sábado, 21 de setembro de 2019

Lição 12 - 3º Trimestre 2019 - A Impiedade Decorrente dos Falsos Ensinos - Jovens.

Lição 12 - A Impiedade Decorrente dos Falsos Ensinos 

3º Trimestre de 2019
Introdução
I - Os ímpios e suas depravações;
II – Comportamentos decorrentes dos falsos ensinos;
III – O perigo da apostasia.
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Explicar sobre o ímpio e suas depravações;
Conhecer os comportamentos decorrentes dos falsos ensinos;
Conscientizar sobre o perigo da apostasia. 
Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.
Após falar sobre os falsos mestres e sobre o juízo que viria sobre eles, Pedro prossegue descrevendo o perfil daqueles que estão destinados ao juízo divino. Embora o apóstolo ainda tenha em mente os impostores da fé, a sua denúncia descreve de maneira enérgica o retrato do homem ímpio e sua apostasia. Como veremos, a rejeição a Deus e aos princípios éticos contidos em sua Palavra conduz o homem para um estilo de vida degradante e altamente nocivo para ele e para toda a sociedade. Por essa razão, o abandono dos valores judaico-cristãos tem levado a cultura ocidental a uma verdadeira destruição, por meio do incentivo ao egocentrismo, hedonismo, liberação sexual e outros comportamentos prejudiciais. 
Os Ímpios e suas Depravações (2.10,11)
Com tenacidade e coragem, Pedro passa a descrever as características ímpias dos falsos mestres, os quais estão destinados ao Dia do Juízo.
Em primeiro lugar, eles andam em concupiscências de imundícia (ARC), ou segundo imundas paixões (ARA). Em virtude da condição caída do homem, todos nós possuímos a propensão de seguir o desejo da carne. No caso dos ímpios, Pedro deixa transparecer que não se tratava de uma falha moral isolada, mas uma prática contínua e deliberada, visto que a expressão “andam” denota uma prática voluntária e constante. 
Nesta condição, a pessoa se entrega a uma vida sexual desregrada, apresentando o seu corpo como instrumento de iniquidade (Rm 6.13; Rm 1.18-32). As duras palavras proferidas por Pedro e por Judas evidenciam que naquele contexto os falsos mestres incentivavam a promiscuidade e as práticas sexuais pervertidas, dizendo se tratar de rituais sagrados. Essa conduta se parecia bastante com aquilo que acontecia com os falsos deuses do Antigo Testamento, que conduziam o povo à imoralidade e prostituição.
A falsa doutrina leva o homem à depravação moral. Nas palavras de Matthew Henry: “Opiniões nocivas são com frequência acompanhadas de práticas nocivas; e os que são a favor de propagar o erro são a favor de refinar a maldade” i. Assim como as ideias têm consequências, os falsos ensinamentos religiosos também. 
Em segundo lugar, os falsos mestres menosprezam as autoridades. Enquanto os crentes são ensinados a serem obedientes e respeitosos com os ocupantes do poder governamental, familiar ou eclesiástico, os ímpios são insubordinados e rebeldes, agindo com desprezo às dominações. Elas não sentem nenhum temor e respeito diante daqueles que se encontram numa posição superior, nem mesmo quando se trata de assuntos divinos ii.
No verso 10, Pedro pode estar se referindo ao desprezo dos ímpios aos líderes da igreja ou até mesmo aos poderes angelicais do mundo espiritual. Em todo o caso, essa atitude expressa uma insubmissão típica de uma rebelião moral do homem em face das autoridades estabelecidas por Deus. Segundo Michael Green, é da natureza dos falsos mestres agir desta maneira. Eles são dominados pela vontade própria, pois “em última análise o próprio-eu é tudo quanto lhe importa. O inferno dele é isto: que seu mundo vai-se encolhendo, até que a única coisa que lhe sobra é o próprio-eu que ele mesmo corrompeu” iii.
Em terceiro lugar, os falsos mestres também são atrevidos e difamadores. O homem ímpio, dominado pelo pecado, é petulante, prepotente e orgulhoso. 
A interpretação de que a passagem esteja se referido aos seres espirituais, ganha força com o verso 11 (ver também Jd v.9), quando Pedro emprega uma espécie de comparação: “enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor”. Craig Keener registra que diversos textos judaicos mencionam indivíduos que dirigiam insultos às estrelas do céu e xingavam Satanás ou os demônios iv
Nesse entendimento, Roger Stronstad sustenta que Pedro está contrastando os homens atrevidos e obstinados com os anjos, considerados por ele como “maiores em força e poder”, os quais não ousaram fazer acusações contra seres celestiais na presença do Senhor. Basta nos lembrarmos, afirma Stronstad, dos pregadores que “sapateiam na cabeça do Diabo” ou discutem com este em frente às câmeras, para perceber que isso também acontece hoje em dia” v.
Comportamentos Decorrentes dos Falsos Ensinos
Irracionalidade animal (2.12)
No verso 12 Pedro prossegue dizendo que os falsos mestres são “como animais irracionais, feitos para serem presos e mortos”. Noutras palavras, eles são como bestas selvagens que seguem o seu próprio instinto. A denúncia do apóstolo é forte, demonstrando a natureza imoral dos ímpios. Apesar de se dizerem portadoras de um tipo especial de conhecimento, tais pessoas vivem na completa ignorância, dominadas pelos seus próprios impulsos.
A afirmação de Pedro claramente expõe o hedonismo praticado e ensinado pelos mestres da impiedade. Enquanto os cristãos são admoestados a experimentarem o sofrimento com sabedoria, dentro do bom propósito de Deus, conforme vimos na primeira epístola petrina, os hedonistas sustentam que a coisa mais importante da vida é a conquista do prazer e a fuga ao sofrimento. O hedonista não é dirigido por aquilo que é correto, mas por aquilo que lhe trará prazer.
Segundo Myer Pearlman, é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de “auto-expressão”. Em linguagem técnica, o homem deve “libertar suas inibições”, em linguagem simples “ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à saúde”. Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar” vi. Segundo Pearlman, “no fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa uma variação moderna da mentira antiga: “Certamente não morrerás”. E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança: “Isto não fará dano algum.”vii 
Não bastasse a luta interna contra o desejo da carne, o mundo caído também tenta nos convencer que seguir tais desejos é a melhor coisa a se fazer. Filmes que valorizam as relações sexuais irresponsáveis, novelas que defendem a promiscuidade sexual e propagandas vulgares de mulheres seminuas o provam isso. Nas palavras de C. S. Lewis: “Os demônios que nos tentam e a propaganda a favor da luxúria associam-se para nos fazer sentir que os desejos aos quais resistimos são tão naturais, saudáveis e razoáveis que essa resistência é quase uma perversidade e anomalia. Cartaz após cartaz, filme após filme, romance após romance associam a ideia da libertinagem sexual com as ideias de saúde, normalidade, juventude, franqueza e bom humor”. Contudo, diz Lewis: “Essa associação é uma mentira” viii.
É certo dizer que Deus dotou o ser humano com vários instintos capazes de habilitá-lo para a vida terrena, a exemplo dos instintos de auto-preservação, aquisição, alimentação, reprodução e domínio. Todavia, apesar de Deus ter concedido tais instintos ao homem, não quer isso dizer que o homem deva ser governado por tais impulsos, como se fossemos reféns de nossos próprios desejos. E é exatamente aqui que entra a consciência moral implantada por Deus em cada pessoa, com o senso do certo e do errado. Enquanto os animais vivem pelo instinto, os seres humanos criados à imagem de Deus devem seguir a consciência moral, em sintonia com a vontade do Senhor.
Portanto, ao comparar os falsos mestres aos animais irracionais, Pedro tinha em mente o comportamento hedonista e pervertido demonstrado por eles. Mathew Henry diz que “os homens, sob o poder do pecado, estão tão distantes de observar a revelação divina que não exercitam a razão, muito menos agem de acordo com ela” ix. Segundo Henry, “animais irracionais seguem o instinto dos seus apetites sensuais, e o homem pecaminoso segue a inclinação da sua mente carnal; eles se negam a usar a compreensão e a razão que Deus lhes deu, e assim são ignorantes do que podem e devem fazer” x.
Pedro ressalta que eles foram “feitos para serem presos e mortos”. De acordo com Kistemaker, Pedro usa essa ilustração para deixar evidenciar que o ser humano não nasceu para ser capturado e morto, mas para viver em liberdade e no conhecimento espiritual, na dependência total de Deus xi. Mas, ao viverem segundo seus instintos, afastados de Deus, eles hão de perecer.
Hedonismo (2.13,14)
Pedro diz que tais pessoas receberão o galardão da justiça, significando que serão pagos com o mal pelo mal que fizeram. Temos aqui a aplicação da lei da semeadura: “o homem colhe aquilo que semeia” (G1 6.7), de sorte que os falsos mestres receberão o salário de suas más condutas. E o resultado do pecado é a morte.
Tais condutas são exemplificadas logo em seguida: “... pois que tais homens têm prazer nos deleites cotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco” (v.13). Pedro está denunciando que a devassidão era tamanha que os homens se entregavam à luxúria carnal em pleno dia. Eles gostam de farras extravagantes. 
É preciso concordar com Warren Wirsbe quando afirma que “os apostatas regalam-se com essa vida de luxo à custa dos que os sustentam (2 Pe 2:3)” xii. Em nossa sociedade, diz Wirsbe, “há quem peça fundos para seus "ministérios" e, ao mesmo tempo, viva em mansões, dirija carros de luxo e vista roupas caras. Quando lembramos que Jesus se fez pobre a fim de nos tornar ricos, esse estilo de vida extravagante parece destoar completamente do cristianismo do Novo Testamento”.xiii 
A igreja deve estar alerta quanto a esses falsos mestres e pseudo-pregadores, que vilipendiam a igreja, vivem às custas da fé alheia e se regalam com as ofertas suadas dos irmãos. Pedro diz que eles têm "olhos cheios de adultério e não cessando de pecar, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza" (v.14). Primeiro, os falsos mestres não podiam ver uma mulher sem que a pudessem desejar, com interesses adúlteros. Segundo, eram movidos pela avareza, o desejo de possuir. Eles são ambiciosos.
O que fica clara na advertência de Pedro é que tais pessoas se introduziam na comunidade cristã com o objetivo de perverter a fé dos crentes. Pedro está dizendo para ficarmos com os olhos abertos para tais personagens.
Apostasia e sincretismo religioso (2.15,16)
Como exemplo do desvio do caminho da verdade, Pedro traz à memória o profeta Balaão, o controverso mensageiro do Antigo Testamento (Nm 22-26). Apesar de ter aparentemente resistido à proposta de Balaque de amaldiçoar Israel, seu coração ambicionava a recompensa prometida pelo rei moabita. Atribui-se a ele o fato dos israelitas terem sido seduzidos a adorar Baal e levados a se prostituírem com as mulheres moabitas (Nm 25; Jd v.11; Ap 2.14). Tornou-se, assim, um péssimo exemplo de apostasia e sincretismo religioso, que tenta misturar a fé cristã com outras religiões. 
A tentativa de conciliar diferentes dogmas religiosos é uma marca da presente era, sob o falso argumento de que as várias religiões do mundo são nada mais que aspectos diferentes de uma mesma divindade. Esse argumento tem tirado muitos cristãos do caminho da verdade. Embora seja nosso dever respeitar as outras religiões, conferindo-lhes a mesma liberdade, não é possível conciliar as doutrinas cristãs com outros dogmas que confrontam diretamente a verdade das Escrituras. Segundo a Bíblia, só existe um caminho que conduz o homem a Deus: Jesus Cristo. 
Libertinagem (2.17-19)
O apóstolo afirma que os falsos mestres “são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva” (v.17). Noutras palavras, eles não têm nenhum valor, nenhum alvo e nenhum futuro xiv.
Qual a isca que eles usavam para atrair os incautos? Eles usavam suas falas arrogantes e presunçosas, engodando com as concupiscências da carne e com dissoluções aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro (v.18). Segundo Michael Green, “a verbosidade pomposa era sua arma para pegar os desprevenidos na armadilha, e a licenciosidade era a isca no seu anzol’ xv. Apesar de prometerem liberdade, os falsos mestres e os homens impiedosos vivem escravizados pelo pecado (v.19). Na pós-modernidade, onde impera o relativismo ético e a libertinagem, filosofias e ideologias apregoam e prometem essa mesma libertação do indivíduo, para que sejam "livres das amarras morais" de valores tradicionais e familiares, dizem. No fim, tais pessoas tornam-se escravas dos seus próprios vícios. Estão fisicamente soltas, mas interiormente aprisionadas! Possuem uma suposta liberdade de escolha, mas não conseguem abandonar as correntes de seus hábitos destruidores. Somente Jesus proporciona verdadeira liberdade!
O Perigo da Apostasia (2.20-22)
Tendo falado sobre o perfil dos falsos doutores, agora o autor sagrado adverte sobre o perigo de se abandonar a verdade. A quem Pedro está se referindo a partir do verso 20, aos recém convertidos ou aos falsos mestres? A palavra “porquanto” dá a entender que o apóstolo ainda continua a falar a respeito destes falsos mestres, que outrora foram cristãos fieis e ortodoxos xvi, mas que abandonaram o reto caminho do Senhor. No passado, essas pessoas foram membros da igreja e conheceram os ensinamentos da fé cristã xvii.
Como bem observa o comentarista bíblico Simon Kistemaker, embora pareça uma frase condicional, pelo uso da palavra “se”, Pedro está declarando um fato . “Trata-se de um fato consumado: mes¬mo tendo deixado o mundo momentaneamente, eles voltaram e se corromperam novamente com seu sórdido pecado” xix.
Pedro está convencido de que aquele que um dia esteve liberto e voltou a ser escravizado pelo pecado, a sua situação ficou pior do que dantes. Isso porque, conforme explica Eldon Fuhrman: "no caso daquele que conheceu a alegria da salvação, mas se desvia do santo mandamento, é como pecar contra luz mais intensa e, consequentemente, estar sujeito a mais castigo do que experimentaria se 'não tivesse conhecido o caminho da justiça' (NVI)" xx. Certamente, estas palavras se conectam com que Jesus disse em Mateus 12.43-45.
A advertência de Pedro deixa transparecer que aquele que conheceu ao Senhor Jesus pode perder a salvação, caso seja vencido pela contaminação do mundo. Não é possível supor que estes que decaíram da fé não tenham sido plenamente convertidos. Também é insustentável a tese de que a passagem em questão esteja se referindo a uma situação hipotética, pois nitidamente Pedro está se referindo a algo real. 
A passagem diz claramente que eles chegaram a ter o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus, sem qualquer distinção em relação ao tipo de conhecimento recomendado no início desta carta. A respeito disso, Daniel Pecota bem observa que nas três vezes que aparece, a palavra traduzida por “conhecer” é a raiz de epiginõskõ, transmitindo a uma plenitude de conhecimento que vai além do conhecimento intelectual xxi.
Em tom semelhante, o escritor da Carta aos Hebreus também dirigiu severas advertências aos seus leitores, especialmente em 6.4-8 e 10.26-31. 
Tais passagens confrontam a ideia segundo a qual o verdadeiro crente (eleito) não pode perder a salvação, baseada na chamada “perseverança dos santos”. Não fosse assim, Deus não nos teria deixado diversas advertências sobre o cuidado com a fé e a manutenção no caminho da verdade (Rm 11.17-24; 1 Co 10.12; 1 Tm 1.19; Hb 6.4-6; 1 Pe 1.1-20). Como bem escreveu o saudoso Antônio Gilberto, “o crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em Cristo (Jo 15.1-6). Não há segurança fora de Jesus e do seu aprisco. Não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (cf. Rm 8.13; Hb 3.6; 5.9). Jesus guarda o crente do pecado; e não no pecado xxii.
Obviamente, isso não significa dizer que o cristão possa perder a sua salvação por qualquer motivo. Aqueles que pensam desta maneira ignoram o poder da graça e do sangue de Cristo, vivendo com enorme insegurança espiritual. Silas Daniel destacou bem ao dizer que existem dois erros extremados sobre o tema da segurança da salvação: o primeiro é pensar que, não importa o que façamos de errado, uma vez que tenhamos em Cristo, não podemos perder a salvação; o segundo erro é pensar que qualquer mínimo erro que possamos cometer fará com que percamos a salvação.
Segundo Silas Daniel, para entendermos bem este tema precisamos responder primeiramente à seguinte questão: De quem depende a salvação? Se a salvação depende de nós, então podemos perdê-la facilmente. Mas não é esse o caso, visto que ela depende de Deus, e “Ele concede todos os meios pela sua graça para garantir a segurança de nossa salvação, de maneira que é muito difícil alguém se perder eternamente” xxiii.
Outro pergunta importante que deve ser respondida em relação a este tema, segundo Silas Daniel, é a seguinte: Não obstante Deus garantir a nossa salvação, é possível a própria pessoa resistir à ação da graça em sua vida e deliberadamente perder-se? Silas Daniel responde positivamente a esta pergunta, à luz das Escrituras (Lc 8.13; Ap 22.19). Isso é chamado de apostasia.xxiv
Ao dizer que “melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” (v.21), o apóstolo não está incentivando algum tipo de ignorância. A sua intenção é advertir para os perigos da apostasia. Este termo, proveniente do grego apostásis, significa o abandono consciente e premeditado da fé que nos foi revelada por intermédio de Nosso Senhor Jesus Cristo (1 Tm 4.1). 
É preciso esclarecer que a apostasia da qual Pedro está a tratar não se confunde com o desvio da fé passível de retorno aos braços do Pai por meio do genuíno arrependimento (Rm 11.21-23; 2 Co 12.21; Tg 5.19). Silas Daniel chama de apostasia comum esse desvio da fé. Tal tipo de apostasia pode ser revertida pelo arrependimento sincero como a Bíblia demonstra fartamente (Lc 15.11-32; 1 Co 5.5; Gl 4.19).
Conforme explica Silas Daniel: "A apostasia irremediável é resultado de um profundo e consciente afastamento de Deus, onde o coração chegou a um estado de endurecimento tão grande em relação a Deus que seu retorno para Ele é simplesmente impossível" xxv. Com efeito, a perda da salvação pela apostasia é afirmada como possível e real, e não como hipotética, em muitas passagens das Escrituras xxvi (Mt 7.21-23; 24.12,13; Lc 9.62; 17.32; Jo 15.6; Rm 11.17-21; 1 Co 9.27; Hb 3.6,12,14 etc).
A gravidade é tão grande que Pedro cita o provérbio: O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de lama.
É realmente lamentável saber que uma pessoa que um dia conheceu a verdade, que tenha escapado das corrupções do mundo, tenha se deixado contaminar novamente pelo engano, a ponto de se transformar num produtor e disseminador de heresias. Diante disso, resta-nos mantermos alertas e vigilantes, sempre dependendo da graça do Senhor, para que prossigamos a caminhada com Cristo.
Notas e referências do Capítulo 12
*Adquira o livro do trimestre. NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança: Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

i HENRY, Matthew. Comentário Bíblico: Novo Testamento – Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 896. 
iiARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 937. 
iii GREEN, 1983, p. 100, 101.
iv KEENER, 2017, p. 828.
v ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 937.
vi PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 85.
vii  Ibid., p. 86.
viii LEWIS, 2005, p. 75.
ix ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 897.
x ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 897.
xi KISTEMAKER, 2006, p. 400.
xii WIRSBE, 2007, p. 585.
xiii WIRSBE, 2007, p. 585.
xiv BRUCE, 2008, p. 2178.
xv GREEN, 1983, p. 111.
xvi GREEN, 1983, p. 113.
xvii KISTEMAKER, 2006, p. 418.
xviii KISTEMAKER, 2006, p. 418.
xix KISTEMAKER, 2006, p. 418.
xx FUHRMAN, 2016, p. 275.
xxi HORTON, Stanley. Teologia sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 728.
xxii GILBERTO, Antônio e outros. Teologia sistemática pentecostal. 2. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 373.
xxiii DANIEL, 2017, p. 457.
xxiv DANIEL, 2017, p. 458.
xxv DANIEL, 2017, p. 459.
xxvi DANIEL, 2017, p. 462.

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 12 - 3º Trimestre 2019 - A Mordomia do Cuidado com a Terra - Adultos.

Lição 12 - A Mordomia do Cuidado com a Terra 

3º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – O HOMEM FOI CRIADO PARA SER MORDOMO DE DEUS
II – DEUS CONCEDEU A TERRA AOS HOMENS 
III – O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM A TERRA
Elinaldo Renovato
A mordomia cristã envolve assuntos da maior importância no Reino de Deus. O Senhor é o dono da Terra e de todos os que habitam no planeta (Sl 24.1). Ele, no entanto, resolveu confiar a governança da Terra ao ser criado à sua “imagem”, conforme a sua “semelhança”. Diante dessa decisão do Criador, o ser humano recebeu a grande e grave responsabilidade de ser mordomo de Deus para cuidar da preservação dos recursos naturais e humanos do planeta, além de prestar contas também de sua mordomia espiritual. Nesta, infelizmente, o homem falhou terrivelmente, desobedecendo à voz do Criador e aceitando as propostas perversas do Diabo. 
Entretanto, diante do pecado do ser criado, Deus resolveu realizar o seu plano de redenção do homem caído e da raça humana. Ele realizou esse plano mediante Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Em face da maldição da terra e de todas as consequências da Queda, o homem passou a ser mordomo de Deus em condições bastante difíceis e penosas, com trabalho e fatiga, com o suor de seu rosto. As condições ambientais tornaram-se, em grande parte, hostis à sobrevivência do homem, mas, com a inteligência concedida por Deus, o ser humano tem conseguido superar muitas condições adversas da Terra, incluindo as condições climáticas e ambientais, usando a tecnologia agrícola e industrial. 
Desde que Deus criou o ser humano, homem e mulher, Ele assim o fez na perspectiva de que, sendo sua “imagem”, conforme a sua “semelhança”, o homem seria seu representante na Terra, incumbido de tarefas, ocupações e missões das mais elevadas para cuidar do planeta. O homem foi criado por Deus para exercer a mordomia sobre a esfera terrena do Universo. Por razões que só o Criador reserva para si, no meio de tantos planetas, estrelas e outras dimensões cósmicas, Ele entendeu que deveria criar o pequeníssimo planeta Terra, conhecido na linguagem dos estudiosos do Cosmo como “o planeta azul”.
A Terra é tão pequena em relação a alguns planetas do Sistema Solar que, em determinada escala, sua área é menor do que a ponta de um alfinete em relação a algumas estrelas, como, por exemplo, a estrela Betelgeuse, que tem um brilho 15 mil vezes maior que o do Sol e um diâmetro 400 vezes maior que o do Astro-Rei.  A Terra é tão pequena que a Bíblia refere-se a seus habitantes de forma muito interessante: “Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde e como o pó miúdo das balanças; eis que lança por aí as ilhas como a uma coisa pequeníssima” (Is 40.15). Essa referência mostra-nos como as nações da Terra são vistas aos olhos de Deus em termos de referência quanto às grandezas cósmicas. 
Além de ser um planeta pequeníssimo em relação ao espaço sideral, Deus resolveu criar nele um ser especial, diferente dos seres celestiais, de forma também especial, conferindo-lhe caráter e natureza que o identificam como tendo missões e propósitos especiais. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra” (Gn 1.26). 
Se “as nações são consideradas por ele como a gota de um balde e como o pó miúdo das balanças”, imagine a dimensão do homem em relação ao Universo e aos céus dos céus, onde Deus habita!  Mas, mesmo assim, Deus colocou o homem na Terra com missões que jamais confiou a qualquer dos anjos, dos arcanjos, dos querubins e de outros seres celestiais. O homem recebeu a missão de ser mordomo do Criador do Universo para cuidar, zelar, guardar e preservar a Terra em várias esferas da vida humana. 
Vamos refletir sobre esse tema tão importante da realidade do ser humano. Sem dúvida alguma, essa reflexão fará com que desenvolvamos uma consciência da mordomia bíblica da vida tanto na esfera imaterial quanto material, levando-nos a entender que o crente em Jesus deve ter uma profunda reflexão consigo mesmo e colocar em prática os princípios bíblicos para uma vida cristã plena e frutífera, como servos e mordomos de Deus.
Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD. 
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 11 - 3º Trimestre 2019 - Ética Cristã no Mundo Virtual e Tecnológico - Juvenis.

Lição 11 - Ética Cristã no Mundo Virtual e Tecnológico 

3ºTrimestre de 2019
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios” (Ef 5.15).
OBJETIVOS
Citar exemplos de violência no mundo virtual;
Conversar acerca da obsolescência dos itens tecnológicos;
Refletir sobre os meios de uso inteligente da tecnologia.
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. A MÍDIA VIRTUAL, A TECNOLOGIA E A PRIORIDADE DA VIDA
2. O PERIGO DA VIOLÊNCIA NA MÍDIA VIRTUAL
3. O PERIGO DO CARÁTER DESCARTÁVEL DA TECNOLOGIA
4. USANDO A MÍDIA VIRTUAL E A TECNOLOGIA COM INTELIGÊNCIA
Querido (a) professor (a), o tema de nossa próxima aula é extremamente atual e urgente de se conversar sob a ótica da ética cristã, especialmente na idade de seus juvenis, em que o mundo e virtual e tecnológico têm muito mais espaço. 
Devido ao cyberbullying muitos jovens têm chegado à depressão, inúmeros problemas emocionais, isolamento social e até mesmo ao suicídio – que já é a segunda principal causa de morte em todo o mundo para pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos de idade. Portanto, veja como é crucial preparar-se intelectual e espiritualmente para esta lição. 
Devido a este problema mundial, em 2014 nasceu a campanha "Setembro Amarelo", este ano ainda mais propagada e aderida. Você já deve ter ouvido falar sobre esse movimento em alguma matéria de jornal ou mesmo em suas redes sociais. 
Esta ação foi criada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida / Prevenção ao Suicídio), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com o objetivo de conscientizar a população sobre a seriedade de doenças como a depressão que acabam levando ao suicídio. Para prevenir este mal, precisamos nos informar e debater a respeito.
Nesta terça-feira, dia 10 de setembro, foi o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio e é um ótimo gancho com esta próxima aula. Pergunte a seus juvenis sobre o assunto, o que sabem a respeito, suas opiniões sobre esta estatística fatídica de suicídio, o que acham de campanhas e ações como esta do “Setembro Amarelo”, o que nós como cristãos podemos fazer para ajudar, etc. 
Para te deixar ainda mais informado sobre este assunto, separamos uma matéria publicada pelo nosso portal de notícias CPAD News que você pode acessar clicando AQUI. 
Abaixo você também pode ler um trecho da nossa revista de ED de Jovens sobre os perigos do universo digital, cyberbullying, legislação e etc.
OS MALES DO BULLYING VIRTUAL
1. O que é bullying virtual? Também chamado de cyberbullying, consiste na intimidação sistemática de outra pessoa, por meio de insultos, humilhação, depreciação e agressão verbal, de modo a provocar constrangimento perante os outros. Em virtude da facilidade do anonimato, a internet é um meio veloz de propagação de imagens e comentários depreciativos sobre a vida de alguém. É um problema grave, pois as palavras, não raro, ferem mais que a dor física (Pv 12.18). Assim como a língua, que serve para proferir palavras de bênção ou maldição (Tg 3.10), as publicações na rede de computadores podem devastar vidas como o fogo (Tg 3.6).
2. Brincadeira sem graça. Na maioria dos casos essa prática inicia como uma brincadeira de péssimo gosto para divertimento dos envolvidos. Mas, vale aqui a advertência de Provérbios 26.18,19. Não há qualquer graça em tal brincadeira maligna e odiosa, afinal as consequências do bullying virtual são sérias; afeta os sentimentos e a imagem do ofendido perante a sociedade. Pesquisas indicam que esse tipo de agressão pode acarretar trauma psicológico, isolamento social, desenvolvimento de problemas relacionados à depressão, e até mesmo levar a vítima ao suicídio. Não é algo para rir, mas chorar!
3. A conduta do jovem cristão. Em meio a uma cultura de “zoação” e escárnio (2Pe 3.3), em que muitos encaram com naturalidade as brincadeiras e piadas que expõem a vida dos outros no ambiente virtual, o jovem cristão é instado a mostrar o diferencial pelo testemunho online, com conduta exemplar na palavra, no comportamento, no amor, no espírito, na fé e na pureza (1Tm 4.12).
O ponto de partida é seguir a recomendação do salmista: “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.1,2). Aquele que medita na Palavra de Deus não perde tempo com brincadeiras inúteis e destrutivas, compartilhando conteúdo produzido pelos escarnecedores virtuais.
Além de não praticar o bullying, o crente em Cristo deve intervir quando alguém, cristão ou não, estiver sendo vítima de intimidação virtual. Quebrar as correntes da maledicência e aconselhar seus autores para que cessem o desrespeito, são práticas que exprimem o amor divino.
A LEI E A PUNIÇÃO DOS CRIMES CIBERNÉTICOS
1. Crimes contra a honra. Englobam as ações que ofendem a honra e a moral de uma pessoa: calúnia, difamação e injúria. A calúnia é a afirmação falsa de que alguém cometeu um determinado crime; difamação é associar uma pessoa a um fato que ofende sua reputação e injúria refere-se à ofensa que atinge a dignidade e o decoro do ofendido. A defesa da verdade e da honra das pessoas se fundamenta nas Escrituras (2Co 13.8; Ef 4.25), por isso o servo de Deus não deve disseminar informações inverídicas e caluniosas que trafegam no mundo digital.
2. Crimes de pedofilia. A troca de informações, imagens e vídeos envolvendo a sexualidade de crianças e adolescentes caracteriza o crime de pedofilia. Infelizmente, há no mundo virtual redes malignas de indivíduos sem afeição natural que aliciam menores e espalham conteúdo pornográfico. Tais atos são abomináveis para Deus, uma vez que expõem os frágeis pequeninos amados do Senhor (Mt 18.10). É dever do cristão denunciar essa prática pecaminosa e desumana.
3. Crimes informáticos. Referem-se aos delitos de invasão de dispositivos informatizados, roubo de dados e fraudes financeiras por meios tecnológicos. Tais atos delinquentes normalmente são praticados mediante a disseminação de vírus e outras pragas virtuais. Devemos ter em mente que todo usuário da rede de computador é um alvo em potencial para essa espécie de crime. Assim, utilizar mecanismos de segurança, acessar páginas seguras e não compartilhar informações pessoais na internet são ações básicas para evitar ser vítima de ataques virtuais. 
O Senhor te abençoe e capacite. Boa aula!
Paula Renata Santos
Editora Responsável pela Revista Juvenis da CPAD 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Lição 11 - 3º Trimestre 2019 - Alerta Contra os Falsos Mestres e Suas Heresias - Jovens.

Lição 11 - Alerta Contra os Falsos Mestres e Suas Heresias 

3º Trimestre de 2019
Introdução
I - Os falsos mestres e suas heresias;
II – Características dos falsos mestres;
III - O julgamento dos impostores da fé.
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Apresentar o perfil dos falsos mestres e suas heresias;
Compreender as características dos falsos mestres;
Refletir a respeito do julgamento dos impostores da fé. 
Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Valmir Nascimento: 
Tendo falado no capítulo 1 a respeito da Palavra revelada e inspirada de Deus, instando os crentes a se manterem firmes nela, no capítulo 2 Pedro expõe acerca dos perigos dos falsos ensinos. Assim como houve no Antigo Testamento profetas que falaram guiados pelo Espírito Santo, também houve entre o povo os falsos profetas, homens que falavam segundo os seus próprios interesses. A intenção do apóstolo, portanto, era advertir a comunidade cristã acerca dos impostores que estavam a disseminar doutrinas enganosas entre os crentes, verdadeiras heresias de perdição. Se na primeira carta os cristãos deveriam estar preparados para os desafios externos, na segunda a mensagem é que os crentes precisam estar prontos e precavidos contra os inimigos internos, que se infiltram dentro da igreja e sorrateiramente torcem a verdade das Escrituras. 
Os Falsos Mestres
No seu início e nas décadas seguintes, a igreja foi ameaçada pelos judaizantes que queriam impor a Lei mosaica e seus ritos sobre os cristãos. Estes mestres alteravam o cerne do evangelho, colocando a Lei como complemento da obra de Jesus no Calvário, razão pela qual o apóstolo Paulo os censurou gravemente (Gl 1.8,9). Tempos depois, o cristianismo passou a ser ameaçado pelos falsos doutores (gr. pseudodidaskalos), também chamados falsos mestres ou professores, que tentavam introduzir nas doutrinas cristãs conceitos das filosofias pagãs, induzindo o povo à prática da imoralidade. É dentro desse contexto que Pedro escreve a sua segunda epístola, cujo teor é bem parecido com a Carta de Judas. Ambas advertem sobre as principais características dos falsos mestres, suas heresias, motivações e a certeza do julgamento divino sobre eles.
As heresias dos falsos mestres em face da ortodoxia apostólica (2.1)
Fazendo uma análise comparativa com o que havia acabado de dizer, sobre os profetas que falaram inspirados por Deus, Pedro afirma que também houve entre o povo falsos profetas, como também haveria falsos doutores. Em diversas ocasiões, a nação israelita desviou-se da verdade por dar ouvidos aos mensageiros enganosos. Os falsos profetas bradavam “assim diz o Senhor”, quando na verdade estavam falando em nome próprio; apregoavam paz (Jr 6.14) quando ela não existia. A história, portanto, estava se repetindo, inclusive como um cumprimento profético (Dt 13.2-6; Mt 24.24), e era importante que o povo fosse advertido sobre estes mestres que adulteravam a verdade de Deus. Pedro se levanta com veemência contra os falsos mestres, pois sabia que os seus ensinos eram nocivos, introduzindo encobertamente heresias de perdição. No original grego, embora a palavra heresia (haeresis) tenha o sentido estrito de "fazer uma escolha", no Novo Testamento ela denota uma escolha deliberada de rejeitar o verdadeiro ensino cristão, dando origem a doutrinas heréticas e movimentos sectários (1 Co 11.19; Gl 5.20). 
A forma como a segunda epístola de Pedro defende a verdade apostólica chama a nossa atenção para a própria ideia de heresia. Será que a heresia sempre foi combatida pelos cristãos ou foi uma invenção posterior ao cristianismo primitivo? Em outras palavras: Quem veio primeiro, a heresia ou a ortodoxia?
Ainda que para a grande maioria de nós a heresia seja realmente a deturpação de uma doutrina correta, é importante lembrar que há quem entenda de maneira contrária. Nos últimos anos reacendeu a afirmação de que no início do cristianismo não existia uma ortodoxia cristã (unidade), mas somente a diversidade de interpretações doutrinárias. Essa perspectiva defende que a ortodoxia seria a mãe da heresia. Eis a razão pela qual as heresias despertam a atenção e seduz as pessoas, com o slogan da diversidade e inclusivismo. A esse respeito Will Herbert escreveu: “Hoje, as pessoas se vangloriam avidamente de serem hereges, esperando com isso se mostrarem interessantes; pois o que significa ser herege, senão ter mente original, ser um homem que pensa por si mesmo e rejeita credos e dogmas?” i.
No livro A heresia da ortodoxia, Andreas Kostenberger e Michael Kruger dizem que o que costumava ser considerado heresia é hoje a nova ortodoxia, e a única heresia que resta é a própria ortodoxia, cujo “evangelho” da diversidade desafia abertamente a asserção de que Jesus e os cristãos primitivos ensinavam uma mensagem unificada que consideravam absolutamente verdadeira, bem como consideravam falsas quaisquer negações dessa mensagem ii.
O principal proponente dessa visão foi Walter Bauer, nascido em Konigsberg, Prússia Oriental, em 1877, lexicógrafo e estudioso alemão da Igreja Primitiva. Em sua tese, Bauer argumentou que a diversidade contemporânea é boa e que o cristianismo histórico é excessivamente estreito em sua visão, mas também que o próprio conceito de ortodoxia é uma invenção posterior ao cristianismo primitivo, que não corresponde às convicções de Jesus nem dos primeiros cristãos.
Segundo Kostenberger e Kruger, antes do lançamento do livro de Walter Bauer [Orthodoxy and Heresy in the Earliest Christianity – Ortodoxia e Heresia no Início do Cristianismo, 1965], havia ampla aceitação no pensamento teológico cristão que as raízes do cristianismo se encontravam na pregação unificada dos apóstolos de Jesus e que só posteriormente essa ortodoxia (crença correta) foi corrompida por várias formas de heresia (ou heterodoxia). Desse modo, a ortodoxia precede a heresia. Contudo, em sua obra, Bauer inverte os fatores e afirma que a heresia (pluralidade de crenças, heterodoxia) veio antes da ortodoxia, como um conjunto normativo de crenças doutrinárias cristãs.
A metodologia empregada por Bauer, segundo afirma, foi fazer uma investigação nos quatro centros geográficos do cristianismo primitivo: Ásia Menor, Egito, Edessa e Roma, chegando à conclusão que Roma, já em 95 d.C., tentou impor sua versão de ensino cristão ortodoxo ao resto da cristandade, consolidando sua autoridade eclesiástica, reescrevendo a história, removendo dela registros de formas divergentes de crenças. Coube a Bart Ehrman popularizar a tese de Bauer, a qual ganhou novo fôlego com o surgimento do pós-modernismo e a ideia de que a verdade é inerentemente subjetiva e uma questão de poder.
Ao criticar a tese de Bauer Alister McGrath enfatiza que embora houvesse uma diversidade das comunidades cristãs no início do cristianismo, especialmente em virtude das diferenças geográficas, havia um fio unificador fundamental da fé cristã. De acordo com McGrath, “a diversidade sociológica do cristianismo primitivo não era comparada a nada que se aproximasse, mesmo remotamente, de uma anarquia teológica” iii. No início da era cristã, a Igreja Primitiva era fragmentada socialmente, e não havia nenhuma autoridade centraliza para “impor” as suas doutrinas essenciais, visto que a igreja não tinha poder político e muito menos militar. Aliás, ao contrário disso, o Estado Romano era hostil ao cristianismo, vendo-o muitas vezes como subvertendo as visões religiosas tradicionais. 
McGrath recorda que a convocação do Concílio de Niceia, por Constantino, em 325, pode ser interpretada como o primeiro passo na tentativa de criação de uma igreja imperial, uniforme. Até então, o cristianismo era frágil sob o ponto de vista político. Por essa razão, McGrath rejeita a afirmação de Bauer, dizendo que ele projetou para o passado a influência de Roma sobre as igrejas, o que até então não existia.
O fato é que, segundo McGrath, a heresia possui uma gênese. Em meados do século III, uma narrativa de origem da heresia foi estabelecida dentro da igreja. Suas principais características segundo McGrath podem assim ser resumidas:
1. A igreja fundamentada pelos apóstolos era “pura e imaculada”, mantendo-se firme nos ensinamentos de Jesus Cristo de Nazaré e das tradições dos apóstolos.
2. A ortodoxia precedia temporalmente a heresia. Esse argumento é desenvolvido com particular vigor por Tertuliano, que insistia em afirmar que o primum é o verum. Quanto mais antigo um ensinamento, mais autêntico ele é. Assim, a heresia é considerada inovação.
3. Desse modo, a heresia será vista como um desvio deliberado de uma ortodoxia já existente. A ortodoxia veio primeiro, a decisão de rejeitá-la (ou alterá-la) veio depois.
4. A heresia representa o cumprimento de profecias do NT sobre deserção e desvio dentro da igreja, e pode ser vista como um meio providencial pelo qual a fé dos crentes pode ser testada e confirmada.
5. A heresia surge por meio do gosto pelo novo, ou ciúme e inveja por parte dos hereges como frustrados e ambiciosos, e relaciona as suas visões a um ressentimento por não terem alcançado o reconhecimento do alto comando eclesiástico.
6. Vista de modo geral, a heresia é internamente incompatível, faltando-lhe a coerência da ortodoxia.
7. As heresias individuais são geográficas e cronologicamente restritas, enquanto a ortodoxia se encontra espalhada pelo mundo.
8. A heresia é o resultado da diluição da ortodoxia como filosofia pagã. Mais uma vez, Tertuliano é um defensor ferrenho dessa posição, argumentando que as ideias de Valetino derivavam do platonismo e do estoicismo de Marcião. Ele pergunta: o que Atenas tem a ver com Jerusalém.
Essa “visão aceita” sobre a origem da heresia foi amplamente admitida dentro do cristianismo até o início do século XIX.  Por outro prisma, Roger Olson escreve que 
os pais da igreja antiga, seguindo o exemplo apostólico, tiveram de reconhecer as afirmações da verdade legitimamente cristãs das que não eram, e, para fazê-lo não podiam repetir simplesmente as palavras dos apóstolos, tiveram de reconhecer as afirmações da verdade legitimamente cristãs das que não eram, e para fazê-lo não podiam repetir simplesmente as palavras dos apóstolos que circulavam nos evangelhos e à suposta tradição secreta, não-escrita, de ensinamentos adicionais passados a eles pelos apóstolos. Diante desse pluralismo de afirmações de verdades conflitantes e mensagens sobre o cristianismo autêntico, os líderes eclesiásticos e os pensadores cristãos dos séculos II e III simplesmente tiveram de esclarecer as doutrinas. Esse foi o começo do que denomino de diversas formas, grande tradição, a tradição consensual e a uniformidade interpretativa do cristianismo. iv 
Desse modo, é incorreta a afirmação de que a heresia precedeu a ortodoxia.
A heresia, escreveu Alister McGrath, “parece ser cristã, mas é na verdade uma inimiga da fé, que espalha a semente da destruição” v. Ela também pode ser comparada a um vírus, que se fixa dentro de um hospedeiro e, por fim, usa o sistema de replicação de seu hospedeiro para conseguir a dominação vi. A sua característica básica é o afastamento da verdade apostólica, ou seja, as doutrinas ensinadas pelos apóstolos do Senhor. 
Considerando o perigo que representam à fé cristã em geral e ao crente em particular, Pedro diz que são heresias de perdição, isto é, ensinamentos que destroem princípios éticos e doutrinários. “Aqueles que negam o ensinamento apostólico e distorcem a Escritura, opõem-se, por essa razão, a Deus e trazem destruição para si mesmos e para todos os que seguirem o erros deles” vii.
Observe o modus operandi dos falsos mestres: eles introduzem suas heresias encobertamente, de modo dissimulado. Quase nunca confrontam abertamente a ortodoxia bíblica. Em vez disso, de maneira secreta, sorrateira, desprezam doutrinas elementares da fé, a exemplo da inerrância e inspiração das Escrituras, e adotam métodos hermenêuticos espúrios.
Negam ao Senhor que os resgatou
É preciso concordar com Warren Wirsbe quando afirma que os falsos mestres são mais conhecidos por aquilo que negam do que por aquilo que afirmam. Eles rejeitam a inspiração da Bíblia, o caráter pecaminoso do ser humano, a morte sacrificial de Jesus Cristo na cruz, a salvação somente pela fé e até mesmo a realidade do julgamento eterno viii. Em especial, negam a divindade de Jesus Cristo, pois sabem que, se eliminarem sua divindade, podem destruir a verdade cristãix
Isso é o que Pedro quer dizer quando afirma que os falsos mestres "negarão o Senhor que os resgatou". Uma clara evidência da falsidade de um ensino é tratar Jesus somente como um grande ensinador ou mestre moral, e rejeitar a sua deidade. O próprio Jesus tinha total convicção de sua autoridade. Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). E depois da sua ressurreição dos mortos afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Cristo não se considerava um simples sábio, um mero homem de moral elevada ou somente um profeta. Ele sabia que era o filho unigênito de Deus, enviado com o propósito de proporcionar redenção ao homem.
Essa questão não é trivial. A forma como Jesus se auto-identificava serve como parâmetro fundamental no modo como as pessoas o veem.  C. S. Lewis, um dos maiores escritores cristãos do século XX, dizia que é uma tolice as pessoas afirmarem: “Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus”. Afinal, um homem que fosse um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral, mas sim um lunático ou coisa pior. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco, pois ele nunca nos deixou a opção de considerá-lo como simples mestre humano. Lewis também observa que parece ser óbvio que Jesus não era lunático, muito menos um demônio. Por isso, precisamos reconhecer que ele era, e é Deus. “Deus chegou sobre forma humana no território ocupado pelo inimigo” x
Erwin Lutzer nos aconselha a esquadrinhar os horizontes religiosos, lendo a vida dos grandes mestres religiosos de todos os tempos; não apenas o que ensinaram, mas também o que disseram acerca deles mesmos. Ao buscar um Salvador qualificado e sem pecado você descobrirá que Cristo não tem rival: “Se houvesse outro que reivindicasse inculpabilidade, teríamos prazer em checar suas credenciais pra ver como elas se comparam com as de Cristo. Mencione a exigência de inocência e o campo religioso se define; só um homem permanece. Cristo vive de acordo com seu nome!”.xi 
Vale lembrar também que os evangelhos estão repletos de curas e milagres realizados por Cristo, a exemplo da transformação de água em vinho, multiplicação de pães, curas de aleijados, cegos e outras doenças. O milagre é uma intervenção divina na natureza. Contudo, o milagre mais magnífico em Jesus é a sua ressurreição dos mortos. A vitória dEle sobre a morte, diz o apóstolo Paulo, é um dos pilares da fé cristã: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Co 15.14).
A ressurreição de Jesus é um evento histórico, não um mito, e por isso é possível assegurar que temos elementos consistentes para acreditar no túmulo vazio. Algumas pessoas tentaram provar que Jesus nunca ressuscitou, mas no final acabaram se convencendo do contrário. Uma dessas pessoas foi Frank Morison, um jornalista inglês que se lançou a provar que a história da ressurreição de Cristo não passava de um mito. Porém, suas pesquisas o levaram a crer no Jesus ressurreto, resultando no livro Who Moved the Stone? (Quem moveu a pedra?). 
Características dos Falsos Mestres
Fazem seguidores e conduzem à libertinagem (2.2)
Lamentavelmente, os impostores da fé sempre alcançam êxito na tarefa de arrebanhar ouvintes e seguidores, geralmente pessoas incautas que são levadas por qualquer vento de doutrina (Ef 4.14). O ser humano possui um anseio inato por Deus, pois foi criado como um ser espiritual. Todavia, diante da sua condição caída e pecadora, acaba substituído o Deus verdadeiro e a sua Palavra por ídolos construídos por ele próprio, a exemplo do episódio do bezerro de ouro (Ex 32). A tática dos falsos mestres é idêntica àquela utilizada pelos falsos profetas: falar o que o povo quer ouvir (Jr 5.31; 29.8; Mq 2.11). 
Em razão disso, Pedro afirma que muitos seguem as suas práticas libertinas (v.2, ARA). Tal se deve porque, enganadores religiosos não propagam somente falsas doutrinas, mas também falsas condutas. Ao distorcerem a Palavra de Deus, como fez a serpente no Éden, levam os seus seguidores à libertinagem e às práticas imorais, denegrindo o Evangelho diante do mundo. 
Pelos quais será blasfemado o caminho da verdade, prossegue Pedro. Segundo Michael Green, “existe um só caminho da verdade, o próprio Je¬sus Cristo (Jo 14.6); é por isso que a negação dEle é a mesma coisa que o afastamento da verdade”.xii 
A advertência apostólica contra os ensinos que conduziam à imoralidade era crucial naquele momento. Além do gnosticismo, a comunidade cristã também padecia com os ensinos heréticos dos antinomistas. Estes apregoavam a desnecessidade dos crentes seguirem princípios éticos, ao argumento de que os preceitos morais da Lei de Deus não teriam mais validade após a morte de Cristo. 
Para os falsos mestres, não há qualquer problema em ser crente e ao mesmo tempo viver deliberadamente no pecado. "Jesus só quer o coração" é a frase que melhor resume este ensinamento insidioso. Esta mentira satânica enganou muitas pessoas naquele tempo e continua a seduzir muitos crentes, inclusive jovens, nos dias de hoje. Paulo combateu aqueles que achavam que por causa da graça de Deus podiam continuar numa vida dissoluta (Rm 6.1-4). A graça divina, afinal, não justifica a continuidade no pecado!
Como consequência dos falsos ensinos e suas práticas, Pedro enfatiza que o caminho da verdade é blasfemado. Ou seja, ao deturpar o Evangelho, os impostores trazem escândalo à igreja e envergonham o nome de Cristo. 
Buscam lucro e proveito próprio (2.3a)
Outra marca dos falsos mestres é a busca do lucro financeiro por meio da fé. Movidos pela avareza, eles tratam os seus seguidores como mercadorias, fazendo deles negócio com palavras fingidas. Eles fazem da religião a fonte dos seus lucros.
Certamente, como ensina Lawrence Richards, "não devemos nos precipitar e considerar alguém como um ''falso mestre" com base na sua renda financeira. A questão aqui é a motivação e a exploração financeira" xiii. Exploradores da fé não amam as pessoas, amam o dinheiro. Eles não estão preocupados com o crescimento espiritual dos crentes, e sim com o próprio benefício financeiro. Judas diz que eles são pastores que "apascentam a si mesmos".
Naquela época, muitos desses falsários espirituais cobravam para realizar suas práticas religiosas. Em nossos dias não é diferente. Em muitos casos, há quem use o ministério cristão com propósitos egoístas, com os olhos voltados para o lucro financeiro. Que Deus nos dê sabedoria para discernir entre o falso e o verdadeiro, entre aqueles que servem a Deus e aqueles que servem aos seus interesses pessoais dentro da igreja!
O Julgamento dos Impostores da Fé
Uma sentença decretada (2.3b)
Pedro finaliza o verso 3 dando um alento aos fiéis que clamam por justiça. O tempo dos falsos mestres está terminando; o destino deles é certo: a condenação final. Ninguém poderá livrá-los da sentença do Justo Juiz, porquanto hão de pagar o preço pelos seus falsos ensinamentos e pelas vidas que desviou da verdade. Em sua Palavra, Deus sempre deu a conhecer a sentença sobre os impostores religiosos (Dt 13.1-5; Ap 21.8). No Julgamento Final, nem mesmo o fato de dizerem que profetizaram, expulsaram demônios ou fizeram maravilhas no nome de Deus será suficiente para livrá-los. Jesus lhes dirá: "Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt 7.23).
O Deus de justiça (2.4-9)
O apóstolo comprova a certeza da severa condenação divina com base em três condenações anteriores: a rebelião angelical, a geração pré-diluviana e as cidades de Sodoma e Gomorra. "(...) se Deus condenou os anjos que pecaram lançando-os no inferno, se Deus condenou o mundo antigo destruindo-o pelo dilúvio, se Deus condenou as cidades da planície reduzindo-as a cinzas, então é absolutamente certo que os falsos mestres também receberão a sua condenação" xiv.
Esta passagem enaltece a justiça e a imparcialidade de Deus. Ele é amor, mas é também justiça (Sl 50.6).  De modo claro, essa passagem das Escrituras confronta os falsos ensinos que negam a ideia do inferno e da punição eterna para os pecadores. Nesse sentido, o universalismo - linha teológica que afirma que todos os homens estão destinados à salvação eterna - não encontra qualquer respaldo no texto sagrado.
Pedro contrasta a condenação dos ímpios com o livramento dos justos. Ele recorda que Deus guardou a Noé e sua família, e livrou a Ló. Evidentemente, isso é uma prova do favor divino em benefício dos pecadores arrependidos. O perdão de Deus está disponível àqueles que abandonam o pecado e passam a viver inteiramente para Ele, mediante a graça. Por essa razão, não é possível conceber a ideia segundo a qual a salvação é uma ação divina incondicional, sem a necessária correspondência por parte do homem. A condição da salvação é estar em Cristo, permanecendo fiel à sua Palavra. Isso pressupõe fé e arrependimento dos pecados. 
Desde a queda do primeiro casal, as mentiras de Satanás e as heresias provindas da obra da carne (Gl 5.20) tentam afastar os homens da verdade de Deus, por meio da sedução e do engano. Como vimos, nesta segunda epístola Pedro adverte os crentes sobre os perigos dos falsos mestres e seus ensinos heréticos, os quais distorcem as doutrinas bíblicas e conduzem as pessoas a um padrão de vida imoral. A mensagem do apóstolo Pedro ecoa com grande intensidade para a igreja contemporânea, num tempo de falsa tolerância e pluralismo religioso, que tenta a todo custo colocar Jesus ao lado de outros deuses e transmitir a ideia de que todos os caminhos conduzem a Deus. Todavia, a verdade nunca se confunde com a mentira!
Notas e referências do Capítulo 11
*Adquira o livro do trimestre. NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança: Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

i MCGRATH, 2014, p. 8.
ii KOSTENBERGER, Andreas J., KRUGER, Michael. A heresia da ortodoxia. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 18.
iii MCGRATH, Alister. Heresia: uma história em defesa da verdade. São Paulo: Hagnos, 2014, p. 60.
iv  OLSON, 2004, p. 43.
v MCGRATH, 2014, p. 46-47.
vi Idem.
vii ZUCK, 2016, p. 517.
viii WIRSBE, 2007, p. 577.
ix Idem.
x LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martins Fontes. 2005, p. 68-71.
xi LUTZER, Erwin. Cristo entre outros deuses: uma defesa da fé crista numa era de tolerância. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 81.
xii GREEN, 1983, p. 92.
xiii RICHARDS, 212, p. 974.
xiv ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 937. 

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 11 - 3º Trimestre 2019 - A Mordomia das Obras de Misericórdia - Adultos.

Lição 11 - A Mordomia das Obras de Misericórdia 

3º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – SIGNIFICADO DE MISERICÓRDIA
II – A MORDOMIA DA MISERICÓRDIA CRISTÃ
III – CUIDADOS NA PRÁTICA DAS BOAS OBRAS

Elinaldo Renovato
“Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade” (Sl 103.8). Misericórdia faz parte do caráter e dos atributos morais de Deus transferíveis ao homem. Ele não transmite ou reparte seus atributos absolutos, o de onipotência, onisciência e onipresença, dentre outros, mas Ele transfere seus atributos relativos para os homens. Sendo misericordioso, Deus quer que seus filhos também o sejam. “Misericórdia é o princípio eterno da natureza de Deus que o leva a buscar o bem temporal e a salvação eterna dos que se opuseram à vontade dele, mesmo a custo do sacrifício próprio” 1. Se Ele não fosse misericordioso, ninguém subsistiria ante sua santidade. “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22).
Bancroft 2 diz que a misericórdia era mais enfatizada no Antigo Testamento, enquanto a graça é mais apresentada no Novo Testamento. Ele dizia que misericórdia também é sinônimo da longanimidade de Deus. A misericórdia de Deus é a manifestação do seu sentimento para com os que se acham angustiados, em miséria, seja pelo pecado, seja pelo sofrimento. A misericórdia de Deus age no sentido de livrar o sofredor de seus problemas. A Bíblia diz: “Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade” (Sl 103.8); “Piedoso e benigno é o SENHOR, sofredor e de grande misericórdia” (Sl 145.8).
Com essa visão acerca de Deus, a Bíblia mostra-nos que Ele requer de seus filhos que também sejam misericordiosos, que façam obras que demonstre esse sentimento, que é fruto do amor cristão, que deve dominar os corações dos que o aceitam como Salvador. Assim como Deus deseja livrar o que sofre de suas aflições, da mesma forma, o crente fiel precisa sentir compaixão e misericórdia daqueles que estão ao seu redor, ou de que tem conhecimento, no sentido de não só orar por eles, como também fazer o que estiver ao seu alcance para minorar a dor alheia. O salvo precisa cultivar e difundir obras de misericórdia e de amor. São obras que refletem o amor cristão na prática, ou seja, a caridade. O apóstolo João escreveu em sua primeira epístola: “Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar o seu coração, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1 Jo 3.17,18). João, considerado “o apóstolo do amor”, foi, de fato, o escritor bíblico que mais discorreu sobre a importância de praticar o amor de Deus na vida cristã. A exemplo de Tiago, João questiona se “a caridade de Deus” está naquele que, vendo seu irmão necessitado, fecha o coração. E ele completa com uma solene exortação, ensinando que não devemos amar apenas “de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”. 
Um cristão só pode identificar-se com Deus e com Cristo se praticar a misericórdia. Jesus censurou os fariseus na questão dos dízimos, pois esses se diziam os mais rigorosos no cumprimento da Lei, a ponto de pagarem os dízimos das coisas mínimas, como o “endro e o cominho”; mas eles desprezavam, segundo Jesus, “o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé” (Mt 23.23 – grifo acrescido). A prática da misericórdia é condição determinante para alguém alcançar a misericórdia de Deus no Juízo. Tiago diz: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2.13). 
Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD. 

1 Augustus H. STRONG, Teologia Sistemática, p. 431. 
2 E. H. BANCROFT, Teologia Sistemática, p. 77.

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

sábado, 7 de setembro de 2019

Lição 10 - 3º Trimestre 2019 - Jesus é o meu Pastor - Berçário.

Lição 10 - Jesus é o meu pastor 

3º Trimestre de 2019 
Objetivo da lição: Apresentar Jesus como o Bom Pastor, que deu por eles a vida.
É hora do versículo: “[...] O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11).
Nesta lição, as crianças serão apresentadas a Jesus como o Bom Pastor, que deu por elas a vida. Ele nos carrega em seus braços e cuida de nós, assim como a mamãe, o papai, os avós, os tios e as tias cuidam do bebê.
Após realizar todas as atividades propostas no manual do professor e caso haja tempo, imprima a folha abaixo e distribua para as crianças colorirem, usando giz de cera, a figura de Jesus, o Bom Pastor, segurando as ovelhas. 
pastor licao10 bercario
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Editora da Revista Berçário

Lição 10 - 3º Trimestre 2019 - O Amigo do Papai do Céu - Maternal.

Lição 10 - O Amigo do Papai do Céu 

3º Trimestre de 2019
Objetivo da lição: Mostrar à criança que Deus é o nosso verdadeiro amigo. 
Para guardar no coração: “[...] Chamo vocês de amigos [...].” (Jo  15.15)
Mensagem ao professor
“Somos seres sociáveis. Fomos criados com a necessidade de relacionar-nos com outros de nossa espécie. Observando os animais viverem em grupos da mesma raça, Adão sentiu-se só; desejou ter alguém com quem conversar e partilhar as boas coisas do Éden. Deus supriu esta necessidade criando Eva. Ambos tornaram-se não apenas marido e mulher, mas grandes amigos. E, além de terem um ao outro, desfrutavam da amizade de Deus que, todas as tardes, vinha conversar com eles no jardim (Gn 3.8). O próprio Deus aprecia a comunhão com os seres humanos. Jesus cultivava boas amizades aqui na terra; mesmo sendo o Filho de Deus, gostava de ter amigos. Além dos discípulos que estavam sempre com Ele, o Senhor passava bons momentos na companhia de Marta, Maria e Lázaro (Jo 11.5). Ele entende que você precisa de amigos, e aprova as boas amizades. Ele sabe que “melhor é serem dois... se um cair, o outro levanta o seu companheiro” (Ec 4.9,10).
Que dádiva de Deus é ter um amigo que nos anima e conforta, que ora conosco e nos ampara na travessia do vale sombrio, mas que também ri e conosco comemora, quanto chegamos ao topo da montanha. Um amigo que nos ouve sem julgar. Que nos aceita do jeito que somos, mas que faz o possível para nos melhorar. Glorifique a Deus pelos amigos que você tem, e seja você também um amigo bom e leal” (Marta Doreto).    
Perfil da criança
“Lembramos, mais uma vez, que a criança do maternal acha-se numa faze em que come muito, dorme bastante, e cresce ininterrupta e rapidamente. Resultado: é uma criança cheia de energia.
E toda energia sem controle é desastrosa, como bem explica o Pr. Antônio Gilberto, ao falar dos dons espirituais. Explica ele que, ‘a eletricidade, quando domada nas subestações, torna-se apropriada ao consumo doméstico, mas nas linhas de alta tensão é letal e destruidora’. O mesmo princípio aplica-se à energia física acumulada nas crianças. Se ela for bem canalizada e distribuída em atividades diversas, ao longo da aula, resultará em melhor aproveitamento do ensino por parte do aluno, e satisfação sem estresse para o professor.
Frisamos que o aprendizado dessa ‘turma enérgica’ dá-se principalmente por meio do olhar as coisas, do gesticular, repetir falas, pular, correr, atirar coisas, etc. Tenha isto sempre em mente, e não caia no erro de esperar, muito menos de exigir, que os seus alunos fiquem sentados passivamente, ouvindo-o contar uma história ou explicar um conceito.
Permita-lhes participar ativamente da aula, repetindo as falas dos personagens, imitando-lhes os movimentos, e ‘conversando’ com eles, ao dirigir-lhes cumprimentos, elogios, palavras de consolação, repreensão, etc” (Marta Doreto). 
Até logo
Depois de repetir o versículo e o cântico do dia, encerre a aula com uma oração. Recomende às crianças que peçam aos pais para que leiam (em uma bíblia infantil) a história de Abraão, o amigo de Deus que se encontra em Gênesis 11.31—12.9.   Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista de Maternal