quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Lição 08

O PROFETA NAUM E O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA

25 de novembro de 2012

TEXTO ÁUREO


Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se,
porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez (Gn 18.32). 

VERDADE PRÁTICA


 

No tempo estabelecido por Deus, cada nação, e cada indivíduo em particular,
passará pelo crivo da justiça divina.  

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo:
 se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez” (Gn 18.32). 

O capítulo 18 de Gênesis temos nos versículos 1 a 16, o aparecimento de três anjos a Abraão, depois nos versículos 17 à 22, temos o anúncio divino sobre a destruição de Sodoma e Gomorra e finalmente onde o nosso texto áureo deste domingo está inserido - Gênesis 18.23-33, quando Abraão intercede junto a Deus pelos homens, senão vejamos: 
“18.23   E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?
18.24   Se, porventura, houver cinqüenta justos na cidade, destruí-los-ás também e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela? 
  18.25 .   Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?

18.26   Então, disse o SENHOR: Se eu em Sodoma achar cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei todo o lugar por amor deles.

18.27   E respondeu Abraão, dizendo: Eis que, agora, me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.

18.28   Se, porventura, faltarem de cinqüenta justos cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.

18.29   E continuou ainda a falar-lhe e disse: Se, porventura, acharem ali quarenta? E disse: Não o farei, por amor dos quarenta.

18.30   Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: se, porventura, se acharem ali trinta? E disse: Não o farei se achar ali trinta.

18.31   E disse: Eis que, agora, me atrevi a falar ao Senhor: se, porventura, se acharem ali vinte? E disse: Não a destruirei, por amor dos vinte.

18.32   Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez.

18.33   E foi-se o SENHOR, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou ao seu lugar”.  

            O texto revela a preocupação de Abraão com seu sobrinho Ló e sua família. “Abraão intercedeu diante de Deus para Ele não destruir as cidades (vv.22-32). Deus respondeu à oração de Abraão, embora não como este esperava. Deus não destruiu os justos com os ímpios. Ele salvou os justos, porém destruiu os ímpios.

            No dia da ira futura de Deus, que há de vir sobre o mundo (ver 1 Ts 5.2, 2 Ts 2.2). Deus já prometeu que salvará os justos (Lc 21.34-36; Ap 3.10)” (Bíblia Pentecostal).

            Segundo a tradição judaica o quorum mínimo para uma reunião, serviço sagrado, um Minian ou minyan (em hebraico: מִנְיָן, cujo significado é contar, número; pl. מִניָנִים minyanim)   é de 10 adultos (homens, justos) para a realização das liturgias públicas judaicas, seja em uma sinagoga ou templo, ou em casa.

O mínimo de 10 é, evidentemente, uma sobrevivência na Sinagoga da instituição muito mais antiga em que 10 chefes de famílias constituídas a menor subdivisão política. Em Êxodo lemos que Moisés, aconselhado por Jetro, nomeia chefes de dez, bem como chefes de cinqüenta, de cem, e de milhares de pessoas (Ex 18). 

No Talmude Babilônico há um comentário na seção do Mishnah, onde cita a base bíblica para 10 homens que constituem uma congregação nas palavras de Números 14.27: "Até quando sofrerei esta má congregação que murmura contra mim?" que se refere aos espias que foram enviados para espiar a terra de Canaã, 12 no total, dos quais dois, Josué e Calebe, foram fiéis, e apenas 10 "mal".

            Outra referência é esta que está em nosso texto áureo, Gn 18.22, onde Abraão pergunta a Deus: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez”.

            Portanto, o quórum para os serviços públicos judaicos é de 10 homens ou pessoas. O quórum cristão diferentemente é de apenas 2 ou 3, independentemente de ser homem, mulher, criança ou ancião: Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18.20). 

RESUMO DA LIÇÃO 08 


O PROFETA NAUM E O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA

 

I. O LIVRO DE NAUM

1. Contexto histórico.

2. Estrutura.

3. Mensagem

 

II. TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO

1. Vingança (v.2).

2. Longanimidade.

3. O poder de Deus.

 

III. CASTIGO DOS INIMIGOS

1. Quem são os “inimigos”?

2. O estilo de Naum.

3. Reminiscências históricas?

4. A consolação de Judá.
 

INTERAÇÃO


 

Nínive havia provado da graça e da misericórdia do Senhor. No tempo de Jonas, o povo ninivita arrependeu-se dos seus pecados e prostrou-se perante o Eterno, confessando a sua ignomínia. Assim, o povo recebeu de Deus o perdão dos seus pecados. Aquela nação foi salva do juízo divino! Mas o tempo passou e depois de aproximadamente um século e meio, a nova geração de Nínive esqueceu-se do passado de quebrantamento ao Senhor. Ela voltou pecar contra Deus com requintes de crueldade, perversidade e malignidade. Por isso o profeta Naum vocifera: “Ai da cidade ensanguentada! Ela está toda cheia de mentiras e de rapina! Não se aparta dela o roubo”. Agora o juízo divino sobre Nínive seria irreversível.  

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar o contexto histórico do livro de Naum.

·   Apontar os limites entre tolerância e vindicação.

·   Conscientizar-se da existência do juízo divino.  

ESBOÇO DO LIVRO DE NAUM 


TÍTULO (1.1) — PESO DE NÍNIVE  

I. A Natureza de Deus e do Seu Juízo (1.2-15).     Características da Administração da Justiça de Deus    (1.2-7).     A Ruína Iminente de Nínive (1.8-11.14).      Consolo para Judá (1.12,13,15).  

II. Vaticínio a Respeito da Queda de Nínive (2.1-13)     Introdução (2.1,2).     O Combate Armado (2.3-5).

    A Cidade é Invadida e Devastada (2.6-12).     A Voz do Senhor (2.13).  

III. Razões da Queda de Nínive (3.1-19)     Os Pecados da Crueldade de Nínive (3.1-4).     A Justa Recompensa da Parte de Deus (3.5-19).  

COMENTÁRIO


introdução
                                        PALAVRA CHAVE

      OBEDIÊNCIA:

Ato ou efeito de tolerar, indulgência, condescendência.  

Quando Naum anunciou o seu oráculo contra Nínive, já fazia um século e meio que Deus havia dispensado a sua misericórdia à grande, poderosa e perversa cidade. No tempo de Jonas, o Senhor compadecera-se dos ninivitas, poupando-os de iminente destruição. Infelizmente, o tempo passou e eles vieram a se esquecer do perdão divino, voltando a pecar contra Deus. Por isso, o profeta Naum proclama a ruína inevitável de Nínive. Agora, o juízo divino é irreversível! De todos os profetas menores, Naum foi o que recebeu o maior aval da história e da arqueologia. Suas profecias foram de uma exatidão singular e seu cumprimento, hoje, é facilmente verificável. O livro do profeta Naum permanece como um forte monumento da inspiração divina das Escrituras. Por volta do final do século 19, o ceticismo reinante considerava que Nínive e a Assíria não passavam de meras lendas. Escavações na região descobriram não só a cidade, mas todo um império. Essas descobertas levaram  ao início da “assiriologia”, um ramo da arqueologia. Hoje se sabe que diversos detalhes da profecia de Naum se cumpriram em 612 a.C., quando Nabopolassar da Babilônia e Ciaxites da Pérsia, fizeram o cerco e destruíram Nínive. Sua aniquilação foi tão completa que, posteriormente, foram travadas batalhas em seus sítios sem o conhecimento de que ali havia existido uma cidade tão grande. Exemplo de descoberta arqueológica que apresenta um personagem do Reino do Norte ou Reino de Israel, o rei Jeú (2 Rs 10). Obelisco Negro de Salmanasar III, rei assírio que reinou entre os anos 858 até 824 a.C. “Marduk-apil-usur, rei de Suhi, Qalparunda, rei de Patin, Jeú, rei de Israel...”. No obelisco, o rei de Israel Jeú esta ajoelhado diante do monarca assírio. O texto, que está logo após o relevo do personagem bíblico, diz: “Tributo de Jeú, filho de Omri. Prata, ouro, vasos de prata... cetros para a mão do rei [e] dardos, [Salmanasar] recebeu dele.”  A Bíblia,diz que Jeú “não teve o cuidado de andar de todo o coração na lei do Senhor, Deus de Israel” (2 Rs 10.31). 
I. O LIVRO DE NAUM  

1. Contexto histórico. Naum, cujo nome significa “consolo”, “conforto”. Naum, à semelhança de outros profetas menores, não possui biografia. Ele apresenta-se apenas como o “elcosita”. O reinado no qual profetizou não é mencionado (v.1b). As escassas informações de que dispomos ainda não são conclusivas. As opiniões dos eruditos são divergentes. Elas variam entre o assédio de Jerusalém, em 701 a.C, por Senaqueribe, rei da Assíria (2 Rs 18.13) até as reformas religiosas protagonizadas por Josias, rei de Judá, em 621 a.C. (cf. 2 Rs 22.1-23.37; 2 Cr 34.1-35.27). 
a) Origem do profeta. 
Alguns estudiosos acreditam que “elcosita” (v.1c) refere-se a uma cidade da Assíria, situada a 38 quilômetros de Nínive, em Al-kush, ao norte do atual Mossul, Iraque.  Tal informação é a menos provável, visto que, desde a antiguidade, a cidade de Cafarnaum — na Galileia, casa de Jesus (Mt 9.1; Mc 2.1), cujo nome significa “aldeia de Naum” — é apontada como local de nascimento do profeta. Jerônimo acreditava que esta cidade ficava perto de Ramá, na Galiléia, ele sugere que era uma cidadezinha vizinha de Cafarnaum. 
b) Período aceitável. 
Em 612 a.C. a cidade de Nínive foi destruída. A profecia menciona também o desmoronamento de Nô-Amon como fato comprovado historicamente (3.8-10). O rei assírio, Assurbanípal, destruiu a cidade egípcia de Nô em 663 a.C. De acordo com essas informações, podemos considerar 663 a 612 a.C. como um período histórico significativo para situarmos o ministério profético de Naum. 
c) Nínive (v.1). 
Nínive era a antiga capital do império assírio. Suas ruínas estão localizadas ao norte do Iraque. É uma das cidades pós-diluvianas fundada por Ninrode, descendente de Cuxe (Gn 10.8-11), por volta de 4500 a.C. — tornando-se proeminente antes de 2000 a.C. O rei assírio, Senaqueribe (705 - 681 a.C), fortificou a cidade, garantindo assim o apogeu da capital assíria. O Senhor refere-se a ela como a “grande cidade” (Jn 1.2; 3.2). A crueldade do povo ninivita era indescritível e essa foi a fama que os acompanhou durante toda a história. 
 
2. Estrutura. O “Livro da visão de Naum” (v.1b) consiste em três breves capítulos. O capítulo 1 divide-se em duas partes principais: 
- a primeira é um salmo de louvor a Jeová (vv.2-8);
- a segunda, num estilo poético, anuncia o castigo dos seus inimigos (vv.9-14), sendo que o versículo 15 é parte do capítulo 2 na Bíblia Hebraica. O segundo capítulo anuncia o assédio e a destruição de Nínive. E o terceiro o “boletim de ocorrência” dos motivos de sua queda. 
 
3.- Mensagem. O tema do livro é a “queda de Nínive”. A expressão “peso de Nínive” (v.1a) proclama o início de sua ruína. O substantivo hebraico para “peso” é massa que significa “carga, fardo, sofrimento” (Êx 23.5; Nm 11.11,17) bem como “sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (Hc 1.1; Zc 9.1; 12.1). Ela aponta para a proclamação de um desastre (Is 14.28; 23.1; 30.6).  

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O tema do livro de Naum é a “queda de Nínive”. Ele descreve o juízo de uma cidade que deliberadamente rebelou-se contra Deus.  

II. TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO  

1. Vingança (v.2). A mensagem de Naum é o juízo divino sobre Nínive. Aqui, sobressaem os atributos divinos pertinentes ao tema. O verbo hebraico naqam, “vingar-se, tomar vingança”, aparece três vezes só neste versículo e precisa ser devidamente compreendido. Vingança é o castigo imposto por dano ou ofensa; diz respeito a infratores contumazes da lei divina. Visto que a vingança pertence a Deus (Sl 94.1), contra eles está o justo “Juiz de toda a terra” (Gn 18.25). 

2. Longanimidade. Deus é compassivo e “tardio em irar-se” (v.3a), pois a longanimidade divina espera o arrependimento do pecador (Rm 2.4-6). Todavia, isso não é sinônimo de impunidade, pois a justiça do Eterno não permite tomar o culpado por inocente. Uma vez que Nínive persistiu em sua maldade e a Assíria construiu o seu império pela violência e desrespeito aos direitos humanos, massacrando muitos povos, dentre eles o de Judá e o de Israel, agora essas mesmas nações se alegrarão com a queda e a humilhação da cidade maléfica (3.5-7).  

3. O poder de Deus. As descrições poéticas dos atributos divinos estão ligadas ao poder e a majestade de Deus (1.3-8). O profeta declara que o Senhor “tem o seu caminho na tormenta e na tempestade” (v.3). Em linguagem metafórica, o poder, a grandeza e a majestade do Senhor são descritos através da força da natureza. Essas descrições mostram que a espera do Eterno em punir os ninivitas não se deu por falta de poder, mas por causa de sua longanimidade. 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

Deus é tolerante, compassivo, pois espera o arrependimento do pecado. Todavia, a sua justiça não permite tomar o culpado por inocente.  

III. O CASTIGO DOS INIMIGOS

 

1. Quem são os “inimigos”? Os assírios eram os “inimigos” e a expressão “peso de Nínive” (v.1) — referindo-se à capital da Assíria — o confirma. A ausência da indicação desse povo (vv. 9-14) também ensina as nações, ao longo da história, que sentenças similares às da Assíria são aplicáveis a qualquer povo que se levantar contra Deus. Por essa razão a queda dos assírios foi definitiva (v.9).  

2. O estilo de Naum. O livro do profeta Naum é rico em metáforas. O exército assírio é comparado a um emaranhado de espinhos e aos bêbados embriagados com vinho (v.10), significando que Deus enfraqueceu o poder de Nínive e que os ninivitas são uma “presa fácil”. Por esse mesmo motivo, Nabopolassar, rei de Babilônia e pai do rei Nabucodonosor, entrou na cidade em 612 a.C. sem resistência alguma dos assírios. 

3. Reminiscências históricas. Alguns expositores bíblicos pensam que o “conselheiro de Belial” (vv.11,12) é uma referência a Senaqueribe (2 Rs 18.13). É verossímil que o versículo 14 pareça aplicar-se a ele (2 Rs 18.36,37), pois a reminiscência histórica é comum em muitas mensagens proféticas. Entretanto, não é o que parece aqui, pois provavelmente a expressão “mais ninguém do teu nome seja semeado” (v.14), aluda à falta de herdeiro no trono, denotando o fim do império. Tal sentença indica o caráter definitivo do castigo divino.  

4. A consolação de Judá. Assim como a profecia de Obadias era contra Edom, mas a mensagem era para Judá, semelhantemente ocorre aqui, conforme a declaração profética: “serão exterminados, e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais” (v.12). Essa abrupta mudança da terceira para a segunda pessoa indica a mensagem de esperança para Judá. O castigo de Judá é corretivo. O povo ainda achará o favor divino (v.13). Mas o juízo dos assírios é final, por haverem eles rejeitado a misericórdia que o Deus de Israel, gratuitamente, lhes havia oferecido através de Jonas.  

SINOPSE DO TÓPICO (III)

O castigo divino contra os inimigos de Judá trouxe-lhe consolação e o favor divino de misericórdia. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Assim como o juízo divino puniu a capital da perversa Assíria, assim também acontecerá no dia da ira de Deus, quando Ele punirá a todos, indivíduos e nações, que, rejeitando a sua misericordiosa graça, perseveraram na prática do mal.
Nesse dia, todos prestarão contas de seus atos diante dEle. É o que adverte o próprio Senhor através de seus profetas.
Contudo, a porta da graça está aberta, oferecendo gratuitamente, a toda as nações, ampla oportunidade de arrependimento e salvação através de Jesus Cristo (2 Pe 3.9). 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 


KAISER JR., W. C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento: Um guia para a igreja. 1 ed., RJ: CPAD, 2010. EDWARDS, J. Pecadores nas Mãos de um Deus Irado: e outros Sermões. 1 ed., RJ: CPAD, 2005.
Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009. 


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I 


Subsídio Teológico

“Analisando as Palavras de Juízo dos Profetas

Se desejarmos ouvir as palavras dos profetas de uma maneira que seja fiel ao seu contexto original e, ao mesmo tempo, de utilidade contemporânea para nós, devemos antes de mais nada determinar o tema ou propósito básico de cada livro profético que desejamos pregar. Também será útil mostrar se o propósito do livro se encaixa no tema global e unificador do Antigo Testamento e no tema ou plano central de toda a Bíblia.

Depois de definirmos o propósito do livro, devemos, então, assinalar as principais seções literárias que constituem a estrutura do livro. Normalmente, existem mecanismos de retórica que assinalam onde tem início uma nova seção no livro. No entanto, quando tais mecanismos não estão presentes é preciso observar outros marcadores. Uma mudança de assunto, uma mudança de pronomes, ou uma mudança em aspectos de ação verbal, tudo isso pode ser um sinal revelador de que teve início uma nova seção” (KAISER JR., W. C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento: Um guia para a igreja. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.121). 
 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO  


Naum: O Limite da tolerância divina  

Naum significa “consolação”. Quando ele profetizou para Judá, o Reino do Norte, Israel, já fora levado cativo pelos assírios. Sua profecia é para Nínive, a nação que décadas antes foi visitada por Jonas, que a advertiu de seus pecados e do iminente juízo divino. Desta vez, Deus usa Naum para informar-nos que os anos de brutalidade dos assírios chegara ao fim.

“Os destinatários eram os povos oprimidos de Israel e Judá. Que por mais de um século sofreram com as depravações brutais promovidas pelas forças armadas assírias. Como resultado disso, tiveram seus lares destruídos, as plantações queimadas, suas esposas e filhas estupradas e as crianças arremessadas contra as paredes. Essa opressão alcançou seu ponto culminante em 722 a.C, quando os assírios destruíram Samaria totalmente e levaram o povo de Israel para o cativeiro” (Guia do leitor da Bíblia, CPAD, pg.556).

Naum trata da retribuição divina aos feitos dos assírios e suas maldades. Deus julgou seu povo por causa de seus pecados, mas também julgaria seus opressores por suas maldades e atrocidades.

“Nínive foi capturada pelos medos e babilônios cerca de seiscentos anos antes de Jesus nascer. A captura de Nínive aconteceu exatamente como Naum predisse. Uma súbita inundação do rio Tigre carregou parte dos muros que cercavam a cidade, facilitando a entrada de tropas inimigas. A cidade foi parcialmente destruída pelo fogo. A destruição de Nínive foi tão completa que todos os vestígios de sua existência quase desapareceram. Mas em 1845, os arqueólogos descobriram as ruínas da grande cidade de Nínive. Encontraram escombros de palácios magníficos. Acharam também milhares de inscrições que nos contam a história da Assíria escrita pelos próprios assírios. A cidade de Nínive tinha muros de trinta metros de altura. Eram muros tão largos que quatro carros podiam andar sobre eles lado a lado. Os muros tinham centenas de torres. Um fosso de 48 metros de largura e 18 de profundidade circundavam os muros. O povo de Nínive pensava que não havia nada que pudesse destruir a cidade” (Quero Entender a Bíblia. CPAD, pg.205). Com essas descrições, não é difícil entender o quanto os assírios tinham depositado sua confiança na estrutura colossal da cidade, que aos olhos humanos, para a época, era realmente inexpugnável. Mas os assírios não ficariam impunes de seus males. O julgamento divino já fora decretado, e logo essa nação pagaria por suas atrocidades contra os povos dominados e sua própria impiedade.

 

 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição 8 Naum - O limite da tolerância divina

    TEXTO ÁUREO “Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez” (Gn 18.32).

    INTRODUÇÃO

    I. O LIVRO DE NAUM
    II. TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO
    III. O CASTIGO DOS INIMIGOS

    CONCLUSÃO

    PECADORES NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO

    Jonathan Edwards

    A ira de Deus é como grandes águas que por enquanto estão represadas.
    Elas aumentam cada vez mais e sobem cada vez mais até que haja um escoadouro. Quanto mais tempo o fluxo for detido, mais veloz e poderoso será seu curso quando for solto de uma vez. É verdade que o julgamento contra suas más obras até hoje não foi executado. As inundações da vingança de Deus foram retidas, mas sua culpa no tempo médio está aumentando de modo constante e você está diariamente entesourando mais ira. As águas estão permanentemente subindo e se avolumando cada vez mais em força. Não há nada mais que a mera vontade de Deus que segura as águas que estão pouco dispostas a serem detidas e pressionam implacavelmente para ir adiante.
    Se Deus tão somente retirasse a mão da comporta do dique, imediatamente as águas jorrariam, as inundações furiosas da ferocidade e ira de Deus avançariam com fúria inconcebível e viriam sobre você com poder onipotente. Se sua força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior que a força do demônio mais robusto e mais intrépido do inferno, não haveria nada que a resistisse ou a suportasse.

    O arco da ira de Deus esta retesado e a seta se ajusta à corda. A justiça direciona a seta no seu coração e entesa o arco, e não é nada mais que o mero prazer de Deus, de um Deus irado, sem promessa ou obrigação, que impede a seta de num momento ficar encharcada com o seu sangue.
    Assim, todos vocês que nunca tiveram grande mudança de coração pelo poder grandioso do Espírito de Deus em suas almas, que nunca nasceram de novo e nunca foram feitas novas criaturas e ressuscitaram dos mortos no pecado para um estado de nova luz e vida nunca antes completamente experimentadas, estão nas mãos de um Deus irado.
    Ainda que você tenha reformado a vida em muitas coisas, tenha tido afetos religiosos e guardado uma forma de religião em sua família, e na casa de Deus, não é nada mais que a mera vontade de Deus que o impede de ser, neste momento, tragado pela destruição perpétua.
    Ainda que você não esteja convencido da verdade que ouve, logo ficará convencido completamente dela. Os que se foram e estavam em circunstâncias iguais a você veem que foi assim que aconteceu com eles, pois a destruição veio de repente sobre a maioria deles. Quando não esperavam nada disso e diziam: Paz e segurança, agora eles veem que essas coisas das quais eles dependiam para ter paz e segurança eram nada mais que ar tênue e sombra vazias.

    O Deus que segura acima da cova do inferno, muito semelhante à pessoa que segura uma aranha ou algum inseto repugnante acima do fogo o detesta e é horrivelmente provocado. Sua ira por você arde como fogo. Ele olha você como merecedor de nada mais que ser lançado ao fogo. Ele é de olhos puríssimos para ter de suportá-lo em seu campo de visão. Você é dez mil vezes mais abominável aos seus olhos que a serpente venenosa mais odiosa aos nossos. Você o ofendeu infinitamente mais que um rebelde teimoso já tenha ofendido o príncipe. Contudo, não é nada mais que sua mão que o impede de cair no fogo a todo o momento.
    A nada mais que isso deve ser atribuído o fato de você não ter ido para o inferno ontem à noite, de ter acordado outra vez neste mundo depois de ter fechado os olhos para dormir. Não há outra razão a ser dada por que você não caiu no inferno desde que se levantou de manhã, senão a mão de Deus que o sustentou [...].

    Texto extraído da obra “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado: e outros Sermões.”, editada pela CPAD.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 4º Trimestre de 2012
Os Doze Profetas Menores
  • Lição7- Miqueias — A superioridade da obediência em relação aos rituais

    TEXTO ÁUREO “[...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22b).

     INTRODUÇÃO
    I. O LIVRO DE MIQUEIAS
    II. A OBEDIÊNCIA A DEUS
    III. O RITUAL RELIGIOSO
    IV. O GRANDE MANDAMENTO

    CONCLUSÃO

    FORMA E LIBERDADE

    John R.W. Stott

    As estruturas seculares estão desmoronando em todos os lugares. Há uma rebelião mundial contra formas institucionais rígidas e um sentimento universal à procura de liberdade e flexibilidade. A igreja cristã, considerada em muitas partes do mundo como uma das principais estruturas do tradicionalismo, não pode escapar a este desafio de nossos tempos. Além disso, o desafio vem tanto de dentro como de fora. Muitos jovens crentes estão requerendo um novo e não estruturado tipo de cristianismo, despojado dos obstáculos eclesiásticos que têm sido herdados do passado.

    Permiti-me classificar as três expressões principais desta onda.
    Referem-se à igreja e seu ministério, à direção de cultos públicos, e ao relacionamento com os outros crentes. É perigoso generalizar. Todavia, alguém pode dizer, em primeiro lugar, que muitos estão procurando igrejas que não tenham cerimônia fixa. Grupos de crentes estão, agora, reunindo-se em muitas partes do mundo, libertando-se da tradição e fazendo as coisas à sua maneira. Em segundo lugar, há um desejo por cultos informais, nos quais o ministro não mais domina, mas onde a participação da congregação é incentivada, onde o órgão é substituído pelo violão e uma liturgia antiga, pela linguagem de hoje, onde há mais liberdade e menos formalidade, mais espontaneidade e menos rigidez. Em terceiro lugar, há uma rejeição de denominacionalismo e uma nova ênfase em independência. A geração jovem está bastante contente em cortar laços que os prendem ao passado e mesmo a outras igrejas do presente. Eles querem chamar-se “crentes”, mas sem qualquer rótulo denominacional.

    Sem dúvida, estas três exigências têm alguma lógica. Elas são fortemente sentidas e poderosamente manifestadas. Não podemos simplesmente considerá-las como irresponsabilidades loucas do jovem. Há uma ampla busca para o livre, o flexível, o espontâneo, o não-estruturado. A geração dos crentes mais velhos e tradicionais precisa entender isso, ser solidária e acompanhar, na medida do possível, o que está acontecendo. Todos nós concordamos em que o Espírito Santo pode ser (e às vezes tem sido) aprisionado em nossas estruturas e sufocado por nossas formalidades.
    Contudo, há algo a ser dito em relação ao outro extremo. Liberdade não é sinônimo de anarquia. Que argumento pode ser apresentado, então, em favor de alguns tipos de cerimônias e estruturas?

    Primeiro: uma igreja estruturada. Os crentes pertencem a diferentes origens denominacionais e apreciam tradições diferentes. Contudo, a maioria (talvez todos nós) concorda em que o Fundador da Igreja tencionou que ela tivesse uma estrutura visível. [...] Ele mesmo insistiu no batismo como a cerimônia de iniciação na sua Igreja, e batismo é um ato visível e público. Ele também instituiu sua ceia como a refeição da comunhão cristã, pela qual a Igreja identifica a si mesma e exercita disciplina sobre os membros.

    Segundo: adoração formal. Em particular, sou completamente a favor da adoração espontânea, exuberante, alegre e barulhenta do jovem, ainda que, algumas vezes, possa ser doloroso, como experimentei uma vez, em Beirute, quando o meu ouvido direito estava a apenas algumas polegadas do trombone. Alguns de nossos cultos são por demais formais, sérios e maçantes. Ao mesmo tempo, em algumas reuniões modernas, a quase total noção de reverência perturba-me. Parece que alguns acham que a principal evidência da presença do Espírito Santo é o barulho [...].

    Terceiro: um princípio de conexão. A maioria de nós desejaria insistir em, pelo menos, um certo grau de independência para a igreja local que, em conformidade com o Novo Testamento, é uma manifestação local e visível da Igreja universal. [...] A unidade da Igreja é derivada da unidade de Deus.
    E porque há um só Pai, há uma só família; e um só Senhor, há uma só fé, uma só esperança e um só batismo; e porque há um só Espírito, há somente um corpo: Ef 4.4-6. Portanto, toda questão do relacionamento com outros crentes é controversa e complicada, e certamente as Escrituras não nos dão autoridade para procurar ou assegurar unidade sem verdade. Mas não nos dá, tampouco, autoridade para buscar a verdade sem unidade. Independência é conveniente. Mas também o é a comunhão na fé comum que professamos.

    Mais uma vez meu argumento é que não polarizemos nesta questão. Há um lugar necessário na Igreja de Cristo, tanto para o estruturado como para o não-estruturado, tanto para o formal como para o informal, tanto para o sério como para o informal, tanto para o sério como para o espontâneo, tanto para a independência como para a comunhão.

    [...] Os mais antigos membros tradicionais da igreja, que amam a liturgia, precisam experimentar a liberdade do culto no lar, ao passo que os mais novos, que amam o barulho e a espontaneidade, precisam experimentar a seriedade e reverência dos cultos formais da igreja. A combinação é muito saudável!

    Texto extraído da obra “Cristianismo Equilibrado”, editada pela CPAD.

terça-feira, 13 de novembro de 2012


Lição 07

O PROFETA MIQUEIAS E A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA

18 de novembro de 2012  

TEXTO ÁUREO

 

[...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que o gordura de carneiros(1 Sm 15.22) 

VERDADE PRÁTICA  


A mensagem de Miqueias leva-nos a pensar seriamente
acerca do tipo de cristianismo que estamos vivendo.

COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO 


[...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que o gordura de carneiros(1 Sm 15.22).  

Nosso texto áureo deste domingo está inserido na passagem bíblica de 1 Samuel 15. 1-31, neste episódio o SENHOR Deus manda o rei Saul a destruir os amalequitas. O rei Saul não cumpre a ordem divina e o SENHOR manda  o profeta Samuel repreendê-lo.

O rei Saul argumenta no v. 21 a suposta boa intenção do povo em separar o melhor para sacrificar ao SENHOR. O profeta Samuel usado por Deus o repreende severamente com as palavras do nosso texto áureo (1 Sm 15.22).

O profeta Samuel faz um pergunta ao rei Saul: “Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR?”.

Seguidamente o próprio profeta Samuel responde a pergunta por ele formulada: “obedecer é melhor do que sacrificar”.

Obedecer de coração à palavra de Deus é melhor do que qualquer forma exterior de adoração, serviço a Deus, ou abnegação pessoal.

O pecado do rei Saul foi seguir o seu próprio conceito do certo, acima da revelação bíblica. Esse pecado será, também, a base da apostasia final predita para o período que de pronto precede a volta de Jesus à terra (Mt 24.11-24; 2 Ts 2.9-12; 2 Tm 4.3-4; 2 Pe 2).

O culto, a oração, o louvor, os dons espirituais e o serviço a Deus não têm valor aos seus olhos, se não forem acompanhados pela obediência explícita a Ele e aos seus padrões de retidão (cf. Is 58.2; Ap 2.1; 1 Co 13).  

RESUMO DA LIÇÃO 07  


O PROFETA MIQUEIAS E A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA  

I. O LIVRO DE MIQUEIAS

1. Contexto histórico.

2. Estrutura e mensagem.  

II. A OBEDIÊNCIA A DEUS

1. O conceito bíblico de obediência.

2. A desobediência das nações.

3. A ira de Deus sobre o pecado (1.3-5).  

III. O RITUAL RELIGIOSO

1. O rito levítico.

2. O diálogo de Deus com o povo (6.6).

3. Sacrifício humano (6.7).  

IV. O GRANDE MANDAMENTO

1. A vontade de Deus.

2. O sumário de toda lei (6.8b). 
 

INTERAÇÃO  


Qual o significado da palavra “rito”. Rito é “o conjunto de cerimônias e prática litúrgicas que cumpre a função de simbolizar o fenômeno da fé”. No tempo do profeta Miqueias o povo realizava muito bem todo o ritual levítico.
Porém, o Senhor não se agradava de suas reuniões solenes e sacrifícios, pois os rituais se tornaram algo mecânico, sem vida, uma simples obrigação religiosa. Cumpriam a liturgia, mas não amavam verdadeiramente a Deus nem ao próximo. Que nunca venhamos a nos esquecer que Deus não está preocupado com nossas cerimônias religiosas, mas o que Ele espera é que seu povo o “adore em espírito e em verdade”, que o ame acima de todas as coisas e ao próximo, pois toda a lei se resume nessa verdade (Mc 12.29-31).  

OBJETIVOS 


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

·   Explicar a estrutura da mensagem de Miqueias.
·   Definir a obediência bíblica.
·   Conscientizar-se de que o ritual religioso não proporciona relacionamento íntimo com Deus e nem salvação.  

ESBOÇO DO LIVRO DE MIQUEIAS  


Capítulos 1 — 3

Uma série de juízo contra Israel e Judá:

     Introdução (1.1).

     Destruição de Samaria (1.2-7).

     Destruição de Judá (1.8-16).

     Pecados específicos do povo (2.1-11): cobiça e orgulho (2.1-5); falsos

profetas (2.6-11).

     Vislumbre de um livramento (2.12,13).

     Pecados dos líderes da nação (3.1-12).  

Capítulos 4 — 5

Mensagem de esperança:

     Promessa do reino vindouro (4.1-5).

     A derrota dos inimigos de Israel (4.6-13).

     O Rei virá de Belém (5.1-8).

     O novo reino (5.9-15).  

Capítulos 6 — 7

Juízo de Deus contra Israel e sua misericórdia final:

     Deus contra o seu povo (6.1-8).

     Culpa de Israel e o castigo divino (6.9-16).

     O lamento do profeta (7.1-6).

     A esperança do profeta (7.7).

     Israel será restabelecido (7.8-13).

     Bênçãos finais de Deus para seu povo (7.14-20).  

COMENTÁRIO 

introdução 

PALAVRA CHAVE

OBEDIÊNCIA:

O ato ou efeito de obedecer.  

O problema do povo a quem Miqueias dirigiu a sua mensagem não era falta de liturgia, mas de uma correta motivação para se adorar ao Senhor. Embora cometesse toda a sorte de injustiças sociais, a geração contemporânea do profeta Miqueias oferecia sacrifícios a Deus, praticando todos os rituais levíticos, mas não sabia o verdadeiro significado do amor a Deus e ao próximo.  

I. O LIVRO DE MIQUEIAS  

1. Contexto histórico. Miqueias era de Moresete-Gate (1.1,14; Jr 26.18), cidade esta­va 30 ou 40 quilômetros a sudeste de Jerusa­lém. Eusébio e Jerônimo citam a tradição que colocou esse local não muito longe do leste de Eleuterópolis, que tem sido identificada com Beit Jibrin, situada em um vale que leva da planície costeira ao interior da Judéia, perto de Jerusalém. Dessa forma, o profeta viveu onde era capaz de observar a longa estrada por onde, durante séculos, haviam passado os exércitos invasores, assim como os pionei­ros e as caravanas comerciais.  

Moresete-Gate atual Beit Jibrin, cidade de Miqueias
 

Era um homem do campo e provinha com certeza de família humilde. O nome Miqueias vem de uma palavra hebraica que significa: “Quem é como YHWH?” Miqueias, assim como os demais profetas de Judá, não cita reis do Reino do Norte na introdução de seus oráculos. Seu ministério, porém, aconteceu no período dos reinados “de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (1.1). Essas datas estão entre 750 e 686 a.C, mas a soma desses anos deve ser reduzida significativamente por causa das corregências. O profeta Jeremias afirma que a mensagem de Miqueias foi entregue no reinado de Ezequias (26.18). Considerando os últimos anos de Acaz e os primeiros de Ezequias, Miqueias deve ter profetizado entre 735 a.C. e 710 a.C.  

2. Estrutura e mensagem. Trata-se de uma coleção de breves oráculos agrupados em sete capítulos divididos em três partes principais (1,2; 3-5; 6,7). Cada uma das partes marca o imperativo: “Ouvi” (1.2; 3.1; 6.1), que é fraseologia similar a de Isaías (4.1-5; Is 2.2-4). O assunto do livro é a ira divina em relação aos pecados de Samaria e de Jerusalém.
Miqueias dirigiu seu discurso contra a idolatria, censurou com veemência a opressão aos pobres e denunciou o colapso da justiça nacional (1.5; 2.1,2; 3.9-11). Além disso, anunciou, de antemão, o local do nascimento do Messias, em Belém (5.2 cp. Mt 2.1,4-6). O profeta chegou a ser citado pelo Senhor Jesus (7.6 cp. Mt 10.35,36).  

SINOPSE DO TÓPICO (I)

O livro de Miqueias tem como assunto principal a ira divina sobre os pecados de Samaria e Judá.  

II. A OBEDIÊNCIA A DEUS  

1. O conceito bíblico de obediência. O verbo hebraico shemá: “ouvir, escutar, prestar atenção, obedecer”, não significa apenas receber uma comunicação ou informação. O seu real sentido é mais forte e imperioso: obedecer é acatar ordens de autoridade religiosa, civil ou familiar. O referido verbo é empregado no Antigo Testamento para “obedecer” em 1 Samuel 15.22 e Jeremias 42.6. É usado, também, em seis das nove vezes em que shemá aparece em Miqueias (1.2; 3.1,9; 6.1,2,9). A mesma ideia é vista nos ensinos de Jesus (Mt 11.15; 13.43). Por conseguinte, a obediência deve ser precedida pela compreensão e pelo amoroso acatamento da mensagem divina (Mt 7.24,26).
Nesse sentido, ela pode ser definida como a prova suprema da fé e do nosso amor a Deus.  

2. A desobediência das nações. O Senhor não é uma divindade tribal, que habita em quatro paredes. Ele é o Deus de toda a terra e o Soberano de todo o Universo. Justamente por isso, Ele apresenta-se como juiz e testemunha não apenas contra seu povo, Israel e Judá (1.2,5), mas também contra todas as nações da terra (1.2).  

3. A Ira de Deus sobre o pecado. O profeta descreve de forma pitoresca a reação divina contra o seu povo. Numa linguagem antropomórfica, o Senhor desce de seu santo templo, o céu, para julgar Samaria, capital de Israel e, da mesma forma, Jerusalém, capital de Judá, cujo pecado influencia todo o país. O quadro da sua majestosa e terrível presença lembra a ação dos terremotos e dos vulcões (Jz 5.4; Sl 18.7-10; Is 64.1-3; Hc 3.6,7).  

SINOPSE DO TÓPICO (II)

A obediência deve ser precedida de compreensão e amoroso acatamento da mensagem divina. 
 

III. O RITUAL RELIGIOSO  

1. O rito levítico. Basicamente, o rito é um conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas que cumpre a função de simbolizar o fenômeno da fé. O termo vem do latim ritus, que significa “cerimônia religiosa, uso, costume, hábito, forma, processo, modo”. O Antigo Testamento usa a palavra para os sacrifícios (Lv 9.16; Ed 6.9) e para as festividades religiosas (Ne 8.18), tais como a Páscoa (Nm 9.14; 2 Cr 35.13) e a Festa dos Tabernáculos (Ed 3.4). A própria circuncisão é também um ritual (At 15.1). Contudo, em se tratando do Cristianismo, a liturgia é simples, contendo apenas dois rituais: o batismo e a ceia do Senhor (Mt 3.15; 26.26-30). Esses cerimonialismos, contudo, não substituem o relacionamento sincero com Deus, nem proporcionam salvação (1 Sm 15.22; Sl 40.6-8; 51.16,17; 1 Co 1.14-17; 11.28,29). 
2. O diálogo de Deus com o povo (6.6) O Senhor, através do profeta, convida o seu povo para uma controvérsia.
O que Deus fez de mal para Israel rejeitá-lo? (6.1-3). Em seguida, o Eterno traz à memória da nação os seus benefícios desde o princípio, quando remiu a Israel do Egito e protegeu seu povo no deserto contra os inimigos (6.4,5). Em uma pergunta retórica, o próprio Deus antecipa a resposta da nação. A lei estabelecia sacrifícios de animais como provisão pelo pecado (Lv 9.3) e o azeite para certas ofertas de libação (Lv 1.3,4; 2.1,15; 7.12). O problema de Judá não era a falta de rituais e sacrifícios, mas de uma verdadeira conversão a Deus. 
 
3. Sacrifício humano (6.7). Oferecer o primogênito pela transgressão e o fruto do ventre pelo pecado era sinal de completo desatino do povo. A lei de Moisés condena tal prática sob pena de morte (Lv 18.21; 20.2-5) e em todo o Israel era repulsa nacional (2 Rs 3.27). Esse tipo de sacrifício só foi praticado por aqueles que, em todo Israel e Judá, apostataram-se da fé (2 Rs 16.3; 21.6; Jr 19.5; 32.35). Todos estavam dispostos a oferecer até mesmo o que Deus nunca exigiu deles, menos o essencial: sincero arrependimento e mudança de vida.  

SINOPSE DO TÓPICO (III)

O ritual religioso não substitui o relacionamento intenso com Deus e, muito menos, proporciona salvação.  

IV. O GRANDE MANDAMENTO 

1. A vontade de Deus. O estilo de vida que agrada a Deus foi comunicado ao povo desde Moisés. Portanto, toda a nação tinha o dever de conhecê-lo (Dt 10.12,13). Daí o porquê da indagação do profeta (6.8). Mas ninguém estava interessado nisso. O povo preferia tirar proveito da prática das injustiças sociais, esperando que o mero ritual do sacrifício fosse suficiente para autojusticar-se diante de Deus. Estavam enganados, pois Deus não se deleita em sacrifícios nem em rituais exteriores (Sl 51.17,18). 
 
2. O sumário de toda a lei (6.8b). Os três preceitos — praticar a justiça, amar a beneficência e andar humildemente com Deus — são considerados pela tradição judaica, desde o século 1 a.C, o resumo dos 613 preceitos depreendidos da lei de Moisés. Essa é vista por muitos como a maior declaração do Antigo Testamento. Os dois primeiros preceitos falam do compromisso horizontal com o nosso próximo; e o terceiro, de compromisso vertical com Deus. Isso vale para todos os seres humanos e é paralelo ao ensino de Jesus: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40).  

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

O grande mandamento é este: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS  

A lição para todos nós é esta: O que importa para Deus não é o que fazemos na Igreja, mas a nossa vivência com a família, o que fazemos no trabalho e como relacionamo-nos com a sociedade. Sem o verdadeiro arrependimento e um profundo compromisso com Deus, todas as práticas religiosas não passam de rituais vazios e completamente desprovidos de valor espiritual. 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA  


ZUCK, R. B. (Ed.). Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.
SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010. 
 


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I  


Subsídio Teológico  

“Os profetas Isaías, Miqueias, Amós e Oseias foram contemporâneos, o ministério de cada um deles começou entre 760 e 735 a.C. Eles viveram no período do esplendor profético dos hebreus. Isaías era profeta da corte e conselheiro da casa real, ao passo que Miqueias era profeta do campo. Ambos eram do Reino do Sul, capital Jerusalém. Oseias e Amós exerceram seu ministério no reino do Norte, em Samaria.

O título de cada livro profético nem sempre quer dizer ser ele o seu redator ou mesmo o orador que pronunciou tais oráculos. A profecia escatológica sobre Sião, em Isaías 2.3, reaparece em Miqueias. Ambos foram contemporâneos e profetizaram em Judá, sendo que Isaías era profeta da corte, na capital, e seu companheiro do campo, mas é difícil saber a fonte literária original” (SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.116).  

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II 


Subsídio Teológico 

“[...] Miqueias previu uma segunda vinda de Davi (cf. Jr 30.9; Ez 34.23,24; 37.24,25). Ao que parece, este é o significado da famosa profecia registrada em Miqueias 5.2: ‘E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade’. A associação do futuro rei com Belém e a referência às suas origens estarem nos tempos antigos dão a entender que a reaparição do próprio Davi está em vista. Claro que esta é uma predição messiânica. Outros profetas (por exemplo, Isaías em Is 9.6,7; 11.1,10) e a revelação bíblica subsequente deixam claro que estas referências a Davi se cumpriram no Messias que, como o Filho de Davi, reinará no espírito e poder do seu ilustre antepassado.

Em Miqueias 5.2, a atenção é dada à insignificância relativa de Belém entre os clãs de Judá. Ironicamente, o rei escolhido do Senhor surgiria desta pequena cidade. Este padrão de Deus elevar o pequeno e insignificante ocorre em outros textos do Antigo Testamento (Gn 25.23; 48.14; Jz 6.15; 1 Sm 9.21).

Este rei, que surge de tais origens humildes, protegerá o povo como um pastor (o mesmo foi dito acerca de Davi; 2 Sm 5.2; Sl 78.71,72). Reinando pelo poder do Senhor, a sua fama alcançará proporções universais (Mq 5.4). Ele e o vice-regente evitarão que o mais poderoso dos inimigos de Israel (simbolizado aqui pela Assíria, o inimigo tradicional de Israel) invada a terra (Mq 5.5,6).

Junto com a restauração do rei davídico, Miqueias também profetizou uma reversão na sorte de Jerusalém. Miqueias advertiu que esta cidade, escolhida por Davi como capital e local do templo do Senhor, seria sujeita ao sítio (Mq 5.1) e reduzida a entulhos (Mq 3.12). Ele personificou a cidade em sua humilhação como uma mulher em trabalho de parto, estorcendo-se em agonia para dar à luz (Mq 4.9,10). Da perspectiva do exílio, Jerusalém personificada reconhece a justiça do castigo de Deus e prevê o dia da justificação e restauração (Mq 7.8-12). Utilizando a imagem de Miqueias 4.9,10, o profeta comparou a volta do povo exilado em Sião a dar à luz (Mq 5.3). No futuro, o Senhor livraria Jerusalém dos que a atacavam (Mq 4.11-13)” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009, p.444).  

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO  


Miqueias: A importância da obediência  

Miqueias profetizou nos mesmos dias em que profetizaram Amós e Isaías. Isso nos deve fazer refletir que diversos profetas ministraram ao mesmo tempo em determinadas épocas. Portanto, em um mesmo período, Deus se utilizou de servos que ministraram ao mesmo tempo, para as duas nações, de forma que o testemunho de Deus sempre estivesse presente entre os hebreus.

Miqueias apresenta sua profecia a Judá e Israel, mostrando que Deus é o responsável por julgar a falta de temor do povo para com seu Deus. Ele denuncia os falsos profetas, os líderes desonestos e os sacerdotes ímpios que enganavam o povo e o conduziam ao pecado, ao invés de direcioná-los a uma vida mais próxima de Deus. Por mais que se pratique de forma correta os rituais que a Lei ordena, esses rituais não podem ser suficientes se o coração do povo mantinha seus pecados. Deus estava irado com Samaria e Jerusalém, pois o povo não o adorava de coração. Isso não significa que Deus abomina rituais. Ele mesmo prescreveu em Levítico a liturgia e as festas religiosas. O que deixou Deus irado foi o povo imaginar que seguindo corretamente os rituais, estariam isentos de uma vida de fé e das obrigações sociais da Lei quanto ao auxílio dos pobres. “Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ventre, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” (Mq 6.7,8). O profeta deixa claro o desejo de Deus para os israelitas, numa referência que serve também para a Igreja do Senhor: a prática da justiça, o amor à bondade e o andar de forma não soberba diante de nossos pares e do próprio Deus.

Miqueias nos mostra também a grandiosidade de um Deus que possui em suas mãos a capacidade de julgar seu povo, mas que também tem a grandiosa capacidade de perdoar: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade” (Mq 7.18). Miqueias também anuncia que Belém há de ser o lugar em que o Messias haveria de nascer: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os cias da eternidade” (Mq 5.2).