segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Lição 06 - 3º Trimestre 2019 - A Razão da Nossa Esperança - Jovens.

Lição 6 - A Razão da Nossa Esperança

3º Trimestre de 2019
Introdução
I-As Qualidades da Vida Cristã;
II-A Questão do Sofrimento;
III-A Defesa da Nossa Esperança
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Descrever as qualidades da vida cristã;
Refletir acercada questão do sofrimento;
Saber como defender a razão da esperança cristã.

Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Valmir Nascimento:

Em todas as direções que olhamos, presenciamos dor e sofrimento. Apesar do avanço da ciência e das inúmeras comodidades inventadas pelo homem nos últimos séculos, trazendo melhores condições de vida, a dor física e emocional permanece como uma realidade perturbadora para o ser humano. Diariamente, a mídia noticia uma série de acontecimentos trágicos, violência, assassinatos, acidentes de trânsito, doenças e muitos outros eventos dolorosos.
Como o cristão se porta diante do sofrimento?  Enquanto o secularismo e o hedonismo buscam evitar o sofrimento a todo custo, a fé cristã tem uma maneira diferente de encará-lo. Sabendo que o sofrimento tem uma origem espiritual, decorrente da Queda no Éden, e que será aniquilado somente no fim de todas as coisas, o cristão usa a esperança, a fé, o consolo de Deus e o amparo dos irmãos para passar pelas tribulações nesta terra.
A questão do sofrimento é tão antiga quanto a história da humanidade e leva o homem a questionar vários aspectos da vida, inclusive a existência de Deus. Nesta seção da carta, após destacar algumas virtudes cristãs, Pedro deixa transparecer que a conduta reta e virtuosa, apesar de prevenir uma série de infortúnios, não isenta o cristão do sofrimento. Não obstante, mesmo em meio ao sofrimento, podemos dar aos descrentes a razão da nossa esperança.

As Qualidades da Vida Cristã

Unidade cristã (3.8)
Tendo direcionado uma série de conselhos para grupos específicos dentro da igreja (cidadãos, servos, esposas e esposos), agora Pedro se volta para os crentes em geral. “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis”.
A palavra "finalmente" indica a conclusão não da carta, mas do raciocínio que acabara de empregar. É uma espécie de fecho desta seção, na qual Pedro oferta-nos uma síntese das implicações da submissão no relacionamento entre os crentes. Da mesma forma que a lei se resume no amor (Rm 13.8-10), também os relacionamentos humanos e a ética cristã, como um todo, nele se firmam1.
Podemos perceber que o apóstolo está reunindo em poucas palavras as qualidades morais e espirituais da vida cristã, a começar pela unidade. Ele estimula a consideração mútua dentro da comunidade de fé e o cultivo do amor cristão, recomendando que os crentes tenham "um mesmo sentimento". Seu propósito é que os cristãos vivam em harmonia e união uns com os outros (Jo 17.23; Ef 4.3; Fp 2.2).
Certamente, isso não quer dizer que todos os cristãos devam pensar da mesma maneira. Podemos ter diferentes opiniões sobre diversas coisas, mas o nosso ânimo, o nosso sentimento em Cristo deve ser o mesmo. A metáfora do corpo usada por Paulo é elucidativa a esse respeito (Rm 12). Apesar de cada membro possuir a sua individualidade, quanto à forma de operar, formamos um só corpo em Cristo. Cada parte é diferente em si, mas o corpo só funciona adequadamente se houver cooperação e relacionamento harmonioso entre todos.

Simpatia e perdão (3.9,10)
Outra qualidade do comportamento genuinamente cristão é a simpatia. A palavra grega sympathês traduzida nesta passagem por "compassivos" tem o sentido de colocar-se no lugar do outro. Ser simpático, portanto, é muito mais que ser cordial e atencioso; consiste numa virtude que expressa solidariedade e compaixão pelo próximo.
A beleza e o poder do Evangelho se fazem revelar na vida do crente quando este para de viver para si mesmo e passa a viver para o outro. A renúncia de que a Bíblia nos fala é a abdicação do nosso egoísmo e egocentrismo, muitas vezes latente. Nada é mais contrário ao verdadeiro cristianismo do que um falso evangelho que apregoa as bênçãos individuais e o triunfalismo pessoal em detrimento do cuidado do outro.
As pregações que simplesmente fazem projetar o desejo insaciável do ser humano, em busca de ambição e poder desonram, por isso, o Evangelho de Cristo. Se, como vimos no capítulo 2, o Deus da Bíblia é um Deus sim-pático, um Deus com-passivo, que sente e sofre com o ser humano2, então esta mesma simpatia e compassividade devem se fazer presentes em nós.
Tal virtude é seguida da prática do amor fraternal, com os corações cheios de misericórdia e humildade. Ao encorajar, no verso 9, que os crentes não tornem o mal por mal ou injúria por injúria, Pedro realça outra qualidade cristã: o perdão. Segundo ensina Warren Wirsbe existem três possibilidade de reação ao mal. É possível retribuir o bem com o mal - o nível satânico. É possível retribuir o bem como bem e o mal com o mal – o nível humano. Ou é possível retribuir o mal com o bem - o nível divino. Este é o nível para o qual somos chamamos3.
A característica do cristão é perdoar a outros da mesma forma que foi perdoado (Ef 4.32). Somente com o amor depositado em nossos corações, deixamos de revidar e de retribuir com a mesma moeda a ofensa recebida.

Conselhos para quem ama a vida (3.10-12)
Pedro recorre à citação do Salmo 34 (vv.12-16) com o propósito de acrescentar outras virtudes. “Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons...” (v.10). Com base na autoridade do Antigo Testamento, Pedro está realçando que a boa vida é o resultado de condutas adequadas. Quem ama a vida, age com ética; quem ama a vida, vive em sintonia com a vontade de Deus.
Conforme Kistemaker, apesar de muitos dos leitores da carta estarem passando por dificuldades e miséria, Pedro está olhando de maneira positiva para a vida e, como o salmista, fala sobre amá-la 4. “A vida é um dom de Deus, e assim também o são os dias felizes. O coração dos cristãos está em sintonia com Deus e sua Palavra e participa agora da plenitude da vida aqui na terra e depois com Cristo na eternidade”5.
Fica patente que a boa vida na perspectiva bíblica não é resultante do sucesso profissional, poder ou fama, e sim de uma vida virtuosa. Boa vida não é ter uma mansão para morar ou bebida para se deleitar. O relativismo e o progressismo desvirtuaram por completo o sentido de vida boa. O primeiro fez o homem acreditar que a vida boa é o resultado da ausência de regras morais. O progressismo, por seu turno, apregoa que ela decorre do oferecimento de boas condições sociais.
Tanto uma quanto outra visão estão erradas. O relativismo ao advogar que as pessoas são livres para escolher a seu bel prazer o que é certo, passa por cima de regras morais básicas e destrói o valor da comunidade 6. O progressismo retira da pessoa a sua responsabilidade moral, jogando para a sociedade toda a responsabilidade ética. Na visão judaico-cristã, a boa vida é uma questão primeiramente pessoal. Só podemos criar uma boa vida em termos sociais se as adotarmos individualmente condutas virtuosas.
Nesse sentido, Charles Colson e Nancy Pearcey escrevem: “O que é necessário para criar-se uma vida boa? Um sentimento do que é certo e errado e uma determinação para colocar adequadamente em ordem a vida de alguém. Não por causa do sombrio senso de dever, mas porque isso se ajusta à nossa natureza criada e nos felizes e mais realizados”7.
Assim, prossegue Pedro, se alguém quiser ter uma boa vida, “... refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano” (v.10). Encontramos aqui um verdadeiro princípio de sabedoria para a vida, pois quem guarda a sua boca e fala somente o necessário evita muitos dissabores e sofrimentos (Pv 12.13; 21.23). De forma contundente, Tiago advertiu que aquele que se considera religioso, mas não consegue conter a sua língua, engana-se a si mesmo; e a sua espiritualidade não tem valor algum (Tg 1.26).
Apartar-se do mal e fazer o bem, assim como buscar paz e segui-la são os outros conselhos para obtermos uma vida boa. Por quê? “Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males” (v.12).

O Sofrimento do Cristão

O sofrimento do justo (3.13,14)
Pedro volta ao tema central da sua carta: a questão do sofrimento. Apesar de elencar uma série de qualidades para a conduta do cristão, o apóstolo Pedro sabe que isso não é suficiente para isentar os justos das provas e perseguições na vida.
Ora, tomar decisões adequadas e viver piedosamente ajuda a prevenir muitos dissabores, mas, ainda assim, o sofrimento é inevitável. Eis o motivo pelo qual Pedro indaga: “E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?” (v.13). Trata-se de uma pergunta retórica, a fim de enfatizar a importância de uma postura de zelo pelas coisas corretas. Afinal, espera-se que os justos sejam recompensados enquanto os desordeiros e irresponsáveis recebam a merecida punição.
No entanto, vivendo em um mundo caído e de valores invertidos, pessoas íntegras sofrem injustiças e passam por provações, enquanto ímpios prosperam (Sl 73). Nem sempre o mal é distribuído de maneira proporcional e justa, conforme a vida de Jó bem ilustra. Com efeito, Pedro estava preparando os crentes daquela época para as provações que lhes sobreviriam. Em vez de se sentirem amedrontados e alarmados com as ameaças que usualmente recebiam dos seus perseguidores, os cristãos são encorajados a recordar que são bem-aventurados ao padecerem por causa da justiça (v.14).
Não há nenhum louvor em sofrer justamente pelos erros cometidos, mas há grande alegria em padecer por fazer a coisa certa. Ao contrário do que afirmam os teólogos da prosperidade e do triunfalismo espiritual, vida cristã não significa ausência de provações e lutas. Basta olharmos para a galeria de heróis da fé de Hebreus 11 para percebermos que muitos deles foram torturados até a morte, açoitados, acorrentados, apedrejados e estiveram famintos no deserto.

O problema do sofrimento
Neste ponto, antes de prosseguirmos na exposição da carta de Pedro, convém refletir mais detidamente sobre a questão do sofrimento, um tema tormentoso e complexo que permeia a epístola em estudo.
Para os acusadores do cristianismo, o sofrimento é um argumento da inexistência de Deus. Os ateus e agnósticos, que não conseguem entender a questão do sofrimento - mas também não oferecem qualquer resposta satisfatória, indagam: se Deus é onipotente, por que permite que pessoas inocentes sofram? Se Ele é onisciente, por que não intervém?
Para ser franco, além dos incrédulos, esta questão também aflige os corações daqueles que foram devastados pelo sofrimento, até mesmo alguns cristãos. A dor põe sob fogo as novas convicções básicas, questiona nossas crenças e prova nossas doutrinas.
Existem várias formas de respondermos à questão do sofrimento. Podemos falar a partir das perspectivas filosófica, teológica e emocional. Em todas essas dimensões, o cristianismo responde de modo satisfatório; ele fornece argumentos para responder lógica e consistentemente ao problema formulado, mas oferece principalmente recursos para enfrentar o sofrimento com esperança e coragem em lugar de amargura e desespero8.
Antes de tudo, é preciso considerar que o simples fato do ser humano inquirir acerca do sofrimento, a maldade e as injustiças do mundo, indica a natural percepção de que algo se encontra com defeito, fora do propósito para o qual fora planejado. Ficamos perplexos com o sofrimento porque, originariamente, a raça humana não foi criada para sofrer. Não fomos feitos para morrer, mas para a vida eterna!
Vemos a morte como algo estranho, que ameaça nos tirar do mundo para o qual fomos planejados. Nas palavras de Alister McGrath: “Para nós, é uma ameaça terrível aceitar o fato de que o mundo, no qual investimos tanto tempo e esforço, continuará sem nós. É muito mais reconfortante acreditar que nós e o mundo continuaremos a existir para sempre e que poderemos para sempre nos agarrar aos prêmios fulgurantes que conquistamos durante a vida”9.
Todavia, prossegue McGrath, “o sofrimento desfaz nossas ilusões de imortalidade. Ele faz a angústia erguer a sua face horrenda, porém reveladora. A dor derruba os portões da cidadela das ilusões. Confronta-nos com os fatos brutais da vida e leva-nos a fazer aquelas perguntas difíceis, que têm a força de fazer ruir a falsidade, levando-nos em direção a Deus, longe da falsa segurança e das recompensas do mundo”10.
Além disso, o questionamento de Deus a partir do problema do sofrimento trás subjacente outro sentimento que aponta para a existência de um Legislador Moral: o senso de justiça presente no homem. Este foi um dos aspectos que levou C. S. Lewis a abandonar o seu ateísmo. Em Cristianismo puro e simples ele diz que questionava a existência de Deus com o argumento de que o universo parecia injusto e cruel. No entanto, num passo seguinte, ele questionou a si mesmo: “de onde eu tirara a ideia de justo e injusto?”11. Lewis percebeu que o seu ato de tentar provar que Deus não existe, ou que a realidade não tem sentido, forçou-o a admitir que uma parte da realidade – a sua ideia de justiça – tinha sentido.
Noutras palavras, o simples fato de duvidar da existência de Deus, colocando em questão a sua bondade e onisciência, conduz o homem a interrogar a origem da bondade. De onde a tiramos? Se sabemos que algo é bom e outro mal, qual o referencial que distingue uma coisa da outra? Somente a partir do reconhecimento da existência de um ser de grandeza e bondade máxima é que podemos fazer tal distinção, o que nos leva diretamente a Deus.
Em outro livro, O problema do sofrimento, Lewis desfere uma série de argumentos em face das críticas dos ateus. Sobre a onipotência de Deus, Lewis explica que Deus pode fazer tudo, pois nada é impossível para Ele. Todavia, existem coisas absurdas e autocontraditórias que desafiam a própria lógica, como uma bola quadrada ou até mesmo um canto redondo. Tais coisas são absoluta ou intrinsecamente impossíveis.
Assim, é fácil supor que a onipotência significa que Deus é capaz de realizar tudo o que é intrinsecamente possível, e não o intrinsecamente impossível. Nas palavras de Lewis, “podemos atribuir milagres a Ele, mas não o contra-senso”. Ele não pode mentir, por exemplo, pois isso contraria a sua própria natureza.
Lewis argumenta, então, que o problema do sofrimento não tem a ver com a onipotência divina. Uma vez que o ser humano foi agraciado com a liberdade de escolha, o sofrimento decorre das escolhas erradas dos homens. A intervenção divina em face da liberdade do homem contrariaria a ordem das coisas criadas. Segundo Lewis:
Talvez possamos conceber um mundo em que Deus corrigisse as consequências do abuso do livre-arbítrio por parte de suas criaturas a cada momento. Assim, o timão do arado, feito de madeira, tornar-se-ia macio como a relva ao ser usado como arma, o ar recusar-se-ia a me obedecer se eu tentasse lançar nele as ondas sonoras que transportam mentiras ou insultos. Em um mundo com tais características, no entanto, as ações torpes seriam possíveis, e, portanto, a liberdade da vontade seria nula12.
O fato é que Deus é bom e Todo-Poderoso, e criou criaturas boas com a capacidade de tomarem decisões livres. Todavia, o mau uso dessa liberdade levou o primeiro casal e toda humanidade à Queda (Rm 5.12). A desobediência no Éden, além de afastar o homem do Criador, introduziu a morte, a angústia, a dor e toda sorte de males que provocam o sofrimento.
Somente em um mundo onde o homem não tivesse liberdade o sofrimento não existiria. Isso porque, é logicamente incompatível um mundo no qual o homem possa decidir entre o bem e o mal e ao mesmo tempo não ser afetado pelas consequências de sua decisão. Um mundo onde não há liberdade também não há amor verdadeiro. Norman Geisler e Peter Bochino escrevem.
Deus não criou robôs, criou seres humanos com o poder de escolher livremente entre o bem e o mal. Se ele criou seres humanos já predispostos (além do controle deles) para amá-lo, isso não seria o verdadeiro amor. Se programarmos o nosso computador para nos dizer que ele nos ama cada vez que o ligamos, na verdade estamos dizendo a nós mesmos que nos amamos. O computador estaria apenas reproduzindo nossos pensamentos, não seria livre para nos dizer coisas diferentes. Não estaríamos comprometidos numa relação de amor, mas numa forma grave de narcisismo. Um relacionamento de amor deve deixar aberta a possibilidade de o amor ser rejeitado – e, portanto, o mal ser escolhido. Quando as pessoas rejeitam o amor de Deus, percebem o mal potencial dentro delas mesmas, o que afeta todos os outros relacionamentos nos quais elas entram13.
A liberdade de colocarmos a mão no fogo, por exemplo, resulta em queimadura e dor. A completa ausência do sofrimento pressupõe a inexistência da liberdade humana. Porém, Deus não criou autômatos, mas pessoas livres
Não há, portanto, nenhuma contradição em aceitar a bondade de Deus, sua onisciência, e a presença do mal no mundo. Não obstante, apesar da resposta racional, a pessoa que sofre precisa muito mais que respostas plausíveis. É preciso concordar com Jonas Madureira quando ele diz: “Uma coisa é ver o mundo com os olhos secos da razão, outra bem diferente é vê-lo com os olhos marejados pelos sentimentos”14.

A Defesa da nossa Esperança
Preparados para responder (3.15)Dando sequência, em 3.15, Pedro fornece um dos conselhos mais primorosos do Novo Testamento, no qual enfatiza o segredo para o povo de Deus enfrentar a perseguição e responder aos ataques contra a fé: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”.
Esta passagem é considerada o texto áureo da apologética cristã, isto é, a parte da teologia que lida com os argumentos em defesa das convicções cristãs. Ela denota num primeiro momento uma defesa jurídica diante de um tribunal15. No entanto, não podemos perder de vista que o apóstolo está falando sobre a perseguição que os crentes estavam passando naquela ocasião. Por essa razão, Pedro não está enfatizando necessariamente o que temos a dizer perante magistrados. Segundo Stanley Horton: “Seu ensino parece aplicar-se mais àquelas abordagens que sofremos em casa, na rua, no trabalho, no supermercado ou onde quer que tenhamos contato com os incrédulos”16.
Diante da hostilidade, a primeira e mais importante atitude do cristão é santificar a Cristo em seu coração. Primordialmente, Jesus deve ser consagrado e reverenciado no interior do nosso ser, de modo a ocupar a primazia de nossa existência. Se o seu coração for controlado pelo Senhor Jesus, então estará livre do medo e poderá se defender daqueles que se opõem ao evangelho17.
Em segundo lugar, o crente é instado a estar sempre preparado para responder (gr. apologia) – ou disposto a responder – sobre a razão da sua esperança. No original, a palavra apologia tem o sentido de discurso de defesa e justificação de algo. Assim, se alguém lhes perguntasse por que eles se consideravam cristãos  um grupo inexpressivo de religiosos à época, os crentes deveriam estar prontos para argumentar em defesa da fé que professavam. Tal prontidão deveria ser permanente, não importando o momento ou a circunstância.

Apologética com mansidão e respeito (3.15-17)
Desde a Igreja Primitiva, os ataques e objeções ao cristianismo nunca cessaram. A apologética cristã, portanto, não é responsabilidade exclusiva dos pastores e teólogos cristãos; todo aquele que professa essa fé viva e genuína deve ser capaz de explicar aos outros os motivos pelos quais acredita nas convicções cristãs.
Cada crente é convocado a dar razões intelectuais sobre a veracidade do Cristianismo, demonstrando não ser a fé cristã um salto no escuro, mas uma visão de mundo plausível e consistente com a racionalidade. Ao mesmo tempo, o testemunho do Espírito Santo e a experiência real que sentimos em Cristo, nos habilita a dar aos descrentes as razões pessoais da esperança que há em nós. Antes de sabermos no que cremos, sabemos em quem cremos!
É importante observar que Pedro apresenta o jeito adequado de respondermos aos descrentes: com mansidão e temor.
Ao darmos a razão da nossa esperança devemos ser mansos e humildes. A forma como reagimos àqueles que nos perseguem e se opõem ao evangelho fala mais alto que as nossas palavras. Com isso, Pedro está dizendo para não sermos rudes, agressivos com os incrédulos. Como escrevi em meu livro O cristão e a universidade, “a apologética não é (pelo menos não deve ser) uma ferramenta usada simplesmente com o fim de ganhar debates filosóficos e teológicos. Embora algumas pessoas a usem com esse intento, a defesa da fé cristã não se presta a discussões inúteis para demonstração de superioridade intelectual e subjugação do seu oponente”18.
Mesmo que os descrentes sejam hostis em seus ataques, o cristão defende as suas convicções com gentileza e cordialidade. Afinal, ganhar uma alma é mais valioso que ganhar uma discussão.
Associada à mansidão está o temor. Em relação a Deus esta palavra significa reverência; em relação a outras pessoas, respeito. Assim, a nossa apologética há de ser respeitosa, para a glória de Deus.
Além disso, a resposta cristã deve estar firmada numa boa consciência. O mundo pode nos atacar e mentir sobre nós, como é comum, mas a nossa consciência se mantém limpa e tranquila, pois ela foi transformada por Cristo. Quando os descrentes falam mal de nós, e nós respondemos com um bom procedimento, aqueles ficam confundidos e desnorteados (v.16).
Pedro conclui esta seção asseverando que, se tivermos que sofrer, então, que seja fazendo o bem e não o mal (v.17).

O sofrimento e a vitória de Cristo (3.18-22)
Por causa da limitação dos argumentos racionais é que, além de responder intelectualmente ao problema do mau presente no mundo, a fé cristã oferece consolação na tormenta. Ainda que Deus permita o sofrimento, Ele não fica indiferente com a dor humana. A maior prova disso é que Pai enviou seu Filho Unigênito para sofrer pelos nossos pecados (Jo 3.16; Rm 5.8), oferecendo-se em sacrifício no Calvário.
Num livrinho antigo intitulado Deus sabe que sofremos Philip Yancey diz que “o conceito da cruz deixado por Jesus no mundo, o conceito mais universal da religião cristã, é prova de que Deus muito se importa com o nosso sofrimento, com a nossa dor”19. A cruz ensanguentada atesta o amor de Deus e mostra que ele se compadece dos que sofrem terrivelmente.
Doroty Sayers também escreveu:
Seja qual for o motivo pelo qual Deus resolveu fazer o homem como ele é, limitado, sofredor e sujeito a tristeza e morte, ele teve a honestidade e a coragem de tornar-se também homem. Seja qual for o seu plano para com a criação, ele cumpriu as suas próprias regras e foi justo. Nada exigirá do homem, que não tenha exigido de si mesmo. Ele próprio sofreu toda a gama de experiência humana, desde as irritações triviais da vida em família, desde as restrições constrangedoras do trabalho pesado, desde a falta de dinheiro até os piores horrores da dor e da humilhação, derrota, desespero e morte20.
E assim, a cruz é a maior prova de que Deus é sensível ao nosso sofrimento. Por esse motivo, o apóstolo refere-se repetidas vezes ao padecimento de Jesus a fim de nos recordar que Deus, em Cristo, morreu por nós. Para Pedro, o mais importante não é saber a causa cósmica do sofrimento, e sim como devemos reagir a ele. E isso começa com a compreensão de que Deus está ao nosso lado em momentos de angústia, levando-nos a aprender com o sofrimento. Paulo disse que devemos nos gloriar também na tribulação, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência a experiência, e a experiência a esperança (Rm 5.3,4).
Pedro lembra da morte sacrificial ao dizer: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (v.18). O apóstolo está usando Jesus, o Filho de Deus, como exemplo de sofrimento. Não o sofrimento pelo sofrimento, mas o sofrimento redentor.
Mas, além disso, Pedro mostra a vitória final de Cristo.
Nos versos a seguir, temos uma das passagens mais discutidas do Novo Testamento, muito debatida entre os estudiosos. Pedro fala sobre a pregação aos espíritos em prisão, a água do batismo que simboliza a salvação do crente e, por fim, a ressurreição e ascensão de Jesus21.
A despeito das posições, a interpretação mais adequada é de Stronstad, que escreve:
Após sua morte, tendo Jesus retomado à vida pelo Espírito, “foi e pregou”. O verbo “pregar” significa “anunciar, tornar conhecido” (BAGD, 431). Portanto, Jesus fez um anúncio aos “espíritos em prisão”. A palavra “espíritos” é empregada no Novo Testamento para “anjos”, sejam eles bons ou maus (Lc 10.20; Hb 1.14). A hipótese de que nesse verso esteja se referindo aos anjos caídos é reforçada pela qualificação de que agora estão “em prisão” e também por passagens paralelas em 2 Pedro e Judas, que empregam a palavra “anjos” em lugar de “espíritos”. Portanto, Pedro quer dizer que Jesus, em virtude de sua morte, foi até os anjos aprisionados e anunciou sua vitória sobre a morte e as consequências de seu triunfo, isto é, de que seu julgamento já estava selado.22
Apensar do sofrimento, Pedro evidencia a glorificação e autoridade de Cristo ao dizer que ele está à direita de Deus, sentado no lugar de honra junto a Deus o Pai, com todos os anjos e poderes do céu curvando-se diante dele e obedecendo-Lhe (v.22).
*Adquira o livro do trimestre. NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança: Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
1 WIRSBE, 2007, p. 531.
2 HALÍK, 2016, p. 23.
3 WIRSBE, 2007, p. 532.
4 KISTEMAKER, 2006, p. 178.
5 Idem.
6 COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. Agora, como viveremos. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 440.
7 COLSON, PEARCEY, 2000, p. 441.
8 KELLER, Timothy. A fé na era do ceticismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 23.
9 MCGRATH, Alister. Apologética cristã no século XXI. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 96.
10 Idem.
11 LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 51.
12 LEWIS, C. S. O problema do sofrimento. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 41.
13 GEISLER, Norman; BOCHINO, Peter. Fundamentos inabaláveis. São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 252.
14 MADUREIRA, Jonas. Inteligência humilhada. São Paulo: Vida Nova, 217, p. 180.
15 KEENER, 2018, p. 817.
16 HORTON, 2012, p. 50.
17 Cf. KISTEMAKER, 2006, p. 184.
18 NASCIMENTO, Valmir. O cristão e a universidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 180.
19 YANCEY, Philip. Deus sabe que sofremos. São Paulo: Editora Vida, 1985, p. 188.
20 Citada por YANCEY, 1985, pp. 188, 189.
21 KISTEMAKER, 2006, p. 189.
22 STRONSTAD, 2015, p. 914.

Lição 08 - 3º Trimestre 2019 - A Mordomia do Tempo - Adultos.

Lição 8 - A Mordomia do Tempo

ESBOÇO GERAL
I – CONCEITOS IMPORTANTES
II – A MORDOMIA DO TEMPO
III – COMO APROVEITAR BEM O TEMPO
Elinaldo Renovato
Quando o tempo começou? Foi Deus quem criou o tempo? Essas e outras perguntas são feitas por quem deseja entender a dimensão temporal face à eternidade, quando não existe o tempo. Até onde podemos alcançar, antes de Deus criar o Universo e o homem, não existia o tempo como hoje percebemos. Deus é eterno. Está escrito: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2). Esse texto mostra-nos que o Senhor sempre existiu fora do tempo, pois Ele é Deus “de eternidade a eternidade”, ou seja, numa dimensão fora do tempo.
Há teólogos que entendem que Deus vive no tempo, e não fora dele. A Bíblia, porém, demonstra que Deus sempre esteve e está fora do tempo. Se ele vivesse “no tempo”, não seria eterno. Diz o salmista: “O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade” (Sl 93.2). Deus não está no tempo, mas é Deus “desde a eternidade”, que é a dimensão onde não há começo nem fim, nem passado, presente ou futuro. No entanto, ao criar o Universo a partir do nada (lat. Ex nihilo) e o homem a partir dos elementos químicos que há no pó da terra, Deus deu ao homem a dimensão do tempo antes da Queda. O ser criado teve começo e foi originalmente programado para ter uma “vida terrena eterna” sem passar pelo aguilhão da morte. O homem, antes da queda, viveria numa dimensão que teve começo, mas que não teria fim. Porém, ao cair na armadilha do Diabo e ter experimentando o pecado, o ser humano, a partir do ato da desobediência — ou seja, ao comer do “meio de prova” que Deus colocara diante dele, tendo sido advertido de que, se desobedecesse, certamente haveria de morrer —, conheceu a dimensão do tempo em sua abrangência plena: conheceu o passado, o presente e passou a ter a expectativa incerta do futuro. O ser humano saiu da dimensão da eternidade e mergulhou na dimensão do tempo com todas as implicações espirituais, morais e físicas, que o alcançariam ao longo de sua nova situação perante Deus e perante si mesmo.
Assim, a origem do tempo, segundo a Bíblia, está na interferência de Deus no planeta Terra ao criar o homem. A princípio, seria para o homem viver para sempre. Todavia, depois da Queda, ele perdeu o direito à vida eterna e passou a perceber, vislumbrar e experimentar o relacionamento com o tempo.
Essa é a origem do tempo conforme a Palavra de Deus. Há, no entanto, outras explicações históricas para a origem e o significado do tempo. A palavra “tempo” na Bíblia pode ser vista tanto no Antigo Testamento, escrito em hebraico, como no Novo Testamento, escrito em grego. No hebraico, as palavras mais usadas são yom, com o sentido de “dia, tempo”, e éth, significando tempo. No grego do NT, há termos que são mais bem compreendidos quanto ao significado de tempo. São as palavras kairós, com o sentido de “tempo, tempo fixo ou ponto no tempo”, e chronos, que é “tempo” ou “tempo estendido”. As palavras gregas mostram, definitivamente, certa distinção entre o tempo de uma forma pontual ou momentos precisos de tempo (kairoi) e o tempo com um intervalo que tem uma duração (chronos).
Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD.

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Com Jesus não Tenho Medo - Berçário.

Lição 09 - Com Jesus não tenho medo

Objetivo da lição: Confiar em Jesus nos momentos de perigo e medo, sabendo que Ele controla todas as coisas.

É hora do versículo“[...] Ele manda até no vento e nas ondas e eles obedecem” (Lc 8.25).

Nesta lição, as crianças serão levadas a confiar em Jesus nos momentos de perigo e medo, sabendo que Ele controla todas as coisas. Os ajudantes de Jesus passaram por uma terrível tempestade e ficaram muito assustados, mas com Jesus no barco eles não tinham motivo para ter medo. No manual do professor sugerimos que o professor confeccionasse um barquinho de papel e o colocasse em uma bacia com água simulando a tempestade e o episódio ocorrido com os discípulos. É importante que as crianças também manipulem a água e o barquinho para proporcionar uma aprendizagem significativa.
“A manipulação é uma categoria abrangente que inclui brincadeiras com água, areia, quebra-cabeças e outros itens para relacionar, classificar, dar sequência e manipular de várias maneiras. Pode incluir numerosas atividades que o professor possa trazer para a sala de aula a fim de estimular e ajudar as crianças a aprender por meio de situações reais.
A brincadeira com areia e com água é um tipo de atividade natural, básica para as crianças desta faixa etária [...]. O local ideal para essa atividade é a área externa. Contudo, muitos professores já encontraram formas de realizá-las na sala de aula.”
(BEECHICK, Ruth. Como Ensinar Crianças do Maternal. Não é fácil mas aqui está como fazer. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.50, 52)


Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Editora da Revista Berçário

Lição 08 - 3º Trimestre 2019 - O Grande Barco de Noé - Maternal.

Lição 8 - O Grande Barco de Noé

Objetivo da lição: Suscitar na criança a obediência e a fidelidade a Deus.Objetivo da lição: Suscitar na criança a obediência e a fidelidade a Deus.

Para guardar no coração: “[...] Noé vivia em comunhão com Deus.” (Gn 6.9)


Mensagem ao professor

“Quando uma criança coloca a mãozinha na sua, essa mão bem pode estar pegajosa de sorvete de chocolate, ou suja, por ter o seu dono andado brincando com o cachorro. Pode haver uma verruga no lado de dentro do polegar, ou um curativo cobrindo uma feridinha no anular. Mas a coisa mais importante dessa mãozinha é que ela contém o futuro. Essas são as mãos que um dia poderão segurar uma Bíblia ou um revolver; tocarão muito bem o órgão da igreja, ou farão rodar as máquinas de jogos, que roubam o sustento de mulheres e crianças; tratarão com ternura as feridas de um leproso, ou tremerão com o resultado da degeneração que o álcool produz no cérebro humano. Agora, essa mãozinha está entre as suas. Está pedindo auxílio e direção. Ela representa uma personalidade, um indivíduo que deve ser respeitado como tal, e cujo crescimento diário é sua responsabilidade” (Moody Monthly).

Perfil da criança
Uma das características mentais da criança de 3 e 4 anos, de grande importância na sua formação espiritual, é a sua credulidade.
Ela acredita facilmente no que lhe dizem, ao contrário dos adultos que, em pleno uso da faculdade da razão, a tudo questionam. O coração infantil não tem dificuldade para crer no nascimento, morte e ressurreição de Jesus, e a criança mostra-se pronta a receber a Cristo como seu Salvador pessoal, tão logo alguém lhe apresente o caminho da salvação. Talvez este seja um dos motivos de Jesus haver frisado a necessidade de um adulto tornar-se criança para entrar no reino do Céu (Lc 18.17). Conforme afirmou o pastor e mestre Antônio Gilberto, “a alma da criança é como massa de modelagem: a forma que se der, essa fica; o que for ensinado será aceito e crido sem discussão”.
Por outro lado, esta credulidade pueril pode ser explorada para o mal, levando-se a criança a crer em ídolos e vãs filosofias. É grande, portanto, a responsabilidade dos professores e pais cristãos em conduzir os pequeninos pelo caminho eterno. Cuide também de jamais mentir a uma criança, para mais tarde não perder diante dela a credibilidade” (Marta Doreto).

Oficina de ideias

“De mãos dadas, brincando de roda, as crianças cantam:

Lá na arca de Noé, todos cantam, todos cantam
Lá na arca de Noé, todos cantam e eu também.
Querem ouvir como faz o boi?
Querem ouvir?
O boi faz assim: muuuu.

Vá mudando o nome do animal para que elas o imitem” (Marta Doreto).

Até logo
Depois de repetir o versículo e o cântico do dia, encerre a aula com uma oração. Recomende às crianças que peçam aos pais para que leiam (em uma bíblia infantil) a história de Noé que se encontra em Gênesis 6.1—7.9.

Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!


Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista de Maternal

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Os Soldados se Afogam - Jd. Infância.

Lição 09 - Os Soldados se Afogam

Objetivo: Os alunos deverão narrar a abertura do Mar Vermelho e reconhecer que os israelitas passaram pelo mar em seco e os soldados do Egito morrem afogados pelo poder de Deus.

É hora do versículo“Ó SENHOR Deus, ensina-me a fazer a tua vontade e guia-me por um caminho seguro [...]” (Sl 27.11).

Professor, a lição passada terminou com os israelitas diante do mar. Ali eles acamparam e passaram a noite. Deus estava cuidando do seu povo. De repente foram surpreendidos por Faraó e seu exército que vinham levá-los novamente como escravos para o Egito.
Nesta lição as crianças aprenderão a dinâmica da abertura do mar Vermelho e o milagre de Deus para proteger o seu povo do malvado Faraó e exterminar de vez com os inimigos do seu povo, o exército de Faraó.
A atividade sugerida hoje propõe que as crianças completem a imagem da abertura do Mar Vermelho desenhando alguns animais marinhos nas colunas de água que foram formadas de um lado e do outro para o povo passar. Ofereça giz de cera para as crianças realizarem a atividade e reforce que os israelitas passaram pelo mar em seco e os soldados do Egito morrem afogados pelo poder de Deus.

JD Inf 9 3T19









Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Editora da Revista Jardim de Infância

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Refeições Garantidas - Primários.

Lição 9 - Refeições Garantidas

Objetivo: Que o aluno saiba que Deus cuida do amanhã e, portanto, não devemos nos preocupar.Objetivo: Que o aluno saiba que Deus cuida do amanhã e, portanto, não devemos nos preocupar.
Ponto central: Coloque Deus em primeiro lugar na sua vida!
Memória em ação: “[...] Não fiquem preocupados com o dia de amanhã [...]” (Mt 6.34).

Querido(a) professor(a), quantos devocionais já não lemos e ouvimos acerca da provisão divina no deserto?! Maná, água, sombra de dia sob o sol escaldante e fogo para aquecer nas noites frias... São inúmeras as possíveis analogias de tal cenário com as nossas vidas, nossas lutas e necessidades. E da mesma maneira, vemos a provisão do Senhor em cada etapa da jornada. Contudo, ainda assim nós reclamamos, tememos, nos preocupamos.
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.
[...] Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado. (Romanos 7.14-25)

Ao se preparar para uma aula, é crucial buscar ouvir pessoalmente a voz do Espírito Santo, permitir que a Palavra a ser ensinada, primeiro opere e gere frutos em você. É importante sermos honestos conosco mesmo e com as crianças. Nessa faixa etária as crianças já têm muitas preocupações – ainda que com questões infantis, da idade – e também já sabem o quanto é difícil não ficar ansiosa pelo amanhã. Se até para nós, adultos, o é assim, imagine para os pequeninos, sempre tão eufóricos?!
Por isso, além de pôr em prática o conteúdo sugerido pela sua revista, aqui propomos uma dinâmica. Ao final da lição pergunte quem confia totalmente mesmo em Jesus e não se preocupa. Sonde-os e os instigue a se abrirem sobre o assunto. Observe cada criança. Essa conexão é muito importante. Elas poderão desejar se abrir com você, caso vivenciem alguma experiência difícil ou dolorosa. Após esse momento de bate-papo, vamos à “prática”. Diga que você representará Deus e uma de cada vez deverá virar de costas para você e se lançar nos seus braços sem se apoiar nos pés, como se desmaiasse. Você precisa estar bem firme para amparar as crianças. Muitas não conseguem confiar. É uma dinâmica com muitas lições. Finalize reforçando que Deus cuida do amanhã e de cada uma das nossas necessidades, portanto,invés de nos preocupar, podemos nos entregar e confiar.


Deus te abençoe e capacite. Boa aula!


Paula Renata Santos
Editora Responsável pela Revista Primários da CPAD

Lição 06 - 3º Trimestre 2019 - O Primeiro Milagre - Juniores.

Lição 6 - O Primeiro Milagre

3º Trimestre de 2019

Texto Bíblico – João 2.1-12
Prezado(a) Professor(a),
Na aula desta semana seus alunos terão a oportunidade de aprender um pouco mais a respeito dos milagres operados por Jesus. Dentre eles, encontramos um que é polêmico pela forma como o texto nos apresenta a situação. As diferentes versões bíblicas tentam elucidar este fato, porém este é um daqueles relatos bíblicos que exige uma pesquisa mais minuciosa: “As bodas de Caná da Galileia”.
A lição de hoje apresenta o episódio em que Jesus é convidado para ir a uma festa de casamento. Num certo momento da festa, a mãe de Jesus o notifica que o vinho havia acabado e todos ficariam sem a bebida. Imagina o constrangimento para aquele casal de noivos que no meio da sua festa ficariam sem um importante item da recepção aos convidados. Ao saber da situação, Jesus responde a Maria, “Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora” (cf. Jo 2.4). Naturalmente a nossa perspectiva cultural nos faz enxergar o texto como se Jesus estivesse tratando sua própria mãe de forma mal educada. Tratamento este que não condiz com o caráter de Jesus, nem mesmo com o contexto da sua época que exigia total honra aos pais e punição para os filhos desobedientes. Mas o que Cristo quis dizer?
“Mulher, que tenho eu contigo? (2.4). A expressão em grego, ti emoi kai soi, quer dizer literalmente ‘o que [isso] tem a ver comigo ou com você?’ Sua ambiguidade levou a uma variedade de explicações. Certo comentarista sugere que Jesus quer dizer ‘o que isso tem a ver conosco?’, e sugere que, de acordo com o costume da época, os convidados faziam turnos comprando o vinho que seria bebido por todos pela saúde da noiva e do noivo. Ele supõe que Maria, ao dizer a Jesus que o vinho estava prestes a acabar, estava insistindo para que Ele realizasse o dever de um convidado, e comprasse a próxima rodada. A resposta de Jesus poderia simplesmente querer dizer ‘Não é a minha vez!’.
Embora esta seja uma interessante visão da cultura, provavelmente existem melhores traduções para a frase. Por exemplo, Cristo poderia estar perguntando gentilmente a Maria porque ela está falando a Ele sobre uma necessidade que Ele já entendeu e pretende satisfazer. Neste caso, as instruções de Maria para os servos são mais compreensíveis. Jesus não negou seu pedido, mas pretendia satisfazer a necessidade sem a intervenção de sua mãe.
[...] Mas ainda há outra possibilidade. Jesus está prestes a realizar o primeiro dos seus miraculosos sinais: um sinal que revelará sua glória e fazer com que os seus discípulos ‘creiam nele’ (2.11). Há muito tempo, quando criança, Jesus insistia: ‘me convém tratar dos negócios de meu Pai’ (Lc 2.49). No entanto, Jesus rejeita a intervenção de Maria: Mulher, agora nenhum relacionamento terreno pode deter, pois por fim Eu estou me iniciando nos negócios de Meu Pai.
Maria agora se curva ao seu filho, e diz aos servos: ‘fazei tudo quanto ele vos disser’ (2.5). Agora Jesus submete-se somente ao Pai, e, por causa disso, toda a humanidade submete-se a Cristo como Senhor” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp. 200, 201).
Tendo em vista que o comportamento de Jesus serve de referência para a conduta cristã, mostre aos seus alunos a importância de valorizar o respeito aos pais. Maria, além de ser uma grande mãe, era também uma ótima auxiliadora do ministério de Jesus, o que nos faz entender que ela deve ser respeitada como mãe e serva de Deus. Converse com seus alunos e pergunte se eles têm sido obedientes e, principalmente, carinhosos com suas mães. Explique que, assim como Jesus, eles também devem tratar suas mães com respeito, amor e carinho.

Lição 06 - 3º Trimestre 2019 - Crucificação e Morte de Jesus - Pré Adolescentes.

Lição 6 - Crucificação e Morte de Jesus

3º Trimestre de 2019
Lição de hoje encontra-se em: Lucas 23.33-48.
 Caro(a) professor(a),
Na lição desta semana seus alunos terão acesso a maiores detalhes de um dos momentos mais cruciais do ministério de Jesus: sua morte por meio da crucificação. Esse momento, com certeza, foi o mais trágico da vida de Cristo e seus discípulos sentiram muito. A princípio, eles não entenderam como alguém que só havia feito o bem às pessoas poderia morrer de uma maneira tão covarde. Tudo pareceu muito confuso para os discípulos, pois a compreensão deles estava limitada a respeito de todos os eventos que estavam ocorrendo, muito embora Cristo houvesse predito que todas essas coisas haviam de acontecer.
Nesse contexto encontramos um personagem que, apesar de não compreender integralmente a intensidade de suas palavras, foi o único que mediante a fé conseguiu enxergar em Cristo o Messias verdadeiro tão esperado em Israel. Estamos falando do ladrão da cruz, um homem que estando no mesmo sofrimento que Jesus, reconheceu a pureza e inocência do Nazareno diante daquela injusta sentença de morte.!
 O ladrão da cruz
O criminoso que estava prestes a morrer teve mais fé do que todos os demais seguidores de Jesus. Embora continuassem a amar o Mestre, a esperança deles em relação ao Reino estava abalada. A maioria se escondeu. Como um dos seguidores de Jesus disse com tristeza dois dias depois da morte do Mestre: ‘E nós esperávamos que fosse ele o que redimisse Israel’ (Lc 24.21). Em contraste, o criminoso olhou para o Homem que morria ao seu lado e pediu: ‘Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino’. A julgar pelas aparências, o Reino estava acabado. Como é inspiradora a fé daquele ladrão que sozinho foi capaz de enxergar, além da vergonha presente, a glória vindoura!” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1405).
O sofrimento do ladrão da cruz nos faz perceber que somente em momentos difíceis como aquele vivido na cruz é possível olhar inteiramente para Jesus como o único caminho que pode nos salvar e trazer livramento das aflições da vida. Parece que o quanto podemos resistir, nos negamos a depender de Deus, achando que é possível encontrar saída para os problemas sem contar com o auxílio do Criador.
É natural que o ser humano prefira esgotar todos os recursos possíveis e, somente então, volte-se para Deus em busca de resposta. Mas ao servo do Senhor que conhece o Deus a quem serve, voltar-se para Ele é prioridade, pois não há outro que possa livrar e salvar como o nosso Deus.
Aproveite a ocasião e converse com seus alunos a respeito do quanto eles têm dependido de Deus. Mostre que não podemos permitir que a nossa comunhão com o Pai se torne mais intensa somente quando os problemas vêm nos afligir. Pelo contrário, devemos manter a nossa intimidade com Deus de modo constante, todos os dias, em oração e estudo das Escrituras Sagradas.

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Sociedade e Missão Social - Adolescentes.

Lição 9 - Sociedade e Missão Social

ESBOÇO DA LIÇÃO
A JUSTIÇA SOCIAL DIVINA
JUSTIÇA SOCIAL NO NOVO TESTAMENTO
A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA NO PRIMEIRO SÉCULO
AVIVAMENTO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

OBJETIVOS
Conscientizar a respeito de missão social como Igreja do Senhor;
Mostrar que, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, há uma preocupação com os necessitados;
Ensinar que, como Filhos de Deus, temos um compromisso com Ele e com o nosso próximo.

Prezado professor,

Prezada professora,

A paz do Senhor!

A lição desta semana versa sobre a relação binária entre sociedade e missão social da Igreja. Um assunto muito importante para a vida cotidiana de qualquer igreja local. Por isso, considere as quatro perguntas abaixo antes de inicial o preparo de tua aula:

O que a igreja local pode fazer no sentido social em relação à sociedade?

Segundo a perspectiva bíblica, há algum fundamento nas Escrituras da missão social para o Corpo de Cristo?

Como a igreja cristã primitiva encarou essa missão social?

Há uma missão social da Igreja?


Assim, para ajudar você na reflexão da lição desta semana, e das perguntas acima, consideremos o seguinte: (1) A ideia de que a atividade social ser secundária na Igreja não se sustenta biblicamente. De acordo com os mandamentos do Senhor, a Missão Social da igreja local está embasada no maior mandamento que o Senhor Jesus nos deixou: Amai o teu próximo com a ti mesmo (Mc 12.31); (2) Não pode haver uma prática dualista entre evangelização e missão social.

Para explicar esse segundo ponto, e consequentemente, ajudar a responder as perguntas estabelecidas acima, disponibilizamos um trecho da obra do saudoso pastor e teólogo, John Stott, onde o douto teólogo versa sobre a legitimidade de a igreja local pensar sua atividade social a partir da perspectiva inteira da salvação proposta no Evangelho de Cristo:
O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como “um corpo-alma em sociedade”. Portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amamos o nosso próximo como Deus o criou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar do seu corpo, da sua alma e da sua sociedade. [...] É verdade que o Senhor Jesus ressurreto deixou a Grande Comissão para a sua Igreja: pregar, evangelizar e fazer discípulo. E esta comissão é ainda a obrigação da Igreja. Mas a comissão não invalida o mandamento, como se “amarás o teu próximo” tivesse sido substituído por “pregarás o Evangelho”. Nem tampouco reinterpreta amor ao próximo em termos exclusivamente evangelísticos. Ao contrário, enriquece o mandamento amar o nosso próximo, ao adicionar uma dimensão nova e cristã, nomeadamente a responsabilidade de fazer Cristo conhecido para esse nosso próximo (STOTT. John R. W. Cristianismo Equilibrado. Rio de Janeiro, CPAD, p. 60,61.).
Sugestão Pedagógica
Aproveite o tema dessa semana para promover uma conscientização dos alunos em relação a nossa responsabilidade social com os menos favorecidos, tanto com os da igreja quanto com os de fora. Essa deve ser uma característica especial da Igreja de Jesus Cristo. Fazendo assim, o Senhor acrescentará mais almas que hão de ser salvas à classe (At 2.46,47).
Boa aula!
Marcelo Oliveira de Oliveira
Redator do Setor de Educação Cristã da CPAD

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - Ética Cristã e a Sexualidade - Juvenis.

Lição 9 - Ética Cristã e a Sexualidade

“Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6.18).“Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6.18).

OBJETIVOS
Apresentar os conceitos errados sobre sexualidade;
Mostrar o que a Bíblia diz sobre sexo;
Conscientizar acerca da pureza sexual.
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. O QUE É SEXUALIDADE?
2. A DISTORÇÃO DO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO
3. O QUE DIZ AS ESCRITURAS 4. EU ERREI! O QUE FAZER?

Querido(a) professor(a), nesta próxima aula vamos abordar um dos temas mais polêmicos e importante a todas as idades, em especial na de seus juvenis – sexualidade.
Há muitos equívocos religiosos acerca deste assunto, que é inerente ao ser humano. Isto é, foi o próprio Deus Todo-Poderoso que nos criou sendo seres sexuais. Erroneamente, muitos ainda associam sexo ao pecado original. Por isso, é crucial estudar o tema com profundidade e sabedoria para debatê-lo a luz da Bíblia. Dispondo e utilizando também ferramentas da psicologia e sexologia.

Não nos esqueçamos que muito casais jovens hoje enfrentam problemas gravíssimos devido a uma má formação e compreensão acerca de sua sexualidade. Muitas famílias vêm sendo até mesmo desfeitas devido a desvios e problemas nesta área.

Portanto, prepare-se bem, sobretudo na esfera espiritual, pedindo ao Senhor em oração por cada jovem, para que não caiam em nenhum dos extremos doentios – nem no da repressão sexual, nem no da libertinagem/prostituição. Mantenha o diálogo aberto, incentivando-os a participarem da aula, com dúvidas ou colocações.
Além de todo o conteúdo programático já sugerido em sua revista, propomos aqui que você reserve um tempo para perguntas e respostas ao final da aula. Para tal, previamente, distribua tiras de papel e diga que eles podem escrever nelas, anonimamente, suas dúvidas no decorrer do estudo. Ao final da aula, leia as que achar pertinente e responda.
Caso você não consiga fundamentar teologicamente alguma resposta ou tenha qualquer dúvida, seja honesto(a) e comprometa-se a trazer a resposta na próxima aula. Se preciso fale com um especialista. Graças a Deus, hoje há muitos psicólogos e sexólogos capacitados em nossas igrejas.

Se você observar que se faz necessário um aprofundamento maior sobre o tema, peça autorização do seu superintendente de ED e pastor para em um outro momento e espaço promover uma palestra para os juvenis com um destes profissionais, falando na linguagem e com subtópicos e exemplos típicos desta faixa etária.
O Senhor te abençoe e capacite.
Boa aula!
Paula Renata Santos
Editora Responsável pela Revista Juvenis da CPAD

Lição 08 - 3º Trimestre 2019 - O Papel do Líder e a Convivência Cristã - Jovens.

Lição 8 - O Papel do Líder e a Convivência Cristã

IntroduçãoI - Conselhos à Liderança Cristã;II - Conselho à Juventude;III - Relacionamento entre os Irmãos. Conclusão   
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Conhecer os conselhos de Pedro à liderança cristã;
Conscientizar sobre a importância da obediência dos jovens aos pastores e aos mais velhos;
Mostrar os princípios para o relacionamento saudável entre os irmãos.  
Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.   
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Valmir Nascimento: 
Pedro está chegando ao fim da sua primeira carta e, antes de concluir, tem uma palavra pastoral aos membros da igreja, incluindo os líderes, pois sabia da importância do bom preparo dos ministros cristãos na condução do povo de Deus em tempos de angústia. O apóstolo igualmente exorta aos jovens cristãos acerca da necessidade de se submeterem aos líderes e aos mais velhos, assim como conclama todos os crentes a uma vida de humilde convivência.
Veremos que as Escrituras têm orientações para toda a comunidade cristã, do maior ao menor, do mais velho ao mais novo, pois Deus não faz acepção de pessoas. Iremos aprender que quando os irmãos de fé se relacionam de maneira saudável, em mútua submissão e com o afetuoso desejo de servir, criamos uma comunidade fraterna e forte, capaz de suportar as adversidades até a volta de Jesus. 
Conselhos à Liderança Cristã 
Uma palavra aos presbíteros (5.1)
Ao final de sua epístola, Pedro dirige alguns conselhos especiais aos presbíteros. Apesar de aparentemente desfocada, esta parte conecta-se logicamente com a seção anterior. O fato de o julgamento começar pela casa de Deus (4.17) inspirou o apóstolo a se concentrar na necessidade de pureza do coração perante Deus nos relacionamentos na comunidade da fé, a começar pelos líderes1.
A palavra grega presbytero descreve o título de dignidade dos indivíduos experientes e de idade madura que formavam o governo da igreja local, também chamados anciãos (cf. At 14.23; 20.17; 1 Tm 5.1). No Novo Testamento, as funções de pastor, bispo e presbítero tem a mesma conotação, são homens experientes na fé; vocacionados para atuarem como supervisores da obra de Deus e no cuidado pastoral.
É interessante observar que, apesar da autoridade apostólica, Pedro apresenta-se como um presbítero. Tal postura indica primeiramente a humildade de Pedro, colocando-se na mesma condição dos líderes para quem ele se dirige, atitude bem diferente daqueles que em nossos dias se autoproclamam apóstolos. Em segundo lugar, ao se considerar presbítero, Pedro está deixando claro que as admoestações também se aplicam a ele sem qualquer distinção. Nenhum homem, afinal, está acima do Evangelho!
Apascentando o rebanho de Deus (5.2a)
Recordando possivelmente a ordem que ele mesmo recebeu do Mestre Jesus (Jo 21.16), Pedro admoesta os obreiros a apascentarem o rebanho de Deus (v.2). Nas Escrituras, dada a familiaridade com o pastoreio, a relação entre o pastor e suas ovelhas é usada como uma bela metáfora de amor, cuidado e proteção. Por esse motivo, o salmista Davi declara de modo confiante: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (Sl 23.1). Jesus se apresenta como o Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas e por elas dá a sua vida (Jo 10.11-15).
Basicamente, apascentar as ovelhas refere-se às tarefas realizadas pelo pastor no cuidado do seu rebanho. Em primeiro lugar, é responsabilidade do pastor prover alimento e água para suas ovelhas, a fim de que elas não pereçam. Isso significa alimentar a igreja com a Palavra de Deus.
Em segundo lugar, o pastor protege suas ovelhas contra os ladrões e os predadores. Conforme Warren Wirsbe, “o pastor sempre ia adiante do rebanho e explorava a região para ter certeza de que não havia nada ali que fizesse mal às ovelhas. Verificava se não havia cobras, valas, plantas venenosas e animais perigosos”2. O pastor está sempre preocupado com a saúde física e espiritual das suas ovelhas, velando para que não sejam destruídas pelo adversário.
Em terceiro lugar, apascentar significa governar, guiar as ovelhas pelo caminho que devem trilhar. Para isso, é preciso lançar mão de dois instrumentos, a vara e o cajado. A vara serve para corrigir e disciplinar a ovelha rebelde. Enquanto isso, além de ser um instrumento de apoio, o cajado serve para resgatar a ovelha ou trazê-la para mais próxima do pastor. 
O cuidado com as ovelhas (5.2b,3)
É um enorme privilégio alguém ser chamado para o santo ministério. Todavia, pesa sobre o obreiro cristão a grande responsabilidade de cuidar do rebanho, o dever de zelar pelas vidas que foram confiadas por Deus. Pedro dá três solenes advertências sobre o ministério pastoral, contrapondo com três recomendações.
1. Não por força, mas voluntariamente. O sentido básico do conselho de Pedro é que os pastores devem fazer a obra de Deus com boa disposição e ânimo, e não de má vontade. O pastoreio não deve ser visto como um fardo ou um serviço eclesiástico obrigatório, e sim como a execução da vocação divina. Aquele que encara o ministério cristão como uma atividade profissional, tal qual o funcionário desmotivado, realizará suas atividades como se estivesse sendo constrangido a fazê-lo. Não é esse o propósito de Deus para a vida de um obreiro.
Fazer a obra do Senhor com a motivação errada é algo que subverte o sentido da vocação cristã. Cada vez mais torna-se difícil distinguir dentro do mundo religioso a verdadeira chamada para o santo ministério, quando se percebe a busca desenfreada por cargos e posições eclesiásticas. Em seu livro A vocação espiritual do pastorEugene Peterson esclarece que “a idolatria à qual os pastores são notoriamente suscetíveis não é pessoal, mas vocacional, a idolatria de uma carreira religiosa que podemos comandar e controlar”3.
2. Nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto. Jesus ensinou que o trabalhador é digno de seu salário (Lc 10.7). Paulo também escreveu ao jovem obreiro Timóteo: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1 Tm 5.17). É consenso entre a maioria dos estudiosos que o termo “duplicada honra” refere-se ao respeito devido aos presbíteros, englobando principalmente a remuneração financeira4. Evidentemente, tal passagem deve ser lida à luz do seu próprio contexto, numa época em que os obreiros não eram integralmente remunerados por suas atividades pastorais. O costume que então vigorava, explica J. Glenn Gould, “era que os líderes da igreja se sustentassem, da mesma maneira que o apóstolo o fazia. Na opinião de Paulo, o bom serviço merece reconhecimento e recompensa. Aquele cujo trabalho era tomado quase todo pelo trabalho da igreja deveria receber mais compensação”5.
O Didaquê, documento que trata do catecismo dos cristãos do século I, dizia: “Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário. Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes”.
Chama atenção a ênfase que Paulo dá àqueles que trabalham na palavra e na doutrina. O apóstolo dos gentios está incentivando a valorização do ministério do ensino. Com muito pesar, salvo raríssimas exceções, talvez este seja um dos conselhos bíblicos mais negligenciados em nossas igrejas. Enquanto os pregadores de multidões, os milagreiros e os preletores itinerantes são supervalorizados e até mesmo endeusados, aqueles que se dedicam ao ensino das Escrituras são sistematicamente negligenciados e desprestigiados, tanto no aspecto pessoal quanto na remuneração financeira. Ao que tudo indica, o mestre tem menos valor do que o pregador eloquente, numa clara inversão dos valores bíblicos. Isso explica em parte a tragédia evangélica percebida em nosso tempo, com o crescente analfabetismo bíblico e a enorme falta de consciência cristã.
Seja como for, a Bíblia deixa transparecer que é absolutamente legítimo que o pastor receba pelo seu trabalho no ministério cristão. Entretanto, ela também adverte para o perigo da ganância, o desejo desenfreado pelo rendimento financeiro. Portanto, “o que é proibido não é o desejo de ter remuneração justa, mas o amor sórdido ao lucro”6. Pedro está dizendo com todas as letras que o obreiro não deve fazer a obra de Deus pensando no que lucrarão com isso em termos materiais, mas que o façam no desejo de servir ao Senhor de todo o coração. Aqueles que buscam lucro por meio do ministério cristão não são pastores, são gerentes eclesiásticos. Eles não amam a obra, amam a si mesmos.
3. Nem como tendo domínio (como dominadores) sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. Nos dois conselhos anteriores, Pedro enfocou a motivação interna do pastor, agora ele se dirige ao comportamento exterior. Wayne Grudem informa que o termo traduzido por dominadores (katakyrieuo) significa “governar pela força, subjugar”, transmitindo a ideia de emprego severo ou exagerado da autoridade7. Desse modo, “Pedro está proibindo aqui o domínio arbitrário, arrogante, egoísta ou excessivamente restritivo. Ele dá a entender que os presbíteros não devem liderar fazendo uso de ameaças, intimidação emocional ou ostentação de poder, nem de modo geral pelo uso de força ‘política’ dentro da igreja, mas, sempre que possível, mediante o poder do exemplo”8.
Este conselho de Pedro é uma mensagem poderosa e ao mesmo tempo necessária para a liderança cristã. Embora os líderes tenham autoridade de Deus, não devem abusar do poder que receberam, impondo sobre o rebanho um poder excessivo e autoritário. Eles podem usar a disciplina dentro dos limites bíblicos, mas não devem impor medo; podem exortar e conduzir a ovelha pelo caminho correto, mas não devem, pelo simples poder do cajado, maltratá-las e destruí-las. Aqueles que assim procedem pagarão um alto preço (Jr. 23.1-4).
Alguns obreiros foram tão cegados pelo poder e obcecados pelo prestígio ministerial que acabam se esquecendo destas palavras de Pedro. Eles se esquecem que a igreja não lhes pertence, que ela é herança de Deus, e não sua propriedade particular ou de sua família.
Por causa daqueles que assim procedem vemos um sem-número de ovelhas decepcionadas e perdidas espiritualmente. Foram vítimas de falsos pastores que lhes importunaram, assediaram, abusaram espiritualmente e, em muitos casos, até mesmo sexualmente. Tais condutas não são dignas do ministério cristão, e por isso mesmo não podem nem mesmo serem chamados de pastores, mas de falsários da fé.
O verdadeiro pastor usa a sua autoridade com amor, sabedoria e prudência. Porque ele tem a profunda convicção de em breve, Cristo, o Sumo Pastor, haverá de lhe entregar a coroa de glória! (5.4). 
Conselhos à Juventude 
Sujeição dos jovens (5.5a)
Na sequência, Pedro volta-se para os jovens: "Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos..." (v.5). Subentende-se pelo conselho de Pedro que a juventude deve obedecer não somente aos líderes religiosos, mas também se sujeitar aos irmãos de fé mais velhos. Por que essa instrução específica destinada aos jovens? Porque, como é comum nessa fase da vida, os jovens tendem a ser mais rebeldes e contestadores. O respeito aos pastores e aos mais velhos é um princípio que vale para todos, mas deve ser recordado com maior veemência na flor da juventude, quando os hormônios afloram e o sentimento de independência costuma despontar.
Apesar das diferenças de uma geração para outra, a juventude em geral é marcada pela formação da consciência crítica e pelos constantes questionamentos. Se não souber amadurecer e aprender a lidar com as suas inquietações, o jovem cairá numa vida de rebeldia e desobediência. Conhecendo o coração do homem, da criança ao adulto, Deus deixou esse lembrete tão preciso em sua Palavra.
Como nunca, a ordem do jovem cristão obedecer ao seu pastor merece atenção em nossas igrejas. A chamada geração do milênio caracteriza-se por sua contraposição às regras, à formalidade e às instituições. Diversas pesquisas sugerem que um alto percentual de jovens da atualidade diz ter fé, mas não querem pertencer a uma religião; afirmam ser espirituais, mas preferem não fazer parte de uma igreja específica. Um número significativo deles têm percepções negativas sobre a igreja e a liderança religiosa.
Diante desse contexto, é responsabilidade da liderança criar um ambiente hospitaleiro, em que os jovens cristãos se desenvolvam como pessoas e amadureçam na fé, para que cresçam na graça e no conhecimento. Essa perspectiva entra em contraste como o modelo de ministério de jovens adotado em muitas igrejas contemporâneas, que entende este trabalho como sinônimo de entretenimento religioso.
James K. Smith, no livro Você é aquilo que ama, chama atenção para esta visão distorcida. O que se entende por ministério para jovens, observou Smith, “muitas vezes não é uma forma séria de formação cristã, mas sim, um esforço pragmático e desesperado de manter os mais jovens como membros de carteirinha de nosso clube evangélico. Temos confundido manter os mais jovens dentro dos prédios com mantê-los ‘em Cristo’”9. Essa é a razão pela qual percebemos a realização desenfreada de eventos cristãos em massa que buscam atrair a juventude, no afã de mantê-los engajados com as atividades eclesiásticas.
Smith destaca que cedemos a formação dos mais moços às liturgias seculares (isto é: do mundo), precisamente quando importamos essas liturgias para dentro da igreja sob o argumento da “relevância”. O resultando é que, “apesar de os jovens estarem presentes em nossos eventos dirigidos a eles, estão na verdade participando de algo veladamente relacionado a visões da boa vida. A própria forma de entretenimento em torno das quais esses eventos são montados reforça um narcisismo e um egoísmo profundos, que são o oposto de aprender a negar a si mesmo e a tomar a cruz (Mt 16.24)”.
Desse modo, apesar da maciça presença entusiasmada dos jovens em tais eventos, “essa participação não está realmente formando seus corações e direcionando seus desejos para Deus e seu reino, uma vez que a liturgia padrão desses eventos são construídas sobre rituais consumistas e sobre ritos de valorização pessoal”10. Segundo Smith, este entretenimento religioso está apenas aumentando a fileira daqueles que dirão: “Senhor, Senhor, nós não comparecemos a todos os encontros, acampamentos e jogos de vôlei em teu nome? (cf. Mt 7.21-23)”.
Qualquer pessoa sensata deverá concordar que vivemos esta realidade. Basta observar que, em sua grande maioria, estes eventos incentivam a criação de celebridades evangélicas e o consumismo religioso, e são “vendidos” como se fossem abalar o mundo e resolver todos os nossos problemas espirituais pela simples experiência participativa. Uma análise cuidadosa e comparativa vai nos mostrar que esse tipo de estratégia em nada difere daquela adotada pelos eventos seculares, pois fornecem, segundo Smith, “um tipo de experiência manipulada e administrada que essencialmente se baseia em estratégicas naturais, ativando as mesmas emoções com os mesmo estímulos, como qualquer concerto, jogo de futebol americano ou reunião de estudantes”11.
Não tenho dúvidas que do ponto de vista social é muito melhor o jovem cristão frequentar um evento cristão como este do que um show popular, por exemplo. Entretanto, uma vida cristã firmada em episódios de experiência emotiva equivale a uma alimentação regada a fastfood: ela sacia a fome imediata, mas não alimenta o corpo com os nutrientes necessários para uma vida saudável e crescente. Embora a diversão sadia faça parte da vida cristã, um ministério que foca somente na distração entre os jovens não será capaz de prepará-los para os desafios da vida e para a experiência plena com o Senhor.
Por tais razões James Smith questiona a propaganda religiosa que equipara o “seguir Jesus” com o mesmo que estar inflamado, empolgado e extrovertido por Jesus. O problema é que aqueles que simplesmente não possuem esse estado de espírito presumirão que não podem ser cristãos, ao menos esse tipo ideal de jovem crente. Nas palavras de Smith: “Se a exuberância de um pastor de jovens cheio de energia for tomada como exemplo, então inúmeros jovens erroneamente concluirão que simplesmente não podem ser cristãos”12. A consequência disso? “Procurando incentivar uma experiência empolgante e divertida para conservar os jovens na fé, acabamos apenas criando consumidores de uma mensagem de Jesus, ao mesmo tempo em que desencantamos diversos jovens que simplesmente não concebem inscrever-se em um clube de atividades de Jesus”13.
Voltando à recomendação de Pedro, a sujeição dos jovens aos pastores e à própria Palavra do Senhor não pode ser o resultado nem da opressão da liderança, nem do entretenimento religioso. A liderança cristã não precisa oprimir os jovens para que sirvam ao Senhor, e também não devem se preocupar em espelhar o mundo na tentativa de cativarem a sua atenção. Até porque, o jovem que vai à igreja, como qualquer pessoa, está cansado do mundo, e quer ver nela algo diferente para a sua vida, e não uma simulação forçada da experiência secular.
A obediência bíblica dos jovens é resultado de uma transformação interior, que o compele a se sujeitar de maneira voluntária. Nesse ponto, a vida em comunidade (não os eventos), a compreensão da verdadeira adoração (não a experiência episódica) e os hábitos espirituais como a oração, a leitura da Bíblia e o jejum são vitais para a formação do jovem cristão. Uma congregação comprometida com a formação de fé dos mais jovens, escreveu Smith, “é uma congregação que os convida desde muito cedo a serem verdadeiro adoradores, envolvendo-os e integrando-os na prática comum de adoração comunitária. Cristãos jovens são alimentados como todos os cristãos: a partir dos meios comuns da graça oferecidos na Palavra e na mesa, na proclamação e nos sacramento”14.
Ao incluir os mais moços em seus conselhos, Pedro demonstra a importância que possuem dentro da comunidade cristã. Apesar da diferença etária, os jovens integram o corpo de Cristo e possuem responsabilidades idênticas a qualquer outro membro. Os jovens não são o futuro da igreja, como afirmam alguns, mas a igreja presente! Assim, o trabalho e o discipulado da juventude envolvem o mesmo repertório de práticas que caracterizam o cristão em geral. “Se nos preocuparmos em ‘conservar’ os jovens na fé, então devemos mantê-los conosco no santuário, em vez de sequestrá-los para alguma parte do prédio”15. 
Relacionamento entre os Irmãos 
Sujeição mútua e humildade (5.5b,6)
Tendo aconselhado os jovens a se sujeitarem aos anciãos, Pedro prossegue dizendo que todos devem se sujeitar uns aos outros. Agora a recomendação é geral, independentemente da posição ou idade, pois se trata de um princípio para a vida cristã. Como podemos fazer isso? Revestindo-nos da humildade, diz Pedro. Simon Kistemaker explica que “a sugestão é de que os cristãos devem atar a humildade à sua conduta para que todos possam reconhecê-los. Pedro exorta os leitores a amarrarem a humildade a si de uma vez por todas. Em outras palavras, ela deve acompanhá-los para o resto de suas vidas”16.
Há muitas razões que nos impelem como crentes à vida humilde, mas o texto de Pedro deixa transparecer dois motivos essenciais.
A primeira é anunciada no v.5: “porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. Pedro usa como referência Provérbios 3.34. Ênio Muller afirma que temos aqui o motivo teológico17 para a humildade, mas em termos éticos essa motivação expressa uma perspectiva consequencial.
Noutras palavras, devemos ser humildes porque o resultado final dessa atitude é melhor do que o da soberba. Deus abençoa o humilde, mas resiste ao orgulhoso. Isso porque, como dizia C. S. Lewis, o orgulho é o grande pecado, o pecado fatal. “O homem orgulhoso sempre olha de cima para baixo para as outras pessoas e coisas: é claro que, fazendo assim não pode enxergar o que está acima de si”18.
Deus premia a humildade exatamente porque todo fragmento de orgulho afronta diretamente a Ele e aos seus atributos. A esse respeito afirmou Os Guinness: “o orgulho é a violação e a desordem fundamental do amor, pois põe o amor próprio à frente do amor a Deus. Ele quebra o primeiro mandamento: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”, e, inevitavelmente quebra o segundo grande mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”19.
Assim, escreveu Lewis, se alguém quer admitir a humildade, o primeiro passo é reconhecer o próprio orgulho. “O mínimo que se pode dizer é que, se ele não for dado, nada mais poderá ser feito. Se você acha que não é presunçoso isso significa que você é presunçoso demais”20.
A segunda razão para vivermos em humildade encontra-se no v.6:“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte”. Em termos éticos, extrai-se daqui um imperativo categórico. Devemos agir humildemente porque Deus assim o diz. Assim como a santidade, a humildade é um dever de todo cristão. Paulo reforça: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp. 2.3). 
Lance toda a ansiedade sobre Cristo (5.7)
Não é fácil manter serenidade e calma diante das dificuldades. O ser humano tem a propensão de se consumir pelos problemas atuais e mais ainda por aqueles que virão. Isso se chama ansiedade: a preocupação excessiva com aquilo que ainda não aconteceu. Sabendo disso, Pedro recomenda uma atitude importante para a nossa saúde espiritual e emocional: depositar toda a ansiedade em Deus, pois Ele cuida de nós e se encarrega das nossas cargas.
Jesus nos prometeu: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28). Então, por que muitos crentes, apesar de estarem na igreja, ainda vivem sob o peso da ansiedade? Talvez porque insistem em carregar os seus próprios fardos, acreditando que são capazes de suportá-los.
Ocorre que, por mais leve que seja, qualquer carga que tentarmos carregar sem a ajuda divina, será esmagadora. Eis porque Pedro diz que devemos lançar sobre Deus não parte, mas toda a nossa ansiedade. Warren Wirsbe escreveu: “Não se deve lançar as ansiedades sobre ele aos poucos, retendo as preocupações que acreditamos ser capazes de resolver por conta própria. Guardar "pequenas ansiedades" fará com que logo elas se transformem em grandes problemas! Cada vez que surge um novo fardo, devemos, pela fé, lembrar o Senhor (e nós mesmos) de que já o entregamos a ele”21..
É um alento para a nossa alma saber que podemos entregar aos pés de Cristo nossos medos, frustrações e angústias, pois temos a garantia de que Ele cura as feridas da nossa alma. 
Resista ao adversário (5.8)
Por fim, Pedro reitera a exortação para que todos os salvos mantenham a sobriedade e a vigilância, pois o inimigo das nossas almas está à espreita, bramando como um leão, querendo nos tragar.
O adversário e seus demônios tentam se aproveitar dos momentos de turbulência para destruir a vida do cristão. A metáfora empregada por Pedro a respeito do leão é pertinente, e faz lembrar que se trata de um predador que ataca de repente e com violência, geralmente quando a vítima, sem nada suspeitar, está envolvida em atividades rotineiras22. O Diabo é astuto e traiçoeiro e sabe que é mais difícil derrotar o crente fiel no campo aberto da batalha, e por isso prefere pegá-los desprevenidos. Ele anda em derredor, aguardando o momento mais propício para destruir a nossa vida.
Como registra o Comentário Bíblico de Aplicação Pessoal: "Quando os crentes se sentem sozinhos, fracos, desamparados, e desgarrados dos outros crentes, eles podem se concentrar tanto nos seus próprios problemas, que se esquecem de vigiar quanto ao perigo. Nestas ocasiões, os crentes são particularmente vulneráveis aos ataques de Satanás, que podem vir sob várias formas, frequentemente atingindo o ponto mais fraco da pessoa - tentação, medo, solidão, preocupação, depressão, perseguição".23
No entanto, em vez de temer o Diabo, o acusador e caluniador, o crente deve vigiar e resisti-lo firme na fé. Em conselho semelhante, Tiago disse para resistir o Diabo e ele fugirá (Tg 4.7b).
Saudação Final 
Pedro encerra sua carta com o mesmo tom de esperança, lembrando aos leitores que Deus está no controle de tudo. Podemos viver em esperança porque foi Cristo quem nos chamou à sua eterna glória, e as provações momentâneas simplesmente estão nos aperfeiçoando, confirmando, fortificando e fortalecendo. Nosso caráter está sendo moldado e melhorado no fogo da provação.Por essa razão, apesar da perseguição da igreja e das tribulações nesta terra, devemos como Pedro, tributar toda honra a Deus: A Ele seja a glória e o poder, para todo o sempre. Amém! 
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Que Deus o(a) abençoe.  
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens  

1 GRUDEM, 2016, p. 183.2 WIRSBE, 2007, p. 553.3 PETERSON, Eugene. A vocação espiritual do pastor. São Paulo: Textus, 2006, p. 16.4 ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 673.5 GOULD, J. Glenn. As epístolas pastorais. Em: Comentário Bíblico Beacon – vol. 9 – Gálatas a Filemon. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 491.6 E. G. Selwyn, citado por KISTEMAKER, 2006, p. 259.7 GRUDEM, 2016, p. 186.8 Idem.9 SMITH, James K. Você é aquilo que ama: o poder espiritual do hábito. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 193.10 Ibid., p. 194.11 Ibid., p. 197.12 Ibid., p. 195.13 Ibid.,p. 195.14 Ibid.,p. 201.15 Ibid., p. 202.16 KISTEMAKER, 2006, p.266.17 MULLER, 1998, p. 259.18 LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 165.19 GUINNESS, Os. Sete pecados capitais. São Paulo: Shedd Publicações, 2006, p. 41.20 Ibid., p. 171.21 WIRSBE, 2007, p. 558.22 GRUDEM, 2016, p. 193.23 Comentário Bíblico de aplicação pessoal: Vol. 2 – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 734

Lição 09 - 3º Trimestre 2019 - A Mordomia do Trabalho - Adultos.

Lição 9 - A Mordomia do Trabalho

ESBOÇO GERAL
I – O TRABALHO DE DEUS NA BÍBLIA
II – A BÍBLIA E A MORDOMIA DO TRABALHO
III – PRINCÍPIOS CRISTÃOS PARA O TRABALHO

Elinaldo Renovato 
Quando Deus criou o homem, colocou-o num ambiente extraordinário onde nada lhe faltaria para sua subsistência física e espiritual. O Jardim do Éden possuía um meio-ambiente perfeito. O primeiro lar foi feito por Deus. Era maravilhoso. Nele, antes da queda, havia amor; havia paz, união, saúde, alegria, harmonia, felicidade e comunhão com Deus. O ambiente era agradável. Podemos imaginar o dia-a-dia do primeiro casal! O trabalho era suave, resumindo-se na colheita dos frutos e alimentos outros, necessários à manutenção do metabolismo mínimo do corpo, pois não havia desgaste físico como se conhece hoje. Antes da Queda, o homem era vegetariano. Não era preciso comer carne, pois as necessidades orgânicas eram supridas pelo alimento vegetal (Gn 1.29).
A vida no Jardim, no entanto, não era de ociosidade. O homem foi lá colocado “para lavrar e guardar” (Gn 2.15). Mesmo antes de o pecado entrar no mundo, havia trabalho de natureza agrária. Mas é “interessante notar que o trabalho, a atividade da mente e do corpo, desde o princípio, foi dignificado por Deus. Havia trabalho, mas, em compensação, não havia doenças, nem dor, nem morte. O pranto era desconhecido. A tristeza não existia. Tudo era belo, agradável e muito bom”.1
No Éden, “[...] não foram colocadas pessoas para ficarem ociosas, entregues a uma vida inútil e sem objetivo. Não. O homem teria de trabalhar. Tanto é assim, que o Criador lhe proveu uma ‘adjutora’. Uma coisa, porém, diferenciava o trabalho antes da queda do trabalho após a queda. Antes, o labor era agradável, útil e interessante, pois, nele, o homem colocava em ação a sua capacidade criadora de maneira fantástica, pois não havia desgaste físico ou mental, nem doença, nem a perspectiva da morte.”2 Depois da Queda, no entanto, toda a realidade do homem foi modificada com tremendos prejuízos espirituais, emocionais e físicos, além de terríveis transtornos para o meio ambiente.
O homem conheceu a maldição da terra. A ecologia foi mudada. As condições ambientais foram transformadas. Antes, a terra só produzia para benefício do homem. Depois, passou a germinar cardos e espinhos. Isso, sem dúvida, se refere a tudo o que, na natureza, prejudica o homem. Este se serve da terra, mas com dor, com sofrimento. Mesmo que use a inteligência e consiga utilizar os instrumentos materiais para o cultivo da terra, isso tem um custo muito alto, e os frutos da produção não são acessíveis a todos. O trabalho tornou-se fatigante. Antes, era leve, suave, agradável, pois, com sua força física e mental era possível obter o sustento sem maiores esforços e sem desgaste orgânico. Depois, custaria o suor do seu rosto, e assim ele obteria o seu pão (Gn 3.19).
Foi depois da Queda que o homem conheceu o trabalho em sua conformação histórica e atual, sempre com demandas enormes de suas energias mentais e físicas. Elifaz, amigo de Jó, discorrendo sobre Deus e seu relacionamento com o homem mortal, concluiu sobre a origem, a natureza e a necessidade do trabalho e disse: “Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho. Mas o homem nasce para o trabalho, como as faíscas das brasas se levantam para voar” (Jó 5.6,7). Ele afirmou que “a aflição” e “o trabalho” são inerentes à realidade humana. O homem já “nasce para o trabalho”. Ele não nasce para ficar ocioso, inerte, sem ocupar sua mente, energias e esforço diante da vida. A preguiça é condenada na ética da Bíblia. O homem, portanto, nasce programado para exercer atividades dignas de sua natureza humana.
 Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD.
1 LIMA, Elinaldo Renovato de. A família cristã nos dias atuais, p. 9.
2 Ibid, p. 20.