segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Subsídio da Lição 6 - 4º Trim. 2012.

Lição 6 Jonas- A misericórdia divina

TEXTO ÁUREO “E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez” (Jn 3.10).


INTRODUÇÃO
I. O LIVRO DE JONAS
II. O GRANDE PEIXE
III. A MISERICÓRDIA DIVINA
IV. A JUSTIÇA HUMANA

CONCLUSÃO

JONAS

Robert B. Chrisholm, JR.

A GRAÇA SOBERANA DE DEUS

Ao longo do livro de Jonas Deus aparece como o Rei soberano e onipotente do universo. Provocou uma tempestade violenta (Jn 1.4) e depois fez com que parasse (v.15). Determinou o resultado da sorte que os marinheiros lançaram (v.7), mandou que uma grande criatura marinha lhe fizesse a vontade (Jn 1.17; 2.10), induziu uma planta a crescer (Jn 4.6), fez uma lagarta matar a planta (Jn 4.7) e chamou o vento quente do deserto (Jn 4.8). Até a maior cidade da terra estava sujeita ao seu decreto soberano (Jn 1.2; 3.1-10; 4.11).

Deus mostrou poder soberano visando uma meta em particular ― a recuperação de homens pecadores. Embora os ninivitas merecessem ser castigados por atos pecaminosos, Deus na sua graça decidiu dar-lhes a oportunidade de arrepender-se. Com isso, Ele demonstrou a verdade da confissão de Jonas, registrada em Jonas 4.2: “[Tu] és Deus piedoso e misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que te arrependes do mal”.

A RESPOSTA DE JONAS A DEUS

A confissão registrada em Jonas 4.2 não se originou com a [do] profeta.
Palavras quase indênticas constam em Êxodo 36.6,7 onde a referência é a misericórdia de Deus por Israel imediatamente após a queda vergonhosa do bezerro de ouro. Uma forma abreviada do credo ocorre em Números 14.18, onde Moisés pediu que o Senhor perdoasse o povo depois de terem recusado confiar no Senhor para vencer os cananeus. O uso de Jonas desta confissão tradicional deve tê-lo lembrado que Deus desde o começo da história demonstrara misericórdia a Israel.

Apesar da desobediência e presunção, o próprio Jonas experimentara a libertação misericordiosa de Deus e recebera uma segunda chance.

Quando comissionado por Deus para ir a Nínive, Jonas fugiu na direção oposta. Quando lançado ao mar furioso e engolido por um peixe, Ele teve a audácia de presumir que estava livre. Em lugar de oferecer um clamor penitencial e humilde por libertação, ele agradeceu ao Senhor por tê-lo libertado (Jn 2.1-9). Mas Deus preservou e comissionou novamente o profeta (Jn 2.10 ― 3.2). O livro termina com um Deus gracioso ainda tentando persuadir Jonas a pensar corretamente na sua misericórdia (Jn 4.9-11).

Embora Jonas, como Israel, fosse recebedor da misericórdia de Deus, o profeta negou a mesma misericórdia para o mundo gentio. Ironicamente, estes pagãos a quem Jonas detestava por serem idolatras (Jn 2.8), mostraram mais sensibilidade espiritual do que o profeta. Jonas reivindicou temer “ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca” (Jn 1.9). Mas suas ações contradisseram o seu credo. Enquanto Jonas tentou fugir do Criador do mar através do mar, os pagãos expressaram que temiam genuinamente ao Senhor por meio de sacrifícios e orações (Jn 1.16). Em contraste com Jonas que desobedeceu à palavra revelada de Deus e prevaleceu-se da misericórdia divina, os ninivitas responderam imediata e positivamente à palavra de Deus e humildemente se lançaram aos pés do Deus soberano (Jn 3.4-9). Embora Deus enviasse Jonas para denunciar a “malícia” (ra’ah) de Nínive (Jn 1.2), o profeta desobediente trouxe “mal” (ra’ah novamente) aos marinheiros (Jn 1.7) e acabou ficando “todo ressentido” (ra’ah de novo) pelo tratamento misericordioso dado por Deus aos ninivitas (Jn 4.1). Esta repetição da palavra hebraica (ainda que em sentidos semânticos diferentes) indica que Jonas, de certo modo, se tornara mais semelhante [a]os pagãos de que ele percebera. Por meio de contraste, os ninivitas tinham se afastado “do seu mal [ra’ah] caminho” (Jn 3.10).

O livro de Jonas é uma lembrança vívida para que o povo de Deus não resista ou questione as decisões soberanas de Deus dar a sua graça a quem Ele quer. Quando Deus chama os seus servos para lhe cumprir as determinações e ser instrumentos da graça aos pecadores, eles têm de obedecer, cientes de que eles também têm experimentado a misericórdia divina de forma conjunta e individual.


Texto extraído da obra “Teologia do Antigo Testamento”, editada pela CPAD.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Subsídio da Lição 5 - 4º Trim. 2012.

Lição 5 - Obadias - A soberania divina e o princípio da retribuição

TEXTO ÁUREO “Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça” (Ob 1.15).

INTRODUÇÃO
I. A SOBERANIA DE DEUS
II. O LIVRO DE OBADIAS
III. EDOM, O PROFANO
IV. A RETRIBUIÇÃO DIVINA

CONCLUSÃO

DEUS E SUA EXTRAORDINÁRIA SOBERANIA

J. I. PACKER

O que descobrimos quando lemos a Bíblia como um todo singular e unificado, com a mente alerta para observar seu foco real?  Descobrimos simplesmente isto: A Bíblia não é prioritariamente sobre o homem. Seu tema é Deus. Ele (se a frase for permitida) é o ator principal da história no drama, o herói da história. A Bíblia é uma visão factual do seu trabalho nesse mundo – passado, presente e futuro, com comentários explanatórios de profetas, salmistas, sábios, e apóstolos. O seu tema principal não é a salvação do homem, mas a obra de Deus vindicando seus propósitos e glorificando-o num cosmos pecaminoso e desordenado. Ele faz isto estabelecendo o seu reino e exaltando o seu filho, criando um povo para adorá-lo e servi-lo, e enfim, desmantelando e reagrupando esta ordem de coisas, erradicando o pecado deste mundo.

É dentro desta larga perspectiva que a Bíblia ajusta a obra de Deus de salvar homens e mulheres. Ela descreve Deus como mais do que um arquiteto cósmico distante, ou um titio celestial onipresente, ou uma força de vida impessoal. Deus é mais que qualquer deidade inferior substituta que habita as mentes do século XXI. Ele é o Deus vivo, presente, ativo em toda parte, “glorificado em santidade, terrível em louvores, operando maravilhas” (Êx 15.11). Ele dá a si mesmo um nome – Yahweh (Jeová [Senhor]; veja Êx 3.14,15; 6.2,3), o qual seja traduzido por “Eu sou o que sou”, ou “Eu serei o que serei” (o hebraico significa ambas as coisas), é uma proclamação de sua auto-existência e auto-suficiência, sua onipotência e sua liberdade ilimitada de agir.

Este mundo é de Deus; Ele o fez e Ele o controla. Ele “faz todas as coisas, segundo o conselho de sua vontade” (Ef 1.11). Seu conhecimento e domínio estendem-se às menores coisas: “E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mt 10.30). “O Senhor reina” – os salmistas fazem desta verdade imutável o começo de seus louvores, repetidas vezes (veja Sl 93.1; 96.10; 97.1; 99.1). Embora assolem forças hostis e ameace o caos, Deus é rei. Por conseguinte, seu povo está a salvo.

Texto extraído da obra “O Plano de Deus Para Você”, editada pela CPAD.

LIÇÃO 5 - 4º TRIM. 2012 - OBADIAS - O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO.


Lição 05

 OBADIAS —                O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO  
04 de novembro de 2012  

TEXTO ÁUREO  


Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações;
como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça (Ob 1.15) 

VERDADE PRÁTICA


Obadias mostra que a lei da semeadura e o princípio da retribuição
constituem uma realidade da qual ninguém escapará.  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO  


Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça 
(Ob 1.15) 
Nosso texto áureo desse domingo, Obadias versículo 15, está inserido no único capítulo do livro, cujo propósito é:
 
1º) revelar a intensa ira de Deus contra os edomitas por terem se regozijado com o sofrimento de Judá; e
 
 2º) entregar a palavra do juízo divino contra Edom.
Obadias profetiza o resultado final da atuação de Deus com a destruição dos edomitas e com o livramento de Israel no futuro dia do Senhor. 
 
“..., assim se fará contigo...” – Obadias profetizou que Deus retribuiria a Edom e as demais nações consoante o tratamento que haviam dispensado ao próximo. Este mesmo princípio aplica-se aos crentes neotestamentários: “Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer, pois não há acepção de pessoas” (Cl 3.25).
       Escrevendo aos  Colossenses, Paulo exorta-os sobre relacionamentos no lar, na igreja e no trabalho (Cl 3.17-25), ensinando-os a fazer o bem em todas as ocasiões, sendo sempre solícitos quanto à demonstração do amor, da justiça e da lealdade. Em Obadias 1.15 vemos também a “lei da semeadura”: “Não erreis, Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
Os filhos de Edom (edomitas ou edumeus) haviam regozijado pela pilhagem de Jerusalém, a queda da cidade havia motivado neles grande júbilo. No versículo 7 parte final o profeta declara: “não há em Edom entendimento” e profetiza contra Edom ou Esaú (irmão de Jacó) Obadias 1.7 a 14. Assim neste único capítulo do livro de Obadias encontramos nos versículos 1 a 14 a ardente ira do Senhor contra Edom (Esaú), exigindo deste uma prestação de contas por sua soberba originada de sua segurança geográfica, pois habitavam nas montanhas, se sentiam seguros e não se solidarizaram com seus irmãos, filhos do mesmo pai Isaac, mas pelo contrário se regozijaram com a derrota de Jacó, com a pilhagem de Jerusalém é neste contexto histórico e profético que se insere o nosso texto áureo: Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça (Ob 1.15) 

RESUMO DA LIÇÃO 05   


Obadias – O Princípio da Retribuição  

I.- A SOBERANIA DE DEUS

1.- Conceito.

2.- Livre-arbítrio.  

II.- O LIVRO DE OBADIAS

1.- Contexto histórico.

2.- Estrutura e mensagem.

3.- Posição no Cânon.  

III.- EDOM, O PROFANO

1.- Origem.

2.- O Deus soberano.

3.- Preparativos do assédio a Edom (v.1c).

4.- O rebaixamento de Edom.

5.- O orgulho leva à ruína.  

IV.- A RETRIBUIÇÃO DIVINA

1.- O princípio da retribuição.

2.- O castigo de Edom.

3.- Esaú e Jacó (v.18). 

INTERAÇÃO  


Soberania de Deus e livre-arbítrio são temas que geram conflitos e levam muitos a tomadas de posições extremadas. Por conceder o livre-arbítrio ao homem, Deus deixa de ser soberano? De maneira nenhuma! Isso só denota o seu poder em criar uma pessoa que, sendo imagem e semelhança de Deus, decide seguir ou não o caminho da Justiça. Mas é bem verdade que, nalgumas circunstâncias, o Eterno intervém sem respeitar o arbítrio humano (Ml 1.2,3 cf. Rm 9.14-16).
Há contradição nisso? De forma alguma! O homem continua livre em seu arbítrio e Deus eternamente soberano. Nas Sagradas Escrituras, o livre arbítrio e soberania divina são essencialmente dialogais.  

OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Conceituar soberania divina e livre arbítrio.

·   Elencar os elementos contextuais do livro de Obadias.

·   Saber o princípio da retribuição divina. 
 

ESBOÇO DO LIVRO DE OBADIAS  


O livro de Obadias é constituído apenas de um capítulo (1) e vinte e um versículos (21). Podemos dividi-lo em duas partes principais:
1ª) fala respeito dos oráculos contra Edom; e 
2ª) fala dos oráculos sobre o Dia do Senhor.
O propósito principal do livro é mostrar aos israelitas a ira divina contra os edomitas.  

O LIVRO DE OBADIAS  

Parte I: Oráculos contra Edom (vv.1-14.15b)
vv.1-9      Orgulho e destruição de Edom
vv.10-14      Traição de Edom contra Judá
v.15b      Condenação de Edom  
Parte II: Oráculos sobre o Dia do Senhor (vv.15a.,16-21)
vv.15a.,16      Julgamento das nações
vv.17,18      Volta e restauração de Israel
vv.19-21      Apêndice: Volta e restauração de Israel
 

COMENTÁRIO  


introdução  

Palavra Chave

SOBERANIA:

Qualidade ou condição de soberano.  

A soberania divina é um tema importante e atual, porque lembra-nos que Deus está no controle de tudo e que toda ação humana está exposta diante de seus olhos. A lei natural da semeadura ilustra o princípio da retribuição no campo espiritual, e é justamente essa a mensagem que encontramos no livro do profeta Obadias, em seus oráculos contra Edom.  

I. A SOBERANIA DE DEUS 

1. Conceito. A soberania divina é o direito absoluto de Deus governar totalmente as suas criaturas segundo a sua vontade (Sl 115.3; Is 46.10). Calvinistas e arminianos concordam com esse conceito. A diferença entre ambos acerca da soberania está apenas no exercício desta. Segundo os calvinistas, não há limite para o exercício desse governo, de modo que a vontade divina não pode ser anulada. Os arminianos, por outro lado, admitem que, no exercício da soberania divina, existe uma auto-limitação suficiente para permitir o livre-arbítrio humano.  

2. Livre-arbítrio. A vontade de Deus é que todos sejam salvos (Ez 18.23,32; Jo 3.16; 1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9). Entretanto, não são poucos os que se perderão. Tal acontece justamente pelo fato de sermos livres, autoconscientes e, por isso, responsáveis diante de Deus por nossos atos (Ec 12.13,14). Isso se explica pelo livre-arbítrio, e não significa negar a soberania divina. Trata-se da liberdade humana. Deus é soberano em todo o Universo e, por seu amor e poder, preserva sua criação até a consumação de todas as coisas (Ne 9.6; Hb 1.2,3).  

SINOPSE DO TÓPICO (I) 

O livre-arbítrio não nega a soberania divina; pelo contrário, a confirma.  

II. O LIVRO DE OBADIAS
 

1. Contexto histórico. A vida pessoal de Obadias é desconhecida. O profeta apresenta-se apenas com o seu nome, sem oferecer nenhuma informação adicional (família e reinado sob o qual viveu e profetizou). Ele simplesmente diz: “Visão de Obadias” (v.1). A data em que exerceu o seu ministério é uma das mais disputadas entre os estudiosos: vai de 848 a 460 a.C. Tudo indica que os versículos 10 a 14 refiram-se à destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, rei de Babilônia, em 587 a.C. Portanto, qualquer data, nesse período, como 585 a.C. por exemplo, é aceitável.  

2. Estrutura e mensagem. Com apenas 21 versículos, Obadias é o livro mais curto do Antigo Testamento. Excetuando-se a introdução, o seu estilo é poético. O texto divide-se em três partes principais: a destruição de Edom (vv.1-9); a sua maldade (vv.10-14) e o dia do Senhor sobre Edom, Israel e as demais nações (vv.15-21). O tema do livro é o julgamento divino contra Edom. Obadias, porém, não é o único profeta incumbido de anunciar a condenação dos filhos de Esaú (Is 21.11,12; Jr 49.7-22; Ez 25.1-14; Am 1.11,12; Ml 1.2-5).  
 
3. Posição no Cânon. Em nossa Bíblia, Obadias situa-se entre Amós e Jonas. O critério para a ordem desses livros é ainda desconhecido. Sabe-se, todavia, que não foi baseado na cronologia. Há quem justifique tal posição pelo slogan “o dia do SENHOR” (v.15; Am 5.20) e pela afirmação de que a casa de Jacó possuirá a herdade de Edom (v.17; cp. Am 9.12). Devido ao Cânon Judaico considerar a coleção dos Doze Profetas um só livro, a citação de Obadias, em o Novo Testamento, é apenas indireta.  

SINOPSE DO TÓPICO (II)  

Com apenas vinte e um versículos, Obadias é o livro mais curto do Antigo Testamento.  

III. EDOM, O PROFANO  

1. Origem. Os edomitas eram descendentes de Esaú. Por causa do guisado que Jacó usou para comprar de Esaú a sua primogenitura, o nome da tribo passou a ser “Edom” que, em hebraico, significa “vermelho” (Gn 25.30). Eles povoaram o monte Seir (Gn 33.16; 36.8,9,21) e, rapidamente, transformaram-se em uma poderosa nação (Gn 36.1-43; Êx 15.15; Nm 20.14). Seu rei negou passagem a Israel por seu território, quando os filhos de Jacó saíram do Egito e peregrinavam no deserto a caminho da Terra Prometida. Mesmo assim, Deus ordenou aos israelitas que tratassem os edomitas como a irmãos (Dt 23.7). Contudo, o ódio de Edom contra Israel cresceu e atravessou séculos.  

2. O Deus soberano.  “Assim diz o Senhor JEOVÁ a respeito de Edom” (v.1). Esta chancela destaca a soberania de Deus sobre os povos e reis da terra. Apesar de Edom não ser reconhecido como povo de Deus, o Eterno tinha legítima autoridade sobre ele.  

3. Preparativos do assédio a Edom (v.1c). A expressão: “temos ouvido a pregação” parece indicar que Obadias falava em nome de outros profetas (Jr 49.14). Ele ouviu o oráculo divino e soube de um embaixador que fora enviado aos povos vizinhos para ajuntá-los em guerra contra Edom. Tal embaixador não era profeta, mas um diplomata de alguma nação inimiga dos edomitas. 

4. O rebaixamento de Edom. No Antigo Testamento hebraico, existe um recurso retórico que consiste em um acontecimento futuro, que é descrito como se já tivesse sido cumprido. Por isso, o profeta emprega o verbo no passado: “Eis que te fiz pequeno entre as nações” (v.2a). Esse recurso é conhecido como perfeito profético (não se trata de um perfeito gramatical especial). Seu emprego, aqui, indica o cumprimento certeiro da ameaça quanto à sucessão dos dias e das noites. Ou seja, o fato é descrito como já realizado, pois Deus reduzirá (como de fato, reduziu) Edom a um povo insignificante e desprezível entre as nações, até que este veio a desaparecer (v.2b).  

5. O orgulho leva à ruína. Por viverem nas cavernas montanhosas de Seir (v.3), os edomitas confiavam na segurança que lhes proporcionava a topografia de seu território — uma fortaleza naturalmente inexpugnável. Edom não sabia que aquilo que é inacessível ao homem é acessível a Deus (v.4). A arrogância humana é insuportável, mas a soberba espiritual é repugnante; os que assim agem estão destinados ao fracasso (Pv 16.18; 1 Pe 5.5).  

SINOPSE DO TÓPICO (III)  

A arrogância humana e a soberba espiritual levaram os edomitas à ruína.  

IV. A RETRIBUIÇÃO DIVINA  

1. O princípio da retribuição. Retribuição significa “pagar na mesma moeda”. Tal princípio acha-se na Lei de Moisés (Êx 21.23-25; Lv 24.16-22; Dt 19.21). Segundo Charles L. Feinberg, a passagem compreendida entre os versículos 10 até 14 pode ser chamada de o “boletim de ocorrência” dos crimes cometidos pelos edomitas contra os judeus. O acerto de contas aproxima-se, e Deus fará com os edomitas o mesmo que eles fizeram a Judá. Nessa profecia, Edom serve de paradigma para outras nações (e até pessoas) que igualmente procedem (v.15).  

2. O castigo de Edom. Os edomitas beberam e alegraram-se com a desgraça de seus irmãos. Mas, agora, chegou a hora de eles receberem a sua paga na mesma moeda. Os descendentes de Esaú provarão do cálice da ira divina para sempre (v.16). É bom lembrar que esse princípio vale também para indivíduos (Jz 1.6,7; Hb 2.2). É o princípio da semeadura (Os 8.7; Gl 6.7).  

3. Esaú e Jacó (v.18). Os nomes “Sião” e “Jacó” (v.17) indicam Jerusalém e Judá, respectivamente.
E “José”, o Reino do Norte formado pelas dez tribos e, muitas vezes, identificado como “Israel” e “Efraim” (Os 7.1).
José, como pai de Efraim (Gn 41.50-52), é usado para identificar os irmãos do Norte. Assim, a profecia fala sobre a reunificação de Judá e Israel (Os 1.1; Ez 37.19). A metáfora de Israel como fogo que consumirá a casa de Esaú indica a destruição total de Edom. O orgulho e o ódio dos edomitas contra os seus irmãos judeus os levaram à ruína definitiva.  

SINOPSE DO TÓPICO (IV)  

O princípio da retribuição acha-se na lei de Moisés e se confirma no princípio da semeadura em o Novo Testamento.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Assim como ninguém pode desafiar as leis naturais sem as devidas consequências, não é possível ignorar as leis espirituais e sair ileso. A retribuição é inevitável, pois “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Só o arrependimento e a fé em Jesus podem levar o homem a experimentar o amor e a misericórdia de Deus (2 Co 5.17).  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  


HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.

MENZIES, W. W.; HORTON, S. M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. 5 ed., RJ: CPAD, 2005. 
 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I 


Subsídio Geográfico  

“O Julgamento de Edom

A terra de Edom se estendia ao longo das encostas da cadeia de montanhas rochosas do monte Seir, em direção do golfo de Ágaba e chegava quase ao mar Morto. O território variava de regiões férteis, que produziam trigo, uvas, figo, romã e azeitona, a altos picos montanhosos separados por desfiladeiros profundos. A meio caminho na principal cadeia montanhosa, elevava-se o monte Hor, alto e sombrio acima do terreno circunvizinho e a curta distância da capital Sela ou Petra, que se situava em um profundo vale cercado por 60 metros de precipício, acessível somente por uma abertura estreita de uns 3,5 metros de largura. Assim, os edomitas habitavam literalmente nas fendas das rochas (3), cuja a posição era praticamente impenetrável e inconquistável. Por muitas gerações tinham vivido seguros. Nenhum inimigo conseguira entrar pelos caminhos estreitos dos desfiladeiros que conduziam às principais cidades talhadas nas paredes rochosas das montanhas. [A despeito de todos esses recursos] Os julgamentos de Deus tinham de ser severos. [...] A nação seria totalmente devastada. Os descendentes de Esaú, seriam reduzido a nada” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 5, 1 ed., RJ: CPAD, 2005, pp.131-32).  

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO  


Obadias: O princípio da retribuição  

Obadias é um livro pequeno, mas que apresenta uma grande verdade: Deus retribui as ações arrogantes do homem no devido tempo. Não importa quanto tempo se passe desde que ajamos de forma perversa com as pessoas que nos cercam: nossos atos não ficam impunes diante de Deus.
 
Para que possamos entender o livro de Obadias, precisamos entender o contexto em que o profeta está inserido. Séculos antes de Obadias, Jacó e Esaú, os dois filhos de Isaque, tiveram descendentes que, séculos mais tarde, formaram as nações de Judá e Edom. Ambos, apesar de terem parentesco, os povos foram dados à beligerância entre si, de forma que os edomitas, quando tiveram uma oportunidade, auxiliaram os babilônios em um grande e bem-sucedido ataque contra Israel, que destruiu Jerusalém.
 
Não podemos deixar de crer que Deus, por meio desses acontecimentos, estava julgando seu próprio povo, pois Judá havia sido advertido por Deus acerca de seus pecados. Mas que Ele também iria julgar aqueles que estavam atacando seu povo. Não muito depois desse evento, Deus julgou os edomitas e destruiu sua nação. Nos tempos de Cristo, os descendentes dos edomitas foram os da casa de Herodes, chamados de idumeus. Eles mostraram seu desprezo pelos judeus quando os governaram, autorizados pelos romanos, e também tentaram acabar com o plano da salvação quando Herodes tentou matar o menino Jesus.
 
“O que torna as ações de Edom ainda mais repreensíveis foi o fato de que os edomitas e os israelitas não eram apenas vizinhos; eles eram parentes! Os pais de Edom e Judá foram Esaú e Jacó, respectivamente. Os países deveriam ter vivido em paz. Edom, porém, constantemente tirou vantagem de Judá” (365 Lições de Personagens da Bíblia, CPAD, pg.230). Isso sem contar com a arrogância dos edomitas: sua capital era o lugar hoje conhecido como Petra, um ambiente de fácil defesa e de difícil ataque por parte de inimigos. Isso dava muito orgulho aos edomitas, pois muitos santuários foram também esculpidos nas paredes dessa grande cidade rochosa. Mas cinco anos depois de Nabucodonosor ter atacado Jerusalém, ele também expulsou os edomitas de suas terras, e séculos depois, após a crucificação de Cristo, os edomitas desapareceram para sempre, cumprindo-se o que disse Obadias: “Ninguém mais restará da casa de Esaú” (Ob 18).

Apesar do julgamento pelo qual Israel passou, Obadias deixou claro que a nação se ergueria novamente, e que possuiria a terra dos filisteus e dos edomitas, e que iria se alegrar com o reino do Messias.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Lição 04

AMÓS – A JUSTIÇA SOCIAL COMO PARTE DA ADORAÇÃO

28 de outubro de 2012

Professor Alberto
 

TEXTO ÁUREO 


Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus,
 de modo nenhum entrares no Reino dos céus(Mt 5.20). 

VERDADE PRÁTICA 


Justiça e retidão são elementos necessários e imprescindíveis à verdadeira adoração a Deus. 

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus,
 de modo nenhum entrares no Reino dos céus(Mt 5.20). 

       Nosso texto áureo deste domingo está inserido em Mateus 5.17-48, “o cumprimento da lei e dos profetas”. 

Porque vos digo... - Estas palavras são dirigidas, não para os verdadeiros discípulos de Cristo em geral, ou aos seus apóstolos em particular, mas para toda a multidão do povo, que tinha em grande estima e admiração dos escribas e fariseus, por sua justiça e santidade aparente.  

“...que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrares no Reino dos céus(Mt 5.20)O Senhor Jesus menciona os escribas, porque eles eram a parte mais instruída do povo, na escrita e na exposição da lei. De acordo com a Bíblia o termo escriba refere-se aos chamados doutores e mestres (Mateus 22.35; Lucas 5.17), ou seja, homens especializados no estudo e na explicação da lei ou Torá. Embora o termo apareça pela primeira vez no livro de Esdras, eles eram bem sucedidos ao que faziam e sabe-se que tinham grande influência e eram muito considerados pelo povo.

Fariseu é o nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C.. Opositores dos saduceus, criam uma Lei Oral, em conjunto com a Lei escrita, e foram os criadores da instituição da sinagoga. Com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. e a queda do poder dos saduceus, cresceu sua influência dentro da comunidade judaica e se tornaram os precursores do judaísmo rabínico.

A palavra Fariseu tem o significado de "separados", " a verdadeira comunidade de Israel", "santos". Sua oposição ferrenha ao Cristianismo rendeu-lhes através dos tempos uma figura de fanáticos e hipócritas que apenas manipulam as leis para seu interesse. Esse comportamento deu origem à ofensa "fariseu", comumente dado às pessoas dentro e fora do Cristianismo, que são julgados como religiosos aparentes.

O Senhor Jesus, o Messias,  informa aos ouvintes, que deve ter uma melhor justiça do que esses homens tinham.  A justiça dos "escribas e fariseus" é egoísta, faz para se mostrar, era cheia de cerimonialismo e formalismo, dando muita ênfase a aparência. O Senhor nos orienta a exercer uma justiça superior à dos escribas e fariseus, essa é a justiça dos santos ou a santificação do Espírito.

 Qualquer justiça humana, não excede a dos escribas e fariseus, não excede em natureza, efeitos e utilidade, já que eram meticulosos observadores das formas externas da lei. Mas a operação do Espírito Santo,  sim, obras de justiça feitas pelos crentes guiados pelo Espírito Santo, que nos imputa a justiça de Cristo, que é recebida pela fé, é infinitamente mais excelente em seu autor, em perfeição, no uso de pureza, e sem a qual ninguém será admitido no Reino dos Céus.

O Senhor Jesus declara neste versículo 20 que a justiça que Deus requer do fiel vai além da aparência e das coisas externas, é a justiça que brota no interior, no coração, na alma, no espírito, e não somente os atos externos, devem conformar-se com a vontade de Deus, na fé e no amor. 

RESUMO DA LIÇÃO 04 


AMÓS – A JUSTIÇA SOCIAL COMO PARTE DA ADORAÇÃO 

I.- O LIVRO DE AMÓS

1.- Contexto histórico.

2.- Vida pessoal.

3.- Estrutura e mensagem. 

II.- POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL

1.- Mau governo.

2.- A justiça social.

3.- O pecador. 

III.- INJUSTIÇAS SOCIAIS

1.- Decadência social (2.6).

2.- Decadência moral.

3.- Decadência religiosa.

IV.- A VERDADEIRA ADORAÇÃO

1.- Adoração sem conversão.

2.- O significado dos sacrifícios.

3.- Os cânticos.  


INTERAÇÃO 


O nome Amós quer dizer “fardo” e Tecoa significa “soar o chifre do carneiro”. Estas significações denotam a mensagem de destruição ecoada no Reino do Norte. O profeta não exitara em denunciar a corrupção do sistema político, jurídico, social e religioso de Israel. Amós ainda teve de enfrentar uma franca oposição religiosa do sacerdote Amazias. Este era alinhado à política de Jeroboão II. Em Amós aprendemos o quanto pode ser nefasta a mistura da política com a religião. Ali, tínhamos um sacerdote, “representante de Deus” dizendo sim para tudo o que o rei fazia. Mas lá, o profeta “boieiro” dizia não! Era o Soberano dizendo “não” para aquela espúria relação de poder.  

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Dissertar a respeito da vida pessoal de Amós e a estrutura do livro.

·   Saber que a justiça social é um empreendimento bíblico.

·   Apontar a política e a justiça social como elementos de adoração a Deus.  

COMENTÁRIO


introdução

Palavra Chave

 ADORAÇÃO: 

Rendição a Deus em todas as esferas da vida. 
O livro de Amós permanece atual e abrange diversos aspectos da vida social, política e religiosa do povo de Deus. O profeta combateu a idolatria, denunciou as injustiças sociais, condenou a violência, profetizou o castigo para os pecadores contumazes e também falou sobre o futuro glorioso de Israel. Amós é conhecido como o livro da justiça de Deus e mostra aos religiosos a necessidade de se incluir na adoração dois elementos importantes e há muito esquecidos: justiça e retidão.  
I. O LIVRO DE AMÓS  

1. Contexto histórico. O ministério de Amós foi entre 760 e 755 a.C. Amós era originário de Tecoa, aldeia situada a 17 quilômetros ao sul de Jerusalém, mas Deus o enviou para profetizar em Samaria, no reino do Norte. Exerceu o seu ministério durante os reinados de Uzias, rei de Judá, e de Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel (1.1; 7.10), o reinado de ambos coincide com o período que vai de 767 – 753 a.C. De acordo com a tradição judaico-cristã, Amós foi contemporâneo de Oseias, Jonas, Isaías e Miqueias, no período assírio. Os profetas Isaías e Miqueias eram do Reino do Sul, capital Jerusalém. Oseias e Amós exerceram seu ministério no reino do Norte, em Samaria.  
2. Vida pessoal. Apesar de ser apenas um camponês de Judá, “boieiro e cultivador de sicômoros” (7.14) e de não fazer parte da escola dos profetas, foi enviado por Deus a profetizar em Betel, centro religioso do Reino do Norte (4.4). Ali, Amós enfrentou forte oposição do sacerdote Amazias, alinhado politicamente ao rei Jeroboão II (7.10-16). Todo o sistema político, religioso, social e jurídico do Reino de Israel estava contaminado. Foi esse o quadro que Amós encontrou nas dez tribos do Norte. O profeta tornou pública a indignação de Jeová contra os abusos dos ricos, que esmagavam os pobres. Ele levantou-se também contra as injustiças sociais e contra toda a sorte de desonestidade que pervertia o direito das viúvas, dos órfãos e dos necessitados (2.6-8; 5.10-12; 8.4-6). No cardápio da iniquidade, estavam incluídos ainda o luxo extravagante, a prostituição e a idolatria (2.7; 5.12; 6.1-3). 
3. Estrutura e mensagem. O livro se divide em duas partes principais. A primeira consiste nos oráculos que vieram pela palavra (1-6) e a segunda, nas visões (7-9). O discurso de Amós é um ataque direto às instituições de Israel, confrontando os males que assolavam os fundamentos sociais, morais e espirituais da nação. O assunto do livro é a justiça de Deus. O discurso fundamenta-se em denúncias e ameaças de castigo, terminando com a restauração futura de Israel (9.11-15). Ele é citado em o Novo Testamento (Am 5.25,26 cp. At 7.42,43; 9.11,12 cp. At 15.16-18).  

SINOPSE DO TÓPICO (I) 

O livro do profeta Amós pode ser dividido em duas partes principais: oráculos provenientes pela palavra (1-6) e pelas visões (7-9). 

II. POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL

 

POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL EM AMÓS
 
POLÍTICA
Queremos dizer sobre política “o conjunto de práticas relativo a uma sociedade”. Pois as relações humanas numa sociedade são estabelecidas de acordo com decisões políticas tomadas por representantes dela (Am 7.10-14).
 
JUSTIÇA SOCIAL
Justiça social é o conjunto de ações sociais, destinado a suprimir as injustiças de todos os níveis, reduzindo a desigualdade e a pobreza, erradicando o analfabetismo e o desemprego, etc (Am 8.4-8).

 1. Mau governo. Infelizmente, alguns líderes, como Saul e Jeroboão I, filho de Nebate, causaram a ruína do povo escolhido (1 Cr 10.13,14; 1 Rs 13.33,34). Amós encontrou um desses maus políticos no Reino do Norte (7.10-14). Oseias, seu colega de ministério, também denunciou esses males com tenacidade e veemência (Os 5.1; 7.5-7). 
2. A justiça social. É nossa responsabilidade pessoal lutar por uma sociedade mais justa. Tal senso de justiça expressa o pensamento da lei e dos profetas e é parte do grande mandamento da fé cristã (Mt 22.35-40). Amós foi o único profeta do Reino do Norte a bradar energicamente contra as injustiças sociais, ao passo que, em Judá, mensagem de igual teor aparece por intermédio de Isaías, Miqueias e Sofonias. 
3. O pecado. A expressão: “Por três transgressões de Israel e por quatro, não retirarei o castigo” (2.6) refere-se não à numeração matemática, mas é máxima comum na literatura semítica (veja fraseologia similar em Jó 5.19; 33.29; Ec 11.2; Mq 5.5,6). Nesse texto, significa que a medida da iniquidade está cheia e não há como suspender a ira divina. 

SINOPSE DO TÓPICO (II) 

O senso de justiça cristã expressa o pensamento da lei e dos profetas que, por sua vez, é parte do grande mandamento de Jesus Cristo. 

III. INJUSTIÇAS SOCIAIS

1. Decadência social (2.6). Amós condena o preconceito e a indiferença dos mais abastados no trato aos carentes do povo, que vêem seus direitos serem violados (2.7; 4.1; 5.11; 8.4,6). Vender os próprios irmãos pobres por um par de sandálias é algo chocante. Tal ato, que atenta contra a dignidade humana, demonstra a situação de desprezo dos poderosos em relação aos menos favorecidos. Uma vez que as autoridades e os poderosos aceitavam subornos para torcer a justiça contra os pobres, o profeta denuncia esse pecado mais de uma vez (8.4-6). 
2. Decadência moral. A prostituição cultual era outra prática chocante de Israel e mostra a decadência moral e espiritual da nação: “Um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome” (2.7 — ARA). O pior é que tal prostituição era financiada com o dinheiro sujo da opressão que os maiorais infligiam ao povo (2.7,8).
3. Decadência religiosa. O profeta denuncia a violação da lei do penhor que ninguém mais respeitava (Êx 22.26,27; Dt 24.6,17). A acusação não se restringe à crueldade e à apropriação indébita, mas também a prática do culto pagão, visto que a expressão “qualquer altar” (2.8) não pode ser no templo de Jeová, e sim no de um ídolo. Amós encerra a denúncia a essa série de pecados, condenando a idolatria, a cobrança indevida de taxas e a malversação dos impostos no culto pagão e nos banquetes em honra aos deuses. 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

As injustiças sociais no livro de Amós são representadas pela decadência social, moral e religiosa. 

IV. A VERDADEIRA ADORAÇÃO 

1. Adoração sem conversão. A despeito de sua baixa condição moral e espiritual, o povo continuava a oferecer o seu culto a Jeová sem refletir e com as mãos sujas de injustiças. Comportando-se assim, tanto Israel como Judá, reproduziam o pensamento pagão, segundo o qual sacrifícios e libações são suficientes para aplacar a irados deuses. Entretanto, Deus declara não ter prazer algum nas festas religiosas que os israelitas promoviam (5.21; Jr 6.20).
2. O significado dos sacrifícios. Expressar a consagração do ofertante a Deus era uma das marcas dos sacrifícios. E Amós menciona dois: “ofertas de manjares” e “ofertas pacíficas” (5.22). As ofertas de manjares não eram sacrifícios de animais. Tratava-se de algo diferente, que incluía flor de farinha, pães asmos e espigas tostadas, representando a consagração dos frutos dos labores humanos a Deus (Lv 2.14-16). Já as ofertas pacíficas eram completamente voluntárias e tinham uma marca distintiva, pois o próprio ofertante podia comer parte do animal sacrificado (Lv 7.11-21). 
3. Os cânticos. Os cânticos faziam parte das assembleias solenes (5.23). No entanto, eles perdem o valor espiritual quando não há arrependimento sincero. A verdadeira adoração, porém, não consiste em rituais externos ou em cerimônias formais. O genuíno sacrifício para Deus é o espírito quebrantado e o coração contrito (Sl 51.17). Há um número muito grande e variado de palavras hebraicas e gregas para descrever a adoração e o ato de adorar. Contudo, a ideia principal de todas é de devoção reverente, serviço sagrado e honra a Deus, tanto de maneira pública como individual. Em suma, Deus exige de seu povo verdadeira adoração.

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

A verdadeira adoração não consiste em rituais externos ou em cerimônias litúrgicas, mas no espírito quebrantado e num coração contrito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adoração ao verdadeiro Deus, nas suas várias formas, requer santidade e coração puro. Trata-se de uma comunhão vertical com Deus, e horizontal, com o próximo (Mc 12.28-33). Essa mensagem alerta-nos sobre o dever cristão de não nos esquecermos dos pobres e necessitados e também sobre a responsabilidade de combatermos as injustiças, como fizeram Amós e os demais profetas.  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 


HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.