Lição
13
O PROFETA MALAQUIAS E A
SACRALIDADE DA FAMÍLIA
30
de dezembro de 2012
TEXTO
ÁUREO
“Portanto, deixará o varão o seu pai e a
sua mãe e apegar-se-á à sua mulher,
e serão ambos uma carne” (Gn 2.24).
VERDADE
PRÁTICA
É da vontade expressa de Deus que levemos a sério o nosso
relacionamento com Ele, com a família e com a sociedade.
COMENTÁRIO
DO TEXTO ÁUREO
“Portanto, deixará o varão o seu pai e a
sua mãe e apegar-se-á à sua mulher,
e serão ambos uma carne” (Gn 2.24).
O texto áureo deste domingo é uma declaração divina sobre o casamento,
as mesmas palavras o Senhor Jesus repetiu em Mateus 19.4-5 em forma de
pergunta: “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que
aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a
sua mulher, e serão dois numa só carne?”.
Podemos através desta declaração do Senhor Jesus verificar que a
criação do homem e da mulher é um acontecimento histórico e aceito por Ele como
verdade, Deus é o criador dos céus e da terá, Ele é o criador do homem e da
mulher, essa criação não foi algo arbitrário, mas há um propósito, viver um
para outro, através do casamento.
O Senhor Jesus cita o versículo 24 de Gênesis 2, apresentando as
palavras proferidas por Adão, mas o Senhor Jesus usa essa citação como se
fossem palavras proferidas por Deus. Assim a aplicação feita pelo Senhor Jesus
a essas palavras lhes atribui um valor profético, porque se aplicam a todas as
gerações dos homens e também um valor espiritual, porquanto representam um
princípio do código divino.
Quando Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há (Gn
1.1-31) Ele mesmo deu uma nota para cada obra criada:
1.- criou a luz – “viu Deus que a luz
era boa” (Gn 1.3-4);
2.- criou a terra – “viu Deus que a
terra era boa” (Gn 1.10);
3.- criou as relvas, ervas e sementes – “viu Deus
que isso era bom” (Gn 1.11-12);
4.- criou os dois luzeiros – “viu Deus que isso
era bom” (Gn 1.14-18);
5.- criou os grandes animais marinhos, os répteis e as aves – “viu Deus que isso era bom” (Gn 1.21-22);
6.- criou os animais selváticos e domésticos – “viu Deus
que isso era bom” (Gn 1.24-25);
7.- criou Deus, o homem - “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”
(Gn 1.27-31).
Sete vezes o SENHOR em todo capítulo 1 de Gênesis declara: “... é bom”, porém, abruptamente em Gênesis
2.18 ele declara “não é bom”. O que não é bom
para Deus? “Não é bom que o homem esteja só;...” (Gn
2.18).
A primeira negativa divina, o primeiro NÃO de Deus, está em Gênesis
2.18: “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o
homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18).
Deus é contra a solidão, Ele criou um outro ser humano, a mulher,
para que o homem não ficasse solitário. Portanto, Deus é o inventor do
casamento.
O primeiro casal feito por Deus é formado
de um homem (macho) e uma mulher (fêmea), sendo, assim, os representantes do
princípio da união matrimonial.
O Senhor Jesus mostrou que o casamento deve
ser mais do que uma necessidade biológica ou uma prática social, ou ainda uma
exigência psicológica, deve ter base em finalidades espirituais, teístas e
metafísicas.
A própria natureza requer uma união indissolúvel.
Com essa citação o Senhor Jesus quis
ensinar a indissolubilidade do matrimônio, devido à sua própria natureza. A vida física de qualquer indivíduo impede a
dissolução de seu organismo. Por semelhante modo, a continuação da vida física
do esposo e de sua esposa impede a dissolução de seu casamento. Somente a dissolução
da “carne”, por meio da morte, pode causar a dissolução do casamento.
A expressão “unir-se-á” literalmente do
grego é colará, termo que ilustra e enfatiza a idéia de coesão permanente.
A expressão “uma só carne” indica a união
total de duas personalidades à vista de Deus, mas talvez implique também numa
verdade metafísica, isto é, que a personalidade humana não se completa enquanto
não houver macho e fêmea, como na eletricidade, pólo positivo e pólo negativo.
O Senhor Jesus declara em Mateus 19.6, “o
que Deus ajuntou”. Portanto Deus é o criador e preservador do casamento. Assim
como o nosso texto áureo fala de “unir-se-á” como cola, a palavra de Mateus
19.6 é “ajuntou”, ou seja, do grego jungir, termo esse comumente usado no grego
clássico para expressar os laços matrimoniais, jungir significa ter alvos comuns, propósitos ou trabalhos que ambas as
pessoas tomam a responsabilidade de cumprir como um casal, tal como dois
animais “jungidos” cumprem juntamente o serviço que deles é exigido.
Portanto, nosso texto áureo, aponta para o
casamento. Os termos “casamento” e
“matrimônio” são equivalentes e ambos usados para traduzir o grego gamos.
O termo grego gamos, indica também “bodas” (Jo 2.1-2) e “leito”
conjugal (Hb 13.4).
Trata-se de uma instituição estabelecida pelo Criador desde a criação,
na qual um homem e uma mulher se unem em relação legal, social, espiritual e de
caráter indissolúvel (Gn 2.20-24; Mt 19.5-6).
O
matrimônio recebe o nome hebraico de kidushin (consagração, santificação ou
dedicação), pois o casamento é uma ocasião sagrada no judaísmo. É um mandamento
divino, a criação de um laço sagrado.
É no
casamento que acontece o processo legítimo de procriação, o casamento bíblico
de um homem e uma mulher está o potencial da
perpetuação da espécie humana (Gn 1.27-28), gerando a oportunidade para
a felicidade humana e o companheirismo.
A intimidade, o amor, a beleza, a alegria e a reciprocidade que o
casamento proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre
Cristo e a sua igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). Essa figura é notada
desde o Antigo Testamento.
RESUMO DA LIÇÃO 13
O PROFETA MALAQUIAS E A SACRALIDADE DA
FAMÍLIA
I. O LIVRO DE MALAQUIAS
1. Contexto histórico.
2. Vida Pessoal de Malaquias.
3. Estrutura e mensagem.
II. O JUGO DESIGUAL
1. A paternidade
de Deus (2.10).
2. A deslealdade.
3. O casamento misto (2.11).
III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO
1. O relacionamento conjugal
(2.11-13).
2. O compromisso do casamento.
3.- A vontade de Deus.
INTERAÇÃO
Comumente isolamos um
assunto de determinado contexto literário ignorando o tema central daquela
obra. O livro do profeta
Malaquias é o exemplo perfeito disso. Quando falamos nele,
pensamos logo em “dízimo”. É como se “Malaquias” e
“dízimo” fossem termos amalgamados. No entanto, veremos que o
assunto predominante do profeta Malaquias não é o dízimo (este apenas é tratado
num contexto de corrupção sacerdotal e da nação), mas contrariamente, é o
relacionamento familiar e civil entre o povo judeu que constituem o seu tema
principal.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Explicar o
contexto social, a estrutura e a mensagem do livro de Malaquias.
·
Reconhecer
quais são as implicações de um péssimo relacionamento familiar.
·
Conscientizar-se
que é a vontade de Deus vivermos um bom relacionamento na família e na
sociedade.
ESBOÇO
DO LIVRO DO PROFETA MALAQUIAS
Introdução (1.1)
Parte I: A Mensagem do Senhor (1.2 –
3.18)
Primeiro
oráculo: o amor de Deus por Israel.........................(1.2-5)
Segundo oráculo:
pecados dos sacerdotes........................(1.6 – 2.9)
Terceiro
oráculo: pecados da comunidade..........................(2.10-16)
Quarto
oráculo: a justiça divina.......................................(2.17 – 3.5)
Quinto
oráculo: ofensas rituais...............................................(3.6-12)
Sexto
oráculo: os servos de Deus...........................................(3.13-18)
Parte II: O Dia do Senhor (4.1-6).
Para o
arrogante e malfeitor..........................................................(v.1)
Um dia de
triunfo para os justos................................................(v.2,3)
Restauração
dos relacionamentos entre pais e filhos e entre o
Povo de
Deus...............................................................................(v.4-6)
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
FAMÍLIA:
Pessoas aparentadas, que vivem, em
geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.
No presente estudo, veremos que a mensagem de
Malaquias enforca a sacralidade do relacionamento com o Altíssimo e com a
família. Durante o exílio na Babilônia, a idolatria de Judá
fora definitivamente erradicada. A questão agora era outra: o relacionamento do povo
com Deus e com a família. E tais relacionamentos precisavam ser encarados com
mais piedade e temor.
1. O LIVRO DE
MALAQUIAS
1. Contexto histórico. O livro não menciona diretamente o reinado em que Malaquias
exerceu seu ministério. Também não informa o nome de seu pai, nem o seu
local de nascimento. Isso é observável também nos livros de Obadias e
Habacuque. Não obstante, há evidências internas que permitem
identificar o contexto político, religioso e social do livro em apreço.
a)
O
governador de Judá. Jerusalém era governada por um pehah, palavra de
origem acádica traduzida por “príncipe” na ARC (Almeida Revista e Corrigida),
ou “governador”, na ARA e TB (1.8). O termo indica um governador persa e é aplicado a
Neemias (Ne 5.14). O seu equivalente na língua persa é tirshata
(“tirsata, governador”, cf. Ed 2.63; Ne 7.65; 8.9; 10.1). A profecia mostra que o templo de Jerusalém já
havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, retomada (1.7-10).
b)
Indiferença
religiosa. As principais denúncias de Malaquias são: - Contra a lassidão e o afrouxamento moral dos
levitas (1.6). - O divórcio e o casamento com mulheres
estrangeiras (2.10-16). - E o descuido com o dízimo (3.7-12). Tudo isso aponta para o período, em que Neemias
ausentou-se de Jerusalém (Ne 13.4-13, 23-28). O primeiro período de seu governo deu-se entre os
anos 20 e 32 do rei Artaxerxes (Ne 5.14) e equivale a 445-433 a.C.
2. Vida pessoal de Malaquias. A
expressão “pelo ministério de Malaquias (1.1) é tudo o que sabemos sobre sua
vida pessoal. A
forma hebraica do seu nome Mal´achí,
que significa “meu mensageiro”. A
Septuaginta traduz por Ângelo sou (“seu mensageiro”, “seu anjo”). O
termo é ambíguo, pois pode referir-se a um nome próprio ou a um título (3.1). No
entanto, entendemos que Malaquias é o nome do profeta, uma vez que nenhum livro
dos doze profetas menores é anônimo. Por que com Malaquias seria diferente?
3. Estrutura e mensagem. A profecia começa com a palavra hebraica massa – “peso, sentença pesada,
oráculo, pronunciamento, profecia” (1.1; Hc 1.1; Zc 9.1, 12.1). O discurso é um sermão contínuo com perguntas
retóricas que formam uma só unidade literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica, pois
seis versículos do capítulo quatro foram deslocados para o final do capítulo
três. O assunto do livro é a denúncia contra a formalidade
religiosa; prática generalizada com os fariseus e escribas na época do
ministério terreno do Senhor Jesus (Mt 23.2-7).
SINOPSE DO TÓPICO
(I)
O
tema do livro de Malaquias é a denúncia contra a formalidade religiosa, a
prática da corrupção generalizada entre os fariseus e escribas e o
despertamento da nação de Juda´.
II. O JUGO DESIGUAL
1. A paternidade de Deus
(2.10). A ideia de que Deus é o Pai de todos os seres
humanos é biblicamente válida.
O
Antigo Testamento expressa que essa paternidade refere-se a Israel (Êx 4.22-23;
Jr 31.9; Os 11.1). A
criação divina da base para isso, embora não garanta uma relação pessoal com
Ele (At 17.28-29). O
Senhor Jesus, porém, fez-nos filhos de Deus por adoção. Por
isso, temos liberdade e direito de chamar ao Senhor de Pai (Mt 6.9; Jo 1.12; Gl
4.6).
2. Deslealdade. O
termo “desleal” aparece cinco vezes nessa seção (2.10,11,14-16). Trata-se
do verbo hebraico bagad, que
significa “agir traiçoeiramente, agir com infidelidade”. Não
profanar o concerto dos pais – estabelecido no Sinai (2.10) que proíbe a união
matrimonial com cônjuges estrangeiros
(Dt 7.1-4) – é uma instrução ratificada em o Novo Testamento
(2 Co 6.14-16,18). O
profeta retoma essa questão em seguida.
3. O casamento misto (2.11). É
a união matrimonial de um homem ou de uma mulher com alguém descrente. O
profeta chama isso de abominação e profanação. Os
envolvidos são ameaçados de extermínio juntamente com toda a sua família
(2.12).
a) Abominação. O
termo hebraico para “abominação” é toevah
e diz respeito a alguma coisa ou prática repulsiva, detestável e ofensiva. A
Bíblia aplica-o à idolatria, ao sacrifício de crianças, às práticas
homossexuais, etc (Dt 7.25; 12.31; Lv 18.22; 20.13). Trata-se
de um termo muito forte, mas o profeta coloca todos esses pecados no mesmo
patamar (2.11).
b) Profanação. Profano
é aquele que trata o sagrado como se fosse comum (Lv 10.10; Hb 12.16). A
“santidade do SENHOR”, que Judá
profanou (2.11), diz respeito ao Segundo Templo, pois sem seguida o oráculo
explica “a qual Ele ama”. A
violação do altar já fora denunciada antes (1.7-10). Mas
aqui, Malaquias considera o casamento misto como transgressão da Lei de Moisés:
“Judá (...) se casou com a filha de deus
estranho” (2.11b). A
expressão indica mulher pagã e idólatra. E
mais adiante inclui também o divórcio (2.13-16).
SINOPSE DO TÓPICO
(II)
O
jugo desigual ou casamento misto, é a união matrimonial de um homem ou uma
mulher com alguém descrente. O profeta chama isso de abominação ou profanação.
III. DEUS ODEIA O
DIVÓRCIO
1. O relacionamento conjugal (2.11-13). Malalquias
é o único livro da Bíblia que descreve o efeito devastador do divórcio na família, na igreja e na
sociedade. As
lágrimas, os choros e os gemidos descritos aqui são das esposas judias
repudiadas. Elas
eram santas e piedosas, mas foram injustiçadas ao serem substituídas por
mulheres idólatras e profanas. As
israelitas não tinham a quem recorrer. Nada
podiam fazer senão derramar a alma diante de Deus. Por
essa razão, o ETERNO não mais aceitou as ofertas de Judá (2.13). Isso
vale para os nossos dias, Deus não houve a oração daqueles que tratam
injustamente o seu cônjuge (1 Pe 3.7). O
marido deve amar a sua esposa como Cristo ama a Igreja (Ef 5.25-29).
2. O compromisso do casamento. Os
votos solenes de fidelidade mútua entre os noivos numa cerimônia de casamento
não são um acordo transitório com data de validade, mas “um contrato jurídico de união espiritual” (Meyer Pearlman). O
próprio Deus coloca-se como testemunha desse contrato. Por
isso, a ruptura de um casamento é deslealdade e traição (2.14). A
reação divina contra tal perfídia é contundente.
3. A vontade de Deus. A constituição gramatical
hebraica do versículo 15 é difícil. Mas muitos entendem o seu
significado como defesa da monogamia. Deus criou apenas uma só mulher para Adão, tendo em vista
a formação de uma descendência piedosa (2.15). A poligamia e o divórcio
são obstáculos aos propósitos divinos. É uma desgraça para a
família! Por isso, o Altíssimo
aborrece e odeia o divórcio (2.16). Ele ordena que “ninguém seja desleal para com a mulher de
sua mocidade” (2.15).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A poligamia e o divórcio são obstáculos aos
propósitos divinos.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A
sacralidade do relacionamento familiar deve ser levada em consideração por
todos os cristãos. Todos
devem levar isso a sério, pois o casamento é de origem divina e indissolúvel,
devendo, portanto, ser honrado e venerado. “Deus
não ouve a oração daqueles que tratam injustamente o seu cônjuge” (1 Pd 3.7).
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
HARRISON,
R. K. Tempos do
Antigo Testamento: Um Contexto Social,
Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
MERRIL,
E. H. História
de Israel no Antigo Testamento: O reino de
sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6 ed., RJ: CPAD,
2007. SOARES,
Esequias. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1ª Ed. Rio de Janeiro. CPAD, 2010. ZUCK,
Roy B (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro. CPAD.
2009.