quarta-feira, 14 de março de 2018

Lição 07 - 1º Trimestre 2018 - O Perigo da Falsa Religiosidade - Jovens.


Lição 7 - O Perigo da Falsa Religiosidade

1º Trimestre de 2018
INTRODUÇÃO
I - A INJUSTIÇA DA FALSA RELIGIOSIDADE
II - A CEGUEIRA DA FALSA RELIGIOSIDADE
III - A MERCANTILIZAÇÃO DA FÉ E DA ADORAÇÃO PELA FALSA RELIGIOSIDADE
CONCLUSÃO

Professor(a), os objetivos da lição deste domingo são:
Evidenciar as injustiças da falsa religiosidade;
Mostrar que a falsa religiosidade leva a cegueira;
Conscientizar de que a falsa religiosidade pode levar a mercantilização da fé.
Palavras-chave: Falsa religiosidade.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:
Quando o assunto é a falsa religiosidade, os escribas e fariseus voltam à cena. Eles produziram injustiças, pois trocaram a religião gratuita pela mercantilização da fé.

A Falsa Religiosidade e a Injustiça (Mt 15.1-9)

Os escribas e fariseus, já acusados anteriormente por Jesus por falsa religiosidade, veem de Jerusalém para acusar Jesus de transgredir a tradição dos anciões. Mais uma vez são desmascarados e advertidos por Jesus.
a) Os escribas e fariseus faziam acusações injustas (v. 1-2)
Os escribas e fariseus constantemente observavam as atitudes de Jesus e seus discípulos para verificarem se podiam os acusar de alguma falha. Atitudes hipócritas de pessoas que se julgam religiosas e com autoridade para julgar as demais. Essas pessoas geralmente atentam para questões secundárias e que não têm impacto significativo na vida espiritual das pessoais. O que querem na realidade e demonstrarem ser mais santas e, portanto, com mais autoridades “outorgadas por Deus” para comandar ou manipular a fé das pessoas.

Jesus e seus discípulos estavam na terra de Genesaré mantendo suas atividades ministeriais como de costume, com vistas fazer a vontade de Deus. Quando eles chegaram ao local e as pessoas ficaram sabendo, trouxeram os enfermos de todas as localidades próximas (Mt 14.34). Enquanto isso, alguns escribas e fariseus chegam de Jerusalém para observá-los e acharem algo para acusá-los, pois a preocupação deles não era contribuir para o Reino dos céus, mas por ciúmes queriam achar algo que comprometesse a moral ou integridade de Jesus e seus discípulos. Então, percebem que os discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos. No entanto, o que os incomodava não era a falta de higiene, mas sim a questão cerimonial.

Na realidade, a Torá previa alguns procedimentos de questão de pureza ritual (Lv 11-15; Nm 5.1-4). Todavia, a questão levantada pelos falsos religiosos não constava na Torá, mas, sim, na tradição dos anciões. Segundo Bock (2006, p. 206), “[...] eles não comiam sem lavar as mãos nem voltavam do mercado sem realizar lavagem de purificação. Eles também lavavam os copos, potes e vasilhas de bronze. Muitas dessas práticas são registradas em detalhes na Mishná (m. Yadayim 1.1-2.4; m. Toharot)”. A Mishná era um tipo de interpretação da própria Torá, segundo as tradições de doutores da Lei. O texto paralelo de Marcos (Mc 7.1-23) traz mais detalhes deste episódio.
Assim, o que incomodava os visitantes era, na realidade, algo que eles próprios haviam adicionados à Lei mosaica de forma interpretativa. De fato, eram homens presunçosos que achavam que podiam fazer melhor do que Deus como afirma Matthew Henry (2002, p. 771): “[...] adicionar algo às leis de Deus, coloca a sua sabedoria em descrédito, como se Ele tivesse deixado de fora algo necessário que o homem seja capaz de suprir; de uma ou de outra maneira levam sempre os homens a desobedecerem a Deus”. Veja como é séria essa atitude, pessoas que se achavam qualificadas para acrescentar o que Deus havia prescrito. Como se Deus tivesse esquecido algo importante e eles estavam “corrigindo” a falha de Deus. Portanto, se achavam professores de Deus.

Deste modo, os escribas e fariseus acusavam Jesus e seus discípulos injustamente, pois eram acréscimos humanos que eles tinham por hábito cobrar dos judeus, como forma de manipulá-los por meio de suposta santidade. Infelizmente, a prática desses judeus é mais presente do que se imagina no meio evangélico. As pessoas, às vezes, não se dão conta das práticas presentes em nosso meio evangélico. Criticamos os escribas e fariseus por costume de ouvir as pregações sobre os conflitos entre Jesus e eles, mas, na prática, às vezes, nos comportamos como eles. Atitudes hipócritas de religiosos, vivendo de aparências.  Devemos estar atentos para não sermos praticantes de injustiça com nossos irmãos. Devemos nos preocupar com nossa vida espiritual, manter sempre a comunhão com Deus e estar preparado para nos encontrar com o Senhor a qualquer momento.
b) Jesus demonstra que os acusadores que eram os transgressores (v. 2-6)
Os hipócritas acusavam a Jesus com seus mandamentos de pureza criada por homens. Jesus em (Mc 7.7) chama esses procedimentos requeridos “mandamentos de homens”. Os judeus sabiam que os rituais requeridos por eles, como lavar as mãos, não se encontravam nas Escrituras, mas, sim, nas interpretações dos anciões, recolhidas do Talmud. Não há problemas quando povos preservam certas questões culturais e tradições. No entanto, eles acusavam a transgressão desses procedimentos de suas tradições como se fossem as pessoas mais honestas e puras. Todavia, Jesus os rebate e escancara a hipocrisia religiosa deles. Agora sim, Jesus questiona-os sobre o não atendimento de procedimentos previsto na Lei mosaica, cujo atendimento era simulado por eles.

O Evangelho de Marcos traz mais detalhes que Mateus, pois provavelmente os destinatários deste último, eram conhecedores da Lei e das tradições judaicas não precisavam de detalhes, já que conheciam o que estava acontecendo. Em Marcos 7.9-13, Jesus desmascara os religiosos judaicos afirmando: “Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição”. Jesus cita a Lei mosaica em que os filhos deveriam honrar pai e mãe (quinto mandamento), cuja transgressão era digno de morte. Mas, eles para não atenderem as necessidades de seus pais alegavam que o bem que possuíam era Corbã. Marcos explica sobre essa lei, que uma vez declarado como oferta ao Senhor não poderia ser usado. Jesus os acusa de usarem a lei para não honrarem os pais em suas necessidades. Portanto, “[...] invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes” (Mc 7.13). Barros traz um exemplo de como os judeus piedosos priorizavam a sua cultura e tradição, a ponto de perderam a noção do bom senso:
Contam que o famoso rabino Akiba estava preso pelos romanos. Davam-lhe apenas um pouco de água para beber e uma ração mínima de alimentos para que ele não morresse de fome. De tal modo o rabino cumpria as prescrições dos anciãos que quase morreu de sede e teve de ser socorrido em perigo de morte, porque a pouca água que ele recebia para beber, a usava para as abluções. Prefere morrer de sede a desrespeitar as tradições judaicas. (BARROS, 1999, p. 86)
Barros (1999, p. 87) reforça que “[...] o importante é a justiça, a veracidade nas relações humanas e o que é impuro e toda a maldade que se faz contra o outro”. Os judeus estavam como que cegos pela sua religiosidade hipócrita. A resposta de Jesus serve não somente para eles, mas a todas as pessoas que “[...] se deixam prender pela letra da lei, sem perceber o espírito que ela quer expressar”. Assim, os acusadores dos discípulos (escribas e fariseus) que eram os verdadeiros transgressores da Lei de Deus e cobravam de Jesus e seus discípulos a transgressão de suas leis humanas.
c) Os profetas já haviam reprovado a falsa religiosidade (v. 7-9)
Jesus não se contenta em desmascarar seus acusadores e demonstrar que eles burlavam a Lei de Moisés por amor aos seus bens e desprezo de seus próprios pais. Ele continua sua argumentação chamando-os diretamente de hipócritas e citando o profeta Isaias para reprovar a falsa religiosidade deles. Ao ler o texto de Mateus 15 se tem a impressão de que Jesus estava bem irritado e inconformado com a acusação recebida. O que fizeram era algo realmente irritante, se apegavam a tradições e leis humanas para se imporem como “santarrões” com base em acusações irrelevantes. Enquanto, que passavam por cima da Lei de Deus, descuidando do cuidado com pessoas tão especiais como os pais.

Jesus cita Isaias 29.13: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído”. Uma repreensão dura contra o povo de Israel em sua rebeldia e falsa religiosidade. Jesus faz uma releitura do texto antigo, como tivesse sido escrita diretamente para aqueles escribas e fariseus. Da mesma forma que o povo da época da escrita de Isaias, os escribas e fariseus estavam com sua vida distante de Deus e simulavam santidade diante de Deus, como se pudessem enganá-lo. Deus afirmou para o povo de Israel que em vão eles o adoravam, pois estavam bem longe dEle. Da mesma forma também estavam os judeus na época de Jesus.

Infelizmente, não são poucas vezes que se presenciam comportamento idêntico em nossos cultos e na vivência comum da igreja. “Santarrões”, com base em suas interpretações, vivendo fora da vontade de Deus, acusando os demais crentes sinceros com base em acusações irrelevantes. Que Deus tenha misericórdia dessas vidas e que haja tempo para arrependimento.
II- A Falsa Religiosidade e a Cegueira Espiritual (Mt 15.10-20)
Devido ao comportamento hipócrita dos escribas e fariseus, líderes religiosos do povo judaico, conforme citado na seção anterior, Jesus os chama de cegos que conduzem outros cegos, que reproduzem seus comportamentos.
a) A cegueira espiritual dos escribas e fariseus (v.10-14)
A irritação de Jesus continua, porque Ele discursa e demonstra que a prioridade é o que está no interior do ser humano, a intenção e motivação que os move. Após demonstrar a atitude cínica e impostora dos escribas e fariseus Jesus os chama de cegos, que eram condutores de outros cegos, seus seguidores. Já que se dedicavam tanto a estudarem os escritos de interpretações humanas que deixavam de lado a fonte principal, que era a Lei de Deus. Os escribas e fariseus se apegavam tanto a questões secundárias e irrelevantes, focando sua atenção tão firme nessas questões que se privavam de ver as questões primárias e que importavam para Deus. Dessa forma, eram como que cegos para não enxergar as suas condutas hipócritas. Eles não conseguiam enxergar o que Jesus estava ensinando. Devido à cegueira espiritual, os judeus se escandalizavam com os ensinos de Jesus. O orgulho e a mesquinhez conduziam suas vidas e não luz de Deus como eles afirmavam. O cristão deve tomar cuidado para não cair no mesmo processo de cegueira, como afirma Storniolo:
Os fariseus ficam escandalizados. Jesus responde que tudo o que não vem de Deus não permanecerá de pé. E nós sabemos disso muito bem. Os nossos caprichos têm vida curta. Pobres de nós se vivemos de caprichos. Por exemplo: o mundo e tudo o que ele contém, pessoas inclusive, é puro. Impuros somos nós, que distorcemos as coisas, usamos mal ou estragamos o mundo. É o que sai de nós, nossa má intenção ou ação, que suja o mundo. Nosso egoísmo pode acabar com o mundo, pois o seu veneno é de morte. Não adianta pensarmos que somos muito sábios e inteligentes. Se os nossos pensamentos não forem de vida, eles apenas produzirão a morte, e nós acabaremos sendo vítimas da nossa própria mesquinhez.
Os escribas e fariseus não conseguiam enxergar que o mal estava no interior das pessoas e não no seu interior. O apóstolo Paulo em Romanos 2.19, em disputa com os judeus, também os chama de cegos. Ele afirma que os judeus se achavam em condições de conduzir os gentios, para eles cegos, por não receberem a luz da revelação. Todavia, o apóstolo assevera que eles também eram cegos e não estavam credenciados para conduzir ninguém. No sentido espiritual, quem tem a visão deve se compadecer de quem não tem e apontar a solução para seu problema, que é Cristo. Paulo aponta a evidência da cegueira dos judeus, seu comportamento hipócrita. Eles ensinavam a Lei, mas não praticavam. A atitude judaica faz lembrar o ditado popular “faz o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. O que os judeus faziam bem era julgar os gentios (NEVES, 2015, pp. 35, 36). O apóstolo Paulo somente ratifica o que Mateus registra entre o confronto de Jesus e os judeus. Talvez o apóstolo tivesse conhecimento desses confrontos entre Jesus e os escribas e fariseus, grupo do qual ele também fazia parte. Ele era um cego como eles, mas depois de encontrar a luz no caminho de Damasco, passou a enxergar bem o caminho que conduz para a vida eterna.
b) O ensino bíblico abre a visão dos discípulos (v. 15)
Enquanto tudo o que já vimos nesse confronto entre Jesus e os escribas e fariseus esta acontecendo, um dos discípulos mais atuantes de Jesus o interrompe com uma pergunta intrigante: “[...] e Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola” (Mt 15.15). Interessante como o apóstolo Pedro não se preocupava com as respostas que poderia receber, o que ele queria era aproveitar as oportunidades para aprender. Jesus estava em um momento agitado e conturbado, mas Pedro não se intimidou. Nas salas de aula dos colégios e universidades, em auditórios durante palestras, como em salas de Escola Dominical vemos isso acontecer, pessoas ouvem algumas explanações, não entendem, mas se sentem constrangidas em perguntar para não parecer menos inteligente. Alguns parecem que estão entendendo o que está sendo exposto, balançam a cabeça com um “sim”, mas infelizmente isso é um engano. Pedro estava certo em seu procedimento, quem quer aprender tem que perguntar e não se importar com a reação dos demais.

Como era praticamente costume acontecer com Pedro em seus questionamentos, Jesus se vira para Pedro exclama: “[...] até vós mesmos estais ainda sem entender? Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e é lançado fora?”. Como se dissesse: Vocês também estão como cegos?. Então, Jesus explica para eles, e como estavam com o coração aberto para a Palavra, seus “olhos são abertos” para entender o que Jesus estava explicando. Diferente dos escribas e fariseus, que ouviam Jesus ensinar, mas não queriam aprender, pois os seus interesses e hipocrisia os impedia que seus “olhos fossem abertos” para entender a mensagem do Reino.
c) O que contamina o ser humano é o que está no interior (v. 16-20)
Jesus começa então a explicar o que realmente contamina o ser humano, aproveitando a deixa da pergunta do apóstolo Pedro. A ousadia e interesse de Pedro em aprender ajudou os demais, que certamente também não haviam entendido. Jesus explica que do coração do ser humano que procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. Como Tiago também esclarece: “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14, 15). Algumas pessoas se aproveitam de alguns textos bíblicos que falam sobre o Tentador para atribuir a ele a culpa pelos seus pecados. Como vimos, na tentação de Jesus, todas as pessoas estão sujeitas à tentação, mas pecar depende da guarida que cada pessoa dá aos desejos do coração.

Algumas pessoas religiosas, assim como os escribas e fariseus tem colocado as questões secundárias em detrimento das questões primárias. Jesus afirma que são aquelas coisas que vem do interior do ser humano que contaminam e não o comer sem lavar as mãos. Certo que devemos considerar a questão cultural, ambiental e de época para a prática de não lavar as mãos. Evidente que é uma questão de higiene, sendo saudável a prática de lavar as mãos para se alimentar. Jesus não estava defendendo a prática de não lavar as mãos, sua critica era contra a hipocrisia e a falsa religiosidade. Para ele estava bem claro que os escribas e fariseus preocupados com a questão higiênica, mas sim com a questão cerimonial.  
*Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,   pp. 68-73.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 

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