terça-feira, 20 de novembro de 2012

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição 8 Naum - O limite da tolerância divina

    TEXTO ÁUREO “Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez” (Gn 18.32).

    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE NAUM
    II. TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO
    III. O CASTIGO DOS INIMIGOS

    CONCLUSÃO

    PECADORES NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO

    Jonathan Edwards

    A ira de Deus é como grandes águas que por enquanto estão represadas.
    Elas aumentam cada vez mais e sobem cada vez mais até que haja um escoadouro. Quanto mais tempo o fluxo for detido, mais veloz e poderoso será seu curso quando for solto de uma vez. É verdade que o julgamento contra suas más obras até hoje não foi executado. As inundações da vingança de Deus foram retidas, mas sua culpa no tempo médio está aumentando de modo constante e você está diariamente entesourando mais ira. As águas estão permanentemente subindo e se avolumando cada vez mais em força. Não há nada mais que a mera vontade de Deus que segura as águas que estão pouco dispostas a serem detidas e pressionam implacavelmente para ir adiante.
    Se Deus tão somente retirasse a mão da comporta do dique, imediatamente as águas jorrariam, as inundações furiosas da ferocidade e ira de Deus avançariam com fúria inconcebível e viriam sobre você com poder onipotente. Se sua força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior que a força do demônio mais robusto e mais intrépido do inferno, não haveria nada que a resistisse ou a suportasse.

    O arco da ira de Deus esta retesado e a seta se ajusta à corda. A justiça direciona a seta no seu coração e entesa o arco, e não é nada mais que o mero prazer de Deus, de um Deus irado, sem promessa ou obrigação, que impede a seta de num momento ficar encharcada com o seu sangue.
    Assim, todos vocês que nunca tiveram grande mudança de coração pelo poder grandioso do Espírito de Deus em suas almas, que nunca nasceram de novo e nunca foram feitas novas criaturas e ressuscitaram dos mortos no pecado para um estado de nova luz e vida nunca antes completamente experimentadas, estão nas mãos de um Deus irado.
    Ainda que você tenha reformado a vida em muitas coisas, tenha tido afetos religiosos e guardado uma forma de religião em sua família, e na casa de Deus, não é nada mais que a mera vontade de Deus que o impede de ser, neste momento, tragado pela destruição perpétua.
    Ainda que você não esteja convencido da verdade que ouve, logo ficará convencido completamente dela. Os que se foram e estavam em circunstâncias iguais a você veem que foi assim que aconteceu com eles, pois a destruição veio de repente sobre a maioria deles. Quando não esperavam nada disso e diziam: Paz e segurança, agora eles veem que essas coisas das quais eles dependiam para ter paz e segurança eram nada mais que ar tênue e sombra vazias.

    O Deus que segura acima da cova do inferno, muito semelhante à pessoa que segura uma aranha ou algum inseto repugnante acima do fogo o detesta e é horrivelmente provocado. Sua ira por você arde como fogo. Ele olha você como merecedor de nada mais que ser lançado ao fogo. Ele é de olhos puríssimos para ter de suportá-lo em seu campo de visão. Você é dez mil vezes mais abominável aos seus olhos que a serpente venenosa mais odiosa aos nossos. Você o ofendeu infinitamente mais que um rebelde teimoso já tenha ofendido o príncipe. Contudo, não é nada mais que sua mão que o impede de cair no fogo a todo o momento.
    A nada mais que isso deve ser atribuído o fato de você não ter ido para o inferno ontem à noite, de ter acordado outra vez neste mundo depois de ter fechado os olhos para dormir. Não há outra razão a ser dada por que você não caiu no inferno desde que se levantou de manhã, senão a mão de Deus que o sustentou [...].

    Texto extraído da obra “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado: e outros Sermões.”, editada pela CPAD.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição7- Miqueias — A superioridade da obediência em relação aos rituais

    TEXTO ÁUREO “[...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22b).

     INTRODUÇÃO
    I. O LIVRO DE MIQUEIAS
    II. A OBEDIÊNCIA A DEUS
    III. O RITUAL RELIGIOSO
    IV. O GRANDE MANDAMENTO

    CONCLUSÃO

    FORMA E LIBERDADE

    John R.W. Stott

    As estruturas seculares estão desmoronando em todos os lugares. Há uma rebelião mundial contra formas institucionais rígidas e um sentimento universal à procura de liberdade e flexibilidade. A igreja cristã, considerada em muitas partes do mundo como uma das principais estruturas do tradicionalismo, não pode escapar a este desafio de nossos tempos. Além disso, o desafio vem tanto de dentro como de fora. Muitos jovens crentes estão requerendo um novo e não estruturado tipo de cristianismo, despojado dos obstáculos eclesiásticos que têm sido herdados do passado.

    Permiti-me classificar as três expressões principais desta onda.
    Referem-se à igreja e seu ministério, à direção de cultos públicos, e ao relacionamento com os outros crentes. É perigoso generalizar. Todavia, alguém pode dizer, em primeiro lugar, que muitos estão procurando igrejas que não tenham cerimônia fixa. Grupos de crentes estão, agora, reunindo-se em muitas partes do mundo, libertando-se da tradição e fazendo as coisas à sua maneira. Em segundo lugar, há um desejo por cultos informais, nos quais o ministro não mais domina, mas onde a participação da congregação é incentivada, onde o órgão é substituído pelo violão e uma liturgia antiga, pela linguagem de hoje, onde há mais liberdade e menos formalidade, mais espontaneidade e menos rigidez. Em terceiro lugar, há uma rejeição de denominacionalismo e uma nova ênfase em independência. A geração jovem está bastante contente em cortar laços que os prendem ao passado e mesmo a outras igrejas do presente. Eles querem chamar-se “crentes”, mas sem qualquer rótulo denominacional.

    Sem dúvida, estas três exigências têm alguma lógica. Elas são fortemente sentidas e poderosamente manifestadas. Não podemos simplesmente considerá-las como irresponsabilidades loucas do jovem. Há uma ampla busca para o livre, o flexível, o espontâneo, o não-estruturado. A geração dos crentes mais velhos e tradicionais precisa entender isso, ser solidária e acompanhar, na medida do possível, o que está acontecendo. Todos nós concordamos em que o Espírito Santo pode ser (e às vezes tem sido) aprisionado em nossas estruturas e sufocado por nossas formalidades.
    Contudo, há algo a ser dito em relação ao outro extremo. Liberdade não é sinônimo de anarquia. Que argumento pode ser apresentado, então, em favor de alguns tipos de cerimônias e estruturas?

    Primeiro: uma igreja estruturada. Os crentes pertencem a diferentes origens denominacionais e apreciam tradições diferentes. Contudo, a maioria (talvez todos nós) concorda em que o Fundador da Igreja tencionou que ela tivesse uma estrutura visível. [...] Ele mesmo insistiu no batismo como a cerimônia de iniciação na sua Igreja, e batismo é um ato visível e público. Ele também instituiu sua ceia como a refeição da comunhão cristã, pela qual a Igreja identifica a si mesma e exercita disciplina sobre os membros.

    Segundo: adoração formal. Em particular, sou completamente a favor da adoração espontânea, exuberante, alegre e barulhenta do jovem, ainda que, algumas vezes, possa ser doloroso, como experimentei uma vez, em Beirute, quando o meu ouvido direito estava a apenas algumas polegadas do trombone. Alguns de nossos cultos são por demais formais, sérios e maçantes. Ao mesmo tempo, em algumas reuniões modernas, a quase total noção de reverência perturba-me. Parece que alguns acham que a principal evidência da presença do Espírito Santo é o barulho [...].

    Terceiro: um princípio de conexão. A maioria de nós desejaria insistir em, pelo menos, um certo grau de independência para a igreja local que, em conformidade com o Novo Testamento, é uma manifestação local e visível da Igreja universal. [...] A unidade da Igreja é derivada da unidade de Deus.
    E porque há um só Pai, há uma só família; e um só Senhor, há uma só fé, uma só esperança e um só batismo; e porque há um só Espírito, há somente um corpo: Ef 4.4-6. Portanto, toda questão do relacionamento com outros crentes é controversa e complicada, e certamente as Escrituras não nos dão autoridade para procurar ou assegurar unidade sem verdade. Mas não nos dá, tampouco, autoridade para buscar a verdade sem unidade. Independência é conveniente. Mas também o é a comunhão na fé comum que professamos.

    Mais uma vez meu argumento é que não polarizemos nesta questão. Há um lugar necessário na Igreja de Cristo, tanto para o estruturado como para o não-estruturado, tanto para o formal como para o informal, tanto para o sério como para o informal, tanto para o sério como para o espontâneo, tanto para a independência como para a comunhão.

    [...] Os mais antigos membros tradicionais da igreja, que amam a liturgia, precisam experimentar a liberdade do culto no lar, ao passo que os mais novos, que amam o barulho e a espontaneidade, precisam experimentar a seriedade e reverência dos cultos formais da igreja. A combinação é muito saudável!

    Texto extraído da obra “Cristianismo Equilibrado”, editada pela CPAD.

terça-feira, 13 de novembro de 2012


Lição 07

O PROFETA MIQUEIAS E A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA

18 de novembro de 2012  

TEXTO ÁUREO

 

[...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que o gordura de carneiros(1 Sm 15.22) 

VERDADE PRÁTICA  


A mensagem de Miqueias leva-nos a pensar seriamente
acerca do tipo de cristianismo que estamos vivendo.

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


[...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que o gordura de carneiros(1 Sm 15.22).  

Nosso texto áureo deste domingo está inserido na passagem bíblica de 1 Samuel 15. 1-31, neste episódio o SENHOR Deus manda o rei Saul a destruir os amalequitas. O rei Saul não cumpre a ordem divina e o SENHOR manda  o profeta Samuel repreendê-lo.

O rei Saul argumenta no v. 21 a suposta boa intenção do povo em separar o melhor para sacrificar ao SENHOR. O profeta Samuel usado por Deus o repreende severamente com as palavras do nosso texto áureo (1 Sm 15.22).

O profeta Samuel faz um pergunta ao rei Saul: “Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR?”.

Seguidamente o próprio profeta Samuel responde a pergunta por ele formulada: “obedecer é melhor do que sacrificar”.

Obedecer de coração à palavra de Deus é melhor do que qualquer forma exterior de adoração, serviço a Deus, ou abnegação pessoal.

O pecado do rei Saul foi seguir o seu próprio conceito do certo, acima da revelação bíblica. Esse pecado será, também, a base da apostasia final predita para o período que de pronto precede a volta de Jesus à terra (Mt 24.11-24; 2 Ts 2.9-12; 2 Tm 4.3-4; 2 Pe 2).

O culto, a oração, o louvor, os dons espirituais e o serviço a Deus não têm valor aos seus olhos, se não forem acompanhados pela obediência explícita a Ele e aos seus padrões de retidão (cf. Is 58.2; Ap 2.1; 1 Co 13).  

RESUMO DA LIÇÃO 07  


O PROFETA MIQUEIAS E A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA  

I. O LIVRO DE MIQUEIAS

1. Contexto histórico.

2. Estrutura e mensagem.  

II. A OBEDIÊNCIA A DEUS

1. O conceito bíblico de obediência.

2. A desobediência das nações.

3. A ira de Deus sobre o pecado (1.3-5).  

III. O RITUAL RELIGIOSO

1. O rito levítico.

2. O diálogo de Deus com o povo (6.6).

3. Sacrifício humano (6.7).  

IV. O GRANDE MANDAMENTO

1. A vontade de Deus.

2. O sumário de toda lei (6.8b). 
 

INTERAÇÃO  


Qual o significado da palavra “rito”. Rito é “o conjunto de cerimônias e prática litúrgicas que cumpre a função de simbolizar o fenômeno da fé”. No tempo do profeta Miqueias o povo realizava muito bem todo o ritual levítico.
Porém, o Senhor não se agradava de suas reuniões solenes e sacrifícios, pois os rituais se tornaram algo mecânico, sem vida, uma simples obrigação religiosa. Cumpriam a liturgia, mas não amavam verdadeiramente a Deus nem ao próximo. Que nunca venhamos a nos esquecer que Deus não está preocupado com nossas cerimônias religiosas, mas o que Ele espera é que seu povo o “adore em espírito e em verdade”, que o ame acima de todas as coisas e ao próximo, pois toda a lei se resume nessa verdade (Mc 12.29-31).  

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar a estrutura da mensagem de Miqueias.
·   Definir a obediência bíblica.
·   Conscientizar-se de que o ritual religioso não proporciona relacionamento íntimo com Deus e nem salvação.  

ESBOÇO DO LIVRO DE MIQUEIAS  


Capítulos 1 — 3

Uma série de juízo contra Israel e Judá:

     Introdução (1.1).

     Destruição de Samaria (1.2-7).

     Destruição de Judá (1.8-16).

     Pecados específicos do povo (2.1-11): cobiça e orgulho (2.1-5); falsos

profetas (2.6-11).

     Vislumbre de um livramento (2.12,13).

     Pecados dos líderes da nação (3.1-12).  

Capítulos 4 — 5

Mensagem de esperança:

     Promessa do reino vindouro (4.1-5).

     A derrota dos inimigos de Israel (4.6-13).

     O Rei virá de Belém (5.1-8).

     O novo reino (5.9-15).  

Capítulos 6 — 7

Juízo de Deus contra Israel e sua misericórdia final:

     Deus contra o seu povo (6.1-8).

     Culpa de Israel e o castigo divino (6.9-16).

     O lamento do profeta (7.1-6).

     A esperança do profeta (7.7).

     Israel será restabelecido (7.8-13).

     Bênçãos finais de Deus para seu povo (7.14-20).  

COMENTÁRIO 

introdução 

PALAVRA CHAVE

OBEDIÊNCIA:

O ato ou efeito de obedecer.  

O problema do povo a quem Miqueias dirigiu a sua mensagem não era falta de liturgia, mas de uma correta motivação para se adorar ao Senhor. Embora cometesse toda a sorte de injustiças sociais, a geração contemporânea do profeta Miqueias oferecia sacrifícios a Deus, praticando todos os rituais levíticos, mas não sabia o verdadeiro significado do amor a Deus e ao próximo.  

I. O LIVRO DE MIQUEIAS  

1. Contexto histórico. Miqueias era de Moresete-Gate (1.1,14; Jr 26.18), cidade esta­va 30 ou 40 quilômetros a sudeste de Jerusa­lém. Eusébio e Jerônimo citam a tradição que colocou esse local não muito longe do leste de Eleuterópolis, que tem sido identificada com Beit Jibrin, situada em um vale que leva da planície costeira ao interior da Judéia, perto de Jerusalém. Dessa forma, o profeta viveu onde era capaz de observar a longa estrada por onde, durante séculos, haviam passado os exércitos invasores, assim como os pionei­ros e as caravanas comerciais.  

Moresete-Gate atual Beit Jibrin, cidade de Miqueias
 

Era um homem do campo e provinha com certeza de família humilde. O nome Miqueias vem de uma palavra hebraica que significa: “Quem é como YHWH?” Miqueias, assim como os demais profetas de Judá, não cita reis do Reino do Norte na introdução de seus oráculos. Seu ministério, porém, aconteceu no período dos reinados “de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (1.1). Essas datas estão entre 750 e 686 a.C, mas a soma desses anos deve ser reduzida significativamente por causa das corregências. O profeta Jeremias afirma que a mensagem de Miqueias foi entregue no reinado de Ezequias (26.18). Considerando os últimos anos de Acaz e os primeiros de Ezequias, Miqueias deve ter profetizado entre 735 a.C. e 710 a.C.  

2. Estrutura e mensagem. Trata-se de uma coleção de breves oráculos agrupados em sete capítulos divididos em três partes principais (1,2; 3-5; 6,7). Cada uma das partes marca o imperativo: “Ouvi” (1.2; 3.1; 6.1), que é fraseologia similar a de Isaías (4.1-5; Is 2.2-4). O assunto do livro é a ira divina em relação aos pecados de Samaria e de Jerusalém.
Miqueias dirigiu seu discurso contra a idolatria, censurou com veemência a opressão aos pobres e denunciou o colapso da justiça nacional (1.5; 2.1,2; 3.9-11). Além disso, anunciou, de antemão, o local do nascimento do Messias, em Belém (5.2 cp. Mt 2.1,4-6). O profeta chegou a ser citado pelo Senhor Jesus (7.6 cp. Mt 10.35,36).  

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O livro de Miqueias tem como assunto principal a ira divina sobre os pecados de Samaria e Judá.  

II. A OBEDIÊNCIA A DEUS  

1. O conceito bíblico de obediência. O verbo hebraico shemá: “ouvir, escutar, prestar atenção, obedecer”, não significa apenas receber uma comunicação ou informação. O seu real sentido é mais forte e imperioso: obedecer é acatar ordens de autoridade religiosa, civil ou familiar. O referido verbo é empregado no Antigo Testamento para “obedecer” em 1 Samuel 15.22 e Jeremias 42.6. É usado, também, em seis das nove vezes em que shemá aparece em Miqueias (1.2; 3.1,9; 6.1,2,9). A mesma ideia é vista nos ensinos de Jesus (Mt 11.15; 13.43). Por conseguinte, a obediência deve ser precedida pela compreensão e pelo amoroso acatamento da mensagem divina (Mt 7.24,26).
Nesse sentido, ela pode ser definida como a prova suprema da fé e do nosso amor a Deus.  

2. A desobediência das nações. O Senhor não é uma divindade tribal, que habita em quatro paredes. Ele é o Deus de toda a terra e o Soberano de todo o Universo. Justamente por isso, Ele apresenta-se como juiz e testemunha não apenas contra seu povo, Israel e Judá (1.2,5), mas também contra todas as nações da terra (1.2).  

3. A Ira de Deus sobre o pecado. O profeta descreve de forma pitoresca a reação divina contra o seu povo. Numa linguagem antropomórfica, o Senhor desce de seu santo templo, o céu, para julgar Samaria, capital de Israel e, da mesma forma, Jerusalém, capital de Judá, cujo pecado influencia todo o país. O quadro da sua majestosa e terrível presença lembra a ação dos terremotos e dos vulcões (Jz 5.4; Sl 18.7-10; Is 64.1-3; Hc 3.6,7).  

SINOPSE DO TÓPICO (II)

A obediência deve ser precedida de compreensão e amoroso acatamento da mensagem divina. 
 

III. O RITUAL RELIGIOSO  

1. O rito levítico. Basicamente, o rito é um conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas que cumpre a função de simbolizar o fenômeno da fé. O termo vem do latim ritus, que significa “cerimônia religiosa, uso, costume, hábito, forma, processo, modo”. O Antigo Testamento usa a palavra para os sacrifícios (Lv 9.16; Ed 6.9) e para as festividades religiosas (Ne 8.18), tais como a Páscoa (Nm 9.14; 2 Cr 35.13) e a Festa dos Tabernáculos (Ed 3.4). A própria circuncisão é também um ritual (At 15.1). Contudo, em se tratando do Cristianismo, a liturgia é simples, contendo apenas dois rituais: o batismo e a ceia do Senhor (Mt 3.15; 26.26-30). Esses cerimonialismos, contudo, não substituem o relacionamento sincero com Deus, nem proporcionam salvação (1 Sm 15.22; Sl 40.6-8; 51.16,17; 1 Co 1.14-17; 11.28,29). 
2. O diálogo de Deus com o povo (6.6) O Senhor, através do profeta, convida o seu povo para uma controvérsia.
O que Deus fez de mal para Israel rejeitá-lo? (6.1-3). Em seguida, o Eterno traz à memória da nação os seus benefícios desde o princípio, quando remiu a Israel do Egito e protegeu seu povo no deserto contra os inimigos (6.4,5). Em uma pergunta retórica, o próprio Deus antecipa a resposta da nação. A lei estabelecia sacrifícios de animais como provisão pelo pecado (Lv 9.3) e o azeite para certas ofertas de libação (Lv 1.3,4; 2.1,15; 7.12). O problema de Judá não era a falta de rituais e sacrifícios, mas de uma verdadeira conversão a Deus. 
 
3. Sacrifício humano (6.7). Oferecer o primogênito pela transgressão e o fruto do ventre pelo pecado era sinal de completo desatino do povo. A lei de Moisés condena tal prática sob pena de morte (Lv 18.21; 20.2-5) e em todo o Israel era repulsa nacional (2 Rs 3.27). Esse tipo de sacrifício só foi praticado por aqueles que, em todo Israel e Judá, apostataram-se da fé (2 Rs 16.3; 21.6; Jr 19.5; 32.35). Todos estavam dispostos a oferecer até mesmo o que Deus nunca exigiu deles, menos o essencial: sincero arrependimento e mudança de vida.  

SINOPSE DO TÓPICO (III)

O ritual religioso não substitui o relacionamento intenso com Deus e, muito menos, proporciona salvação.  

IV. O GRANDE MANDAMENTO 

1. A vontade de Deus. O estilo de vida que agrada a Deus foi comunicado ao povo desde Moisés. Portanto, toda a nação tinha o dever de conhecê-lo (Dt 10.12,13). Daí o porquê da indagação do profeta (6.8). Mas ninguém estava interessado nisso. O povo preferia tirar proveito da prática das injustiças sociais, esperando que o mero ritual do sacrifício fosse suficiente para autojusticar-se diante de Deus. Estavam enganados, pois Deus não se deleita em sacrifícios nem em rituais exteriores (Sl 51.17,18). 
 
2. O sumário de toda a lei (6.8b). Os três preceitos — praticar a justiça, amar a beneficência e andar humildemente com Deus — são considerados pela tradição judaica, desde o século 1 a.C, o resumo dos 613 preceitos depreendidos da lei de Moisés. Essa é vista por muitos como a maior declaração do Antigo Testamento. Os dois primeiros preceitos falam do compromisso horizontal com o nosso próximo; e o terceiro, de compromisso vertical com Deus. Isso vale para todos os seres humanos e é paralelo ao ensino de Jesus: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40).  

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

O grande mandamento é este: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS  

A lição para todos nós é esta: O que importa para Deus não é o que fazemos na Igreja, mas a nossa vivência com a família, o que fazemos no trabalho e como relacionamo-nos com a sociedade. Sem o verdadeiro arrependimento e um profundo compromisso com Deus, todas as práticas religiosas não passam de rituais vazios e completamente desprovidos de valor espiritual. 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  


ZUCK, R. B. (Ed.). Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010. 
 


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I  


Subsídio Teológico  

“Os profetas Isaías, Miqueias, Amós e Oseias foram contemporâneos, o ministério de cada um deles começou entre 760 e 735 a.C. Eles viveram no período do esplendor profético dos hebreus. Isaías era profeta da corte e conselheiro da casa real, ao passo que Miqueias era profeta do campo. Ambos eram do Reino do Sul, capital Jerusalém. Oseias e Amós exerceram seu ministério no reino do Norte, em Samaria.

O título de cada livro profético nem sempre quer dizer ser ele o seu redator ou mesmo o orador que pronunciou tais oráculos. A profecia escatológica sobre Sião, em Isaías 2.3, reaparece em Miqueias. Ambos foram contemporâneos e profetizaram em Judá, sendo que Isaías era profeta da corte, na capital, e seu companheiro do campo, mas é difícil saber a fonte literária original” (SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.116).  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II 


Subsídio Teológico 

“[...] Miqueias previu uma segunda vinda de Davi (cf. Jr 30.9; Ez 34.23,24; 37.24,25). Ao que parece, este é o significado da famosa profecia registrada em Miqueias 5.2: ‘E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade’. A associação do futuro rei com Belém e a referência às suas origens estarem nos tempos antigos dão a entender que a reaparição do próprio Davi está em vista. Claro que esta é uma predição messiânica. Outros profetas (por exemplo, Isaías em Is 9.6,7; 11.1,10) e a revelação bíblica subsequente deixam claro que estas referências a Davi se cumpriram no Messias que, como o Filho de Davi, reinará no espírito e poder do seu ilustre antepassado.

Em Miqueias 5.2, a atenção é dada à insignificância relativa de Belém entre os clãs de Judá. Ironicamente, o rei escolhido do Senhor surgiria desta pequena cidade. Este padrão de Deus elevar o pequeno e insignificante ocorre em outros textos do Antigo Testamento (Gn 25.23; 48.14; Jz 6.15; 1 Sm 9.21).

Este rei, que surge de tais origens humildes, protegerá o povo como um pastor (o mesmo foi dito acerca de Davi; 2 Sm 5.2; Sl 78.71,72). Reinando pelo poder do Senhor, a sua fama alcançará proporções universais (Mq 5.4). Ele e o vice-regente evitarão que o mais poderoso dos inimigos de Israel (simbolizado aqui pela Assíria, o inimigo tradicional de Israel) invada a terra (Mq 5.5,6).

Junto com a restauração do rei davídico, Miqueias também profetizou uma reversão na sorte de Jerusalém. Miqueias advertiu que esta cidade, escolhida por Davi como capital e local do templo do Senhor, seria sujeita ao sítio (Mq 5.1) e reduzida a entulhos (Mq 3.12). Ele personificou a cidade em sua humilhação como uma mulher em trabalho de parto, estorcendo-se em agonia para dar à luz (Mq 4.9,10). Da perspectiva do exílio, Jerusalém personificada reconhece a justiça do castigo de Deus e prevê o dia da justificação e restauração (Mq 7.8-12). Utilizando a imagem de Miqueias 4.9,10, o profeta comparou a volta do povo exilado em Sião a dar à luz (Mq 5.3). No futuro, o Senhor livraria Jerusalém dos que a atacavam (Mq 4.11-13)” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009, p.444).  

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO  


Miqueias: A importância da obediência  

Miqueias profetizou nos mesmos dias em que profetizaram Amós e Isaías. Isso nos deve fazer refletir que diversos profetas ministraram ao mesmo tempo em determinadas épocas. Portanto, em um mesmo período, Deus se utilizou de servos que ministraram ao mesmo tempo, para as duas nações, de forma que o testemunho de Deus sempre estivesse presente entre os hebreus.

Miqueias apresenta sua profecia a Judá e Israel, mostrando que Deus é o responsável por julgar a falta de temor do povo para com seu Deus. Ele denuncia os falsos profetas, os líderes desonestos e os sacerdotes ímpios que enganavam o povo e o conduziam ao pecado, ao invés de direcioná-los a uma vida mais próxima de Deus. Por mais que se pratique de forma correta os rituais que a Lei ordena, esses rituais não podem ser suficientes se o coração do povo mantinha seus pecados. Deus estava irado com Samaria e Jerusalém, pois o povo não o adorava de coração. Isso não significa que Deus abomina rituais. Ele mesmo prescreveu em Levítico a liturgia e as festas religiosas. O que deixou Deus irado foi o povo imaginar que seguindo corretamente os rituais, estariam isentos de uma vida de fé e das obrigações sociais da Lei quanto ao auxílio dos pobres. “Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ventre, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” (Mq 6.7,8). O profeta deixa claro o desejo de Deus para os israelitas, numa referência que serve também para a Igreja do Senhor: a prática da justiça, o amor à bondade e o andar de forma não soberba diante de nossos pares e do próprio Deus.

Miqueias nos mostra também a grandiosidade de um Deus que possui em suas mãos a capacidade de julgar seu povo, mas que também tem a grandiosa capacidade de perdoar: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade” (Mq 7.18). Miqueias também anuncia que Belém há de ser o lugar em que o Messias haveria de nascer: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os cias da eternidade” (Mq 5.2).

 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Lição 6 - 4º Trim. 2012 - O Profeta Jonas e a Misericórdia Divina.


Lição 06

O PROFETA JONAS E A MISERICÓRDIA DIVINA

11 de novembro de 2012

Professor Alberto 

TEXTO ÁUREO 


E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho;
e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez (Jn 3.10). 

VERDADE PRÁTICA


O relato de Jonas ensina-nos o quanto Deus ama
 e está pronto a perdoar os que se arrependem. 
 

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho;
 e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez (Jn 3.10) 

Nosso texto áureo deste domingo é a citação do profeta Jonas 3.10. Durante a exposição da lição será comentado sobre a linguagem antropológica da expressão “Deus se arrependeu do mal”, por isso não comentarei essa expressão aqui.
Aproveitarei o subsídio da lição para o comentário do texto áureo: “O livro de Jonas é diferente dos outros livros dos Profetas Menores. Trata-se de uma narrativa bibliográfica das experiências do profeta, e não de uma coletânea de mensagens proféticas.
O tema prioritário do livro é a graça soberana de Deus pelos pecadores, ilustrada na sua decisão de reter o julgamento sobre os culpados, mas arrependidos ninivitas. Há também uma lição teológica importante a ser aprendida observando as respostas de Jonas a Deus.
O retrato do autor de Jonas é altamente depreciativo. Os padrões duplos de Jonas fizeram com que as suas ações lhe contradissessem os credos de tom espiritual. Pelo exemplo negativo de Jonas, o leitor aprende a não resistir à vontade e decisões soberanas de Deus” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009, p.467).
Jonas teve um chamado missionário, e fez o que foi possível para se eximir dessa vocação divina. Não é demais chamá-lo de egoísta (ele pensou em si mesmo, e não na nação á qual Deus o mandara ir), vingativo (ele desejava que os ninivitas fossem exterminados por Deus, por causa dos seus pecados e das atrocidades que cometeram) e orgulhoso (o senso nacionalista de Jonas era muito forte, fazendo-o crer que ele estava acima.
O pensamento de Jonas tinha alguma lógica. Ele não nutria bons sentimentos para com os assírios, pois estes eram pessoas muito más, e manifestavam sua maldade com os povos dominados, chegando a empalar os homens e abrir o ventre de mulheres grávidas vivas! A lógica de Jonas era, por assim dizer, baseada naquilo que Deus disse: “Vou destruir Nínive se a cidade não se arrepender”. Se Jonas não vai lá pregar, a cidade não vai se arrepender e Deus a destruirá. Mas Deus não pensava assim. Ele desejava que Jonas fosse cumprir sua missão.
Jonas é uma mostra do povo judeu do seu tempo. Um povo que desejava ver o julgamento de Deus contra seus inimigos. Um povo que deseja ser conhecido pelo nome de Deus, mas que foge da vontade desse Deus quando ela é manifesta. Fala também de um povo que precisava aprender que as nações podem ser perdoadas por Deus, e que Ele se importa com o bem-estar das nações, e não apenas de Israel.
A relação da Assíria com Israel não era das melhores. Israel pagava tributos à Assíria até que Jeroboão II rebelou-se. Nos dias de Jeroboão II, Israel começou a experimentar segurança como nação, e a Assíria, o declínio.
A visita de Jonas a Nínive deve ter ocorrido em 765 a.C, e levando em consideração que Nínive está distante de Israel 960 km (uma viagem que durava algo em torno de três meses), não é difícil entender que Jonas certamente levou um bom tempo para ser descoberto e lançado nas águas pelos marinheiros do navio.
Não raro, costumamos reprovar a atitude de Jonas quanto à ordem de Deus. Mas quantas vezes não nos identificamos com Jonas e sua rebeldia quando somos desafiados por Deus a obedecê-lo, e não o fazemos? Jonas é, portanto, um espelho para cada cristão: não precisamos aguardar que Deus aja de forma extrema conosco, como agiu com Jonas quando o conduziu a Nínive na barriga de um grande peixe, para que possamos obedecer a Sua vontade, qualquer que seja o mandado de Deus para nossas vidas”.  

RESUMO DA LIÇÃO 06  


O PROFETA JONAS E A
MISERICÓRDIA DIVINA  

I. O LIVRO DE JONAS

1. Contexto histórico.

2. Vida pessoal.

3. Estrutura e mensagem.  

II. O GRANDE PEIXE

1. Baleia ou grande peixe?

2. Interpretação.  

III. A MISERICÓRDIA DIVINA

1. A conversão dos ninivitas (3.8-9).

2. O “arrependimento” de Deus.

3. Explicação exegética.  

IV. A JUSTIÇA HUMANA

1. Descontentamento de Jonas (4.1).

2. Jonas esperava vingança?

3. Compreendendo a misericórdia divina. 
 

INTERAÇÃO


 

Nínive era absolutamente odiada pelos judeus. Como capital do império assírio, ela representava a maldade, a crueldade, a impiedade e agudeza de um império perverso. Mas o Altíssimo, cheio de graça e amor, volta seu olhar para aquela cidade impenitente e decide enviar-lhe o profeta Jonas. O profeta, sabedor de toda maldade praticada pelos ninivitas, resistiu ao chamado divino. Entretanto, Deus estava no controle e não demorou para que o profeta fosse até Nínive levar a mensagem de salvação. Jonas aprendeu uma extraordinária lição a respeito do grande amor e misericórdia de Deus. Não podemos nos esquecer que a mensagem da salvação é para toda a humanidade. 
 

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar o contexto histórico, a estrutura e a mensagem do livro de Jonas.

·   Conhecer o atributo da misericórdia divina.

·   Conscientizar-se da perenidade da misericórdia Deus. 
 

ESBOÇO DO LIVRO DE JONAS


O livro de Jonas destaca as duas principais chamadas de Deus na vida do profeta. Na primeira, ele desobedece e sofre as consequências. Na segunda, ele ouve ao Senhor e lhe obedece.  

 A CHAMADA DO PROFETA JONAS 

Primeira chamada (1.1 — 2.10)
         1.1,2 .............. Chamada de Jonas: “vai à Nínive”;
         v.3 .............. Desobediência de Jonas;
         vv.4-17 .............. Consequências da desobediência de Jonas: para os 
                                        outros (4-11); para si mesmo (12-17);
         2.1-9 .............. A oração de Jonas no meio da calamidade;
         v.10 .............. O livramento de Jonas.  

Segunda chamada (3.1 — 4.11)

         3.1,2 .............. A chamada de Jonas: “vai à Nínive”;
         vv.3,4 .............. A missão obediente de Jonas;
         vv.5-10 .............. Resultados da obediência de Jonas: os ninivitas se
                                        arrependem (vv.5-9); os ninivitas poupados do juízo
                                         divino (v.10);
         4.1-3 .............. A queixa de Jonas;
         vv.4-11 .............. A repreensão e a lição de Jonas. 
 

COMENTÁRIO


introdução

                                        PALAVRA CHAVE

      MISERICÓRDIA:

Sentimento de solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia; compaixão, piedade.  

A história de Jonas, que fascina crianças e adultos, é mais conhecida por narrar a experiência do profeta no ventre do grande peixe. No entanto, esse acontecimento não deve ofuscar o milagre maior: a conversão de uma cidade pagã. Os dois milagres foram mencionados pelo Senhor Jesus e continuam a impressionar ao longo da história.  

I. O LIVRO DE JONAS  

1. Contexto histórico. Salta aos olhos de qualquer leitor que Jonas é da época do império assírio, cuja capital era Nínive. O nome do rei ninivita impactado com a pregação de Jonas, segundo se diz, é Adade-Nirari III, falecido em 783 a.C. Nessa época, Jeroboão II, filho de Joás, reinava em Samaria, sobre as dez tribos do Norte. 

O IMPÉRIO ASSÍRIO
 

O Império Assírio era localizado na região leste da Alta Mesopotâmia, entre o rio Tigre e a cordilheira de Zagros.
Seus domínios se estenderam de Elam até as fronteiras do Egito.
Seu ápice foi com o rei Sargão II (722-705 a.C.).
Com seu forte exército dominou os hebreus, babilônios e egípcios, mas não resistiu à pressão de um levante em Elam, juntamente com um na Babilônia, dando a oportunidade para os egípcios recuperarem sua liberdade.
Logo em seguida, os medos, povo aliado aos caldeus e aos citas, tomaram a capital Nínive e a destruíram.

Os assírios formaram o maior império, até então criado, antes do Império Romano.
O Império Assírio desenvolveu as armas de ferro, mantinha o seu exército como o mais poderoso da época, e para manter os altos custos deste exército, os mesmos obrigavam os povos vencidos em suas batalhas, pagarem tributos.
A crueldades dos Assíros (Nivivitas) consistia em trazer as pessoas vencidas de suas batalhas para seu Império, furar seus olhos, cortar seus braços, mutilar seus adiversários vencidos, a crueldade mais famosa era a "Pirâmede Sangrenta" que era formada de cabeças cortadas, colocadas uma ao lado da outra e depois em cima. Seria mais humano matar seus adversários em suas batalhas, mas os Assirios tinham prazer em torturar seus inimigos. A fama de sua crueldade espalhou por toda região, tanto que outros povos chegava pagar tributos, para não precisar guerrear.  

.2. Vida pessoal. Jonas se apresenta apenas como filho de Amitai (1.1). Ele é mencionado em outras narrativas bíblicas e, por essa razão, sabe-se que era profeta do Reino do Norte, natural de Gate-Hefer, tendo vivido na época de Jeroboão II (2 Rs 14.23-25). Gate-Hefer localizava-se na terra de Zebulom (Js 19.13), nas proximidades de Nazaré da Galileia. Jonas, que deveria ir para Nínive clamar contra esta cidade, desobedeceu à ordem divina, procurando fugir para Társis. É o único profeta bíblico, do qual se tem notícia, que tentou resistir ao Senhor. Ele seguiu em direção oposta. Társis, segundo Herodoto, é a mesma Tartessos, na orla ocidental do Mediterrâneo, a sudoeste da Espanha, ideia aceita pela maioria dos pesquisadores bíblicos. Será que Jonas não conhecia a onipresença de Deus? (Sl 139.7-10).  

3. Estrutura e mensagem. O livro contém 48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos. Apesar de começar com estrutura profética (1.1), a mensagem é apresentada em estilo biográfico. Não deixa, contudo, de ser uma profecia da história de Israel, ao mesmo tempo em que anunciam o ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo (Mt 12.39-41; 16.4). O tema principal do livro é a infinita misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as nações.  

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O tema principal do livro de Jonas é a inefável misericórdia de Deus e a sua soberania sobre as nações.
 

II. O GRANDE PEIXE  

1. Baleia ou grande peixe? Na Bíblia Hebraica e na Septuaginta, o versículo 17 é deslocado para o capítulo seguinte (2.1). A língua hebraica não dispõe de termo técnico para “baleia”. Essa palavra é usada como resultado de uma interpretação tradicional que atravessou séculos. As Escrituras Hebraicas empregam dag gadol, “grande peixe”, uma vez (1.17;2.1), e simplesmente dag, “peixe”, três vezes (1.17; 2.1,10). A Septuaginta traduz ketei megalo por “grande monstro marinho”, e ketos por “monstro marinho”, a mesma palavra usada no Novo Testamento grego (Mt 12.40).  

2. Interpretação. Não há indício algum no texto para que ele possa ser interpretado como alegoria, ficção didática, mito, lenda etc. Rejeitamos todas essas linhas de pensamento, pois o oráculo foi entregue a Jonas no mesmo estilo dos outros profetas (1.1; Jr 33.1; Zc 1.1). Além disso, o Senhor Jesus Cristo, a maior autoridade no céu e na terra, interpretou o livro como histórico, assim como históricos foram o ministério e a ressurreição do Mestre. O Novo Testamento é a palavra final, e isso encerra qualquer questão (Mt 12.39-41; 16.4).  

SINOPSE DO TÓPICO (II) 

Em relação ao texto de Jonas que fala sobre o “grande peixe”, não há indício algum para uma interpretação alegórica, mitológica ou lendária. 
 

III. A MISERICÓRDIA DIVINA  

1. A conversão dos ninivitas (3.8,9).  O curto relato do livro de Jonas serve como prenúncio da graça salvadora para todas as nações (Tt 2.11). Os ninivitas foram salvos pela graça, pois “creram em Deus” (3.5) e “se converteram do seu mau caminho” (3.10). As obras foram consequência da sua fé no Deus de Israel.  

2. O “arrependimento” de Deus. O arrependimento humano é mudança de mente e de coração, de pior para melhor. Quando a Bíblia fala que “Deus se arrependeu” (3.10), parece confundir-nos um pouco, pois Deus é perfeito e imutável, não pode mudar, nem alterar a sua mente (Ml 3.6). A explicação para uma declaração como essa é a linguagem antropopática, um modo de falar em termos humanos, ou se trata de uma questão de ordem exegética, que é o nosso caso aqui. Quem mudou, na verdade, foi o povo, e nesse caso o perdão é parte do plano divino (Jr 18.7,8). 

3. Explicação exegética. O texto sagrado declara que “Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho” (3.10a). O verbo hebraico aqui é shuv, literalmente: “voltar-se, retornar”, frequentemente usado para indicar o arrependimento humano. A respeito do “arrependimento” de Deus, que vem na sequência (3.10b), o verbo é outro, nanam, “ter pena, arrepender-se, lamentar, consolar, ser consolado” (Gn 6.6; 1 Sm 15.11; Jr 8.18).
Essas nuanças linguísticas podem ser confirmadas por qualquer pessoa, ainda que não conheça uma única letra do alfabeto dessas línguas, com o auxílio, por exemplo, da Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego (CPAD).  

SINOPSE DO TÓPICO (III) 

A misericórdia divina alcançou os ninivitas segundo a graça do Deus Altíssimo.  

IV. A JUSTIÇA HUMANA  

1. Descontentamento de Jonas (4.1). Jonas foi bem-sucedido em sua missão. Qualquer profeta de Israel, ou mesmo algum pregador de hoje, sem dúvida alguma ficaria satisfeito com o resultado do trabalho. A Bíblia não revela a razão do descontentamento de Jonas, senão o que o ele mesmo afirma, ao dizer que sabia que Deus é “piedoso e misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que te arrependes [niham] do mal” (4.2b). 

2. Jonas esperava vingança? O império assírio foi um dos mais cruéis da história e tinha domínio sobre todo o Oriente Médio. Será que Jonas esperava uma vingança como retaliação por terem os assírios massacrado o seu povo? O certo é que, ainda hoje, há crentes que se incomodam com o retorno à Igreja dos que se acham afastados do rebanho. Quem não se lembra do irmão mais velho do filho pródigo? (Lc 15.25-32). Às vezes, a bondade divina incomoda alguns (Mt 20.15).  

3. Compreendendo a misericórdia divina. A misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Êx 34.6; Jr 31.3). O Senhor poupou Nínive da destruição, prorrogou a sua ruína, e perdoou os seus moradores. O próprio Jonas, na qualidade de desertor, também foi alvo da infinita bondade de Deus.  

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

A justiça humana é rápida para julgar, mas a divina é longânima em perdoar.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Jonas transmite-nos uma importante lição prática. O relato em si mostra a diferença abissal entre a bondade divina e a justiça humana. Aos ninivitas Deus falou por intermédio de Jonas. Hoje, Ele fala através de Jesus, que continua a salvar, a curar e a batizar com o Espírito Santo (Jo 14.16; At 4.12). Ele mesmo disse: E eis que está aqui quem é maior do que Jonas” (Mt 12.41 - ARA). O Mestre operou sinais, prodígios e maravilhas como nenhum outro antes ou depois dele, e deu oportunidade de salvação a todos (At 10.38). Mesmo assim, foi rejeitado pela sua geração (Jo 1.11). Por isso, lançou em rosto a incredulidade dos seus contemporâneos e elogiou a fé dos ninivitas por haverem ouvido a pregação do profeta e arrependido de seus pecados.  

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  


ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.