Lição 9
CONFRONTANDO OS
INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO
01 de setembro de 2013
TEXTO ÁUREO
“Porque
muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que
são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18).
VERDADE PRÁTICA
A
cruz de Cristo é o ponto central da fé cristã: sem ela não pode haver
cristianismo.
COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO
“Porque muitos
há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são
inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18).
Nosso texto áureo
é comentado pelo autor no próprio corpo da lição, por isso veremos apenas as
considerações expostas no nosso subsídio teológico:
No Ensinador
Cristão temos a seguinte matéria: Confrontando os inimigos da Cruz.
Agora Paulo chega
a uma parte muito importante da sua carta, ele exorta os cristãos filipenses
para serem firmes em Cristo na observância do Evangelho.
A preocupação do
apóstolo era com os falsos mestres que se aproximavam dos crentes filipenses.
Estes mestres
eram considerados por ele “inimigos da cruz”, pessoas que trabalhavam para esvaziar o sentido da
Cruz de Cristo.
O apóstolo havia
os enfrentado noutras ocasiões. De acordo com especialistas do Novo Testamento,
é difícil identificar os inimigos da cruz, propriamente dito, na carta de
filipenses.
Mas pelo teor do
ensino de Paulo contra uma concepção legalista de cristianismo e uma
perspectiva libertina da graça, judaizantes e gnósticos são as identidades mais
aceitas.
Os assuntos que
Paulo trata com os filipenses não são novos, ele havia tratado desses mesmos
assuntos em ocasião anterior (3.1).
Mas nesta seção
ele se “desespera” só de imaginar a possibilidade de os filipenses entrarem em
contato com tais ensinos.
A sua preocupação
é que a igreja de Filipos, recém formada, enverede pelo caminho do legalismo ou
da libertinagem. Ambos são frontalmente contrários a natureza genuína do
Evangelho.
A expressão “O deus deles é o ventre” denota aqueles que adoram a carne através das
práticas sensuais desenfreadas.
Eles viviam o
aqui e o agora, e jamais pensavam na eternidade “comamos e bebamos que amanhã
morreremos”.
Esta postura
visava destruir o Evangelho e todo o progresso dele na vida dos filipenses.
Além de sensuais,
os falsos mestres invalidavam a suficiência da Cruz de Cristo com suas atitudes
degradantes e sem quaisquer escrúpulos.
Paulo diz que
para eles, não há outro destino, se não, o da perdição eterna.
Por isso o
apóstolo dos gentios conclama aos filipenses a não darem ouvidos para esses
falsos ensinamentos, ainda que apareçam de maneira lisonjeira.
Paulo não exita
de lembrá-los que a esperança cristã está nos céus, esperando o Salvador, Jesus
Cristo.
O discípulo do
Mestre Amado não pode viver como se Deus não existisse. O crente tem uma
promessa: “[Deus] transformará o nosso corpo abatido”.
Ainda que vivamos
tempos trabalhosos e difíceis, o nosso coração deve estar seguro em Deus,
confiante em sua promessa de que um dia Ele restaurará todas as coisas.
O que sofremos
hoje não se compara com a glória que em nós, o povo de Deus, há de ser revelada
(Rm 8.18).
Segundo a obra Teologia
do Novo Testamento: “A visão cósmica e apocalíptica de Paulo da
realidade é enfatizada pelo conceito de cidadania celestial do crente (3.20).
Em Filipenses 1,
esse conceito vem à tona no verbo politeuesthe (‘viver como cidadão’).
Seu cognato, politeuma (‘nação; comunidade’), aparece no capítulo 3 de
Filipenses.
O termo sugere
relação com polis (‘Cidade-estado’), isto é, a nova comunidade de Cristo,
cuja origem é o céu. Por isso, Paulo escreve: ‘Nossa
nação [cidadania] está no céu’ (3.20).
Paulo afirma que
esta cidadania existe hoje; não é apenas uma esperança futura. O termo, como
tal, expressa uma orientação e uma identidade fundamentais dos crentes.
[...] Filipenses
1.27-30 apresenta o ponto de que a vida do crente deve ser digna dessa origem;
ela deve ser digna de sua relação com o evangelho de Cristo.
Isso quer dizer
que se deve perseguir a união, enquanto a comunidade permanece unida ‘num mesmo
espírito’ (v.27) no evangelho.
Na verdade não é
mais necessário temer os oponentes, embora o chamado para essa nova comunidade
seja para crer e para sofrer.
Os filipenses, ao
se entregar a esse chamado, compartilhariam a mesma luta (agõna) que Paulo
empreende, e, por essa razão, eles teriam comunhão com ele e demonstrariam sua
união com ele e com Cristo em humilde serviço (1.29 — 2.11)” (ZUCK, R. B. (Ed.)
Teologia
do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008. p.362).
Na obra de Mayer
Pearlman, Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs, temos: “Uma advertência solene (Fp 3.17-19). Nos versos 1-4, Paulo adverte seus leitores contra um
erro do lado judaico, a saber, o legalismo, que é submeter a vida à escravidão
das leis de Moisés. Nos versos 17-21, adverte-os contra o perigo do lado pagão,
a saber: a frouxidão moral.
‘Sede meus
imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós’ (cf.
1Co 11.1. Rm 16.17).
O que deviam imitar? Nos versos 7-13, lemos que Paulo não tinha confiança no
seu eu — próprio, que estava disposto a sacrificar todas as coisas por Cristo,
que reconhecia a sua própria imperfeição e que estava grandemente desejoso para
avançar com o Senhor.
Sua advertência é
necessária, porque há aqueles que tomam uma atitude diferente. São ‘inimigos da cruz de Cristo’, não por causa de
qualquer hostilidade da parte deles, mas por causa das vidas que vivem.
Interessam-se
mais em satisfazer os seus apetites do que servir a Deus (‘o deus deles é o
ventre’) e jactam-se das liberdades que tomam na licenciosidade e vidas impuras
(2Pe 2.19).
‘Só pensam nas
coisas terrenas’ — alegam estar
no caminho do Céu, mas amam as coisas mundanas; ‘o
destino deles é a destruição’. Contraste com o verso 14”
(PEARLMAN, M. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs. 1 ed., RJ:
CPAD, 1998, pp.141-42).
RESUMO DA LIÇÃO 09
CONFRONTANDO
OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO
I. EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO
(3.17)
1.
Imitando o exemplo de Paulo (v.17a).
2.
O exemplo de outros obreiros fiéis (v.17b).
3.
Tendo outro estilo de vida.
II. OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO
(3.18,19)
1.
Os inimigos da cruz (v.18).
2.
"O deus deles é o ventre" (3.19).
3.
"A glória deles" (3.19).
III. - O FUTURO GLORIOSO DOS QUE
AMAM A CRUZ DE CRISTO (3.20,21)
1.
"Mas a nossa cidade está nos céus" (Fp 3.20).
2.
"Que transformará o nosso corpo abatido" (Fp 3.21).
3.
Vivendo em esperança.
OBJETIVOS
Após esta aula, esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se a respeito da necessidade de se manter firme em
Cristo.
Saber quais são os inimigos da cruz de Cristo.
Aprender a respeito
do futuro glorioso daqueles que amam a cruz de Cristo.
INTERAÇÃO
No capítulo
três da Carta aos Filipenses, Paulo faz uma severa advertência contra os
judaizantes, denominados pelo apóstolo de “inimigos da cruz de
Cristo”.
Estes
apregoavam o legalismo, a lei e os códigos de conduta, porém não conheciam a
cruz de Cristo. Todavia,
Paulo chama a atenção não somente a respeito dos judaizantes, mas também quanto
os irmãos que não viviam de acordo com o modelo de serviço e sacrifício de
Cristo.
Paulo pede
aos filipenses que lutem contra estes inimigos a fim de que não venham sucumbir
na fé. Esta
advertência de Paulo deve ser levada a sério pela igreja na atualidade, pois
atualmente também muitos são os inimigos da cruz de Cristo.
COMENTÁRIO
PALAVRA CHAVE
INIMIGO:
Na lição são os judaizantes e aqueles que não tinham comunhão com a
cruz de Cristo.
INTRODUÇÃO
Das
advertências de Paulo à igreja em Filipos, a exortação para que permanecessem
firmes na fé e mantivessem a alegria que a nova vida em Cristo proporciona, é
uma das mais importantes. O apóstolo assim
os estimula, por estar ciente dos falsos cristãos que haviam se infiltrado no
seio da igreja. Tais eram, de fato, inimigos da cruz de Cristo.
I. EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO
(3.17)
1.
Imitando o exemplo de Paulo (v.17a). Quando Paulo
pediu aos filipenses para que o imitassem, não estava sendo presunçoso. Precisamos
compreender a atitude do apóstolo não como falta de modéstia, ou falsa
humildade, mas imbuída de uma coragem espiritual e moral de colocar-se, em
Cristo, como referência de vida e fé para aquela igreja (1Co 4.16,17; 11.1; Ef
5.1).
Paulo
mostrou que a verdadeira humildade acata serenamente a responsabilidade de
vivermos uma vida digna de ser imitada. Que saibamos refletir sobre isso num
tempo em que estamos carentes de referências ministeriais.
2.
O exemplo de outros obreiros fiéis (v.17b). O texto da
ARA tem uma tradução melhor dessa passagem: “observai
os que andam segundo o modelo que tendes em nós”.
Paulo estava
reconhecendo o valor da influência testemunhal de outros cristãos, entre os
quais Timóteo e Epafrodito, que eram referências para as suas comunidades. O
apóstolo chama a atenção dos cristãos filipenses para observarem os fiéis e
aprenderem uns com os outros objetivando a não se desviarem da fé.
3.
Tendo outro estilo de vida. Muitas vezes somos forçados a acreditar que
somente os obreiros devem ter um estilo de vida separado exclusivamente a Deus.
Essa
dualidade entre “clero” e “leigos” remonta à velha prática eclesiástica
estabelecida pela Igreja Romana, na Idade Média, onde uma elite (o clero)
governa a igreja e esta (os leigos) se torna refém daquela.
É urgente
resgatar o ideal da Reforma Protestante, ou seja, a “doutrina do sacerdócio de
todos os crentes”, ou “Sacerdócio Universal”, reivindicada em 1 Pedro 2.9.
Todos nós, obreiros ou não, temos o livre acesso ao trono da Graça de Deus por
Cristo Jesus. Não tentemos costurar o véu que Deus rasgou!
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Todo crente, obreiros
ou não, tem livre acesso ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus.
II. OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO
(3.18,19)
“Quem são os
inimigos da cruz de Cristo?”; “Como combater estes inimigos?”. Conclua
enfatizando que para identificarmos e combatermos os inimigos da cruz de Cristo
precisamos conhecer a Palavra de Deus e perseverar na doutrina dos apóstolos.
1.
Os inimigos da cruz (v.18). Depois de identificar os inimigos da cruz de
Cristo, Paulo mostra que o ministério pastoral é regado com muitas lágrimas. A
maior luta do apóstolo era com as heresias dos falsos cristãos judeus.
Paulo chama
os judaizantes de “inimigos da cruz de Cristo”. O apóstolo conclamou a igreja a resistir tais
inimigos, mesmo que com lágrimas, pois eles tinham como objetivo principal
minar a sua autoridade pastoral.
O apóstolo
já havia enfrentado inimigos semelhantes em Corinto (1Co 6.12). Agora, em
Filipos, havia outro grupo que adotava a doutrina gnóstica. Este grupo de
falsos crentes (3.18,19) afirmava erroneamente que a matéria é ruim.
Logo, não há
nenhum problema em pecar através da “carne”, pois toda e qualquer coisa que
fizermos com o corpo, e através dele, não afetará a nossa alma. Essa ideia
herética e diabólica é energicamente refutada pela Palavra de Deus (1Ts 5.23).
2.
“O deus deles é o ventre” (3.19). O termo “ventre” aqui é figurado e representa os
“apetites” carnais e sensuais. Os inimigos da cruz viviam para satisfazer os
prazeres da carne — glutonaria, bebedice, imoralidade sexual, etc.
—
satisfazendo todos os desejos lascivos, pois acreditavam que tais atitudes
“meramente carnais” não afetariam a alma nem o espírito. Porém, o ensino de
Paulo aos gálatas derruba por terra esse equivocado pensamento (Gl 5.16,17).
3.
“A glória deles” (3.19). Paulo sabia que aqueles falsos crentes não tinham
qualquer escrúpulo nem vergonha. Entregavam-se às degradações morais sem o
menor pudor e, mesmo assim, queriam estar na igreja como se nada tivessem feito
de errado.
O apóstolo
os trata como inimigos da cruz de Cristo, porque as atitudes deles invalidavam
a obra expiatória do Senhor. A declaração
paulina é enfática acerca daqueles que negam a eficácia da cruz de Cristo: a
perdição eterna. O castigo dos ímpios será inevitável e eterno (Ap 21.8; Mt
25.46).
Um dia, eles
ressuscitarão para se apresentarem diante do Grande Trono Branco, no Juízo
Final, e serão julgados e lançados na Geena (o lago de fogo), que é o estado
final dos ímpios e dos demônios (Ap 20.11-15).
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
Paulo conclamou a
igreja a resistir os inimigos da cruz de Cristo, mesmo que com lágrimas. Estes
inimigos tinham como objetivo principal minar a fé dos irmãos.
III. O FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM
A CRUZ DE CRISTO (3.20,21)
1.
“Mas a nossa cidade está nos céus” (Fp
3.20). Os inimigos da cruz de Cristo eram os crentes que viviam para as
coisas terrenas. Paulo, então, lembra aos irmãos de Filipos que “a nossa cidade está nos céus”.
Quando o
apóstolo escreveu tais palavras, ele tomou como exemplo a cidade de Filipos.
Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “Filipos estava localizada na
principal rota de transportes da Macedônia, uma extensão da Via Ápia, que unia
a parte oriental do império à Itália”.
O apóstolo
faz questão de mostrar que aquilo que Cristo tem preparado para os crentes é
algo muito superior a Filipos (v.20).
O apóstolo
mostra que o cidadão romano honrava a César, porém os crentes de Filipos
deveriam honrar muito mais a Jesus Cristo, o Rei da pátria celestial.
Em breve o
Senhor virá sobre as nuvens do céu com poder e glória, para arrebatar a sua
igreja levando-a para a cidade celeste, a Nova Jerusalém (Mt 24.31; At 1.9-11).
2.
“Que transformará o nosso corpo abatido” (Fp 3.21). O estado
atual do nosso corpo é de fraqueza, pois ainda estamos sujeitos às enfermidades
e à morte. Mas um dia receberemos um corpo glorificado e incorruptível.
Os gnósticos
ensinavam que o mal era inerente ao corpo. Por isso, diziam que só se deve
servir a Deus com o espírito. Eles afirmavam ainda que de nada aproveita cuidar
do corpo, pois este se perderá.
Erroneamente,
acrescentavam que o interesse de Cristo é salvar apenas o espírito. A Palavra
de Deus refuta tal doutrina. Ainda que venhamos a sucumbir à morte, seremos um
dia transformados e teremos um corpo glorioso semelhante ao de Cristo
glorificado (Fp 3.21; 1Ts 5.23; 1Co 15.42-54).
3.
Vivendo em esperança. Vivemos tempos trabalhosos e difíceis (2Tm
3.1-9). Quantas falsas doutrinas querem adentrar nossas igrejas. Infelizmente,
não são poucos os que naufragam na fé.
Nós,
contudo, à semelhança de Paulo, nutrimos uma gloriosa esperança (Rm 8.18). Haja
o que houver, aconteça o que acontecer, o nosso coração estará seguro em Deus e
em sua promessa (Ap 7.17; 21.4).
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
À semelhança de Paulo
precisamos ter a confiança de que o futuro daqueles que amam a cruz de Cristo
será glorioso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Precisamos
estar atentos, pois muitos são os inimigos da cruz de Cristo. Eles procuram
introduzir, sorrateiramente, doutrinas contrárias e perniciosas à fé cristã.
Muitos são
os ardis do adversário para enganar os crentes e macular a Igreja do Senhor.
Por isso, precisamos vigiar, orar e perseverar no “ensino dos apóstolos” até a
vinda de Jesus. Eis a promessa que gera a gloriosa esperança em nosso coração.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK, R. B. Teologia
do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008.
RICHARDS, L.
O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
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