segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Lição 1 - 4º Trim. 2012 (Juvenis 15-17 anos) Escatologia? O quê ?

Lição 1- Escatolo...O quê?

Texto Bíblico: Lucas 21.25-36




Professor, neste trimestre trataremos de um assunto riquíssimo e um tanto complexo, a Escatologia (A doutrina das últimas coisas). É necessário uma dedicação maior do professor para lecionar tal assunto.

Ore, pesquise e estude para que possa sanar as dúvidas futuras de seus alunos.

Deus é onisciente, e pela palavra profética participa aos homens algo sobre “os tempos e estações que Ele mesmo estabeleceu pelo seu próprio poder” ( At 1.7). Essas revelações proféticas de Deus são como “a história antecipada”, pois revelam “as coisas que em breve hão de acontecer”(Cf. Ap 22.6).

O conhecimento do futuro pertence somente a Deus, que o vê como se fosse hoje, pois a Bíblia diz que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (Cf. 2 Pe 3.8;            Sl 90.4). Todos os homens são limitados! Nenhum de nós consegue ver nem o que sucederá no dia de amanhã, pois existe um véu impenetrável, que impede a visão do futuro.

Porém, por meio da palavra profética, poderemos conhecer algo sobre as coisas do futuro.

Os creem em Deus e na sua Palavra não dão valor nem atenção às afirmativas de futurólogos, adivinhadores, astrólogos, cartomantes e outros que vaticinam e fazem prognósticos sobre o futuro, pois os seus pensamentos e a sua ciência vêm ora de fontes humanas ora da influência de espíritos de feitiçaria e de magia. Por isso, as suas explicações e afirmativas não merecem segurança nem confiança.

Para alguém obter segurança no estudo sobre os acontecimento dos últimos tempos, seja para a base de suas próprias opiniões seja para o ensino, é imprescindível “não ir além do que está escrito” (1 Co 4.6).

Todas as coisas que Deus revelou na palavra profética “são para nós e para nossos filhos”      (Dt 29.29). Porém, existem coisas que Deus não revelou – essas “são para o Senhor, nosso Deus” (Dt 29.29). Sendo assim, não convém procurar explicar as coisas que a Bíblia não revela, aquilo de que Jesus disse: “ Não vos pertence saber” ( At. 1.7). Devemos sempre nos basear no que diz a Palavra de Deus ( Texto extraído do livro, Bergstén Eurico,Introdução a Teologia Sistemática. Rio de Janeiro, CPAD.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Lição 1 - 4º Trim. 2012 - A Atualidade dos Profetas Menores.


Lição 01

A ATUALIDADE DOS PROFETAS MENORES

07 de outubro de 2012
 

TEXTO ÁUREO


 

Mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé 

(Rm 16.26)
 

VERDADE PRÁTICA


 

Por ser revelação de Deus, a mensagem dos profetas é perfeitamente válida para os nossos dias.

COMENTÁRIO SOBRE A ATUALIDADE DOS PROFETAS MENORES


 

Neste trimestre (outubro/novembro/dezembro) começamos o estudo dos profetas menores. Essa designação “profetas menores” não representa uma forma de atribuir menor valor a esse grupo de profetas em relação ao grupo anterior, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, também conhecidos como profetas maiores. Essa designação é referente à classificação feita pela igreja latina, que de forma didática, separou esses livros pela extensão de seu conteúdo, e da mesma forma que os profetas maiores, os profetas menores foram igualmente inspirados por Deus, e têm tanta autoridade quanto os demais.

Uma advertência precisa ser trazida aos que vão estudar os profetas menores. A profecia é preditiva, ou seja, apresenta informações sobre o que há de acontecer no futuro. Mas dizer o que ainda vai acontecer, para que tenhamos a certeza de que Deus realmente falou por meio dos profetas, é apenas uma das funções da profecia. Os profetas, inspirados por Deus, olharam para o futuro, mas também para os seus próprios dias. Eles denunciaram os pecados do povo quando esse se desviava dos caminhos do Senhor. Amós, por exemplo, clamou contra as pessoas ricas de sua época, que de forma injusta, tomavam terras dos mais pobres, deixando-os não apenas sem abrigo, mas também sem condições de ter trabalho cotidiano. Obadias condenou a participação dos edomitas em um ataque contra Judá, pois tinham ascendência comum, e como irmãos, jamais poderiam viver com animosidade. Miqueias clamou para que o ritualismo não fosse superior à obediência, e para que seu povo não pensasse que poderia manter os rituais e serem desobedientes a Deus. Jonas foi mandado a pregar aos ninivitas, e aquela geração se arrependeu. Na geração seguinte, tornaram a fazer as coisas erradas que Deus abominava, e Deus usa Naum para decretar o juízo àquela nação.

Esses são exemplos necessários para que não olhemos os profetas apenas como aqueles que profetizaram sobre o futuro, mas que olharam para a sociedade em seus dias e proclamaram a Palavra do Senhor, a fim de que seus contemporâneos se arrependessem e se voltassem de coração ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Os profetas nos mostram que o povo de Israel (e nós também) precisava se arrepender de seus pecados, para finalmente, serem aceitos por Deus.

Portanto, estudar os profetas menores é um dever dos cristãos que desejam ter suas vidas alinhadas com a vontade de Deus no que tange à vida pessoal e às práticas diárias. 

Os Profetas Menores

“Os livros dos Profetas Menores são chamados assim por causa da brevidade relativa em comparação a Isaías, Jeremias e Ezequiel, e não porque sejam menos teologicamente importantes. Os doze livros que compõem os Profetas Menores variam em data entre os séculos VIII e V a.C: Embora os acontecimentos registrados em Jonas tenham ocorrido no século VIII, a data da autoria do livro é incerta. [...] Diversos temas teológicos se sobrepõem a maioria destes profetas, especialmente nos mesmos períodos cronológicos acima esboçados. Os profetas não falaram sobre Deus em termos abstratos de filosofia ou teologia. Falaram dEle como alguém ativamente envolvido no mundo que Ele criou e intimamente interessado no povo do concerto” (ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009, pp.429-30).  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO  


Mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas,
 segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé (Rm 16.26)

       O contexto do nosso texto áureo está inserido no fechamento da Epístola de Paulo aos Romanos:

Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto,






mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé,






ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém!  

O Senhor Jesus, o Messias de Israel e da humanidade é a revelação do mistério de Deus Pai, ele foi predito por todos os profetas: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho. A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas (Hb 1.1-3).  Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou (Jo 1.17-18). Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3.16-18).  Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo 14.6). Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente (Hb 13.8)”. Abraão, Moisés, e outros profetas do Antigo Testamento possuíam uma mensagem homogenia apontada para a pessoa do Senhor Jesus. O Antigo Testamento, bem como toda a Bíblia é cristocêntrica. As grandes profecias da Bíblia apontavam para o Senhor Jesus:
“O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 1.2-4).
Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram a graça que vos foi dada. Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir (1 Pe 1.10-11). Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas... (Mt 26.56a).
E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos (Lc 4.17-21). Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhe o que dele se achava em todas as Escrituras (Lc 24.26-27). A Lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele (Lc 16.16).
E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras (Lc 24.44-45).
Examinai as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; e não quereis vir a mim para terdes vida (Jo 5.39-40). Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras? (Jo 5.46-47).
Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado; que o Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio. Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de ente vosso irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dente o povo. Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas maldades (Atos 3.18-26).  A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome (Atos 10.43)”. 
Portanto os profetas que foram enviados por Deus antes do Senhor Jesus, profetizaram acerca do Salvador, até que: ... vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei. Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos (Gl 4.4-5)”.  

INTERAÇÃO


 

4º Trimestre de 2012

 

Título: 

OS DOZE PROFETAS MENORES  

 Comentarista: 

ESEQUIAS SOARES

Um dos mais renomados biblistas do pentecostalismo brasileiro. Pastor Presidente da Assembleia de Deus em Jundiaí (SP) e da Comissão de Apologética da CGADB. Formado em Letras (línguas orientais) pela FFLCH da Universidade de São Paulo. Mestre em Ciências das Religiões pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Professor de Hebraico, Grego e Antigo Testamento. Autor de diversos livros, artigos e comentários publicados pela CPAD. O tema que estudaremos é uma das áreas em que o autor é especialista, pois trata-se de alguém que conhece profundamente o hebraico. Veremos que a mensagem milenar desses profetas muito tem a dizer-nos hoje. Ouçamos, pois, o Senhor através dos seus santos profetas! 

RESUMO DA LIÇÃO 01


 

A ATUALIDADE DOS PROFETAS MENORES

 

I. SOBRE OS PROFETAS MENORES

1. Autoridade

2. Origem do Termo

3. Cânon e cenário dos Doze

 

II. A MENSAGEM DOS PROFETAS MENORES

1. Procedência (vv. 16-18)

2. “A palavra dos profetas” (v.19a)

3. “Como a uma luz que alumia em lugar escuro” (v.19b)

 

III. A INSPIRAÇÃO DIVINA DOS PROFETAS

1. A iniciativa divina

2. A inspiração dos profetas

3. A autoridade dos Profetas Menores  

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Descrever o panorama geral dos profetas menores.

·   Analisar a procedência da mensagem dos profetas menores.

·   Compreender que os escritos dos profetas menores são divinamente inspirados.  

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA  


Para introduzir a primeira lição utilize o esquema abaixo. Reproduza-o conforme as suas possibilidades. O objetivo é mostrar ao aluno um panorama geral dos Profetas Menores. Sabemos que o surgimento do profetismo em Israel e Judá se deu no período monárquico (veja o Auxílio Bibliográfico I).  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I   


      “Profetismo

Movimento que, surgido no século VIII a.C, em Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista é visto como o último representante deste movimento” (ANDRADE, C. C. Dicionário Teológico. 8 ed., RJ: CPAD, 1999, p.244).  

    “O Ofício Profético

O termo hebraico naby define em si o profeta como porta-voz de Deus. Enquanto pregava para a própria geração, o profeta também predizia eventos no futuro. O aspecto duplo do ministério do profeta incluía declarar a mensagem de Deus e predizer as ações de Deus. Assim, o profeta também era chamado de ‘vidente’ (hb.: roeh), porque podia ver eventos antes de estes acontecerem. A Bíblia relata o profeta como alguém que era aceito nas câmaras do conselho divino, onde Deus ‘revela o seu segredo’ (Am 3.7)” (LAHAYE, T. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1 ed., RJ: CPAD, 2008, p.383). Enfatize que as finalidades do movimento eram: restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica. 

COMENTÁRIO  


introdução 

PALAVRA CHAVE

ATUALIDADE: 

Qualidade ou estado do que é atual; momento ou época presente.  

Neste trimestre, estudaremos os chamados Profetas Menores. Apesar de antiguíssimos, eles tratam de questões relevantes para os nossos dias e servem de edificação espiritual a todo o povo de Deus. Entre os temas tratados, temos: a família, a sociedade, a política e a espiritualidade. Na atual conjuntura, os profetas são um verdadeiro esteio da sabedoria divina para a Igreja de Cristo, pois encorajam-nos a militarmos pela causa de Cristo. 

I. SOBRE OS PROFETAS MENORES  

1. Autoridade. A coleção dos Profetas Menores compõe-se dos seguintes livros: 1.- Oseias, 2.- Joel, 3.- Amos,
4.- Obadias, 5.- Jonas, 6.- Miqueias, 7.- Naum, 8.- Habacuque, 9.- Sofonias, 10.- Ageu, 11.- Zacarias e 12.- Malaquias.
Essa estrutura vem da Bíblia Hebraica e, posteriormente, da Vulgata Latina.
A Septuaginta (antiga versão grega do Antigo Testamento) apresenta nos seis primeiros livros uma disposição diferente da Hebraica, dispondo os livros assim: Oseias, Amos, Miqueias, Joel, Obadias e Jonas. É importante ressaltar que o valor e a autoridade dos escritos dos Profetas Menores em nada diferem dos Profetas Maiores. Tal classificação é puramente pedagógica, visando tão somente facilitar a compreensão da presença de uma estrutura literária nos livros proféticos do Antigo Testamento. Não obstante, ambas as coleções são uma só Escritura e têm a mesma autoridade (Jr 26.18 cf. Mq 3.12; Rm 9.25-27 cf. Os 1.10; 2.23; Is 10.22,23). 
2. Origem do termo. A expressão “Profetas Menores” advém da Igreja Latina por causa do volume do texto ser menor em comparação aos de Isaías, Jeremias e Ezequiel. Assim explica Agostinho de Hipona (345-430 d.C.) em sua obra A cidade de Deus. O termo é de origem cristã, pois, na literatura judaica, essa coleção é classificada como Os Doze ou Os Doze Profetas. Essa informação é confirmada desde o ano 132 a.C, quando da produção do livro apócrifo de Eclesiástico (49.10). É também corroborada pelo Talmude (antiga literatura religiosa dos judeus) e ratificada pela obra Contra Apion do historiador judeu Flávio Josefo (37-100 d.C). 
3. Cânon e cenário dos Doze. O cânon judaico classifica os profetas do Antigo Testamento em anteriores e posteriores, sendo: a) Anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis; e b) Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze. A classificação e o arranjo do cânon hebraico diferem sistematicamente do nosso.  Um dado importante é que todos os profetas, de Isaías a Malaquias, viveram entre os séculos 8 a 5 a.C, tendo alguns deles sido contemporâneos. O período abrangeu o domínio de três potências mundiais: Assíria, Babilônia e Pérsia. Oseias, Isaías, Amos, Jonas e Miqueias, por exemplo, viveram antes do exílio babilônico (Os 1.1; Is 1.1; Am 1.1; 2 Rs 14.23-25 cf. Mq 1.1), e outros, como Ageu e Zacarias, no pós-exílio (Ag 1.1; Zc 1.1).  

SINOPSE DO TÓPICO (I) 

Os escritos dos Profetas Menores têm a mesma autoridade que os outros livros do Cânon Sagrado.  

II. A MENSAGEM DOS PROFETAS MENORES

 

1. Procedência (vv.16-18). O apóstolo Pedro afirma que a revelação ministrada à Igreja era uma mensagem real e abalizada pelo testemunho ocular do colégio apostólico. À semelhança dos apóstolos, os profetas, inspirados pelo Espírito Santo, refletiram fielmente a vontade e a soberania divina acerca da redenção de Israel, em particular, e da humanidade, em geral. A mensagem dos profetas é de procedência divina e tem, como cenário, as ocorrências do dia a dia. O casamento de Oseias (Os 1.2-5; 3.1-5) e a visita de Amós a Samaria (Am 7.10-17) são apenas alguns dos exemplos que deram ocasião aos oráculos divinos. Semelhantemente aconteceu aos apóstolos na transfiguração de Jesus no Monte das Oliveiras (Mt 17.5,6; Mc 9.7; Lc 9.34-36). 
2. “A palavra dos profetas” (v.19a). Convém ressaltar que a expressão “os profetas”, nessa passagem, não se restringe aos literários e nem mesmo aos Doze. Porque Deus levantou profetas desde o princípio do mundo (Lc 1.70; 11.50,51). O ministério e os escritos proféticos eram tão importantes que, algumas vezes, o termo é usado para se referir ao Antigo Testamento (At 26.27). Entre os seus escritos, encontramos mensagens da vinda do Messias, orientações para a vida humana, para a nação de Israel e até para o mundo. Há também mensagens que se aplicam à Igreja de Cristo (1 Tm 3.16). 
3. “Como a uma luz que alumia em lugar escuro” (v.19b). Os profetas pregaram tudo o que diz respeito à vida e à piedade. Os temas eram diversos: Deus, o ser humano e a criação. Estaríamos à deriva no mundo sem as palavras dos profetas, pois elas nos levam à luz de Cristo (Sl 119.105). A Lei e os Profetas anunciaram a vinda de Jesus de Nazaré (Jo 1.45; Lc 24.27). A mensagem dos profetas foi entregue às gerações futuras, preparando-as para o tempo do Evangelho (1 Pe 1.12). Por isso, não devemos abdicar de seus ensinamentos, pois a autoridade desses escritos é perfeitamente válida para hoje.  

SINOPSE DO TÓPICO (II) 

A mensagem dos Profetas é de procedência divina. Jamais por inspiração humana.  

III. A INSPIRAÇÃO DIVINA DOS PROFETAS  

1. A iniciativa divina. O apóstolo Pedro retoma o que afirmou nos versículos 16 a 18. A mensagem dos profetas não se resume a uma retórica baseada em imaginação humana, nem é algo artificialmente construído. Nenhuma parte dessa revelação “é de particular interpretação” (v.20). As experiências dos profetas, como as do próprio Pedro no monte da transfiguração, provam a iniciativa divina em comunicar seus oráculos à humanidade.
 
2. A inspiração dos profetas. Está escrito que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3.16 — ARA). O termo grego theopneustos para as expressões “inspirada por Deus” e “divinamente inspirada” vem das palavras Theos, “Deus”, e pneo, “respirar, soprar”. Isso significa que os profetas foram “movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21 — ARA). O caráter especial e único da “palavra dos profetas” a torna sui generis. Ela pode fazer qualquer pessoa sábia para a salvação em Cristo Jesus e é proveitosa para ensinar, repreender, corrigir, redarguir e instruir em justiça (2 Tm 3.15,16). Nenhuma literatura no mundo tem essa mesma prerrogativa. 
 
3. A autoridade dos Profetas Menores. A Igreja submete-se inquestionavelmente à autoridade dos apóstolos, e essa é a vontade de Deus. Pois, os Evangelhos de Mateus e Lucas, ou pelo menos um deles, são colocados no mesmo nível do Antigo Testamento (1 Tm 5.18; Dt 25.4; Mt 10.10; Lc 10.7). O mesmo acontece com as epístolas paulinas (2 Pe 3.15,16). Essa é uma forma de se reconhecer definitivamente o Novo Testamento como Escritura inspirada por Deus. Depreende-se, então, que todos os livros da Bíblia têm o mesmo grau de inspiração e autoridade. Logo, devemos dar a mesma atenção e credibilidade aos escritos dos Profetas Menores (2 Pe 1.19). 
 

SINOPSE DO TÓPICO (III) 

Os livros dos Profetas Menores têm autoridade divina e são genuinamente inspirados por Deus.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Diante do exposto, os Profetas Menores, como parte integrante das Escrituras inspiradas, não devem ficar em segundo plano. Por isso, recomendamos que, já no início do trimestre, seja feita uma leitura dos Doze Profetas. Esta facilitará a compreensão da mensagem desses despenseiros de Deus. Convém ressaltar que o enfoque de cada lição, aqui, raramente coincide com o assunto predominante de cada livro, pois a escolha desses temas baseou-se nas necessidades do mundo de hoje. 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 


SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010. SOARES, E. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. RJ: CPAD, 2003. ZUCK, R. B. (Ed.). Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Texto Bíblico: Rm 16.26
TEXTO ÁUREO “Mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé” (Rm 16.26).
INTRODUÇÃO

I. SOBRE OS PROFETAS MENORES
II. A MENSAGEM DOS PROFETAS MENORES
III. A INSPIRAÇÃO DIVINA DOS PROFETAS
CONCLUSÃO


O MINISTÉRIO PROFÉTICO EM O ANTIGO TESTAMENTO

Marcelo de Oliveira e Oliveira

Prezado professor, vamos iniciar um novo trimestre em Lições Bíblicas. O tema é “Os Doze Profetas Menores: Advertências e consolações para os dias de hoje”. O objetivo dessa temática é estudar as mensagens dos Dozes profetas, considerados menores, a fim de analisar os desdobramentos e implicações dos seus ministérios.

Professor, é urgente que nossas igrejas conheçam e compreendam as mensagens milenares desses profetas. Os temas são palpitantes! Por exemplo, veremos como os profetas lidavam com questões políticas e sociais no exercício de seus ministérios; e como esse processo pode influenciar a igreja contemporânea.

Para introduzir a lição para a classe é importante conceituar o termo profeta. Mostre-a que esse termo deriva do grego prophetes, “aquele que fala sobre aquilo que está porvir”1; “um proclamador ou intérprete da revelação divina”.2 Ainda, refere-se àquele que age como porta-voz de um superior. Pode, também, ser utilizado como sinônimo de “vidente” ou “pessoa inspirada”3 (Os 9.7; 1 Sm 9.9).

O termo hebraico para profeta é nabi’ cujo significado etimológico mostra uma força de autoridade representativa . No livro de Deuteronômio 1.18b o Senhor afirma que o profeta [nabi’] declarará tudo que Ele [Deus] ordenar.4 Em Êxodo 7.1 nabi’ [profeta] tem o mesmo valor semântico de representação de autoridade. Em outras passagens como Êxodo 4.15,16; Jeremias 1.17a; 15.19; a palavra nabi’ [profeta] aparece no contexto de um mensageiro que fala em nome de um superior.5

O ministério de profeta tem seu início em Moisés com a manisfestação clara do exercício profético no arraial israelita (Nm 11.25,26). A concepção da instituição divina de ministério profético é ratificada em Deuteronômio 18.9-22, onde a contraposição entre profeta e prognosticadores (encantadores, mágico, etc.) é feita com a promessa do surgimento do grande profeta em Israel (vv. 15-22): Jesus Cristo (At 7.37,38).

No período monárquico, em Israel, aparecia a primeira escola de profetas (1 Sm 10.5,10). Isso introduz o papel importante que o profeta exerceria no período monárquico. Ele seria consultado pelos os reis como representantes de Deus para com o povo. Este profeta falaria ao rei através dos oráculos.

Esse período para os profetas, em Israel, é marcado por respeito e reverência por parte da nobreza e do povo (1 Sm 16.4,5).

No período da monarquia dividida, surge o então conhecido movimento de profetas em Israel que, em Teologia, chamamos tecnicamente de Profetismo.

Esse movimento tinha o objetivo de restaurar o monoteísmo hebreu; combater a idolatria; denunciar as injustiças sociais; proclamar o Dia do Senhor, objetivando reacender a esperança messiânica outrora arrefecida.

Esse movimento iniciou em Amós e encerrou, cronologicamente, em Malaquias.6

O período do profetismo foi caracterizado pelo sofrimento e marginalização dos profetas. De homens dignos e reverenciáveis passaram a “merecedores” de tratamentos dos mais indignos que um ser humano poderia ser submetido. Ir contra interesses escusos de lideranças religiosas e políticas, em Israel, significava sofrer, naquele período, as agruras inimagináveis. De fato, em relação a eles, o mundo não era digno (Hb 11.36-38).

Boa Aula!

NOTAS

1 Dicionário Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2009, p.1607.
2 WYCLIFFE, 2009, p.1607.
3 Ibidem.
4 Ibidem.
5 Ibidem.
6 ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. 13. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2004, p.305.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Subsídio da Lição 14 - 3º Trim. 2012.

Texto Bíblico: Filipenses 4.10-13


ELE MORREU PARA QUE PUDÉSSEMOS VIVER PARA ELE
Por  Warren W. Wiersbe
[...] Não vivemos mais para nós mesmos, e sim para o Salvador que deu a si mesmo por nós na cruz. Por termos nos achegado à cruz e confiado em Jesus Cristo, fomos libertados – remidos – do cativeiro da velha vida.

Quando Jesus morreu na cruz, Ele derrotou todos os dominadores perversos que controlavam a nossa vida – o mundo, a carne e o diabo.

Vamos começar com “o mundo”, esse sistema de coisas dirigido por Satanás e que se opõe a Deus e seu povo. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl 6.14). Em sua grande vitória no Calvário, Jesus derrotou o sistema mundial de modo que não temos mais de submeter-nos ao domínio dele. Se, como Demas (2 Tm 4.10), amamos o mundo, voltaremos então gradualmente à escravidão, mas se tivermos o cuidado de obedecer o que nos diz 1 João 2.15-17, vamos experimentar a vitória.

Jesus conquistou na cruz a carne. “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.24).

Como aplicamos esta vitória às nossas vidas? O versículo seguinte nos ensina: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.25). A Bíblia, em sua versão (NVI), traduz o seguinte: “Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito”. Somente por meio do Espírito Santo podemos nos identificar pessoalmente com a vitória de Cristo na cruz e apropiar-nos dela como se fosse nossa.

Na cruz, Jesus derrotou finalmente o diabo. “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (Jo 12.31,32). “E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2.15). A batalha travada por Jesus na cruz contra os poderes do inferno não foi uma simples escaramuça, mas um ataque total que terminou em vitória completa para o Salvador.

Desde que Jesus é nosso novo Mestre, “É por isso que também nos esforçamos... para lhe sermos agradáveis” (2 Co 5.9). Sabemos que um dia teremos de prestar contas de nosso serviço, quando estivermos diante do trono do Juízo de Cristo, e queremos que esse relato o glorifique (2 Co 5.10,11). Nosso desejo é dizer o que Jesus disse ao Pai: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4).

Não temos apenas um novo mestre, mas também um novo motivo: “Pois o amor de Cristo nos constrange...” (2 Co 5.14).

Foi o amor que motivou o Pai a dar seu filho para ser o Salvador do mundo (Jo 3.16; Rm 5.8; 1 Jo 4.9,10), e foi o amor que motivou o Filho a dar sua vida pelos pecados do mundo (Jo 15.13). Nas palavras de Paulo: “[Ele] me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20). Não admira que João tenha escrito: “Vede que grande amor (que estranho tipo de amor) nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1 Jo 3.1).

Contudo, tenha em mente que Deus não só amou o mundo perdido, como também amou seu Filho. A primeira vez que lemos a palavra amor no Novo Testamento é quando o Pai declara do céu: “Este é o meu Filho amado” (Mt 3.17). De fato, a primeira vez que você lê a palavra “amor” na Bíblia é quando Deus falou do amor de Abraão pelo seu único filho e depois ordenou que ele o sacrificasse sobre o altar (Gn 22). “O Pai ama ao Filho” (Jo 3.35; 5.20), todavia, o Pai estava disposto a entregar seu Filho amado na cruz em sacrifício pelos pecados.

Amor Surpreendente! Quem pode entender?
Que tu, meu Deus, morreste por mim!

(Charles Wesley)

Texto extraído da obra “O Que as Palavras da Cruz Significam para Nós”, editada pela CPAD.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Lição 14

A VIDA PLENA NAS AFLIÇÕES

30 de setembro de 2012 
 

TEXTO ÁUREO


 

Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece(Fp 4.12,13)
 

VERDADE PRÁTICA 


As tribulações levam-nos a amadurecer, em Cristo,
capacitando-nos a desfrutar de uma vida espiritual plena.

 

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO  


Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece(Fp 4.12,13)
“Compromisso com o contentamento (Fp 4.10-13)

[...] Nos versos 11-14, Paulo ressalta ser livre da opressão da necessidade. Sua alegria não se deve a ter suas necessidades satisfeitas, mas ao fato de que a preocupação dos filipenses está fundamentada no Senhor.
O relacionamento de Paulo com Deus tem-no conduzido a um senso de contentamento que transcende sua circunstância imediata. Paulo experimentou tanto a necessidade quanto a abundância.
A palavra usada para ‘necessidade’ aqui, é a mesma para a humilhação de Cristo no capítulo 2.8 de Filipenses; mas, devido a este contexto, provavelmente se refere à privação econômica.
Ele então emprega dois conjuntos de verbos contrastantes para mostrar os extremos através dos quais experimentou contentamento: quando estava bem alimentado, quando teve fome, quando viveu períodos de abundância e quando padeceu necessidades.
Através de todas estas situações, descobriu o segredo do contentamento. Em uma conclusão triunfal, no verso 13 revela a sua principal fonte de contentamento: ‘Posso todas as coisas, naquele que me fortalece’.
Este contexto do verso tem sido frequentemente transgredido, e esta verdade tem sido colocada a serviço de extravagâncias caprichosas.
“O apóstolo está claramente se referindo à grande variedade de suas próprias experiências (Fp 4.12)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.1313).  
“O consolo divino e o consolo comunitário
Paulo enfatiza o conceito de consolo. ‘O Deus de toda a consolação’ (2 Co 1.3). Deus Pai não é apenas um Deus que se compadece de nós nas nossas tribulações, mas aquEle que alivia nossos sofrimentos com o bálsamo de consolação do seu Espírito (Is 40.1; 66.13). A força da palavra consolo está no termo grego parák [l] etos utilizado em o Novo Testamento em referência à pessoa do Espírito Santo, como ‘o outro consolador’ prometido por Jesus, antes de ascender ao seu lugar no céu (Jo 14.16; 16.13,14). No versículo 4, Paulo dá um caráter bem pessoal com a frase: ‘Aquele que nos consola’ referindo-se especialmente à sua experiência pessoal vivida naqueles dias com as perseguições e calúnias contra a sua pessoa. Tanto ele quanto seus companheiros de ministério tinham passado por tribulações no mundo, mas tinham também o consolo e a paz de Cristo Jesus (Jo 14.27; 16.33). Na sequência do versículo 4, Paulo diz que o consolo que recebemos de Deus em meio às tribulações tem por objetivo servir de bênçãos para nós mesmos, que aprendemos a lidar com as circunstâncias, e nos tornar canais de consolo para outros. “Na verdade, esse texto nos fala da responsabilidade do crente em relação aos seus irmãos em Cristo, quando enfrentam tribulações” (CABRAL, E. A Defesa do Apostolado de Paulo: Estudo na Segunda Carta aos Coríntios. 1.ed., RJ: CPAD, 2009, p.36). 
 

RESUMO DA LIÇÃO 14  

 A VIDA PLENA NAS AFLIÇÕES
I. VIVENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA
1. As aflições de Paulo.
2. Deixado por seus filhos na fé.
3. A tristeza do apóstolo.
 
II. CONTENTANDO-SE EM CRISTO
1. Apesar da necessidade não satisfeita.
2. Livre da opressão da necessidade.
3.- Contente e fundamentado em Cristo.
 
III. AMADURECIMENTO PELA SUFICIÊNCIA DE CRISTO
1. Através das experiências.
2. Não pela autossuficiência.
3. Tudo posso naquele que me fortalece. 
 

INTERAÇÃO

Chegamos ao final de mais um trimestre, este foi um pouquinho mais longo devido o fato do ano ser bissexto e ganharmos mais uma lição. Vivemos tempos onde somos diuturnamente tentados a trocarmos a essência do verdadeiro Evangelho pela artificialidade das mensagens que nos são convidativas. Prega-se: - o fim do sofrimento em detrimento do sofrimento por Cristo; - o antropocentrismo em detrimento do cristocentrismo; - o triunfalismo em detrimento da simplicidade de Cristo Jesus. Mas, somos convidados, mesmo em tempos difíceis, a não perdermos de vista a simplicidade e o equilíbrio do Evangelho. Por isso, tende bom ânimo! Porque Ele, Jesus Cristo, venceu o mundo!  

OBJETIVOS 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·   Descrever as aflições da vida do apóstolo Paulo.
·   Explicar como se contentar em Cristo apesar das necessidades.
·   Saber que precisamos amadurecer pela suficiência de Cristo, o nosso Senhor.  

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA  

Professor, antes de iniciar a lição de hoje, faça uma revisão dos temas estudados neste trimestre:
1.- No Mundo Tereis Aflições;
2.- A Enfermidade na Vida do Crente;
3.- A Morte para o Verdadeiro Cristo;
4.- Superando os Traumas da Violência Social;
5.- As Aflições da Viuvez;
6.- A Despensa Vazia;
7.- A Divisão Espiritual no Lar;
8.- A Rebeldia dos Filhos;
9.- A Angústia das Dívidas;
10.- A Perda dos Bens Terrenos;
11.- Inveja, um Grave Pecado;
12.- As Dores do Abandono;
13.- A Verdadeira Motivação do Crente;
14.- A Vida Plena nas Aflições. 
A revisão do conteúdo programático das lições é muito importante para você concluir as lições.  O objetivo do trimestre foi demonstrar ao aluno que, apesar dos percalços da vida, é possível ter uma vida plena da graça de Deus. Após a revisão das lições, inicie a última aula explicando aos alunos que, apesar dos sofrimentos cotidianos, como na vida de Paulo, podemos desfrutar da graça e do amor de Deus respectivamente. Não se esqueça de agradecer a Deus pela conclusão de mais um trimestre. O Salmista Davi nos ensina a sermos gratos: "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios" (Sl 103.1-2). O filósofo romano Cícero declarou: “A gratidão não é somente a maior das virtudes, como é a mãe de todas as outras”. Gratidão é também o fundamento da personalidade cristã. Paulo pede que os tessalonicenses “dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.” (1 Tessalonicenses 5.18). 

COMENTÁRIO  

Introdução  
Palavra Chave  
Aflição:
Estado daquele que está aflito; profundo sofrimento; ânsia, agonia, angústia.  
No início desse trimestre, perguntamos se o crente em Jesus pode sofrer. A resposta reflete àquilo que já sabemos. O sofrimento na vida do justo é perfeitamente natural, pois peregrinamos num mundo de aflições. No entanto, é possível ao crente sofredor viver plenamente em Cristo (Jo 10.10). Por isso, na lição de hoje, estudaremos acerca da possibilidade de, apesar das angústias e lutas, vivermos de forma plena. Veremos que o servo de Deus pode desfrutar de uma vida cristã abundante em meio aos sofrimentos cotidianos. Com nossa mente e coração firmados no Eterno, Ele nos conduzirá, pelo seu poder e graça, ao deleite das suas promessas (Is 40.28).  
I. VIVENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA 
1. As aflições de Paulo. Depois de Jesus, uma das pessoas mais experimentadas no sofrimento por amor a Deus certamente foi Paulo. O Meigo Nazareno revelara a Ananias a dolorosa experiência paulina: “E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.16). Ao longo do Novo Testamento, o apóstolo dos gentios é provado de várias formas (2 Co 11.23-33). O homem que perseguia os cristãos se torna perseguido; aquele que os afligia, é afligido; o que consentia na morte dos outros, tem a sua consentida. Por isso, o Senhor disse a Paulo que duro seria “recalcitrar contra os aguilhões” (At 9.5).  
2. Deixado por seus filhos na fé. “Bem sabes isto: que os que estão na Ásia todos se afastaram de mim; entre os quais foram Fígelo e Hermógenes” (2 Tm 1.15). Após uma prática intensa de implantação de igrejas locais — discipulado, formação de liderança nativa e defesa do Evangelho —, comunidades inteiras foram atendidas pelo trabalho de um verdadeiro apostolado. Não obstante, Paulo sente-se abandonado por seus irmãos de caminhada. Prisioneiro de Roma, é inimaginável a tristeza do apóstolo nesse momento de solidão (2 Tm 4.9-11).  
3. A tristeza do apóstolo. O apóstolo dos gentios sente a dor do desamparo, da traição e da perda quando pede a Timóteo: “Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou amando o presente século [...] Só Lucas está comigo” (2 Tm 4.9,11). O quadro da vida de Paulo mostra-nos como podemos ser vítimas do desamparo, da traição e do abandono na caminhada cristã. Esse fato não acontece apenas com pessoas não crentes. Aconteceu com Paulo! Pode acontecer com você também! Mas, onde está a sua esperança? Em quem ela se fundamenta? As respostas a essas perguntas podem, ou não, mudar o caminho de sua vida cristã (Mt 7.14; 2 Tm 2.4).  
SINOPSE DO TÓPICO (I) 
A provação do apóstolo dos gentios é assim sintetizada: o homem que perseguia os cristãos é perseguido; aquele que afligia, é afligido; o que consentia na morte dos outros, tem a sua consentida.  
II. CONTENTANDO-SE EM CRISTO  
1. Apesar da necessidade não satisfeita. A prisão gélida onde Paulo foi encerrado expressa o estado da completa falta de dignidade humana em que ele encontrava-se. Apesar de receber apoio das igrejas locais, nem sempre o apóstolo dos gentios teve suas necessidades satisfeitas. Por isso, dizia ele estar escrevendo em meio a muitos sofrimentos, angústias e com muitas lágrimas (2 Co 2.4). A experiência paulina desafia-nos a viver um Evangelho que não prioriza a ilusão de uma vida de “mar de rosas”. Antes, desafia-nos a viver a realidade dos “espinhos” e “abrolhos” que não poucas vezes “ferem-nos a carne”. Todavia, a graça de Cristo é-nos suficiente para que, mesmo não tendo as necessidades satisfeitas, o nosso coração se acalme e venhamos a nos deleitarmos em Deus (2 Co 12.9). 
2. Livre da opressão da necessidade. Embora preso e necessitado, o apóstolo envia uma carta aos filipenses, demonstrando o regozijo do Senhor em seu coração ao saber que os crentes daquela localidade lembravam-se dele (Fp 4.10). Esse fato denota a maturidade do apóstolo em Cristo mesmo no sofrimento do cativeiro (v.11).  Como Paulo, devemos regozijar-nos no Senhor em meio às aflições e aos sofrimentos da vida. Isso é ser maduro e livre da opressão da necessidade! Embora esta nos assole o coração, ainda assim esperamos em Deus e alegramo-nos nEle, que é a nossa esperança (Sl 11.1; 35.9; 42.11). 
3. Contente e fundamentado em Cristo. O apóstolo dos gentios agradece aos filipenses pelas ofertas e generosidade praticadas em seu favor (Fp 4.14). No entanto, embora carente, a alegria do apóstolo pela oferta recebida não demonstra o desespero de alguém necessitado por dinheiro, antes, evidencia a suficiência de Cristo representada através do socorro da igreja de Filipos (4.18). Outro destaque nesse episódio é o regozijo de Paulo pela maturidade cristã dos filipenses. Ele atestara que, a seu exemplo, essa igreja encontrava-se edificada em Cristo (1.3-6). A alegria de Paulo não estava na oferta recebida, mas no contentamento que desfrutava em Cristo Jesus, nos momentos de aflições, e em ver a disposição da igreja filipenses.  
SINOPSE DO TÓPICO (II)  
Apesar de muitas vezes o apóstolo Paulo não ter suas necessidades satisfeitas, ele se viu livre da opressão da necessidade, contentando-se em Jesus Cristo.  
III. AMADURECENDO PELA SUFICIÊNCIA DE CRISTO  
1. Através das experiências. “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade” (Fp 4.12). Em Romanos 5.3-5 o apóstolo Paulo descreve o processo da maturidade cristã que o Senhor espera de seus servos: a tribulação produz a paciência; a paciência, a experiência; a experiência, a esperança; a esperança, a certeza. A vida de Paulo nos ensina que a provação na vida do servo de Deus forjará uma pessoa melhor, mais crente em Jesus e fiel a Deus. O sofrimento faz-nos constatar o quanto dependemos do Senhor (Sl 118.8,9). Nada melhor do que crescermos em Deus, e diante dos homens, com as nossas próprias experiências! 
2. Não pela auto-suficiência. Passar pelas experiências angustiosas da vida só revela o quanto somos dependentes do Altíssimo. Se não fosse por obra e graça de Deus não desfrutaríamos a sua doce presença. Como explicar a solidez da fé de uma mãe que perdeu seu filho; da esposa que, de forma trágica, viu a vida do seu cônjuge se esvair; do pai de família que, da noite para o dia, veio a perder todos os bens materiais; mas, ao mesmo tempo, podem dizer: O Senhor o deu e o tomou; bendito seja o nome do Senhor! (Jó 1.21). Muitos outros exemplos podem ser lembrados, mas nessa oportunidade, destacamos o quanto somos finitos, limitados e insuficientes na hora da aflição da vida. Há, porém, um lugar de abrigo nos dias de tribulação: o esconderijo do Altíssimo. Pelo qual, podemos dizer: “Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei” (Sl 91.2). 
3. Tudo posso naquele que me fortalece. Essa expressão revela o contentamento de Paulo e a sua verdadeira fonte: Jesus Cristo. Infelizmente, a expressão paulina tem sido mal interpretada. O texto não mostra nada além da maturidade que o apóstolo adquiriu. Após, e durante todo o sofrimento por amor a Cristo, o apóstolo pôde regozijar-se, não pela auto-suficiência, mas pela confiança em Cristo, nosso Senhor. Diante de toda a provação e sofrimento, o Pai Celestial pode nos dar a sua graça para suportar as aflições do mundo. Pois, verdadeiramente podemos dizer: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).  
SINOPSE DO TÓPICO (III) 
Através das experiências obtidas na vida cristã, não nos tornamos auto-suficientes, mas amadurecemos pela suficiência de Cristo.  
CONSIDERAÇÕES FINAIS  
Querido irmão e prezada irmã, jamais foi nossa intenção, nesse trimestre, desenhar para você um quadro ilusório da vida, dizendo: “Você não mais sofrerá, nem ficará doente ou muito menos morrerá”. Não! Tais falácias não são promessas bíblicas. Jesus nunca usou desses subterfúgios para lidar com os problemas existenciais dos seus discípulos. Nós, segundo o seu exemplo, temos a obrigação de dizer ao povo de Deus que no mundo teremos aflições (Jo 16.33). Mas Ele venceu o mundo e, por isso, devemos ter bom ânimo. É perfeitamente possível desfrutar a paz do Senhor no momento de provação e sofrimento. Por isso, tenha a paz em Deus, que excede todo entendimento, e bom ânimo em Cristo! Ele está conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20). Amém!  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  

CABRAL, E. A Defesa do Apostolado de Paulo: Estudo na Segunda Carta aos Coríntios. 1.ed., RJ: CPAD, 2009.
ZUCK, R. B. Teologia do Novo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2008.