sábado, 28 de setembro de 2019

Qual a Estratégia de Trabalho para Alcançar os Alunos da Terceira Idade?

Qual a estratégia de trabalho para alcançar os alunos da Terceira Idade? 

“O idoso também é gente, é sujeito, e, portanto, não pode ser tratado como um simples objeto – um objeto descartável” 
 
Em seu livro: Vida Para Consumo – a transformação das pessoas em mercadoria, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman escreveu: “Numa sociedade de consumidores é muito difícil ser sujeito sem primeiramente se tornar objeto”.
 
Uma das marcas da cultura pós-moderna é a “coisificação” das pessoas, isto é, a transformação de sujeitos em objetos. E transformação de gente em mercadoria. Nesse aspecto, o que vale e o que conta hoje em dia em nossa sociedade líquida é aquilo que possui valor de mercado.
 
Na cultura líquida, pós-moderna e onde se prega o fim das certezas, os relacionamentos, quando existem, são frágeis. Bauman comenta em uma outra obra: Capitalismo Parasitário, que:
 
“Para os jovens, a principal atração do mundo virtual deriva da ausência de contradições e objetivos contrastantes que infestam a vida off-line. O mundo on-line, ao contrário de sua alternativa off-line, torna possível pensar na infinita multiplicação de contatos como algo plausível e factível. Isso acontece pelo enfraquecimento dos laços – em nítido contraste com o mundo off-line, orientado para a tentativa constante de reforçar os laços, limitando muito o número de contatos e aprofundando cada um deles”.
 
Na metáfora de Bauman, o mundo off-line é formado pelos relacionamentos reais, corpo a corpo. Por outro lado, o mundo on-line é o mundo onde os relacionamentos não acontecem de forma real, presencial. São relacionamentos que se constroem virtualmente. São relacionamentos fecebookianos, onde é fácil se construir uma amizade e mais fácil ainda desfazê-la. Dessa forma, se os relacionamentos se tornaram fragmentários entre jovens, como aponta Bauman, entre os mais velhos eles se tornaram patológicos. A exclusão dos mais velhos, portanto, dos considerados mais inaptos dentro dessa cultura é um dos piores efeitos colaterais.
 
Em uma análise detalhada dos efeitos dessa cultura de mercado sobre a sociedade, o filósofo espanhol Antonio Cruz denunciou esse o individualismo narcisista da cultura Pós-moderna. Em seu livro: Posmodernidad – el evangelio ante o desafio del bienestar, disse: “O individualismo da modernidade que era competitivo na economia, sentimental no doméstico, revolucionário no político e artístico, se transformou na cultura pós-moderna em um individualismo puro e duro, sem os valores morais e sociais da família. O próximo já não é o outro, mas eu mesmo. O organismo deve estar sempre jovem e em perfeito funcionamento, igual aos automóveis. Não se aceita a velhice. O velho é aquele que não pode desfrutar de corpo jovem.
 
Daí que os anciãos hajam inaugurado essa terrível infância chamada de terceira idade. O corpo assassinou o espírito, como Caim assassinou Abel”.
 
É um fato que a população brasileira, a exemplo da mundial, está envelhecendo. Os estudos mostram que esta é uma tendência mundial. “Todas as pessoas estão envelhecendo”, observa o expositor bíblico D.O. Moberg, destacando que elas devem “reconhecer a brevidade da vida, vivendo sabiamente como bons mordomos os anos que lhe foram dados (Sl 90). Devendo lembrar-se do seu Criador nos dias da sua mocidade “antes que venham os maus dias” (Ec 12), mas até mesmo os idosos podem nascer de novo (Jo 3.4). Quem tiver o relacionamento certo com Deus ainda será frutífero na velhice (Sl 92.12-15). Servirão ao próximo até o fim da sua vida e, como resultado colherão bênçãos para si mesmos e para os outros. Dessa forma o crescimento espiritual continua por muito tempo, mesmo após o início de outras perdas e declínios”.
 
Como tratar, portanto, essa importante parte da sociedade tem se constituído em um dos principais desafios para governantes, educadores e pesquisadores. Esse desafio tem sido encarado de duas formas – primeiramente vemos políticas públicas que usam o lazer como forma de inserção do idoso na vida ativa. Por outro lado, há aqueles, que acham que somente isso não basta, e buscam uma dar uma ressignificação ao “eu” do idoso.
 
Em outras palavras, o idoso também é gente, é sujeito, e, portanto, não pode ser tratado como um simples objeto – um objeto descartável.
 
Alguns educadores acreditam que um melhor juízo de valor sobre essa questão será feito se algumas variáveis forem levadas em conta:
 
1. Problematizar o conhecimento e o reconhecimento da realidade do idoso;
2. Discutir a geografia existencial do cotidiano do idoso;
3. Argumentar sobre a destinação antropológica do ser que envelhece;
4. Refletir sobre fatos e situações problemáticas do cotidiano;
5. Perceber a si e o seu grupo de pertinência como potencial;
6. Gerar novas interpretações dos fatos conhecidos;
7. Refletir sobre o relacionamento com as pessoas próximas.
 
Esses vetores sociais revelam que a educação do idoso, que não é mais um jovem, nem tampouco um simples adulto, precisa ser vista de uma forma especial.
 
Nesse contexto, para que um processo educativo se mostre eficiente, é necessário que leve em conta a inserção do idoso em seu contexto social. É preciso que se enxergue o idoso como um ser existencial importante, e mais, fazer com que ele mesmo se veja assim. O idoso precisa se sentir motivado e ter sua autoestima elevada. Isso ajuda a eliminar a cultura que ver o idoso como um simples “ferro velho” ou um “aposentado” que já deu o que tinha de dar. 
 
É preciso mais - é necessário integrar o idoso na vida ativa através de métodos que permitam a sua participação. Nunca esquecer que o idoso ainda possui um “eu” em construção. Ele pode ensinar através do seu histórico de vida, mas também pode se abrir para o mundo que se descortina à sua volta e aprender com as novas formas de saberes que se constroem.
 
Em um verbete intitulado de Conceito Cristão de Velhice, a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, destaca a importância de um ministério cristão com essa importante fase da vida:
 
É extremamente ampla a gama dos serviços em potencial e já existentes prestados pela igreja aos idosos. Além dos ministérios que servem a todas as idades, as instituições patrocinadas pela igreja para alojar e cuidar dos idosos ajudam a satisfazer as necessidades em vários níveis. É desejável, também, que haja um aumento na variedade de serviços domiciliares. A maioria dos gerontólogos recomenda que as pessoas sejam ajudadas para permanecerem no seu próprio lar o máximo possível, tanto para promover o sendo de bem-estar deles mesmo, como para reduzir os custos econômicos globais. Serviços voluntários e mutirões de trabalho e uma ajuda regular na limpeza da casa, lavagem das roupas, banhos, consertos domésticos e transportes para serviços externos necessários poderão aumentar os anos durante os quais muitos idosos conseguirão continuar residindo em casa.
 
Programas para cidadãos idosos ajudam a satisfazer muitas necessidades físicas, materiais, sociais, espirituais quando são planejados e orientados com sabedoria. Além disso, dão às pessoas mais idosas a oportunidade de servirem ao próximo.
 
Serviços de atendimento diurno poderão cuidar das necessidades diárias dos idosos enquanto os membros da família estão no emprego ou na escola. As igrejas poderão suplementar os programas públicos de assistência social, e ao mesmo tempo, fornecerão às pessoas mais idosas a oportunidade de ajudarem aos outros e, assim, ajudarem a si mesmas.
 
Artigo do pastor José Gonçalves, publicado na Revista Ensinador Cristão, Ano 16 – Nº 63 (jul/ago/set de 2015)

Projeto Discipulando Crianças, Mudando Vidas.

Projeto Discipulando Crianças, Mudando Vidas ! 

A revista Ensinador Cristão publicou nesta última edição o projeto do primeiro colocado do Prêmio Professor de ED do Ano 2016. O trabalho pertence à Renata de Souza Santos Damasceno. Ela é formada em Letras e tem dois MBA’s, sendo um deles na Gestão de Projetos. Atualmente ela atua como coordenadora do Departamento Infantil e Professora dos Primários na AD Bonfim, em Salvador (BA).
Em especial nos dias atuais, a Escola Dominical tem papel fundamental na vida Cristã. A ED permanece, sendo a principal agencia de ensino da Palavra de Deus e isso ratifica a importância de projetos como esse, que trabalham no ambiente de aprendizado e socialização trazendo resultados que culminam em mudança no contexto social do cristão. O desejo do meu coração sempre foi ajudar a transformar a vida das pessoas e a Palavra de Deus é a única ferramenta pertinente nessa jornada.
A cidade de Salvador tem hoje cerca de 2.938.092 habitantes (IBGE,2016), cerca de 10% desse contingente reside em bairros da região suburbana da cidade, onde vivem aproximadamente 286.115 habitantes. Um dos bairros dessa região é o bairro do Uruguai. O Uruguai surgiu de um processo de invasões de terrenos alagadiços e da luta de seus moradores, como outros bairros da Península Itapagipana, enfrenta uma baixa infraestrutura de esgotamento sanitário e de segurança pública.
O bairro do Uruguai é conhecido pela sua baixa renda e contexto social carente. A presença ativa de usuários e traficantes de drogas contrasta com uma quantidade grande de crianças que brincam pelas ruas, desprovidas de um ambiente de escolarização adequado para garantir que estejam afastadas da marginalidade e do fracasso social.
Estamos falando de um alto índice de crianças e jovens que singram pelas ruas desprovidos de direcionamento e sujeitos ao pecado e à morte.
Falta de saneamento básico e drenagem estão entre os problemas de infraestrutura enfrentados pelos moradores do bairro, além disso, a região possui altos índices de violência e mortalidade. Se considerarmos a população da região em questão, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes ao ano (referência utilizada pela ONU para medir a violência) varia entre 61 e 90 homicídios. O índice considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde da Organização das Nações é de 10 homicídios por 100 mil habitantes.
O tema central desse projeto é garantir a atuação da Escola Dominical no processo de evangelização, destacando que o conhecimento bíblico garante uma mudança de vida espiritual, intelectual e social. Essa ação tem proporcionado uma experiência educativa integralmente ligada ao Currículo de Escola Dominical proposta pela CPAD. No último trimestre de 2016 trabalhamos ativamente “O desafio da Evangelização” iniciando os trabalhos no ambiente descrito anteriormente.
A temática aqui é a evangelização, discipulado e acolhimento de crianças na nossa igreja.
Entendemos que a ED não deve ser um programa de discipulado apenas de seus membros efetivos ou descendentes, tampouco deve selecionar alunos causando separação e um abismo social, a ED deve permitir um aprendizado prático, um processo de ensino-aprendizagem proporcionado por Deus, através de sua Palavra, pelo Poder do Espírito Santo, transmitindo valores e princípios divinos. Ela precisa ser ativa em defender as causas sociais, o amor, cuidado e a evangelização e esse é o nosso objetivo com o projeto: “Discipulando Crianças, Mudando Vidas”
Nosso projeto tem levado a ED até essas crianças. O projeto que iniciou com o transporte de 11 crianças, hoje recebe, cuida e ensina 21 crianças ativas e matriculadas na Escola Dominical.
Nosso objetivo não é apenas aspergir gotas de conhecimento bíblico, mas, garantir que as vidas de cada criança e seus familiares sejam impactadas à medida que elas crescem na graça e no conhecimento.
• As crianças diretamente atingidas pelo projeto têm entre 05 e 12 anos de idade.
• Este projeto tem duração contínua e permanente, não tendo data para término.
• Este projeto está sendo executado com objetivos de curto, médio e longo prazo. Nossa estimativa é atender um número maior de crianças além de adolescentes e jovens, mas para isso carecemos de investimentos substanciais motivo pelo qual estamos aguardando a providência Divina para próximos passos.
• Esse projeto não se resume ao transporte, mas envolve o acolhimento e cuidado dessas crianças permitindo que estejam em um ambiente totalmente apropriado para o aprendizado.
A justificativa para nos gastarmos nessa obra é a missão de fazer discípulos. O ensino da Palavra de Deus deve romper as barreiras físicas e permitir educação cristã. Por muito tempo ensinamos nossas crianças que era necessário levar as boas novas de salvação, mas, a prática disso não era exercitada na igreja. Levar o ensino bíblico para além das fronteiras da igreja, atendendo a um público entrincheirado pelo mundanismo e pecado é não só uma oportunidade, mas uma obrigação da igreja. Somos gratos à CPAD pelo currículo que nos ajuda a traçar objetivos de aprendizado, cada temática nos leva a planejar uma atuação mais assertiva transformando teoria em prática!
Através de um Plano de ação de começa no transporte das crianças até a disponibilização de recursos e o fomento ao aprendizado e desenvolvimento de cada criança, com diferentes estratégias para a busca contínua da melhoria dos resultados.
O projeto Discipulando Crianças, Mudando Vidas pretende, acima de tudo, colaborar na evangelização infantil com ações efetivas para a garantia do acesso das crianças ao ensino da Palavra de Deus, acreditando e apostando na educação e transformação individual. Entre os objetivos específicos estão:
• Ganhar mais crianças para Jesus através do ensino da palavra na ED.
• Aumentar o número de matriculados na Escola Dominical.• Crescimento de visitantes na ED.
• Formar novos professores para atuação na ED.
• Realizar campanhas de doação missionária regional.
• Dobrar o número de salas disponíveis para atendimento às crianças.
• Adotar um projeto de atendimento psicopedagógico na comunidade do Uruguai.
• Implementar uma biblioteca cristã com acervo completo para aperfeiçoamento de discentes e docentes.
Existem muitas dificuldades para a manutenção desse projeto, organizar a logística para pegar 21 crianças (e às vezes pais) hoje é o mais complexo problema a ser resolvido, pois contamos com carros voluntários e nem sempre existe disponibilidade necessária. Às vezes é necessário fazer até quatro viagens para garantir a transporte de todas as crianças. Além disso, por ser uma comunidade com altos índices de violência, a falta de um carro padronizado para acessar o local gera certa insegurança. Esse é um desafio que ainda precisamos vencer, mas cremos na vitória que Deus já nos garantiu!
Somos gratos a Deus pela oportunidade de apresentar esse projeto à CPAD na esperança de que ele possa incentivar outras igrejas a seguirem por esse caminho da evangelização.
Temos expectativa de que o reconhecimento desse trabalho nos permita investir 100% dos recursos no prêmio na igreja, e nesse que hoje é nossa principal frente: A evangelização de crianças pelo mundo!
“Entretanto, onde o Evangelho foi proclamado e aceito, nova alegria e Esperança substituíram o desespero predominante” (Shedd, 2013, p. 26).
Fonte: Revista Ensinador Cristão, ano 19, edição 75 (jul/ago/set de 2018).

Professor de EBD Além das Fronteiras.

Professor de EBD além das fronteiras 

Trabalhar em uma classe de Escola Dominical não tem sido fácil, devido ao perfil de alunos que estamos tendo atualmente. Nossos alunos estão mais atualizados, exigentes, dinâmicos, participativos, questionadores e, infelizmente, mais influenciados pelo mundo moderno. Também, levando em conta os conflitos pessoais, familiares, sociais e profissionais, que esse aluno enfrenta no seu dia a dia. Tudo isso exige professores mais capacitados na missão “quase impossível” de promover um ensino com excelência. Na qualidade, não somente, de formador de opinião, mas de contribuir na construção do caráter cristão nos indivíduos. Nossos mestres precisam aprimorar sua didática, seu relacionamento com seus alunos e, principalmente, ir além das fronteiras, isto é, fazer além do convencional.
Tenho acompanhado a Escola Dominical ao longo dos anos, como aluno, professor, superintendente e pastor. Percebo as dificuldades que nossa EBD enfrenta em encontrar professores capacitados para realizar esta função, tão importante em nossas igrejas. Os nossos superintendentes quem o diga. A maioria das Escolas Dominicais não tem professores com formação acadêmica, são homens e mulheres que fazem a obra de Deus por chamado e convicção. E através dessa dedicação de nossos mestres, vocacionados por Cristo, que se tem alcançado alguns resultados positivos.

O rei Josafá no terceiro ano do seu reinado enviou príncipes, levitas e sacerdotes para ensinar a Lei do Senhor em todas as cidades de Judá (2 Cr 17.7-9). Ele promoveu uma estratégia diferente para transmitir o ensino da Palavra de Deus. O resultado foi um grande avivamento espiritual em sua nação. O professor da Escola Dominical tem a ferramenta mais poderosa para transformar a vida de uma pessoa, a Palavra de Deus. Por isso, vale todo o sacrifício e esforço, para que a Palavra de Deus chegue aos corações dos nossos alunos e faça guarida. Temos a melhor e mais completa escola do mundo. A EBD atinge todos os níveis de idade, desce o recém-nascido até o idoso, é um trabalho excepcional e precisa de professores que correspondam a essa grandeza.

É preciso atentar para esse contexto, há um grito de socorro além da nossa zona de conforto, pessoas esperando serem alcançadas de forma mais profunda pele ensino da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo ouviu um pedido de socorro: Passe à Macedônia e ajude-nos! (At 16.9). Foi uma experiência maravilhosa na vida ministerial do apóstolo e Deus fez grandes obras por intermédio do seu servo. Caro professor, você é um instrumento poderoso nas mãos do Senhor, seus alunos precisam de você. Comece a pensar nas estratégias que te ajudarão nessa missão e com a ajuda e orientação do Espírito Santo, vamos combater a evasão escolar que vem acontecendo em muitas EBD. Nada de ficar reclamando, a ação é a melhor resposta diante das adversidades.
Por Paulo Sergio Santos
Paulo Sergio Santos é pastor na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Paraíso do Tocantis (TO), pertence a Convenção Ciadseta, ligada a CGADB. Atualmente cursa Bacharel em Teologia pela Faetad. O pastor foi o segundo colocado na categoria Adultos, do Concurso Nacional Crente Bom de Bíblia, promovido pela CPAD. 

O Aluno e o seu Compromisso com a Escola Dominical.

O Aluno e o seu compromisso com a Escola Dominical 

“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).
O sucesso de qualquer escola dominical que tenha um perfil dinâmico e eficaz depende, e muito, do aluno. Como deve se comportar o aluno da Escola Dominical? Qual o perfil ideal desse aluno? Antes de respondermos essas indagações citadas acima, faz-se necessário esclarecer que quando dizemos aluno ideal não referimo-nos, propriamente, a alguém que seja: extraordinário, sublime, gênio, ou intelectual. Não, o discente ideal para ED é antes de tudo uma pessoa com propósito. De que forma?
Ele é esforçado, dedicasse ao máximo: Assíduo, pontual e responsável. Não apenas vai à Escola Dominical, todavia frequenta com prazer buscando sua edificação, consolo, aprendizado e não para simplesmente marcar presença dizendo "estou aqui", "cheguei" ou "agora o meu líder, superintendente, ou pastor não irão pegar mais no meu pé". O aluno da Escola Dominical convicto do seu propósito e de seu ideal não pensa nem se comporta assim. Sobretudo cumpre seu papel, Ele faz a lição de casa. Lê, estuda a Bíblia e sua revista; faz suas anotações para possíveis argumentações, a fim de sanar suas dúvidas, e crescer na graça e no Conhecimento, ele vem disposto a colaborar seriamente na sala de aula.
Todavia é lamentável quando alguns alunos vão à ED sem ter estudado ou se quer pegou no material durante a semana, isso dificulta demais a interação professor e aluno; por vezes ainda vão sem sua Bíblia e/ou sem revista. E não estamos referindo-nos aos pequeninos, mas sim, de gente grande, adulto mesmo! Pode soar indelicado de nossa parte, porém por vezes ponho-me a pensar: "Porque alguém que não leva Bíblia, revista (ou qualquer outro material didático), e que não estuda em casa, não se esforça vai pra Escola Dominical, o que será que vai fazer lá?". Aprender? Não pode ser! Não há aprendizagem quando o simples, básico é negligenciado. Precisamos conscientizarmo-nos que: De acordo com dados levantados, 60% ou superior a essa porcentagem do bom desempenho do docente numa sala de aula depende de seus alunos (discentes).
É notório que, quando o aluno não se prepara durante a semana, como já relatamos acima, perde muito e deixa de contribuir com algo além naquele espaço que poderia ser mais prazeroso. Contribuindo ele pode conquistar a classe e ganhar o professor também. Todos os alunos que permanecem quietos em sua zona de conforto durante a ministração da aula do professor cometem um grande erro (para não dizer "pecado") da negligência semanal. Faz-se necessário que você, aluno da ED, reverta esse quadro, e transforme a realidade em sua igreja se porventura está sendo negligente; não obstante, por vezes a culpa de uma aula mal ministrada recai sobre o professor quando na realidade o culpado é outro. Sabemos e concordamos que o professor tem suas responsabilidades, contudo nenhum docente, mestre, educador a menos que esteja fora de si, teria coragem de posicionar-se frente a uma classe sem que estivesse devidamente preparado.
Aqui fica o nosso apelo, em detrimento de vossa saúde espiritual, elevo na Fé, e valorização de nossos professores (a), cumpra o seu papel enquanto aluno e servo do Senhor, faz a sua parte, independentemente de qualquer realidade. Segundo Cesár Moisés, devem ser as seguintes ações do aluno: “Participar de cultos de oração, vigílias e demais atividades evangelísticas. Participar ativamente dos cultos de ensino, estudos bíblicos e Escola Dominical. Interagir com os membros da igreja, auxiliando aqueles que estão “fracos” na fé” (MOISÉS, 2016, P. 359, CPAD).
Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém” (II Pe 3.18).
Ezequiel Pereira da Silva é diácono da Assembleia de Deus do Ministério do Ouro Fino (RJ), exercendo a função de auxiliar de congregação. Licenciado em História, Bacharel em teologia, pós-graduado em Psicopedagogia e pós-graduando em Língua Portuguesa, Redação e Oratória. 
Bibliografia:MOISÉS, César Carvalho. Uma pedagogia para educação cristã. Noções básicas da ciência da educação a pessoas não especializadas. 3. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

Subsídios para a Escola Dominical - Incentivo Pastoral.

Incentivo pastoral como fator decisivo do crescimento da Escola Dominical 

A Escola Dominical desempenha papel de relevada importância na vida da Igreja. É inquestionável a sua contribuição na educação cristã, capaz de alcançar as mais variadas faixas etárias da membresia. A ED organizada e bem estruturada exerce grande influência na salvação e na formação do caráter cristão de seus alunos. Ela proporciona conhecimento das doutrinas bíblicas e aperfeiçoamento espiritual. O ensino é a mola principal da ED e sua eficácia depende da capacitação de seus professores e da frequência e assiduidade de seus alunos. E um fator decisivo na motivação daqueles que ensinam e recebem a instrução bíblica se processa por meio da atuação, participação, incentivo e exemplo demonstrados pelo pastor da Igreja.
O pastor é o líder espiritual vocacionado por Deus para apascentar o rebanho do Senhor. A defesa do verdadeiro evangelho e o ensino da doutrina bíblica constituem-se no propósito original da chamada ministerial: “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12).
Portanto, cabe ao pastor incentivar e motivar setores da Igreja que o possam auxiliar nesse mister. Sob esse aspecto, as atividades da ED merecem a atenção, o esmero e o cuidado pastoral. Uma ED de qualidade depende da participação e comprometimento pastoral. Portanto, as ações pastorais devem visar ao crescimento e à qualidade da ED.
Com esse propósito, ressaltamos abaixo alguns elementos fundamentais:
Valorização do Ensino: Não ensinar à Igreja equivale a deixá-la perecer. O pastor que não valoriza o ensino conduzirá um rebanho doente e suscetível a todo vento herético. Para motivar o ensino, é necessário despertar na igreja o desejo e a inclinação para aprender. Para alcançar esse propósito, é indispensável a realização de simpósios, seminários e conferências de educação cristã no âmbito da igreja local.
Os temas desses eventos devem ser essencialmente bíblicos e os preletores devem possuir notório conhecimento na área a ser abordada. O apelo, o incentivo e a motivação pastoral são fundamentais para o sucesso de tais atividades.
O pastor que preocupa-se apenas com a promoção de milagres e prosperidade torna-se responsável pelo ensino parcial das Escrituras e pelo desinteresse da igreja em aprender.A maior parte desses eventos não produzem arrependimento, confissão, regeneração ou santificação. Todo pastor que não tem apreço pelo conhecimento caminha pelo fanatismo religioso.
E esse comportamento é tanto reprovável como prejudicial à fé cristã. Na Igreja Primitiva, a direção era apontada pelo ensino contínuo da Palavra de Deus e as manifestações espirituais estavam sempre sujeitas ao ensino autorizado das Escrituras (1Tm 4.11, 6.2; 1Co 4.17; 2Ts 2.15).
Valorização da Escola Dominical: O pastor da Igreja deve enfatizar a importância da ED e priorizar suas atividades em todas as ocasiões possíveis. Ser o principal e maior motivador da educação cristã implica ações práticas e não evasivos discursos.
Ao pastor cabe a responsabilidade de ser aluno frequente, assíduo e pontual e assim servir de  exemplo ao rebanho. Ao pastor como administrador cabe prover a infraestrutura adequada para o bom funcionamento da ED. Salas de aula arejadas e equipadas, espaço para secretaria, recursos didáticos e pedagógicos entre outros demonstram interesse e preocupação pastoral com a ED.
Valorizar a ED também requer o estabelecimento de prioridade do ensino. Os horários preestabelecidos para as aulas não podem ser substituídos ou alterados em hipótese alguma.
Jamais a ED deve ser suspensa ou adiada para se promover ou priorizar outros eventos. O espaço da ED é sagrado e imexível.
Mesmo diante de outras atividades da igreja, o horário da ED deve manter-se inalterado.Enquanto o pastor manter a prioridade do estudo sistematizado e não autorizar a supressão ou adiamento das atividades de educação cristã, a membresia da igreja saberá valorizar o ensino e a importância da ED.
Valorização dos Professores: Outra preocupação do pastor incentivador da ED deve ser com a qualidade do ensino ministrado. A seleção de professores vocacionados e com unção para ministrar deve fazer parte do cuidado pastoral para com a educação cristã. Na escolha dos professores, é indispensável um prudente e atento exame da capacitação dos que são indicados. É imprescindível que os professores sejam idôneos e com reputação ilibada. Requer-se vida espiritual e bom testemunho, habilidade didática e pedagógica, conhecimentobíblico e teológico, comprometimento e responsabilidade, disposição e desejo de servir à causa do Mestre.
Para tanto, os cursos de capacitação e aperfeiçoamento para professores devem ser constantemente promovidos pelo pastor da Igreja. É preciso também possuir a mentalidade de que os recursos aplicados na qualificação dos professores são investimento para a melhoria e crescimento da ED. Ter ciência que o interesse dos alunos é despertado quando as lições são apresentadas com profundo conhecimento bíblico e didática adequada. Assim, o pastor não deve permitir improvisação no suprimento das necessidades das classes. E ainda deve exigir e fiscalizar avaliações periódicas do desempenho dos professores e do aproveitamento dos alunos.
Valorização do Material Didático: Para alcançar a excelência na educação cristã, seja no discipulado de novos membros, na educação infantil, bem como para educar adolescentes, jovens e adultos, a ED necessita observar o material didático e o currículo disponibilizado pela instituição oficial. Para que isto aconteça o pastor da Igreja deve destacar a importância e requerer o uso indispensável e obrigatório das revistas de aluno e periódicos que retratam a confissão de fé pentecostal adotada pelas Assembleias de Deus no Brasil. O uso do material apropriado facilita o processo ensino-aprendizagem e mantém a unidade doutrinária na Igreja.
Quando o pastor permite o uso de material didático diverso ao oficialmente disponível acaba promovendo um desserviço a ED.
Outros materiais que sistematizam o ensino bíblico, embora possuam qualidade teológica, não atendem a doutrina pentecostal professada pela Igreja.
Deste modo, é responsabilidade pastoral coibir possíveis atos de desprestígio ou desconsideração do material a disposição.
O pastor deve promover enaltecer e incentivar o uso do material apropriado. Com estação evita-se a introdução de heresias e previne-se os desvios doutrinários.
Percebe-se então, diante destas valorações o importantíssimo papel da ação pastoralpara o crescimento e o aumento do nível de qualidade da ED.
Ao promover a importância do ensino, ao priorizar a ED, ao reconhecer o valor dos professores e ao usar o currículo e material didático apropriado, o pastor da Igreja estimula e incentiva a membresia a frequentar a Escola Dominical. Por meio dessas ações, o pastor multiplica o número de alunos, resolve o problema de baixa frequência, elimina a evasão escolar e ainda cumpre sua função ministerial de capacitar e aperfeiçoar a Igreja.
Pastor Douglas Roberto de Almeida Baptista é líder da Assembleia de Deus de Missão no Distrito Federal e do Conselho de Educação e Cultura da CGADB. Ele é graduado em Teologia, Pedagogia e Filosofia; especialista em Docência; mestre em Ciência das Religiões e doutor em Teologia.
Artigo publicado na Revista Ensinador Cristão, ano 18, ed69, jan/fev/mar de 2017

31ª Conferência de Escola Dominical da CPAD em Belém - PA - 31 de Outubro a 03 de Novembro 2019.

Vem aí 31ª Conferência de Escola Dominical da CPAD em Belém-PA 

Nos próximos dias 31 de outubro a 03 de novembro, a Casa Publicadora das Assembleias de Deus realizará mais uma Conferência de Escola Dominical. Desta vez será a cidade de Belém do Pará que vai sediar este evento voltado para pastores, professores, superintendentes e alunos da Escola Dominical de todo o país.
O tema a ser abordado, “No princípio era a Palavra” João 1.1, será muito bem discursado em Plenárias, Seminários e Workshops, com os grandes nomes da Educação Cristã. Entre os preletores convidados para os eventos estão os pastores: Elienai Cabral, Claudionor de Andrade, Esequias Soares, Douglas Baptista, Alexandre Coelho, Eliezer Moraes, Claiton Pommerening, César Moisés, Esdras Bentho, Jamiel Lopes e Valmir Nascimento; as professoras Helena Figueiredo, Joany Bentes, Telma Bueno, Anita Oyaizu e Siléia Chiquini; e as psicólogas, Elaine Cruz e Valquíria Salinas.
O evento conta com a participação dos adoradores com selo CPAD Music, como Lília Paz e Marcelo Santos.
SERVIÇO:
Local: CENTRO DE EVENTOS PR. FRANCISCO ALVES RIBEIRO
End.: Passagem Sulei, 41 Ananindeua - PA
Como chegar: https://goo.gl/maps/VigFkymS25wiSFGY9
Dias: 31 de outubro a 03 de novembro de 2019
INSCRIÇÕES ABERTAS:
* Sem alimentaçãoInclui todo material do evento (crachá, pasta, bloco, apostila, caneta e certificado)
Parcelado em até 5X de R$ 25,00 ou R$ 125,00 (à vista)
* Com alimentação (almoço e jantar nos dias 01 e 02/11)Inclui todo material do evento (crachá, pasta, bloco, apostila, caneta e certificado)
Parcelado em até 6X de R$ 32,50 ou R$ 195,00 (à vista).
INFORMAÇÕES:
Tel.: (21) 2406-7400 / 2406-7352
WhatsApp: (21) 96453-1287 / 96452-2990
E-mail: eventos@cpad.com.br

3ª Conferência Nacional de Escola Dominical em Angola - Maio 2019.

3ª Conferência Nacional de Escola Dominical em Angola 

Quase seiscentos professores de Escola Dominical participaram da 3ª Conferência Nacional da Escola Dominical que ocorreu dos dias 14 a 18 de maio, na sede da Convenção Geral das Assembleias de Deus em Luanda, Angola. O tema geral foi “A Dimensão 3D da ED” e contou com a participação de delegados oriundos de 16 das 18 províncias de Angola, bem como palestrantes vindos do Brasil, representando a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), missionários americanos radicados em Angola e líderes eclesiásticos angolanos.
O Reverendo Francisco Domingos Sebastião, presidente da Convenção, manifestou gratidão aos esforços empreendido pela CPAD, na pessoa do seu Diretor Executivo, Ronaldo Rodrigues de Souza.
pr. cesarParticiparam como palestrantes o pastor César Moisés de Carvalho e a professora Telma Bueno, ambos da Gerência de Publicações da CPAD. O pastor César Moisés ministrou sobre: “O Perfil do Professor de ED Aprovado”, “Perfil do Superintendente de ED”, “Como utilizar o Currículo de ED da Editora CPAD”, “Marketing para a Escola Dominical”, abrindo espaço na sequência para perguntas dos participantes. “Essa é a minha segunda vez em Angola e a quarta no Continente Africano. Sinto-me satisfeito por contribuir de alguma forma com o povo angolano. A cada contato com os irmãos angolanos percebo o quanto quem não tem acesso aos recursos que temos, valorizam até mesmo as pequenas coisas que no Brasil desprezamos. Aprendendo mais na convivência com eles, do que eles me ouvindo”, afirmou o pastor César. 
telma
Para a professora Telma Bueno, a Conferência em Angola foi excelente, pois era visível o amor que a igreja angolana tem pela Escola Dominical. “Eles também têm um carinho especial pela CPAD e o nosso currículo. Nesta conferência dei três plenárias: “Psicologia do Desenvolvimento”, a “Igreja Saudável” e “Como trabalhar com o currículo CPAD”. Os temas foram sugeridos pela liderança local segundo as necessidades da igreja. Foi um tempo de ensino, aprendizagem, compartilhamento e de comunhão”, explicou Telma. 
Juntamente com os palestrantes, estavam representando a CPAD em Angola, o irmão Silvio Tomé, Gerente de Projetos (CPAD) e o pastor Alexander Costa.
Fonte: Informações extraídas de Filipe Campos Jr. da Igreja Assembleia de Deus Pentecostal Maculusso.

Lição 13 - 3º Trimestre 2019 - Seja um Mordomo Fiel - Adultos.

Lição 13 - Seja um Mordomo Fiel 

3º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – O QUE DEUS ESPERA DE SEUS MORDOMOS
II – AS CARACTERÍSTICAS DO MORDOMO INFIEL
III – AS QUALIDADES DO MORDOMO FIEL

Elinaldo Renovato
A função de mordomo não é bem conhecida nos tempos presentes e no mundo ocidental. Em séculos passados, mesmo no Brasil, havia mordomos entre os nobres e ricos, mais notadamente no tempo do Império ou dos reinos, que dominaram o país. Mas essa figura, ligada à área da administração da nobreza, era bem conhecida nos tempos bíblicos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. No AT, Abraão, personagem de destaque na História de Israel, tinha um mordomo chamado Eliézer. Este gozava de tanta confiança que, além de cuidar de todos os seus bens, foi designado para buscar uma esposa para seu filho, Isaque, na terra longínqua de seus parentes. José, filho de Jacó, foi vendido para o Egito como escravo, e Deus fez dele governador daquele reino, e José teve mordomos a seu serviço. Reis e senhores sempre tiveram servos de muita confiança, a quem entregavam a administração de todos os seus bens. 
No Novo Testamento, nos tempos de Jesus, também havia mordomos a serviço de senhores ricos ou abastados. Na parábola da vinha, o mordomo é encarregado de fazer o pagamento aos trabalhadores (Mt 20.1-16). Na parábola do servo vigilante, ele é o “[...] mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos [...]” (Lc 12.42). Na parábola do mordomo infiel, ele é acusado de dissipar os bens de seu senhor (Lc 16.1-13). No livro de Atos, vemos a figura de um alto funcionário do reino da Etiópia, a quem Filipe, o evangelista, foi designado para falar o evangelho: “E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração” (At 8.27).
Em todos esses textos, vemos a figura do mordomo aplicada a todos os servos de Deus, a quem são dadas oportunidades e missões das mais importantes no Reino de Deus. Nos exemplos citados, podemos ver que só há dois tipos de mordomos que são tomados como exemplo para a vida cristã: os fiéis e os infiéis. Todos os mordomos são servos que cuidam dos interesses dos seus patrões ou soberanos. Na vida cristã, há servos a quem são confiadas funções de maior responsabilidade, como cuidar e prover para supervisionar e remunerar os seus conservos, como na parábola da vinha e na do mordomo fiel e prudente. Hoje, tais servos podem ser identificados na pessoa dos pastores, dos dirigentes de departamentos e de outros cargos de liderança. Haverá uma prestação de contas, na qual cada um dará contas do que fez ou não com a obra do seu Senhor: “Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.11,12). 
De modo geral, na Igreja, todos os salvos são servos de Deus, tanto homens quanto mulheres. Não há distinção social, sexual ou racial: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28; Cl 3.11). Na comunidade cristã, os líderes não são “maiores” que os liderados. São servos a serviço dos servos de Deus. Cada crente em particular, mesmo que não tenha cargo eclesiástico ou ministerial, é servo de Deus. Foi chamado para ser salvo e para ser servo. Como tal, ele tem o dever de servir na casa do Senhor conforme a capacidade e as oportunidades que Deus conceder a ele. Seja como for, líder ou liderado, o salvo só é aprovado e recompensado por Deus se for um “servo” ou “mordomo fiel”. 
 Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD. 
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Lição 13 - 3º Trimestre 2019 - A Vinda do Senhor : a Nossa Suprema Esperança - Jovens.

Lição 13 - A Vinda do Senhor: a Nossa Suprema Esperança 

3º Trimestre de 2019
Introdução
I – Aqueles que zombam da vinda de Cristo;
II – A certeza da vinda de Jesus;
III – Preparando-se para a vinda do Senhor.
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Saber quem são aqueles que zombam da vinda de Cristo;
Conscientizar sobre a certeza da vinda de Jesus;
Compreender a necessidade de estar preparado para o retorno do Senhor. 
Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.

Pedro está chegando ao final da sua segunda epístola, e depois de ter advertido os crentes acerca dos falsos mestres e suas heresias, ele tem uma palavra de ânimo e de esperança firmada na certeza da volta de Jesus, pois foi o Senhor quem o prometeu. Se na sua primeira carta Pedro incentivou que os cristãos tivessem esperança no meio das provações, nesta segunda ele conclama a igreja a manter sempre viva a esperança futura, a despeito daqueles que desdenham da promessa de Cristo. Isso porque, o retorno do Filho de Deus em poder e grande glória é a nossa suprema esperança.
Despertando o ânimo sincero (3.1,2)
Antes de concluir sua segunda carta, Pedro deixa manifesto o propósito de suas duas epístolas: despertar o ânimo sincero dos crentes. O sentido desta frase é fazer acordar a mente e a compreensão dos seus leitores. Também pode ser entendido como um chamado para que os cristãos pensem naquilo que é importante, colocando a mente para trabalhar i. Afinal, mente desocupada é fábrica de maus pensamentos.
Novamente, o apóstolo está conclamando seus destinatários a se recordarem daquilo que lhes havia sido ensinado pelos santos profetas e pelos apóstolos do Senhor. Uma vez mais, Pedro mostra a harmonia entre o que fora dito pelos profetas e pelos apóstolos, entre o Antigo e o Novo Testamento. Logo, “o significado é bastante claro, e ressalta a conexão entre os profetas que pre¬nunciaram a verdade cristã, Cristo que a exemplificou, e os apóstolosque deram dela uma interpretação autorizada” ii.
Note que Pedro emprega o título integral, Senhor e Salvador. Ao combinar os dois títulos, o apóstolo está ensinando que a “soberania inclui a salvação”. Nas palavras de Michael Green: “Jesus não somente nos salva do passado (1:1-4), e é nosso Salvador no presente (2:20), mas também nos salva para o futuro. Negar a segunda vinda de Jesus é negar Jesus como Salvador” iii.
Escarnecedores da Vinda de Cristo
Os escarnecedores dos últimos dias (3.3)
Sabendo primeiro isto”, no verso 3, revela que o que Pedro tem a dizer a seguir é de importância fundamental. “Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências”. Escarnecedores são aqueles que zombam, ridicularizam e manifestam desdém por aquilo que deveria ser tratado com reverência e seriedade. Eles são guiados por suas próprias paixões, e fazem cinismo das coisas sérias, posando com ar de superioridade. 
Estes zombadores faziam gracejos não somente com a demora na vinda de Jesus, mas principalmente com a promessa em si. Afinal, para o hedonista pouco importa o mundo futuro, o que vale é o aqui e o agora. Para o materialista, não existe nada no mundo além daquilo que pode ser visto e tocado. “Para os homens que nutrem uma crença na autodeterminação e perfectibilidade humanas, pois, a própria ideia de que somos dependentes e teremos que prestar contas é uma pílula amarga para engolir” iv
Pedro afirma que estes escarnecedores surgiriam nos últimos dias. Certamente, Pedro não está se referido a um futuro distante, mas algo que já estava ocorrendo naqueles dias. Cabe lembrar que "últimos dias" é uma expressão bíblica que alude ao período que começa com a ressurreição de Jesus e se estenderá até a sua volta, quando estabelecerá o seu Reino e julgará toda a humanidade. Os cristãos primitivos acreditavam piamente que o futuro havia começado, atestado pelo derramamento do Espírito, que também servia de garantia da futura consumação v.
Enquanto Jesus não voltar, diz as Escrituras, muitos rirão da verdade (1 Tm 4.1,2; 2 Tm 3.1-9), num tempo marcado pela multiplicação da iniquidade. Mas, a Bíblia também alerta para o fim dos escarnecedores: "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7). 
A indignação de Pedro era porque os hereges estavam zombando do ensino cristão da parousia, a promessa da vinda de Cristo. Eles questionavam acerca do seu cumprimento. Onde está a promessa da sua vinda? A pergunta maldosa queria dar a entender o seguinte: se Cristo não tinha vindo até aquele momento, Ele nunca mais o faria. Com isso, estavam dizendo que as palavras de Jesus não eram dignas de confiança (Mc 13.26,27; Lc 21.27; Jo 14.6). Tal postura observou Stanley Horton, é semelhante a dos impenitentes do Antigo Testamento que zombavam das advertências divinas acerca da iminência do julgamento de Judá e Jerusalém: “O Senhor não faz bem nem mal” (Sf 1.12) vi.
É preciso observar que os falsos doutores não se contentavam em viver de maneira ímpia, segundo suas concupiscência, eles também insistiam em zombar do cristianismo. Ainda hoje, estes escarnecedores riem de Deus, fazem deboche da igreja e menosprezam as coisas sagradas. Não raro, presenciamos grupos de humor que fazem piadas dos valores cristãos e manifestações públicas que ultrajam símbolos religiosos, muitas vezes sob título de arte. 
Não tem muito tempo, uma emissora de TV exibiu uma peça “humorística” chamada “Ônibus da fé”. O esquete mostrava passageiros “evangélicos” em um ponto de ônibus aguardando o transporte. Enquanto esperavam impacientemente o ônibus, os tais fiéis estereotipados reclamavam, oravam e até mesmo falavam em línguas estranhas. Passado algum tempo, um dos fiéis corre para avisar: “Ele está vindo!”. Enquanto os demais crentes comemoram, ele interrompe: “Não é o ônibus, é Jesus!”. A reação do grupo é de tristeza: “Mas esse aí volta o tempo todo, eu quero o 437”, reclama o líder dos “crentes”. 
A zombaria que a igreja enfrenta na atualidade era a mesma que Pedro presenciou em seus dias, diferenciando somente na forma. Diante desse tipo de ataque, somos naturalmente impelidos a revidar de maneira furiosa. Entretanto, não podemos nos esquecer do conselho que vimos na primeira carta, para respondermos aos descrentes com mansidão e temor (1 Pe 3.15).
O argumento falacioso (3.4)
Qual era o argumento ao qual os falsos mestres apelavam para justificar a descrença na volta de Cristo? Eles diziam: “Porque desde que os pais dormiram todas a coisas permanecem como desde o princípio da criação” (v.4). Na concepção dos falsários da fé, a história humana seguia uma continuidade permanente no tempo, sem espaço para mudanças miraculosas. O mundo é o mesmo desde que foi criado e, portanto, é impossível acreditarem em acontecimentos extraordinários, muito menos na Segunda Vinda de Cristo.
Os falsos mestres assumem declaradamente uma perspectiva naturalista e materialista do mundo, segundo a qual todas as coisas são julgadas e compreendidas a partir do que os olhos podem ver e as mãos podem tocar. Apesar de supostamente crerem em Deus, os falsos doutores eram movidos por premissas éticas e filosóficas que simplesmente anulavam a possibilidade da intervenção divina na história e na natureza. Se a religião é avaliada simplesmente a partir daquilo que o mundo demonstra, ou de acordo com a “comprovação científica”, então não sobra nenhum espaço para Deus.
Naturalismo e cristianismo são visões de mundo conflitantes. Enquanto o naturalismo começa com a suposição fundamental de que as forças da natureza sozinhas são suficientes para explicar tudo o que existe vii, a fé cristã declara que todas as coisas foram criadas por Deus e por Ele todas as coisas são sustentadas. Embora os escarnecedores afirmassem possuir um certo tipo de espiritualidade, no fundo o deus deles era a própria Natureza. É nesse sentido que Paulo escreve aos Romanos: “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.23-25).
Movidos pelo alerta de Pedro, devemos tomar todo o cuidado para não cairmos no engano de uma religião naturalista e anti-sobrenaturalista. Esse cuidado deve ser redobrado na presente época, na qual prolifera um tipo de descrença, não a descrença na religião (e nas igrejas), mas a descrença no Deus das Escrituras: pessoal, soberano e que se interessa pelo ser humano. Uma descrença prática que, a despeito de se afirmar crer em Deus, não acredita que Ele seja capaz de “manifestar o seu braço”, intervir na história e efetuar milagres em nossos dias. Eis a razão pela qual notamos um sem número de ateus práticos em nossas igrejas: creem com os lábios, mas descreem com o coração.
Ao menos do ponto de vista da experiência com o sagrado, a descrença religiosa e o ateísmo cristão talvez sejam mais perigosos que o ateísmo secularista, na medida em que, diante do conformismo e do tradicionalismo da religiosidade formal, impossibilitam a plena experiência com Deus e impedem, ao mesmo tempo, o retorno imediato à verdadeira espiritualidade. Mais cedo ou mais tarde é possível que o ateu reconheça a falibilidade de seus argumentos e de sua cosmovisão como um todo, sentindo a necessidade de voltar-se para Deus. Enquanto isso, aqueles que vivem nas águas gélidas da religião da descrença, apegados ao formalismo e vinculados a uma divindade distante; um Deus sem poder, dificilmente cairão em si e abandonarão a vida de falsa credulidade que estão acostumados. Com o passar do tempo a rotina da falsa credulidade retira o discernimento e a capacidade de vislumbrar o toque de Deus nas pequenas coisas da vida. E assim, o crente incrédulo torna-se incapaz de ver e reconhecer sua própria incredulidade. No fim das contas, a falsa espiritualidade é a pior das cegueiras. É a cegueira daquele que têm olhos, mas não vê (Is 43.8).
Gosto particularmente de olhar para Isaías 53, porque esta pequena porção das Escrituras nos fornece esperança em tempos de ateísmo crescente, religiosidade formal e incredulidade prática. O seu cumprimento profético de forma cabal em Cristo evidencia a veracidade das Escrituras e acima de tudo a fidelidade do próprio Deus. Encontramos esperança porque vemos, ainda hoje, a mão de Deus se manifestar em nosso meio. Ao contrário do deísmo, que acredita em uma divindade distante, que criou o universo e o abandonou à própria sorte, por meio de Cristo encontramos um Deus que intervém e se revela diariamente; é o Pai presente (Rm 8.15).
Inegavelmente, o braço do Senhor tem se manifestado no nosso tempo. A palavra para “braço” é ‘zeroa’ e indica o forte braço de Deus intervindo nas questões da humanidade, indicando a sua ação decisiva . Com efeito, a sua manifestação se dá mediante a sua provisão geral, para crentes e descrentes, mantendo a própria vida e suas condições, ou de modo específico para aqueles que o buscam e são alvos de sua graça salvadora.
O filósofo inglês Roger Scruton escreveu que Deus “tem uma relação íntima até com aqueles que o rejeitam. Assim como o esposo de um casamento sacramental, Deus é inevitável, ou evitável apenas por meio da criação de um vazio. Esse vazio se abre à nossa frente quando destruímos o rosto — não apenas o rosto humano, mas o rosto do mundo também. O vazio sem Deus é aquilo com quem nos defrontamos quando nossos ambientes perdem o rosto” . Desse modo, ainda que os ateus possam não o reconhecer, negando-lhe a existência, ou os falsos profetas não aceitem a sua intervenção, o braço de Deus é quem os sustenta. 
A Certeza da Vinda de Jesus
Ignorância deliberada (3.5-7)
Para refutar o argumento dos falsos mestres, Pedro inicia dizendo: “Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste” (v.5). Como é possível perceber, antes mesmo de ofertar as razões da esperança da volta de Cristo, o apóstolo questiona o método enganoso utilizado pelos apóstatas, consistente na tática velada de propositadamente “esquecer”, desprezar uma informação ou questão importante. Os falsos profetas são conhecedores da verdade, mas de forma deliberada agem como se não soubessem. Como bem destacou Warren Wirsbe: “É espantoso como os chamados "pensadores" (cientistas, teólogos liberais, filósofos) são seletivos e se recusam, inten¬cionalmente, a considerar certos dados” x. Isso nada mais é do que falta de honestidade intelectual, o que é de se esperar de quem segue o curso do mundo e vive segundo suas paixões.
Sem dúvida, uma das estratégias das seitas e heresias é exatamente selecionar algumas partes das Escrituras e desprezar outras. Como é frequente, tomam passagens bíblicas isoladas e fora do seu contexto para fazer acreditar suas falsas doutrinas. O servo de Deus deve estar preparado para refutar este método interpretativo das Escrituras. Antes de atacar o conteúdo herético, é preciso demonstrar que os pressupostos e os métodos utilizados pelos ímpios são insustentáveis.
Assim, para desconstituir o argumento dos falsos doutores, Pedro vai questionar a premissa utilizada por eles – de que este é um mundo estável, imutável. Para tanto, o apóstolo recorre às evidências bíblicas e históricas. São elas: a criação do mundo pelo poder da Palavra de Deus e o julgamento diluviano (v.5,6). 
“Pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste”. Pedro está relembrando aos seus leitores acerca da história da criação contida no livro de Gênesis (1.9,10). Michael Green pondera que “a ênfase dada neste versículo ao fiat de Deus na criação é importante para Pedro em argumentar contra os falsos mestres que aparentemente sustentavam a auto-suficiência e imutabilidade da ordem natural” xi. Pelo contrário, diz Green, “o decurso da história é governado pelo Deus que é tanto Criador quanto Juiz do Seu mundo. As palavras são um protesto contra o antigo conceito epicurista de um concurso de átomos, e seu equivalente moderno, a teoria de uma evolução perpétua” xii.
O mesmo Deus que criou o mundo foi o mesmo que enviou o Dilúvio como julgamento sobre os habitantes da terra, como forma de punição pelo pecado. Ao comprovar a sua argumentação, infere-se do argumento de Pedro que, “se Deus é capaz de intervir no curso da história, Ele o fez no passado e pode fazê-lo outra vez. A vinda do Dia do Senhor, prometida pelos profetas e apóstolos e também por Jesus Cristo, é tão certa quanto foi a vinda do di¬lúvio no tempo de Noé e do fogo e enxofre para destruir Sodoma e Gomorra” xiii. Ao mesmo tempo em que comprovam a possibilidade da volta de Cristo, as palavras de Pedro também deixam entrever que Deus ainda haverá de julgar os homens ímpios, num claro alerta aos escarnecedores.
Ao utilizar as evidências históricas para confrontar os argumentos falaciosos, Pedro está demonstrando a importância desse recurso na apologética cristã, na defesa da nossa esperança e convicções. Alister McGrath afirmou que “esse recurso à história desfere um poderoso golpe nos argumentos, em geral feitos sobre bases frágeis, de que a religião cristã não passa de uma espécie de satisfação de desejos inconscientes” xiv. Com sua arguição, Pedro estava fazendo ruir o frágil edifício dos falsos mestres, ao mesmo tempo em que mostrava que aguardar a volta de Cristo não é uma ideia tola como supunham os acusadores da esperança Cristã.
Hoje, devemos fazer o mesmo quando somos confrontados pelas falsas religiões, ateus, agnósticos, céticos e todos aqueles que menosprezam a fé cristã. É preciso recorrer às evidências históricas, arqueológicas, científicas e racionais que confirmam nossas afirmações. Afinal, “o cristianismo é uma fé singularmente verificável, porque está baseada em fatos históricos que são claramente reconhecíveis e acessíveis a todos” xv.
No entanto, é preciso enfatizar neste ponto que não basta simplesmente confirmar a realidade histórica, é necessário também oferecer uma interpretação específica desses fatos. Uma apologética verdadeiramente piedosa oferece, além das evidências, deve dar a elas sentido, de modo tal que impacte a vida daqueles com quem dialogamos. É isso o que Pedro faz na sequência, ao sublinhar o valor da promessa divina. 
Deus não retarda a sua promessa (3.8,9)
Por isso, no verso 8, Pedro direciona uma palavra de ânimo e esperança aos amados irmãos. São três verdades bíblicas que todo crente deve guardar em seu coração. 
Primeiro, o tempo de Deus é diferente do nosso: um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia, disse Pedro certamente recordando o salmista (Sl 90.4). Sabiamente, Warren Wirsbe escreveu: “Deus pode realizar em um só dia aquilo que outros levariam um milênio para fazer! Ele espera para operar, mas uma vez que começa seu trabalho, ele o completa!” xvi.
Se o tempo de Deus é diferente do nosso, é bom confiar que o relógio dEle está batendo na medida exata, sem adiantar ou atrasar. O tempo de Deus é diferente do nosso, afinal Ele está fora do tempo. Nós, simplesmente mortais, nos sujeitamos ao relógio e corremos atrás dos minutos e das horas. Costumamos pensar, dizia C. S. Lewis, que todo o universo e até o próprio Deus passam do passado para o futuro, como nós fazemos. Mas, com toda a certeza Deus é atemporal, Ele está fora e além da linha do tempo. “A vida dele não consiste em momentos que são seguidos por outros momentos” xvii, e é por isso que “Deus não precisa se afobar no fluxo de tempo deste universo, assim como um escritor não precisa viver o tempo imaginário de seu romance” xviii.
Segundo, a promessa de Deus não está atrasada como muitos creem (v.9); o Eterno é soberano e trabalha de acordo com o calendário Dele. Ter fé implica confiar que Deus está conduzindo a curva da história da melhor maneira, não cabendo a nós duvidar ou questionar os seus desígnios. Pedro não questiona e muito menos especula sobre a data exata do Dia do Senhor. Afinal, Ele se lembrava da palavra de Jesus sobre este assunto: “Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai” (Mt 24.36).
Existem duas posturas igualmente equivocadas sobre a volta de Jesus. Uma é não acreditar nela, a outra é acreditar e fazer uma previsão sobre o dia “exato” deste acontecimento. Ambas as posturas desonram o Evangelho, consistindo em heresias de perdição. É por esse motivo que devemos tomar cuidado tanto com a descrença quanto com o espiritualismo escatológico de homens que parecem saber mais sobre as últimas coisas que o profeta Daniel e o apóstolo João, que escreveu o Apocalipse. 
Com a veemência que lhe era peculiar, A. W. Tozer escreveu em seu livro Preparando-se para a volta de Jesus: “Reconheço que as profecias bíblicas são um campo fértil para seitas e farsas religiosas, e isso tem causado a queda de muitos no cristianismo. Heresias associadas às profecias das Escrituras, principalmente às de Apocalipse, afastam as pessoas da questão principal” xix. Isso porque, estes “especialistas escatológicos” se perdem em pormenores e gastam o tempo em trivialidades apocalípticas. Embora a Bíblia não nos informe a data exata da volta de Jesus, não devemos nos preocupar com isso. Como disse Tozer: “Não sei como será o amanhã. Ninguém sabe, nem mesmo os anjos sabem; somente o Pai que está no Céu. Portanto, não fiquemos desanimados porque nós, pessoas comuns, somos tão incapazes de prever o futuro quanto os grandes líderes mundiais” xx. Não precisamos saber o dia exato da Segunda Vinda, pois a intenção é estarmos sempre alertas, prontos para o grande dia. 
Terceiro, o Senhor é longânimo, e está dando oportunidade para que os pecadores se arrependam. Certamente, a afirmação de Pedro (não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se (v.9) de modo algum está chancelando o universalismo, a ideia segundo a qual todos serão salvos ao final. Até porque, o verso é claro ao estabelecer a condição para a salvação: o arrependimento. 
A Bíblia diz com todas as letras que Deus deseja que todos os homens sejam salvos (1 Tm 2.4). Vale ressaltar que oportunidade universal da salvação está longe de ser uma reivindicação de salvação universal. Olson explica que “a morte de Cristo na cruz concedeu possibilidade de salvação a todos, mas ela é, de fato, concretizada quando os humanos a aceitam por intermédio do arrependimento e fé” xxi. O propósito da morte de Cristo na cruz foi proporcionar a salvação a toda a humanidade, mas sob a condição da fé em Cristo (Jo 3.16; 1 Tm 4.10). No que tange à extensão, Cristo entregou-se na cruz por toda a raça humana, e não apenas a um grupo seleto de eleitos (1 Jo 2.2). 
Na verdade, o fato da graça e misericórdia de Deus possibilitar mais tempo para as pessoas reconhecerem Cristo como Senhor e Salvador, aponta para a necessidade da pregação do evangelho pela igreja. Segundo Simon Kistemaker, “Não é o pecado humano, mas a longanimidade divina, que não pode ser compelida, que determina a demora. É o Deus soberano que graciosamente concede mais tempo para o arrependimento” xxii.
Preparando-se para a Vinda do Senhor
O alerta (3.10-13)
Pedro diz no verso 10: “Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão”. Pedro está chamando atenção para a forma repentina que será a vinda de Jesus. Pedro está se lembrando das palavras do Senhor no Sermão do Monte quando promete voltar como um ladrão de noite (Mt 24.43). Diz Michael Green: “A parusia será tão repentina, tão inesperada, tão desastrosa para os despreparados, como um arrombamento noturno” xxiii.
Podemos não saber o dia, a hora ou o ano da volta de Cristo, mas uma coisa temos a completa certeza. O Dia do Senhor virá! Esta convicção é nossa suprema e bem-aventurada esperança. Embora não saibamos ao certo os detalhes da afirmação de Pedro sobre este acontecimento glorioso, temos a certeza de que: 
Os crentes esperam ansiosamente o fim da terra somente porque isto significa o cumprimento de outra das promessas de Deus - sua criação de novos céus e nova terra. O objetivo de Deus para as pessoas não é a destruição, mas a recriação; não é a aniquilação, mas a renovação. Deus irá purificar os céus e a terra com o fogo; a seguir. Ele irá criá-los novamente. Todos os crentes podem alegremente esperar pela restauração do bom mundo de Deus (Rm 8.21). Em uma bela descrição dos novos céus e da nova terra, os crentes têm a segurança de que será um mundo em que habita a justiça, porque o próprio Deus viverá entre o seu povo (veja Ap 21.1-4,22-27) xxiv.
Aguardar a volta de Cristo não é uma atitude de mera passividade. Tal expectativa requer uma postura vigilante e santa (ver Rm 13.11-14; 2 Co 5.1-11; Fp 3.17-21; 1 Ts 5.1-11; Tt 2.11-15; 1 Jo 2.28,29). Enquanto ansiamos os novos céus e a nova terra, somos instados a viver neste mundo imaculados e irrepreensíveis (vv.13,14). Isso porque, “o imperativo moral segue o indicativo escatológico” xxv. Em outras palavras, o modo como encaramos o porvir molda a nossa forma de viver o presente.
Fica evidente o contraste entre os crentes que aguardam a volta de Jesus, e os ímpios que desdenham do seu retorno glorioso. Enquanto os cristãos são aconselhados a viverem de maneira santa e piedosa, os ímpios são ensinados a procederem de modo imoral. Isso demonstra que as crenças de uma pessoa acerca das coisas futuras definem o modo como ela vive nesta terra. Aqueles que não acreditam em julgamento e vida futura vivem com base no lema "aproveite o momento". Enquanto isso, aqueles que acreditam que devem prestar contas ao Criador, o qual julgará todo ser humano, vivem a vida presente em santidade e temor a Deus; é uma vida feliz segundo o propósito de Deus.
Pedro diz que devemos aguardar e apressarmo-nos para a vinda do Dia de Deus (v.12). Ou seja, temos expectativa, mas também temos pressa. Esperamos, mas também anelamos. Essas palavras correspondem à antiga oração que a igreja vem fa¬zendo desde o primeiro século a promessa de Cristo: Maranata, “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).
Como disse A. W. Tozer: “O propósito das profecias bíblicas não é alarmar-nos, e sim nos alertar para estarmos prontos para o segundo advento de Jesus – importante verdade bíblica que consola e encoraja os cristãos. Essa é a origem da expressão bem-aventurada esperança (Tt 2.13). Em um mundo repleto de incertezas, o consolo dos cristãos é a bem-aventurada esperança de que o Filho de Deus em breve voltará” xxvi
Esta esperança é suprema porque é o cerne da fé e da mensagem cristã. Embora vivemos esperançosos com aquilo que Deus faz conosco hoje, mais ainda esperamos no que Ele tem nos reservado para o futuro.
A nossa responsabilidade (3.14)
Seguindo seu raciocínio, Pedro conclama sua audiência a aguardar o cumprimento profético, ao mesmo tempo em que devem ser achados imaculados e irrepreensíveis em paz (v.14). Diferentemente dos falsos mestres que eram “nódoas e máculas” (2.13), os cristãos devem seguir o exemplo do Senhor Jesus que era “sem defeito e sem mácula”.
Uma vez mais Pedro deixa transparecer em sua carta a responsabilidade do cristão em relação a sua chamada e vida espiritual. A respeito dessa passagem, Roger Stronstad escreve: "Existe uma óbvia impressão de responsabilidade humana fluindo através das cartas de Pedro. Embora Deus seja aquEle que faz preciosas promessas, e embora recebamos seu divino poder e chamada, a responsabilidade é acrescentada ao elemento divino. Uma vida moral e ética não se adquire instantaneamente após a conversão, antes, é um modo de vida consistente e cotidiano alcançado gradualmente" xxvii.
Mas não somente isso, enquanto aguardamos, vivemos em paz. Mesmo vivendo em um mundo agitado e violento, a nossa suprema esperança guarda os nossos corações com uma paz que excede todo o entendimento.
Saudação final (3.15-18)
Pedro conclui sua segunda carta enfatizando longanimidade de Cristo, e a importância de se compreender as palavras do apóstolo Paulo, apesar de alguns pontos difíceis. Admoesta os crentes a se precaverem contra o engano dos homens abomináveis. Para tanto, diz para crescerem na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 
Estes são os conselhos que sintetizam as duas cartas do apóstolo. Para estarmos firmes na verdade é preciso crescer na graça e no conhecimento, isto é, precisamos nos desenvolver espiritual e intelectualmente. “O conhecimento de Cristo e o conhecimento através de Cristo, se andarem juntos, são a proteção contra a heresia e a apostasia e também são o meio para o crescimento na graça. Em resumo, Pedro exorta os crentes a se tomarem mais como o Mestre, demonstrando as características de Cristo em suas vidas” xxviii.
Mas, sobretudo, é preciso que seja dada glória e honra ao Senhor Jesus, hoje e eternamente. Amém!
Notas e referências do Capítulo 13
*Adquira o livro do trimestre. NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança: Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

i KISTEMAKER, 2006, p. 431.
ii GREEN, 1983, p. 119.
iii GREEN, 1983, p. 120.
iv GREEN, 1983, p. 122. 
v FEE, Gordon. Paulo: O Espírito e o povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 11.
vi HORTON, 2012, p. 102.
vii COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E agora como viveremos. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 76.
viii  PRICE, Ross E. e outros. Comentário Bíblico Beacon - Vol. 4 Isaías a Daniel. Rio de Janeiro: CPAD, p. 162.
ix SCRUTON, Roger. O rosto de Deus. São Paulo: É Realizações, 2015, p. 17–18.
x WIRSBE, 2007, p. 598.
xi GREEN, 1983, p. 125.
xii Idem.
xiii  WIRSBE, 2007, p. 599.
xiv MCGRATH, Alister. Apologética pura e simples. São Paulo: Vida Nova, 2013, p. 59.
xv  GEISLER; MEISTER, 2013, p. 33.
xvi WIRSBE, 2007, p. 599.
xvii  LEWIS, 2005, p. 223.
xviii  Idem.
xix  TOZER, A. W. Preparando-se para a volta de Jesus. Rio de Janeiro: Graça Editorial, 2018, p. 14.
xx  TOZER, 2018, p. 17.
xxi  OLSON, 2013, p. 289.
xxii  KISTEMAKER, 2006, p. 447.
xxiii GREEN, 1983, p. 131.
xxiv  Comentário do Novo Testamento de Aplicação Pessoal, Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 758.
xxv  GREEN, 1983, p. 133.
xxvi TOZER, 2018, p. 14.
xxvii ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 3.
xxviii KISTEMAKER, 2006, p. 466.

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