Lição 12 - Jesus, o Homem Perfeito
1º Trimestre de 2020
ESBOÇO GERAL
I – JESUS, VERDADEIRO DEUS
II – JESUS, VERDADEIRO HOMEM
III – JESUS, O HOMEM PERFEITO
I – JESUS, VERDADEIRO DEUS
II – JESUS, VERDADEIRO HOMEM
III – JESUS, O HOMEM PERFEITO
JESUS, VERDADEIRO DEUS
Claudionor de Andrade
Professamos que o Senhor Jesus era, e é perfeitamente humano e perfeitamente divino. Ele não era meio homem, nem meio deus; era e é totalmente Homem e totalmente Deus. Neste tópico, enfocaremos a sua divindade.
Sua eternidade com o Pai
Como Filho do Homem, Jesus foi gerado, pelo Pai, na plenitude do tempo, através do Espírito Santo, no ventre virginal de Maria (Sl 2.7; Lc 2.1-12; Gl 4.4,5). Todavia, como Filho de Deus, Ele é eterno, sem início nem fim (Cl 1.15-17). Aliás, o Senhor Jesus não é somente eterno; Ele é o Pai da Eternidade (Is 9.6). Jesus Cristo, como Filho de Deus, é eternamente gerado, porquanto é tão eterno quanto o Pai.
Antes de sua encarnação, Ele estava no Pai e, no Pai, criou todas as coisas (Jo 1.3). Suas atividades eternas são lindamente descritas no capítulo oito de Provérbios.
Os poetas gregos não tinham uma clara noção de eternidade. Apesar de serem celebrados, também, como teólogos, descreveram seus deuses como entes temporais; sujeitos aos caprichos do tempo. Haja vista a fantasia que cerca a origem de Zeus, o pai de todas as divindades do Olimpo. Segundo a mitologia, era ele filho de Reia e de Cronos. Temendo este que um de seus filhos viesse a destroná-lo, pôs-se a devorá-los tão logo nascessem. Para que isso não ocorresse com Zeus, o sexto filho, a prudente Reia, escondendo-o astutamente, livrou-o da voragem de Cronos.
A gênese de Cronos, o pai de Zeus, também é confusa. O titã que, implacavelmente, comandava o tempo, era temido por todos os gregos, porque ninguém escapava de suas voragens. Ele envelhecia os jovens e lançava o presente num arquivo morto. No entanto, nem o próprio Cronos, o deus do tempo, era eterno, pois ele mesmo tivera um pai — Urano. Pelo menos é o que ensinava o poeta Hesíodo (750-650 a.C.).
Ora, se Urano é mais poderoso do que Cronos e Zeus, respectivamente seu filho e neto, tinha ele o atributo da eternidade? Apesar de personificar o Céu, era tão temporal quanto as outras divindades. E, segundo essa confusa e grosseira mitologia, ele nascera igualmente de uma divindade anterior — Gaia, a deusa Terra, que, por sua vez, havia provindo do inexplicável Caos, o deus que surgira antes de todos. Nessa cadeia infindável de deuses, quem dentre eles detinha a perenidade? A resposta a essa pergunta, que nem chega a ser complexa e intrigante, é simples: como os deuses gregos (e também os romanos) eram uma extensão do ser humano caído e mortal, eram eles também caídos, apesar de sua pretensa imortalidade.
Mais tarde, os filósofos puseram-se, timidamente, a questionar a existência e a moral dos deuses. Mesmo assim, Sócrates (469-399 a.C), “o mais sábio dos gregos”, nunca deixou de tributar suas honras a Apolo, de quem, segundo ele, recebera a missão de educar a Grécia. Na verdade, nenhum daqueles pensadores logrou escapar às cadeias da idolatria. Quando da visita de Paulo a Atenas, tanto o povo quanto seus filósofos persistiam em honrar a criatura e a desonrar o Criador, embora prestassem tributos ao Deus Desconhecido (At 17.16-31).
Como se vê, querido leitor, os poetas gregos, conquanto ainda honrados como teólogos, não tinham uma noção clara de eternidade. Não obstante, acreditavam eles em várias matérias-primas eternas, por intermédio das quais vieram a existir tudo quanto vemos. Tendo em vista tais incongruências da civilização pagã, agarro-me cada vez mais à Bíblia Sagrada — a inspirada, inerrante e completa Palavra de Deus.
Se a Bíblia é tão lógica e racional, por que alguns teólogos ainda teimam em jungir o criacionismo divino ao evolucionismo profano e mentiroso de Charles Darwin? Enquanto os incrédulos embaralham-se nessa pergunta, voltemo-nos ao Senhor Jesus Cristo.
Nosso Senhor jamais esteve sujeito ao tempo — o terrível chrónos dos gregos. Isaías descreve-o como superior à própria eternidade (Is 9.6). Ao lado do Pai Celeste, já participava ativamente das obras divinas mais remotas: a eternidade, o tempo, os Céus e, finalmente, a Terra. Ele é o Filho Eterno do Pai Eterno. Não teve início de dias nem experimentará qualquer fim, conforme profetizou Miqueias: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2, ARA).
As divindades gregas, segundo já observamos, possuíam uma árvore genealógica cheia de nódulos, galhos tortos e desfolhada: Gaia gerou Urano que gerou Cronos e que, finalmente, gerou Zeus — o ser mais imoral da Grécia. Quanto ao Senhor Jesus, embora, como Filho do Homem, tenha uma genealogia, na condição de Filho de Deus, não possui nenhum registro genealógico, porquanto é eterno, conforme declara o apóstolo na Epístola aos Hebreus, ao descrever o Senhor Jesus Cristo, tendo por modelo o venerando Melquisedeque, sacerdote e rei de Salém:
Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote perpetuamente. (Hb 7.1-3, ARA)
Seus atributos, grandezas e perfeições
Jesus Cristo é a fonte da vida (Jo 1.4). Logo, Ele tem vida em si mesmo (Jo 5.16; Hb 7.16). Sendo Deus de Deus, é imutável (Hb 13.8). Ele é onipresente (Mt 28,20; Ef 1.22,23). Onisciente, sabe todas as coisas (Mt 9.4,5; Jo 2.24,25; At 1.24.25; Cl 2.3). Sua onipotência não pode ser ignorada, porque todo o poder, nos Céus e na Terra, acha-se em suas mãos (Mt 28.18; Ap 1.8).
Caso não houvesse o Novo Testamento, seria possível descobrir o Senhor Jesus no Antigo? Ora, se este está revelado naquele, sem dúvida haveríamos de encontrar, iluminados pelo Espírito Santo, o Messias de Israel e Salvador do mundo, desde o Gênesis a Malaquias. Isso porque, todos os autores sagrados, do Velho Pacto, foram não apenas inspirados a escrever sobre Jesus, mas igualmente iluminados a reconhecerem-no mesmo sem tê-lo visto (1 Pe 1.11).
Todavia, por que os judeus, atualmente, mesmo os mais eruditos e versados no Antigo Testamento, não logram encontrar o Senhor Jesus Cristo na Lei, nos Profetas e nos Escritos? A resposta vem-nos de Paulo que, ao discorrer sobre a necrose espiritual de Israel, lamenta a incredulidade de seu povo:
Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia. Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (2 Co 3.12-18)
É claro que, individualmente, não são poucos os israelitas que, ao lerem com atenção e temor o Antigo Testamento, vêm a encontrar, quer na Lei, quer nos Profetas, ou nos Escritos, o Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo: Jesus de Nazaré. Observemos que, tanto o próprio Cristo quanto os seus discípulos, utilizaram as Escrituras da Velha Aliança, a fim de provar, por intermédio destas, que Jesus é, de fato, o Filho de Deus (Lc 24.25,26; At 8.35).
Quando de minha visita ao Muro das Lamentações, deparei-me com dezenas de judeus, vindos de todo o mundo, lendo, ali, aos pés daquele venerando monumento, as Escrituras do Antigo Testamento. Muitos liam-na mecanicamente; outros, recordando as tragédias antigas e recentes de Israel, derramavam lágrimas contidas e reverentes. Todavia, senti, em meio aqueles homens ilustres e piedosos, um incômodo vazio espiritual. Vi-me, de repente, em pleno vale de ossos secos, a esperar pelo sopro do Espírito Santo sobre a descendência de Abraão. Aliás, isso há de acontecer, pois assim profetizou Ezequiel:
Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo exterminados. Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. Sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela, ó povo meu. Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o Senhor, disse isto e o fiz, diz o Senhor. (Ez 37.11-14, ARA)
Essa profecia, querido e atento leitor, cumpre-se perante nossos olhos. Israel já renasceu como nação soberana. Em breve, há de renascer, também, como povo sacerdotal, profético e real. Voltemo-nos, pois, à nossa pergunta inicial: “É possível descobrir o Senhor Jesus no Antigo Testamento?”. Sim, Ele está, ali, com todas as suas perfeições, grandezas e atributos divinos.
Esvaziou-se de sua glória, mas não de sua divindade
Quando de sua encarnação, no ventre da virgem Maria, o Filho de Deus não se esvaziou de sua divindade, mas de sua glória (Fp 2.5-11). Conforme podemos atestar pelos versículos já mencionados, o Senhor Jesus, em seu ministério terreno, fazia uso de seus atributos divinos sempre que necessário.
Em sua oração sacerdotal, Ele reivindica, junto ao Pai, não a sua divindade, mas a glória que, desde a mais remota eternidade, desfrutara no perfeitíssimo e infinito círculo da Santíssima Trindade. Seus discípulos sabiam que Ele era e é Deus (Mt 14.33; Jo 1.49; 20.28).
Texto extraído da obra “A Raça Humana: Origem, Queda e Redenção”, editada pela CPAD.
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