Lição 2 - O Propósito dos Milagres no Ministério de Jesus
3º Trimestre de 2018
Introdução
I-A Expectativa Judaica
II-A Vinda do Reino de Deus
III-O Ministério de Jesus só Pode ser Entendido em Conexão com o Reino de Deus
Conclusão
I-A Expectativa Judaica
II-A Vinda do Reino de Deus
III-O Ministério de Jesus só Pode ser Entendido em Conexão com o Reino de Deus
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Historiar a expectativa judaica em relação à questão messiânica;
Ressaltar os paradoxos da vinda do Reino de Deus;
Explicar a conexão do ministério de Jesus com o Reino de Deus.
Historiar a expectativa judaica em relação à questão messiânica;
Ressaltar os paradoxos da vinda do Reino de Deus;
Explicar a conexão do ministério de Jesus com o Reino de Deus.
Palavras-chave: Milagre.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor César Moisés Carvalho:
Sendo o milagre uma intervenção divina que visa corrigir algo que está fora do lugar e, assim, prestar socorro, como harmonizar tal aspecto com uma criação perfeita de um Deus perfeito? Tal questão é tão incômoda, que Jean-Louis Souletie diz que o “próprio Voltaire, para salvaguardar a grandeza de Deus, desenvolve a ideia de que se Deus é Deus, sua criação é desde o início tão boa quanto ele a poderia ter feito e, portanto, Deus não tem que reinventar sua criação para suprir uma imperfeição que poderia ter evitado ou previsto desde o início”. Ocorre, porém, que há textos bíblicos que são diretos e categóricos em dizer que a Criação sofreu um transtorno de proporções cósmicas (Gn 3.17-19; Rm 8.20-23); daí o porquê de falar-se em uma nova Criação ou da restauração da Terra (Is 65.17; At 3.20,21; Cl 1.16-20; Ap 21.1). Conhecida tradicionalmente no cristianismo por “pecado original” e mais amplamente chamada de “Queda” em círculos protestantes, tal doutrina, que procura explicar a origem do mal com base na Bíblia, foi desenvolvida por Agostinho de Hipona (354–430), no século V da nossa era, em seus escritos sobre a graça. Basicamente, a doutrina resume-se no que Bruce Marino afirma ao dizer que as “Escrituras ensinam que o pecado é real e pessoal; que se originou na queda de Satanás, um ser pessoal, maligno e ativo; e que, através da queda de Adão, propagou-se entre a humanidade, que fora criada boa por um Deus totalmente bom”.
Assim, enquanto pensadores como Voltaire estavam às voltas com a questão que abre esse capítulo, Tomáš Halík, diz de forma bastante natural que, se “o mundo fosse perfeito, ele próprio seria Deus e dentro dele nenhuma busca haveria de Deus”. Portanto, ainda que não seja possível compreender, a necessidade do ministério terreno de Jesus Cristo só ocorre por causa da Queda (cf. Gn 3.15; Rm 5.12-21). E em que, basicamente, consistiu tal ministério? O evangelista Marcos, já na quarta seção do Evangelho que leva o seu nome, relata que, após João Batista ter sido preso, Jesus foi para a Galileia e pregava o evangelho de Deus, dizendo: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (1.15). Enquanto Mateus e Lucas fornecem informações a respeito da concepção e do nascimento de Jesus, Marcos parte do que ele chama de “Início do evangelho de Jesus Cristo, filho de Deus”, ou seja, olhando de forma superficial, seu interesse parece estar na atividade ministerial do Nazareno. Porém, o evangelista alude ao evento histórico e decisivo ― a Nova Aliança, um novo tempo ― inaugurado pelo Filho de Deus. Na realidade, os Evangelhos Sinóticos, incorretamente lidos como se fossem relatos cronológicos, contêm mais teologia que elementos historiográficos; estes, aliás, quando aparecem, têm o propósito de apenas servir como background ou pano de fundo. Marcos, apesar de sucinto em sua abordagem e narrativa, desenvolve uma cristologia que tem como eixo a mensagem alvissareira do “alegre anúncio”, a “boa nova”, o evangelho. A importância dessa mensagem está vinculada à expectativa imediata dos judeus, conforme escreveu Lucas acerca da profetisa Ana, que, ao contemplar o menino nos braços de Simeão, passou a dar graças a Deus e a falar da criança a “todos os que esperavam a redenção em Jerusalém” (2.38).
Mas é necessário cuidado, pois existe um grande perigo de entender-se e/ou reduzir o evangelho a apenas à sua mensagem. É preciso enxergá-lo no contexto mais amplo da esperança judaica apregoada por Jesus Cristo. Mas qual era essa esperança? Antes de responder, é preciso verificar a expressão “Reino de Deus” (e “Reino dos céus”), que, mesmo sendo abundante nos quatro Evangelhos (63 vezes, sendo apenas duas delas no Evangelho de João), nas palavras de Joachim Jeremias, é ipsissima vox de Jesus, ou seja, é uma expressão autêntica e original dEle, pois, na literatura do judaísmo antigo, não há nenhum paralelo com a grande quantidade apresentada nos Evangelhos (especialmente nos Sinóticos) e nem com a conotação dada pelo Senhor Jesus. Aliás, o mesmo autor diz ainda que, “nas palavras de Jesus que tratam de basileia [reino] encontra-se uma profusão de expressões que não têm nenhum paralelo (nem sequer profano) na maneira de falar dos contemporâneos de Jesus”. Assim, basileia é ipsissima voxporque “Jesus não só fez do termo o tema central de sua pregação, mas também o preencheu com um conteúdo novo, para o qual não há termo de analogia”. Isso porque evangelho, conforme apontado por Marcos 1.1, “não é o começo de um livro ou de uma pregação sobre Jesus Cristo, o Filho de Deus, mas o primeiro início e o amadurecer histórico de um acontecimento decisivo para toda a história humana. É o início do ‘Evangelho’ que tem como protagonista e ponto focal Jesus Cristo”. Isto é, o “‘alegre anúncio’, ‘boa nova’, como a de uma vitória ou de um nascimento e subida ao trono de um novo imperador”.
A discussão a respeito de se Jesus realmente pregou um evangelion, isto é, um novo tempo, ou se apenas surgiu como mais um profeta a corrigir a postura de Israel, dando sequência ao continuísmo da relação imposta pela religião institucionalizada no Antigo Testamento é de suma importância. Kümmel, por exemplo, afirma que “a promissão do perdão anunciada por Jesus não passaria de uma mera promessa, como era no judaísmo de sua época, a qual não modificaria em nada o presente, caso Jesus somente tivesse falado da ação de Deus no futuro”. O autor não se contenta com conclusões a priori e passa indagar ao texto bíblico se, de fato, Jesus teria pregado “um Evangelho”, dizendo que só há “condições de responder realmente se a pregação de Jesus a respeito do reino de Deus foi ou não proclamação de salvação, isso é, Evangelho, quando reconhecermos até que ponto Jesus também indicou para a ação de Deus no presente”. Em outras palavras, a pregação de Cristo era “apenas” futurística? Kümmel defende o fato de a “mensagem de Jesus a respeito da iminente vinda e da presença do reino de Deus serv[ir], portanto, para emoldurar a proclamação da ação paternal e julgadora de Deus”. Assim, “na pessoa, nos ensinamentos e na ação de Jesus a ação de Deus passa a acontecer no presente, transformando-se em realidade concreta para os crentes”. Evidentemente que, de igual forma, existe um aspecto futurístico na mensagem e nas ações de Cristo. Tal aspecto é designado pela teologia como uma tensão entre o “já” e o “ainda não”.
Portanto, o Reino de Deus (Basileia tou Theou) é o tema central da mensagem de Jesus. Justamente por isso, o assunto dos milagres de Jesus precisa ser analisado levando-se em conta a mensagem do Reino de Deus e o ministério de ensino desenvolvido pelo Senhor, pois havia perfeita consonância entre as ações do Mestre e suas palavras (Lc 24.19). Como já foi dito, Marcos, tido tradicionalmente como o mais antigo dos Evangelhos, registra que, “depois que João [Batista] foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do Reino de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.14,15). Para qualquer judeu, a vinda do Reino de Deus era esperada com muita ansiedade; porém, para que eles pudessem crer no “evangelho”, isto é, o anúncio de que este tempo realmente havia chegado, era preciso ver os sinais que o caracterizam e que evidenciam que o referido período estava, de fato, em curso. Seguindo seu intento de evidenciar tal realidade, Marcos diz que Jesus foi a uma sinagoga num sábado e que Ele ali ensinava. Entre os presentes, havia um homem atormentado por um espírito imundo, e este se manifestou no momento em que Jesus ministrava. O Senhor repreendeu o espírito imundo, expulsando-o do homem. Na sequência, o texto diz que “todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!” (Mc 1.27). Tal acontecimento denota que o ensino de Jesus não era mera teorização, mas demonstração concreta da chegada do Reino de Deus, pois aliava conhecimento com poder (Mt 22.29; cf. 1 Co 2.4,5). Tim Dowley informa com propriedade que os milagres de Jesus “eram ‘sinais’ do Reino de Deus, mostrando que o reinado do Messias tinha começado, como predisseram as Escrituras”.
Tal entendimento corrobora, de acordo com Jürgen Moltmann, com o pensamento de Lutero que ensinava que o Reino de Deus “se tornou tão próximo que os sinais do tempo messiânico já aparecem: doentes são curados, demônios são expulsos, coxos andam, surdos ouvem, aos pobres é anunciado o Evangelho”, ou seja, “está tão perto que já se pode orar a Deus como “‘Abba’”, Pai Querido, e finalmente, o Reino tornou-se “tão próximo que se torna necessária a interpretação messiânica da Torá por meio do Sermão do Monte em que seu cumprimento se torna possível no discipulado de Cristo”.
Portanto, uma espiritualização do Reino de Deus, vendo-o apenas como algo imaterial e sem nenhuma intervenção na realidade cruel e desumana, significa que ele é impotente em face da enfermidade e da dor (algo que a atuação ministerial de Jesus tratou de contrariar). Por outro lado, deixar de reconhecer que a morte e as catástrofes naturais agora imperam livremente e que, por isso mesmo, o Reino ainda não está atuando de forma completa significa negar-se a enxergar a realidade. Tal “realidade”, inóspita e hostil, aguarda sua transformação; por isso mesmo, de acordo com a “compreensão bíblica”, diz Moltmann, “o reino da glória [isto é, o Reino consumado] é idêntico com a nova criação”. Em consonância com esse assunto, referindo-se aos relatos de milagres registrados nos Evangelhos, C. S. Lewis divide-os em dois sistemas. O primeiro deles “inclui as classes: 1) Milagres de Fertilidade; 2) Milagres de Cura; 3) Milagres de Destruição; 4) Milagres de Domínio sobre o Inorgânico; 5) Milagres de Inversão; 6) Milagres de Santificação (ou de Glorificação)”. “O segundo sistema”, continua Lewis, “que atravessa o primeiro, produz apenas duas classes: 1) Milagres da Velha Criação e 2) Milagres da Nova Criação”. As três primeiras classes restringem-se à “Velha Criação”, isto é, a realidade tal como a experimentamos desde a Queda em Gênesis 3. A quarta classe de milagres ocorre em ambas, e, finalmente, as classes 5 e 6 são exclusivas da “Nova Criação”. Mas o que significa a “Nova Criação”? Lewis oferece um exemplo dizendo que, “quando Cristo anda por sobre a água, temos um milagre da Nova Criação”.
Trata-se, portanto, do que alguns teólogos chamam de prolepse, isto é, “antecipação”. Dessa forma, cada um dos milagres tem a tarefa não apenas de apontar, mas também de levar àqueles que conseguem ver além do miraculoso a seguir a direção sinalizada pelo feito. No caso que está sendo considerado, é preciso decidir pela porta estreita e pelo caminho apertado do Reino de Deus (Mt 7.14). Da mesma maneira que quem está em Cristo torna-se uma “nova criatura” (2 Co 5.17), é preciso também entender que a regeneração humana é a antecipação e o início da regeneração total, o palingenesis (de πλινγενεσία, palingenesia, palin, “de novo”, genesis, “nascimento”), o novo começo que já teve início na concepção quando Cristo, o Messias e Redentor, encarnou-se (Cl 1.16-20). É por isso que, quando interrogado pelos discípulos de João Batista (que tinha uma perspectiva trans-histórica, final e política para o Reino de Deus) acerca do fato de se Jesus era mesmo ou não o Messias, a resposta do Mestre não foi filosófica, teológica ou retórica, mas demonstrativa e muitíssimo prática: “Eles foram a Jesus, e disseram: ‘João Batista nos mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?’ Nessa mesma hora, Jesus curou muitas pessoas de suas doenças, males e espíritos maus, e fez muitos cegos recuperar a vista. Depois respondeu: ‘Voltem, e contem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a Boa Notícia é anunciada aos pobres. E feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim!’” (Lc 7.20-23). As ações milagrosas do Senhor eram antecipações do que será uma realidade na plenitude.
É importante dizer que, assim como os milagres realizados pelo Senhor Jesus sinalizavam o aparecimento do Reino de Deus, os prodígios na contemporaneidade antecipam o que será “quando vier o que é perfeito”, quando, “então, o que o é em parte será aniquilado” (1 Co 13.10). Na verdade, “a exigência de ‘sinais e milagres’ dirigida a Jesus pergunta não só pela legitimação de sua missão, mas simultaneamente pelos sinais dos tempos messiânicos”. Em outras palavras, uma vez que Jesus apresentou-se pregando o evangelho, eu repito: era preciso evidenciar isso por meio dos sinais que caracterizam tal mensagem. Moltmann diz que, como “o messias enquanto profeta prometido estaria acompanhado por ‘sinais e milagres’, essa pergunta foi dirigida também a seus apóstolos”, pois o “novo tempo mosaico da salvação escatológica é reconhecido nos sinais e milagres que se esperam dos apóstolos de Cristo”. Uma vez que o Reino havia sido anunciado por Jesus e tal inauguração não fora revogada pela ascensão do Senhor, cabia primeiramente ao seu colégio apostólico a incumbência de prosseguir com o anúncio do Reino por meio da pregação (At 28.31). No entanto, pelo fato de a mensagem ser a mesma, esperava-se dos que a anunciavam a prova de que um novo tempo realmente se havia iniciado (Mc 16.15-20). Tal não ocorreu unicamente com o colégio apostólico, mas o próprio Paulo mencionou tais características para legitimar seu apostolado (2 Co 12.12). É sabido que tais operações acontecem pela virtude do Espírito Santo (Mt 12.28; Lc 4.19-21; 5.17; At 10.38). Neste aspecto, mesmo o Senhor Jesus Cristo — que, como membro da Trindade e por “sua própria natureza”, diz Stanley Horton, “o Espírito Santo estava nele” — não prescindiu de “uma experiência distinta com o Espírito, quando este veio sobre Ele, após seu batismo por João”. Ainda que, como reconhece o mesmo autor, “a vinda do Espírito Santo sobre Jesus era incomparável”, pois sua “experiência ia além da de qualquer pessoa, antes ou depois, porque Deus não lhe deu o Espírito ‘por medida’ (João 3.34)”, mesmo assim, é preciso ter “em mente, também, que o Espírito veio sobre Jesus, após Ele ter se identificado com a humanidade através do batismo nas águas”. Assim, como ser humano, “Ele devia ministrar no poder do Espírito”. Não apenas isso, mas considerando “a plena humanidade de Jesus e a sua identificação conosco, é digno de nota que, tão logo o Espírito veio sobre Jesus, Ele se submeteu à orientação do Espírito Santo (Mateus 4.1; Lucas 4.1)”. Numa palavra, “Jesus não somente era guiado pelo Espírito, como também o seu ministério foi realizado pelo Espírito Santo”. Mesmo nos “evangelhos”, diz Horton, “não há muita informação de que o Espírito Santo tenha revestido Jesus para o ministério”, pois, “uma vez que é um fato constatado, não havia necessidade para tantas repetições”. Tal conclusão pode ser entendida pelo fato de que, quando “Jesus voltou para a Galiléia, o poder do Espírito Santo se manifestou primeiramente no seu ministério de ensino e, depois, no de cura”. Numa palavra, uma vez que, “pelo batismo no Jordão desceu sobre Jesus a Rûaḥ Jahwe, o Espírito Santo, e o preencheu com o poder de sua missão messiânica”,
Não menos importante que a reflexão da imprescindibilidade do Espírito Santo para o próprio Mestre, sobretudo por sua condição humana, é o fato de que, mediante “Jesus Cristo o Espírito é enviado sobre a comunidade, de forma que continua obrando”. Sim, essa é a crença fundamental dos pentecostais no que diz respeito à missão confiada à Igreja. Ela nada poderia realizar sem a presença do Espírito Santo. Apesar de Jesus Cristo ser Deus , sua dotação pelo Espírito para realizar sinais e milagres (Lc 5.17; At 10.38) demonstra que Ele não lançou mão de um poder residente de sua deidade; antes, precisou da unção do Espírito para realizar tais obras. Moltmann diz que “teólogos liberais recorreram a esse fato para relativizar a Jesus como portador do Espírito entre muitos outros”; ele, contudo, observa que tais teólogos “se esqueceram da maneira singular com que Jesus foi dotado com o Espírito e que conduziu a sua filiação divina e a sua missão específica”. Diferentemente dos reformados, o próprio Calvino, a quem eles dizem seguir teologicamente, reconhecia “que o Espírito não fora dado a Jesus para ele próprio, mas para toda a comunidade, cuja cabeça ele foi de antemão”. Para Moltmann, isso demonstra “que Jesus não foi batizado com o Espírito como pessoa privativa, mas pars pro toto, representativamente, como um entre muitos e como um para muitos”, ou seja, “Ele recebeu o Espírito para os doentes que curou, para os pecadores que perdoou, para o povo pobre cuja comunhão procurou, para as discípulas e discípulos que chamou para lhe seguirem”. E é justamente dessa forma que o pentecostal crê. Não recebemos o batismo no Espírito Santo para usufruto pessoal, mas para servir. O revestimento de poder não é uma capacitação do Espírito que visa o exibicionismo de quem quer que seja, mas, sim, uma forma de Deus mover-se por intermédio de alguém para alcançar pessoas necessitadas (1 Co 12.7).
Além de servir para demonstrar a realidade do Reino de Deus, pois, conforme Edward Schillebeeckx, o “início do reino de Deus torna-se visível aqui nesta terra, em nossa história, pela vitória contra os ‘poderes do mal’”, isto é, por meio dos milagres de Jesus, pois, conforme os “evangelhos deixam claro”, continua o mesmo autor, “uma ‘salvação’ que não se manifestasse aqui e agora, em seres humanos muito concretos, não teria nada de ‘Boa Nova’” ; por isso, os prodígios realizados pelo Mestre tinham igualmente uma função social. “Chama a atenção”, diz Moltmann, “que muitas histórias de cura se dão com mulheres e para suas filhas que, em uma sociedade patriarcal, têm menos direitos e menor prestígio social”. Não apenas isso, uma vez que, “à luz do reino de Deus próximo, o mundo necessitado de salvação se mostra em sua verdadeira possessão com suas doenças” , diz o mesmo autor, e estando ciente de “que doenças eram estigmatizadas naquele tempo com impureza, os doentes eram discriminados cúltica e socialmente” . Portanto, ao curar as pessoas, extinguia-se tal estigma, e, por isso, a “anulação dessa discriminação é o aspecto social das curas de Jesus”. Dessa forma, o objetivo do milagre, que é socorrer o necessitado e devolver-lhe a dignidade, também evidencia o Reino de Deus e faz com que o nome maravilhoso do Criador seja glorificado.
*Adquira o livro do trimestre de autoria de CARVALHO, César Moisés. Milagres de Jesus: A Fé Realizando o Impossível. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
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