segunda-feira, 3 de maio de 2021

Lição 04 - 2º Trimestre 2021 - A Sabedoria Divina - Jovens.

 

Lição 4 - A Sabedoria Divina 

2º Trimestre de 2021

O Modo de Pensar de Deus não É como o do Mundo (v. 18,19) 

Paulo utiliza a expressão “palavra da cruz”, que é rica em significados. Para entender-se essa expressão, é necessário conhecer a principal mensagem do Cristianismo, que aponta para um acontecimento his­tórico inesquecível e com um significado profundamente teológico. A cruz mencionada não era uma cruz comum, mas, sim, a cruz que recebeu o Filho de Deus para ser morto injustamente, porém dentro do planejamento de Deus para a salvação da humanidade — algo incompreensível pela sabedoria humana natural. 

Os gregos, os romanos e os judeus não conseguiam compreender a revelação da vitória de Cristo na cruz. Assim, a mensagem da jus­tiça de Deus por meio da cruz de Cristo tornou-se para eles pedra de tropeço (Is 8.14; 1 Pe 2.7,8). Para os gregos, o herói era sempre o vencedor triunfante. Os romanos reservavam a morte de cruz para os subversivos, seus inimigos políticos, pessoas que eram consideradas um perigo para a manutenção do imperialismo romano. Para os judeus, a morte de cruz era uma maldição (Dt 21.23). Na cultura judaica, não se esperava um Messias que sofresse e morresse, muito menos um condenado à morte pelo supremo tribunal judaico. O legalismo havia cegado os judeus de tal forma que a mensagem da cruz parecia loucura, e a doutrina da justificação pela fé, uma blasfêmia. Para eles, a morte de Jesus na cruz era humilhante, amaldiçoada e repugnante (1 Co 1.23; Gl 5.11). 

As pessoas de cada uma das origens (gregos, romanos e judeus) tinham suas razões racionais para desacreditar da mensagem da cruz. Muitas vezes, quando nos relacionamos com uma pessoa de outra origem, não nos colocamos em seu lugar. Assim, corremos o risco de julgá-la, analisando a sua vida com base no mundo em que fomos criados. Por exemplo, quando analisamos a atitude de uma pessoa de origem muçulmana, se não buscarmos entender qual a sua visão de mundo, como as pessoas dentro da mesma cultura são criadas e ensinadas, corremos um risco de fazer uma péssima avaliação e jul­gamento. As pessoas que moravam na cidade de Corinto tinham um imaginário formado a respeito da cruz, algo considerado desprezível, humilhante e vergonhoso. Isso lhes foi imposto pela cultura. De repen­te, é anunciada uma mensagem de salvação do Deus Criador para a humanidade que tem como símbolo a cruz; isso era inconcebível. Em função disso, faz-se necessário a abertura para a ação interpretativa do Espírito Santo para “entender” a mente de Deus e, assim, receber a iluminação do Espírito para que se possa ver a salvação por meio da cruz de Cristo. Isso não é possível por meio da sabedoria racional humana, mas somente pela sabedoria de Deus. Para entender as coisas espirituais, somente por meio de instrumentos espirituais. 

A cruz de Cristo é poder de Deus, pedra angular para os salvos (1.18b) 

Rejeitar a mensagem traz uma desgraça irrevogável para o ser humano que se mantém nessa posição (2 Co 2.14-17; 4.3-5; 2 Ts 2.10). Para o Cristianismo, essa é a única forma de alcançar a sabedoria divina. A mensagem da cruz de Cristo apresenta um Deus que se faz fraco, impotente e vergonha para quem não conhece experiencialmente o evangelho. Por que um Deus se rebaixaria a tal ponto para comu­nicar-se com o ser humano? A tendência humana não é de buscar pelo anonimato e insignificância diante da avaliação dos critérios da sociedade greco-romana, como também não é na atual. 

A obra de Cristo satisfaz a necessidade da justiça de Deus pelo pecado da humanidade, pois anulou a sentença de morte. Assim, con­quistou o direito da justiça perfeita que é atribuída a todo o que crê e aceita o sacrifício vicário de Jesus. A justiça de Cristo conquistada por meio de sua morte é imputada gratuitamente ao pecador que crê. Portanto, a única base da justificação é a justiça imputada de Cristo e não é inerente do ser humano. O fato de a justiça de Cristo ser a base da justificação acentua amplamente a graça de Deus. A graça tem como centro a cruz de Cristo, na qual tudo se converge, e os jus­tificados são perfeitamente reconciliados. A cruz de Cristo é loucura para o mundo e poder de Deus para os salvos. 

Algumas pessoas, mesmo sabendo da existência de Deus e afir­mando-se religiosas, têm como motivação seu interesse pessoal, prio­rizando a busca do poder, do prazer e da zona de conforto, mesmo que, para conquistá-los, precise praticar a injustiça. Essa prática é denominada por algumas pessoas como “ser esperto”. Como diz o apóstolo: “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.22), uma vez que agir dessa forma é loucura para Deus. Por isso, há a necessidade de reconhecermos a glória de Deus, de sermos gratos por tudo o que Ele tem proporcionado e de em tudo glorificarmos o seu santo nome. Um dia, Deus destruirá “a sabedoria dos sábios” e “a inteligência dos inteligentes”, mas os salvos permanecerão para sempre. 

A vida eterna e a verdadeira sabedoria não podem ser obtidas por intermé­dio da intelectualidade ou do legalismo religioso 

A sabedoria de Deus prevalecerá sobre a sabedoria humana. Essa é uma verdade eterna porque a vida eterna e a verdadeira sabedoria não podem ser obtidas por intermédio da intelectualidade ou do legalismo religioso. Deus, ao criar o ser humano, não tinha nenhum compromisso ou necessidade de conceder a vida eterna. Em um pensamento humano e racional, Deus poderia criar o ser humano e as demais vidas e matérias do mundo por um tempo determinado, destruir sua criação e trazer à vida uma nova forma de criatura. Todavia, Deus não fez assim. Ele criou todas as coisas, inclusive o ser humano, para participar de um projeto pessoal de relacionamento eterno com sua criação. Contudo, Deus proveu um meio para revelar-se à sua criatura, uma revelação progressiva por meio de sua Palavra e outro direto e pessoal por meio de sua encar­nação, “a expressa imagem da sua pessoa”, Jesus Cristo (Hb 1.1-3). O conhecimento experiencial de Deus não se alcança por meio de sabedoria humana e nem pelo legalismo religioso. 

Paulo, em Romanos 7.24, apresenta uma imagem antropológi­ca do homem sem Deus: “miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”. Nessa condição, está tanto o sábio grego como o escriba ou mestre do judaísmo (1.20) que não se rendeu aos pés de Cristo. Paulo afirma que esse ser humano “não conheceu a Deus pela sua sabedoria” (v. 21). Ele prefere adorar “a criatura em lugar do Criador” (Rm 1.25). A sabedoria de Deus não apela para a sofisticação intelectual nem para o entusiasmo espiritual, mas para a cruz de Cristo (1 Co 1.17-25,30; 2.6-8), para o compartilhar dos sofrimentos de Jesus e o testemunho de vida (Rm 8.17; 2 Co 1.5; 4.10; Cl 1.24; Fl 3.10ss). 

O ser humano, sobretudo o judeu piedoso, acredita que pode construir sua própria justiça pelo cumprimento da Lei (Rm 9.31; 10.3; Fl 3.9). Paulo esclarece que nenhum ser humano será justificado pelas obras da Lei (Fl 3.6-21; Rm 3.20–4). A vida é temporária e limitada (1 Co 5.10; 7.31), e, ao final dela, o juízo de Deus virá. Paulo destaca que, no juízo de Deus, não será requerido obras realizadas pelo ser humano, mas pelos “frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fl 1.11). Da mesma forma que Paulo fala da desgraça do homem natural sem Deus, ele também fala que o mistério que estava oculto é revelado para a salvação em Cristo (Cl 1.26; Rm 3.26; 5.9,11; 7.6; 1 Co 15.20; 2 Co 6.2; Cl 1.22). A loucura da pregação salva os que creem (1 Co 1.21). 

A sabedoria de Deus prevalecerá sobre a sabedoria do mundo (1.19) 

Paulo cita Isaías 29.14, mas faz opção pelo texto da Septuaginta, que é a versão grega do Antigo Testamento e preferida dos gentios e dos judeus da diáspora devido à facilidade da linguagem que lhes era comum. A tradução do texto hebraico é um pouco diferente: “A sabedoria dos sábios perecerá e a inteligência dos inteligentes desapa­recerá”. Fica evidente a ação destruidora como algo natural de causa e efeito. Todavia, o que chama a atenção é o contexto do escrito do profeta, que Paulo faz uma aplicação para o caso de sua época com os coríntios. O texto de Isaías trata de um momento específico do povo de Israel, acusado de honrar a Deus apenas com os lábios, mas não com o coração (Is 29.13; Mt 15.8,9). Ele está falando a um grupo que se intitulava como povo de Deus e sábios, mas que o culto oferecido ao Senhor era de um coração distanciado do serviço a Deus e ao pró­ximo. Os judeus da comunidade devem ter-se sentido mais atingidos com a mensagem, porém Paulo estava usando o exemplo da escritura judaica para demonstrar que mesmo pessoas que se dizem religiosas podem não estar baseadas na sabedoria de Deus. 

Paulo, em Romanos 1.21, usa a expressão “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”. Trata-se de uma pessoa que reconhece a existência de Deus por meio do conhecimento natural, mas não o reconhece como Deus. Uma coisa é reconhecer a existência, outra é submeter-se e glorificar a Deus. Alguém não religioso pode reconhecer racionalmente a existência de um ser supremo que criou todas as coisas, mas não em um Deus pessoal que se comunica com as criaturas que criou. Por isso, prefere viver como se Ele não existisse, uma vez que, nesse pensamento e usando uma linguagem popular, “Deus não se importa com o ser humano”, muito menos com os cri­térios éticos e morais que usa para viver sua vida. Nos dias atuais, para uma grande parte da sociedade, é um retrocesso dizer que se acredita em Deus, e decadência maior é apresentar-se como servo de Deus, obediente às regras de fé e conduta estabelecidas na Bíblia. Esse é outro grupo de pessoas, que são totalmente céticas. Tanto o primeiro caso (crer na existência, porém ignorar Deus) quanto o segundo (não acreditar e ignorar a crença) são classificados como uma sabedoria que se extinguirá, sem efeito em termos de salvação. Por esse motivo, a sabedoria de Deus que provém salvação prevalecerá sobre a sabedoria do mundo, pois os seus efeitos salvíficos são eternos.

A verdadeira sabedoria não se revela por determinação humana 

Um grande equívoco do ser humano é achar que pode determinar como Deus deve agir e o que Ele deve fazer. O ser humano às vezes chega ao cúmulo de achar que está no mesmo patamar de Deus, tendo o pensamento de que tudo foi criado em razão de seu próprio ser e tudo deve convergir para sua satisfação pessoal e autopromoção. Ele sente-se na condição de ter o poder de prever o que Deus está pensando e vai além, achando que pode mudar o que Deus pensa em fazer para que seja feito do seu jeito e conforme sua vontade pessoal. Esse tipo de pessoa, quando na igreja, entende que a Bíblia foi escrita para que ele faça uma eisegese (colocar dentro do texto a sua opinião própria), em vez de uma exegese (extrair do texto o que ele quer e tem a dizer), para que o texto seja aplicado em seu benefício. Pessoas com esse pensamento, quando usam os púlpitos para pregar, utilizam aqueles chavões: “Deus, eu determino!”; “Deus, eu exijo!”; “Se eu sou um HOMEM de Deus, que...!”, entre outros que se ouvem em alguns púlpitos nos dias atuais, mas principalmente em alguns programas televisivos e radiofônicos. Os judeus pediam sinais para evidenciar o poder de Deus, como se pudessem colocá-lo dentro de seus limites. Alguns personagens bíblicos pediram sinais para Deus e não foram reprovados: Ezequias 

1.2.3 Cristo, a verdadeira sabedoria que garante a vida eterna (1.24,25) 

Para Paulo, por mais sabedoria intelectual que o ser humano tenha, não tem como comparar com a sabedoria em conhecer a Cristo. Ele tinha experiência pessoal com a comparação da sabedoria conforme o mundo e a sabedoria de Deus. A sua bibliografia demonstra como todo o tempo em que se dedicou à sabedoria secular e ao conhecimento religioso, com base no conhecimento humano, foi por ele considerado como nada, diante da experiência que passou a ter com Jesus a partir de Damasco. Com isso, Paulo não queria dizer que o conhecimento adquirido anteriormente não tinha valor. O que ele afirma é que não teria valor nenhum se continuasse desconsiderando o conhecimento da cruz de Cristo. 

Quando Paulo aceitou a Cristo como o seu Senhor e Salvador, o apóstolo encontrou nEle a resposta perfeita para todos os seus anseios. O apóstolo descobriu em Cristo o poder de Deus que, como judeu, buscava e não encontrava no judaísmo e no conhecimento adquirido até então. Após seu conhecimento experiencial de Jesus, Paulo pôde perceber Deus nas coisas simples, nas pessoas até então desprezíveis para ele, como os cristãos que perseguia e considerava

1.3.2 O salvo alcança a sabedoria de Deus na Cruz de Cristo (1.28,29) 

Confiar em si somente em consonância com o mundo que se opõe a Deus é vangloriar-se diante de Deus (v. 29). Aquele que é domina­do pelos poderes influentes do mundo e que vive sob o domínio do pecado tem por traço característico o “glorificar-se”. Em contraste, Paulo afirma que Deus escolheu as coisas “vis” e “desprezíveis”, o que humanamente não tem valor, pois Ele não olha para a aparência. Ao usar esses dois termos (vis e desprezíveis) para referir-se à maioria da população que era da classe de escravos, Paulo prende a atenção da maior parte de seus leitores em Corinto. Sem dúvida, muitos cristãos coríntios eram pessoas que não tinham valor aos olhos do mundo, pessoas consideradas apenas como objeto ou instrumento de trabalho e servidão, mas estas acharam graça aos olhos de Deus. Aquele que tem a experiência da cruz aprende a ser humilde a exemplo de Jesus em seu ministério e testemunho de vida, mesmo que seja uma pessoa culta, que tenha posses e de influência na sociedade. 

No livro de Provérbios, a sabedoria é vista como um antídoto contra o orgulho e algo que deve ser buscado com todo o ânimo (16.16,17). Quem a encontra sempre agirá com humildade (Pv 11.2). O orgulhoso é desprovido de lucidez e bom senso, pois está pronto a fazer o mal se os seus interesses forem colocados em risco (Pv 6.17,18). Quando confrontado, não tem autocontrole, pois é inseguro, inflexível, assim como os destinatários da carta de Paulo. A pessoa orgulhosa busca o poder para proteger-se da sua insegurança; além disso, é desprovida de sabedoria e leva uma vida de prepotência e arrogância. 

Desse modo, ela vê as pessoas como objetos, e não como criaturas de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem a lutar constantemente para manter o seu status quo. Por isso, tratam as pessoas subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar delas. Essas pessoas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e de poder semelhantes com vistas em trocas de favores e interesses. Elas vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder; consequentemente, não dormem enquanto não maquinarem o que fazer para manterem-se no controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Mq 2.1). Trata-se de uma vida sem paz e tranquilidade, uma constante insegurança pelo sentimento de culpa e medo. 

Em geral, o altivo usa as pessoas como se fossem objetos em seu benefício e para a manutenção do poder (Pv 16.19). No entanto, o temor do Senhor é apontado como o princípio da sabedoria (Pv 1.7). Quem teme ao Senhor é humilde, e o seu trabalho é realizado para a glória de Deus e para o bem do próximo. O poeta recomenda uma vida simples e humilde. Melhor a pobreza que pode ser fruto de contexto sócio histórico (Pv 28.6), porém construída por meio da integridade e justiça (Pv 28.11). A experiência de vida demonstra que as pessoas que alcançam a excelência na vida são aquelas que conseguem extrair o melhor das coisas simples (Pv 23.5). Já os soberbos que pensam desfrutar o melhor da vida terminam em uma vida que não valeu a pena ser vivida, ou seja, em ruínas. 

A glória de Deus é revelada na cruz de Cristo (1.30,31) 

Nos versículos anteriores, as possibilidades humanas de alcançar a verdadeira sabedoria foram reduzidas; agora, o apóstolo exalta as absolutas possibilidades de Deus. Paulo começa com uma afirmação reconfortante para aqueles que estavam amparados na cruz de Cris­to. Ele assegura que estes são dEle por meio da graça e misericórdia divina. Essas pessoas estavam enxertadas em Cristo, que é feito junto aos que creem, sabedoria pré-existente de Deus. 

Outrora eram orgulhosos, tolos, ignorantes e estavam debaixo da ira e maldição de Deus por causa do pecado, agora justificados por meio do sacrifício de Cristo, separados (santificação) para Deus mediante a redenção do crucificado. O salvo sabe que está protegido mediante a cruz e ressurreição de Cristo, mas também deve estar sensibilizado que sua salvação tem validade enquanto viver nessa fé (Gl 5.4). Paulo deixa claro que a glória não estava nos falsos mestres que usavam de partidarismo e divisões com intenções egoístas. A glória da Igreja está na cruz de Cristo, que conduz para a vida eterna com Deus.

 

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