Lição
06
O PROFETA JONAS E A
MISERICÓRDIA DIVINA
11
de novembro de 2012
Professor Alberto
TEXTO ÁUREO
“E Deus viu as obras deles, como se
converteram do seu mau caminho;
e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes
faria e não o fez” (Jn 3.10).
VERDADE PRÁTICA
O relato de Jonas ensina-nos o quanto
Deus ama
e está pronto a perdoar os que se arrependem.
COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO
“E Deus viu as obras deles, como se
converteram do seu mau caminho;
e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes
faria e não o fez” (Jn 3.10).
Nosso texto áureo deste domingo é a citação do profeta
Jonas 3.10. Durante a exposição da lição será comentado sobre a linguagem
antropológica da expressão “Deus se
arrependeu do mal”, por isso
não comentarei essa expressão aqui.
Aproveitarei o subsídio da lição para o comentário do
texto áureo: “O livro de Jonas é diferente dos outros livros dos Profetas
Menores. Trata-se de uma narrativa bibliográfica das experiências do profeta, e
não de uma coletânea de mensagens proféticas.
O tema prioritário do livro é a graça soberana de Deus
pelos pecadores, ilustrada na sua decisão de reter o julgamento sobre os
culpados, mas arrependidos ninivitas. Há também uma lição teológica importante
a ser aprendida observando as respostas de Jonas a Deus.
O retrato do autor de Jonas é altamente depreciativo. Os
padrões duplos de Jonas fizeram com que as suas ações lhe contradissessem os
credos de tom espiritual. Pelo exemplo negativo de Jonas, o leitor aprende a
não resistir à vontade e decisões soberanas de Deus” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia
do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009, p.467).
Jonas
teve um chamado missionário, e fez o que foi possível para se eximir dessa
vocação divina. Não é demais chamá-lo de egoísta (ele pensou em si mesmo, e não
na nação á qual Deus o mandara ir), vingativo (ele desejava que os ninivitas
fossem exterminados por Deus, por causa dos seus pecados e das atrocidades que
cometeram) e orgulhoso (o senso nacionalista de Jonas era muito forte,
fazendo-o crer que ele estava acima.
O
pensamento de Jonas tinha alguma lógica. Ele não nutria bons sentimentos para
com os assírios, pois estes eram pessoas muito más, e manifestavam sua maldade
com os povos dominados, chegando a empalar os homens e abrir o ventre de
mulheres grávidas vivas! A lógica de Jonas era, por assim dizer, baseada
naquilo que Deus disse: “Vou destruir Nínive se a cidade não se arrepender”. Se
Jonas não vai lá pregar, a cidade não vai se arrepender e Deus a destruirá. Mas
Deus não pensava assim. Ele desejava que Jonas fosse cumprir sua missão.
Jonas
é uma mostra do povo judeu do seu tempo. Um povo que desejava ver o julgamento
de Deus contra seus inimigos. Um povo que deseja ser conhecido pelo nome de
Deus, mas que foge da vontade desse Deus quando ela é manifesta. Fala também de
um povo que precisava aprender que as nações podem ser perdoadas por Deus, e
que Ele se importa com o bem-estar das nações, e não apenas de Israel.
A
relação da Assíria com Israel não era das melhores. Israel pagava tributos à
Assíria até que Jeroboão II rebelou-se. Nos dias de Jeroboão II, Israel começou
a experimentar segurança como nação, e a Assíria, o declínio.
A
visita de Jonas a Nínive deve ter ocorrido em 765 a .C, e levando em
consideração que Nínive está distante de Israel 960 km (uma viagem que
durava algo em torno de três meses), não é difícil entender que Jonas
certamente levou um bom tempo para ser descoberto e lançado nas águas pelos
marinheiros do navio.
Não
raro, costumamos reprovar a atitude de Jonas quanto à ordem de Deus. Mas
quantas vezes não nos identificamos com Jonas e sua rebeldia quando somos
desafiados por Deus a obedecê-lo, e não o fazemos? Jonas é, portanto, um
espelho para cada cristão: não precisamos aguardar que Deus aja de forma
extrema conosco, como agiu com Jonas quando o conduziu a Nínive na barriga de
um grande peixe, para que possamos obedecer a Sua vontade, qualquer que seja o
mandado de Deus para nossas vidas”.
RESUMO DA LIÇÃO 06
O PROFETA
JONAS E A
MISERICÓRDIA DIVINA
I. O LIVRO DE JONAS
1. Contexto histórico.
2. Vida pessoal.
3. Estrutura e mensagem.
II. O GRANDE PEIXE
1. Baleia ou grande peixe?
2. Interpretação.
III. A MISERICÓRDIA DIVINA
2. O “arrependimento” de Deus.
3. Explicação exegética.
IV. A JUSTIÇA HUMANA
1. Descontentamento de Jonas (4.1).
2. Jonas esperava vingança?
3. Compreendendo a misericórdia divina.
INTERAÇÃO
Nínive era absolutamente odiada pelos judeus. Como capital do império assírio, ela representava a maldade, a
crueldade, a impiedade e agudeza de um império perverso. Mas o Altíssimo, cheio de graça e amor, volta seu olhar para aquela
cidade impenitente e decide enviar-lhe o profeta Jonas. O profeta, sabedor de toda maldade praticada pelos ninivitas, resistiu
ao chamado divino. Entretanto, Deus estava no controle e não demorou para que o profeta
fosse até Nínive levar a mensagem de salvação. Jonas aprendeu uma extraordinária lição a respeito do grande amor e
misericórdia de Deus. Não podemos nos esquecer que a mensagem da salvação é para toda a
humanidade.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto
a:
·
Explicar
o contexto histórico, a estrutura e a mensagem do livro de Jonas.
·
Conhecer o
atributo da misericórdia divina.
·
Conscientizar-se
da perenidade da misericórdia Deus.
ESBOÇO DO LIVRO DE JONAS
O livro de Jonas destaca as duas principais chamadas de
Deus na vida do profeta. Na primeira, ele desobedece e sofre as consequências. Na segunda, ele ouve ao Senhor e lhe obedece.
A CHAMADA DO PROFETA JONAS
Primeira
chamada (1.1 — 2.10)
• 1.1,2
.............. Chamada de Jonas: “vai à Nínive”;
• v.3 ..............
Desobediência de Jonas;
• vv.4-17
.............. Consequências da desobediência de Jonas: para os
outros (4-11); para si
mesmo (12-17);
• 2.1-9
.............. A oração de Jonas no meio da calamidade;
• v.10 ..............
O livramento de Jonas.
Segunda
chamada (3.1 — 4.11)
• 3.1,2
.............. A chamada de Jonas: “vai à Nínive”;
• vv.3,4
.............. A missão obediente de Jonas;
• vv.5-10
.............. Resultados da obediência de Jonas: os ninivitas se
arrependem
(vv.5-9); os ninivitas poupados do juízo
divino
(v.10);
• 4.1-3
.............. A queixa de Jonas;
• vv.4-11
.............. A repreensão e a lição de Jonas.
COMENTÁRIO
introdução
PALAVRA
CHAVE
MISERICÓRDIA:
Sentimento de solidariedade com
relação a alguém que sofre uma tragédia; compaixão, piedade.
A
história de Jonas, que fascina crianças e adultos, é mais conhecida por narrar
a experiência do profeta no ventre do grande peixe. No
entanto, esse acontecimento não deve ofuscar o milagre maior: a conversão de
uma cidade pagã. Os dois
milagres foram mencionados pelo Senhor Jesus e continuam a impressionar ao
longo da história.
I. O LIVRO DE JONAS
1. Contexto histórico. Salta aos olhos de
qualquer leitor que Jonas é da época do império assírio, cuja capital era
Nínive. O nome do rei ninivita
impactado com a pregação de Jonas, segundo se diz, é Adade-Nirari III, falecido
em 783 a .C.
Nessa época, Jeroboão
II, filho de Joás, reinava em Samaria, sobre as dez tribos do Norte.
O IMPÉRIO ASSÍRIO
O Império Assírio era
localizado na região leste da Alta Mesopotâmia, entre o rio Tigre e a cordilheira de Zagros.
Com seu forte exército
dominou os hebreus, babilônios e egípcios, mas não resistiu à
pressão de um levante em Elam, juntamente com um na Babilônia, dando a
oportunidade para os egípcios recuperarem sua liberdade.
Logo em seguida, os medos, povo aliado aos caldeus e aos citas, tomaram a capital
Nínive e a destruíram.
Os assírios formaram o maior império,
até então criado, antes do Império Romano.
O Império
Assírio desenvolveu as armas de ferro, mantinha o seu exército como o mais
poderoso da época, e para manter os altos custos deste exército, os mesmos
obrigavam os povos vencidos em suas batalhas, pagarem tributos.
A crueldades
dos Assíros (Nivivitas) consistia em trazer as pessoas vencidas de suas
batalhas para seu Império, furar seus olhos, cortar seus braços, mutilar seus
adiversários vencidos, a crueldade mais famosa era a "Pirâmede
Sangrenta" que era formada de cabeças cortadas, colocadas uma ao lado da
outra e depois em cima.
Seria mais humano matar seus adversários em
suas batalhas, mas os Assirios tinham prazer em torturar seus inimigos. A fama de
sua crueldade espalhou por toda região, tanto que outros povos chegava pagar
tributos, para não precisar guerrear.
.2. Vida
pessoal. Jonas se apresenta
apenas como filho de Amitai (1.1). Ele é mencionado em
outras narrativas bíblicas e, por essa razão, sabe-se que era profeta do Reino
do Norte, natural de Gate-Hefer, tendo vivido na época de Jeroboão II (2 Rs
14.23-25). Gate-Hefer
localizava-se na terra de Zebulom (Js 19.13), nas proximidades de Nazaré da
Galileia. Jonas, que deveria ir
para Nínive clamar contra esta cidade, desobedeceu à ordem divina, procurando
fugir para Társis. É o único profeta
bíblico, do qual se tem notícia, que tentou resistir ao Senhor. Ele seguiu em direção
oposta. Társis, segundo Herodoto, é a mesma Tartessos, na orla ocidental do
Mediterrâneo, a sudoeste da Espanha, ideia aceita pela maioria dos
pesquisadores bíblicos. Será que Jonas não conhecia a onipresença de Deus? (Sl
139.7-10).
3. Estrutura e mensagem. O livro contém 48
versículos distribuídos em quatro breves capítulos. Apesar de começar com
estrutura profética (1.1), a mensagem é apresentada em estilo biográfico. Não deixa, contudo, de
ser uma profecia da história de Israel, ao mesmo tempo em que anunciam o
ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo (Mt 12.39-41; 16.4). O tema principal do
livro é a infinita misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as
nações.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O tema principal do livro de Jonas é a
inefável misericórdia de Deus e a sua soberania sobre as nações.
II. O GRANDE PEIXE
1. Baleia ou grande peixe? Na Bíblia Hebraica e
na Septuaginta, o versículo 17 é deslocado para o capítulo seguinte (2.1). A língua hebraica não
dispõe de termo técnico para “baleia”. Essa palavra é usada
como resultado de uma interpretação tradicional que atravessou séculos. As Escrituras
Hebraicas empregam dag gadol,
“grande peixe”, uma vez (1.17;2.1), e simplesmente dag, “peixe”, três vezes (1.17;
2.1,10). A Septuaginta traduz ketei megalo por “grande monstro marinho”, e ketos por “monstro marinho”, a mesma palavra
usada no Novo Testamento grego (Mt 12.40).
2. Interpretação. Não há indício algum
no texto para que ele possa ser interpretado como alegoria, ficção didática,
mito, lenda etc. Rejeitamos todas essas
linhas de pensamento, pois o oráculo foi entregue a Jonas no mesmo estilo dos
outros profetas (1.1; Jr 33.1; Zc 1.1). Além disso, o Senhor
Jesus Cristo, a maior autoridade no céu e na terra, interpretou o livro como
histórico, assim como históricos foram o ministério e a ressurreição do Mestre.
O Novo Testamento é a
palavra final, e isso encerra qualquer questão (Mt 12.39-41; 16.4).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Em relação ao texto de Jonas que fala
sobre o “grande peixe”, não há indício algum para uma interpretação alegórica,
mitológica ou lendária.
III. A MISERICÓRDIA DIVINA
2. O “arrependimento” de Deus. O arrependimento
humano é mudança de mente e de coração, de pior para melhor. Quando a Bíblia fala
que “Deus se arrependeu” (3.10), parece
confundir-nos um pouco, pois Deus é perfeito e imutável, não pode mudar, nem
alterar a sua mente (Ml 3.6). A explicação para uma
declaração como essa é a linguagem antropopática, um modo de falar em termos
humanos, ou se trata de uma questão de ordem exegética, que é o nosso caso
aqui. Quem mudou, na
verdade, foi o povo, e nesse caso o perdão é parte do plano divino (Jr 18.7,8).
3. Explicação exegética. O texto sagrado
declara que “Deus viu as obras deles, como se converteram
do seu mau caminho” (3.10a). O verbo hebraico aqui
é shuv, literalmente:
“voltar-se, retornar”, frequentemente usado para indicar o arrependimento
humano. A respeito do
“arrependimento” de Deus, que vem na sequência (3.10b), o verbo é outro, nanam, “ter pena,
arrepender-se, lamentar, consolar, ser consolado” (Gn 6.6; 1 Sm 15.11; Jr
8.18).
Essas nuanças
linguísticas podem ser confirmadas por qualquer pessoa, ainda que não conheça
uma única letra do alfabeto dessas línguas, com o auxílio, por exemplo, da Bíblia de Estudo Palavras-Chave
Hebraico e Grego (CPAD).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A misericórdia divina alcançou os
ninivitas segundo a graça do Deus Altíssimo.
IV. A JUSTIÇA HUMANA
1. Descontentamento de Jonas (4.1). Jonas foi bem-sucedido
em sua missão. Qualquer profeta de
Israel, ou mesmo algum pregador de hoje, sem dúvida alguma ficaria satisfeito
com o resultado do trabalho. A Bíblia não revela a
razão do descontentamento de Jonas, senão o que o ele mesmo afirma, ao dizer
que sabia que Deus é “piedoso e
misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que te arrependes [niham] do mal” (4.2b).
2. Jonas esperava vingança? O império assírio foi
um dos mais cruéis da história e tinha domínio sobre todo o Oriente Médio. Será que Jonas
esperava uma vingança como retaliação por terem os assírios massacrado o seu
povo? O certo é que, ainda
hoje, há crentes que se incomodam com o retorno à Igreja dos que se acham
afastados do rebanho. Quem não se lembra do
irmão mais velho do filho pródigo? (Lc 15.25-32). Às vezes, a bondade
divina incomoda alguns (Mt 20.15).
3. Compreendendo a misericórdia divina. A misericórdia divina
é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Êx 34.6; Jr 31.3). O Senhor poupou Nínive
da destruição, prorrogou a sua ruína, e perdoou os seus moradores. O próprio Jonas, na
qualidade de desertor, também foi alvo da infinita bondade de Deus.
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
A justiça humana é rápida para julgar,
mas a divina é longânima em perdoar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Jonas transmite-nos uma importante lição prática.
O relato em si mostra a diferença abissal entre a
bondade divina e a justiça humana. Aos ninivitas Deus falou por intermédio de Jonas.
Hoje, Ele fala através de Jesus, que continua a
salvar, a curar e a batizar com o Espírito Santo (Jo 14.16; At 4.12). Ele mesmo disse: “E eis
que está aqui quem é maior do que Jonas” (Mt 12.41 - ARA). O Mestre operou sinais, prodígios e maravilhas
como nenhum outro antes ou depois dele, e deu oportunidade de salvação a todos
(At 10.38). Mesmo assim, foi rejeitado pela sua geração (Jo
1.11). Por isso, lançou em rosto a incredulidade dos
seus contemporâneos e elogiou a fé dos ninivitas por haverem ouvido a pregação
do profeta e arrependido de seus pecados.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
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