quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Lição 10 - 4º Trimestre 2020 - A Última Defesa de Jó - Adultos.

 

Lição 10 - A Última Defesa de Jó 

4º Trimestre de 2020

ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – JÓ RELEMBRA O SEU PASSADO DE GLÓRIA
II – JÓ LAMENTA O SEU ESTADO PRESENTE
III – O FUTURO EM ABERTO DE JÓ 
CONCLUSÃO

OBJETIVO GERAL
Mostrar que Jó, profundamente afetado pelo sofrimento, recorda nostalgicamente do seu passado de glória.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Mostrar que Jó lembra os tempos passados quando era visto e reconhecido socialmente por todos;
II – Contrastar o estado passado de Jó com o presente, quando se torna motivo de escárnio;
III – Elucidar a insistência de Jó na defesa de sua inocência.

PONTO CENTRAL
Conforme Deus fez no passado, Ele pode fazer algo novo.

Querido(a) professor (a), na lição do próximo domingo veremos que Jó faz um apanhado retrospectivo de sua vida. Ele percebe o quanto fora abençoado, mas que o momento presente contraria todo o seu passado e, assim, ele não vislumbra uma esperança no futuro. Quantos dos irmãos já não estiveram nesta situação? No passado já foram prósperos material e espiritualmente, receberam reconhecimento social e, de repente, viram suas vidas serem reduzidas àquilo que chamamos de “nada”? Jó é um exemplo para aqueles que estão nessa espiral, com o sentimento de que o fundo do poço é o seu fim, e neste momento exclamam: “Ah! Quem me dera um que me ouvisse!”. Esse desespero da alma, essa dor interior, retrata bem aqueles que estão caindo em depressão, com o seu corpo doente e sua alma ferida. Mas Deus não vai deixar que o servo dEle permaneça assim.

Creia que, o fundo do poço é um lugar onde Deus está mais junto de seus filhos e por isso, não será o seu fim, mas o início de um novo começo de Deus para a sua vida! Não perca as suas esperanças naquilo que Deus verdadeiramente prometeu que lhe faria! 

Vejamos o que o comentarista da lição discorre sobre A Última Defesa de Jó:

Um Olhar em três Direções

Por José Gonçalves

“O longo debate entre Jó e os seus amigos terminou com um primoroso discurso de Jó sobre a sabedoria (Jó 28). Um novo ciclo está para ter início. Todavia, antes que Eliú entre em cena (cap. 32), Jó faz a sua última defesa em prol da sua inocência. Os capítulos 29–31 apresentam esse solilóquio de Jó como composto de três partes: (1) um olhar para o passado; (2) uma reflexão do seu estado presente; e (3) um olhar para um futuro que ainda se mostra aberto e incerto. 

Schonberg (2011, p. 148) destaca:

O grande discurso conclusivo de Jó articula-se em três partes. A perspectiva condutora parece ser a sucessão cronológica de passado – presente – futuro: em primeiro lugar, ele lança um olhar retrospectivo para um passado abençoado, para os dias de seus primeiros anos, quando a amizade de Deus pairava sobre sua tenda (29). A seguir, volta o olhar para o seu horrendo presente, quando seu interior ferve, seus ossos ardem em febre (30). E, por fim, dirige seu olhar para frente, para um futuro aberto e incerto (31): existe alguém que o escuta (31.35)? Jó desafia o Todo-Poderoso a uma resposta (31.35-40). Seu grande discurso conclusivo acaba aqui. Por isso é que é chamado também de “o discurso de desafio” de Jó.

A patrística (Odem, 2010) não via nas palavras de Jó (29–31) uma mera lamentação nostálgica do seu anterior estado de glória que não mais existia agora, mas uma prova da sua piedade, que ainda conseguia enxergar a divina providência (Crisóstomo). Ela também via como uma exortação à benevolência e à bondade (Gregório) e como uma prova definitiva da integridade de Jó (Crisóstomo, Isodad, Juliano Arriano). Como era característica da exegese medieval, a patrística interpretava essa defesa de Jó por meio do método alegórico. Dessa forma, viam a expressão ‘portas da cidade’ como se referindo às boas ações, que são lembradas no céu (At 10.4), em contraste com ‘portas da morte’, que arrasta a alma para a destruição.

A Tensão do Estado Presente (30.1-15)

Mas agora se riem de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho. De que também me serviria a força das suas mãos, força de homens cuja velhice esgotou-lhes o vigor? De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos. Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram raízes dos zimbros. Do meio dos homens eram expulsos (gritava-se contra eles como contra um ladrão), para habitarem nos barrancos dos vales e nas cavernas da terra e das rochas. Bramavam entre os arbustos e ajuntavam-se debaixo das urtigas. Eram filhos de doidos e filhos de gente sem nome e da terra eram expulsos. Mas agora sou a sua canção e lhes sirvo de provérbio. Abominam-me, e fogem para longe de mim, e no meu rosto não se privam de cuspir. Porque Deus desatou a sua corda e me oprimiu; pelo que sacudiram de si o freio perante o meu rosto. À direita se levantam os moços; empurram os meus pés e preparam contra mim os seus caminhos de destruição. Desbaratam-me o meu caminho; promovem a minha miséria; uma gente que não tem nenhum ajudador. Vêm contra mim como por uma grande brecha e revolvem-se entre a assolação. Sobrevieram-me pavores; como vento perseguem a minha honra, e como nuvem passou a minha felicidade. 

Jó fizera um inventário do seu passado de glória e verificou que ficaram apenas boas lembranças dele. O seu estado atual era de miséria. A sua situação não era diferente de outros deserdados que não possuíam nem mesmo um lugar para ficar. Ele estava em conflito com todos. Até mesmo Deus, que deveria ficar ao seu lado, parecia opor-se a ele. Jó, embora combalido, deseja urgentemente sair daquela situação. Ele parece encontrar-se sem forças, mas não sem fé. Stadelmann (1997, p. 105) destaca que 

A atitude de Jó diante do sofrimento é a de busca da ajuda de Deus para poder sair do seu próprio isolamento e enfrentar a dura realidade da vida. Em face dos sofrimentos físicos e morais, ele não se encara como vítima de misteriosa potência maléfica ou do capricho do destino, mas reafirma a existência de um Deus único, Senhor do mundo e da história, que intervém na vida humana. Desta concepção religiosa decorre a confiança na presença de Deus, que ajuda o enfermo na provação do sofrimento, ao passo que a ausência de Deus é a causa de decepção e amargura (vv. 20-31). 

Dor Interior (30.16-23)

Há autores (Schonberger, 2011) que destacam que, nesse ponto, Jó contempla o seu estado não mais à luz da sua situação exterior — a sociedade rigidamente hierarquizada —, mas, sim, a partir da sua dor corporal e espiritual. Nesse aspecto, o seu interior está em ruínas (30.16). A cada dia, a sua situação física piora cada vez mais. A poesia em Jó 30.16-23 retrata com letras vívidas essa realidade. Veja: 

E agora derrama-se em mim a minha alma; os dias da aflição se apoderaram de mim. De noite, se me traspassam os meus ossos, e o mal que me corrói não descansa. Pela grande força do meu mal se demudou a minha veste, que, como a gola da minha túnica, me cinge. Lançou-me na lama, e fiquei semelhante ao pó e à cinza. Clamo a ti, mas tu não me respondes; estou em pé, mas para mim não atentas. Tornaste-te cruel contra mim; com a força da tua mão resistes violentamente. Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar sobre ele e derretes-me o ser. Porque eu sei que me levarás à morte e à casa do ajuntamento destinada a todos os viventes.

Clamo a ti, mas tu não me respondes; estou em pé, mas para mim não atentas’ (30.20). Sem dúvida, Jó sente-se atingido por conflitos de natureza psicossomática. Ele nada sabe dos bastidores da sua prova e nada sabe sobre as causas secundárias da sua tentação. Na sua mente, era Deus quem estava opondo-se a ele (vv. 18-19; 20-23). Não é difícil entender o dilema de Jó de fora do livro. 

Schonberger (2011, p. 155) destaca: 

Quando Deus, em razão de um desígnio elevado (alto concílio), não inteligível pelos seres humanos, não houve os pedidos de seus santos, eles parecem ser desprezados e rejeitados por Deus. Na realidade, porém, opera-se neles uma transformação. Eles parecem perder, mas na verdade ganham. Cresce o anseio (desiderium) deles; a partir do desejo, cresce o conhecimento (intellectus), deste brota um amor ainda mais ardente por Deus (in Deum ardetior affectus apeitur). 

Corpo Doente, Alma Ferida (30.24-31)

Mas não estenderás a mão para um montão de terra, se houver clamor nele na sua desventura? Porventura, não chorei sobre aquele que estava aflito, ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado? Todavia, aguardando eu o bem, eis que me veio o mal; e, esperando eu a luz, veio a escuridão. O meu íntimo ferve e não está quieto; os dias da aflição me surpreenderam. Denegrido ando, mas não do sol; levantando-me na congregação, clamo por socorro. Irmão me fiz dos dragões, e companheiro dos avestruzes. Enegreceu-se a minha pele sobre mim, e os meus ossos estão queimados do calor. Pelo que se tornou a minha harpa em lamentação, e a minha flauta, em voz dos que choram.

Os versículos 24 a 31 do capítulo 30 terminam a segunda parte do grande discurso da defesa de Jó. Como havia feito no capítulo 29, Jó traz novamente à tona reflexões do seu passado de glória e o seu atual estado de miséria. Na sua retrospectiva teológica, Jó lembra que se compadecera dos sofredores e, por isso, estendera-lhes a mão. A sua motivação fora correta, de ordem interior, reflexo do seu caráter justo. Todavia, foram a ‘desgraça’ e a ‘escuridão’ que lhe sobreveio (v. 26). Não havia alívio para ele, mas somente ‘aflição’ (v. 27). Ele experimentou o desprezo por parte dos amigos e o silêncio por parte de Deus (vv. 19.13-20; 30.20). Jó sente o seu íntimo ferver (v. 27). Aqui alguns autores (Schonberger, 2011) destacam que é preciso levar-se em conta dois aspectos da provação de Jó: um lado exterior e outro interior. O seu corpo está em decomposição, consumido pela doença, e ele parece não mais alimentar esperança de ser curado (vv. 31,35). Por outro lado, o seu dilema interior, que procura uma resposta para o silêncio de Deus, continua vivo. ‘Eis que o meu intento é que o Todo-poderoso me responda [...]’.”  

Texto extraído da obra “A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: O Sofrimento e a Restauração de Jó”.

Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Setor de Educação Cristã  

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Adultos. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

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