Lição 09
ELIAS NO MONTE DA
TRANSFIGURAÇÃO
03 de março de 2013
TEXTO ÁUREO
“E
(Jesus) transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e
as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés
e Elias, falando com ele”. (Mateus 17.2-3)
VERDADE PRÁTICA
O
aparecimento de Moisés e Elias no Monte da Transfiguração é um testemunho de
que a Lei e os Profetas cumprem-se em Cristo, o Messias prometido.
COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO
Nosso texto áureo é sobre a
transfiguração do Senhor Jesus, episódio encontrado nos Evangelhos Sinópticos
(Mt 17.1-13; Mc 9.2-13 e Lc 9.28-36).
O versículo 1º de Mateus 17
declara: “Seis dias depois, tomou Jesus consigo Pedro, e
a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte”;
em Marcos lemos: “E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a
Pedro, a Tiago e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte, e
transfigurou-se diante deles” (Mc 9.2). Em
Lucas lemos: “E aconteceu que, quase oito dias depois dessas
palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago e subiu ao monte a orar” (Lc
9.28).
"Embora a Transfiguração fosse sem dúvida uma
maravilhosa revelação da natureza essencial de Jesus, no contexto ela era
também uma poderosa manifestação da natureza do reino que o nosso Senhor
pretendia estabelecer com a sua morte.
[...] A chave para entendermos o pretenso significado da transfiguração
é encontrada em Marcos 9.2, na frase 'seis dias depois'.
O que havia acontecido antes dos seis dias? Jesus havia falado sobre a sua cruz e depois
a glória, e feito uma promessa específica: 'Em verdade vos digo
que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam
chegado o Reino de Deus com poder' (Mc 9.1).
Não é costume de Marcos indicar um preciso relacionamento
entre os eventos. A frase 'seis dias depois' faz íntima ligação entre a transfiguração e a
profecia de Cristo sobre a sua morte e ressurreição - e a promessa que fez aos
discípulos de que alguns veriam 'o Reino de Deus com
poder'" (RICHARDS, Lawrence
O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007, p. 115).
“Embora a transfiguração fornecesse uma confirmação visível
da divindade de Cristo, os discípulos, perante os quais Ele havia exibido sua
glória, já o havia reconhecido através dos olhos da fé (Mc 8.29). Porém não
haviam reconhecido a natureza do seu reino: não entendiam a implicação de tomar
a cruz e seguir a Jesus a fim de receberem uma nova vida.
Então Jesus transfigurou-se diante deles e, nessa
transformação, eles viram 'o Reino de Deus com
poder' (Mc 9.1). Eles viram
Aquele que apareceu em sua encarnação como um homem comum, brilhar de repente
com um extraordinário esplendor. O que eles viram era uma verdadeira
transfiguração - uma transformação revolucionária do estado de um ser para
outro.
Um estado de ser que indiscutivelmente exibia a glória e o
poder de Deus. É isso que a transfiguração redefine o reino para seus
discípulos. Quando, depois da morte e ressurreição de Cristo o reino de Deus vier 'com poder', a característica marcante desse
reino não será exércitos de anjos marchando para esmagar o poder de Roma. O
reino de Deus vem com poder a fim de mudar os seres humanos comuns em seres que
escolheram seguir a Jesus.
O reino, pelo menos até à volta de Jesus, consistirá em
transformação, e não nas conquistas que eles desejavam" (RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007, p. 115).
O Evangelho de Mateus e
Marcos falam de “um alto monte”, já Lucas fala
de “um monte”. Segundo a tradição o monte onde
ocorreu a transfiguração é conhecido como o Monte Tabor sendo por isso
considerado como um dos lugares santos para os cristãos na Terra Santa,
particularmente reverenciado pelas igrejas orientais, nomeadamente pela Igreja
Ortodoxa Grega.
O Monte Tabor é uma montanha
na Galiléia, na seção leste do vale de Jizreel, cerca 17 km a oeste do Mar da
Galileia, a 575 metros acima do nível do mar.
É também conhecido como "Har Tavor", "Itabyrium",
"Jebel et-Tur" ou "Monte da Transfiguração".
Alguns contestam apontando
para o Monte Hermon a 2.793 m de altura, perto do local da confissão de Pedro,
em Cesaréia de Felipe. O Hermon, contudo, é coberto por neve, dificilmente
seria encontrada, no dia seguinte a multidão que o esperava quando curou o
jovem lunático Mt 17:9-14.
A tradição que relaciona o
Monte Tabor a Transfiguração existe desde o século IV, atestada por Cirilo de
Jerusalém e por Jerônimo em obras literárias. O historiador Flávio Josefo,
também menciona o Monte Tabor em sua obra, ele fala que havia um forte no
monte. A arqueologia, contudo, relaciona o forte com a época da guerra contra
Vespasiano, 36 anos após a Transfiguração.
A entrada para o Tabor passa
por uma floresta de pinheiros, no seu alto, muitas árvores odoríferas de onde é
possível contemplar parte do campo missionário de Jesus: Caná, Naim, Cafarnaum,
uma parte do Lago Tiberíades e a 8 km, a noroeste, Nazaré.
O Monte Tabor, localiza-se a
sudoeste de Nazaré, no final do planalto de Esdrelon. Ele domina a 320 m de altura,
a 800 Km acima do lago Tiberíades. No topo do monte Tabor foi construída a
igreja católica da Transfiguração.
Foi aos pés do Monte Tabor
que a profetisa Débora e Baraque derrotaram as forças de Sísera, Jz 4.14: "Então disse Débora a Baraque: Levanta-te, porque este é
o dia em que o Senhor tem dado Sísera na tua mão; porventura o Senhor não saiu
diante de ti? Baraque, pois, desceu do Monte Tabor, e dez mil homens após
ele".
“E (Jesus) transfigurou-se
diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se
tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando
com ele”. (Mateus 17.2-3) – A palavra “transfigurou-se” no grego é metamorphose,
que significa “mudança de forma”, a palavra grega morphé é uma das palavras
gregas que significa forma. O apóstolo
Paulo cita essa palavra em Romanos 12.2 ao falar sobre a transformação do homem
interior, há outras passagens onde Paulo utiliza da mesma palavra como
Filipenses 2.6, ao referir-se ao Senhor Jesus antes da encarnação, quando declara
“que sendo em forma de Deus, não teve como usurpação ser
igual a Deus”.
Segundo R. N. Champlin no seu
Comentário
do Novo Testamento: “Mateus e Marcos usam a expressão “foi transfigurado”; Lucas diz “a aparência do seu rosto se transfigurou”. De
conformidade com Lucas, essa transfiguração ocorreu quando Jesus orava. Mateus
e Lucas mencionam especialmente a transformação ocorrida na fisionomia de
Jesus; Mateus diz, ilustrando, “resplandecia como o
sol”.
Todos
os três evangelistas sinópticos mencionam a transformação havida em suas
vestes. Mateus diz “brancas como a luz”. Lucas “ficaram brancas e
mui resplandecentes”, mas Marcos
fala com maior ênfase ainda: “em extremo brancas,
como à neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia branquear”.
A
aparição de Moisés e Elias nos traz diversas lições e observações importantes:
- MOISÉS – é o símbolo da Lei, ele representa como
nenhum outro profeta a autoridade da lei. Diversas tradições associam Moisés à
vinda do Messias. O Senhor Jesus foi profetizado por Moisés, o apóstolo Pedro
evoca essa profecia em Atos 3.22-23: “Porque Moisés disse
aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta
semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que
toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo”.
- ELIAS – é o símbolo dos profetas, ele representa
os profetas.
- JUNTOS – Moisés e Elias mostraram a aprovação do
Pai à pessoa e á missão do filho, o Senhor Jesus, e demonstraram que Jesus era
o Messias de Israel. Pois Moisés, símbolo da Lei e Elias, símbolo dos profetas,
consubstanciam e credenciam o Senhor Jesus, como o Cristo de Deus.
Evidentemente
existem outras possibilidades, como Elias representando os redimidos que serão
arrebatados e Moisés representando os redimidos que experimentaram a morte
física. A
passagem de Lucas 9.31 revela a ideia geral da conversa havida entre eles: “...os quais apareceram com glória e falavam da sua morte, a
qual havia de cumprir-se em Jerusalém”.
Importante
ainda considerarmos que o aparecimento do profeta Elias no monte da
transfiguração, inviabiliza a doutrina espúria do espiritismo Kardecista em
insistir que João Batista era a reencarnação de Elias, senão vejamos:
João Batista não era Elias
“E, se quereis dar crédito, é
este o Elias que havia de vir” (Mateus 11.14) com base neste versículo o espiritismo kardecista afirma que
“João
Batista fora Elias, houve reencarnação do espírito ou da alma de Elias no corpo
de João Batista”. No entanto a doutrina espírita kardecista sobre a
reencarnação é definida da seguinte forma: “A reencarnação é a volta da alma ou
espírito à vida corpórea, mas em um outro corpo, novamente constituído, em que
nada tem a ver com o antigo”.
No caso de Elias, em 2 Reis
2.11 lemos que ele foi transladado para o céu, portanto, não morreu (não
desencarnou). Se isso não aconteceu, o profeta não podia reencarnar.
Outro problema para o
espiritismo kardecista é que Elias apareceu no monte da Transfiguração, se
Elias tivesse reencarnado, na Transfiguração descrita em Mateus 17.1-6, quem
deveria ter aparecido seria João Batista. Este já havia sido morto por Herodes
e ele então deveria ter aparecido e não Elias, pois conforme estabelece a
doutrina da reencarnação, quando o espírito se encarna toma sempre a forma da
última existência.
O próprio João ao ser
interrogado se era Elias, sua resposta foi enfática: “E
perguntaram-lhe: Então quem és? És tu Elias? E disse: Não sou. ...”(Jo 1.21).
O caso de João Batista é que
ele exerceu um ministério profético semelhante ao de Elias, João Batista
representava Elias em sentido profético (Mt 17.2-3; Mc 9.12; Lc 1.17), não o
próprio Elias reencarnado. O que temos entre Elias e
João são traços de identidade de ministérios, senão vejamos:
1.- Aparecimento de Elias descrito em 1
Reis 17.1 se assemelha ao aparecimento de João Batista como descrito em Mateus
3.1;
2.- Elias repreende o rei Acabe, casado
com Jezabel, mulher idólatra e ímpia (1 Reis 18.17-19), e João Batista
repreendeu o rei Herodes por viver com a mulher de seu irmão (Mateus 14.3-4);
3.- Elias foi perseguido por Jezabel (1
Reis 19.2-3) e João Batista foi perseguido por Herodias, mulher de Herodes
(Mateus 14.6-8);
4.- Ao ser interrogado se era Elias, sua
resposta foi enfática: “E perguntaram-lhe:
Então quem és? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu:
Não” (Jo 1.21).
O próprio João negou ser
Elias e negou ser “o profeta”, essa expressão “o profeta” é uma alusão a Deuteronômio 18.15,
que fala sobre um outro grande profeta que viria, o qual, quanto à sua posição
oficial se assemelharia a Moisés .
Essa referência é repetida no
Evangelho de João 1.25 e 7.40, mas não poder ser encontrada nos Evangelhos
sinópticos. A base dos trechos de Atos 3.22 e 7.37, ficamos sabendo que a
primitiva comunidade cristã fazia do trecho de Deuteronômio 18.15 uma profecia
messiânica. João Batista rejeitou a noção
de que ele fosse o profeta profetizado nesse versículo do livro de
Deuteronômio, pois essa profecia se refere ao Senhor Jesus (Atos 3.22-26 e
7.37).
“Porque Moisés
disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta
semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que
toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo.
Sim, e todos os profetas, desde
Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias.
Vós sois
os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a
Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando
Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse,
no apartar, a cada um de vós, das vossas maldades” (Atos 3.22-26).
“Este é aquele
Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor vosso Deus vos levantará dentre
vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis” (Atos 7,37).
RESUMO DA LIÇÃO 09
ELIAS
NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO
I. ELIAS, O MESSIAS E A
TRANSFIGURAÇÃO
1.
Transfiguração.
2.
Glória divina.
II. ELIAS, O MESSIAS E A
RESTAURAÇÃO
1.
Tipologia.
2.
Escatologia.
III. ELIAS, O MESSIAS E A
REJEIÇÃO
1.
O Messias esperado.
2.
O Messias rejeitado.
IV. ELIAS, O MESSIAS E A
EXALTAÇÃO
1.
Humilhação.
2.
Exaltação.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
Descrever o episódio da transfiguração de
Jesus.
Explicar a tipologia representada em
Moisés e Elias.
Caracterizar-se de que Jesus era o Messias esperado.
INTERAÇÃO
Professor
nesta lição estudaremos a respeito do profeta Elias no monte da Transfiguração.
Este
acontecimento teve como objetivo principal demonstrar que Jesus de fato era o
Messias esperado. Moisés
também apareceu neste episódio. Sabemos que
ele tipificava a lei e Elias prefigurava
os profetas que predisseram a vinda do Messias.
No decorrer
da lição, procure enfatizar que embora Moisés e Elias tivessem grande
relevância na história do povo hebreu, eles não possuíam glória própria. Ainda que
fossem homens fiéis ao Senhor, eram humanos, sujeitos a falhas e erros, porém,
eles irradiavam a glória proveniente do Cristo. Que
possamos, como Filhos de Deus, regenerados em Jesus Cristo, irradiar também a
glória do Profeta de Nazaré.
COMENTÁRIO
PALAVRA
CHAVE
TRANSFIGURAÇÃO:
Mudança de aparência, ou forma, mas não mudança de essência.
INTRODUÇÃO
O relato
sobre a transfiguração, conforme narrado nos evangelhos sinóticos, é um dos
mais emblemáticos do Novo Testamento (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Além do nome
de Moisés, o texto coloca em evidência também o de Elias. Entretanto,
diferentemente dos outros textos até aqui estudados, o profeta não aparece aqui
como a figura central, mas secundária!
O centro é
deslocado do profeta de Tisbe para o Profeta de Nazaré, Jesus. E não mais
Elias. Moisés, Pedro, Tiago e João, também nominados nesse texto, aparecem como
figurantes numa cena onde Cristo, o Messias prometido, é a figura principal.
I. ELIAS, O MESSIAS E A
TRANSFIGURAÇÃO
1.
Transfiguração. O texto
sagrado relata que tão logo subiram ao Monte, Jesus foi transfigurado diante de
Pedro, João e Tiago. Diz o texto
sagrado: "o seu rosto resplandeceu como o sol, e as
suas vestes se tornaram brancas como a luz" (Mt 17.2).
A palavra transfigurar,
que traduz o termo grego metamorfose, mantém o sentido de
mudança de aparência, ou forma, mas não mudança de essência. A transfiguração
mostrou aos discípulos aquilo que Jesus sempre fora: o verbo divino encarnado
(Jo 1.1; 17.1-5).
Os
discípulos observaram que o seu rosto brilhou como o sol (Mt 17.2). O texto
revela também que suas vestes resplandeceram (Mt 17.2). Esses fatos
põem em evidência a identidade do Messias, o Filho de Deus.
2.
Glória divina. Mateus
detalha que durante a transfiguração "uma nuvem
luminosa os cobriu" (Mt 17.5). É relevante
o fato de que Mateus, ao escrever o evangelho aos hebreus, põe em evidência o
fato de que Jesus é o Messias anunciado no Antigo Testamento.
Isso pode
ser visto na manifestação da nuvem luminosa, que está relacionada com a
manifestação da presença de Deus (Êx 14.19,20; 24.15-17; 1 Rs 8.10,11; Ez 1.4;
10.4). Tanto Moisés
como Elias, quando estiveram no Sinai, presenciaram a manifestação dessa
glória. Todavia, não
como os discípulos a vivenciaram no Monte da Transfiguração (Mt 17.1,2).
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A transfiguração
provou para os discípulos e para nós aquilo que Jesus sempre fora: o verbo
divino encarnado.
II. ELIAS, O MESSIAS E A
RESTAURAÇÃO
1.
Tipologia. No evento da
transfiguração, o texto destaca os nomes de Moisés e Elias (Mt 17.3). Para a
Igreja Cristã, Moisés prefigura a Lei enquanto Elias, os profetas. É
perceptível, nessa passagem, que Moisés aparece como figura tipológica. Mateus põe
em evidência o pronunciamento do próprio Deus: "Escutai-o" (Mt 17.5).
E Moisés
havia dito exatamente estas palavras quando se referia ao Profeta que viria
depois dele: "O SENHOR, teu Deus, te despertará um
profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis" (Dt
18.15). A
transfiguração revela que Moisés tem seu tipo revelado em Jesus de Nazaré e que
toda a Lei apontava para Ele.
2.
Escatologia. Enquanto
Moisés ocupa um papel tipológico no evento da transfiguração, Elias
aparece em um contexto escatológico. O texto de
Malaquias 4.5,6 apresenta Elias como o precursor do Messias.
O Novo
Testamento aplica a João Batista o cumprimento dessa Escritura: "E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias,
para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos
justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Lc 1.17).
Assim como Elias, João foi um profeta de
confronto (Mt 3.7), ousado (Lc 3. 1-14) e rejeitado (Mt 11.18). A presença
do Batista, o Elias que havia de vir, era uma clara demonstração da
messianidade de Jesus.
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
No evento da
transfiguração, Moisés prefigurava a Lei e Elias os profetas.
III. ELIAS, O MESSIAS E A REJEIÇÃO
1.
O Messias esperado. Tanto os
rabinos como o povo comum sabiam que antes do advento do Messias, Elias haveria
de aparecer (Ml 4.5,6; Mt 17.10). O relato de
Mateus sugere que os escribas não reconheceram a Jesus como o Messias, porque
faltava um sinal que para eles era determinante - o aparecimento de Elias antes
da manifestação do Messias (Mt 17.10).
Como Jesus
poderia ser o Messias se Elias ainda não havia vindo? Jesus revela
então que nenhum evento no programa profético deixara de ter o seu cumprimento.
Elias já viera
e os fatos demonstravam isso. Elias havia
sido um profeta do deserto, João também o foi; Elias pregou em um período de
transição, João prega na transição entre
as duas alianças;
Elias
confrontou reis (1 Rs 17.1,2; 2 Rs 1.1-4), João da mesma forma (Mt 14.1-4).
Mais uma vez fica claro: João era o Elias que havia de vir e Jesus era o
Messias.
2.
O Messias rejeitado. O texto de
Mateus 17.1-8, que narra o episódio da transfiguração, inicia-se com a sentença: "Seis dias depois" (Mt 17.1). O texto
coloca a transfiguração num contexto onde uma sequência de fatos deve ser
observada. Os eruditos ressaltam que "seis
dias" é uma outra forma de dizer: "uma
semana depois".
De fato, o
texto paralelo de Lucas fala de "quase oito
dias", isto é, uma semana
depois (Lc 9.28). O texto,
portanto, põe o evento no contexto da confissão de Pedro (Mt 16.13-20) e no
discurso de Jesus sobre a necessidade de se tomar a cruz (Mt 16.24-28).
O Messias
revelado, portanto, em nada se assemelhava ao herói da crença popular. Pelo contrário,
a sua mensagem, assim como a do Batista, não agradaria a muita gente e provocaria
rejeição.
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
João era o Elias que
havia de vir e Jesus era o Messias.
IV. ELIAS, O MESSIAS E A EXALTAÇÃO
1.
Humilhação. Os
intérpretes destacam que havia uma preocupação dos discípulos sobre a relação
do aparecimento de Elias e a manifestação do Messias. Esse fato é
demonstrado na pergunta que eles fazem logo após descer o monte da
transfiguração (Mt 17.10).
Como D. A.
Carson observa, o fato é que a profecia referente a Elias falava de "restaurar todas as coisas" (Mt 17.11) e os discípulos não entendiam como o
Messias tão esperado pudesse morrer em um contexto de restauração. Cristo
corrige esse equivoco, mostrando que a cruz faz parte do plano divino para
restaurar todas as coisas (Mt 17.12; Lc 9.31; Fl 2.1-11).
2.
Exaltação. Muito tempo
depois, o apóstolo Pedro ainda lembra dos fatos ocorridos e os cita em relação
à exaltação e glorificação de Jesus e, também, como prova da veracidade da
mensagem da cruz:
"Porque não vos fizemos saber a virtude e
a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente
compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade, porquanto ele recebeu de Deus
Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz:
Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido" (2 Pe 1.16,17).
SINÓPSE DO TÓPICO (4)
Jesus deixou claro
que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas as coisas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos, pois,
que os eventos ocorridos durante a Transfiguração servem para demonstrar que
Jesus era de fato o Messias esperado. Tanto a Lei,
tipificada aqui em Moisés, como os Profetas, representado no texto pela figura
de Elias, apontavam para a revelação máxima de Deus - o Cristo Jesus.
Essas
personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória própria, mas
irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim, é
o centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1.18,19; Hb 1.3;
Fl 2.10,11).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
MERRILL.
Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. O reino de sacerdotes que Deus
colocou entre as nações. 6ª.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. HENRY,
Mattew. Comentário Bíblico do Antigo Testamento: Josué a Ester. 1. ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2010. RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed.Rio
de Janeiro: CPAD, 2007. Revista
Ensinador Cristão - CPAD, nº 53, p.40. FONTE: www.professoralberto.com.br