Lição 9 - Conhecendo a Armadura de Deus
1º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – A GUERRA
II – A METÁFORA BÍBLICA
III – OUTRAS ARMAS USADAS COMO ILUSTRAÇÃO
I – A GUERRA
II – A METÁFORA BÍBLICA
III – OUTRAS ARMAS USADAS COMO ILUSTRAÇÃO
ELEMENTOS USADOS NAS ILUSTRAÇÕES
Esequias Soares
Daniele Soares
Daniele Soares
O profeta Jeremias emprega fatos da sua vida pessoal para ilustrar a então situação de Judá, como o relato do cinto de linho, a visita à casa do oleiro e a canga de madeira sobre o pescoço. Há também ilustrações que não parecem tão claras para o nosso tempo, mas faziam sentido para os primeiros leitores, como veremos mais adiante.
Na ilustração do cinto narrada em Jeremias 13.1-11, Deus ordenou que o profeta Jeremias comprasse um cinto e colocasse na cintura, sem que o objeto encostasse na água. O cinto é uma peça de roupa íntima, e isso mostra os bons tempos em que os filhos de Israel viviam na presença de Deus. Jeremias obedeceu à ordemdivina, mas depois lhe veio uma palavra de Deus mandando-o esconder o cinto numa fenda da rocha na região do rio Eufrates, na Mesopotâmia, por tempo suficiente até o cinto apodrecer. Como o cinto apodrecido para nada presta, assim a orgulhosa Judá, que resistia à palavra de Deus, deveria experimentar a humilhação e a ruína, recebendo o justo castigo por sua idolatria. A vontade divina era que o seu povo estivesse ligado a ele assim como o cinto está ligado ao ser humano: “Porque, como o cinto está ligado aos lombos do homem, assim eu liguei a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, diz o SENHOR, para me serem por povo, e por nome, e por louvor, e por glória; mas não deram ouvidos” (Jr 13.11). Esse discurso emprega elementos de conhecimento geral de toda a população e uma linguagem que todos podiam compreender.
A visita à casa do oleiro (Jr 18.1-6) é uma passagem literal, e não meramente uma parábola, mas nada impede de identificarmos a presente seção como tal, pois a parábola pode ser uma ilustração real ou imaginária. Ofício do oleiro era muito comum no Antigo Oriente Médio, de modo que a lição transmitida nessa ilustração estava ao alcance de todos. Jeremias, como qualquer pessoa de sua geração, conhecia essa ocupação; assim não havia novidade alguma na produção dessa cerâmica. Ele devia ter visto o oleiro trabalhando diversas vezes, mas Deus o enviou à sua casa, pois Jeremias precisava estar no lugar certo para receber a mensagem divina.
A ilustração da canga de madeira está registrada em Jeremias 27.2-5: “Assim me disse o SENHOR: Faze umas prisões e jugos e pô-los-ás sobre o teu pescoço” (v. 2). Eram duas peças de madeira presas com pedaços de couro, conhecidas como canzis ou cangas, usadas para os bois puxarem carros. O profeta deveria usá-las como ato simbólico para ilustrar o jugo da Babilônia sobre as nações. Assim como o boi é dominado pelo jugo, as nações deviam sujeitar-se ao domínio dos caldeus. Seria inútil tentar livrar-se do tacão de Nabucodonosor. O emprego de figuras e símbolos é importante porque chama a atenção, e as pessoas dificilmente se esquecem deles.
O profeta Oseias em seu discurso profético apresenta inúmeras ilustrações e faz uso de linguagem metafórica e fácil compreensão na cultura daquela geração, mas que não são claras para o leitor da atualidade. Veja o seguinte exemplo: “Todos eles são adúlteros: semelhantes são ao forno aceso pelo padeiro, que cessa de atear o fogo, desde que amassou a massa até que seja levedada” (Os 7.4). O que isso quer dizer?
O profeta mostra o retrato da lascívia e da sensualidade do povo e das autoridades civis e religiosas. O adultério aqui não é apenas físico, mas diz também respeito à infidelidade a Javé, à apostasia religiosa generalizada. O rei Jeroboão I, filho de Nebate, introduziu o fermento, o culto do bezerro (1 Rs 12.28-31), para levedar a massa, e esperou o fogo aquecer até toda a massa ficar levedada. O fogo se espalhou rapidamente de modo que todo o Israel estava contaminado pela prostituição física e espiritual, pela sensualidade e lascívia, pela idolatria e apostasia. A comparação do forno mostra que ardia neles o desejo intenso de praticar coisas pecaminosas, o culto idolátrico. Depois dessas orgias, da cobiça e da multidão dos pecados, vem a ressaca. Logo que o povo se recupera dela, torna a praticar as mesmas coisas. O profeta afirma que, como o padeiro que cessa de atear fogo até que a massa fique levedada, da mesma forma o povo descansa temporariamente até de novo ser vencido pelo poder do mal, até chegar à levedura.
Segue mais um exemplo de Oseias: “Dores de mulher de parto lhe virão; ele é um filho insensato, porque é tempo, e não está no lugar em que deve vir à luz” (Os 13.13). Em muitos lugares na Bíblia, a figura da mulher representa Israel e também a igreja. A expressão dores de mulher de parto sempre é usada com frequência na Bíblia para indicar sofrimento decorrente do juízo divino (Is 13.8; 21.3; Jr 4.31; 13.21; 49.24; Mq 4.9). O profeta está ilustrando o sofrimento de Israel com o castigo divino com o sofrimento da mulher no parto. Essa parte do versículo é compreensível hoje.
Mas a segunda parte diz: “ele é um filho insensato, porque é tempo, e não está no lugar em que deve vir à luz”. O que isso quer dizer? Que Israel é como um bebê que na agonia do parto não se esforça para nascer. Oseias apresenta Israel como esposa infiel e também como filho. Esse filho aqui é insensato porque não se esforça para nascer no ponto crítico em que a mulher deve dar à luz. Não nascendo, morre a mãe e morre também o filho. A mulher não pode dar à luz nem o filho faz a sua parte. Ambos morrem. Isso significa que, para Israel viver, necessita de novo nascimento, mas Efraim, nome alternativo de Israel usado com frequência em Oseias, recusou-se a fazê-lo.
Texto extraído da obra “Batalha Espiritual”, editada pela CPAD.
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