Lição 8 - Nossa Luta não É contra Carne e Sangue
1º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – A INCLUSÃO DO TEMA NO FINAL DA EPÍSTOLA
II – A DEPENDÊNCIA DE DEUS
III – CONTRA OS PODERES DAS TREVAS
I – A INCLUSÃO DO TEMA NO FINAL DA EPÍSTOLA
II – A DEPENDÊNCIA DE DEUS
III – CONTRA OS PODERES DAS TREVAS
UMA LINGUAGEM MILITAR CARREGADA DE METAFORISMO
Esequias Soares
Daniele Soares
Daniele Soares
Os seis capítulos de Efésios são seis partes iguais. Os três capítulos iniciais são teológicos, e os outros três são práticos, em uma perfeita combinação de doutrina cristã e dever cristão, de fé cristã e vida cristã. Os três primeiros capítulos se referem à riqueza do cristão em Cristo, e os outros três falam sobre o andar em Cristo. Ao se aproximar da conclusão, o apóstolo introduz um “no demais” (Ef 6.10), para se referir a uma realidade espiritual muito importante. Paulo não apresenta a origem nem a biografia do príncipe das trevas; no entanto, ensina ser importante conhecer as astutas ciladas do nosso inimigo. A epístola termina com uma exortação para a luta contra as astutas ciladas do diabo.
O apóstolo Paulo empregou a expressão grega tou loipou ou to loipon, traduzida por “no demais” (Ef 6.10)? Ambas aparecem nos manuscritos e nos textos impressos do Novo Testamento grego. Mas, as edições de Westcott & Hort, Aland Nestle e das Sociedades Bíblicas Unidas escolheram tou loipou; o Textus Receptus e o texto de Scriviner ptaram por to loipon, o uso adverbial do adjetivo loipós, “resto, restante, outro, demais”. O que parece ser apenas um detalhe, à primeira vista pela grafia, faz, contudo, diferença no significado. Tou loipou, significa, “do restante, daqui para frente” (Gl 6.17); e to loipon, “ademais, quanto ao mais, resta, no demais, finalmente” (2 Co 13.11; Fp 3.1; 4.8; 2 Ts 3.1). O “no demais, finalmente” ou qualquer expressão similar significa que o apóstolo está introduzindo uma seção para finalizar a epístola.
O “daqui para frente” ou “desde agora” indica que Paulo está dizendo que daqui para frente o conflito contra o reino das trevas será contínuo até o retorno de Cristo, desde a sua ascensão até a sua volta. As nossas versões seguiram Efésios 6.10 conforme o Textus Receptus: “No demais” (ARC), “Quanto ao mais” (ARA), “Finalmente” (TB) e “uma palavra final” (NVT). Não há problema em nenhuma dessas interpretações, pois nenhuma delas está fora do contexto. O importante é notar que o tema dessa passagem é atual, e a peleja da Igreja continua contra as hostes infernais.
A exortação apostólica: “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10) diz que os crentes devem buscar essa força não neles mesmos, mas no Senhor Jesus; por essa razão, o apóstolo Paulo emprega o verbo grego na voz passiva, endynamousthe, “sede dotados de força em, sede fortalecidos”, do verbo endynamoo, “fortalecer em”. Esse poder não vem de nós mesmos, mas de uma força externa, do próprio Deus. Jesus disse: “sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5). A combinação pleonástica, “força do seu poder”, dá mais relevo ao pensamento, uma expressão que Paulo já havia usado antes na epístola (1.19). Ele está falando sobre força e poder no campo espiritual, não sobre força física (2 Co 10.4). O Senhor Jesus capacitou os cristãos, pelo Espírito Santo, para vencer todo o mal e toda a tentação interna, os desejos da carne, e toda a tentação externa, tudo aquilo que vem diretamente do poder das trevas. Essa capacitação envolve o discernimento para compreender as astúcias malignas (2 Co 2.11) e também o poder sobre os demônios (Lc 10.17, 19).
O apóstolo Paulo vê os cristãos empenhados numa fileira de batalha espiritual contra grande número de inimigos poderosos e cheios de sutilezas: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). O termo grego que ele usa para “armadura” é panoplía,que significa “armadura completa, panóplia”. Panóplia é o nome que se dá à armadura completa do cavaleiro europeu na Idade Média e também se refere hoje a coleções de armas exibidas para decoração. A “armadura de Deus” é uma metáfora que o apóstolo usa para ensinar uma verdade espiritual utilizando uma linguagem militar bem conhecida dos seus leitores originais. Mas adiante, ele descreve algumas armas dessa panóplia com aplicação espiritual (Ef 6.13-17). São armas pesadas usadas pelos gregos e romanos em batalhas ferrenhas. O propósito dessa armadura espiritual é fortalecer os crentes para uma batalha terrível, contra o diabo e suas astúcias. Por isso precisamos estar revestidos dela. “Revestir” significa “vestir novamente” a fim de nos tornarmos firmes e resistentes para desmantelar todos os diversos meios, planos, esquemas e toda a sorte de maquinações do diabo que Paulo chama de methodeia, “maquinação, cilada, astúcia”.
Texto extraído da obra “Batalha Espiritual”, editada pela CPAD.
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