Lição 5 - O Caráter da Pregação de Paulo
2º Trimestre de 2021
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Natalino das Neves, comentarista do trimestre.
O CARÁTER DA PREGAÇÃO DE PAULO
Paulo foi um estudante dedicado e um ministro compromissado com a mensagem do evangelho. Ainda que caluniado e ofendido pelos “sábios” da comunidade de Corinto, ele não usou sua capacidade humana para defender-se ou se vangloriar, mas ocupou-se em apresentar a mensagem simples da cruz de Cristo.
I- Paulo Era Capacitado e Tinha Chamado de Deus
A origem e a visão globalizada de Paulo Paulo era um cidadão do mundo greco-romano. Ele tinha uma boa origem e uma boa formação (NEVES, 2019, pp. 48-57). A defesa mais comum é de que Paulo nasceu em Tarso, cidade próxima à Costa Mediterrânea, que, em 67 a.C., foi anexada à recém-criada província da Cilícia, vindo a tornar-se a sua capital administrativa (At 9.11,30; 11.25; 15.23,41, 22.3; Gl 1.21). Tarso era um dos eixos do comércio internacional que ligava o mundo semita, o planalto Anatólio e as poleis gregas viradas para o Egito e Europa. Essa posição estratégica transformou a cidade em um dos grandes centros culturais do Oriente helenizado. Paulo provavelmente passa nessa cidade o período da infância e da adolescência, onde teve contato com a educação helênica e estudou retórica (2 Co 10.10). Alguns estudiosos defendem que Paulo não nasceu em Tarso, mas chegou ali na sua infância. Afirmam que ele tenha nascido em Giscalis, norte da Galileia, terra natal do famoso João de Giscala, líder da grande guerra judaica do século XIV, local de onde seus pais foram expulsos quando o exército romano devastou a província da Judeia, desencadeando uma diáspora de judeus (MURPHY-O’CONNOR, 2008, pp. 27-33; DEISSMANN, 1926, 90). É possível que Paulo tenha sido concebido na cidade de Giscalis, e, com a expulsão pelos romanos, seus pais fogem para Tarso, onde ele nasceu na primeira década do século I d. C. Paulo, portanto, era um pouco mais novo do que Jesus, porém a diferença de idade não era muito significativa. Mesmo sendo contemporâneo de Jesus e, provavelmente, tendo estado em Jerusalém durante o ministério dEle, é pouco provável que tenham se encontrado. Murphy-O’Connor (2008, p. 70) defende que o costume dos fariseus em fase de formação concentrarem-se em seus estudos pode ter sido o motivo da ausência do encontro entre eles: “o total empenho de Paulo nos seus estudos eliminava qualquer curiosidade por aquilo que lhe fosse estranho”. Assim, não há evidência de que Paulo e Jesus tenham se encontrado pessoalmente.
II-Paulo, um cidadão romano
Paulo afirma ser um cidadão romano (At 16.37,38; 22.25-29; 23.27; 25.10-12). Era comum na época de Paulo a prática que iniciou com o imperador Augusto, a “dupla cidadania” (cidadão da cidade natal e, ao mesmo tempo, ser cidadão Romano). Hengel (1991, 98-100) afirma que não era tão simples reivindicar a cidadania romana, ou seja, ser um cidadão da famosa polis de Tarso. A cidadania correspondia também a um grande privilégio político e status social. Poucas décadas antes do nascimento de Paulo, Atenodoro, professor do imperador Augusto, tinha limitado as concessões de cidadanias por meio do rendimento mínimo, definido como 500 dracmas (rendimento de dois anos de trabalho de um legionário). Dessa forma, o fato de Paulo e sua família terem a cidadania romana demonstra que eles faziam parte tanto da elite política como também econômica de Tarso. Lucas, o autor do livro de Atos dos Apóstolos, deixa algumas evidências da condição privilegiada de Paulo. Como exemplos, podem ser citados:
1. Pagamento dos rituais de purificação de quatro nazireus (At 21.23). Esses rituais eram onerosos;
2. Expectativa de Félix em receber suborno de Paulo (At 24.26). Ele não teria essa expectativa se não existisse a possibilidade;
3. Pagamento da viagem a Roma e o apelo feito ao imperador (At 25.11);
4. Locação de uma casa durante dois anos em Roma (At 28.30).
III-O Caráter da Pregação de Paulo
Outra possibilidade de obtenção de cidadania romana era por meio da prestação de serviços relevantes. Pfeiffer (2006, p. 1475) defende essa ideia. Ele afirma que o pai de Paulo “deve ter recebido sua cidadania por ter prestado algum serviço relevante ao governo romano”. Independentemente de como Paulo obteve a sua cidadania romana, uma coisa é certa: ele era um cidadão romano e, quando necessário, fez uso dos direitos que essa cidadania proporcionava. Dentre os privilégios de ser um cidadão romano, estavam: a) garantia de julgamento com direito à resposta, se exigido, perante o próprio César; b) imunidade legal dos açoites antes da condenação; c) imunidade em relação à crucificação. Assim sendo, Paulo era cidadão romano, oriundo de uma família de imigrantes judeus, circuncidado ao oitavo dia do seu nascimento, falava aramaico (At 22.1), além do grego, do hebraico e do latim. Ele tinha uma sólida formação educacional e cultural. O apóstolo pertencia à tribo de Benjamim; inclusive, seu nome judeu, Saulo, tem origem no nome do primeiro rei de Israel, também um benjamita (Rm 11.1; Fl 3.4,5; 2 Co 11.22).
IV-A formação educacional, religiosa e ministerial de Paulo
Segundo Atos 22.3, Paulo a firma ter sido criado na cidade de Jerusalém, sendo instruído no estudo da Torá aos pés de Gamaliel e como membro integrante do grupo dos fariseus. Gamaliel foi o membro do sinédrio e aquele que interveio no julgamento dos discípulos, sugerindo que não fosse tomada nenhuma ação precipitada para não correr o risco de estar “combatendo contra Deus” (At 5.38,39). Ele era um dos rabinos mais respeitados em Jerusalém. O início de seus estudos deu-se na cidade de Tarso, onde havia uma das três maiores universidades do mundo, da qual saíram vários filósofos da escola estóica e manteve a tradição retórica até o século II d.C., o que demonstra o nível intelectual dos moradores da cidade. Saulo, como todo judeu, recebe educação hebraica no meio familiar, como também na sinagoga, estudando as Escrituras e aprendendo o hebraico e, talvez, o aramaico. Como um judeu da diáspora, recebe educação helenista. Todavia, provavelmente entre o fim de sua adolescência e início da juventude, ele vai a Jerusalém para ser instruído pelo mestre fariseu mais reconhecido da época para ser um exímio cumpridor da “lei de seus pais” por meio do rigor dos ensinos de Gamaliel. O livro de Atos testemunha que o apóstolo tornou-se mais radical na intolerância religiosa do que seu próprio mestre. Paulo tinha intimidade com a versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (LXX), que o ajudará na utilização de determinados conceitos terminológicos na escrita de suas cartas. Em um novo momento de sua vida, após sua conversão no caminho de Damasco, ele dirige-se à Arábia dos Nabateus (Gl 1.17). Em seguida, retorna para Damasco e fica nessa cidade por três anos (Gl 1.17,18); depois sobe para Jerusalém e fica por um período de 15 dias com os apóstolos Pedro e Tiago (Gl 1.18-20). Ele viaja para Síria e Cilícia (Gl 1.21) e, após esse período de preparação, ele é enviado pela igreja em Jerusalém, juntamente com Barnabé, para a Antioquia. Somente depois, ele é enviado para suas viagens missionárias. Desse modo, fica claro que o apóstolo Paulo não saiu evangelizando e abrindo igrejas logo após a sua conversão, mas teve um longo processo de capacitação para o exercício de seu chamado ministerial.
V-A autoridade do apostolado de Paulo
Após a “experiência de Damasco”, que descreve sua conversão do judaísmo para o cristianismo, ocorre um longo período de preparação. Ele dedica uma parte expressiva de sua existência à itinerância proselitista, defendendo a nova fé alcançada em Cristo. Hurlbut (1996, p.30) afirma que, “em toda a história do cristianismo, nenhuma conversão a Cristo trouxe resultados tão importantes e fecundos para o mundo inteiro como a conversão de Saulo”. Portanto, a biografia de Paulo é empolgante e muito rica sob o aspecto historiográfico e literário. O seu chamado e sua autoridade apostólica não poderiam ser questionados como o faziam alguns aproveitadores que se inseriram na comunidade cristã em Corinto. Quando Paulo escreveu aos Gálatas, afirma que o seu chamado, a exemplo de outros modelos de chamados do Antigo Testamento, deu-se no próprio ventre de sua mãe. Isso não quer dizer que o apóstolo sabia desde o início que seu chamado seria com os gentios, mas que Deus já o sabia na sua presciência. Ele assevera que entendeu o chamado quando Deus revelou a ele o seu próprio Filho, Jesus. Dessa forma, argumenta que ele não fora chamado pelos apóstolos, mas pessoalmente pelo Jesus Ressurreto, defendendo, assim, a legitimidade de seu apostolado, acrescentando que, ao ser chamado, não partiu para consultar os apóstolos em Jerusalém. Esse relato é relevante quando se avalia a autoridade do apostolado e de seus escritos como inspirados, tão defendido pelo Paulo nas Cartas, como também em Corinto. Ele defendia a legitimidade de seu apostolado devido ao questionamento dos falsos mestres que se levantavam nas comunidades cristãs, que o atacavam com o objetivo de manchar a sua imagem e evitar que fosse ouvido e influenciasse pessoas por meio da mensagem de seu evangelho.
VI-A Confiança de Paulo não Estava em seu Intelecto (2.1-9)
A biografia do apóstolo Paulo contribui para o entendimento de seu próprio chamado para ser o apóstolo dos gentios. Ao mesmo tempo em que era um judeu, ele era um cidadão romano, influenciado pela cultura helenista (cultura grega), um cidadão da diáspora; além disso, passou a ser também um cristão — uma mistura cultural greco-romana, judaica e, por último, cristã. Paulo adquiriu uma grande experiência ao longo de décadas de contato com o evangelho. Uma experiência acumulada com a conversão, preparação para o exercício do ministério e viagens missionárias com várias conversões, mas também com muito sofrimento e decepções humanas. Por trás desse histórico, fica evidente a mão de Deus conduzindo a vida, respeitando o livre-arbítrio do apóstolo. Ele, em suas decisões, seguiu o caminho que veio conduzir sua vida pessoal ao encontro da vontade divina de constituí-lo como o último apóstolo a ser chamado por Jesus. O conhecimento experiencial de Deus leva as pessoas a valorizarem o poder do evangelho que transforma a vida e conduz a uma reconciliação com Deus. Paulo tinha essa convicção, pois a transformação que ele teve depois da estrada de Damasco mudou completamente a sua vida e atitudes; por isso ele não se envergonhava do evangelho. Apesar das dificuldades e os sofrimentos pelo amor ao evangelho, ele mantinha a firmeza de sua fé, pois tinha convicção de sua comunhão com Deus, seu chamado e da esperança da vida eterna com Deus. Paulo, com toda a sua experiência intelectual e ministerial, reconhecia sua dependência de Deus e buscava com humildade atribuir a glória a Ele.
Paulo continua no mesmo tom fraterno com seus leitores e, mais uma vez, chama-os de irmãos. Ele faz os seus destinatários lembrarem-se da última vez que estiveram juntos. Pelas qualidades e experiência que tinha, o apóstolo poderia chegar com alardes e imponência em sua fala — isso se fosse o antigo Paulo. Ele chama a atenção para o Paulo transformado, que não estava preocupado em causar impressões bombásticas e chamar para si os holofotes. Ele falou com simplicidade, procurando ser claro a todas as pessoas, sem complicações. Paulo relembra que seu intuito não era mostrar-se forte, dono de si, mas, pelo contrário, com fraqueza, temor e em grande tremor (emoção da mente responsável por afetar o corpo). Ele fez questão de não ser venerado pela sua sabedoria ou demonstração de poder, mas apontou para o poder de Deus. A fé de seus ouvintes não deveria ser construída sobre a sabedoria ou poder de homem, mas sobre a sabedoria e poder de Deus. Isso é diferente de muitos pregadores dos dias atuais, que parecem os adversários de Paulo em Corinto e gostam de chamar atenção para si e demonstrar conhecimento que não têm. Alguns com anéis de formatura no dedo, porém com pouca instrução, querendo ser ou demonstrar o que não são; estes mudam a postura da fala para demonstrar que são espirituais e dominar suas plateias, ameaçando com supostas revelações, dentre outras formas de dominação de público. Quem tem o chamado e algo para apresentar para o povo de Deus não precisa ostentar ou demonstrar poder; basta pregar a Palavra com responsabilidade e fidelidade, deixando ser guiado pelo Espírito Santo, pois o resultado vem de Deus.
A cultura grega era influente na comunidade de Corinto. Para os gregos, a busca de sabedoria somente era possível com muita investigação, averiguação e questionamentos a respeito da verdade — algo que não era para qualquer um, mas, sim, para a elite da sociedade helênica. A busca da verdade é a aspiração de todo ser humano, e todos têm esse direito. Paulo conhecia bem esse meio em sua origem em Tarso, mas, depois de toda a sua experiência, descobriu o lugar que está a fonte da sabedoria, que tem em Cristo sua maior revelação. O autor da carta aos Hebreus afirma que Jesus é o reflexo de sua glória e a expressão de seu ser (Hb 1.3). Como um sábio grego poderia aceitar isto, um homem que foi condenado como criminoso e teve a morte mais humilhante ser a expressão exata de Deus? No entanto, até a ignorância desses sábios, movida pela arrogância e pelo orgulho, é cumprimento do que estava escrito a respeito das bênçãos do Reino messiânico. Nenhum homem natural tem visto, ouvido e compreendido as coisas que Deus preparou para aqueles que o amam (Is 64.4). Paulo era como esses sábios ignorantes, mas descobriu a revelação dos mistérios de Deus e nunca mais trocou isso pelas ofertas de poder do mundo.
A sabedoria de Deus é revelada pelo Espírito Santo (2.10,11) Paulo afirma que o Espírito Santo prescruta todas as coisas, nada lhe fica encoberto (Pv 15.3; 1 Co 2.10; Hb 4.13). Uma frase curta, porém profunda. Quem pode conhecer a mente de Deus ou ser seu conselheiro? (Rm 11.34; Jó 11.7). A obra do Espírito Santo vai até as profundezas de Deus, coisas incompreensíveis ao ser humano e demais criaturas, riquezas inexauríveis da sabedoria e do conhecimento de Deus (Rm 11.33). Paulo reforça que quem conhece as coisas de Deus não são os sábios do mundo, mas o Espírito de Deus. Paulo faz uma analogia para comparar o espírito do homem com o Espírito de Deus. O ser humano vangloria-se, mas seu conhecimento natural tem dificuldades para conhecer até suas próprias motivações interiores. Os pensamentos de Deus não são os pensamentos dos seres humanos (Is 55.8). Ele é o criador e doador do espírito do ser humano (Gn 2.7; Zc 12.1). Deus conhece a mente do ser humano, mas o ser humano é incapaz de conhecer a mente de Deus. O poder de Deus para a salvação da humanidade não é nenhuma mensagem secreta, como era uma prática entre os gregos em relação à salvação por conhecimento privilegiado e secreto. Trata-se do plano divino para salvação da humanidade por meio do sacrifício de Cristo e revelada pela pregação do evangelho. No entanto, nem todas as pessoas conseguem compreender esse processo da encarnação e ressurreição de Jesus, que garante a justificação e cria uma nova natureza de cima, de modo que o fruto testifica uma nova vida separada (santificação). Essa dificuldade de entendimento que Paulo vem repetindo sobre a loucura que é para o homem natural sem Deus a mensagem da vitória da cruz, que para tal homem era uma vergonha e maldição.
Essa iluminação somente recebe aquele que não se agarra à sabedoria humana, mas deixa-se conduzir pelo Espírito Santo. Deus, por meio do Espírito Santo, torna conhecida aos crentes a sua sabedoria (Mt 11.25; 16.17). O Espírito Santo prepara a pessoa que o recebe para que possa ver a verdade do evangelho, que conduz para a cruz de Cristo. Todavia, muitos não querem deixar-se conduzir para não serem também chamados de loucos. 1.3.2 Disposição para receber o Espírito de Deus (2.12,13) Paulo apresenta a confortadora garantia de que o ser humano, mesmo com as suas limitações, pode receber o Espírito Santo, que é dado gratuitamente por Deus. Todavia, ele coloca de um lado os que recebem o espírito do mundo, e do outro os que recebem o Espírito Santo, que vem de Deus. O espírito do mundo é o sistema organizado com base na injustiça e corrupção, como era o Império Romano com as suas ramificações no patronato e na elite da sociedade grega. Quem recebe esse espírito não se submete a ser conduzido pelo Espírito Santo de Deus, pois teria que abdicar de muitos dos prazeres desfrutados sem medida e ter uma disciplina ética e moral. Isso não quer dizer que Deus escolhe uns para receber a iluminação do Espírito Santo e outros não. O Espírito Santo fica disponível a quem quiser. No entanto, a paixão humana descontrolada e a concupiscência interna do ser humano impedem-no de receber o Espírito de Deus. Por isso, Paulo diz que quem recebeu o Espírito de Deus é ensinado por Ele, assim vive as realidades espirituais e pode discernir a vida sob a sabedoria de Deus. Para aprender, é preciso ter disposição e vontade para submeter-se ao mestre que ensina: o Espírito Santo. Por outro lado, aqueles que recebem o Filho de Deus como seu Senhor recebem com Ele todas as coisas que acompanham a salvação em Cristo. Pois, se Deus entregou seu Filho, sem dúvida dá com Ele todas as coisas (Rm 8.32). Os crentes tomam posse do dom da salvação por meio da fé da obra vicária de Cristo mediante a obra do Espírito Santo. Isso é possível pela mensagem da cruz, que, no versículo 13, Paulo passa a referir-se à sua pregação, bem como dos demais companheiros que não se baseavam na sabedoria humana, e sim na sabedoria de Deus, porquanto eram realizadas sob a inspiração do Espírito Santo.
O salvo tem a mente de Cristo e fala a linguagem do Espírito (2.14-16) O apóstolo segue seu argumento para diferenciar o ser humano natural do ser humano espiritual. O primeiro pertence ao mundo como sistema de governo, não tem o Espírito Santo como seu guia e segue o seu próprio instinto natural (Jd 19), enquanto o segundo pertence a Deus, tem o Espírito Santo e segue a Jesus como seu Senhor, não faz sua própria vontade, mas busca fazer a vontade do Pai. Na comunidade de Corinto, existia um grupo de pessoas que se considerava espiritual com base na sabedoria humana e considerava os demais como crianças espirituais. Paulo rebate esses membros arguindo que, se eles estavam questionando a mensagem da cruz de Cristo e considerando-a loucura e incoerente, então, na realidade, eles que eram crianças espirituais e não passavam de um ser humano natural que “não compreende as coisas do Espírito de Deus” (v. 14). Paulo coloca-se no grupo dos espirituais, que viviam em comunicação com o Espírito Santo e podiam julgar a respeito dessas coisas, e não poderiam ser julgados por eles, pois não entendiam das coisas espirituais. O ser espiritual julga todas as coisas por meio da direção do Espírito Santo e usa as Escrituras como referencial de fé e conduta. Julgar todas as coisas não significa que o cristão espiritual seja um especialista em cada área da vida, mas que, no que se refere à missão na qual o chamou Deus, ele é capaz de avaliar todas as coisas espiritualmente. Paulo conclui a discussão no versículo 16 citando o profeta Isaías (Is 40.13): “Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo?”. Ele mesmo responde: os salvos que têm a mente de Cristo, a quem Deus revelou o seu Espírito Santo (v. 10) e quem recebeu “o Espírito que provém de Deus” (v. 12).
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