quarta-feira, 14 de março de 2018

Lição 10 - 1º Trimestre 2018 - O Cristo Crucificado: Está Consumado - Jovens.

Bíblicas - Jovens


Lição 10 - O Cristo Crucificado: Está Consumado

1º Trimestre de 2018
INTRODUÇÃO
I- A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS
II-A MORTE DE JESUS 
CONCLUSÃO
Professor(a), os objetivos da lição deste domingo são:
Explicar como se deu a crucificação de Jesus;
Conscientizar de que Cristo morreu por nós;
Mostrar o que ocorreu no sepultamento de Jesus.
Palavras-chave: Crucificação.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:
I-A Crucificação de Jesus (Mt 27.32-44)
Ao longo de sua viagem para Jerusalém, Jesus por três vezes anunciou a sua crucificação e morte, e o momento chega como havia predito.
a) A vida e sofrimento de Jesus era cumprimento das escrituras O relato da vida e obra de Jesus segue um plano divino previamente estabelecido. “As palavras dos profetas e dos salmos perpassam a narrativa em grande número, não apenas em citações expressas, mas também em traços isolados e alusões” (BORNKAMM, 2005, pp. 51, 52).
Somente para destacar, da chegada em Jerusalém até momentos antes de sua crucificação, o quadro abaixo demonstra a relação dos acontecimentos e como estão relacionados, na grande maioria, com os profetas e os salmos.  
O próprio costume dos romanos contribuiu para o cumprimento das Escrituras. Por exemplo, era costume romano “preparar” o condenado para a cruz torturando-o antes da crucificação para apressar a morte do condenado. O condenado deveria carregar a “burca”, a parte mais pesada da cruz.
A partir da crucificação as relações com as Escrituras se intensificam, pois a paixão e ressurreição de Cristo são fundamentos principais para o cristianismo. Por isso, a necessidade de comprovar que tudo o que aconteceu com Jesus não foram fatos ocorridos por acaso, mas que fazia parte do plano divino de salvação para a humanidade.
B) O flagelo e escárnios no caminho do Gólgota
O caminho para a cruz é um caminho de zombaria generalizada. O deboche sobre a sua realeza começa já pelos principais líderes religiosos (Mt 26.57-68), continua com os oficiais romanos após condenação de morte por Pilatos (Mt 27.27-31). Jesus foi retirado da residência do governador e conduzido pelo caminho do Gólgota de forma humilhante, costume romano para intimidar as pessoas para evitar levantes contra o império.
 A caminhada até o Gólgota1 é acompanhada de atos de violência e opressão. Jesus tem que carregar a cruz ou parte dela (trave mestra ou burca), sob ameaças e efetivas chibatadas executadas pelos soldados romanos, além do deboche de pessoas maldosas que estavam pelo caminho. Aliado a isso, ainda tinha o peso da cruz e as dores dos flagelos anteriores com suas consequências em seu corpo.
Durante a caminhada uma possibilidade de alívio. Mateus registra que um homem de Cirene é compelido pelos soldados carregar a cruz de Jesus. Cirene era uma colônia romana e entre sua população havia muitos judeus e prosélitos do judaísmo na Líbia, norte da África. Devido à grande quantidade de negros nessa reunião, acredita-se que Simão também o fosse. Não se comenta o motivo, mas provavelmente Jesus estava fraco diante de tanta flagelação. Carter (2002, p. 655) faz um comentário interessante: “Na ausência de Simão Pedro (e dos outros discípulos), o Simão africano de Cirene carrega a cruz de Jesus”. De fato, o africano tinha o mesmo nome do discípulo de Jesus que declarou que iria com Jesus até a morte (Mt 26.33-35). Todavia, assim como os demais discípulos também fugiu quando Jesus foi preso (Mt 26.56) e como predito por Jesus, o negou por três vezes (Mt 26.69-75).
Quando chegam ao lugar da crucificação é oferecido vinho misturado com fel, mais uma vez uma referência aos salmos para demonstrar o cumprimento das Escrituras. Trata-se do Salmo 69.21, salmo de lamentação em que um justo perseguido acusa seus inimigos e clama a Deus por libertação. Jesus recusa a oferta, mas Mateus registra que antes Ele prova. Bock (2006, p. 357) faz um link com Provérbios 31.6 e traz outra interessante interpretação sobre o texto: “Fel pode ser uma forma de aludir a Salmos 69.21, mas o processo é descrito em Provérbios 31.6. Nesse contexto, considerado como um ato de misericórdia e compaixão, ele é recusado. Jesus suportará a plenitude de seu sofrimento”. Bornkamm (2005, p. 270) afirma que “[...] era costume oferecer aos condenados, antes da crucificação, um trago de vinho bem condimentado, para anestesiar seus sentimentos e, assim, diminuir seus tormentos”. Essas informações corroboram com a sugestão de Bock. Na realidade, o que conta mesmo é a relação desse episódio com o Antigo Testamento.
c) A crucificação sob a acusação de ser “O REI DOS JUDEUS”
Mateus não dá detalhes sobre a crucificação de Jesus, no versículo 35 ele é direto “E, havendo-o crucificado [...]”. Robertson traz algumas informações adicionais sobre a forma de crucificação de Jesus:
             Havia vários tipos de cruz, não sabemos precisamente a formada cruz na qual Jesus foi crucificado, embora a tradição seja universal para a forma que se tornou símbolo cristão. Em geral, as mãos eram pregadas à trave-                   mestra antes de ser elevada e depois os pés. Não era muito alto. A crucificação era feita pelos soldados encarregados. (ROBERTSON, 2016, p. 318).
O crucificado ficava dependurado até que, lentamente as dores e a exaustão física trouxessem o seu fim. Isso era facilitado porque nenhum órgão vital era atingido. Além disso, o corpo inerte, os pés e mãos feridas provocavam uma agonia excruciante ao crucificado. Se a perda de sangue e as consequências da flagelação não fossem a causa primeira, a crucificação levaria a morte por asfixia. A vítima ficava fraca demais e não conseguia levantar seu corpo para respirar. Isso era uma prática angustiante e muito cruel.O crucificado ficava dependurado até que, lentamente as dores e a exaustão física trouxessem o seu fim. Isso era facilitado porque nenhum órgão vital era atingido. Além disso, o corpo inerte, os pés e mãos feridas provocavam uma agonia excruciante ao crucificado. Se a perda de sangue e as consequências da flagelação não fossem a causa primeira, a crucificação levaria a morte por asfixia. A vítima ficava fraca demais e não conseguia levantar seu corpo para respirar. Isso era uma prática angustiante e muito cruel.
Os salmos são lembrados novamente. O texto diz que os soldados repartiram suas vestes entre eles lançando a sorte, uma referência ao Salmo 22.18. Bock (2006, p. 358) afirma que: “A imagem do salmo é parte do escárnio de um sofredor justo. Jesus morre de forma vergonhosa, sem roupas, enquanto os que estavam ao redor dEle se divertiam com suas últimas posses”. No entanto, o sorteio das peças de vestuários dos condenados entre os soldados era um costume romano (BORNKAMM,2005, p. 271).
Não obstante os descasos anteriores, em cima de sua cabeça, na cruz, puseram a acusação contra Ele: “ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS”. Robertson (2016, p. 319) informa que a tabuleta com a acusação era levada “à frente da vítima ou pendurado ao pescoço enquanto a pessoa caminhava para a execução”. Mais uma vez, Jesus é escarnecido e desprezado. Isso sem mencionar os escárnios das pessoas que passam enquanto ele esta pendurado. Algumas pessoas, inclusive um dos bandidos da cruz, lembrando as palavras do Diabo na narrativa da tentação de Jesus: “Se és filho de Deus [...]”. No entanto, Mateus registra que no dia do grande julgamento todas as pessoas de todas as nações terão que se dobrar diante dEle para serem julgados (Mt 25.31-46).  
Entre a crucificação e a morte de Jesus ocorreram sinais: “[...] desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona” (Mt 27.45).
II - Morte de Jesus (Mt 27.45-51)
a) A morte de cruz: maldita pelos judeus e punição aos inimigos para os romanos 
Mateus registra que o próprio Jesus havia predito sua morte de cruz (Mt 16.21; 17.22, 23; 20.18,19, 26.2). A morte de cruz era desprezada tanto por judeus como pelos romanos. Os judeus mais por questões religiosas e os romanos mais por questões políticas.
Para os judeus a morte de cruz era uma maldição (Dt 21.23). Na cultura judaica não se esperava um Messias que sofresse e morresse. Principalmente, “Alguém que fora condenado à morte pelo supremo tribunal judaico e injuriosamente executado não poderia ser o salvador esperado” (BARTH, 1997, p. 19). Paulo afirma, quando escreve aos Gálatas, que Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós morrendo na cruz e faz uma referência à Deuteronômio 21.23: “[...] maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Por essa afirmação, Paulo foi criticado por estudiosos do Antigo Testamento por oferecer uma interpretação apenas espirituosa porque Deuteronômio 21.23 originalmente não se trata em morte por crucificação. No entanto, Barth (1997, p. 19) alega que isso mudou com a descoberta do Rolo do Templo do Mar Morto: “Em 11QT Temple 64.7-13, a maldição de Deuteronômio 21.23 é vinculada claramente também com a pena capital da crucificação”. A interpretação da morte de cruz que era complicada para um judeu foi absolvida e entendida com o surgimento do cristianismo e o testemunho dos primeiros apóstolos.
Os romanos reservavam a morte de cruz para seus inimigos políticos. Pessoas que eram consideradas um perigo para a manutenção do imperialismo romano, ou seja, pessoas consideradas por eles como rebeldes e subversivos que se recusavam a obedecer cegamente às ordens impostas pelos poderosos romanos. Essa morte era considerada tão terrível que, pela lei romana, um cidadão romano não poderia ser executado dessa forma. 
Quando Jesus foi encaminhado para a morte de cruz ao seu lado estavam dois ladrões, como geralmente são apresentados. Segundo Storniolo (1991, p. 199) eram simples ladrões, para os romanos considerados bandidos e “subversivos que almejavam o poder para derrubar o poder romano”. Na concepção romana, Jesus é colocado em mesma condição de condenação. Todavia, para os primeiros cristãos Ele será reconhecido como o Rei-Messias que havia de vir, o Filho de Deus que venceu a morte e trouxe vida eterna a todas as pessoas que se abrem para o amor de Deus. Esse amor que “é dinamismo que traz vida, mas depende de ser aceito ou não” (STORNIOLO, 1991, p. 199).
b) A morte como sacrifício perfeito à justificação da humanidade
Às três horas de escuridão (12h – 15h) lembram os três dias de trevas, uma das 10 pragas do Egito (Êx 10.21-23). Segundo Storniolo (1991, p. 200), essa relação simboliza o anúncio da “libertação para toda a humanidade e, ao mesmo tempo, a queda de todos os opressores que a escravizam”. Enquanto Carter (2002, p. 658) relaciona às três horas de escuridão com a tribulação que precede a vinda de Jesus gloriosa para reinar como Filho do Homem (Mt 24.27-31).
O primeiro clamor de Jesus é de grande desespero. Em meio à escuridão universal Ele grita em alta voz “Eli, Eli, lema sabactâni”. Uma referência ao Salmo 22.1, 2, o justo que enfrentando oposição obstinada de seus oponentes sem uma solução aparente se vê abandonado por Deus e clama: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. O sentimento de abandono pela separação de Deus por causa do pecado da humanidade que estava sobre ele era demais. Essa é a condição do pecador sem Deus, distante, separado da única fonte de salvação para si. Jesus se fez pecado pela humanidade e assume a pena da condenação. Por isso, que autor da Epístola aos Hebreus aconselha para chegar com confiança até Jesus, pois Ele nos entende de forma experiencial e está disposto a nos ajudar. Ele tem a experiência de gritar em alta voz por socorro divino.  
Enquanto Jesus clamava a Deus, provavelmente pelo seu estado de fraqueza o povo entendeu na sua pronuncia um pedido de socorro a Elias. Por isso, mais uma vez zombam de Jesus e dizem: “vejamos se Elias vem livrá-lo”. Uma cena de covardia, alguém no tempo final de sua vida, perto do ultimo suspiro, no desespero do sentimento de abandono, clamando em alta voz por socorro e seus algozes e opositores aproveitam para rir de sua situação. Infelizmente, um comportamento que se repete em vários meios, seres humanos se entregando à própria maldade, sem perceber que todas as pessoas estão em igual situação, criaturas de Deus, carentes de sua graça e misericórdia. O cristão não pode se alegrar ou divertir a custo da desgraça o sofrimento alheio, independente de quem seja.  
O Salmo 22.1-31 é leitura obrigatória para entender esse momento crucial da vida de Jesus. A cena realmente é um retrato falado do Salmo 22. Jesus teve um abandono progressivo: por Judas (26.14-16, 48, 49), pelos discípulos (26.56), por Pedro (26.69-75), pelas multidões (27.21, 22), por fim, o pior de todos, se sente abandonado por Deus. Então, surge o último grito: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito”. Este consiste em palavras de confiança e entrega voluntária a Deus, uma referência ao Salmo 31.5. Assim, como o salmista do Salmo 22, que a partir do verso 23 vê a resposta de Deus. A resposta viria após a morte, a justificação de Deus por meio de um sacrifício único, perfeito e eterno.
C) A eficácia da morte de Jesus
A morte de Jesus é acompanhada de sinais (Mt 27.51-56), o que demonstra que ela não foi em vão, mas tinha atingido o objetivo principal (véu da separação do Templo se rasga em dois, terremoto, as rochas se fendem e muitos mortos ressuscitam). Vamos nos ater aqui no primeiro sinal para demonstrar a grande barreira que foi quebrada com a morte de Jesus. O véu do Templo é o símbolo de inacessibilidade do ser humano comum a Deus, necessitando de intermediário para entrar no lugar santos dos santos. O acesso era permitido somente ao sumo sacerdote, uma vez ao ano. A morte de Jesus rasgou o véu da separação, dando o livre acesso do ser humano a Deus. Essa doutrina seria uma grande afronta à elite religiosa judaica.
Os judeus não conheciam outra forma de salvação a não ser pela Lei, este era o cerne da doutrina judaica. Eles acusaram Jesus de desrespeitar a Lei e a tradição judaica. Contudo, Mateus demonstra que, na realidade, por meio de sua própria vida e obra, Jesus estava cumprindo a Lei, os profetas e os salmos. Assim, o que se cumpriu em Jesus se tornou desnecessária a continuidade da prática. No caso do sacrifício vicário de Jesus, inutilizou toda forma de sacrifício para justificação, pois o sacrifício de Cristo foi perfeito e único. A obra de Cristo satisfaz a necessidade da justiça de Deus pelo pecado da humanidade, pois anulou a sentença de morte. Assim, conquistou o direito da justiça perfeita que é atribuída a todo o que crê e aceita o sacrifício vicário de Jesus. A justiça de Cristo conquistada por meio de sua morte é imputada gratuitamente ao pecador que crê. Portanto, a única base da justificação é a justiça imputada de Cristo e não inerente do ser humano. O fato de a justiça de Cristo ser a base da justificação acentua amplamente a graça de Deus. A graça tem como centro a cruz de Cristo para onde tudo se converge e os justificados são perfeitamente reconciliados2.
O apostolo Paulo, ao escrever aos romanos, não nega o privilégio especial dos judeus por serem receptores da dádiva da Lei (Rm 9.4), mas demonstra a ineficiência absoluta da Lei como meio de salvação que serve apenas como sombra para a eficácia redentora da morte e ressurreição de Cristo. Ninguém melhor do que Paulo para testemunhar esta superioridade de Cristo, pois anteriormente ele também havia atribuído o mais alto valor às obras da Lei, mas na ocasião da conversão um fardo pesado caiu de seus ombros. A justificação pela fé não limita a salvação a um determinado grupo de pessoas com tradições legais exclusivistas, mas trata com toda a humanidade, ampliando o conceito que era disseminado pela tradição rabínica. Paulo, em Romanos 4, utiliza a figura de Abraão que era utilizada pelos judeus para defender a justificação pelas obras para provar o contrário. A justificação de Abraão não serviu para um fim em si próprio, mas apontava para frente, o futuro longínquo, o cumprimento da Lei em Jesus (NEVES, 2015, pp. 55-69).
Um dos detalhes mais impactantes do relato da crucificação e morte de Jesus registrado por Mateus é a confissão do centurião e os que com ele guardavam o corpo de Jesus após presenciarem os sinais e tudo o que aconteceu: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. Eles utilizam o mesmo título que os discípulos utilizaram para identificar Jesus em Mateus 14.33ss e valoriza os acontecimentos de Mateus 27.  A morte tida como maldita pelos judeus e como controle de subversão para os romanos, torna-se símbolo da vitória de Jesus sobre a própria morte, uma morte vitoriosa que produz vida eterna.
*Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,   pp. 87-92.
Que Deus o(a) abençoe.Para ampliar seus conhecimentos a respeito do conteúdo da lição, adquira o livro do trimestre: Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. (Natalino das Neves).
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo. 

Lição 09 - 1º Trimestre 2018 - Acerca das ùltimas Coisas - Jovens.


Lição 9 - Revista Lições Bíblicas Jovens Acerca das Últimas Coisas

1º Trimestre de 2018
INTRODUÇÃO
I- O ANÚNCIO DA DESTRUIÇÃO DO TEMPLO E OS SINAIS DO FIM DOS TEMPOS
II-A RESPONSABILIDADE DO HOMEM, O JULGAMENTO DIVINO.  
CONCLUSÃO
Professor(a), os objetivos da lição deste domingo são:
Apresentar a entrada do Rei dos reis em Jerusalém;
Saber que a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi um ato messiânico previsto pelos profetas;
Explicar como Jesus foi recebido como rei messiânico em Jerusalém.
Palavras-chave: Últimas coisas.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo: Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:
I. A Destruição do Templo e do Fim dos Tempos (Mt 24)
O anúncio de destruição de um dos maiores símbolos para o povo judaico deve ter sido recebido com assombro pelos discípulos. Jesus adverte sobre o apego demasiado às estruturas humanas e a necessidade de estar atento sobre o caminhar cristão para não perder o foco principal. A lição mais importante aqui é a vigilância para a parúsia (Segunda Vinda de Cristo) e o fim dos tempos.
a) Cristo anuncia a destruição do Templo (v1-2)
O ambiente e contexto desde Mateus 21.23 eram os pátios do Templo de Jerusalém. Robertson (2016, P. 263) garante que nesse momento, para Jesus “[...] o seu ensino público terminou. Era um momento triste”. Os discípulos acompanharam Jesus nos episódios do Templo e provavelmente estavam chocados com tudo que viram. A maneira como Jesus tratou os cambistas, a cura de marginalizados dentro do Templo, os embates com os principais dos sacerdotes, entre outros. O clima deveria estar tenso e muitas dúvidas devem ter surgido na mente deles, principalmente sobre a expectativa messiânica em relação a Jesus. Nos primeiros versículos de Mateus 24, Jesus está deixando o Templo quando os discípulos se aproximam e começam mostrar a sua estrutura. Eles, provavelmente, estavam admirados com o esplendor de sua grandiosidade e beleza.
Robertson (2016, p. 263) diz que os edifícios do Templo “[...] eram bem conhecidos por Jesus e seus discípulos, sendo belos como uma montanha de neve. O monumento que Herodes, o Grande, começara só estaria concluído alguns anos antes da sua destruição (Cf. Jo 2.20). As grandes pedras eram de mármore polido”. O Evangelho de Marcos (Mc 13.1, 2) afirma que os discípulos admiravam todos os edifícios do Templo construído por Herodes, o Grande. Ainda que os edifícios fossem conhecidos de Jesus e seus discípulos como afirma Robertson, não era todo dia que eles presenciavam aquela cena. Certamente, desta vez, pararam um pouco mais para apreciar sua beleza. A maioria das pedras era enorme e sua colocação é uma obra de engenharia apreciada até os dias de hoje.
Matthew Henry comenta sobre a suntuosidade do segundo Templo:Era uma estrutura muito bonita, e majestosa, uma das maravilhas do mundo; nenhum custo foi poupado, nenhum tipo de arte foi deixado de lado, para torná-lo suntuoso. Embora ele não se comparasse ao Templo de Salomão, e fosse pequeno no inicio, ele realmente cresceu mais tarde. Ele era ricamente adornado com ofertas, as quais contínuos acréscimos eram feitos. Eles mostraram a Cristo essas coisas, e desejaram que Ele também as observasse.
Mateus não comenta o motivo que levou os discípulos a mostrarem as estruturas para Jesus. Robertson (2016, p. 263) entende que os discípulos estavam “querendo aliviar a tensão do Mestre”. Todavia, também existe a possibilidade dos discípulos estarem pensando em um possível reinado de Jesus e a influência que poderia ter no Templo.
O contexto do Templo é de um controle duplo:
a) religioso – por parte dos principais dos sacerdotes e seus auxiliares próximos;
b) imperialismo – controle do império romano. Assim, o povo é controlado e explorado pelas duas formas de liderança. O Império Romano que detém o poder imperial sobre maior parte do mundo conhecido outorga poder limitado aos líderes religiosos. Esses líderes são obrigados a manter a paz e o controle sobre o povo para evitar levantes e riscos ao controle imperial, caso contrário poderão ser punidos ou substituídos. Por isso, a preocupação constante dos principais dos sacerdotes com relação às condutas de Jesus, pois as suas posições estavam em jogo. Na realidade, a grande preocupação era em se manter no poder e na zona de segurança, junto aos líderes romanos. No entanto, Jesus anuncia que tudo isso iria ser destruído, inclusive o grande símbolo do poder compartilhado, o Templo. Os discípulos viam a árvore, enquanto Jesus observava a floresta.
Portanto, fica evidente o ambiente característico da literatura apocalíptica nestes capítulos de Mateus. Um contexto de opressão imperialista sobre o povo que não tinha como se defender e as contestações serem escritas em forma de símbolos para que somente um público específico pudesse entender. Assim, o anuncio da destruição do Templo tem um papel fundamental para entendimento do chamado discurso escatológico dos capítulos 24 e 25 de Mateus. Com efeito, comumente se faz confusão com os gêneros literários: escatologia (escatologia profética e escatologia apocalíptica), profecia e apocalipse. Estes textos em estudo abrangem os três tipos de gênero, que se conversam entre si, mas com interpretações diferenciadas, pois o foco é diferente.
Em uma simples ação dos discípulos, mostrar as estruturas do Templo, Jesus lhes anuncia todo um aparato que se desenvolveria e resultaria na destruição da instituição que era o principal símbolo do poder compartilhado entre a elite judaica e o Império Romano. O discurso de Jesus anunciava que toda aquela pompa demonstrada pelos principais dos sacerdotes iria cair por terra com destruição do Templo de Jerusalém. Matthew Henry alega que em 70 d.C., o próprio imperador Tito, responsável pela conquista de Jerusalém, tentou evitar a destruição do Templo, mas não conseguiu conter seus soldados:
[...] embora Tito, quando tomou a cidade, tivesse feito tudo o que podia para preservar o Templo, não conseguiu impedir que os soldados furiosos o destruíssem completamente; e isto foi feito a tal ponto, que Turno Rufo arou o local onde ele tinha estado; assim se cumpriu esta passagem das Escrituras (Mq 3.12): “Por causa de vos, Sião será lavrado como um campo”. (HENRY, 2008, 309)
Aqueles que desafiaram Jesus durante o relato de Mateus 21.23, em especial, e tudo o que representavam seria destruído. Todavia, antes, eles seriam os instrumentos para conduzir Jesus à sua morte de cruz, como Ele havia anunciado por três vezes (Mt 16.21; 17.22, 23; 20.18). Portanto, aqueles que defendem a datação do Evangelho de Mateus para depois de 70 d.C., desconsideram o elemento preditivo no discurso de Jesus, sendo uma adição do último redator do livro.
b) A pergunta escatológica dos discípulos (Mt 24.3)
Depois disso, Jesus vai até o Monte das Oliveiras e se assenta (Mt 24.3). Da posição em que Ele estava era possível, olhando para baixo, avistar Jerusalém e o Templo onde estava até há pouco. Shelton (2006, p. 130) afirma que o Monte das Oliveiras é o “lugar muito apropriado para o ensino sobre o tempo do fim, levando-se em conta a profecia de Zacarias: ‘E, naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente, e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio (Zc 14.4)”.
As palavras de Jesus sobre a destruição do Templo deixaram os discípulos intrigados. Então, se achegam em particular com Jesus onde estava assentado e fazem a pergunta crucial: “Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”. Jesus estava falando da destruição do Templo e os discípulos perguntam a respeito da vinda do Messias e sobre o fim do mundo, será que acreditavam que tudo isso aconteceria simultaneamente? Robertson (2016, p. 264) faz uma sugestão coerente ao afirmar: “[...] é suficiente ver que Jesus usa a destruição do Templo e de Jerusalém como parte de um complexo de eventos que leva à sua Segunda Vinda e, no final das contas, ao fim do mundo ou consumação da era”.
Afinal Jesus continuou falando a respeito da destruição do Templo e Jerusalém ou sobre a sua Segunda Vinda  e o fim dos tempos? Na realidade, o discurso de Jesus atende as duas coisas. Para isso, se faz necessário utilizar de um recurso literário chamado tipologia. Jesus continua falando a respeito da destruição de 70 d.C., mas por meio da tipologia é possível interpretar esse acontecimento histórico para um tempo futuro. Uma futura releitura do fato ocorrido em 70 d.C. como figura de algo que iria acontecer em época vindoura. Bock (2006, p. 317) reforça essa ideia ao afirmar que “[...] a destruição do Templo, que agora sabemos que aconteceu em 70 d.C., também retrata o tipo de período que caracteriza o fim dos tempos”. O que já foi visto e continuará a ser visto nos próximos capítulos. Fatos que aconteceram e narrativas da Lei, dos profetas e dos Salmos (tipo) que são relidos no Novo Testamento, neste caso no Evangelho de Mateus para demonstrar o cumprimento na vida e obra de Jesus (antítipo). Se o leitor absorver esse conceito terá uma grande evolução na interpretação bíblica.
A estrutura do grego na pergunta dos discípulos utiliza um artigo definido para os dois substantivos: parúsia e o fim dos tempos. Isso demonstra que os discípulos consideravam que faziam parte de um mesmo evento. Eles entendiam que este evento seria iminente. Nas décadas seguintes os cristãos ainda faziam confusão com relação ao tempo deste evento, conforme vemos nas epístolas. Como exemplo, na Epístola aos Tessalonicenses, Paulo necessita explicar novamente devido ao grande equívoco de interpretação dos habitantes de Tessalônica. A assimilação pelos primeiros cristãos deste conceito demorou um pouco para acontecer, como afirma Barros (1999, p. 115) “[...] aconteceu que, pouco a pouco, a vida foi continuando e os irmãos e irmãs foram percebendo que a parúsia (isto é, a vinda gloriosa do Senhor) demorava a acontecer. Diante disso, alguns desanimavam e outros perceberam que deviam viver o dia a dia na esperança”.
No entanto, na época de Jesus, os discípulos tiveram dificuldade até para entender a ressurreição, por mais que Mateus afirma que ele havia comentado três vezes antes de morrer sobre ela. Quanto mais entenderiam que após a morte e a ressurreição, Jesus ascenderia para o céu e no futuro incerto, Ele retornaria para estabelecer um novo Reino. “Note que Ele usa a expressão ‘consumação dos séculos’, que é semelhante à expressão ‘fim do mundo’, em suas instruções pós-ressurreição aos discípulos, para eles evangelizarem todas as nações (Mt 28.19, 20)”. (COMENTÁRIO PENTECOSTAL, 2006, 131). Para os discípulos, tudo iria acontecer naquele momento. Por isso, a pergunta: “Dize-nos quando serão essas coisas”.
Shelton (2006, p. 131) garante que “o termo parousia significa literalmente ‘presença’, e era usado para descrever as visitas de estado oficiais de dignitários; por conseguinte tomou-se termo técnico para aludir a Vinda de Jesus. Jesus não vê a destruição do Templo como o tempo da sua parousia” (SHELTON, 2006, P. 131). De fato, Jesus demonstra que a destruição do Templo e de Jerusalém como princípio das dores, e fazendo uso da tipologia, como um tipo de eventos que aconteceria no futuro. Como afirma Tasker (2006, p. 177): “[...] a linguagem com que estes eventos são expressos e em parte literal e em parte simbólica”. Muitos comentaristas atribuem relações da destruição de Jerusalém e do Templo com os eventos da Grande Tribulação do livro de Apocalipse. Todavia, se faz necessário uma análise tipológica entre os acontecimentos ocorridos na destruição de Jerusalém e do Templo com os eventos futuros.
II. A Responsabilidade Humana e o Julgamento Divino (Mt 25)
a) A parábola das dez virgens (Mt 25.1-13)
O ambiente desta parábola é de uma festa de casamento, dentro dos costumes judeus do primeiro século. O ponto alto da celebração era o momento em que o noivo e sua comitiva seguiam para a casa noiva que também tinha a sua comitiva. Após a chegada do noivo, que era costume atrasar devido o recolhimento dos presentes, todos se dirigiam para casa do noivo para a festa que durava dias. O evento geralmente acontecia à noite e a comitiva que fornecia a luz por meio de tochas ou bastões embebidos em óleo. Uma cerimônia de casamento era tão importante para a cultura que nessa ocasião era tolerado a suspensão de preleções por rabinos ou de obrigações rituais.
Na parábola contada por Jesus, a noiva estava acompanhada de 10 virgens em sua casa aguardando o noivo. O detalhe é que cinco virgens estavam preparadas com uma reserva de óleo para suas lâmpadas, enquanto as outras cinco, chamadas de insensatas, não tinham a reserva. Com a demora do noivo, como de costume, as 10 virgens adormecem. Quando é anunciado o noivo, as cinco insensatas percebem a falta de óleo e pedem as cinco prudentes, que sabiamente negam, pois corriam o risco de todas perderem a festa. As cinco insensatas vão comprar o óleo, mas enquanto isso o noivo chega e a comitiva volt para sua casa. Quando as cinco insensatas chegam na casa do noivo a porta já estava fechada e não permitiram sua entrada. Aqui diverge do costume, pois a porta não permanecia fechada. A mudança é para passar a mensagem central da parábola: a responsabilidade pela preparação é individual.
*Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,  pp. 87-92.
1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,  pp. 87-92.Que Deus o(a) abençoe.* Para ampliar seus conhecimentos a respeito do conteúdo da lição, adquira o livro do trimestre: Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. Natalino das Neves.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo. 

Lição 08 - 1º Trimestre 2018 - A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém - Jovens.


Lição 8 - A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém

1º Trimestre de 2018
INTRODUÇÃO
I- A ENTRADA DO REI DOS REIS EM JERUSALÉM (Mt 21.1-3)
II-A ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS MONTADO EM UM JUMENTINHO, UM ATO MESSIÂNICO (Mt 21.4,5)
III- JESUS É RECEBIDO COMO REI MESSIÂNICO (Mt 21.8-11)
CONCLUSÃO
Professor(a), os objetivos da lição deste domingo são:
Apresentar a entrada do Rei dos reis em Jerusalém;
Saber que a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi um ato messiânico previsto pelos profetas;
Explicar como Jesus foi recebido como rei messiânico em Jerusalém.
Palavras-chave: Rei, Messias. 
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo: Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:
I- O Rei-Messias Montado em um Jumentinho (Mt 21.1-3)
Jesus entra em Jerusalém em um jumentinho de forma humilde para se cumprir as Escrituras. 
a) A chegada de Jesus em Jerusalém estava cercada de expectativa
Jesus já estava a caminho de Jerusalém há algum tempo. Enquanto caminhavam para Jerusalém muitas pessoas receberam a mensagem do Reino e se converteram. Jesus foi questionado pelos escribas e fariseus que o acompanhavam em busca de algo para acusar, curas foram realizadas, libertando várias pessoas de seus flagelos, exorcismos para libertação da opressão maligna, entre outras bênçãos. No entanto, agora a expectativa era outra, a chegada em Jerusalém.
Os discípulos deveriam estar animados e na expectativa da chegada em Jerusalém. Devia passar no pensamento deles qual seria a reação do povo com a chegada de Jesus e com o que Ele poderia realizar no centro da religião judaica. Provavelmente, também estavam curiosos como Jesus reagiria e possivelmente esperavam que Jesus assumisse o poder e algo sobrenatural acontecesse. Todavia, antes de chegar, de certa forma, Jesus tem uma conversa com eles e derrama “um balde de água fria” sobre os discípulos. Se aproximando da chegada em Jerusalém, Ele reúne os 12 em particular e confirma que estavam subindo para Jerusalém, mas os avisa que lá seria entregue aos sacerdotes e aos escribas para ser condenado e morto, mas que ressuscitaria ao terceiro dia. Essa foi a terceira vez que Jesus estava predizendo sua paixão e ressurreição. Ele já havia predito em Mateus 16.21 e 17.22, 23.
O evangelista não registra se os discípulos questionaram alguma coisa ou não. Na sequência, a mãe dos irmãos de Zebedeu, intercede pelos seus filhos, para serem colocados ao lado de Jesus quando assumisse o trono. Desse modo, fica claro que a expectativa era de que Jesus assumisse o poder em Jerusalém. No entanto, Jesus dá mais um sermão aos seus discípulos que discutiam com os dois irmãos sobre o ocorrido. Ele adverte os discípulos para não desejarem ocupar posições altas ou buscarem sobrepor um sobre os outros. Jesus falava do Reino dos céus, eles estavam focados no mundo terreno. A expectativa com a chegada em Jerusalém era grande.
b) A entrada em Jerusalém era uma fase de transição
A entrada de Jesus em Jerusalém foi um tipo de paródia do poder político e militar de Roma, mas representando o Império de Deus (CARTER, 2002, P. 517). Era uma fase de transição entre o final de sua vitoriosa jornada missionário na caminhada à Jerusalém e a preparação para o confronto definitivo com a liderança maior judaica. Provavelmente, a atenção de Jesus estava entre o confronto com as autoridades e como os discípulos reagiriam com o que estava por acontecer. Estava claro que os discípulos ainda não haviam entendido o propósito da missão de Jesus, como também ficou evidente depois da morte de Jesus. Como vimos, mesmo depois de Jesus predizer três vezes sua paixão e ressurreição, após a sua morte os discípulos entraram em desespero, basta ver o texto de Lucas sobre os dois discípulos a caminho de Emaús (Lc 24.13-27), em especial o versículo 21. Deste modo, fica bem clara a confusão mental dos discípulos, uma vez que ouvem de Jesus a predição de sua morte e ressurreição, mas parecem não acreditar e focam no seu Reino messiânico literal e a superação sobre o Império Romano.
A entrada coincide com um contexto maior, a chegada do peregrino em preparação para a festa associada com a Páscoa e os pães asmos (BOCK, 2006,p. 295). A cena empregada lembra as comitivas de entradas judaicas e greco-romanas, que incluíam marcha triunfal de vitórias militares, bem como a chegada de um rei ou soberano em uma determinada cidade. Carter (2002, p. 518) relaciona algumas características da entrada triunfal que coincide com as procissões de entrada judaica:
Características Texto em Mateus
Aparecimento do soberano/general em tropas (prisioneiros em marcha triunfal)21.1,7
Uma procissão na cidade21.8,10
Multidões acolhedoras e festivas 21.8,9
Aclamações de hinos 21.9
Ato cultual (frequentemente sacríficio) em um templo pelo qual o soberano toma posse da cidade. 21. 12-17

c) Jesus planeja entrar em Jerusalém em um jumentinho
Mateus relata que chegando a Jerusalém, quando ainda estavam em Betfagé, Jesus envia dois de seus discípulos à aldeia que estava defronte, no caso a aldeia de Betânia, para pegar um jumentinho que estava preso com uma jumenta. Percebe-se que Jesus tinha tudo preparado e planejado, atitude que era peculiar no ministério de Jesus. Ele aparenta ter um senso bem crítico em relação à organização quando se trata de fazer a obra de Deus. Às vezes, detalhista até demais, dependendo de quem observa seus feitos. Isso, já nos traz algumas lições sobre a necessidade de fazer as coisas para Deus de forma organização e planejada. Diferente do que muitas vezes se vê nas igrejas. 
A impressão que passa é que os donos dos animais conheciam o Mestre, pois Jesus orienta os discípulos que quando forem pegar o animal, se perguntarem alguma coisa, simplesmente diga que o Senhor precisa dele e eles permitirão. Parece que tudo já estava combinado para acontecer assim e os donos conheciam Jesus. Marcos (Mc 11.3) registra a promessa de que devolveriam o jumentinho depois que fosse montado por Jesus. Segundo Bock (2006, p. 295) isso fazia parte do costume de angária, “a aquisição temporária de recursos em favor de um líder, seja governante ou rabi”. Tudo estava planejado e ao entrar em Jerusalém Jesus estaria montado em um jumentinho, mas por quê? Veremos na próxima seção.

II- A Entrada Triunfal de Jesus Montado em um Jumentinho, um Ato Messiânico (Mt 21.4,5)
a) A entrada triunfal em um jumentinho foi predito pelos profetas

Interessante que dentre os sinóticos (Marcos, Lucas e Mateus), somente Mateus registra que o jumentinho estava preso com uma jumenta. Isso provavelmente para demonstrar que o jumentinho realmente era bem novinho por estar junto à mãe, ainda não desmamado e que nunca havia sido montado. Mas qual o motivo de tantos detalhes? O versículo quatro esclarece. Tudo foi realizado dessa maneira para que se cumprisse o que havia sido dito pelo profeta. Mas qual profeta? O povo sabia dessa profecia e quem era o profeta? Era de conhecimento popular?
Segundo Bock (2006, p. 295), com base em João 12.16, informa que a conexão com esse texto profético não era entendida até a morte de Jesus. Então, até esse momento, ainda não se sabia do atendimento da profecia, mas futuramente, após a morte de Jesus ou na época da escrita do evangelho se resgatou o cumprimento da profecia. Os profetas citado eram Isaías e Zacarias. No texto profético é mencionado que o rei viria montado em um jumento, num jumentinho, cria de jumenta. Assim, a cena prefigura a vinda do rei de Israel para Sião, montado sobre um jumento e sua cria. O episódio de Jesus faz com que o cumprimento da profecia se torne inquestionável, perfeito.
b) O jumentinho era para simbolizar a humildade do Rei-Messias
A entrada de Jesus não era como se esperava do Messias prometido. Ao contrário de todas as expectativas messiânicas, Jesus queria demonstrar que o Reino messiânico que trazia era humilde. Ele já havia comentado com seus discípulos no capitulo 20 de Mateus. Em Mateus 20.28, Ele afirma categoricamente que havia vindo para servir e não ser servido. O fato de Jesus se programar para sentar em um filho de animal de carga já demonstrava a maneira e o impacto esperado de sua entrada em Jerusalém.
Jesus adota alguns parâmetros de comitivas de entrada judaica. No entanto, o contexto é diferente e o império que está sendo propagado é o império de Deus, cuja meta também é diferente das comitivas tradicionais. Storniolo (1991, p. 149) afirma que “no tempo do antigo Israel, os reis montavam mulas (1 Rs 1.33). O jumento era transporte do pobre, algo como o presidente ir ao Palácio do Planalto num fusquinha”. Reforça que Jesus era “um homem do povo, entra na capital sem qualquer ostentação”. Pagola assevera que o gesto de Jesus, entrando com um jumentinho também poderia ser uma crítica a uma entrada do prefeito romano, pouco antes da entrada triunfal de Jesus, com toda pompa imperial. 
O gesto de Jesus era certamente intencional. Sua entrada em Jerusalém montado num jumento dizia mais do que muitas palavras. Jesus busca um reino de paz e justiça para todos, não um império construído com violência e opressão. [...] Mais de um veria no gesto de Jesus uma engraçada crítica ao prefeito romano que, por esses mesmos dias, entrou em Jerusalém montado em seu poderoso cavalo, adornado com todos os símbolos de seu poder imperial. (PAGOLA, 2013, p. 427).
Portanto, apesar de todo alvoroço que vai se criar com a entrada de Jesus em Jerusalém, o objetivo de Jesus é demonstrar que o Reino do Messias verdadeiro é de humildade e justiça.
c) Os discípulos fazem conforme pedido e Jesus monta no jumentinho
Importante ressaltar que os discípulos obedeceram rigorosamente às ordens de Jesus. Essa característica de obediência dos discípulos é importantíssima, pois como dissemos Jesus tem tudo planejado e organizado, mas não adianta planejar se na hora de fazer as pessoas não fazem conforme delineado. A colaboração e disposição dos liderados auxiliam bastante a liderança. Marcos e Lucas dão mais detalhes da ação dos discípulos, demonstrando que eles fizeram exatamente o que Jesus havia ordenado.
Segundo Mateus, os discípulos trazem a jumenta e o jumentinho e agora, eles têm que improvisar. Os discípulos colocam as próprias vestes ou parte delas para Jesus montar. Existem algumas imagens em publicações e na internet, assim é possível ver como fica estranho, um homem montado em um jumentinho com os pés quase tocando no chão. O que se passava na mente de Jesus, dos discípulos e do povo ao seu redor não se sabe. Na caminhada ou subida para Jerusalém havia uma expectativa, quando o momento da entrada se aproxima é montada toda essa cena. No mínimo pensavam: o que será que vai acontecer? Como o povo de Jerusalém vai receber Jesus, montado assim em um jumentinho? É o que veremos a seguir.
*Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,  pp. 87-92.
Para ampliar seus conhecimentos a respeito do conteúdo da lição, adquira o livro do trimestre: Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. Natalino das Neves.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 

Lição 10 - 1º Trimestre 2018 - Dádiva, Privilégios e Responsabilidades - Adultos.

Bíblicas - Adultos


Lição 10 -Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança

1º trimestre de 2018
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. Introdução
Texto Bíblico: Hebreus 10.1-7,22-252. 
I. A Dádiva da Nova Aliança
1. Uma única oferta.
2. Um único ofertante.
3. Uma única vez.3.
II. Os Privilégios da Nova Aliança
1. Regeneração.
2. Adoração.
3. Comunhão.
4. III. As Responsabilidades da Nova Aliança
1. Vigilância.
2. Confiança.
3. Perseverança.
5. Conclusão
Na aula desta semana é importante conhecer oconceito de Expiação, que signifi ca “reparação de culpas”.O termo é usado para se referir ao cancelamentodo pecado humano com base na justiça de Cristopropiciada ao pecador que passou pela experiência denovo nascimento. A bênção da Expiação proporcionao cancelamento de todo pecado.
O conceito de Expiação é importante para compreendero ponto central do capítulo 10. Este capítulomarca o fi m de um sólido discurso que teve início emHebreus 4.17. Por isso, reproduzimos a explicaçãodo teólogo pentecostal J. Wesley Adam acerca damediação e perfeito sacrifício de Cristo:
• “‘A lei’ de Moisés (10.1) com seu sistema sacrifi calera severamente limitada porque (1) era somente ‘asombra’ (skia) e ‘não a imagem exata’ da realidade (eikon)e (2) não podia ‘aperfeiçoar’ aqueles que desejavamaproximar-se de Deus como adoradores”.
• “A lei serviu, no passado, como ‘uma testemunhade uma realidade futura’ quando prefi gurou ‘os bensfuturos’ (10.1). Estes ‘bens’ (que sob a perspectiva do Antigo Testamento estavam no futuro) vieram agora(9.11) no ministério do sumo sacerdotal e na mortesacrifi cal de Cristo”.
• “Uma evidência da insufi ciência e da imperfeiçãodos sacrifícios do Antigo Testamento era que aquelestinham de ser ‘continuamente oferecidos a cada ano’[a expiação de Cristo foi única e suficiente]”.Sugestão PedagógicaReproduza como puder e discuta com os alunosessas três conclusões que a carta aos Hebreus nospossibilita chegar no capítulo 10.
(Texto extraído da Revista Ensinador Cristão, Ano 19 - nº 73 – jan/fev/março de 2018, editada pela CPAD)

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Lição 09 - 1º Trimestre 2018 - Contraste na Adoração da Antiga e Nova Aliança - Adultos.


Lição 9 - Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança

1º trimestre de 2018
ESBOÇO DA LIÇÃO
 
INTRODUÇÃO
I – O CULTO E SEUS ELEMENTOS NA ANTIGA ALIANÇA
II – A EFICÁCIA DO CULTO NA NOVA ALIANÇA
III – A SINGULARIDADE DO CULTO DA NOVA ALIANÇA
CONCLUSÃO

PONTO CENTRAL
A adoração na Nova Aliança está fundamentada na obra de Cristo no Calvário.

OBJETIVO GERAL
Explicar que a adoração na Nova Aliança está fundamentada no sangue de Cristo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Apontar como era o culto e seus elementos na Antiga Aliança;
II. Mostrar a eficácia do culto na Nova Aliança;
III. Explicar a singularidade do culto da Nova Aliança.
Comentário de Hebreus 9.24-28

“Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (v.24).O santuário terrestre foi feito conforme o modelo que Moisés recebera no monte, todavia ele fora confeccionado por mãos humanas. Cristo, ao contrário, entrou no santuário celeste do qual o terrestre era apenas uma figura. Nesse santuário celeste Ele esta oficiando como sumo sacerdote em favor da igreja (Rm 8.34).

 “Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio” (v.25).O sistema sacerdotal da antiga aliança exigia que ano após ano o sumo sacerdote entrasse no santuário para apresentar o sacrifício da expiação. O sacerdócio de Cristo, visto ser de natureza eterna e definitiva, não apresenta essa imperfeição.
 “De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (v.26).O problema do pecado, que entrou no mundo através de Adão, nunca havia sido tratado de forma definitiva até a vinda de Cristo. Desde a instituição do sistema sacerdotal levítico, os sacerdotes no santo lugar e o sumo sacerdote no santo dos santos, necessitavam ano após ano oferecer seus sacrifícios. Tudo isso terminou quando Cristo entrou no santuário celeste.  
“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (v.27). Há uma analogia entre a morte dos homens e a morte de Cristo, todavia há uma diferença abissal entre ambas. A morte dos homens foi “ordenada”, como tem como escapar e fugir dela! Todavia a morte de Cristo foi voluntária, uma entrega a favor dos homens. “Ninguém está isento desta experiência. A diferença entre a morte de Cristo e todas as demais é que a dEle foi voluntária, ao passo que para todos os demais é ordenada (apokeitai), i.é, armazenada para eles. A expectativa de que alguns escaparão à morte (cf.1 Ts 4.15ss.) é uma exceção à regra geral declarada, ocasionada pelo evento especial da vinda de Cristo. Não está, portanto, em conflito com esta declaração em Hebreus”.i
“Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (v.28).O autor ressalta o caráter voluntario do sacrifício de Cristo, todavia colocando-o dentro da esfera escatológica. A figura é tirada da redação da Septuaginta, Isaias 53.12. Quando Cristo veio a primeira vez, ele veio para fazer expiação pelo pecado. Mas agora o autor diz que Ele voltará uma segunda vez, não mais para tratar do problema do pecado, mas para aqueles que o esperam para a salvação. Donald Gutrhie comentou oportunamente que “as palavras sem pecado (chòris hamartias- “não para tratar dos pecados” — RSV) rapidamente colocam um aspecto diferente na analogia. O pecado não precisa de mais expiação. Tudo quanto é necessário é a apropriação da salvação que a oferta que Cristo fezde Si mesmo obteve por nós. O verbo traduzido aguardam (apekdechomenois)ocorre em 1 Coríntios 1.7, Filipenses 3.20 e Romanos 8.19,23,25, eem cada caso a respeito da grande expectativa dos crentes que aguardam as glórias do porvir”.ii
(Texto extraído do livro “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de Apostasia”, editado pela CPAD)

Marcelo Oliveira de Oliveira
Editor da Revista Lições Bíblicas Adultos

i GUTHRE, Donald. Hebreus – introdução e comentário. Editora Vida Nova. 
ii GUTHRIE, Donald. Idem. pp.189.

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Lição 08 - 1º Trimestre 2018 - Uma Aliança Superior - Adultos.

Bíblicas - Adultos



Lição 8 - Uma Aliança Superior

1º trimestre de 2018
ESBOÇO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO
I – UM SANTUÁRIO SUPERIOR
I – UM MINISTÉRIO SUPERIOR
III – UMA PROMESSA SUPERIOR
CONCLUSÃO
PONTO CENTRAL
O Novo Concerto que Jesus Cristo inaugurou é superior ao Antigo.

OBJETIVO GERAL
Explicitar a superioridade do Novo Concerto inaugurado por Cristo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Explicar os aspectos de superioridade da Nova Aliança: sua dimensão, natureza e importância;
II. Salientar a superioridade da Nova Aliança em seus aspectos posicional, funcional e cultual;
III. Mostrar que a promessa do Novo Concerto é de natureza interior e espiritual; de natureza individual e universal; bem como de natureza relacional.
O “Verdadeiro Tabernáculo” e o “Ministro do Santuário”: o resgate da natureza celestial da Igreja

Marcelo Oliveira de Oliveira

“Verdadeiro Tabernáculo” e “ Ministro do Santuário” são imagens significativas no capítulo oito de Hebreus. Não pode haver dúvida de que com essas duas imagens o autor de Hebreus está se referindo ao “Céu” e sua realidade, conforme a alusão feita por ele usando o texto de Salmos 110.1: “Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.” 
Sobre essa alusão, de Hebreus 8.1 cf. Salmos 110.1, J. Wesley Adans, teólogo pentecostal, cita um interessante comentário de Leon Morris, um importante erudito de Bíblia: “A posição de Jesus, assentado, aponta para uma obra que está completa” (MORRIS apud. ADANS, Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, p.1584). Assim, a expressão nos “Céus à destra do trono da Majestade”, explica ADANS, é o modo litúrgico e reverente de fazer a descrição de como Deus governa o céu e a terra, tendo o seu Filho, Cristo Jesus, deste modo, compartilhando o governo do Pai.
Nesse contexto, o versículo 2 destaca que Cristo é o “Ministro do Santuário” do “Verdadeiro Tabernáculo”. Logo, a sala do trono divino é o atual “Santo dos Santos”, onde Cristo ministra como o verdadeiro Sumo Sacerdote. Por isso, “o tabernáculo terreno construído por Moisés segundo a ordem de Deus (cf. 8.5) ‘corresponde a uma realidade celestial, e é na realidade celestial que o ministério de Cristo é exercido’” (Ibidem., p.1584). Portanto, o Céu é o verdadeiro santuário e Cristo o seu ministro.
Sugestão Pedagógica
Vivemos um contexto em que a dimensão espiritual e celestial em muitas igrejas está se perdendo. Podemos apontar vários culpados para esse fenômeno: a teologia da prosperidade, a prosperidade econômica das nações, as distorções acerca das profecias concernentes a volta de Cristo e outros. Entretanto, aproveite a oportunidade desta aula para resgatar o caráter celestial e espiritual do ministério de Jesus Cristo, logo, da missão da Igreja, o Corpo de Cristo. Assim, dialogando com a classe, pontue as seguintes questões em que o próprio Senhor deixa essa verdade bem clara: 
- A Pilatos: “o meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui.” (Jo 18.36).
- A alguns da multidão: “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, a vós é chegado o Reino de Deus.” (Lc 11.20).
- Aos três discípulos mais próximos: “E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e as suas vestes ficaram brancas e mui resplandecentes. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém.” (Lc 9.29-31).
Finalize essa atividade citando a conhecida mensagem do apóstolo Paulo aos coríntios: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15.19). Boa aula!
(Texto adaptado da revista “Ensinador Cristão”, editada pela CPAD)

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Lição 09 - 1º Trimestre 2018 - O Que é a Igreja? Juvenis.


Lição 9 - O que é a igreja?

1º Trimestre de 2018
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. IGREJA: EU, VOCÊ, NÓS
2. IGREJA SAL E LUZ
3. A IGREJA E SUA MISSÃO
4. UM CONVITE AO COMPROMETIMENTO
OBJETIVOS
Compreender o termo bíblico Igreja;
Reconhecer a Igreja como Sal da terra e Luz do mundo;
Descrever a intransferível missão da Igreja.
Querido (a) professor (a), nosso Salvador Jesus Cristo não veio ao mundo com o propósito de fundar uma nova “religião”, e sim nos salvar, verdadeiramente nos levando ao Pai; Ele não queria estabelecer mais “templos”, sim uma família espiritual, que seja luz e sal neste mundo, que o impacte através de seu exemplo e atraia mais e mais pessoas à salvação. Na próxima aula você e seus alunos conversarão sobre esse importante papel do Corpo de Cristo, da Igreja de Deus, não como paredes ou denominações, não como instituição humana, onde se reúnem membros de uma religião, mas como seus legítimos representantes na Terra, tanto no âmbito individual, quanto no coletivo. Querido (a) professor (a), nosso Salvador Jesus Cristo não veio ao mundo com o propósito de fundar uma nova “religião”, e sim nos salvar, verdadeiramente nos levando ao Pai; Ele não queria estabelecer mais “templos”, sim uma família espiritual, que seja luz e sal neste mundo, que o impacte através de seu exemplo e atraia mais e mais pessoas à salvação. Na próxima aula você e seus alunos conversarão sobre esse importante papel do Corpo de Cristo, da Igreja de Deus, não como paredes ou denominações, não como instituição humana, onde se reúnem membros de uma religião, mas como seus legítimos representantes na Terra, tanto no âmbito individual, quanto no coletivo.
Proponha aos seus alunos esta auto-reflexão: Como você tem sido enquanto Igreja de Cristo? Tem espalhado seu amor no mundo? Tem ajudado pessoas, pregando o Evangelho não só com palavras, mas também com ações? Jesus não nos chamou para levarmos um conjunto de regras ou palavras bonitas, mas para seguir os seus passos de amor e Reino de Deus em ação. Não para sermos juízes dos pecadores, mas um pescador de almas; um edificador e gerador de vidas. Não basta freqüentarmos a igreja, mas sermos a Igreja, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Conforme o próprio Rabi nos ensinou: “Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.40). “Pois toda a Lei se resume num só mandamento, a saber: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’” (Gl 5.14). Assim, naturalmente mais e mais pessoas irão sendo atraídas a Cristo, pelo amor dEle irradiando através de seus representantes na Terra, da legítima Igreja de Cristo (Cf At 2.47). 
A igreja tem muito a aprender com o Mestre em relação ao trato com as pessoas. Vejamos:
Os rejeitados – Como Jesus tratou a mulher adultera de João 8? Amou-a e perdoou-a. Como tratou a mulher samaritana de João 4, pecadora e rejeitada por todos? Ouviu, falou, dialogou, perdoou e a transformou numa missionária. Como Jesus tratou o desprezível leproso de Mateus 8? Tocou nele, quebrando até preconceitos legais dos judeus. Jesus nos ensina que a lei mais importante e poderosa é a do amor.
Os enfermos – Jesus tratou-os com amor e os curou, tocando neles, perdoando seus pecados, dando uma palavra de ânimo e enchendo seus corações de fé. A mulher do fluxo de sangue (Mc 5) tocou nEle e recebeu virtude, sendo curada. Tratemos os enfermos com amor e virtude para os curar em nome de Jesus. 
Os pecadores – Precisamos aprender com Jesus como tratar os pecadores. Jesus os tratou com profunda compaixão. Zaqueu (Lc 19) era um pecador terrível. Se Jesus seguisse o parecer da multidão não teria se importado com ele, porém o Mestre soube amar a ponto de ir à casa daquele homem e transformar a sua vida. E aquela mulher de Betânia, na casa de Simão, a qual lavou os pés de Jesus com uguento (Mt 26)? Jesus foi censurado por aceitar aquele ato, mas o Mestre ama os pecadores, mesmo que a maioria não concorde com o nosso amor. O importante é parecer com Jesus. 
Os pobres – Mateus 11.5 diz que “aos pobres é anunciado o evangelho”. Na verdade Jesus tratou os pobres com carinho, amor e afeto, sem discriminação. Matou sua fome e resolveu seus problemas. Que o Senhor nos ajude a amar todos sem discriminação nem preconceitos.
Os oprimidos – Jesus expulsou demônios, libertou os oprimidos, trouxe paz aos corações. Tratou os oprimidos com muito carinho, fazendo renascer a esperança que havia morrido, reviveu a motivação que tinha acabado e trouxe de volta a alegria que morrera. Existem multidões oprimidas à nossa volta. Como as trataremos? Aprendamos com Jesus a tratar com amor aos oprimidos. 
Os caídos – Como cuidaremos de nossos caídos. Desviados e fracassados? Pedro caiu, fracassou, se entristeceu e se amargurou. Porém, Jesus o tratou com carinho, perdoando-o e consagrando-o pastor. Que tratamento! Que amor! Aprendamos esta lição e tratemos os nossos caídos, em vez de abandoná-los e expulsá-los sem amor e sem afeto, com desprezo e zombaria. Que com profundo amor, busquemos os caídos de volta para a família de Deus.
Que a Igreja do início do milênio aprenda com Jesus a tratar as pessoas que precisam de uma palavra, de um afeto, de um conselho, de respeito e valorização. A Igreja pode dar isso às pessoas se aprender com Jesus.  (FERREIRA, Israel Alves. Igreja: Lugar de Soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, pp.24-25)
O Senhor lhe abençoe e capacite! Boa aula!
Boa aula!
Por Paula Renata Santos
Editora Responsável da Revista Juvenis
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Juvenis. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.

Lição 07 - 1º Trimestre 2018 - O Perigo da Falsa Religiosidade - Jovens.


Lição 7 - O Perigo da Falsa Religiosidade

1º Trimestre de 2018
INTRODUÇÃO
I - A INJUSTIÇA DA FALSA RELIGIOSIDADE
II - A CEGUEIRA DA FALSA RELIGIOSIDADE
III - A MERCANTILIZAÇÃO DA FÉ E DA ADORAÇÃO PELA FALSA RELIGIOSIDADE
CONCLUSÃO

Professor(a), os objetivos da lição deste domingo são:
Evidenciar as injustiças da falsa religiosidade;
Mostrar que a falsa religiosidade leva a cegueira;
Conscientizar de que a falsa religiosidade pode levar a mercantilização da fé.
Palavras-chave: Falsa religiosidade.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:
Quando o assunto é a falsa religiosidade, os escribas e fariseus voltam à cena. Eles produziram injustiças, pois trocaram a religião gratuita pela mercantilização da fé.

A Falsa Religiosidade e a Injustiça (Mt 15.1-9)

Os escribas e fariseus, já acusados anteriormente por Jesus por falsa religiosidade, veem de Jerusalém para acusar Jesus de transgredir a tradição dos anciões. Mais uma vez são desmascarados e advertidos por Jesus.
a) Os escribas e fariseus faziam acusações injustas (v. 1-2)
Os escribas e fariseus constantemente observavam as atitudes de Jesus e seus discípulos para verificarem se podiam os acusar de alguma falha. Atitudes hipócritas de pessoas que se julgam religiosas e com autoridade para julgar as demais. Essas pessoas geralmente atentam para questões secundárias e que não têm impacto significativo na vida espiritual das pessoais. O que querem na realidade e demonstrarem ser mais santas e, portanto, com mais autoridades “outorgadas por Deus” para comandar ou manipular a fé das pessoas.

Jesus e seus discípulos estavam na terra de Genesaré mantendo suas atividades ministeriais como de costume, com vistas fazer a vontade de Deus. Quando eles chegaram ao local e as pessoas ficaram sabendo, trouxeram os enfermos de todas as localidades próximas (Mt 14.34). Enquanto isso, alguns escribas e fariseus chegam de Jerusalém para observá-los e acharem algo para acusá-los, pois a preocupação deles não era contribuir para o Reino dos céus, mas por ciúmes queriam achar algo que comprometesse a moral ou integridade de Jesus e seus discípulos. Então, percebem que os discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos. No entanto, o que os incomodava não era a falta de higiene, mas sim a questão cerimonial.

Na realidade, a Torá previa alguns procedimentos de questão de pureza ritual (Lv 11-15; Nm 5.1-4). Todavia, a questão levantada pelos falsos religiosos não constava na Torá, mas, sim, na tradição dos anciões. Segundo Bock (2006, p. 206), “[...] eles não comiam sem lavar as mãos nem voltavam do mercado sem realizar lavagem de purificação. Eles também lavavam os copos, potes e vasilhas de bronze. Muitas dessas práticas são registradas em detalhes na Mishná (m. Yadayim 1.1-2.4; m. Toharot)”. A Mishná era um tipo de interpretação da própria Torá, segundo as tradições de doutores da Lei. O texto paralelo de Marcos (Mc 7.1-23) traz mais detalhes deste episódio.
Assim, o que incomodava os visitantes era, na realidade, algo que eles próprios haviam adicionados à Lei mosaica de forma interpretativa. De fato, eram homens presunçosos que achavam que podiam fazer melhor do que Deus como afirma Matthew Henry (2002, p. 771): “[...] adicionar algo às leis de Deus, coloca a sua sabedoria em descrédito, como se Ele tivesse deixado de fora algo necessário que o homem seja capaz de suprir; de uma ou de outra maneira levam sempre os homens a desobedecerem a Deus”. Veja como é séria essa atitude, pessoas que se achavam qualificadas para acrescentar o que Deus havia prescrito. Como se Deus tivesse esquecido algo importante e eles estavam “corrigindo” a falha de Deus. Portanto, se achavam professores de Deus.

Deste modo, os escribas e fariseus acusavam Jesus e seus discípulos injustamente, pois eram acréscimos humanos que eles tinham por hábito cobrar dos judeus, como forma de manipulá-los por meio de suposta santidade. Infelizmente, a prática desses judeus é mais presente do que se imagina no meio evangélico. As pessoas, às vezes, não se dão conta das práticas presentes em nosso meio evangélico. Criticamos os escribas e fariseus por costume de ouvir as pregações sobre os conflitos entre Jesus e eles, mas, na prática, às vezes, nos comportamos como eles. Atitudes hipócritas de religiosos, vivendo de aparências.  Devemos estar atentos para não sermos praticantes de injustiça com nossos irmãos. Devemos nos preocupar com nossa vida espiritual, manter sempre a comunhão com Deus e estar preparado para nos encontrar com o Senhor a qualquer momento.
b) Jesus demonstra que os acusadores que eram os transgressores (v. 2-6)
Os hipócritas acusavam a Jesus com seus mandamentos de pureza criada por homens. Jesus em (Mc 7.7) chama esses procedimentos requeridos “mandamentos de homens”. Os judeus sabiam que os rituais requeridos por eles, como lavar as mãos, não se encontravam nas Escrituras, mas, sim, nas interpretações dos anciões, recolhidas do Talmud. Não há problemas quando povos preservam certas questões culturais e tradições. No entanto, eles acusavam a transgressão desses procedimentos de suas tradições como se fossem as pessoas mais honestas e puras. Todavia, Jesus os rebate e escancara a hipocrisia religiosa deles. Agora sim, Jesus questiona-os sobre o não atendimento de procedimentos previsto na Lei mosaica, cujo atendimento era simulado por eles.

O Evangelho de Marcos traz mais detalhes que Mateus, pois provavelmente os destinatários deste último, eram conhecedores da Lei e das tradições judaicas não precisavam de detalhes, já que conheciam o que estava acontecendo. Em Marcos 7.9-13, Jesus desmascara os religiosos judaicos afirmando: “Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição”. Jesus cita a Lei mosaica em que os filhos deveriam honrar pai e mãe (quinto mandamento), cuja transgressão era digno de morte. Mas, eles para não atenderem as necessidades de seus pais alegavam que o bem que possuíam era Corbã. Marcos explica sobre essa lei, que uma vez declarado como oferta ao Senhor não poderia ser usado. Jesus os acusa de usarem a lei para não honrarem os pais em suas necessidades. Portanto, “[...] invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes” (Mc 7.13). Barros traz um exemplo de como os judeus piedosos priorizavam a sua cultura e tradição, a ponto de perderam a noção do bom senso:
Contam que o famoso rabino Akiba estava preso pelos romanos. Davam-lhe apenas um pouco de água para beber e uma ração mínima de alimentos para que ele não morresse de fome. De tal modo o rabino cumpria as prescrições dos anciãos que quase morreu de sede e teve de ser socorrido em perigo de morte, porque a pouca água que ele recebia para beber, a usava para as abluções. Prefere morrer de sede a desrespeitar as tradições judaicas. (BARROS, 1999, p. 86)
Barros (1999, p. 87) reforça que “[...] o importante é a justiça, a veracidade nas relações humanas e o que é impuro e toda a maldade que se faz contra o outro”. Os judeus estavam como que cegos pela sua religiosidade hipócrita. A resposta de Jesus serve não somente para eles, mas a todas as pessoas que “[...] se deixam prender pela letra da lei, sem perceber o espírito que ela quer expressar”. Assim, os acusadores dos discípulos (escribas e fariseus) que eram os verdadeiros transgressores da Lei de Deus e cobravam de Jesus e seus discípulos a transgressão de suas leis humanas.
c) Os profetas já haviam reprovado a falsa religiosidade (v. 7-9)
Jesus não se contenta em desmascarar seus acusadores e demonstrar que eles burlavam a Lei de Moisés por amor aos seus bens e desprezo de seus próprios pais. Ele continua sua argumentação chamando-os diretamente de hipócritas e citando o profeta Isaias para reprovar a falsa religiosidade deles. Ao ler o texto de Mateus 15 se tem a impressão de que Jesus estava bem irritado e inconformado com a acusação recebida. O que fizeram era algo realmente irritante, se apegavam a tradições e leis humanas para se imporem como “santarrões” com base em acusações irrelevantes. Enquanto, que passavam por cima da Lei de Deus, descuidando do cuidado com pessoas tão especiais como os pais.

Jesus cita Isaias 29.13: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído”. Uma repreensão dura contra o povo de Israel em sua rebeldia e falsa religiosidade. Jesus faz uma releitura do texto antigo, como tivesse sido escrita diretamente para aqueles escribas e fariseus. Da mesma forma que o povo da época da escrita de Isaias, os escribas e fariseus estavam com sua vida distante de Deus e simulavam santidade diante de Deus, como se pudessem enganá-lo. Deus afirmou para o povo de Israel que em vão eles o adoravam, pois estavam bem longe dEle. Da mesma forma também estavam os judeus na época de Jesus.

Infelizmente, não são poucas vezes que se presenciam comportamento idêntico em nossos cultos e na vivência comum da igreja. “Santarrões”, com base em suas interpretações, vivendo fora da vontade de Deus, acusando os demais crentes sinceros com base em acusações irrelevantes. Que Deus tenha misericórdia dessas vidas e que haja tempo para arrependimento.
II- A Falsa Religiosidade e a Cegueira Espiritual (Mt 15.10-20)
Devido ao comportamento hipócrita dos escribas e fariseus, líderes religiosos do povo judaico, conforme citado na seção anterior, Jesus os chama de cegos que conduzem outros cegos, que reproduzem seus comportamentos.
a) A cegueira espiritual dos escribas e fariseus (v.10-14)
A irritação de Jesus continua, porque Ele discursa e demonstra que a prioridade é o que está no interior do ser humano, a intenção e motivação que os move. Após demonstrar a atitude cínica e impostora dos escribas e fariseus Jesus os chama de cegos, que eram condutores de outros cegos, seus seguidores. Já que se dedicavam tanto a estudarem os escritos de interpretações humanas que deixavam de lado a fonte principal, que era a Lei de Deus. Os escribas e fariseus se apegavam tanto a questões secundárias e irrelevantes, focando sua atenção tão firme nessas questões que se privavam de ver as questões primárias e que importavam para Deus. Dessa forma, eram como que cegos para não enxergar as suas condutas hipócritas. Eles não conseguiam enxergar o que Jesus estava ensinando. Devido à cegueira espiritual, os judeus se escandalizavam com os ensinos de Jesus. O orgulho e a mesquinhez conduziam suas vidas e não luz de Deus como eles afirmavam. O cristão deve tomar cuidado para não cair no mesmo processo de cegueira, como afirma Storniolo:
Os fariseus ficam escandalizados. Jesus responde que tudo o que não vem de Deus não permanecerá de pé. E nós sabemos disso muito bem. Os nossos caprichos têm vida curta. Pobres de nós se vivemos de caprichos. Por exemplo: o mundo e tudo o que ele contém, pessoas inclusive, é puro. Impuros somos nós, que distorcemos as coisas, usamos mal ou estragamos o mundo. É o que sai de nós, nossa má intenção ou ação, que suja o mundo. Nosso egoísmo pode acabar com o mundo, pois o seu veneno é de morte. Não adianta pensarmos que somos muito sábios e inteligentes. Se os nossos pensamentos não forem de vida, eles apenas produzirão a morte, e nós acabaremos sendo vítimas da nossa própria mesquinhez.
Os escribas e fariseus não conseguiam enxergar que o mal estava no interior das pessoas e não no seu interior. O apóstolo Paulo em Romanos 2.19, em disputa com os judeus, também os chama de cegos. Ele afirma que os judeus se achavam em condições de conduzir os gentios, para eles cegos, por não receberem a luz da revelação. Todavia, o apóstolo assevera que eles também eram cegos e não estavam credenciados para conduzir ninguém. No sentido espiritual, quem tem a visão deve se compadecer de quem não tem e apontar a solução para seu problema, que é Cristo. Paulo aponta a evidência da cegueira dos judeus, seu comportamento hipócrita. Eles ensinavam a Lei, mas não praticavam. A atitude judaica faz lembrar o ditado popular “faz o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. O que os judeus faziam bem era julgar os gentios (NEVES, 2015, pp. 35, 36). O apóstolo Paulo somente ratifica o que Mateus registra entre o confronto de Jesus e os judeus. Talvez o apóstolo tivesse conhecimento desses confrontos entre Jesus e os escribas e fariseus, grupo do qual ele também fazia parte. Ele era um cego como eles, mas depois de encontrar a luz no caminho de Damasco, passou a enxergar bem o caminho que conduz para a vida eterna.
b) O ensino bíblico abre a visão dos discípulos (v. 15)
Enquanto tudo o que já vimos nesse confronto entre Jesus e os escribas e fariseus esta acontecendo, um dos discípulos mais atuantes de Jesus o interrompe com uma pergunta intrigante: “[...] e Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola” (Mt 15.15). Interessante como o apóstolo Pedro não se preocupava com as respostas que poderia receber, o que ele queria era aproveitar as oportunidades para aprender. Jesus estava em um momento agitado e conturbado, mas Pedro não se intimidou. Nas salas de aula dos colégios e universidades, em auditórios durante palestras, como em salas de Escola Dominical vemos isso acontecer, pessoas ouvem algumas explanações, não entendem, mas se sentem constrangidas em perguntar para não parecer menos inteligente. Alguns parecem que estão entendendo o que está sendo exposto, balançam a cabeça com um “sim”, mas infelizmente isso é um engano. Pedro estava certo em seu procedimento, quem quer aprender tem que perguntar e não se importar com a reação dos demais.

Como era praticamente costume acontecer com Pedro em seus questionamentos, Jesus se vira para Pedro exclama: “[...] até vós mesmos estais ainda sem entender? Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e é lançado fora?”. Como se dissesse: Vocês também estão como cegos?. Então, Jesus explica para eles, e como estavam com o coração aberto para a Palavra, seus “olhos são abertos” para entender o que Jesus estava explicando. Diferente dos escribas e fariseus, que ouviam Jesus ensinar, mas não queriam aprender, pois os seus interesses e hipocrisia os impedia que seus “olhos fossem abertos” para entender a mensagem do Reino.
c) O que contamina o ser humano é o que está no interior (v. 16-20)
Jesus começa então a explicar o que realmente contamina o ser humano, aproveitando a deixa da pergunta do apóstolo Pedro. A ousadia e interesse de Pedro em aprender ajudou os demais, que certamente também não haviam entendido. Jesus explica que do coração do ser humano que procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. Como Tiago também esclarece: “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14, 15). Algumas pessoas se aproveitam de alguns textos bíblicos que falam sobre o Tentador para atribuir a ele a culpa pelos seus pecados. Como vimos, na tentação de Jesus, todas as pessoas estão sujeitas à tentação, mas pecar depende da guarida que cada pessoa dá aos desejos do coração.

Algumas pessoas religiosas, assim como os escribas e fariseus tem colocado as questões secundárias em detrimento das questões primárias. Jesus afirma que são aquelas coisas que vem do interior do ser humano que contaminam e não o comer sem lavar as mãos. Certo que devemos considerar a questão cultural, ambiental e de época para a prática de não lavar as mãos. Evidente que é uma questão de higiene, sendo saudável a prática de lavar as mãos para se alimentar. Jesus não estava defendendo a prática de não lavar as mãos, sua critica era contra a hipocrisia e a falsa religiosidade. Para ele estava bem claro que os escribas e fariseus preocupados com a questão higiênica, mas sim com a questão cerimonial.  
*Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,   pp. 68-73.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 

Lição 07 - 1º Trimestre 2018 - Jesus - Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior - Adultos.




Lição 7 - Jesus — Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior

1º trimestre de 2018
ESBOÇO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO
I – QUANTO AO ASPECTO DE SUA TIPOLOGIA
II – QUANTO AO ASPECTO DE SUA NATUREZA
III – QUANTO AO ASPECTO DE SEUS ATRIBUTOS
CONCLUSÃO

PONTO CENTRAL
O sacerdócio de Cristo é imutável, perfeito e eterno.

OBJETIVO GERAL
Apresentar a tipologia do sacerdócio de Melquisedeque com relação a Jesus Cristo, expressando a verdade de que nosso Senhor possui um sacerdócio imutável, perfeito e eterno.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Explicar o aspecto tipológico de Melquisedeque;
II. Destacar a natureza do sacerdócio de Cristo;
III. Expor os atributos do sacerdócio de Cristo.
1. Recapitulando conteúdos anteriores
Na lição passada estudamos acerca da seriedade com que devemos considerar a possibilidade da apostasia. Vimos que a apostasia é uma possibilidade real e, que, por isso, o crente em Jesus deve ter ânimo e perseverança de fé para seguir a jornada até o fim.
Na lição desta semana, veremos a ênfase uma vez mais da imutabilidade, perfeição e eternidade do sacerdócio de Jesus Cristo, agora, segundo a ordem de Melquisedeque. Por isso, abaixo, reproduzimos o texto do comentarista José Gonçalvez em que ele mostra os aspecto tipológico de Cristo com muita clareza e habilidade hermenêutica.

2. Texto de subsídio para a Lição 7
     “Tendo terminado a sua seção parentética no capítulo 6, que havia introduzido no final do capítulo 5, o autor volta a tratar do assunto que ele acha central em sua argumentação – a doutrina do sacerdócio de Cristo. Para tal, ele principia resgatando sua fundamentação histórica e profética.

      ‘Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava damatança dos reis, e o abençoou’ (v.1).O autor já havia afirmado (Hb 5.4-6) que Jesus havia sido constituído por Deus como sumo sacerdote de uma ordem superior -a de Melquisedeque. Aqui ele vai mostrar a importância que teve essa figura enigmática dentro do plano divino. Ele chama a atenção para o fato de que Melquisedeque fora rei e sacerdote. Melquisedeque, portanto, é o único personagem na história do Velho Testamento que fora rei e sacerdote ao mesmo tempo. Donald Hegner observa que prevalecia no judaísmo primitivo a crença de que o Messias acumularia essas duas funções.1A intenção do autor é mostrar, não pelo simples fato de que essa era uma expectativa judaica, mas sobretudo porque era um fato profético,que Jesus era sumo sacerdote dessa mesma ordem. Foi esse sacerdote-rei que abençoou o patriarca Abraão.

      ‘A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz’ (v.2).De acordo com a Enciclopaedia Judaica, o nome Melquisedeque é interpretado pelo autor de Hebreus como sendo “rei de justiça” e “paz” com o propósito de associá-lo à pessoa de Jesus. “Na epístola aos Hebreus (7.1-7), Melquisedeque (rei de justiça – Zedek; de paz – Salém) é descrito como único, sendo ambos um sacerdote e rei, e porque ele é ‘sem pai, sem mãe, sem genealogia’; ele é eterno, ‘não tendo começo de dias e nem fim da vida’. Neste sentido Melquisedeque assemelha-se a Jesus, o Filho de Deus, e assim é um tipo do Salvador”.2
      ‘Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre’ (v.3).Esse versículo forneceu combustível para muitos debates em torno da figura enigmática de Melquisedeque.3 Todavia, a interpretação mais natural, como descreveu a Enciclopédia Judaica, é aquela que a tradição cristã lhe tem atribuído – um tipo de Cristo.4 O vocábulo grego aphomoioo, traduzido como semelhante,só aparece aqui no Novo Testamento. A.T. Roberston destaca “que essa semelhança está na figura tirada do Gênesis e não na própria pessoa”.Melquisedeque é um tipo do qual Jesus é o antítipo. A ordem sacerdotal e não simplesmente a pessoa de Melquisedeque está no foco da argumentação do autor. De forma análoga, Richard Taylor observa que as “descrições dadas sobre a pessoa de Melquisedeque no versículo 3 (Sem pai, sem mãe e sem genealogia) devem se referir à sua ordem sacerdotal e não à sua pessoa”.6 Esse entendimento é confirmado no fato de que para um judeu conhecedor do sistema levítico, era totalmente inconcebível alguém reivindicar o sacerdócio sem que seus pais fosse sacerdote. John N. Darby destaca que “como sacerdote, Cristo era sem genealogia, não como homem. Sua mãe era conhecida. Uma vez feito sacerdote, não podia ser descartado ao chegar a uma certa idade, como aqueles sacerdotes. Ele permanece para sempre. ‘Feito semelhante ao filho de Deus” – somente como sacerdote. A realeza está vinculada com o sacerdócio’.Melquisedeque foi uma pessoa física, histórica, mas o seu sistema sacerdotal era atemporal, eterno.8
      Muito barulho tem sido feito em torno da figura enigmática de Melquisedeque porque se desconhece como a hermenêutica judaica interpretava o silêncio de determinado texto. Na interpretação rabínica dos textos sagrados até o silencio falava alto. Filo, um judeu de Alexandria, por exemplo, se utilizou muito desse recurso.Donald Hegner destaca que ‘Do ponto de vista rabínico, o silencio é tido como verdadeiramente significativo, em vez de apenas fortuito, de modo especial em se tratando de uma pessoa tão importante, rei e sacerdote ao mesmo tempo. Visto não ter registro da morte de Melquisedeque, nem do término do seu sacerdócio pode se concluir que ele permanece sacerdote para sempre. Considerando-se, pois, o que as Escrituras dizem e o que silenciam a respeito de Melquisedeque, torna-se evidente que ele é semelhante ao filho de Deus, que também jamais teve início de dias, nem fim de vida, com um sacerdócio de validade eterna’.10

(Texto extraído da obra “Ânimo, Esperança e Fé em Tempos de Apostasia:Um estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”, editada pela CPAD)