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- Categoria: Jovens
- Publicado: 11 Outubro 2017
O Problema da Fome no Mundo Contemporâneo
4° Trimestre de 2017
INTRODUÇÃO
I - A FOME NAS ESCRITURAS SAGRADAS
II - A FOME COMO SINAL DA VINDA DE JESUS
III - A FOME NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
CONCLUSÃO
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivo central ajudar os jovens a refletirem a respeito da importância do testemunho da Igreja por meio do partir do pão. Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, leia o subsídio abaixo:
“A falta de acesso a alimentação básica ainda é um problema crônico nesse início de Século XXI. Uma em cada sete pessoas passa fome no mundo, apontam as pesquisas mais otimistas. Não se trata de fome eventual, ocasionada pela ausência temporária de recursos financeiros. É a falta constante de comida em quantidade suficiente para saciar adequadamente as necessidades de indivíduos e famílias inteiras ao redor do planeta.
Mas como é possível explicar a insegurança alimentar no tempo presente? Por que as inovações tecnológicas e os novos meios de produção e distribuição de alimentos não foram capazes de solucionar até agora esse problema social que perdura por centenas de anos? Para responder esses questionamentos devemos nos voltar para as Escrituras, a fim de compreender a origem da escassez de alimentos e o que os cristãos podem fazer a respeito.
A fome nas Escrituras Sagradas
A terra original criada por Deus era farta, com mantimento suficiente para a subsistência dos primeiros humanos. O Criador disponibilizou ao primeiro casal comida em abundância, conforme extraímos de Gênesis 1.29-30: ‘E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento. E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento’ (Gn 1.29-30).
O cuidado de Deus com a alimentação do homem é igualmente percebido no Éden. Deus disse que poderia comer livremente de toda árvore do jardim, menos da árvore da ciência do bem do mal (Gn 2.15-17). Antes da Queda, havia fartura e abundância de alimentos, pois os recursos da terra atendiam as necessidades básicas da espécie humana. Além da suficiência de mantimento, havia cooperação entre homem e mulher. Até então, eles desfrutavam de uma relação pacífica de mutualidade, vivendo de acordo com vontade de Deus.
Isso nos leva a compreender que, anteriormente ao pecado original, as condições externas (existência de alimentos) e internas (cooperação humana) viviam em perfeito equilíbrio: ‘Escuridão e luz, terra e água, planta e animais, seres humanos e animais, homem e mulher. Esse jardim, criado com maestria pelo maravilhoso Pai, era um modelo de ordem e, neste sentido, apto para a existência infinita (Gn 3.22)’1. Esse belo quadro foi destruído com a desobediência humana. Ao quebrarem o mandamento divino para não comerem do fruto da árvore da ciência do bem do mal o equilíbrio caiu por terra, assim como a abundância e a cooperação (Gn 3). A consequência da condenação encontra-se registrada nos versículos 17 a 19:
E a Adão disse: Porquanto destes ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás (Gn 3.17-19).
Tal passagem deixa entrever que o Criador lançou verdadeira maldição sobre a terra e a raça humana, com implicações econômicas. Segundo Aaron Armstrong o solo é amaldiçoado por causa de Adão, de modo que
[...] satisfazer as necessidades materiais será difícil. A fertilidade exigirá trabalho pesado. O tempo todo forças externas se oporão à nossa busca por progresso material. A prosperidade sempre será difícil e ilusória. Os próprios materiais e processos com os quais trabalhamos para tentar gerar prosperidade resistirão a nós. E continuará assim até o dia em que morrermos.2
É interessante notar que a Queda não inaugurou o trabalho humano, simplesmente tornou-o mais difícil. O serviço que antes era feito com facilidade, agora passou a ser realizado com suor e canseira. Herbert Hotchkiss expressou da seguinte maneira: ‘a queda moveu a humanidade da segurança e conforto para a insegurança e hostilidade; portanto, a humanidade passaria o restante de seus dias procurando comida e uma casa’3.
A fome e o pecado
Como percebemos, a narrativa de Gênesis deixa transparecer que a fome é o resultado direto do pecado do ser humano. Além das dificuldades naturais, a iniquidade acarretou também consequências danosas na natureza humana, gerando competição e instabilidade. R. W. Mackey explica que ‘essas condições de escassez, competição e instabilidade se ativaram quando o pecado entrou no mundo, fazendo da economia uma realidade. Fontes de fornecimento de produtos de necessidade básica para a vida se tornaram difíceis de adquirir e difíceis de manter’4 .
A natureza pecaminosa do homem é responsável por várias condutas que provocam as situações sociais da fome, a exemplo das guerras (Ez 6.11; 2Rs 25.2,3), governos injustos, egoísmo, ociosidade (Pv 19.15), corrupção e consumo descontrolado (Lc 15.14). Por isso, as Escrituras relatam vários casos de fome durante os dias de Abraão (Gn 12.10), Isaque (Gn 26.1), José (Gn 41.56,57), Elimeleque e Noemi (Rt 1.1), Davi (2Sm 21.1), Elias (1Rs 18.2; Lc 4.25), Eliseu (2 Rs 6.25; 8.1) e do cerco final de Jerusalém (2Rs 25.3). Ao mesmo tempo, muitas vezes a falta de alimento é retratada nas Escrituras como o juízo de Deus pelo pecado (2Sm 21.1; 24.13; 1Rs 8.32; 2Rs 8.1; Is 51.19; Jr 14.12-18; Ez 5.12).5
Segue-se que os problemas sociais, incluindo a falta de comida, têm início quando os homens desobedecem a Deus. Ao encaramos o problema da fome, portanto, não podemos negligenciar a sua natureza espiritual.
A fome como um sinal da vinda de Jesus
Em seu sermão profético (Mt 24), Jesus predisse que a fome seria um dos sinais do tempo da sua volta: ‘E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores’ (vv. 4-8).
Como vemos, todos os fatores característicos dos dias que hão de anteceder a vinda de Jesus — guerras, pestes e terremotos — formarão um contexto de grave crise alimentar. Aliado a isso, esses dias serão marcados pelo aumento da iniquidade (Mt 24.12), o colapso dos padrões morais (2Tm 3.1-5) e a operação da injustiça (2Ts 2.7), responsável pela proliferação da miséria em todo o mundo. Isso explica porque a fome insiste em existir em nossos dias, mesmo que os recursos naturais produzidos pela terra sejam suficientes para atender as necessidades alimentares das populações em todo o mundo. Nesse sentido, relatório ‘Estado de Segurança Alimentar no Mundo 2015’6 elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), apontou, à época, a existência de 795 milhões de pessoas em situação de fome. O relatório indicou que fenômenos ambientais extremos, desastres naturais, instabilidade política e conflitos civis dificultam o combate à fome. O documento destacou ainda que uma em cada cinco pessoas desnutridas no mundo vive em contextos de crise caracterizados por uma governança fraca e alto risco a doenças e morte.7
Portanto, os avanços na produção de alimentos e desenvolvimento econômico de muitas regiões não foram suficientes para erradicar a fome no planeta, pois o problema está alojado no coração caído do homem. Há alimento suficiente para todos, porém, a injustiça, a má distribuição da riqueza, a supressão das liberdades e outros efeitos nefastos do pecado fazem com que nem todos tenham acesso. Tal quadro é agravado pelo esfriamento do amor nos tempos do fim (Mt 24.12). Afinal, não havendo compaixão e sentimento de solidariedade, o contingente de pessoas sem acesso à alimentação básica, em situação de miséria, continuará a persistir.
Conclusão
Uma das maiores atitudes do crente em relação a fome é dar alimento aos famintos, pois isso é fazer a vontade de Deus (Mt 25.40). Jesus deu mostras da sua preocupação com a fome das pessoas ao realizar os milagres de multiplicação de pães (Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Mc 8.1-14; Lc 9.12-17).
No relato do Evangelho de Mateus (14.13-21) é interessante notar que a multidão havia acompanhado o Mestre até uma região desértica e afastada. Ao fim da tarde, os discípulos, vendo que não possuíam comida para toda a multidão, pediram para Jesus despedir o povo para que fosse comprar comida. Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão, dai-lhes vós de comer (v.16). Até então, os discípulos não haviam entendido que o Mestre se interessava pelo ser humano na sua forma integral, e não somente pelo aspecto espiritual e religioso. Eles pensaram que Jesus já havia feito a sua parte, por intermédio das curas e dos ensinamentos proferidos durante o decorrer do dia, e, agora, era hora do povo sair a procurar comida. Tal pensamento encontra-se presente em muitas de nossas igrejas, para quem a responsabilidade estaria adstrita somente à primeira parte do dia, nos momentos de devoção, ensino e curas. Mas Jesus ensina que também se importa com o cair da tarde, quando a fome bate e o estômago reclama por comida. Lawrence Richards capta o sentido da multiplicação dos pães ao dizer que Jesus não estava preocupado somente com a condição espiritual do povo. Ele também foi movido pela compaixão pela fome física. Sendo assim, ‘não poderemos representar adequadamente a Jesus se formos levados apenas pela necessidade de resgatar almas perdidas. Para representar Jesus adequadamente devemos no preocupar com os famintos, com aqueles que não têm onde morar, e com os oprimidos, da mesma maneira que Jesus preocupou-se com as multidões famintas’ 8.
*Este subsídio foi adaptado de NASCIMENTO, Valmir. Seguidores de Cristo: Testemunhando numa Sociedade em Ruínas. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 39-44.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
1 MACKEY, R. W.
Propondo uma abordagem bíblica da economia. In: MACARTHUR, J. (Org.). Pense biblicamente: recuperando a visão cristã de mundo. São Paulo: Hagnos, 2005, p. 473.
2 ARMSTRONG, A.
O fim da pobreza: o evangelho, a nova criação e a necessidade de um salvador. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 29.
3 MACARTHUR, 2005, p. 474.
4 MACARTHUR, 2005, p. 475.
5 PFEIFFER; REA; VOS, 2009, p. 815.
6 FAO. The State of Food Insecurity in the World. Disponível em:
http://www.fao.org/3/a-i4646e.pdf. Acesso em 03/fev/17.
7 PIACENTINI, P.
A fome no mundo. Disponível em:
http://pre.univesp.br/a-fome-no-mundo#.WJT-R9IrJ0x. Acesso em 03fev17.
8 RICHARD, L. O.
Comentário Histórico-Cultural no Novo Testamento. 3a. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 112.
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.