Lição 12 - Quando Deus se Revela ao Homem
4º Trimestre de 2020
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – A REVELAÇÃO DE UM DEUS PESSOAL
II – A REVELAÇÃO DE UM DEUS SÁBIO
III – A REVELAÇÃO DE UM DEUS PODEROSO E JUSTO
CONCLUSÃO
OBJETIVO GERAL
Mostrar que Deus se revelou ao homem para mostrar-lhe seus propósitos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Ensinar que Deus se revela aos homens;
II – Pontuar que a criação expressa a glória de Deus;
III – Acentuar que nossa justiça jamais se sobreporá à divina.
PONTO CENTRAL
Deus se revela ao ser humano.
Vejamos o que o comentarista da lição, pastor José Gonçalves, discorre sobre A Revelação e Deus:
É um fato bíblico incontestável que Deus sempre se revelou na história humana. Aqui neste texto, é destacada a revelação de Deus a Jó, que, sem dúvida, marca o ápice da narrativa sobre a prova de Jó. Em primeiro lugar, deve ser destacado que há várias outras narrativas no texto bíblico que mostram teofanias onde Deus revela-se ao homem de forma maravilhosa. Exemplos podem ser vistos em Abraão, Moisés, Samuel e muitos outros personagens bíblicos. Vemos aspectos da revelação divina e como os homens reagiram diante dela em todas essas narrativas. Foram momentos numinosos que, da mesma forma como aconteceu com Jó, provocaram profundo impacto na vida desses personagens bíblicos.
Em Gênesis 12, temos a chamada de Abraão. Ali, vemos como o Senhor, em um ato soberano da sua vontade, revela-se ao patriarca quando ele ainda vivia em Ur dos caldeus. No seu grande discurso perante as autoridades religiosas de Jerusalém, Estêvão faz referência a essa revelação de Deus ao antigo patriarca e destaca outros detalhes que ajudam na sua compreensão:
[...] O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela e dirige-te à terra que eu te mostrar. Então, saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora. E não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé; mas prometeu que lhe daria a posse dela e, depois dele, à sua descendência, não tendo ele filho. (At 7.2-5)
O termo grego ophthe (At 7.2), traduzido aqui como “apareceu”, tem o sentido de “revelar-se”. Deus revelou-se a Abraão e chamou-o para fazer parte do seu grande plano de redenção. No relato de Gênesis 12, a inclusão do mundo todo nessa revelação está explícita nas palavras “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Deus revela-se ao homem e firma um pacto de salvação com ele.
Tempos depois, esse mesmo Deus que se revelou ao patriarca hebreu também se revelou a Moisés (Êx 3). A narrativa é uma das mais impressionantes da Bíblia, visto que a teofania veio acompanhada de fenômenos sobrenaturais que se manifestaram na esfera física. Moisés contemplou uma sarça em chamas, mas que não se consumia.
E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus (Êx 3.1-6).
A Septuaginta usa o mesmo termo grego ophethe para traduzir o hebraico wayyêrā, com o sentido de “aparecer”.i Estamos diante de uma revelação soberana de Deus na história tanto na chamada de Abraão como também na chamada de Moisés. Assim como aconteceu com Abraão, a vida de Moisés não seria mais a mesma.
Outro caso que destaca a revelação direta de Deus aconteceu com Samuel, que viria a tornar-se um dos maiores profetas do Antigo Testamento. Nessa passagem, temos uma referência tanto ao “ocultar-se” como ao “revelar-se” de Deus. É um fato que, como aconteceu com Abraão e Moisés, embora os propósitos difiram entre si, Deus revelou-se de forma especial a Samuel.
E o jovem Samuel servia ao Senhor perante Eli. E a palavra do Senhor era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta. E sucedeu, naquele dia, que, estando Eli deitado no seu lugar (e os seus olhos se começavam já a escurecer, que não podia ver) e estando também Samuel já deitado, antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do Senhor, em que estava a arca de Deus, o Senhor chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui. (1 Sm 3.1-4).
É interessante notar que o texto mostra um “ocultar-se” de Deus antes do “revelar-se” dEle. O cronista destacou a passagem “a palavra do Senhor era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta” como uma referência clara a esse ocultar-se ou afastar-se de Deus. Na verdade, a ideia é que Deus estava lá, porém calado ou em silêncio. Pelo contexto do período dos juízes, a razão para tal é explicada em termos da anarquia reinante no sistema tribal (Jz 21.25): “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos”. Aqui, o pecado é dado como a causa dessa “ausência” de Deus através da sua Palavra.
É possível, portanto, fazer um paralelo entre as diversas teofanias bíblicas e o caso de Jó. Como ficou demonstrado, Deus às vezes “se oculta” ou fica em “silêncio”. No caso de Jó, esse “ocultar” não aconteceu como uma reação divina ao pecado de Jó, mas como parte de um plano pessoal e relacional. Deus permite o mal e oculta-se, mesmo sem deixar de estar presente, para trazer a Jó lições do seu supremo conselho. Havia, portanto, um desígnio em tudo quanto o patriarca viveu e sentiu. Nesse aspecto, Eliú não está equivocado quando disse para Jó que Deus nunca deixou de revelar-se: “Antes, Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso” (33.14). Jó também está correto quando diz experimentar o “ocultar-se” de Deus: “Eis que, se me adianto, ali não está; se torno para trás, não o percebo. Se opera à mão esquerda, não o vejo; encobre-se à mão direita, e não o diviso” (23.8-9); “Ah! Quem me dera um que me ouvisse! Eis que o meu intento é que o Todo-poderoso me responda e que o meu adversário escreva um livro” (31.35). Deus às vezes escolhe ocultar-se ou ficar em silêncio, mesmo sem deixar de estar presente. Talvez estejamos diante de um paradoxo, mas é assim que a leitura bíblica conduz-nos a interpretar.
Texto extraído da obra “A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: O Sofrimento e a Restauração de Jó”.
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Setor de Educação Cristã
i https://biblehub.com/text/exodus/3-1.htm.
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