quinta-feira, 26 de abril de 2018

Lição 05 - 2º Trimestre 2018 - Ética Cristã, Pena de Morte e Eutanásia - Adultos.


Lição 5 - Ética Cristã, pena de morte e eutanásia

 2º Trimestre de 2018

PONTO CENTRAL

A vida humana é sagrada.

ESBOÇO GERAL DA LIÇÃO

Introdução

I - A Pena de Morte nas Escrituras

II - Eutanásia: Conceitos e Implicações

III - A Vida Humana pertence a Deus

Conclusão

OBJETIVO GERAL

Estabelecer a perspectiva doutrinária da sacralidade da vida. 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Mostrar a perspectiva bíblica acerca da pena de morte;

II. Expor o conceito e as implicações éticas da eutanásia;

III. Conscientizar sobre o aspecto sacro da vida. 

SOBRE A EUTANÁSIA

Claudionor de Andrade

No campo da bioética, há duas perguntas de vital importância. A primeira diz respeito à legalização do aborto: "Quando começa a pessoa humana?" A segunda concerne à descriminalização da eutanásia: "Quando termina essa mesma pessoa?"

[...] Os dicionários definem a morte como cessação definitiva da vida. O fim da existência humana, porém, não cabe numa definição tão simplista. No campo da ética, somos constrangidos a lidar com uma questão intrigante e perturbadora: Será que a pessoa encerra-se apenas quando seus sinais vitais já não são percebidos? 

A questão é complexa. Os dilemas éticos daí decorrentes obrigam-nos a constatar a falência encefálica de um enfermo antes mesmo da cardíaca. E isso nem sempre é fácil, pois é possível que, num corpo que mecanicamente vive, já não exista a pessoa que o possuía. 

[...] Sem alma, o nosso corpo nada é. Ele não tem movimento, nem expressão. Hoje, porém, as novas tecnologias são capazes de prolongar os batimentos cardíacos mesmo em um corpo sem alma. Mas, como saber o instante preciso em que a alma deixa o corpo? Ainda não foi criado um protocolo capaz de constatar o momento exato do desenlace entre os componentes material e espiritual do ser humano. Todavia, o enfermo terminal não deve ser levianamente descartado e o crônico não poder ser ignorado. Neste ínterim, o médico é constrangido a tomar decisões num terreno em que a fronteira entre a vida e a morte é imperceptível. Por isso, oro para que os profissionais de saúde não desperdicem vida alguma. Oro também, para que muitas vidas sejam salvas através do transplante de órgãos, porque isso também é praticar o amor cristão. 

(Texto extraído da obra "As Novas Fronteiras da Ética Cristã", editora CPAD)

Marcelo Oliveira de Oliveira

Editor da Revista de Lições Bíblicas Adultos

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão disponíveis toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não se trata de uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Lição 04 - 2º Trimestre 2018 - Conservando uma Vida Frutífera - Jovens.


Lição 4 - Conservando uma Vida Frutífera

 2º Trimestre de 2018

INTRODUÇÃO

I - LIDERANÇA FRUTÍFERA, IGREJA FRUTÍFERA

II - UMA IGREJA QUE FRUTIFICOU

III - O QUE FAZER PARA CONTINUAR FRUTIFICANDO

CONCLUSÃO



Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Identificar as características de uma liderança frutífera;

Reconhecer os desafios que a igreja em Tessalônica superou para frutificar;

Compreender o que é necessário fazer para frutificar.

Palavra-chave: Fruto.



Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

O evangelho frutificou e consolidou-se em Tessalônica, apesar de tudo cooperar para o contrário: fuga de Paulo, multiculturalismo local, fortes perseguições sociais, introdução de falsos pregadores. Como se pode explicar tal fato? Pela simples resposta: foi a maravilhosa graça de Deus. A jovem comunidade cristã tessalonicense, apesar de sua fragilidade doutrinária, conseguiu acessar o cerne da mensagem evangélica: o amor. Eles não apenas compreenderam o cristianismo como vivência pura e profunda do amor, como também experimentaram comunitariamente os efeitos de tal verdade divina. Reflitamos sobre como crescer em comunhão intensa com Deus de modo rápido, porém absolutamente sadio.



O que Paulo podia esperar depois da surra e cadeia em Filipos e da fuga repentina de Tessalônica? Bem, se Paulo fosse um de nós, talvez a confirmação de que a vocação para a Macedônia era um propósito divinamente inspirado e não apenas um empreendimento humanamente falido. A missão em Bereia serviria perfeitamente a essas expectativas; afinal de contas, como nos narra Lucas, houve uma adesão coletiva daquela cidade à pregação de Paulo (At 17.11,12). E que modo melhor de ratificar isso, senão por meio de uma exitosa missão na celebrada Atenas?



Centro filosófico do mundo, ainda naquele momento histórico, casa dos fatalistas estoicos e dos epicuristas hedonistas, Atenas — numa análise humanamente fundada — seria uma ótima oportunidade para chancelar o ministério de Paulo não apenas naquela região, mas também em todo o mundo antigo. Entretanto, como bem se sabe, apesar do emblemático discurso no Areópago (At 17), os resultados práticos foram similares aos de Filipos e Tessalônica: numericamente inexpressivos; bem diferente dos alcançados em Bereia.



Talvez, a maior lição transmitida por Paulo em seu ministério macedônico seja esta: a presença de Deus na vocação ministerial de uma pessoa não deve ser mensurada numericamente ou pela popularidade que esta alcança, mas, sim, pela doação pessoal em tudo o que se realiza. Como qualquer outra pessoa, a vida de um vocacionado é repleta de altos e baixos, fracassos e vitórias. É ambiência contemporânea, moldada por uma ambição perfeccionista, que nos impele a falsa crença de que só os colecionadores de sucesso serão felizes. Devemos retornar, de maneira insistente, aos princípios e pressupostos de Cristo, segundo os quais, mesmo em meio as mais aparentes derrotas, muitas vezes, somos feitos vitoriosos por Deus.



Falando em termos meramente humanos, quem continuaria numa jornada tão desgastante como essa que Paulo empreendia com seu grupo de amigos se não fosse pela presença fortalecedora de Deus? É a graça cotidiana de Deus que aperfeiçoa nossos ministérios e continuamente confirma, de modo especial a nós mesmos, o quanto nossas vocações são valiosas para o Reino de Deus.



Os efeitos de uma hipotética desistência de Paulo em sua missão macedônica são simplesmente inimagináveis para seu ministério em particular, assim como as repercussões de tais acontecimentos para o curso de todo o cristianismo primitivo. A boa notícia que nos relata a história é que, mesmo diante de todas as adversidades, Paulo não desistiu.



A ambição dos negociadores de adivinhações em Filipos (At 16.19), a inveja dos líderes judeus em Tessalônica (At 17.5) e o achincalhamento dos filósofos atenienses (At 17.18) não foram capazes de ofuscar a enorme alegria de Paulo por tudo aquilo que Deus estava fazendo em sua segunda viagem missionária. Conforme argumenta Marques:



É confiado em Deus que parte para Tessalônica, sabendo que ali Deus garantiria o sucesso da missão tal como em Filipos. Isto nos diz que a fundação de Tessalônica tem sua origem na confiança de Paulo em Deus. Como se convenceu disto? Foi pelo resultado obtido, apesar de ser expulso, desta vez por manobras de judeus. Em Atenas (1Ts 3,1), perante o fracasso no Areópago, vê com clareza a mão de Deus em Tessalônica. Que tal esforço não fora inútil, os tessalonicenses mesmos o confirmaram (1Ts 2,1). Esta confiança de Paulo em Deus não nascera apenas na Macedônia, é claro. Dirá mais tarde, como em outras ocasiões, que foi salvo por sua fé em Deus (cf. 2Cor 6,4-10; 11,23-28). (MARQUES, 2009, p.24)

Assim, compreende-se que o conjunto de vivências experimentadas por Paulo e sua equipe em todo o seu percurso ministerial é fundamental para o crescimento do próprio apóstolo, de modo que o acúmulo de aprendizagens fez, cada vez mais, a vocação paulina aperfeiçoada.



É nesse contexto da atuação em Atenas que Paulo toma uma de suas decisões ministeriais mais acertadas junto à Igreja em Tessalônica: o apóstolo resolve enviar Timóteo para visitar aquela comunidade e trazer-lhe notícias. Por que o próprio Paulo não voltara à Tessalônica? Porque, segundo ele afirma em 1 Ts 2.18, houve uma forte oposição — não apenas circunstancial, física e material, mas também espiritual. O missionário chega a nomear Satanás como o impedimento a seu retorno àquela cidade. Para autores como Pastor (2009, p. 152), essa nomeação da malignidade está associada à cultura apocalíptica da qual Paulo era participante. Sobre esse impedimento satânico, afirma-nos Turrado:

[Paulo] Não precisa como o impediu. Logo, não é necessário, ainda que não se exclua, supor uma intervenção extraordinária ou milagrosa; bastam obstáculos naturais, de ordem física ou moral, nos quais Paulo vê as mãos do demônio. Ele está firmemente convencido, muito ao contrário do que praticamente às vezes nos passa despercebido, da funesta ação do demônio, cujo triste papel é opor-se aos interesses de Deus (Rm 16.20; 1 Co 7.5; 2 Co 2.11; Ef 6.11; 1 Tm 3.7). (TURRADO, 1965, p. 650)

Para além de toda conjectura de qualquer natureza, o que é mais relevante tratar nesse episódio do impedimento paulino é o reconhecimento da existência de oposições que não são meramente fruto do acaso, mas subordinadas a determinada causalidade malignas.

Paulo como um Formador de Novos Líderes



Em 1 Tessalonicenses 3.2, somos informados de que Timóteo é enviado a Tessalônica não como um estagiário em missão de representação de seu líder, mas como um ministro revestido de autoridade e responsabilidade sobre um determinado grupo de irmãos. Como já afirmamos anteriormente, essa é uma atitude absolutamente acertada para ambos os lados, isto é, tanto Timóteo, que teve a oportunidade de vivenciar uma riquíssima experiência pastoral ainda muito jovem, quanto a comunidade dos tessalonicenses, que foi confortada e animada por meio da palavra anunciada.



Para a maioria dos comentadores, Timóteo tinha entre 20 e 30 anos quando foi enviado em missão à Igreja de Tessalônica. Quais eram os riscos que tal atitude de Paulo poderia produzir para a vida de Timóteo? Inúmeros. Em primeiro lugar, a própria morte. O clima em Tessalônica estava absolutamente hostil; tanto os religiosos judeus quanto os desordeiros que havia naquela cidade realizaram uma verdadeira caçada a Paulo e seus amigos, tanto que alguns irmãos sofreram perseguições e prisões ainda com Paulo em Tessalônica (At 17.6), e, mesmo depois de terem saído da cidade, a equipe missionária ainda foi perseguida de maneira insistente, a ponto de terem de fugir de Bereia também (At 17.13-15).

Havia, de fato, um risco de morte, não apenas pela oposição dos religiosos e baderneiros, mas também do próprio império romano, uma vez que a acusação que pesava sobre os missionários era de insurreição. Os religiosos recorreram às autoridades romanas sob a alegação de que Paulo e sua equipe proclamavam outro rei em terras tessalonicenses, Jesus (At 17.7). Ora, esta fora a mesma acusação segundo a qual o próprio Cristo acabou sendo crucificado.

Se o risco de morte for desconsiderado de modo arbitrário, ainda persistem as possibilidades de perseguição, prisão, espancamento, etc., que já eram reais durante a ação ministerial de Paulo e que continuavam, pois a distância temporal da fuga apostólica para o retorno de Timóteo era muito curta.

Além de todos os riscos de integridade física que Timóteo corria, ainda havia a possibilidade de tudo se complicar ministerialmente. Bastaria os tessalonicenses rejeitarem a juventude do auxiliar de Paulo, ou, quem sabe, de modo justificado, sua inexperiência, e a trajetória ministerial de Timóteo sofreria um revés, talvez, insuperável.

É necessário lembrar que, além dos problemas sociais — que se concretizavam por meio da oposição comunitária que se constituía —, a Igreja tessalonicense enfrentava uma consistente crise doutrinária, especialmente com relação a questões escatológicas, as quais repercutiam em problemas relacionais. Era, então, necessário um pastor habilidoso, que soubesse, ao nível dos tessalonicenses, transmitir as verdades ainda não compreendidas por eles.

Timóteo foi o homem certo para a missão de retorno a Tessalônica. As qualidades deste auxiliar de Paulo podem ser avaliadas a partir do versículo 2, quando o apóstolo define-o por meio de dois termos de designam positivamente duas áreas diferentes da vida do jovem pastor: irmão (ἀδελφός) e cooperador (συνεργός). Enquanto trato pessoal, Paulo tinha total confiança em Timóteo, tanto que o tratava como irmão — em outros contextos, anos à frente, Timóteo será amorosamente chamado de filho; nas circunstâncias que envolviam a Igreja em Tessalônica, ele recebe uma denominação que denota sua proximidade a Paulo não apenas nas relações pessoais, mas também na responsabilidade ministerial. Já com relação ao perfil vocacional, Paulo testemunha que seu amigo não é um inexperiente neófito, e sim um qualificado colaborador do Reino de Deus. Sobre a confiança de Paulo em Timóteo e as qualificações deste, afirma Pastor:

O apóstolo sabe das dificuldades e dos problemas dos tessalonicenses (cf. 1 Ts 1,6; 2,14; 3,1-5) e, uma vez que ele não pode ir pessoalmente para ajudá-los e sustentá-los, enviou seu colaborador Timóteo com esse encargo e com o de informar-lhe a situação da comunidade. Por esse motivo, vemos uma primeira qualificação deste personagem em tom altamente positivo; Paulo chama-lhe, além de irmão, de nada menos que colaborador de Deus na pregação do evangelho, indicando como Deus não atua de forma separada da ação humana, ainda que não seja uma colaboração no mesmo nível (cf. p.e. Rm 10,14-15). (PASTOR, 2009, p. 154)



A relação do apóstolo com o jovem obreiro era muito estreita, tanto que, ao afirmar que era necessário o envio de Timóteo à Tessalônica, Paulo declara em 1 Ts 3.1 que ficou, literalmente, “abandonado”, “sem ajuda”. Não temos acesso aos pormenores da visita e nem ao ambiente de recepção do jovem missionário; entretanto, as palavras de Paulo registradas em 1 Ts 3 demonstram o sucesso do envio. Nas palavras do apóstolo, usando um trocadilho que, em língua portuguesa, se perde, mas que fica muito claro no grego, ele afirma no versículo 6: “Vindo, porém, agora, Timóteo de vós para nós e trazendo-nos boas novas da vossa fé e amor”; ou seja, Timóteo, ao regressar de Tessalônica, trouxe tão ricas notícias por meio das quais “evangelizou” Paulo acerca da fé e do amor dos tessalonicenses. As informações de Timóteo eram muito confortantes a Paulo, analogamente, assim como o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo foi confortante aos tessalonicenses.



Paulo e o Ministério como Motivação para a Vida Cotidiana



Em 1 Ts 3.8, temos uma das declarações mais pastorais de todo o Novo Testamento. Paulo literalmente diz nesse texto que a continuação da vida tornou-se muito mais leve e sem o peso da culpa por meio da maravilhosa notícia de que os tessalonicenses permanecem firmes na vocação da salvação que lhes foi anteriormente anunciada pelo missionário.



A amabilidade desse texto surpreende qualquer leitor de outras cartas paulinas, nas quais, apesar de toda atenção e cuidado, em nenhuma se registra tamanho afeto. Nessa pequena declaração, Paulo está afirmando o quanto foi angustiante ficar sem notícias daquela jovem comunidade; desse modo, diante do retorno de Timóteo, o ânimo novamente se recobrou no coração do apóstolo.

Ao refletirmos sobre o relacionamento de Paulo com a Igreja de Tessalônica, deparamo-nos com um modelo de liderança muito distante das práticas eclesiástico-empresariais dos dias atuais. Quem atualmente investiria tempo e pessoal numa localidade extremamente avessa ao evangelho? Basta analisar o quanto a igreja contemporânea investe em templos suntuosos em comparação ao que envia para os trabalhos missionários em países avessos ao cristianismo.

Lembremos que Tessalônica era um desses lugares ostensivamente contrários à pregação do evangelho; onde se formou uma pequena comunidade de novos cristãos; contudo, era para lá que as orações de Paulo estavam direcionadas; era para lá que seu coração pulsava. É necessário reconhecermos que os fundamentos do Reino são completamente diferentes das regras dos negócios religiosos de hoje.

Precisamos urgentemente de pastores como Paulo.

Conclusão

Sem amor, toda e qualquer intenção humana facilmente transitará entre a ganância e o animalesco instinto de sobrevivência. Foi para amar que fomos salvos, para viver em amor, para existir pelo amor. Que a experiência mais extraordinária da vida cristã — amar — seja uma realidade em nossas vidas.

*Este subsídio foi adaptado de BRAZIL, Thiago. A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno

Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens



Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 03 - 2º Trimestre 2018 - O Fruto de um Trabalho Zeloso - Jovens.


Lição 3 - O fruto de um trabalho zeloso

 2º Trimestre de 2018

INTRODUÇÃO

I-O MINISTRO COMO AQUELE QUE SERVE

II-O COMPROMISSO COM A PALAVRA

III-OS OBJETIVOS DE UM MINISTÉRIO ÍNTEGRO

CONCLUSÃO



Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Identificar o caráter de um ministro de Cristo;

Demonstrar a relevância da Palavra de Deus numa Igreja local;

Apresentar os objetivos de um ministério íntegro.

Palavras-chave: Fruto, trabalho e zeloso.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

“Paulo inicia o segundo capítulo de sua primeira epístola aos tessalonicenses destacando a natureza abnegada de seu ministério entre aqueles irmãos. Mais que um autoelogio narcisista, essa apologia paulina ao seu ministério pessoal — atitude que ele também toma ao escrever para outras igrejas (2 Co 12.11-21; Gl 6.14-18) — é um registro histórico do modelo inspirativo de ministro no cristianismo primitivo. Mesmo tendo vivenciado uma experiência extremamente traumática em Filipos (acusação de perturbação pública, prisão, açoite, detenção inapropriada, etc.), o apóstolo persistiu na obediência à visão que Deus concedera a ele (At 16.9) e iniciou a evangelização em Tessalônica.



Não era ganância ou benefícios pessoais que moviam o coração de Paulo para a realização desse serviço ao Reino de Deus, e sim o amor às pessoas e a confiança de que o Senhor que vocaciona também é o que supre todas as necessidades daquele que se dedica liberalmente à obra.



Compreender como se deu esse processo de evangelização, quais os fundamentos da mensagem anunciada por Paulo entre os tessalonicenses e, principalmente, qual o comportamento adotado pelo apóstolo entre os habitantes daquela cidade serão os objetos de estudo para nossa discussão e reflexão.

I- O Esforço Pessoal de Paulo para Garantir a Evangelização dos Tessalonicenses



Qual seria a reação normal de alguém que, seguindo uma intuição pessoal, ao iniciar um novo empreendimento, encontra de pronto um forte revés? Logicamente, desistir. É por isso que tantas empresas fecham nos seus três primeiros anos de funcionamento; muitas pessoas abandonam a faculdade ainda no primeiro ano de estudo. Entretanto, é isso que se esperaria de um missionário que, logo no início de sua atuação evangelística num território desconhecido, tivesse enfrentado cárcere, perseguição e tortura? Segundo uma avaliação humana, sim; talvez, alguém ainda dissesse: “Essa missão não era de Deus!” ou “A vocação desse missionário acaba de ser desqualificada!”



Deve-se esclarecer, no entanto, que, em primeiro lugar, Paulo não seguia um pressentimento pessoal; sua ida à Macedônia fora resultado de uma orientação divina (At 16.9). Ora, a obediência à vocação divina não nos isenta dos sofrimentos da vida. Deve-se lembrar, inclusive, que a ida de Paulo àquela região tinha como objetivo auxiliar os irmãos que, segundo a visão divina, passavam por dificuldades e necessitavam de ajuda.



Sobre o entendimento acerca do sofrimento paulino registrado nas suas epístolas e, especialmente neste caso, aos tessalonicenses, afirma-nos Barreira:

Por isso, a melhor maneira de se esperar a parusía é uma fé que não pretende dar conta de realidades objetivas e “a-históricas”, ou mesmo de uma fé de imperativos éticos, pois, em ambos os casos, nega-se o caráter histórico da revelação e se produz uma forma de idolatria (Vattimo, 2004, p. 110-112). Paulo associa seu destino soteriológico ao destino dos tessalonicenses (1 Ts 2, 20). Os sentidos da pregação de Paulo, como sua própria salvação, ancoram-se no testemunho de que estes derem até a parusía. [...] Na carta aos Tessalonicenses, de acordo com Gesché, a tribulação e o sofrimento da experiência cristã vinculam-se ao destino soteriológico (1 Ts 2, 12; Rm 8, 17; 8,18; Cl 3,4). Este autor também esclarece que a precariedade existencial se associa à experiência de filiação ao Pai, filiação que, na carta aos Romanos, é o grande mistério revelado e oculto desde toda a eternidade (Rm 3, 21-22 Rm 16, 25-26; ver Cl 1, 26; 2 Tm 1, 10; Tt 1, 3 e 2, 11). (BARREIRA, 2008, 261-262)



Soteriologia e Escatologia estão imbricadas por meio da temática do sofrimento no pensamento de Paulo apresentado aos tessalonicenses. Ao entender-se a dor humana — muito mais complexa no seu aspecto existencial-fundante do que no físico-circunstancial — por meio desses prismas, altera-se qualquer análise valorativa sobre uma suposta negatividade do sofrimento e vislumbra-se uma rica positividade nesse contexto.

A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que, mesmo no cumprimento da perfeita vontade de Deus, tiveram que passar por momentos angustiantes. O próprio Jesus é o perfeito exemplo sobre essa questão. O seu sofrimento em vários níveis (intenso, contínuo, episódico) e tipos (emocional, físico, espiritual) era um dos elementos inevitáveis no curso do pleno cumprimento do plano de Deus.

Sobre essa relação entre o cristão, Cristo e o sofrimento, declara-nos Dietrich Bonhoeffer:

Ser cristão não significa ser religioso de uma determinada maneira, tornar-se alguém (um pecador, um penitente ou um santo) com base em alguma metodologia, mas significa ser pessoa; Cristo não cria em nós um tipo de ser humano, mas o próprio ser humano. Não é o ato religioso que produz o cristão, mas a participação no sofrimento de Deus na vida mundana. Esta é a metanoia: não pensar primeiro nas próprias necessidades ou aflições, perguntas, pecados e medos, mas deixar-se arrastar para o caminho de Jesus, para dentro do evento messiânico... (BONHOEFFER, 2003, p.489)

Como bem argumenta o teólogo alemão, o sofrimento não é uma opção para o verdadeiro cristão, mas, antes, um fundamento condicionante de sua fé em Cristo Jesus. Não há Cristo sem cruz, assim como não há cristão sem o Cristo crucificado, e muito menos cristão sem a vivência existencial de Mateus 16.24.



No momento da dor, naturalmente, não conseguimos avaliar qualquer aspecto positivo nas tormentas da vida; contudo, após a vivência e superação de tais problemas, segundo a graça constante que nos concede Deus, somos capazes de reavaliar os acontecimentos e identificar a ação de Deus em tudo o que envolve nossa vida. É o que nos afirma os autores dos Salmos 118.18; 119.71, por exemplo; tal compreensão não está acessível a todos os indivíduos, mas apenas àqueles que, tendo sido provados, atravessam o processo avaliativo com louvor, isto é, são aprovados. Pois, após todo esse encadeamento de acontecimentos, certamente se colherão os devidos prêmios de tal amadurecimento (Tg 1.12). Tal tipo de contexto situacional é o que alguns comentadores chamarão de “sofrimento educativo”. A dor, a angústia e o medo — avaliados de modo bruto, apenas em si — são extremamente negativos; todavia, ao serem devidamente contextualizados e imersos num conjunto de acontecimentos patrocinados pela misericórdia de Deus, tornam-se absolutamente pedagógicos. Esta parece ser a virtude paulina a ser elogiada nesse contexto: a visão de conjunto (Rm 8.28).



Não foram as adversidades de Filipos que desestimularam Paulo, muito menos a intolerante recepção em Tessalônica. O apóstolo continuava firme e empolgado com a orientação dada por Deus.

II- Uma Prática Ministerial Centrada em Cristo nunca é Infrutífera



Diante desse quadro de adversidades que se estabeleceu, Paulo fez questão de registrar que sua ida aos tessalonicenses não foi em vão. Mais uma vez, se a análise da situação for feita a partir de elementos humanos, os resultados da viagem da equipe missionária à Tessalônica foram pífios e inúteis: a presença apostólica na cidade foi de apenas alguns meses — talvez, meramente, de semanas; não houve tempo para a consolidação da fé daqueles irmãos, além de restarem numerosas dúvidas no processo do discipulado, etc.



A avaliação, contudo, deve ser feita segundo o critério da fé. Por isso, os instrumentos de mensuração e classificação são completamente outros; desse modo, Paulo pode alegremente afirmar para aqueles irmãos: a presença entre os tessalonicenses não foi inútil (v. 1). Conforme nos declara Glubish:



... [kenos]. Onde quer que Paulo ministrasse, não importando aquilo que fizesse, tudo deveria ser avaliado de acordo com uma medida de serviço: Trabalhei arduamente para Jesus? Fui fiel? Cumpri o meu dever? Como um servo obediente de Cristo, trabalhou com todo o seu coração (Cl 3-23). Os convertidos foram o fruto de seu trabalho, que provou que ele não correu nem labutou em vão [kenos] (Fp 2.16). Paulo está confiante no sucesso de sua visita a Tessalônica... (GLUBISH, 2006, p. 1372)

Elege-se o serviço como instrumento de medida ministerial. Segundo tal critério, o apóstolo pode ficar confortável quanto a sua avaliação, pois, sabendo ele o quanto se doou, sua auto avaliação ocorrerá de modo mais claro e objetivo. Quando se trata da apreciação sobre determinado conjunto de ações ministeriais, os resultados quantificáveis são, na maior parte dos casos, menos relevantes que a repercussão espiritual, não enumerável, do que se realizou.



Se os inimigos da sinagoga judaica estabelecida em Tessalônica tinham dúvidas sobre o que estava sendo feito por intermédio de Paulo e de sua equipe ministerial, não se estabelecera nenhuma incerteza no coração do apóstolo, mas, antes, uma pacificadora convicção de que aquilo que poderia ser feito — segundo as limitações daquele contexto — foi realizado. Em Cristo, nada que fazemos é em vão.

O objetivo de Paulo em Tessalônica não é simplesmente compartilhar uma mensagem ou apresentar àquela população mais uma religião dentre tantas outras que já havia naquela cidade. O apóstolo estava convicto em desenvolver relacionamentos, compartilhar as verdades profundas do próprio eu; mercenários interessados apenas no enriquecimento pessoal são incapazes de ter atitudes assim. O padrão de liderança neotestamentário estabelecido por Paulo em Tessalônica é este: deseja-se tão afetuosamente a felicidade do outro que, para tanto, o doar-se completamente, assim como fez o próprio Cristo, é algo natural.



Conclusão



Nossa vocação divina não visa à obtenção de objetivos pessoais ou financeiros, mas, sim, o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais sadios e edificantes mutuamente, por meio dos quais possamos glorificar a Deus muito mais pelo que somos do que por qualquer tipo de obra que façamos. O princípio jesuânico da plena doação de si vivenciado por Paulo em Tessalônica deve ser o fundamento de nossa prática ministerial cotidiana. Não temos mais nada a perder; podemos doar-nos por completo, pois somos absolutamente de Deus.

*Este subsídio foi adaptado de BRAZIL, Thiago. A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.



Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno

Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens



Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 02 - 2º Trimestre 2018 - A Alegria Pela Nova Vida em Cristo - Jovens.


Lição 2 - A Alegria pela nova vida em Cristo

2º trimestre de 2018

Introdução

I-Paulo e os tessalonicenses: um líder e seus amigos

II-Quais as características desta igreja que Paulo ama?

III-A Nova Vida em Cristo e seus Feitos

Conclusão 

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos: 

Refletir a respeito dos benefícios de uma liderança afetuosa;

Apresentar as características da igreja em Tessalônica;

Discutir a respeito da nova vida em Cristo e suas características.

Palavras-chave: Alegria.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

O capítulo inicial de 1 Tessalonicenses pode ser naturalmente subdividido em três temáticas centrais: 1) Palavras de gratidão de Paulo. Gratidão pela vida dos cristãos em Tessalônica, pela preservação da fé destes, mesmo em meio a uma situação adversa complexa, e pelo desenvolvimento espiritual daqueles irmãos; 2) Um emocionado testemunho do apóstolo sobre a fé contagiante dos tessalonicenses. O cristianismo apregoado por Paulo e praticado pelos tessalonicenses constituiu-se como o fundamento de uma prática de vida restaurada e inspiradora; e 3) Uma síntese daquilo que Paulo compreende como natureza, desenvolvimento e finalidade do evangelho. Ao final desse primeiro capítulo de 1 Tessalonicenses, o apóstolo apresenta os elementos constitutivos do evangelho que se tornou fundamento de fé para aqueles cristãos. Analisemos, assim, pormenorizadamente, cada um desses aspectos do capítulo introdutório da epístola. O capítulo inicial de 1 Tessalonicenses pode ser naturalmente subdividido em três temáticas centrais: 1) Palavras de gratidão de Paulo. Gratidão pela vida dos cristãos em Tessalônica, pela preservação da fé destes, mesmo em meio a uma situação adversa complexa, e pelo desenvolvimento espiritual daqueles irmãos; 2) Um emocionado testemunho do apóstolo sobre a fé contagiante dos tessalonicenses. O cristianismo apregoado por Paulo e praticado pelos tessalonicenses constituiu-se como o fundamento de uma prática de vida restaurada e inspiradora; e 3) Uma síntese daquilo que Paulo compreende como natureza, desenvolvimento e finalidade do evangelho. Ao final desse primeiro capítulo de 1 Tessalonicenses, o apóstolo apresenta os elementos constitutivos do evangelho que se tornou fundamento de fé para aqueles cristãos. Analisemos, assim, pormenorizadamente, cada um desses aspectos do capítulo introdutório da epístola.



O Cristianismo como Amor Fraterno: A Saudade de Paulo e dos Tessalonicenses



Há uma característica no ministério paulino que, já aqui no seu primeiro texto epistolar, sobressai-se de maneira bastante destacada: Paulo é muito mais que um pregador itinerante — figura tão comum no ambiente religioso daquela época, muito em função de uma compreensão apocalíptica daquele contexto histórico que influenciava, inclusive, o judaísmo da época 1 —, ele era um plantador de igrejas, um pastor 2.

O comprometimento de alguém com tal vocação com as pessoas para quem o evangelho é anunciado é algo muito forte. Não basta apregoar, não é suficiente demonstrar a razoabilidade do discurso que se anuncia; é necessário mais. O comprometimento de Paulo com as comunidades que pastoreou e, em especial, Tessalônica, por ser objeto de nossa análise, envolve dedicação pessoal, atenção, acompanhamento, mentoria — em suma, discipulado.



O cristianismo que Paulo apregoa àqueles irmãos não teria sentido algum se não fosse vivenciado em práticas efetivas, que resultassem em efeitos reais tanto na vida dos cristãos em Tessalônica como do próprio apóstolo. É por isso que as epístolas aos tessalonicenses podem ser lidas a partir de conceitos como, por exemplo, o anelo pela vida em comunidade ou a confiança mútua que foi estabelecida nos vários tipos e níveis de relacionamentos que são identificados nos textos — Deus para com Paulo/Paulo para com Deus; Paulo para com os membros de sua equipe missionária (Silvano e Timóteo)/Os auxiliares de Paulo e o apóstolo; Deus e os tessalonicenses/Os tessalonicenses e Deus; Paulo e os tessalonicenses/os tessalonicenses e Paulo; os tessalonicenses e os auxiliares de Paulo/Os auxiliares de Paulo e os Tessalonicenses.



É bem verdade, como veremos capítulos a frente, que alguns relacionamentos não estavam desenvolvendo-se bem em Tessalônica; todavia, esse detalhe aponta, inclusive, para a centralidade dos conceitos de comunhão, comunidade e fé mútua nas epístolas aos Tessalonicenses.



Paulo, ao referir-se a elementos básicos da fé compartilhada com os tessalonicenses, utiliza-se exaustivamente do plural — não porque esteja em busca de auto gloriar-se por meio do uso de um plural majestático —, pois, em Tessalônica, a experiência primitiva de Atos 2.44-46 estava sendo novamente vivida.



Entre os tessalonicenses, Jesus Cristo é nosso — nunca egoisticamente meu (1 Ts 1.3;2.19; 3.11,13; 5.9,23,28); o Deus adorado também é de todos — bem diferente das divindades mistéricas da religião greco-romana (2.2; 3.9,11,13); o evangelho não é objeto de posse exclusiva de ninguém e também é nosso (1.5); depois de anunciado o evangelho, a salvação iguala a todos; por isso, Paulo pode falar sobre verdades espirituais sempre no plural (5.5,8,10); o trabalho realizado para o Reino é de uma equipe para uma coletividade, jamais apenas de um indivíduo para outro indivíduo (2.13; 3.5); o maravilhoso resultado espiritual obtido nunca é propriedade de alguém, mas sempre um bem da comunidade (2.19,20); até os acontecimentos escatológicos que a Igreja presenciará serão numa vivência coletiva (4.15).



Paulo lembrava-se do esforço amoroso — “τοῦ κόπου τῆς ἀγάπης” — que havia entre os tessalonicenses (1.3). Ele era sofredor e estava disposto a enfrentar os revezes da vida para testemunhar o novo que Deus estava trazendo àquela comunidade. Não é possível seguir a Deus sem a consciência de que, diante das situações adversas, devemos vencer mediante o amor de Deus derramado em nossos corações.



Deve-se notar que, em 1 Tessalonicenses 1.3, tem-se a primeira menção das três virtudes teologais — fé, esperança e amor —, tão comuns nos textos paulinos. Sobre a tradução e interpretação desse versículo, o mesmo Hendriksen traz-nos um extenso, porém enriquecedor comentário:



As principais teorias estão melhor representadas pelas várias traduções que têm sido sugeridas, das quais, apresentamos três:

“Lembrando sem cessar” (ou outra frase semelhante):

(1) “sua obra de fé

E labor de amor

E paciência de esperança.”

Rejeita-se esta tradução pela simples razão de fazer pouco ou nenhum sentido. O que é mesmo uma “paciência de esperança”?

(2) “sua obra, isto é, fé

E labor, isto é, amor

E paciência, isto é, esperança.”

Além de haver objeções doutrinárias, rejeitamos esta porque, embora seja gramaticalmente possível, dificilmente pode ser julgada fiel à ênfase paulina. Também, o conceito “paciência, isto é, esperança”, é difícil.

(3) “sua fé atuante

E amor diligente

E esperança tenaz.”

Mas a ênfase aqui é colocada onde não deveria estar, pelo original. As palavras enfatizadas no original não são a fé, o amor e a esperança, e sim, trabalho, esforço (ou labor) e firmeza. A nosso ver, a construção gramatical da locução é a seguinte: Os substantivos “operosidade, diligência e firmeza” estão no genitivo objetivo e servem para completar o verbo “tendo em mente”. Portanto, a palavra sua modifica as três: sua operosidade, sua diligência, sua firmeza. Cada um desses substantivos tem um modificador no genitivo (sentido de posse). A ideia aqui é que a obra é decididamente uma obra de fé, isto é, uma obra que surge da fé, é realizada pela fé e revela fé. Não fosse a presença da fé viva, essa obra não estaria em evidência. E assim ocorre com os outros modificadores: o esforço é motivado pelo amor (e revela) amor: e a firmeza é inspirada pela esperança (e evidencia) esperança. (HENDRIKSEN, 2008, p.60)

Defendendo uma compreensão oposta a de Hendriksen, Staab afirma que:



Os primeiros frutos [dos tessalonicenses] são a fé, o amor e a esperança, que, entre os fiéis de Tessalônica, não são apenas um sentimento interior, senão uma força que penetra e preenche inteiramente suas vidas. Paulo fala da “atividade” da fé, do “esforço” do amor e da “constância” da esperança. Três termos que expressam certa gradação ascendente, como a que se dá entre as três virtudes mencionadas. A fé não chega a converter-se em força ativa senão pelo amor (Gl 5.6), e este não alcança seu fim próprio enquanto a esperança não tenha a suficiente vitalidade para poder traduzir-se em constância, resignação e confiança. (STAAB, p. 23)



Os argumentos de Staab parecem-nos mais coerentes como possibilidade de tradução e compreensão hermenêutica do que os de Hendriksen, em face de sua maior integralidade com aquilo que seria um pensamento paulino como um todo. Como se dará nos outros textos de Paulo, em que as três virtudes aparecem juntas, a ênfase conceitual dá-se nestas; sendo que as expressões adjuntas servem para qualificá-las.



A hipótese interpretativa de Staab assemelha-se muito a de Tomás de Aquino (1225–74) (2015, p.34), que, em seu comentário às epístolas aos tessalonicenses, argumenta que Paulo vê na igreja em Tessalônica uma fé operosa, um amor sofredor e uma esperança constante.



Duas naturais contra-argumentações que se podem apresentar a essa hipótese é a de que, em 1 Tessalonicenses, o pensamento paulino ainda está em contínua construção; logo, relacionar o que se afirma nesse momento do ministério de Paulo com todo o corpus paulinum seria uma inferência impossível de sustentar. Outro argumento, um tanto quanto mais radical, porém não menos plausível para alguns especialistas, é a defesa de que todo esforço de sistematização do pensamento de Paulo é uma operação completamente artificial, uma vez que cada texto tem seu contexto específico e natureza própria, não podendo, assim, haver qualquer tipo de hierarquização, interpolação conceitual ou mesmo qualquer tipo de apropriação semântica intertextual entre os textos paulinos contidos no Novo Testamento 3.



Os Tessalonicenses como Imitadores de Paulo e Exemplo dos Fiéis



Este caráter positivo do elemento mimético, imitativo, do cristianismo é um conceito extraído da cultura helênica e, depois, ressignificado por Paulo 4. A imitação entre os gregos e romanos tinha uma natureza absolutamente limitada, circunscrita apenas ao entretenimento ou a não criticidade. É por isso que, na Antiguidade greco-romana, há um esforço para separar a produção de conhecimento que se propaga por meio da imitação daquela que se fundamenta na reflexão 5.



O μιμητής, o imitador, é o ator que, de maneira representativa, finge ser quem ele não é. Tal natureza da mímesis pode ser exemplificada pelo uso obrigatório de máscaras nas encenações teatrais no mundo antigo. Dessa forma, o imitador, que também pode ser denominado no contexto helênico de “impostor”, é alguém que, diante da coletividade, simula uma performance social alheia a sua, um padrão comportamental alternativo ao que, de fato, ele advoga; enfim, ele utiliza-se de máscaras para esconder quem, de fato, ele é.



Para Paulo, entretanto, a natureza mimética do discipulado tem uma finalidade completamente diferente, uma vez que o objetivo da imitação em sua concepção evangelística é conduzir os novos cristãos a um nível de espiritualidade que transcenda a simples adesão intelectual e atinja uma práxis transformadora da realidade. Nas palavras de Claro:

Em Paulo, não existe uma separação entre o Evangelho que proclama e a sua própria vida, oferecendo-se como paradigma a seguir para os Tessalonicenses. Como por exemplo, tal como ele, eles devem ganhar a sua própria vida (cf. 1 Ts 2,9; 4,10-12;5,14). A imitação está por isso estreitamente ligada ao acolhimento do Evangelho (1 Ts 1, 6) e não redunda simplesmente na vontade de imitar, mas acontece nas ações, como adiante explicitará em 1 Ts 2, 14. Usando um estilo parenético, Paulo apresenta-se como paradigma, modelo moral a imitar, pois palavras e obras estão incindivelmente unidas... (CLARO, 2017, p.58)

Como se pode perceber, a imitatio pauli tem como objetivo comunicar aos tessalonicenses um padrão de vida que se identifique com Cristo — pois, se o Mestre sofreu e foi perseguido, não há como o destino dos discípulos ser diferente. Ao contrário do que os críticos contemporâneos pretendem afirmar, a imitação na teologia de Paulo é um exercício de depotencialização, por meio do qual cada cristão deve assumir sua natureza frágil em si mesma, porém restaurada e fortalecida pela graça de Deus Pai.



Na verdade, o padrão não é Paulo, mas Cristo (Ef 5.1). Ao invés de um discurso hierarquizante, por meio do qual o apóstolo pudesse ascender a um nível não acessível aos demais indivíduos, aqui em 1 Tessalonicenses — assim como em outros escritos paulinos —, encontramos um Paulo que se identifica com as pessoas, com seus sofrimentos e agruras cotidianas, convidando-as a um padrão de vida pautado na simplicidade, alegria e piedade a Deus.

O Testemunho de Paulo, a Conversão dos Tessalonicenses e a Esperança da Parusia



A parte final dessa perícope (1 Ts 1.2-10) termina com um resumo da operação do evangelho entre os tessalonicenses. Foi um movimento que apontou para o testemunho externo das cidades circunvizinhas, as convicções internas da nova igreja que a levou a romper com a ordem idolátrica vigente e as promessas futuras oriundas do evangelho anunciado. Os versículos 9 e 10 subdividem-se assim, naturalmente, em três partes:



a) O testemunho da população de toda a Macedônia e Acaia sobre a eficácia da evangelização de Paulo e sua equipe entre os tessalonicenses. Os acontecimentos em Tessalônica tornam-se notórios para além dos limites da própria cidade. A repercussão sobre os efeitos do poder transformador do evangelho comove as cidades circunvizinhas. Essa informação apresentada por Paulo corrobora a tese de que os acontecimentos entre os tessalonicenses foram divinamente guiados, a ponto de inspirar as igrejas vizinhas a manter o mesmo nível de perseverança e alegria no evangelho que aquela recém-fundada igreja desfrutava.



b) O testemunho de Paulo sobre como a conversão dos tessalonicenses foi algo genuíno. Como já sabemos, o contexto cultural dos tessalonicenses expunha-os a um panteão, literalmente, de deuses; as várias opções de divindades e os cultos das mais diversas naturezas impunham-se como um elemento de obstáculo ao estabelecimento de uma fé genuinamente cristã. Todavia, a experiência de salvação dos tessalonicenses foi algo tão profundo que — tal como ocorreu com os efésios (ver At 19.19) — eles resolveram abandonar publicamente a idolatria e declarar exclusivamente Jesus como Senhor. A decisão dos tessalonicenses torna-se mais radical ainda quando lembramos que o culto ao imperador romano era uma prática corriqueira e quase que imposta naquela sociedade.

Como nos afirma Green:



Os tessalonicenses haviam abraçado o evangelho anti-imperial e estavam sofrendo por sua lealdade ao “outro rei” chamado “Jesus”. Em sua correspondência com eles Paulo chama a mensagem que lhes havia pregado de εὐαγγέλιον, palavra que comumente traduzimos por “boas novas” ou “evangelho”. Naquele contexto de então este substantivo e verbo afim εὐαγγελίζομαι se usavam em referência a notícias de vitórias em guerras, as palavras de um oráculo ou as boas novas de uma boda. [...] Em Tessalônica, cidade que celebrava o poder imperial no seu templo dedicado a Júlio César e o “filho de deus” Augusto, εὐαγγέλιον soava nos ouvidos dos habitantes como as “boas novas” do culto imperial que exaltava o imperador como soberano, mas também como deus e salvador. (GREEN, 2007, p.10,11)

O rompimento dos tessalonicenses com a ordem religiosa vigente obviamente desencadeou uma série de perseguições sobre aquela jovem comunidade; porém, nem mesmo essa oposição popular e institucional que se arremeteu contra os tessalonicenses fizeram com que se desviassem do foco de servir ao Senhor Jesus apregoado por Paulo.

c) O anúncio das promessas vindouras. Diante da inspiradora experiência de fé dos tessalonicenses, Paulo anuncia a maravilhosa obra da salvação. De maneira sintética, porém extremamente rica, o apóstolo esclarece aos novos irmãos as verdades profundas acerca da salvação em Cristo, nas palavras de Marques:



Pela confiança em Deus e no Seu Filho, a perspectiva histórica dos tessalonicenses se muda: seu passado, presente e futuro se explicam pela adesão à fé. O passado dos ídolos não voltará mais, o presente é a doce experiência da profunda transformação que se alimenta pela caridade ensinada pelo mesmo Deus. E o futuro é aguardado com a serenidade de quem encontrará no juiz escatológico um Pai amoroso que recria, acalenta, exorta, encoraja e instrui para a perseverança final, tendo ao lado o Filho como advogado eficaz. (MARQUES, 2009, p. 37)



Já aqui no primeiro capítulo, a temática das últimas coisas começa a ser abordada. A promessa aqui anunciada é que a “ira futura” — compreendida como condenação eterna — não atingirá os filhos de Deus, ainda que a “ira presente”, que se manifesta por meio da violência e perseguição do império romano, esteja assolando a igreja local.



A realidade dos tessalonicenses era muito dura; falsas promessas apenas angustiariam o coração daqueles irmãos já tão sofridos; era necessário tirar-lhes o foco da tribulação presente para lembrá-los do sacrifício de Cristo, já oferecido cerca de 20 ou 30 anos atrás no calvário, e apontar-lhes o futuro de eterna paz que os espera na glória vindoura. Diante das múltiplas temáticas presentes neste primeiro capítulo, pode-se perceber a riqueza do texto paulino, que consegue ser simultaneamente simples e animador em sua leitura, porém profundo e brilhante.

*Este subsídio foi adaptado de BRAZIL, Thiago. A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 27-36.



Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno

Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens



1 Vide, SOUZA, 2012, p.149,150. 1Vide, SOUZA, 2012, p.149,150.

2 Conforme Thiselton (2011, p.24), essa característica marcante do ministério de Paulo pode justificar todo o cuidado e alegria para com aquela comunidade.

3 Essa é a hipótese defendida por Marques (2009, p.12), assim como por teólogos como Alain Gignac (1996), Carriker (2000), dentre outros.  É claro que, para alguns críticos, como aponta Thiselton (2011, p.25), essa apropriação paulina do termo μιμέομαι (imitar), que, aqui em 1 Tessalonicenses, é apresentada como uma prática de exercício de poder, em outros contextos, ela será parte de uma exortação a ser seguida de modo imperativo (1 Co 4.16; Fp 3.17; II Ts 3.9). Dentre os autores que apresentam essa crítica ao modelo imitativo de liderança de Paulo, estão CASTELLI, E. A. Imitating Paul: A Discourse of Power. Louisville, KY: Westminster/John Knox Press, 1991; e BURKE, T. J. Family Matters: A Socio-Historical Study of Kinship. Metaphors in 1 Thessalonians. New York: T&T Clark International, 2003.  Deve-se ressaltar, todavia, que, quanto ao aspecto da religiosidade greco-romana, há registros de orientações de caráter mimético extremamente similares às de Paulo. Vide PLUTARCO. Obras Moraise de Costumes; e EPITETO. Fragmentos.



Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 01 - 2º Trimestre 2018 - Introdução às Cartas aos Tessalonicenses - Jovens.


Lição 1 - Introdução às cartas aos Tessalonicenses

2º Trimestre de 2018.

Introdução

I-Sobre Relacionamentos que edificam

II-Primeira Carta aos Tessalonicenses

III-Segunda Carta aos Tessalonicenses

Conclusão

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Demonstrar que a Igreja pode e deve ser um ambiente de relacionamentos saudáveis;

Apresentar e discutir as Epístolas de 1 e 2 Tessalonicenses;

Comparar o conteúdo, estrutura e finalidade de 1 e 2 Tessalonicenses.

Palavra-chave: Ressurreição.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:



“Estudar analiticamente um texto bíblico do Novo Testamento é sempre um enorme desafio por vários motivos. Em primeiro lugar, porque estamos cronologicamente distantes quase 2 mil anos de seu momento autoral; por isso, o peso do estranhamento das práticas culturais, litúrgicas e sociais torna-se mais evidente ainda durante a leitura deste. Temos ainda que lidar com as especificidades linguísticas — pois o NT foi todo escrito numa versão popular de um idioma antigo, o grego — que desembocam também em enormes desafios para a compreensão literária da obra.

Lembremo-nos ainda que, no caso das epístolas aos tessalonicenses, não estamos diante de apenas um texto, mas, sim, de duas composições diferentes — apesar de ambas as correspondências serem, provavelmente, de um mesmo autor e para uma mesma comunidade. Desse modo, seria absolutamente incoerente utilizar-se de um mesmo conjunto de pressupostos teóricos para fundamentar a análise dessas duas obras sem qualquer tipo de distinção entre as mesmas.

Deve-se ainda levar em conta que os textos aos quais nos propomos a discutir nas páginas a seguir são literatura do corpus paulinus. Para tanto, faz-se necessário uma compreensão, mínima que seja, das particularidades do pensamento do apóstolo dos gentios, de modo especial, no início de sua produção epistolar. Pelo menos 1 Tessalonicenses, se é que não se pode dizer o mesmo de 2 Tessalonicenses, é uma amostra histórico-literária de uma genuína produção teológica paulina.

Sim, esse é outro desafio no estudo das epístolas aos tessalonicenses: estas são produções literárias antigas, sendo uma delas considerada o mais antigo texto neotestamentário presente no cânon bíblico. O que isso implica na análise do texto? Dentre as possibilidades concebíveis de serem apresentadas, estão, por exemplo: a escrita paulina nas epístolas aos tessalonicenses — por ser a manifestação de um pensamento teológico em construção — está desprovida de uma série de conceitos-chave abundantemente presentes em outros textos do apóstolo, tais como justificação, a humanidade de Cristo, a contraposição entre lei e graça, etc.

Há, por outro lado, temáticas centrais que, como demonstram os textos, já estão presentes na gênese da teologia paulina: o Dia do Senhor, redenção, santificação. Outras questões, como, por exemplo, a natureza kerigmática da pregação e o debate sobre a kenosis do Senhor Jesus estão presentes nessas epístolas, ainda que introdutoriamente se possa citar que, já em 1 Tessalonicenses, Jesus é reconhecido como o Senhor, o kyrios da Igreja.

Por fim, outra questão extremamente importante de considerarmos é o fato de que a produção epistolar é uma prática social bastante comum naquele contexto histórico; tal informação deve levar-nos a reconhecer a qualidade do relacionamento entre Paulo e aquela comunidade.

O que lemos em 1 e 2 Tessalonicenses não é uma produção literária que se propôs a ser canônica já na sua origem — até porque, como bem sabemos, o processo de reconhecimento canônico dos textos contidos no Novo Testamento deu-se num momento histórico posterior1 e segundo regras que estavam alheias ao conhecimento de Paulo2.Conforme afirma-nos Tenney:



O verdadeiro critério da canonicidade é a inspiração. [...] (2 Tm 3.16,17). Por outras palavras, aquilo que foi dado por inspiração de Deus era escriturístico, e o que não veio por inspiração de Deus não era escriturístico, se “Escrituras” significarem o registro escrito da Palavra de Deus revestida de autoridade. Se este critério for adotado como definitivo, há que responder a próxima pergunta: “Como se demonstra a inspiração?” Os livros do novo testamento não começam todos com a afirmação de que foram inspirados por Deus. Alguns relacionam-se com assuntos muito vulgares, outros contém enigmas históricos, literários e teológicos que só com dificuldade podem ser resolvidos. Será possível demonstrar a sua inspiração a contento de todos? A resposta a este problema é tripla. Primeiro, a inspiração destes documentos pode ser apoiada por seu conteúdo intrínseco. Segundo, essa inspiração pode ser corroborada pelo seu efeito moral. Finalmente, o testemunho histórico da Igreja Cristã mostrará o valor que era dado a esses livros, se bem que a Igreja não fizesse com que eles fossem inspirados ou canônicos. (TENNEY, 208, p. 428,429).



É importante reconhecer que a autenticação do caráter canônico de um texto constituiu-se na coletividade, por seu uso comunitário e popularidade entre os cristãos; tais fatos são tão verdadeiros que, durante muito tempo, se discutiu a canonicidade de textos como a Didaché, Apocalipse de Enoque, Evangelho de Tomé. O contrário também deve ser considerado, como, por exemplo, as fortes críticas apresentadas por Martinho Lutero (1483–1546), em pleno século XVI, à presença da Carta de Tiago no Corpus neotestamentário. Sobre esse contexto, afirma-nos Cullmann:

De uma maneira geral, o cânone do Novo Testamento não se formou, como se poderia supor, por adição, mas por eliminação. Ainda no início do século II, foram redigidos não somente evangelhos apócrifos e atos dos apóstolos, mas também um grande número de outros escritos cristãos (como os escritos dos Pais Apostólicos). Esses, mesmo que não pretendessem remontar às origens, não tinham, em princípio, uma autoridade inferior àquela dos escritos que hoje fazem parte do Novo Testamento. (CULLMANN, 2015, p. 90).

Para deixar claro que esses conflitos com relação à construção de um cânon não é um problema exclusivo do cristianismo, pode-se citar o fato de que o conjunto de livros do Antigo Testamento, como conhecemos hoje, só foi “canonizado” pela comunidade judaica por volta do século III d.C (Moura, 2013).

Se 1 e 2 Tessalonicenses são textos sagrados, agora os compreendendo para além da questão histórico-crítica da canonicidade e muito mais próximo de uma concepção devocional das epístolas, isso se deve ao fato de que Paulo, ao escrever àqueles irmãos, não fez isso de modo institucional ou religioso, mas, sim, de maneira amorosa e fundamentalmente cristã. Não se tratava de um técnico de assuntos religiosos transmitindo ordens a um grupo de iniciados, mas, sim, de um líder, um amigo, um pastor, que pacientemente ensina um grupo de novos convertidos a como proceder diante de dúvidas e questões que afligiam o cotidiano daquela comunidade.



Características Gerais de Tessalônica



Fundada pelo general macedônio Cassandro no século IV a.C, a partir da reunião de 26 províncias existentes, Tessalônica foi assim denominada em homenagem à esposa deste monarca que se chamava de Thessaloniki3. A geografia da região fez com que Tessalônica rapidamente se destacasse como cidade portuária, tornando-a extremamente importante do ponto de vista comercial para a região da Macedônia. Consequentemente, foram desenvolvidas diversas rotas comerciais e militares; com destaque a Via Egnácia — estrada construída pelo Império Romano para a interligação das províncias da Macedônia, do Ilírico e da Trácia. Ainda sobre as informações geográficas de Tessalônica, informa-nos Claro:

A par desta privilegiada localização, o mérito de Tessalônica era potenciado pela excelência de recursos naturais de toda a província: solos férteis e suficientemente irrigados, que aliados a épocas estivais quentes e invernias severas, favorecia o cultivo de grão e frutos continentais, bem como proporcionava pastagens abundantes aptas à atividade pastoril. Em volta da cidade, as montanhas ofereciam a madeira necessária à edificação de habitações e à construção de embarcações. Não seria de estranhar que a atividade pesqueira tivesse larga predominância dada a localização na orla costeira e a presença de rios e lagos por toda a província. O subsolo oferecia a exploração de minerais nobres como o ouro, a prata e o cobre, bem como o ferro e o chumbo. (CLARO, 2017, 11 e 12.).

Na tentativa de desvincular-se do poder de Roma, a província da Macedônia como um todo se revoltou contra Roma em três episódios distintos (214–205 a.C; 200–197 a.C; e 171–168 a.C), sendo subjugada todas as vezes. Com as reformulações implantadas para manutenção da política imperialista de Roma, Tessalônica passou a ser a capital da província da Macedônia a partir de 146 a.C. A partir de 42 d.C., Tessalônica torna-se sede de residência do procônsul romano, ganhando, assim, status de cidade-livre sem nunca, todavia, ser de fato. Sobre a população tessalonicense, Trimaille e Darrical defendem que:

A população de Tessalônica não era homogênea, a colonização romana havia trazido famílias itálicas, juntaram-se também os orientais, atraídos pela esperança de fazer fortuna (sírios, egípcios e judeus). Paulo encontrou ali uma sinagoga, testemunho de uma melhor implantação judaica em Tessalônica que em outros lugares. [...] Esse caráter cosmopolita da população havia feito proliferar os cultos e as divindades. Várias inscrições que se conservaram nos antigos monumentos demonstram que ali se veneravam pelo menos vinte divindades. Convém recordar que [...] Dioniso era especialmente honrado em Tessalônica, o qual tem sua importância para situar certas exortações em 1 Ts, isto porque este culto cristalizava, mais que os outros, as esperanças de uma vida futura (cf 5.1-11). (TRIMAILLE, 1982, p.3,4).



Atualmente, Salônica, a moderna Tessalônica, é uma importante cidade grega, destacando-se como forte centro universitário e industrial. Pensemos, então, pormenorizadamente, a partir desse ponto, sobre os aspectos gerais de cada uma das epístolas aos tessalonicenses, ressaltando as características em comum, mas também as especificidades de cada um dos textos.

I – Sobre Relacionamentos que Edificam



Neste momento introdutório, dentre as várias análises possíveis de serem feitas com relação à 1 Tessalonicenses, optar-se-á por concentrar-se num aspecto referente à obra: o relacionamento entre Paulo e aquela comunidade. Como se demonstrará ao longo deste comentário, apesar de não ter vivido um longo período de tempo naquela cidade — e, por isso, ter conseguido ampliar de maneira pormenorizada os laços com os tessalonicenses — Paulo nutria uma enorme consideração por aqueles irmãos.

Pode-se fundamentar tal afirmação a partir do seguinte argumento: tendo o apóstolo já realizado sua primeira viagem missionária — onde visitou, pregou e fundou pelo menos seis comunidades cristãs, as quais foram fortalecidas ainda no retorno antes do fim da viagem — e tendo anunciado o evangelho em outras cidades já na segunda viagem missionária, é para Tessalônica que Paulo endereça sua primeira carta.

Como defende Trimaille (1982, p. 13), há, nesse momento do ministério paulino, uma forte ênfase na necessidade de vida em coletividade. Só há cristianismo em comunidade; daí, a necessidade de obter notícias daqueles irmãos e do andamento da vida de fé dos mesmos.

Durante a segunda viagem missionária de Paulo, especialmente durante sua estada na Macedônia, a qual se fez por meio de uma inequívoca revelação divina, estabeleceu-se — pelo menos, é o que entendemos por meio da narrativa de Lucas — uma lógica para a implantação de igrejas: a) Anúncio do evangelho; b) Fundação da igreja; c) Forte perseguição dos judeus; d) Saída abrupta. Essa “lógica” por ser exemplificada com os casos de Filipos, Tessalônica e Bereia.

Por tudo o que aconteceu na fundação da igreja em Tessalônica — perseguição, oposição, acusação —, o coração pastoral de Paulo preocupava-se enormemente com a possibilidade do fracasso espiritual daquela comunidade; porém, qual não foi a surpresa do apóstolo ao receber notícias de que aquela neófita comunidade ia bem. Nada, nem mesmo os problemas sociais ou as recentes heresias, conseguem calar a alegria de Paulo, a qual transborda em cada linha desta amistosa carta.

Assume-se, assim, uma chave hermenêutica para a leitura de 1 Tessalonicenses, que advoga a experiência da fé mútua, da confiança em Deus, mas também uns nos outros, como elemento central desta análise. Concordamos com Marques quando ele afirma que:

Tendo em mente o profundo significado que a Morte e Ressurreição e Parusia de Cristo adquirem no Evangelho de Paulo, este estudo é uma leitura de 1Ts sob o viés da confiança mútua entre os personagens por ela envolvidos. É pela confiança em Paulo, Silvano e Timóteo que os tessalonicenses confiam primeiro no Deus vivo e Verdadeiro em quem eles creem e a quem confiam suas existências. Neste Deus Vivo e Verdadeiro os tessalonicenses passam a crer com convicção a ponto de abandonarem seus ídolos (1Ts 1,9), e mais ainda, creem no Senhor Jesus, que em sua Parusia virá libertá-los da ira futura do juízo final (1Ts 1,10). O comprometimento dos tessalonicenses com o Deus Vivo e Verdadeiro não poderia acontecer antes que os tessalonicenses tivessem conhecido Paulo e seus colaboradores, Silvano e Timóteo. Os tessalonicenses observaram seus evangelizadores: eles eram modelos de uma confiança inabalável em Deus. Por outro lado, Deus mesmo mostrava sua confiança em Paulo e seus auxiliares, porque por meio deles Deus realizou uma obra que homem algum realizara antes em favor dos tessalonicenses. Por fim, convertidos, os tessalonicenses imitam seus evangelizadores e se tornam, também eles, evangelizadores da Macedônia e da Acaia (1Ts 1,4-10). (MARQUES, 2009, p. 15,16).



1 Tessalonicenses não é um texto institucional, burocrático-religioso; esta primeira Escritura é uma manifestação histórico-cultural da simplicidade do evangelho que se vivia naquele contexto de cristianismo primitivo. A espontaneidade com que Paulo dirige-se àquela comunidade identifica com clareza a natureza desinstitucionalizada das relações cristãs em Tessalônica. Para alguns, como defende Luckensmeyer (2009, p.1) e Claro (2017), por exemplo, isso seria o resultado de uma forte influência da filosofia helenística em 1 Tessalonicenses, o que não é tão evidente em outras epístolas paulinas que são posteriores, tanto pelo contexto histórico como pelas evidências textuais. Segundo essa hipótese, a necessidade de cuidado e proximidade de Paulo com aqueles irmãos justificou-se pela necessidade de superar uma série de práticas idólatras que estavam diretamente associadas a vivências do cotidiano da comunidade.

Um exemplo clássico da relação entre o cuidado de Paulo com os tessalonicenses e a questão da cultura helenística pode ser identificado na reticente abordagem da questão da ressurreição. Diante da variedade de cultos a divindades, entre os quais ao egípcio Osíris e ao grego Dioniso, a questão da ressurreição necessitava ser apregoada a partir de uma perspectiva cristã — inclusive para superar o materialismo estoico e o indiferentismo epicureu, que predominava entre os atenienses ali bem próximo de Tessalônica.

Por isso, Claro defende que:

[...] na comunidade de Tessalônica, a principal questão que suscitava interpelação e dúvida não era tanto como seriam ressuscitados os cristãos, mas fundamentalmente, como os vivos e os mortos tomariam parte no evento escatológico. Por sua vez, Paulo não pretende explicar a transformação dos corpos dos cristãos operada por tal evento (cf. 1Cor 15, 51-52; Fl 3, 20-21), antes a sequência dos momentos escatológicos, de forma a elucidar que os mortos ressuscitarão em primeiro lugar de maneira a tomarem parte da parusia de Cristo. (CLARO, 2017, p. 83).

As dúvidas dos tessalonicenses, segundo essa argumentação, não se concentravam no conceito da ressurreição — diferentemente daquilo que Paulo enfrentará em Atenas —, mas na maneira como se dará o Dia do Senhor. Acreditar que mortos reviveriam era algo presente no mundo religioso dos tessalonicenses, mas eles não compreendiam como se daria o encontro de vivos e mortos no mesmo lugar. Percebe-se, assim, que, por meio de uma estratégia de evangelização que partiu de elementos próprios da cultura do povo, Paulo anuncia a genuína Boa-Nova aos tessalonicenses”.

.

*Este subsídio foi adaptado de BRAZIL, Thiago. A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 15-24.



1 O reconhecimento da canonicidade dos textos do Novo Testamento foi um processo que ocorreu de forma lenta, majoritariamente entre os séculos II e IV d.C, como uma forma de preservar o cristianismo de uma série de perniciosas heresias que se disseminavam no seio da Igreja. Assim, o reconhecimento canônico dos textos ocorreu como uma consequência do caráter autoritativo que estes já possuíam entre as comunidades cristãs. O cânone de Marcião de Sínope e o muratoriano são exemplos de antigas listas que buscavam elencar a literatura cristã primitiva que deveria ser reconhecida com valor de Escritura Sagrada. Já no século XVI, durante o Concílio de Trento — como uma reação institucionalmente organizada da Igreja Católica contra os efeitos da Reforma Protestante —, uma lista de livros canônicos será oficialmente apresentada.

2 Para ser considerado canônico, o texto teria de ser de autoria apostólica, estar compatível com os ensinamentos apostólicos e ter autoridade apostólica. Percebe-se, assim, um comprometimento com uma tradição apostólica, com o intuito óbvio de referendar comunitariamente a veracidade de um determinado escrito.

Lição 01 - 2º Trimestre 2018 - O que é Ética Cristã - Adultos.


Lição 1 - O Que é Ética Cristã

2º trimestre de 2018

PONTO CENTRAL

A Ética Cristã remonta as virtudes do Reino de Deus

ESBOÇO GERAL DA LIÇÃO

Introdução I – O Conceito de Ética Cristã

II – Fundamentos da Ética Cristã

III – Chamados a viver eticamente

Conclusão

OBJETIVO GERAL

Apresentar o conceito e os fundamentos da Ética Cristã.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Conceituar Ética Cristã;

II. Expor os fundamentos da Ética Cristã;

III. Conscientizar de que fomos chamados para viver uma vida eticamente cristã.

Prezado professor, prezada professora,

Vivemos no século XXI. A Igreja de Cristo vem sendo desafiada em sua ética e virtudes cristãs. Leis são propostas todos os dias pelo atual sistema mundano de vida a fim de fazer com que a Igreja esteja confinada nos lares de seus membros, e ignorada no debate público. A Ética Cristã é tolerada desde que não incomode o status quor de uma sociedade que se acha humanista e progressista.

Ensinar aos cristãos sobre a fundamentação ética que represente e transpareça as virtudes do Reino de Deus é o propósito deste trimestre. Neste aspecto, os Dez Mandamentos, os escritos proféticos, os Evangelhos, o Sermão do Monte e as cartas paulinas se mostram fundamentais para a ética dos cristãos.

A Igreja de Cristo não deve temer o tempo presente. Da mesma forma, os cristãos do passado eram perseguidos, afrontados e muitas vezes humilhados por causa da sua fé. Diferentemente daquele tempo, a perseguição hoje é ideológico-intelectual. Por isso, não podemos deixar de ser sal da terra e luz do mundo.

O que é Ética Cristã?1

Historicamente o conceito de ética surgiu na Grécia antiga, período que coincide com o século IV a.C. Na prática, a ética sempre fez parte do dia a dia da humanidade. Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14,15). As Sagradas Escrituras contêm os fundamentos da ética para a sociedade humana. No Antigo Testamento, Deus revelou instruções éticas específicas. Nos Evangelhos, encontramos os ensinamentos éticos de Jesus. Nas epístolas neotestamentárias, o tema está amplamente registrado.

O filósofo e educador Cortella (1954-) apresenta uma definição para ética que em muito se assemelha com os textos bíblicos:

Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: 1. quero? 2. devo? e 3. posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve. (CORTELLA, 2014)

De fato, de maneira simples e genérica, a ética cristã está relacionada às respostas de tais questões. O apóstolo Paulo, de certo modo, ensina a prática da ética, sob esses aspectos: o que quero, devo e posso. Ele afirma que tudo é lícito, mas que nem tudo convêm e nem tudo edifica, portanto, o cristão não pode e nem deve se deixar dominar por aquilo que foge da ética cristã (1 Co 6.12).

1. Definição Geral

A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos, que literalmente significa “costumes” ou “hábitos”. No latim, é usado o termo correspondente mos (moral) com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros” (CHAUÍ, 1995, p. 340). Como esses termos, “ética” e “moral”, são muito próximos, eles são muitas vezes confundidos e usados como sinônimos. No entanto, para fins didáticos e acadêmicos, é possível defini-los separadamente.

2. Ética e Moral

A ética enquanto ciência pode ser entendida como a parte da filosofia que investiga os fundamentos da moral adotados por uma cultura. Foram os filósofos gregos que começaram a estudar esses fundamentos para então “identificar” uma pessoa como sendo boa ou má e também um ato como sendo bom ou mau. A partir desses fundamentos, alguém pode ser classificado como “ético” ou “antiético”.

Pode-se afirmar, por exemplo, que a ética de Platão (427-347 a.C.) era “transcendente” e “deontológica”. Essa teoria acredita que a noção do correto é algo moralmente bom em si mesmo. Nesse caso, a fundamentação do certo e do errado está ligada ao bem-estar da alma, um estado inerente ao ser humano e procedente de um mundo superior. Aqui o homem obedece ao dever, independentemente das consequências que a obediência pode resultar para si ou para os outros (PALLISTER, 2005, p. 20).

Em contrapartida, com Aristóteles (384-322 a.C.) surgiu a ética “imanente” e “teleológica” ou “utilitária”. Essa teoria argumenta que o correto só pode ser definido a partir das consequências que um ato ou uma ação possa produzir. Aqui a fundamentação do certo e o errado procedem do mundo dos homens e depende apenas da utilidade e do bem-estar que as ações do indivíduo podem resultar para si ou para os outros.

A moral, por sua vez, refere-se ao comportamento das pessoas e às reações dos indivíduos que compõem uma sociedade em relação às regras estabelecidas pela ética. Como observado, essas regras podem ser diferentes de uma cultura para outra e ainda podem ser modificadas de acordo com as transformações vividas pelos grupos sociais. Tudo depende da fonte de autoridade que lhes serve de fundamento para os padrões de conduta.

Quando se analisa as teorias éticas acima discutidas, percebe-se que na “deontológica” é o princípio da ação moral que é bom ou mau independentemente do seu resultado. Já na teoria “teleológica”, o princípio moral é substituído pela previsão racional das vantagens e desvantagens que determinada ação pode produzir. No primeiro caso, os atos morais, mesmo corretos, podem prejudicar a si e ao outro. No segundo caso, a moral se relativiza, busca não se prejudicar evitando o sofrimento, e assim pode servir para legitimar a máxima que diz “os fins justificam os meios”.

Marcelo Oliveira de Oliveira

Editor da Revista de Lições Bíblicas Adultos



1 Texto extraído da obra “Valores Cristãos: Enfrentando as questões morais do nosso tempo”, editora CPAD.



Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão disponíveis toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não se trata de uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.