântico de vitória de Débora. Nele, a juíza de Israel descreve os exércitos inimigos e diz: “O ribeiro Quisom os arrastou” (5.19-21; cf. 5.4). O leito do ribeiro Quisom permanecia seco a maior parte do ano; porém, depois de chuvas fortes, transformava-se numa correnteza intensa, que, nesse caso, parece ter prendido o exército de Sísera. Os pesados carros de ferro provavelmente ficaram atolados, obrigando Sísera a fugir a pé. Baraque consolidou a vitória, lutando no território inimigo e perseguindo os soldados de Sísera até o seu quartel-general em Harosete-Hagoim (4.16; 4.2), onde todo o exército de Sísera caiu a fio de espada. Mas sua vitória só se completaria com a captura e morte de Sísera. (Tokunboh Adeyemo, Comentário Africano, Mundo Cristão) 3. O Preço de Crer ou não no que Deus Disse As pessoas nem sempre estão dispostas a crer imediatamente no que Deus disse. Baraque teve dificuldades para acreditar que o Senhor estaria com ele naquela empreitada e, por isso, pagou o preço.
A vitória veio de Deus e foi compartilhada por Baraque e Jael, a mulher que matou Sísera, o capitão de Jabim. O grande inimigo dos israelitas tombou numa tenda particular, e não no campo de batalha, aumentando, assim, a sua desonra. É provável que Baraque estivesse olhando as circunstâncias que o cercavam, como, por exemplo, duas décadas de opressão dos cananeus ou o poder bélico que eles detinham. Ainda assim, ele atendeu a voz do Senhor, porém pediu garantias de que Deus seria com ele. Há formas adequadas de pedir a presença de Deus em certas empreitadas. No caso de Baraque, houve um condicionamento na obediência. Se a profetisa fosse com ele, então ele iria à guerra (Jz 4.8). Ambos foram à guerra, e Deus deu a vitória a eles. Motivar pessoas não é um grande desafio tanto quanto estar ao lado delas para motivá-las com nossa presença. Até que ponto, então, estamos dispostos a ser usados por Deus ficando ao lado daqueles a quem estamos sendo canais da comunicação de Deus? Mais do que dizer às pessoas que Deus está com elas, sejamos também presentes tanto quanto Deus também o é. Mais do que uma questão de fé, é uma questão de prática.
CONCLUSÃO
Débora é um exemplo em diversos aspectos. Mais do que juíza e profetisa, ela soube estar presente em um momento crítico na história do povo de Deus. Como líder, fez a diferença espiritual em um ambiente carente de iniciativas de retorno à fé no Deus vivo. Como profetisa, recebeu do Senhor a orientação necessária para falar com Baraque e motivá-lo à batalha contra os opressores do povo de Deus. Como mulher temente a Deus, foi com Baraque à guerra. Ela sabia que a sua presença no campo de batalha era um incentivo a Baraque e aos 10 mil homens que o acompanhavam. Numa cultura primordialmente masculina, Débora soube ser usada por Deus com sabedoria e teve o seu nome registrado na história, mostrando que o Senhor usa homens e mulheres para a sua glória. “Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que o amam sejam como o sol quando sai na sua força. E sossegou a terra quarenta anos” (Jz 5.31 – Cântico de Débora, após a derrota dos inimigos do povo de Deus).