Chamada para o ensino e o desafio da globalização.
Atualmente, os que almejam cumprir o chamamento do Senhor para o ensino eclesiástico, hão de encarar desafios bem diferentes daqueles enfrentados por mestres do passado. Um mundo, que apesar de ultra-moderno, informatizado e globalizado, encontra-se cada vez mais distante, alienado de Deus.
O educador cristão precisa conscientizar-se de que estamos vivendo em uma época de revolução de conceitos, idéias, princípios, juízos e valores; de mudanças tão profundas e de proporções tão amplas que nem sequer podemos mensurá-las.
Dentre tantas situações novas que marcam esta época e acentuam nossos desafios, pelo menos três merecem destaque: o acelerado avanço tecnológico; a conspiração silenciosa da violência e o avassalador liberalismo teológico que campeia muitos de nossos educandários e até igrejas.
O avanço tecnológico
Nesse mundo pós-moderno, as notícias circulam em tempo real, os celulares estão por toda parte; computadores e Internet já são coisas triviais. Não há como imaginar a humanidade sem controle remoto, secretárias eletrônicas, DVDs, televisão a cabo ou via satélite.
Estamos numa época de generalizada confusão entre digital e analógico, experiências genéticas sem controle e acelerado desenvolvimento científico. As pessoas olham para o passado com perplexidade e para o futuro com desconfiança. Como fazer com que parem para refletir em meio a tudo isso? Como conduzi-las a uma introspecção? Como fazer com que tenham interesse por Deus e sua promessa de vida eterna? Como pregar a Palavra de Deus para essas pessoas? Indubitavelmente, é um grande desafio!
A violência na era pós-moderna
A violência é outro grande inimigo a ser vencido na era pós-moderna. Desde tempos remotos, o ser humano utiliza-se de diversos meios e instrumentos a fim de exercer sua força bruta e satisfazer sua sede de poder e ganância, dominando seus semelhantes e usurpando suas riquezas materiais, espirituais e morais.
Nestes últimos tempos, este problema social tem se propagado de forma engenhosa e sutil, ocasionando medo, crueldade e indiferença. Antigamente, o homem se limitava a disputar terras, agora, sua ganância e cobiça têm destruído a natureza, seus semelhantes, sua família e a si próprio. Se, antes, utilizava-se de métodos refinados e tênues para isso, hoje emprega os mais grotescos e animalescos.
É urgente a necessidade de reconstruirmos novos alicerces, princípios e objetivos, tanto para a família quanto para a sociedade, fundamentados na Palavra de Deus. Somente o Evangelho pode transformar o homem, tornando-o uma nova criatura em Cristo Jesus por intermédio do Espírito Santo.
Além disso, neste período conturbado de globalização e liberdade de pensamento, a igreja ainda enfrenta outro grande desafio: o liberalismo teológico, que procura conciliar a fé em Deus com os postulados do Racionalismo.
Liberalismo teológico
Muitos teólogos liberais, a despeito de afirmarem a existência de Deus, negam sua intervenção na história humana, quer através de revelação, providência ou milagres. Muitos pastores, educadores e estudiosos que antes criam na Bíblia como a Palavra de Deus, hoje, influenciados pela filosofia racionalista, humanista, adotam a razão como exclusivo sistema de interpretação da Bíblia, ou seja, o único instrumento para se compreender as Escrituras Sagradas.
É imprescindível que os mestres da educação cristã relevante estejam atentos, quais atalaias, aos sinais dos tempos e ao clamor da humanidade, a fim de que nossa mensagem seja pertinente às carências e expectativas do mundo contemporâneo.
Precisamos ter a capacidade de mergulhar nas questões que assolam os povos, com o intuito de as confrontarmos à luz dos princípios bíblicos e, à semelhança das garças, não nos contaminarmos.
A globalização tem rompido imensas fronteiras, todavia, a verdade é que, junto com estas, têm caído os principais valores éticos, morais e espirituais estabelecidos por Deus para reger a vida do homem na face da terra.
Certamente, quanto mais o homem se fechar no seu indiferentismo e individualismo, mais carente será do conhecimento de Deus e da Salvação pela graça em Jesus Cristo.
Os fatos aqui apresentados têm condenado homens e mulheres a viverem em uma sociedade cada vez mais individualista, quase inacessível. Por conseguinte, ainda mais necessitada do amor de Deus que sempre será a resposta para os mais profundos dilemas humanos.
Diante desta realidade, sobretudo a que é imposta aos menos favorecidos, que sofrem sem uma verdadeira opção ou orientação para suas vidas, permanecem no ar algumas questões: Como a Igreja pode influenciar esta sociedade emergente? Que tipo de ensino e educação cristã deverá ser implementados nestes tempos pós-modernos? Quais são os instrumentos, as ferramentas mais eficazes? Como manipulá-las? O que cada educador nos mais diversos setores da igreja pode fazer?
São demandas que nos desafiam a sermos cuidadosos com a nossa vocação ministerial, a fim de que resgatemos do mundo os homens da era digital.
A salvação pela graça de Deus, que é a solução para a humanidade, terá de se manifestar mediante a dedicação de homens e mulheres valorosos com o propósito de combater as forças escravizadoras do Inimigo, estabelecidas para suscitarem crises e instabilidade na família, nas comunidades e até nas igrejas.
O valor de um homem ou de uma mulher de Deus não é mensurado apenas pela sua formação acadêmica ou capacidade intelectual, mas, principalmente, por sua espiritualidade e aplicação dos princípios de Deus em sua própria vida. Nós vivemos dias de profundas transformações e as necessidades humanas tornam-se ainda mais prementes diante dos falsos ensinos, do materialismo, do consumismo desenfreado, da exploração pelos poderosos, da falsa segurança representada por uma vida de pura aparência e, sobretudo, por uma religiosidade formal.
A igreja de hoje é desafiada a perseverar diante da falta de compromisso com a fé e do esfriamento do amor, sinais do fim dos tempos. Faz-se necessário um empenho ainda maior, uma dedicação ainda mais sacrificial dos “obreiros dos bastidores”. É preciso ser destemido a fim de cumprir a chamada para o magistério perante tamanhos desafios.
Como homens e mulheres de Deus nascidos nesta geração, encontramo-nos diante da responsabilidade de levar a Igreja de Cristo a defrontar-se com estas novas questões humanas e sociais.
Cabe-nos, como conhecedores da Palavra de Deus, o papel de velarmos, para que as conquistas da Igreja não se restrinjam a uma simples organização religiosa, mas como organismo vivo produza transformações profundas e intensas em nossa sociedade.
As experiências do passado, por mais válidas e consistentes que sejam por si só, não serão suficientes perante este tão grande desafio.
Para que nossa vocação ministerial seja cumprida, é necessário que tenhamos compromisso com a Verdade, percepção espiritual da obra de Deus, e sejamos obreiros de visão neste cenário de mutações constantes, sob pena de termos um ministério evasivo.
Cada um de nós recebeu uma chamada específica de Deus. Um ministério especial. Não importa o que realizaremos ou onde atuaremos desde que nos mantenhamos firmes nos princípios de fidelidade a Deus e em nossa vocação ministerial. Como bem expressou o apóstolo Paulo em Colosensses 4:17: "Cuida do ministério que recebestes do Senhor, para o cumprires".
Como servos de Deus, temos de obedecer ao chamado divino com entusiasmo, fé e amor à obra. Devemos aplicar-nos diligentemente para que a salvação e a Justiça de Deus se estabeleçam tanto nos palácios dos mais abastados quanto nas choupanas dos desafortunados.
Como Igreja, precisamos escancarar as portas do Reino dos Céus a esta geração, levando aos lares, às ruas e praças a verdadeira mensagem da redenção. Direcionemos, pois, nossos ministérios para a transformação de vidas e não apenas para mudanças ocasionais!
Afinal, como vaticinou o apóstolo Paulo em Romanos 1.16: "Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê".
Marcos Tuler é pastor, pedagogo, escritor, conferencista e Reitor da FAECAD (Faculdade de Ciência e Tecnologia da CGADB)
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